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Livro Texto - Unidade I

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Prévia do material em texto

Autora: Prof. Pollyana Maria Saud Melo
Colaboradores: Prof. Flávio Buratti Gonçalves
 Profa. Marília Tavares Coutinho da Costa Patrão
Imunologia Clínica
Professora conteudista: Pollyana Maria Saud Melo
Graduada em Biomedicina pela Universidade de Uberaba, mestra e doutora em Ciências Biológicas 
(Biologia Molecular) pela Universidade Federal de São Paulo. Tem habilitação em Análises Clínicas. É docente 
titular/profissionalizante IV da Universidade Paulista (UNIP).
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M528i Melo, Pollyana Maria Saud.
Imunologia Clínica / Pollyana Maria Saud Melo. – São Paulo: 
Editora Sol, 2021.
204 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Métodos. 2. Diagnóstico. 3. Doenças autoimunes. I. Título. 
CDU 577.27
U512.43 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Aline Ricciardi
 Ricardo Duarte
Sumário
Imunologia Clínica
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 CONCEITOS BÁSICOS DE IMUNOLOGIA .....................................................................................................9
2 ANTÍGENOS E ANTICORPOS ........................................................................................................................ 25
2.1 Interações antígeno-anticorpo ....................................................................................................... 34
2.2 Produção de anticorpos monoclonais ......................................................................................... 35
3 MÉTODOS NÃO MARCADOS E MARCADOS .......................................................................................... 39
3.1 Métodos não marcados ..................................................................................................................... 40
3.1.1 Imunoprecipitação ................................................................................................................................. 40
3.1.2 Aglutinações ............................................................................................................................................. 45
3.1.3 Ensaios líticos ........................................................................................................................................... 56
3.2 Métodos marcados ou conjugados ............................................................................................... 58
3.2.1 Fluorescências .......................................................................................................................................... 58
3.2.2 Radioimunoensaios ................................................................................................................................ 62
3.2.3 Ensaios imunoenzimáticos .................................................................................................................. 63
3.2.4 Imunocromatografias ........................................................................................................................... 72
3.2.5 Western Blotting ou Imunoblot ........................................................................................................ 73
4 IMPORTÂNCIA DOS MÉTODOS SOROLÓGICOS E PARÂMETROS SOROLÓGICOS ................... 75
Unidade II
5 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS HEPATITES, DO HIV E DE OUTRAS 
DOENÇAS EMERGENTES ................................................................................................................................... 90
5.1 Hepatites virais ...................................................................................................................................... 90
5.1.1 Hepatite A .................................................................................................................................................. 91
5.1.2 Hepatite B .................................................................................................................................................. 93
5.1.3 Hepatite C .................................................................................................................................................. 97
5.1.4 Hepatite D .................................................................................................................................................. 99
5.1.5 Hepatite E ................................................................................................................................................100
5.2 Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) ................................................................................101
5.3 Arboviroses ............................................................................................................................................110
5.3.1 Febre amarela ......................................................................................................................................... 112
5.3.2 Dengue ......................................................................................................................................................114
5.3.3 Zika .............................................................................................................................................................121
5.3.4 Chikungunya .......................................................................................................................................... 124
5.4 Sarampo .................................................................................................................................................127
5.5 Coronavírus (SARS-CoV-2) .............................................................................................................129
6 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS DOENÇAS CONGÊNITAS ..........................................................133
6.1 Citomegalia ...........................................................................................................................................133
6.2 Rubéola ...................................................................................................................................................136
6.3 Toxoplasmose .......................................................................................................................................140
6.4 Sífilis ........................................................................................................................................................143
Unidade III
7 HIPERSENSIBILIDADES E DOENÇAS AUTOIMUNES .........................................................................154
7.1Hipersensibilidade imediata ou do tipo I ..................................................................................154
7.2 Hipersensibilidade do tipo II ..........................................................................................................160
7.3 Hipersensibilidade do tipo III .........................................................................................................161
7.4 Hipersensibilidade do tipo IV .........................................................................................................163
7.5 Doenças autoimunes e os marcadores imunes utilizados no diagnóstico .................166
7.5.1 Doenças autoimunes órgão-específicas ..................................................................................... 169
7.5.2 Doenças autoimunes reumáticas .................................................................................................. 172
8 APLICAÇÃO DE IMUNOLOGIA CLÍNICA EM BANCOS DE SANGUE .............................................177
8.1 Sistema ABO .........................................................................................................................................182
8.2 Sistema Rh ............................................................................................................................................185
8.3 Antígenos plaquetários ....................................................................................................................189
7
APRESENTAÇÃO
A imunologia clínica tem como objetivo apresentar os métodos imunológicos utilizados para o 
diagnóstico diferencial das mais diversas patologias. Além de descrever e caracterizar as infecções virais 
e congênitas mais frequentes, aborda as hipersensibilidades e doenças autoimunes do ponto de vista 
das ciências biomédicas. Faz parte da área também a imuno-hematologia, que apresenta os antígenos 
eritrocitários, leucocitários e plaquetários e como as técnicas imunológicas são utilizadas para triagem 
de doadores em bancos de sangue.
Assim, este livro vai ser composto de três unidades. A primeira vai rever conceitos básicos de 
imunologia, cruciais no entendimento da aplicação clínica, e os métodos sorológicos. Na unidade II, 
serão discutidas as principais patologias virais, o HIV, as hepatites, as arboviroses, o sarampo e a 
COVID-19, além das infecções com transmissão congênita. Já a unidade III é composta das doenças 
ocasionadas por resposta exacerbada ou inadequada do sistema imunológico, as hipersensibilidades e 
doenças autoimunes. O estudo de imunologia clínica é finalizado com a imuno-hematologia.
INTRODUÇÃO
A imunologia básica é a área da biologia em que são estudados os mecanismos moleculares e celulares 
do sistema imunológico contra patógenos ou agentes estranhos. A partir desses conhecimentos, é 
possível utilizar as moléculas envolvidas nas respostas imunológicas como marcadores no diagnóstico 
diferencial, tanto de doenças ativas como pregressas, o que é a base da imunologia clínica.
Assim, a imunologia clínica é a área que vai ensinar como utilizar a resposta imunológica em métodos 
de exames laboratoriais, que serão utilizados no diagnóstico, descrição de fase da doença, prognóstico, 
critério de cura, levantamentos epidemiológicos, triagem de doadores e receptores de órgãos e tecidos, 
entre outros.
As moléculas antígenos e anticorpos vão, a partir de agora, ser estudadas, além de suas funções 
nos tecidos e no indivíduo, como parte da resposta imune adquirida humoral, e serão as ferramentas 
utilizadas para o diagnóstico in vitro. O uso dessas moléculas vai permitir uma grande variedade de 
combinações em métodos de diagnóstico com aplicações variadas.
