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Teoria Geral do Processo

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ESTUDO DIRIGIDO TGP 
1) De acordo com a teoria processual contemporânea, como é entendido o 
direito de ação? 
Resposta: O direito de ação no ordenamento jurídico contemporâneo se baseia na 
TEORIA DA ECLÉTICA, segundo a qual o direito de ação não se confunde com o 
direito material, existe forma autônoma e independente. Não é incondicional e 
genérico, ou seja, o direito de ação só existe quando o autor tem direito a um 
julgamento de mérito. Ausentes as condições da ação, inexiste o direito de ação e o 
julgamento se dá pela carência de ação (sem resolução do mérito). Distingue direito 
de petição (direito de obter resposta do Estado) do direito de ação (direito de obter 
uma sentença de mérito). 
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2) A teoria eclética da ação em Liebman tem algum interesse para o direito 
processual civil brasileiro? Por quê? 
Resposta: Sim. A teoria eclética da ação em Liebman desfruta de notável interesse 
no Brasil, dá especial destaque às condições da ação (possibilidade jurídica do 
pedido, interesse de agir e legitimidade ad causam), colocada como verdadeiro 
ponto de contato entre a ação e a situação do direito material. 
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3) Qual a diferença essencial de concepção do direito de ação entre aqueles que 
defendem a Teoria Abstrata do Direito de Ação e aqueles que defendem a Teoria 
Eclética do Direito de Ação? 
Resposta: A diferença é que na Teoria Abstrata o direito de ação é autônomo e 
independente de condição, e na Teoria Eclética, o direito é autônomo, independente 
do Direito Material e dependente de condições. 
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4) Segundo a Teoria da Asserção, em que momento devem ser verificadas as 
condições da ação? 
Resposta: As condições da ação devem ser verificadas na narrativa do autor na 
petição inicial. 
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5) O que são as condições da ação? Explique cada uma delas. 
Resposta: Condições da ação = é a possibilidade jurídica do pedido, o interesse 
de agir e a legitimidade ad causam (legitimidade para a causa), ou seja, são 
condições para que legitimamente se possa exigir, na espécie, o provimento 
jurisdicional. 
LEGITIMIDADE AD CAUSAM: Legitimidade para agir -> pertinência subjetiva da 
demanda -> situação prevista em lei que permite um sujeito ativo propor a demanda 
em face do sujeito passivo. 
INTERESSE DE AGIR: Interesse processual -> utilidade da prestação jurisdicional 
que se pretende obter com o exercício da jurisdição. O provimento jurisdicional deve 
proporcionar uma melhora na situação fática vivida pelo autor -> economia processual 
(justificar o tempo, energia e dinheiro gastos pelo Poder Judiciário na resolução da 
demanda). 
POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: é impossível juridicamente um pedido que 
seja vedado/excluído, previamente, pelo ordenamento jurídico. Negativa do Estado 
em dar a prestação jurisdicional. Exceção -> precisa estar previamente prevista em 
lei. 
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6) Defina legitimidade ordinária, legitimidade extraordinária, substituição 
processual, sucessão processual e representação processual. Estabeleça as 
semelhanças e as diferenças entre cada um desses institutos. 
Resposta: *Legitimidade ordinária: são legitimados no processo os sujeitos descritos 
como titulares da relação jurídica de direito material deduzida pelo demandante 
(autor). 
*Legitimidade extraordinária: são legitimados nas ações coletivas (direitos difusos e 
coletivos), onde a titularidade é a coletividade ou um grupo indeterminado de sujeitos. 
*Substituição processual: se dá à media que a lei confere legitimidade a alguém para 
que atue, em nome próprio, na defesa de direito alheio. 
*Sucessão processual: ocorrerá sempre que um dos sujeitos da relação processual 
for retirado da demanda para que um terceiro ocupe seu lugar. 
*Representação processual: o representante processual atua em nome alheio na 
defesa de direito alheio - não é considerado parte. Ex. Mãe atua como representante 
processual do menor incapaz na ação de investigação de paternidade. 
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7) É certo falar que o Novo Código de Processo Civil não menciona a "categoria" 
condições da ação? E como referido diploma legal dispõe sobre o que hoje 
chamamos de condições da ação? 
