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C A P Í T U L O 5 ANTÍGENOS Antígenos são substâncias particuladas (células, bactérias, esporos de fungos, vírus, dentre outros) ou moléculas solúveis (proteínas, glicoproteínas, lipoproteínas) que apresentam duas características principais: imunogenicidade, que é a capacidade de ativar linfócitos T e/ou B. antigenicidade, que é a capacidade de reagir com os produtos específicos produzidos por estas células, no caso, os anticorpos produzidos por LB. Pelas suas características fisico-químicas (ver no final do capítulo), as proteínas são as principais moléculas que apresentam estas duas propriedades. Existem moléculas que apesar de terem antigenicidade, não são imunogênicas; estas moléculas são denominadas haptenos. Para ativar as células do sistema imune, os haptenos precisam associar-se a moléculas complexas, geralmente proteínas, que são chamadas moléculas carreadoras (ver abaixo). Em princípio, toda partícula estranha é um antígeno; desta forma, bactérias, vírus, protozoários são antígenos. No entanto, cada antígeno é formado por uma série de proteínas, glicoproteínas que são as estruturas reconhecidas pelo sistema imune. Vejamos a estrutura de um vírus tal como o HIV (vírus da imunodeficiência humana) [Figura 1]. Este vírus é constituído por um envelope bilipídico semelhante ao de uma célula de mamífero; associadas a este envelope encontram-se glicoproteínas de 120 (gp120) e 41 kiloDaltons (gp41). FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 40 Figura 1 - Estrutura do virion do HIV O capsídeo viral é formado de proteínas de 24 kD (p24) e a matriz por proteínas de 17 kD (p17). Cada uma destas proteínas ou glicoproteínas é formada por uma sequência de aminoácidos com uma determinada configuração espacial. Por exemplo, na figura 2, pode-se observar que a gp120 é constituída por várias sequências de aminoácidos constantes (C1 - C4) e variáveis (V1 – V5). Cada uma destas sequências de aminoácidos e suas conformações podem formar diferentes determinantes antigênicos ou epítopos (Figura 3), as estruturas reconhecidas pelos anticorpos. Na figura 3, pode-se observar que as diferentes combinações dos aminoácidos levou à formação de 3 determinantes antigênicos com conformações espaciais distintas. Um anticorpo não apenas reconhece a sequência dos aminoácidos (estrutura primária) como também a conformação espacial desta (estruturas secundária e terciária). gp120 p17 p24 RNA gp41 Transcriptase reversa Protease Integrase Envelope CAP. 5 - ANTÍGENOS 41 Figura 2 – Glicoproteína do envelope do HIV gp 41 COOH NH Envelope viral Exterior viral C1 C2 C3 C4 V1 V2 V3 V4 V5 gp 120 Sequências constantes Sequências variáveis Interior viral FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 42 Figura 3 – Determinante antigênico TIPOS DE REAÇÕES PRESENTES NA INTERAÇÃO ANTÍGENO E ANTICORPO A interação entre as sequências de aminoácido do antígeno e do anticorpo ocorre por meio de reações não covalentes: pontes de hidrogênio, forças eletrostáticas, forças de Van Der Waals e ligações hidrofóbicas. O tipo de associação (forte ou fraca) entre as duas moléculas vai depender do número destas interações, que individualmente são fracas. A afinidade do anticorpo pelo antígeno corresponde à força da interação química entre cada um dos aminoácidos das duas moléculas. A somatória de todos os pontos de interação entre o antígeno e o anticorpo é o que se denomina avidez do anticorpo. Se observarmos, na figura 4, o tipo de associação que existe entre três diferentes antígenos e um mesmo anticorpo, veremos que: o Ag1 possui vários aminoácidos que se acoplam de forma complementar com a sequência de aminoácidos do anticorpo 1 e