Além disso, como essas moléculas estão sendo cada dia mais estudadas e aprimoradas e com os 
avanços tecnológicos, tem-se hoje uma alta sensibilidade e especificidade de detecção das doenças, pois 
esses métodos se tornaram capazes de detectar precocemente os microrganismos patogênicos, com 
muita confiabilidade.
Com a compreensão dos métodos de diagnóstico imunológico, será possível aplicar todo 
o conhecimento adquirido para criar um pensamento racional e científico da imunologia na 
medicina diagnóstica.
Bons estudos!
9
IMUNOLOGIA CLÍNICA
Unidade I
1 CONCEITOS BÁSICOS DE IMUNOLOGIA
Antes de iniciar o estudo de imunologia clínica, será necessário que os conceitos básicos de imunologia 
sejam revistos e estejam bem assimilados pelo estudante, pois são essenciais para o entendimento 
do conteúdo apresentado. Por isso, inicialmente, serão abordados os principais tópicos de imunologia, 
desde definições de sistema imunológico, seus componentes e suas funções, dando ênfase às interações 
antígenos-anticorpos, até a explanação de alguns mecanismos de resposta imune contra patógenos.
O sistema imunológico tem como função proteger o organismo contra patógenos, entre eles, os 
vírus, as bactérias, os fungos, assim como pode atuar contra células tumorais e com dano e, ainda, 
contra proteínas próprias ao desencadear uma resposta imunológica.
Quando essa resposta é contra patógenos e células tumorais, o intuito é a eliminação do que não é 
próprio, o que mantém a integridade do organismo. Contudo, em alguns casos, poderá haver respostas 
contra antígenos próprios, o que ocasiona doenças de autoimunidade, que é quando o sistema imune 
gera uma lesão tecidual em seu próprio organismo devido à perda da autotolerância.
Diariamente, os seres vivos entram em contato com diferentes microrganismos patogênicos ou não 
patogênicos, mas, na maioria das vezes, não ocorrerá a doença, pois o sistema imune vai neutralizar os 
invasores através de uma resposta imediata contra o agente estranho ou até mesmo através de uma 
resposta previamente gerada em um momento anterior, a memória imunológica.
Devido à capacidade de o sistema imune responder especificamente a um antígeno, na resposta 
imune adquirida, tornou-se possível o desenvolvimento dos imunoensaios, que permitem a realização 
do diagnóstico diferencial de diversas doenças, mesmo quando estas apresentam sinais e sintomas 
semelhantes, além de possibilitar a detecção dos patógenos com os quais um organismo já entrou em 
contato. Esses métodos, ditos sorológicos, serão abordados logo adiante, porém é necessário que alguns 
conceitos da resposta imunológica sejam revistos brevemente antes de iniciar o estudo desses métodos.
A resposta imune é dividida em inata e adquirida (figura seguinte). No início da resposta, logo após 
o reconhecimento de um agente estranho, o antígeno, vai ocorrer a ativação da resposta imune inata, 
que está sempre pronta para agir, de forma inespecífica e sem a necessidade de uma exposição anterior 
a um antígeno. Por isso, é dita como não específica, ou seja, independentemente do tipo de agente 
agressor, os mecanismos de ação e componentes celulares e moleculares que estão envolvidos no início 
da resposta imunológica serão muito semelhantes.
10
Unidade I
Microrganismo
Imunidade inata Imunidade adquirida
AnticorposLinfócitos BBarreiras epiteliais
Células 
dendríticas
Fagócitos
Complemento Células NK
Horas
0 6 12 1 3 5
Dias
Tempo após infecção
Linfócitos T
Células T efetoras
Figura 1 – Sistema imunológico. A resposta imune está dividida em inata e adquirida. A primeira a ser ativada após uma invasão 
é a inata, que age de forma inespecífica no combate aos patógenos. Após 7 a 10 dias, uma resposta imunológica mais complexa e 
com especificidade é iniciada, a resposta imune adquirida. Essa resposta é diversa, ou seja, é diferente para cada tipo de invasor. Essa 
mesma resposta gera o que é conhecido como resposta imunológica
Fonte: Abbas, Lichtman e Pilai (2007, p. 5).
Os tecidos de revestimento, o tecido epitelial, a pele e as mucosas, são a primeira barreira que 
oferece proteção contra doenças. Quando esses tecidos estão íntegros, já funcionam naturalmente 
como uma barreira física contra a entrada de patógenos nos organismos. Além disso, possuem peptídeosantimicrobianos, pH, leucócitos intraepiteliais, que ajudam na eliminação de um possível invasor ainda 
na superfície, sendo uma parte do sistema imunológico que atua ativamente contra a ocorrência de 
doenças. Entretanto, se essa barreira física é rompida, por qualquer razão, ou é ativamente rompida por 
um patógeno, será necessário que outros componentes da resposta imune sejam ativados.
Quando um patógeno ultrapassa a barreira física descrita, as células fagocíticas entram em ação. 
São elas:
• Células dendríticas: as que ainda não foram ativadas, ou seja, imaturas. Na epiderme e nos 
linfonodos, são conhecidas como células de Langerhans, que são células dendríticas mieloides. 
Já as células dendríticas plasmocitoides estão presentes principalmente no sangue e nos 
órgãos linfoides.
• Granulócitos: são as células brancas, ou glóbulos brancos, presentes em grandes quantidades 
principalmente na corrente sanguínea – os neutrófilos, eosinófilos e basófilos.
11
IMUNOLOGIA CLÍNICA
• Monócitos ou macrófagos: nomeados de acordo com a sua localização, sangue ou tecidos, 
respectivamente, também são parte das células brancas ou glóbulos brancos, de linhagem mieloide.
• Linfócito B: um glóbulo branco que, além de ter função fagocítica, é a célula que produz os 
anticorpos quando na sua forma ativada de plasmócito. Com isso, faz parte das respostas imunes 
inata e adquirida.
Para realizar a fagocitose, que é inespecífica, ou seja, age de forma semelhante independentemente 
do invasor, as células fagocíticas deverão reconhecer o agente invasor a partir de receptores de 
reconhecimento-padrão (PRR) presentes em sua superfície. Os principais PRR são os toll-like receptors, 
que reconhecem nos patógenos os padrões moleculares associados a patógenos, os PAMPs. Essa ligação 
PRR-PAMP é o estímulo inicial para a ativação da resposta imune. Os PAMPs são moléculas exclusivas 
de patógenos. É comum que os PRR reconheçam como PAMPs moléculas como RNAs de dupla fita, 
proteínas formiladas, DNAs microbianos, entre outras, que não estão presentes nos seres humanos.