Resposta: O NCPC não menciona a "categoria" condições da ação. Inaugura-se um 
novo paradigma teórico, mais adequado que o anterior. Segundo a doutrina que já 
vem escrevendo sobre o Novo Código de Processo Civil, legitimidade e interesse de 
agir passam a ser estudados como pressupostos processuais. 
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8) Quais são os elementos da ação? 
Resposta: são três os elementos da ação: PARTES, PEDIDO e CAUSA DE PEDIR. 
Fenômenos como a coisa julgada, a litispendência e a perempção exigem a existência 
de ações iguais (elementos da ação idênticos). Fenômenos como a conexão, 
continência e prejudicialidade exigem ações parecidas (alguns dos elementos se 
coincidem). 
PARTES: Conceito de Chiovenda: parte é o sujeito que pede ou contra quem se pede 
tutela jurisdicional. Conceito de Liebman: parte é todo sujeito que participa da relação 
jurídica processual em contraditório, defendendo interesse próprio ou alheio. É aquela 
que está em uma relação jurídica processual, faz parte do contraditório, assumindo 
qualquer das situações jurídicas processuais, atuando com parcialidade e podendo 
sofrer alguma consequência com a decisão. Juiz não é parte. Parte na demanda = o 
sujeito que além de estar presente na relação processual, também é aquele que está 
pedindo ou contra quem está pedindo. Parte auxiliar = coadjuvante - embora não 
formule pedido ou não tenha contra si um pedido formulado, é sujeito parcial do 
contraditório. Ex.: assistente, MP. Parte no processo: o sujeito que participa da 
relação jurídica processual independente de fazer pedido ou contra ele algo ser 
pedido. Ministério Público é parte processual, e pode ser parte na demanda (quando 
integra o polo ativo) ou parte auxiliar (quando atua como custus legis). Parte Material 
ou Parte do Litígio: sujeito da situação jurídica discutida em juízo. Parte material pode 
ou não ser parte processual. 
PEDIDO: É o que se pede em juízo = solução de conflito de interesses (providência 
jurisdicional) + bem da vid perseguido (resultado prático/vantagem a ser obtida com 
a decisão judicial). É o ELEMENTO OBJETIVO da demanda. Baliza a prestação 
jurisdicional - que estará limitada ao pedido - prestação jurisdicional NÃO PODERÁ 
ir além do pedido (ultra petita), fora do pedido (extra petita) ou aquém do pedido (citra 
petita/infra petita). Pedido Imediato (objeto imediato) = é a providência jurisdicional 
que se pretende - ex.: a condenação, a declaração, a constituição. Pedido Mediato 
(objeto mediato): é o bem da vida, o resultado prático que o demandante espera 
conseguir com a tomada daquela providência. O pedido deverá ser certo (indicar de 
forma precisa e clara qual a espécie de tutela juridicional pretendida - pedido imediato 
- e o gênero bem da vida pleiteado -pedido mediato) ; e determinado (só se refere ao 
pedido mediato - indica a liquidezdo pedido, ou seja, a quantidade e qualidade do 
bem da vida pretendido). O pedido IMEDIATO será sempre DETERMINADO. 
Universalidade de fato: pluralidade de bens singulares, que pertinentes à mesma 
pessoa, tenham destinação unitária. Ex.: rebanho, coleção de livro de uma biblioteca. 
Universalidade de Direito: complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas 
de valor econômico. Ex.: patrimônio, espólio, massa falida. REGRA: O PEDIDO DEVE 
SER EXPRESSO. EXCEÇÃO: PEDIDO IMPLÍCITO. Cumulação de pedidos: o autor 
traz mais de um pedido em sua petição inicial. Cumulação própria: quando for 
POSSÍVEL o acolhimento de todos os pedidos. Divide-se em SIMPLES (pedidos 
formulados são absolutamente independentes entre si, o resultado de um não 
interfere no outro) e SUCESSIVA (existe relação de prejudicialidade entre os pedidos 
- se o pedido anterior for rejeitado, o pedido posterior perderá seu objeto). Cumulação 
imprópria: somente um dos pedidos cumulados pode ser acolhido. Divide-se em 
SUBSIDIÁRIA/EVENTUAL (o autor estabelece ordem de preferência entre os 
pedidos), e ALTERNATIVA (o autor não estabelece ordem de preferência entre os 
pedidos cumulado. Se contenta com qualquer um deles). Requisitos para a 
cumulação de pedidos: a) pedidos compatíveis entre si; b) que seja competente para 
conhecer deles o mesmo juízo; c) que seja adequado para todos os pedidos o tipo de 
procedimento. 