isto propicia uma forte associação entre as duas moléculas. Como existem vários pontos de afinidade, a avidez do anticorpo é grande. L L C C F F F F V V V N N Q Q Q A A I P P P P W Y K Determinante antigênico 1 Determinante antigênico 2 Determinante antigênico 3 CAP. 5 - ANTÍGENOS 43 Ac 1 Ag 1 Ag 2 Ag 3 Ac 1 Ac 1 o Ag2, apresenta menos pontos de afinidade com o anticorpo 1 e consequentemente a avidez deste anticorpo pelo antígeno é menor. o Ag 3, praticamente não apresenta pontos de afinidade com o anticorpo e por isso a avidez não existe e não ocorre a interação entre as duas moléculas. Figura 4 – Avidez e afinidade na reação Antígeno-Anticorpo. REAÇÃO CRUZADA Como vimos na figura 4, o reconhecimento dos determinantes antigênicos por anticorpos, apesar de específico, não é tão rigoroso, podendo ocorrer reações de maior ou menor avidez com diferentes antígenos. Quando o anticorpo reage com outros antígenos, além daquele que induziu a resposta imune, dá-se o nome de reação cruzada. A reação cruzada, no entanto, só ocorre quando os determinantes antigênicos são similares àqueles que induziram a produção do anticorpo. Por exemplo, eu posso ter uma gripe com um vírus, que denominaremos A, e produzir anticorpos contra ele; no entanto, o contato com um vírus B, com determinantes antigênicos similares ao do vírus A, propicia que os anticorpos contra o vírus A associem-se ao vírus B. Discutiremos alguns exemplos de reação cruzada, o que tornará mais clara a compreensão da sua importância na resposta imune. Inclusive, muitas das respostas imunes às infecções devem ocorrer por intermédio das reações cruzadas, no contato que se têm com microorganismos que apresentam determinantes antigênicos semelhantes. O mecanismo de reação cruzada foi evidenciado inicialmente pelo estudo da resposta imune à insulina de vaca. Quando inoculamos insulina de vaca num animal, por exemplo, em camundongos, estes produzem anticorpos anti-insulina de vaca. Quando misturamos o soro destes camundongos com o FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 44 antígeno - insulina de vaca - num tubo de ensaio, pode-se observar a olho nú uma reação de precipitação, proveniente da reação do anticorpo com o antígeno que o induziu. No entanto, se misturarmos este soro contendo anticorpos anti-insulina de vaca com insulina de outras espécies diferentes, o que poder-se-ia esperar? Quando os pesquisadores, estudando este sistema, misturaram insulina de outras espécies animais com o anticorpo anti-insulina de vaca foi observada a reação de precipitação na presença de todas estas insulinas diferentes. A análise das sequências de aminoácidos destas diferentes insulinas, facilita a compreensão de como podem ocorrer estas reações. A insulina é formada de duas cadeias polipeptídicas (cadeias A e B), que são extremamente conservadas nas várias espécies animais; as diferenças ocorrem apenas nos resíduos de aminoácidos 8, 9 e 10 da cadeia A (Tabela 1). As diferenças nestes 3 aminoácidos não impedem que o anticorpo anti- insulina de vaca reconheça as insulinas de outra origem animal; provavelmente a mudança destes aminoácidos não altera a conformação espacial da molécula e os anticorpos ainda continuam se associando a estes determinantes, apesar das diferenças nestes aminoácidos. No entanto, a avidez do anticorpo pelo antígeno pode ser diferente daquela que ocorre com o antígeno indutor da resposta imune, como foi observado na figura 4. Tabela 1 POSIÇÃO DOS AMINOÁCIDOS DA CADEIA A DA INSULINA Espécie 8 9 10 Reação com anti-insulina de vaca Vaca Alanina Serina Valina + Carneiro Alanina Glicina Valina + Porco Treonina Serina Isoleucina + Baleia Treonina Serina Isoleucina + Cavalo Treonina Glicina