Como a resposta imune não é exclusiva contra microrganismos, outras moléculas podem ser 
reconhecidas pelos PRR. São os padrões moleculares associados ao dano celular, DAMPs, e os padrões 
moleculares associados a venenos ou toxinas, os VAMPs.
Os DAMPs são moléculas liberadas quando as nossas células morrem por necrose. Pode ser uma 
proteína de choque térmico ou fragmentos danificados de membrana, material genético da mitocôndria, 
entre outros, que vão ser reconhecidos pelos PRR, ativando a resposta imune inata contra essas células, 
garantindo a homeostase e a eliminação de células estressadas.
Já os VAMPs, como o próprio nome sugere, são toxinas e venenos oriundos de bactérias e animais 
peçonhentos, que, quando reconhecidos pelos PRR, são também capazes de ativar a resposta imune.
Além dos receptores da família toll-like, participam do reconhecimento dos micróbios os receptores 
de lectinas C, que são receptores de carboidratos do tipo manose, receptores varredores (scavengers), 
que reconhecem lipoproteínas, receptores a N-formil Met-Leu-Phe, que se ligam ao peptídeo 
N-formilmetionina e proteínas que contêm domínio de ativação e recrutamento de caspase (CARD).
Após o reconhecimento do micróbio pelas células fagocíticas, fatores de transcrição serão ativados 
no núcleo da célula. Com isso, essas células vão traduzir e secretar quimiocinas, citocinas e moléculas 
de adesão, que vão atrair para o local de infecção células de defesa e gerar resposta inflamatória 
para eliminar o agente agressor. Os fagócitos vão englobar os patógenos, formando no citoplasma da 
célula o fagossomo, que posteriormente vai se fundir com os lisossomos, o fagolisossomo. Como essa 
organela é composta de diversas enzimas digestórias, quando liberadas e em contato com o micróbio 
fagocitado, vão degradar, eliminando o invasor. Além das enzimas, outros mecanismos estão envolvidos 
na destruição dos patógenos no interior dos fagolisossomos, como os mecanismos do metabolismo do 
óxido nítrico, com a formação de radicais livres, microbicidas (figura seguinte).
12
Unidade I
1. Pseudópodes 
envolvendo 
patógenos
2. Os patógenos são 
englobados por 
endocitose
3. Forma-se um 
vacúolo que cerca 
os patógenos
4. O vacúolo e o 
lisossomo se fundem
5. Compostos 
tóxicos e enzimas 
lisossômicas destroem 
os patógenos
Lisossomo 
contendo 
enzimas
Célula fagocítica
Patógeno
Vacúolo
6. Os restos dos 
patógenos são 
excretados por 
exocitose
Figura 2 – Esquema da fagocitose. Na etapa 1, há o reconhecimento, os PRR se ligam aos PAMPs. Em 2, vai ocorrer a emissão de 
pseudópodes, que vão englobar o patógenos. Em 3, o vacúolo vai formar-se, nomeado de fagossomo. Em 4, ocorre a posterior fusão 
com o lisossomo, com a formação do fagolisossomo. Em 5, nessa vesícula, enzimas lisossomais e outros compostos serão liberados 
para que ocorra a destruição do patógenos. Em 6, o resultado gerado da degradação dos patógenos é então liberado por exocitose
Fonte: Reece et al. (2015, p. 948).
Além das células fagocíticas, ainda na resposta imune inata, temos as proteínas do sistema do 
complemento, com mais de trinta componentes, cujas principais funções são a defesa contra infecção 
por microrganismos e a eliminação de complexo antígeno-anticorpo circulante e de produtos de 
injúrias teciduais.
Essas proteínas têm sua atividade regulada por diversos mecanismos que evitam que o sistema do 
complemento seja ativado desnecessariamente, o que ocasionaria lesão tecidual. Sua ativação pode 
ocorrer por três vias diferentes: a via alternativa, a via clássica e a via das lectinas. Independentemente 
da via de ativação, sempre há uma proteína que vai fazer a ligação do sistema do complemento, podendo 
ser uma proteína microbiana, um anticorpo ou uma lectina ligadora de manose, respectivamente. 
Como resultado da ativação, poderá acontecer o recrutamento de neutrófilos, servindo como local de 
reconhecimento dos fagócitos e formação de um poro, o complexo de ataque à membrana, que vai 
resultar na ruptura do micróbio.
13
IMUNOLOGIA CLÍNICA
Ainda no início da resposta imunológica, vai ocorrer a resposta inflamatória aguda, que não é 
exclusiva a patógenos, podendo acontecer por injúrias físicas ou químicas. Tem como efeito vasodilatação, 
aumento de permeabilidade capilar, aumento do fluxo sanguíneo na região, quimiotaxia, migração de 
leucócitos para a zona lesada, febre e proliferação de leucócitos e, com isso, gera-se uma resposta 
inflamatória. Devido aos processos hemodinâmicos e imunes da inflamação, são observados os cinco 
sinais cardinais: dor, calor, rubor, edema e perda da função do tecido (figura seguinte).
Músculo 
liso
Mastócito
Fibras elásticas
Fibroblasto
Fibras colágenas
Macrófago
Proteoglicanos
Vasos
Matriz 
do tecido 
conjuntivo
Células 
do tecido 
conjuntivo
Endotélio
Leucócito Leucócito 
polimorfonuclearpolimorfonuclear LinfócitoLinfócito
PlaquetasPlaquetas
MonócitosMonócitos
Fatores de Fatores de 
coagulação, coagulação, 
cininogênios e cininogênios e 
componentes do componentes do 
complementocomplemento EosinófiloEosinófilo
BasófiloBasófilo
Membrana 
basal
Figura 3 – Inflamação e sinais cardinais. Os eventos que vão acontecer em consequência de uma lesão tecidual física, química ou de 
microrganismos patogênicos mostrados na ilustração são os responsáveis pelo calor, rubor, edema e dor
Fonte: Barone (2020, p. 8).
No recrutamento de células brancas de defesa para a região, o neutrófilo que está circulante na 
corrente sanguínea será o principal leucócito recrutado para o tecido. Esse evento faz parte da resposta 
inflamatória. A função dessas células no tecido será fagocitar e destruir o invasor. Para tal, mediadores 
químicos serão necessários. A bradicinina, os fibrinopeptídeos, as prostaglandinas e as proteínas do 
complemento (C3a, C4a e C5a) serão os mediadores químicos responsáveis pela liberação dos conteúdos 
da granulaçãodos macrófagos no local, com a consequente liberação de histaminas, principalmente as 
interleucinas IL-1, IL-6 e IL-8, além do TNF-α.
O neutrófilo será atraído para o local, os macrófagos teciduais que fagocitaram os micróbios vão liberar 
citocinas, TNF-α e IL-1, que aumentarão a expressão de receptores de selectina no endotélio vascular. 