CAUSA DE PEDIR: é composta pelos FATOS JURÍDICOS narrados pelo autor e pela 
FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA. Causa de pedir próxima = fatos jurídicos narrados 
pelo autor (vinculam o juiz). Causa de pedir remota = fundamentos jurídicos do pedido 
(não vinculam o juiz). Fundamento jurídico: causa de pedir remota. Fundamento 
Legal: indicação do artigo de lei que fundamenta a decisão. 
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9) Estabeleça a diferença entre "parte na demanda" e "parte auxiliar", e defina 
o que vem a ser "parte processual". 
Resposta: A diferença entre parte na demanda e parte auxiliar é que a parte na 
demanda, além de estar o sujeito presente na relação processual, também está 
pedindo ou está contra quem está pedindo. Já a parte auxiliar não formula pedido ou 
não tem contra si um pedido formulado, é sujeito parcial do contraditório. Parte 
processual é o sujeito que participa da relação jurídica processual, independente de 
fazer pedido ou contra ele algo ser pedido. 
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10) Explique o que vem a ser pedido imediato e pedido mediato. Exemplifique. 
Resposta: PEDIDO IMEDIATO: providência jurisdicional que se pretende. Ex.: 
condenação, declaração, constituição. 
PEDIDO MEDIATO: é o bem da vida, o resultado prático que o demandante espera 
conseguir com a tomada daquela providência. Ex.: pagamento da quantia devida. 
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11) O que é pedido genérico e em que situações é permitida a indeterminação 
do pedido? 
Resposta: PEDIDO GENÉRICO: é a exceção. Quando a lei admitir o pedido mediato 
poderá ser relativamente indeterminado = indeterminação somente quanto à 
quantidade. 
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12) Arrole as espécies de cumulação de pedidos, explicando cada uma delas. 
Resposta: Cumulação de pedidos: o autor traz mais de um pedido em sua petição 
inicial. ESPÉCIES -> Cumulação própria: quando for POSSÍVEL o acolhimento de 
todos os pedidos. Divide-se em SIMPLES (pedidos formulados são absolutamente 
independentes entre si, o resultado de um não interfere no outro) e SUCESSIVA 
(existe relação de prejudicialidade entre os pedidos - se o pedido anterior for 
rejeitado, o pedido posterior perderá seu objeto). Cumulação imprópria: somente um 
dos pedidos cumulados pode ser acolhido. Divide-se em SUBSIDIÁRIA/EVENTUAL 
(o autor estabelece ordem de preferência entre os pedidos), e ALTERNATIVA (o autor 
não estabelece ordem de preferência entre os pedidos cumulado. Se contenta com 
qualquer um deles). Requisitos para a cumulação de pedidos: a) pedidos compatíveis 
entre si; b) que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; c) que seja 
adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. 
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13) Diferencie "cumulação alternativa" e "pedido alternativo". 
Resposta: CUMULAÇÃO ALTERNATIVA: o autor não estabelece ordem de 
preferência entre os pedidos cumulado. Se contenta com qualquer um deles. PEDIDO 
ALTERNATIVO: é a modalidade de pedido em que o autor tem a faculdade de optar 
por ou outro pedido. 
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14) Explique o que vem a ser causa de pedir. Diferencia causa de pedir remota 
e próxima e dê pelo menos um exemplo. 
Resposta: Causa de pedir: são os FATOS JURÍDICOS narrados pelo autor bem 
como a sua FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA. Causa de pedir próxima = fatos jurídicos 
narrados pelo autor (vinculam o juiz). Causa de pedir remota = fundamentos jurídicos 
do pedido (não vinculam o juiz). 