Isoleucina+ Coelho Treonina Serina Isoleucina + CAP. 5 - ANTÍGENOS 45 EXEMPLOS DE REAÇÃO CRUZADA Um exemplo importante de reação cruzada, inclusive na prática médica, envolve os tipos sanguíneos do sistema ABO. As hemácias humanas possuem alguns tipos de polissacarídeos de membrana que ocorrem em abundância em relação a outros e que são os principais responsáveis pelas reações de transfusão. A presença destes açúcares na membrana das hemácias é determinada geneticamente e de acordo com suas características químicas, são denominados H (tipo sanguíneo O), A, B e AB (Figura 5A). Os indivíduos do tipo O apresentam uma molécula precursora denominada H, que se caracteriza pela presença de uma fucose associada a uma galactose. Os indivíduos do tipo A e B apresentam, respectivamente, a N-acetilgalactosamina e a galactose associada ao antígeno H, enquanto que o tipo AB possui estes dois açúcares associados a este antígeno (Figura 5A). O que intrigou os cientistas durante muito tempo, é o fato de que um indivíduo do tipo A possui, no plasma sanguíneo, IgM anti-B, o tipo B, IgM anti-A, o tipo O, IgM anti-A e anti-B enquanto que o tipo AB não possui estes anticorpos. Esta produção de anticorpos, no entanto, não está relacionada ao contato com hemácias de indivíduos com tipo sanguíneo incompatível, porque independe de contatos prévios com hemácias de outras pessoas. Descobriu-se que, açúcares similares ao do sistema ABO são muito comuns na superfície da membrana de certas bactérias do trato gastrointestinal, propiciando assim a ocorrência de reação cruzada. Na Figura 5, estão representadas as estruturas dos açúcares do sistema ABO e do polissacarídeo do pneumococo XIV. Quando estas estruturas são comparadas, observa-se que são muito similares e, inclusive, alguns microorganismos apresentam a N-acetilgalactosamina ou a galactose, ou ambas, associadas à D-galactose, como ocorre nas hemácias humanas. Desta forma, quando uma pessoa é do grupo sanguíneo A, e apresenta a N-acetilgalactosamina, o contato com bactérias que apresentam D-galactose, como nas hemácias B, induz a produção de anticorpos contra este tipo de açúcar. FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 46 Figura 5 - ANTÍGENOS ABO Um outro exemplo de reação cruzada pode ser dado imaginando-se uma infecção viral. Suponhamos, que você entre em contato com um vírus 1, que possui determinantes antigênicos denominados da1, da2, da3 e da4, conforme a Figura 6. Na resposta imune primária a este vírus, cada um destes determinantes irá estimular clones diferentes de linfócitos B, que sendo específicos no reconhecimento de cada um destes, produzirão anticorpos específicos (Figura 6A). Depois de alguns dias, os plasmócitos secretores destes anticorpos morrerão e sobreviverão apenas os LB de memória (LBm), que apresentam a mesma capacidade de reconhecer estes determinantes antigênicos. D-galactose N-acetil-glicosamina N-acetilgalactosamina A B H A. FATOR LEWISb , H, A e B B. POLISSACARÍDEO DO PNEUMOCOCO XIV CAP. 5 - ANTÍGENOS 47 Figura 6 – Reação cruzada na infecção viral Suponhamos que, depois de um mês, você tenha uma outra infecção viral com um vírus 2 que possui os determinantes da3 e da4, semelhantes aos do vírus 1, e os da1 e da2, diferentes daqueles do vírus 1 (Figura 6B). Como você já teve uma resposta primária contra o vírus 1, que tem os da3 e da4 comuns ao vírus 2, existem linfócitos B de memória que reconhecem estes determinantes antigênicos e produzem anticorpos rapidamente, porque é uma resposta secundária a estes epítopos. Se estes determinantes antigênicos forem os mais importantes em termos de infectividade, ou seja, necessários para a entrada dos vírus nas células, para a sua proliferação