Com isso, neutrófilos atraídos para a região vão se ligar a esses receptores no endotélio do vaso, aumentando 
a sua afinidade de ligação ao endotélio. Os neutrófilos vão, então, rolar pelo endotélio, e a expressão de 
integrinas vai aumentar. Com o aumento da afinidade, ocorrerá a adesão. Depois, as células brancas vão 
migrar do vaso através do tecido endotelial para o tecido infectado. Esse processo é nomeado diapedese. 
Posteriormente à migração para o tecido, os neutrófilos exercem sua função de fagócitos e de liberação de 
quimiocinas, que atrai mais células de defesa para o local (figura seguinte).
14
Unidade I
Ativação leucocitária
Ativação endotelial
Lúmen arterial
Células endoteliais
Camada íntima
Injúria
Quimiotaxia
VCAM-1
ICAM-1P-selectina
E-selectina
Figura 4 – Inflamação. Sempre que ocorrer a infecção de um tecido, as células de defesa serão atraídas para o local para que aconteça 
a migração dos neutrófilos do vaso sanguíneo para o tecido. Serão ativados por quimiocinas. Haverá o aumento da expressão de 
receptores de selectina nas células endoteliais, onde as integrinas neutrofílicas vão se ligar, aumentando a afinidade de ligação ao 
tecido endotelial. As células vão rolar sobre o tecido até a sua adesão. Depois, vão migrar do vaso para o tecido, processo nomeado de 
diapedese. A partir do momento em que se encontrarem nos tecidos, haverá a fagocitose e a produção de mais quimiocinas
Fonte: Souza (2008, p. 35).
A resposta inflamatória é crucial para a eliminação de microrganismo e para a recuperação de 
tecidos que sofreram injúria, pois, como resultado dessa resposta, vai ocorrer o reparo tecidual, ou a 
fibrose, que é a formação de tecido de cicatrização. Nesse último caso, há o quinto sinal cardinal da 
inflamação: a perda da função do tecido. Apesar de ser essencial para a recuperação da injúria, algumas 
vezes, pode acontecer uma resposta inflamatória muito exacerbada, que vai causar dano tecidual e 
que pode ser irreversível. E, ainda, em alguns casos, quando há uma resistência para a eliminação do 
patógeno, a resposta inflamatória vai se tornar crônica, sendo nomeada de granuloma. Com a resposta 
inflamatória crônica, em longo prazo, o tecido inflamado vai perder sua função, podendo chegar à 
falência e, até mesmo, levar o hospedeiro ao óbito.
Além de realizarem fagocitose, essas células são também células apresentadoras de antígenos 
(APCs), que após englobarem o microrganismo, vão apresentar um “pedaço” dele para as células TCD4+ 
auxiliadoras, ou helpers, fazendo a conexão entre as duas respostas: a inata e a adquirida.
O último componente a ser descrito, ainda da resposta inata, são os linfócitos NK, natural killers, 
que, como o próprio nome diz, têm a função efetora de eliminar microrganismos e células tumorais, por 
citotoxicidade. Esses linfócitos têm importante função contra vírus, que são patógenos intracelulares. 
15
IMUNOLOGIA CLÍNICA
Quando as células NK reconhecerem uma célula infectada, haverá a eliminação dela e, consequentemente, 
do vírus, impedindo a replicação do patógeno.
O reconhecimento da célula que precisa ser eliminada vai acontecer porque as células NK estão 
sempre fazendo a vigilância imunológica. Quando ocorrer a diminuição da expressão do receptor 
nomeado de MHC classe I like, o linfócito NK vai ser ativado, destruindo a célula, com a liberação de 
perforinas e granzimas de seus grânulos. As células NK destroem tanto células infectadas por vírus como 
células tumorais, que também deixam de expressar esses receptores na superfície, sendo um sinal para a 
eliminação, o que vai controlar a proliferação dessas células, impedindo a formação de um tumor. Essa 
célula atua diretamente na imunidade do câncer.
Posteriormente aos eventos da resposta imune inata, será iniciada a resposta imune adquirida. Essa 
resposta só está presente nos vertebrados, é específica, diversa e gera memória imunológica. Os linfócitos 
são os protagonistas dessa resposta, tanto o linfócito B como o linfócito T. A resposta imune adquirida 
será ativada diretamente pelo antígeno e pelo resultado da resposta imune inata, que funcionará como 
segundo sinal para a ativação dos linfócitos.
A resposta imune adquirida é dividida em humoral e celular. Na resposta imune adquirida humoral, 
as células responsáveis são os linfócitos B, que possuem a função de produzir e secretar anticorpos. 
A produção de anticorpos e as funções efetoras dos anticorpos ou imunoglobulinas serão descritas com 
detalhes adiante.
 Lembrete
O linfócito B quando é ativado vai se diferenciar em plasmócitos, que é 
o nome dado à célula quando há a produção e a secreção dos anticorpos.
Já os linfócitos T, responsáveis pela resposta imune adquirida celular, possuem funções efetoras 
e regulatórias. Entre os linfócitos com funções efetoras, os linfócitos TCD4+ são conhecidos como 
linfócitos auxiliadores, que possuem a função de produzir citocinas e, com isso, conseguem sinalizar as 
respostas imunes tanto inatas como adquiridas. Já o linfócito TCD8+ possui a função de citotoxicidade, 
destruindo ativamente as células infectadas ou com danos.
Além disso, os linfócitos TCD4+ são divididos em subgrupos, o Th1, Th2 e Th17. Essa variedade 
de linfócitos TCD4+ é gerada quando as células percussoras recebem estímulos diferentes; com isso, 
terá funções distintas. O Th1 vai agir contra patógenos intracelulares, processos inflamatórios e 
autoimunidade; o Th2, contra patógenos extracelulares, alergias e asma; e o Th17, contra patógenos 
extracelulares, inflamações e autoimunidade. O que permite essa diferença na ação dos subgrupos é o 
perfil de citocinas produzidas por eles:
16
Unidade I
• Th1 produz INF-γ;
• Th2 produz IL-4, IL-5 e IL-13;
• Th17 produz IL-17A e IL-17F (figura seguinte).
Th2 Th17
LT
Th1
IL-4R
Patógenos 
extracelulares 
Alergia e asma
IL-4 
IL-5 
IL-13
IL-17A 
IL-17F
INF-γ
IN
F-γ
IL-6 TGF-β
IL-4
IL-23
IL-23R
Patógenos 
extracelulares 
Inflamação e 
autoimunidade
IL-12
IL-12R
Patógenos 
intracelulares
Inflamação e 
autoimunidade
Precursor
Figura 5 – Diferentes tipos de linfócitos TCD4+. As subpopulações dos linfócitos TCD4+ 
são geradas a partir de diferentes estímulos recebidos no início do seu processo de diferenciação e, 
consequentemente, vão produzir diferentes citocinas com funções efetoras diferentes
Fonte: Voltarelli (2008, p. 17).