Exemplo: No município de Sacramento/MG foi encontrado um cadáver, em estado de 
decomposição, no reservatório de água da COPASA (causa de pedir próxima) (...) O 
MP, sensível aos apelo da população local, ingressou com Ação Civil Pública pedindo 
que a COPASA fosse condenada ao pagamento de indenização pelos danos morais 
causados àquela comunidade pelo dissabor de ter havido consumo de água (causa 
de pedir remota) naquelas condições. 
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15) Diferencie "fundamento jurídico" de "fundamento legal". 
Resposta: Fundamento jurídico: causa de pedir remota. Fundamento Legal: 
indicação do artigo de lei que fundamenta a decisão. 
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16) Sobre a classificação das ações de conhecimento, diferencie ações 
constitutivas, condenatórias e declaratórias. 
Resposta: Ações constitutivas: ação que tem por fim obter a certificação e a 
efetivação de um direito potestativo. Ações condenatórias: ações de prestação - 
direito a exigir uma conduta (fazer / não fazer e dar) Se afirma a titularidade de um 
direito a uma prestação e pela qual se busca a certificação e a efetivação desse 
mesmo direito - com a condenação do réu a prestação devida. ex.: ação de cobrança. 
Ações declaratórias: tem por objetivo certificar a existência, inexistência ou modo de 
ser de uma situação jurídica. É demanda de simples certificação. Pode ser POSITIVA 
(declaração da existência da relação jurídica) ou NEGATIVA (declaração da 
inexistência da relação jurídica). 
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17) Sobre a classificação das ações penais, defina o que seja "ação penal 
pública condicionada", "ação penal pública incondicionada", "ação penal de 
iniciativa exclusivamente privada" e "ação penal subsidiária da pública". 
Resposta: Ação penal pública condicionada: para ser movida o MP depende da 
manifestação de vontade do ofendido. Ação penal pública incondicionada: para ser 
movida o MP NÃO depende da manifestação de vontade do ofendido. Ação penal de 
iniciativa exclusivamente privada: compete exclusivamente ao ofendido, ao seu 
representante legal ou sucessor. Açãopenal subsidiária da pública: compete ao 
ofendido, ao representante legal ou sucessor, sempre que o titular da ação - MP - não 
a propõe no prazo da lei. 
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18) Sobre a defesa (resposta do réu), explique "defesa processual", "defesa 
substancial", "exceção em sentido estrito", "objeção", "defesa dilatória" e 
"defesa peremptória". 
Resposta: Defesa processual: defesa que se dirige contra o processo e contra a 
admissibilidade da ação - tem por objeto os requisitos de admissibilidade da causa 
(condições de ação) e pressupostos processuais - questões puramente processuais 
- questiona a viabilidade da apreciação do mérito pelo juiz. Defesa substancial: defesa 
que se dirige contra o mérito - pode ser DIRETA (ataca a própria pretensão do autor 
/ o fundamento de seu pedido) ou INDIRETA (opondo fatos impeditivos, modificativos 
ou extintivos do direito alegado pelo autor, sem elidir propriamente a pretensão 
deduzida na inicial). Exceção em sentido estrito: alegação de defesa que para ser 
conhecida pelo magistrado precisa ter sido arguida pelo réu. Objeção: matéria de 
defesa que pode ser conhecida de ofício pelo magistrado. Defesa dilatória: apenas 
dilata no tempo o exercício de determinada pretensão - retarda o exame, o 
acolhimento ou a eficácia do direito do demandante. Defesa peremptória: visa 
fulminar a pretensão do autor. 
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19) Diferencie "Direito Processual Constitucional" de Direito Constitucional 
Processual". 
Resposta: O Direito Constitucional Processual é constituído pelo conjunto de normas 
de Direito Processual que se encontram na CF. Está relacionado aos princípios do 
contraditório, ampla defesa e isonomia, os quais advém o corolário do devido 
processo legal. Já o Direito Processual Constitucional é formado a partir dos 
princípios que tratam da organização da justiça constitucional e de instituições 
processuais previstas na própria CF, de forma a garantir o efetivo cumprimento das 
disposições constitucionais. 
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