intracelular, os anticorpos serão efetivos e é provável que a infecção nem seja evidenciada. Os determinantes da1 e da2, diferentes dos determinantes do vírus 1, também são reconhecidos e contra eles vai ocorrer uma resposta primária, e os anticorpos estarão em concentrações elevadas, em média, após uma semana de infecção. Vírus 1 Da1 Da2 Da3 Da4 LB3 LB1 LB4 Ac1 Ac2 Ac3 Ac4 A. Resposta Imune Primária LB4m LB1m LB2 LB3m Vírus 2 Da1 Da2 Da3 Da4 Ac3 Ac4 B. Resposta Imune Secundária LB4m LB3m LB2m FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 48 HAPTENOS Haptenos são moléculas de baixo Peso Molecular (PM) o que impede que consigam ativar linfócitos T e B. Isto ocorre, porque os linfócitos T reconhecem os antígenos processados e apresentados na membrana das células apresentadoras de antígeno (APCs), tais como macrófagos, linfócitos B e células dendríticas (Figura 7A). Para a grande maioria dos antígenos, esta apresentação dos antígenos para os linfócitos T, pelas APCs, é de fundamental importância para que estes ativem os linfócitos B, que se tornam plasmócitos, secretores de anticorpos. Quando o antígeno tem um PM baixo, este é processado pelas APCs mas pouco ou nenhum peptídeo é apresentado na membrana destas células, e os linfócitos T e B não são ativados (Figura 7B). Figura 7 – Diferenças na apresentação de antígenos e haptenos pelas APCs Antígeno MØ LT LB Secreção de Ac Hapteno Plasmócito MØ LT MHC+peptídeo Ativação Ausência de Apresentação e Ativação A B CAP. 5 - ANTÍGENOS 49 Para a indução de anticorpos, em modelos experimentais, os haptenos são associados a proteínas (OVA - Ovalbumina, BSA - Albumina Sérica Bovina), que atuam como moléculas carreadoras. Ao se associarem à uma proteína, os haptenos comportam-se como um determinante antigênico e quando esta é processada pelas APCs, o hapteno pode ser apresentado para os linfócitos T. Desta forma, quando complexos proteína-hapteno são inoculados num animal, há produção de anticorpos específicos contra o hapteno, contra as sequências de aminoácidos da proteína carreadora e contra algumas sequências de aminoácidos associadas ao hapteno. Exemplos de moléculas que comportam-se como haptenos, com as quais podemos ter contato no dia a dia são: a insulina, a penicilina, os lipídeos, os ácidos nucleícos, a anilina e o aminobenzeno. A resposta aos haptenos, geralmente é bem específica, sendo alterada a capacidade do anticorpo em se associar a eles, caso ocorram modificações nos radicais (exemplo 1) ou na posição espacial destes (exemplo 2). No exemplo1, o aminobenzeno é modificado por diferentes radicais e são formadas moléculas de ácido para-aminobenzóico, ácido para-aminosulfônico e ácido para-aminobenzenoarsonato. As alterações propiciadas pelos novos radicais, muda a conformação dos haptenos, impedindo que ocorra reação cruzada. No exemplo 2, a modificação da posição do radical carboxila (orto, meta e para) altera também a configuração espacial da molécula, impedindo que anticorpos produzidos contra uma forma (orto, por exemplo) reconheça outra (meta ou para). FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 50 Exemplo 1: Antisoro contra: Aminoben zeno Ácido para- aminobenzóico Ácido para- aminobenzenosulfônico Ácido para - aminobenzenoar sonato Aminobenzeno +++ - - - Ácido para-aminobenzóico - +++ - - Ác.para-aminobenzenosulfônico - - +++ - Ác.para -aminobenzenoar sonato - - - +++ Exemplo 2: Antisoro contra: Aminobenz eno Ác. orto-aminobenzóico Ác. Meta-aminobenzóico Ác.para-aminobenzóico Aminobenzeno +++ - - - Ác. orto-aminobenzóico - +++ - - Ác. Meta-aminobenzóico- - +++ - Ác.para-aminobenzóico - - - +++ NH2 NH2 NH2 NH2 COOH SO3H AsO3H2 NH2 NH2 NH2 NH2 COOH COOH COOH CAP. 5 - ANTÍGENOS 51 CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES PARA QUE UMA MOLÉCULA SEJA IMUNOGÊNICA Vários fatores contribuem para que uma molécula ative o sistema imune. Estes fatores dependem não só das características fisico-químicas da molécula como também das características do hospedeiro com o qual ela entra em contato. As principais características para que os antígenos sejam imunogênicos são: Ser estranho. Uma molécula para ser reconhecida pelo sistema imune têm que ter características diferentes daquelas presentes no hospedeiro. Se a molécula for idêntica a alguma outra, presente no hospedeiro, será mais difícil induzir uma resposta. Este reconhecimento depende, inclusive, da distância filogenética entre o hospedeiro e a molécula estranha. Por exemplo, os seres humanos reconhecem bem antígenos bacterianos e virais porque na escala filogenética existe uma grande distância entre estas espécies, aumentando as diferenças presentes nas suas moléculas. Por outro lado, para o ser humano as moléculas oriundas dos macacos, são menos imunogênicas. Da mesma forma, um camundongo reconhece melhor uma molécula de origem humana do que uma de rato. Ter um Peso Molecular acima de 10.000 daltons. A molécula para ser reconhecida precisa ter um tamanho que permita que após o processamento, por células fagocíticas, ainda apresentem um tamanho mínimo para serem apresentadas para os linfócitos T. Moléculas de baixo PM tais como a insulina (5.700 daltons) e as histonas (6.000 daltons) atuam como haptenos enquanto que a toxina ou o toxóide tetânico possuem um PM de 66.000 daltons e atuam como ótimos antígenos. Ter determinadas características físico-químicas associadas com a complexidade molecular. Além do tamanho, a molécula para ser imunogênica precisa ter uma estrutura primária que permita um melhor reconhecimento e isso depende da complexidade da sua estrutura básica. Uma proteína é formada por aminoácidos que de acordo com a sua sequência formam diferentes determinantes antigênicos propiciando uma resposta mais ampla. Os polissacarídeos complexos podem ter uma estrutura que também propicia uma boa resposta. As proteínas quando se associam a açúcares, FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 52 lipídeos ou ácidos nucleicos formando, respectivamente, glicoproteínas, lipoproteínas ou ribonucleoproteínas também propiciam uma boa ativação dos linfócitos. Ter configuração espacial. A configuração espacial de uma molécula é importante porque um anticorpo reconhece não apenas a sequência de aminoácidos mas também a sua configuração espacial. A figura 8 representa a molécula da mioglobina e seus respectivos determinantes antigênicos. Como se pode observar, os determinantes d2, d3 e d4 dependem da conformação espacial da molécula, se esta for denaturada e estas regiões perderem suas características estruturais, os anticorpos que reconheciam estes determinantes podem não mais se associar a eles. Figura 8 – A mioglobina e seus determinantes antigênicos COOH NH2 d1 d2 d3 d4 d5 CAP. 5 - ANTÍGENOS 53 Ter determinantes acessíveis. No início da resposta imune, os determinantes antigênicos externos são os primeiros a serem reconhecidos; com o passar do tempo, com a destruição de alguns dos antígenos, determinantes mais internos passam a ser expressos. Ser administrado em doses adequadas, por vias eficientes. Estas características variam de antígeno para antígeno. Quando se considera uma vacina, devem ser realizados estudos quanto à dose adequada para ativar o sistema imune da maioria das pessoas. Na população, existem aqueles que respondem muito menos ou muito mais a um antígeno. Neste caso, deve-se utilizar uma dose em que a maioria responda e se possível, divididas em