Assim como as demais células sanguíneas, os linfócitos são produzidos na medula óssea, mas o 
processo de amadurecimento ocorre em locais diferentes. O linfócito B será amadurecido na medula 
óssea, bone em inglês. Já o linfócito T vai amadurecer no timo. Durante o amadurecimento, as células 
começarão a expressar receptores viáveis em suas superfícies, BCR e TCR, respectivamente.
Esses receptores é que vão reconhecer os agentes invasores, ligando-se em antígenos. Após esse 
reconhecimento, inicia-se a resposta imune adquirida. Como o reconhecimento dos linfócitos T e B é 
específico, os seres humanos possuem um repertório de, pelo menos, 109 diferentes clones de linfócitos, ou 
seja, durante o processo de amadurecimento serão sintetizados, em média, 109 diferentes linfócitos, 
cada um deles expressando um diferente receptor específico em sua superfície. Essa quantidade de 
clones permite que os linfócitos sejam capazes de reconhecer esse mesmo número de antígenos. Essa 
grande variedade de linfócitos é chamada de diversidade, uma característica importante da resposta 
imune adquirida. Acredita-se que todo ser humano tem uma diversidade de receptores suficiente para 
17
IMUNOLOGIA CLÍNICA
o reconhecimento, podendo responder imunologicamente a qualquer antígenocom o qual entre em 
contato durante a sua vida.
Mas esses linfócitos só serão ativados e terão função efetora após o reconhecimento de seu 
antígeno específico. Cada receptor do repertório imunológico será capaz de reconhecer apenas o 
seu antígeno, o que é a característica de especificidade da resposta imune adquirida. Os linfócitos, 
após o seu amadurecimento nos órgãos linfoides primários, medula óssea e timo, não estarão ativados 
até o reconhecimento do seu antígeno específico. Essas células, que estão prontas para agir, entretanto, 
sem função efetora, são nomeadas de naive, ou “virgens”. São responsáveis pelo que é conhecido como 
“vigilância imunológica”.
A vigilância imunológica consiste nas células em estado naive circularem por órgãos linfoides 
secundários, linfonodos e vasos linfáticos, baço, entre outros, à procura do seu antígeno específico. Após 
a circulação pelos vasos linfático ou sanguíneo, não havendo o reconhecimento de um antígeno, eles 
retornam para o linfonodo e o baço, nos quais ficam estocados ainda na forma naive. Essa vigilância 
acontece constantemente. Caso ocorra o reconhecimento do antígeno, o linfócito vai ativar-se, para 
exercer a função efetora; haverá a expansão clonal, que é a proliferação desse clone celular, aumentando 
o número de células que expressam esse receptor específico para que o combate ao invasor seja mais 
eficaz (figura seguinte).
Células T naive Células T efetoras
Células 
apoptóticas
Células T de memória
Figura 6 – Expansão clonal. Os linfócitos naive, após reconhecerem seu antígeno específico, 
serão ativados e vai acontecer a expansão clonal, proliferação do linfócito com o mesmo receptor. 
Após exercerem o combate, parte das células vai sofrer apoptose; outra parte serão as células 
de memória, que ficarão quiescentes na medula óssea
Adaptada de: Nunes ([s.d.], p. 43).
Após a expansão clonal e a ação dos linfócitos ativos, a maior parte das células vai sofrer apoptose 
para que o sistema imunológico volte a sua homeostasia. Parte das células que sofreram ativação 
não vão se tornar apoptóticas e se tornarão células de memória, outra característica importante da 
resposta imune adquirida.
18
Unidade I
 Observação
São características da resposta imune adquirida a diversidade, a 
especificidade e a memória imunológica.
A memória imunológica é uma das características da resposta imune adquirida e permite que 
o organismo seja capaz de reconhecer com maior rapidez e eficácia um antígeno quando entra em 
contato com ele uma segunda vez.
Nesses casos, a ativação da resposta imune será muito mais rápida, pois os linfócitos que serão 
ativados não são mais naive, não precisando passar por todas as etapas de ativação linfocitária.
Também são geradas células B de memória, que, na sua forma quiescente, ficam produzindo 
pequenas concentrações de anticorpos constantemente. A presença desses anticorpos atua como um 
neutralizante de invasores muito mais rapidamente em um segundo contágio, não sendo necessário 
o prazo de 7 a 10 dias, tempo que uma infecção primária demora para a ativação de toda a resposta 
imune adquirida (figura seguinte). Esses anticorpos secretados constantemente são uma ferramenta 
importante para o diagnóstico diferencial de patologias, as sorologias.
Antígeno X
Semanas
Antígeno X
+ antígeno Y
Resposta 
anti-X 
secundária
Células B de 
memória
Células B de 
memória
Resposta 
anti-Y 
primária
Resposta 
anti-X 
primária
Células B 
imaturas
2 4 6 8 10
Células B de 
memória
Plasmócito
Plasmócito
Plasmócitos
Tí
tu
lo
 d
e 
an
tic
or
po
 sé
ric
o
Figura 7 – Memória imunológica. A capacidade da resposta imunológica em desenvolver células de memória permite que, quando o 
organismo entrar em contato uma segunda vez com o patógeno, a resposta seja mais rápida e eficaz na eliminação ou neutralização. 
Observe na figura o aumento expressivo do título de anticorpos contra antígeno X produzido na infecção secundária em comparação 
com uma primoinfecção
Fonte: Abbas, Lichtman e Pilai (2007, p. 10).
19
IMUNOLOGIA CLÍNICA
A memória imunológica é a característica que permitiu o desenvolvimento das vacinas, que são 
um composto imunobiológico constituído de microrganismos atenuados, inativados, subunidades do 
microrganismo ou material genético dos patógenos, que, ao ser administrado em um indivíduo com o 
intuito de imunização, vai funcionar como uma primoinfecção, com a geração de memória imunológica. 
Assim, quando o vacinado entrar em contato com o patógeno no ambiente, o organismo vai responder 
como a uma infecção secundária, impedindo que haja tempo para o desenvolvimento da patologia.
 Saiba mais
Para saber um pouco mais sobre vacinação, acesse o artigo:
SLIFKA, M. K.; AMANNA, I. How advances in immunology provide insight 
into improving vaccine efficacy. Vaccine, v. 32, n. 25, p. 2948-2957, May 2014.
