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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL PROFESSOR ESP. LUCAS ALBERTON UNIDADE V - DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS 1. PROCEDIMENTO ESPECIAL (JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS ESTADUAIS – LEI Nº 9.099/95) Os Juizados Especiais Cíveis encontram o seu fundamento no art. 98, da CF, cabendo à Lei n. 9.099, de 26 de setembro de, 1995, que trata dos Juizados Cíveis Estaduais dar cumprimento à determinação constitucional para que as pessoas tenham amplo acesso á justiça. Os atos processuais são simplificados, sendo baseados pelos princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade (art. 2º), buscando sempre que possível a conciliação ou a transação. Esses princípios devem ser harmonizados com os princípios e garantias constitucionais do devido processo legal, contraditório, isonomia, imparcialidade do juiz e publicidade, entre outros. Os Juizados Especiais Cíveis Estaduais são responsáveis pelas causas de menor complexidade, com valor da causa de até 40 salários mínimos (critério valorativo), no momento da propositura da demanda, sendo facultativo ao autor o direito de ação no Juizado Especial Cível da Justiça Estadual (Enunciado nº 1 do FONAJEF). Todavia, não se pode dizer que o Juizado só julga causas no valor de até 40 salários mínimos, em razão do critério material estabelecido nos incisos “II” e “III”, além do § 1º, “I”, do art. 3º, de referida lei, que independem do valor da causa. Nesse sentido, podem tramitar no Juizado Especial Cível Estadual, as causas enumeradas no art. 275, II, do CPC, que poderiam correr no foro comum, pelo procedimento sumário, independente do valor da causa. Além disso podem tramitar no Juizado Especial Cível, conforme estabelece os incisos III e IV do mesmo artigo, as ações de despejo para uso próprio; e para as possessórias de bens imóveis, desde que o valor não ultrapasse os limites de alçada. Com efeito, as ações de alimentos, falência, matéria fiscal e acidentária (art. 3º, § 2º), bem como as ações cíveis sujeitas aos procedimentos especiais, ações coletivas, ações de competência absoluta dos Juizados Especiais Federais e ações de complexidade elevada (aquelas que demandam perícia nos moldes tradicionais), não podem ser ajuizadas nos Juizados Especiais Cíveis, ainda que o valor da causa seja inferior a quarenta salários mínimos. Segundo o art. 8º, I somente podem postular nos JECs as pessoas físicas e capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas. Podem também propor ação as microempresas e as empresas de pequeno porte (art. 74, do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte LC 123/2006). Observação se faz em relação a possibilidade da propositura de ação por condomínio, nas ações de cobrança de despesas condominiais (Enunciado n. 9 do Fórum Permanente dos Juízes Coordenadores dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Brasil). A presença do advogado somente é obrigatória nos pedidos acima de 20 salários mínimos (art. 9º), sendo independentemente do valor da causa obrigatória a presença do advogado na Fase Recursal. O procedimento à rigor observa a seguinte ordem: 1) petição inicial; 2) citação; 3) Audiência de Conciliação; 4) Audiência de Instrução e Julgamento: contestação, pedido contraposto, exceções/impugnações, saneamento, provas, debates, sentença. NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL PROFESSOR ESP. LUCAS ALBERTON São vedados no Juizado qualquer forma de intervenção de terceiros ou assistência (art. 10), não cabendo reconvenção, poderá a parte ré promover pedido contraposto, respeitando o valor da causa. As exceções rituais são admissíveis, mas apenas as de suspeição e impedimento. A incompetência territorial deve ser argüida em contestação, e será sempre absoluta. Não se admite a prova pericial, no Juizado Especial Cível. O sistema recursal veda a interposição de Agravo e Embargos Infringentes, bem como Recurso Adesivo, com fundamento no Enunciado n. 88 do Fórum Permanente. O art. 7º trata dos conciliadores e juízes leigos como auxiliares da justiça. Enquanto os primeiros são recrutados entre bacharéis de direito, não podendo tomar nenhuma medida de conteúdo jurisdicional, como colher provas ou proferir decisões, estão aptos a em contato com as partes, resolver consensualmente os problemas em audiência de conciliação, para posterior homologação do juiz togado. Os segundos serão selecionados entre advogados com mais de 05 (cinco) anos de experiência, podendo inclusive dirigir a instrução, nos termos do art. 37, proferindo sentença a ser submetida ao juiz togado. Na sentença não há relatório (art. 38) e sempre deve ser líquida (art. 38, parágrafo único). Não impõe sucumbência para o vencido (arts. 54 e 55), com as exceções do art. 51, I e parágrafo 2º. Compete à Lei nº 10.259/01 regular os Juizados Especiais Federais e à Lei nº 12.153/09 tratar dos Juizados da Fazenda Pública, que apesar da competência diversa, se assemelham na essência. Fonte: GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. 4 Ed. Revista e Atualizada. São Paulo: Saraiva, 2014. JUNIOR, Humberto Teodoro. Curso de Direito Processual Civil - Vol. 1. 55ª Ed. Forense, 2014. SANTOS, Marisa Ferreira dos. CHIMENTI, Ricardo Cunha. Juizados Especiais Cíveis e Criminais (Federais e Estaduais) – Tomo II. 10ª Ed. Saraiva, 2012.
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