várias doses, o que propicia uma melhor resposta. A divisão de uma vacina em várias doses propicia que um maior número de clones de memórias sejam ativados quando se compara com a administração de uma única dose. Em relação à via de administração de antígenos, geralmente as menos eficiente são a intravascular (iv) e a oral, que propiciam uma destruição rápida do antígeno; por outro lado, as vias intradérmica (id) e subcutânea (sc) induzem uma melhor resposta porque o antígeno pode ser liberado mais lentamente. A utilização de adjuvantes, que retardam a liberação do antígeno, também aumenta a resposta imune (Capítulo 21). As principais características do hospedeiro são: Ter uma idade em que o sistema imune esteja plenamente funcional. Na infância e na puberdade o sistema imune ainda não está completamente maturo. No caso das crianças, por exemplo, as concentrações de IgA produzidas só chegam às concentrações similares a dos adultos por volta dos 10 anos de idade. Na puberdade, o timo apresenta sua atividade máxima, quando os linfócitos estão proliferando intensamente e povoando os órgãos linfóides secundários. Na fase em que o indivíduo se torna idoso e na dependência das condições gerais de saúde e de atividade física, o sistema imune pode ter a sua atividade reduzida. Desta forma, espera-se que, em média, em indivíduos adultos, a resposta imune seja mais adequada. Deve se ter em consideração também que as diferenças sexuais interferem em alguns tipos de resposta imune. Em animais experimentais, as fêmeas são mais susceptíveis a determinadas infecções e os machos a outras. O ciclo hormonal nas fêmeas FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 54 propicia uma maior variação na resposta imune do que nos machos que têm uma taxa hormonal mais estável. Ter determinadas características genéticas que propiciem uma boa resposta. Os macrófagos apresentam antígenos associados a moléculas do Complexo de Histocompatibilidade de Classe I e II (Capítulo 6), e estas variam entre os indivíduos da mesma espécie, possibilitando amplas possibilidades de respostas. Desta forma, dependendo destas moléculas, alguns indivíduos apresentam melhores respostas para alguns antígenos do que para outros. Em animais isto é mais fácil de ser observado e existem linhagens de camundongos que são selecionadas geneticamente de acordo com os perfis de resistência e susceptibilidade a tumores, doenças auto-imunes, doenças bacterianas, virais e por protozoários. Ter um um bom estado nutricional. Este fator é muito fácil de ser compreendido; o sistema imune é uma rede de células e produtos proteícos, glicoproteícos, que requerem um bom estado nutricional para se manter íntegro. Se um indivíduo é desnutrido, pode apresentar falhas em alguns tipos de resposta imune. Ter condições gerais de saúde adequadas. Neste aspecto, devem ser considerados os aspectos da vida de um indivíduo: se ele fuma, bebe, ingere outros tipos de drogas, se é uma pessoa estressada, deprimida, sem atividade física ou com excesso desta. Todos estes fatores podem levar a uma redução na resposta imune. ANTÍGENOS Figura 1 - Estrutura do virion do HIV Figura 2 – Glicoproteína do envelope do HIV Figura 3 – Determinante antigênico TIPOS DE REAÇÕES PRESENTES NA INTERAÇÃO ANTÍGENO E ANTICORPO Figura 4 – Avidez e afinidade na reação Antígeno-Anticorpo. REAÇÃO CRUZADA Tabela 1 EXEMPLOS DE REAÇÃO CRUZADA Figura 5 - ANTÍGENOS ABO Figura 6 – Reação cruzada na infecção viral HAPTENOS Figura 7 – Diferenças na apresentação de antígenos e haptenos pelas APCs Exemplo 1: Exemplo 2: CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES PARA QUE UMA MOLÉCULA SEJA IMUNOGÊNICA
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