A ativação dos linfócitos B e T ocorre a partir de dois sinais: o patógeno e um segundo sinal, os 
compostos resultantes da resposta inata, as quimiocinas e as citocinas. Quando o patógeno é fagocitado 
nos tecidos pelas células apresentadoras de antígenos (APCs), essas células vão processar o antígeno 
em fragmentos de proteínas, os peptídeos, que serão apresentados para os linfócitos T, tanto o TCD8+ 
como o TCD4+.
As APCs, em especial as células dendríticas, são responsáveis pela ativação da célula naive. Elas 
migram do local da fagocitose para os órgãos linfoides secundários, em que vão apresentar o peptídeo 
para um linfócito que possui o receptor específico para o peptídeo gerado. Quando a APC e o TCR correto 
se encontram, ocorre a ativação desse clone linfocitário e, consequentemente, a expansão clonal.
Os microrganismos que têm origem exógena serão fagocitados com as formações do fagossomo, 
que, posteriormente, vai se fundir com o lisossomo, que é uma organela rica em enzimas proteolíticas 
ácidas, formando o fagolisossoma, uma vesícula ácida com função de degradar o microrganismo. Nesses 
casos, os peptídeos gerados se ligam com o complexo de histocompatibilidade (MHC) classe II, que será 
externalizado e apresentado na superfície da APC.
A molécula de MHC classe II apresenta peptídeos para o linfócito TCD4+, ou helper, ou, ainda, 
auxiliar. A ativação dessas células resulta na produção de citocinas, pró e pré-inflamatórias, capazes de 
desencadear diversas respostas imunes, ativando o próprio linfócito TCD4+, o linfócito B, para que ele se 
diferencie em plasmócito e produza anticorpos e, também, os fagócitos, entre outras funções.
Entretanto, quando temos antígenos de origem endógena, ou seja, peptídeos gerados no próprio 
citoplasma, a apresentação desse antígeno poderá ocorrer por qualquer célula nucleada do organismo.
A degradação desse antígeno vai acontecer no proteassoma, que é um conjunto multiproteico com 
propriedades catalíticas que têm a função de degradar as proteínas das células que não possuem mais 
função. Esses peptídeos gerados no citoplasma são oriundos da própria célula, ou podem ser resultantes 
20
Unidade I
de uma infecção viral, ou, ainda, de célula cancerígena. Eles vão se ligar à molécula do MHC de classe I 
e serão externalizados na célula. Apresentados para um linfócito TCD8+, com TCR específico para 
esse antígeno, ocorrerá a ativação da célula TCD8+, que possui a função de citotoxicidade, que vai 
eliminar a célula.
Por exemplo, em pacientes com uma infecção viral como a hepatite B, o vírus replicando dentro do 
hepatócito vai gerar peptídeos, que se ligarão no MHC de classe I. Posteriormente, o linfócito TCD8+ com 
o TCR específico para o vírus de hepatite B será ativado e vai liberar seu conteúdo citotóxico, que são 
basicamente enzimas que destroem o hepatócito. Por isso, em alguns casos, há a hepatite fulminante 
no indivíduo infectado com o vírus da hepatite B, pois a rápida replicação do vírus, associada a uma 
resposta imune exacerbada, destrói completamente o fígado, levando ao óbito.
Mas o que vem a ser o MHC? O MHCfoi originalmente descrito em estudos com camundongos 
na rejeição de tecidos entre membros de uma mesma espécie em estudos sobre transplantes. Dessa 
descoberta, vem o nome “complexo de histocompatibilidade”. Atualmente, é sabido que as moléculas 
expressas pelos genes do MHC também são importantes no timo, na apresentação de antígenos próprios 
para o desenvolvimento de linfócitos T maduros. A molécula de MHC é uma proteína expressa no 
extracelular, que se acopla ao TCR quando há interação célula-célula. Havendo a apresentação de um 
peptídeo específico, essa interação vai estimular as células T para que elas desempenhem suas funções 
reguladoras, acoplem sinais para o sistema imune inato e exerçam suas funções efetoras de integração, 
de regulação e de coordenação. Em humanos, as proteínas responsáveis por apresentar antígenos às 
células T são conhecidas como antígeno leucocitário humano, o HLA.
O polimorfismo genético do complexo MHC gera uma grande diversidade de moléculas dentro de 
uma população, porém todas as células de um indivíduo expressam o produto de um mesmo grupo 
de genes do MHC, ou seja, um único indivíduo terá pouca diversidade de molécula de MHC. Observe no 
quadro seguinte as principais características e diferenças das moléculas do MHC.
Quadro 1 – Características e diferenças das moléculas do MHC classe I e classe II
MHC classe I MHC classe II
Células que expressam Quase todas as células nucleadas Apenas as APCs
Nível de expressão Pode ser estimulado e inibido com estímulos imunológicos
Combinação gênica (cromossomo 6) Seis genes em combinação, nomeados de HLA-A, HLA-B e HLA-C
Pareamento do gene DBR permite de 
10 a 20 combinações
Origem dos peptídeos apresentados Endógena, citoplasmática Exógena, vesícula ácida
Peso molecular 43-49 kDa
Subunidades α1, α2 e β2 microglobulina α1, α2 e β1, β2 
Tamanho da fenda Liga peptídeos de 8 a 10 aminoácidos Liga peptídeos de 13 a 24 aminoácidos
Apresentação aos linfócitos TCD8+ TCD4+
21
IMUNOLOGIA CLÍNICA
Na figura seguinte, é possível observar a representação ilustrativa das moléculas de MHC classe I 
e classe II, mostrando as cadeias, a inserção nas células e sua fenda de ligação no peptídeo. Após 
a recombinação dos genes do locus MHC no cromossomo 6, a molécula proteica será expressa e 
externalizada sempre com um peptídeo ligado em sua fenda, porém nem sempre esse peptídeo vai ser 
reconhecido por um TCR. Uma molécula de MHC tem a capacidade de se ligar a diferentes peptídeos. O 
que dá o especificado da resposta é o reconhecimento pelo TCR.
Espaço 
extracelular
Proteína MHC classe I Proteína MHC classe II
Cadeia α Cadeia β
Membrana 
plasmática
Citosol
COOH
COOH COOH
HOOC
NH2
NH2NH2 H2N
α1α2
α2
α1 β1
β2
β2-microglobulina
Figura 8 – Molécula do MHC classe I e classe II. Demonstração das estruturas das 
moléculas de MHC classe I e classe II. Representação da porção citoplasmática e da porção 
da membrana plasmática e do extracelular. O MHC classe I possui uma cadeia na 
membrana plasmática e no citosol, enquanto o MHC classe II possui duas cadeias. Além disso, 
o MHC classe I é composto da cadeia β2-microglobulina, que é menor que a cadeia β2 da molécula MHC classe II
Fonte: Puelker (2005, p. 26).
Na superfície dos linfócitos T, são expressos aproximadamente 105 diferentes TCR, algo semelhante 
à quantidade de moléculas de MHC expressas em uma APC, contudo serão necessárias apenas 
100 ligações específicas, não simultâneas, o que envolve aproximadamente 0,1% das moléculas de 
MHC da APC para que ocorra a ativação do linfócito T. Essas ligações vão formar um agregado ou um 
dímero, sugerindo que esse evento seja importante no processo de ativação do linfócito T pelo MHC. 
As moléculas auxiliares, os cluster of differentiation, CD4 e CD8, serão as moléculas estabilizadoras da 
ligação peptídeo-MHC e TCR (figura seguinte).
22
Unidade I
APC
TCR
CD4
CD8
Célula T CD8 Célula T CD4
TCR
MHC 
classe I
MHC 
classe II
APC
Figura 9 – Ligação entre o MHC e o linfócito T. O CD4 e o CD8 vão participar da ligação 
entre a molécula MHC e o TCR. A ligação vai dos coestimuladores e ocorre na região 
conservada do MHC. Sempre será entre a molécula do MHC classe I e o CD8 e 
a molécula do MHC classe II e o CD4
Adaptada de: Universiteit Utrecht (2009, p. 19).
Nesse processo de estimulação de função efetora, também será importante para a ativação do linfócito 
que outras moléculas coestimulatórias liguem-se a proteínas das APCs. Um exemplo é o receptor CD28, 
que é estimulado pela proteína B7 da APC. Essa proteína quando expressa na célula sinaliza que há uma 
invasão por um patógeno. Sem essa coestimulação, as células T podem até reconhecer um peptídeo na 
fenda do MHC, entretanto não vai ocorrer ativação, ou seja, uma resposta imunológica.
Após exercerem as suas funções efetoras, os linfócitos T vão sofrer mecanismos de inibição, o que 
impede uma resposta exagerada do sistema imune. A inibição será dependente de estímulos de moléculas 
coestimuladoras, os receptores CTLA-4 e PD-1, que quando ligados a proteínas das APCs, B7 e PDL-1/2, 
respectivamente, induzem o sinal de inibição.
Já a resposta imune humoral é a efetivada pelos linfócitos B, que serão ativados diretamente por 
antígenos, ligando-se aos BCR. Na superfície dos linfócitos B, tem-se expressas imunoglobulinas, IgD e 
IgM, que funcionam como molécula reconhecedora de antígeno específico.
As células B, após a sua ativação, migram para os folículos e vão formar centros germinativos nos 
órgãos linfoides secundários. Essas células B ativadas vão se proliferar, a expansão clonal, e diferenciar-se 
por hipermutação somática, o que ocasiona o processo de maturação por afinidade. Assim os agora 
nomeados de plasmócitos saem dos linfonodos e migram para a medula óssea, na qual será iniciada 
a secreção dos anticorpos, ou imunoglobulinas. As suas funções e as diferentes classes dos anticorpos 
serão descritas adiante.
23
IMUNOLOGIA CLÍNICA
Em alguns casos, o antígeno sozinho não será suficiente para a estimulação dos BCR. Será necessário 
que os linfócitos B sejam ativados de forma T-dependente. Como a célula B é também um fagócito, 
também é uma APC. Por isso, a célula poderá fagocitar o antígeno, processar e apresentar uma molécula 
MHC classe II para um linfócito TCD4+, que não está mais na forma naive. Esse linfócito T, ao reconhecer 
seu antígeno específico, vai liberar citocinas, IL-4, que vão estimular a diferenciação da célula em 
plasmócito, com a produção e a secreção de anticorpos contra o antígeno em questão.
Resumindo: na resposta imune adquirida, o seu início acontece após o reconhecimento do antígeno. 
Os linfócitos T e B vão realizar expansão clonal, com função efetora, responsável por eliminar os antígenos. 
Depois, vai ocorrer a apoptose das células de defesa, o que reestabelece a homeostasia. Algumas células, 
contudo, vão permanecer viáveis, o que é a memória imunológica (figura seguinte).
Reconhecimento 
do antígeno
Ativação 
do linfócito
Eliminação 
do antígeno
Contração 
(homeostasia) Memória
Eliminação dos 
antígenos
Imunidade 
humoral
Imunidade 
celular
Células de 
memória 
sobreviventes
Linfócito T 
efetor
Célula 
produtora de 
anticorpos
Célula 
apresentadora 
de antígeno
Linfócito T 
virgem
Dias após a exposição ao antígeno
Linfócito B 
virgem
0 7 14 21
Apoptose
Diferenciação
Expansão 
clonal
Figura 10 – Resposta imune adquirida. As etapas da resposta imune são o reconhecimento do antígeno, 
a ativação dos linfócitos, a eliminação do antígeno, a contração e a memória
Fonte: Abbas, Lichtman e Pilai (2007, p. 14).
O que foi descrito é uma breve explanação de como funciona o nosso sistema imunológico. Esses 
mecanismos são consequências da entrada de um agente invasor, ou seja, são uma resposta imune 
ativa, que é específica e gera memória imunológica.
Contudo, em alguns casos específicos, por exemplo, na picada de animais peçonhentos, como cobras, 
aranhas e escorpião, ou na presençade toxinas microbianas, como a toxina do Clostridium tetani, agente 
etiológico do tétano, ocorrerá dano tecidual rapidamente antes da ativação da resposta imune.
24
Unidade I
Para neutralizar as toxinas e conter os danos, é utilizado um soro heterólogo produzido em outros 
animais (sendo comum o uso do cavalo), que vai possuir um conjunto de anticorpos contra determinada 
toxina. Então, se uma pessoa é picada por uma cobra venenosa, a toxina vai disseminar-se rapidamente 
pela corrente sanguínea e começar a causar danos teciduais. A aplicação do soro antiofídico vai 
neutralizar rapidamente as toxinas da cobra, evitando o óbito. É uma imunidade passiva.
Para a produção desses soros, a toxina de interesse deverá ser injetada em um animal que não o ser 
humano. Posteriormente, será separado do sangue do animal o conjunto de anticorpos contra aquela 
toxina. O indivíduo que receber esse soro não vai produzir seus próprios anticorpos, nem haverá ativação 
das suas células de defesa. Não havendo ativação do sistema imunológico, a contenção da invasão é 
feita de forma passiva e, consequentemente, não vai gerar memória imunológica. Com isso, se houver 
um segundo contato com essa toxina, será necessário usar o soro novamente (figura seguinte).
Antígeno 
microbiano 
(vacina ou 
infecção)
Soro (anticorpos) 
de indivíduo 
imune
Infecção
Sim
Especificidade Memória
Sim
Sim
Não
Exposição à 
infecção
Dias ou 
semanas
Recuperação 
(imunidade)
Imunidade 
ativa
Imunidade 
passiva Recuperação (imunidade)Administração 
de soro ao 
indivíduo não 
infectado
Figura 11 – Representação da imunidade ativa e passiva. Na imunidade ativa, após a entrada do invasor, o sistema imunológico é 
ativado; há a recuperação e a memória imunológica. Já na imunidade passiva, a neutralização da infecção é feita por um soro de um 
indivíduo imune; há a recuperação, mas como não há ativação do sistema imune, não há geração de memória imunológica
Fonte: Abbas, Lichtman e Pilai (2007, p. 9).
Um exemplo importante de imunização passiva é a transferência de anticorpos da classe IgG 
da mãe para o feto durante a gestação pela barreira placentária. Essa imunização será essencial 
para os primeiros meses de vida do recém-nascido, quando o bebê ainda não possui anticorpos de 
memória imunológica.
Agora que os conceitos básicos de resposta imune foram apresentados, serão descritas com mais 
detalhes as moléculas antígenos e anticorpos, pois são essenciais para o desenvolvimento dos métodos 
imunológicos do diagnóstico.
25
IMUNOLOGIA CLÍNICA
2 ANTÍGENOS E ANTICORPOS
Para a realização dos métodos sorológicos e suas aplicações, é necessário saber o que é um antígeno, 
um imunógeno, um hapteno e um epítopo, assim como as funções e as classes dos anticorpos.
Dessa forma, inicialmente, será descrita a molécula do anticorpo, que são proteínas circulantes 
presentes apenas nos vertebrados, produzidas pelos plasmócitos, um linfócito B diferenciado, em 
resposta a um antígeno. Os mediadores da resposta imune humoral contra os micróbios são altamente 
diversificados e específicos. O anticorpo bem como as moléculas do MHC e os TCR constituem as classes 
de moléculas que fazem o reconhecimento dos antígenos dentro da imunidade adquirida. Sendo que os 
anticorpos possuem maior capacidade para discriminar e se ligar a diferentes tipos de antígenos.
Os anticorpos podem ser encontrados na superfície das células B, funcionando como receptores 
de antígenos. Quando são secretados, são encontrados na circulação, nos tecidos e nas mucosas. A 
sua secreção ocorrerá após a ativação e transformação do linfócito B em plasmócitos. Os anticorpos 
podem, nesses locais, ligar-se de forma específica em seus antígenos, neutralizando toxinas, bloqueando 
a entrada dos patógenos nos tecidos e evitando a disseminação do agente invasor.
São funções efetoras das moléculas de anticorpos:
• Neutralização de microrganismos ou toxinas microbianas.
• Ativação do sistema do complemento.
• Opsonização de patógenos.
• Citotoxicidade das células mediada por anticorpos.
• Hipersensibilidade imediata, desencadeando a função dos mastócitos.
 Lembrete
Uma opsonina é uma molécula que sinaliza para o sistema imunológico 
a presença de um invasor, fazendo com que ele seja mais facilmente 
localizado e eliminado.
Os linfócitos B são os produtores exclusivos dos anticorpos. Essas proteínas, inicialmente, estão 
expressas na superfície das células, funcionando como receptores de antígeno, o BCR. Após a exposição 
ao seu antígeno específico nos tecidos linfoides, principalmente no baço e nos linfonodos, os plasmócitos, 
sua forma ativada, vão iniciar a produção dos anticorpos. Alguns plasmócitos maduros produtores de 
anticorpos de longa duração vão permanecer em alguns tecidos, principalmente, na medula óssea, 
participando da memória imunológica.
26
Unidade I
As formas secretadas dos anticorpos estão presentes em diversos fluidos biológicos, por exemplo, na 
porção líquida do sangue, o plasma, nas secreções das mucosas e no líquido intersticial. Um indivíduo 
adulto saudável, de 70 Kg, produz aproximadamente de 2 a 3 g de anticorpos por dia, sendo a segunda 
proteína mais presente na corrente sanguínea, ficando atrás apenas da albumina. Na circulação, os 
anticorpos são na sua maioria da classe IgG e possuem uma meia-vida de cerca de 3 semanas.
Para uma melhor compreensão da funcionalidade dos anticorpos, é crucial conhecer a sua estrutura. 
Anticorpos são proteínas globulares encontradas no terceiro grupo de migração das globinas presentes 
no plasma quando submetidas a uma eletroforese de proteínas, nomeadas de gamaglobulinas ou 
imunoglobulinas (Ig). Todas as moléculas de anticorpos têm uma estrutura molecular básica semelhante 
entre elas, porém apresentam uma grande variedade nas suas regiões de ligação aos antígenos, o que 
permite que ocorra a ligação a uma enormidade diferente de antígenos pelos anticorpos. Na região 
variável, ocorre o reconhecimento e a ligação dos antígenos específicos, porém as outras funções 
efetoras estão associadas à região conservada, que é semelhante aos anticorpos de uma mesma classe. 
Para um melhor entendimento da estrutura, observe a figura seguinte.
-S
-S
-
-S
-S
-
-S
-S
-
-S
-S
-
-S-S-
-S-S-
-S-
S-
-S-
S-
-S-
S-
-S-
S-
-S-
S-
-S-
S-
CH3
CH2
CH1
Do
br
ad
iç
a
CH0
Fab
Fc
N
N N
N
VH
C
CC
C
-S-S-
-S-S--S-
S-
Atividade 
biológica
Antígeno
Figura 12 – Estrutura do anticorpo. É possível observar que o anticorpo possui duas cadeias pesadas e duas cadeias leves. Toda a 
parte estrutural, representada em azul, constitui a porção conservada do anticorpo, Fc, que exerce as funções efetoras da molécula. 
Entretanto a região representada em laranja é a porção variável, que tem como função reconhecer e ligar-se aos antígenos, nomeada 
de Fab (ab – antigen binding). Essa porção de aminoácidos e variável diferencia as moléculas entre elas
Adaptada de: Montassier ([s.d.]a, p. 16).
A estrutura molecular do anticorpo (figura anterior) é constituída de duas cadeias pesadas 
idênticas e duas cadeias leves idênticas, formadas por repetições homólogas de aminoácidos com 
aproximadamente 110 resíduos cada, que se dobram formando os domínios das Ig. Essas dobras, 
assim como as cadeias, estão unidas por pontes dissulfetos. Nessas alças, estão presentes aminoácidos 
envolvidos no reconhecimento de antígenos.
Na extremidade do anticorpo na qual estão presentes tanto a cadeia pesada como a cadeia leve – 
que, na região aminoterminal da molécula, é a única região variável (representada na cor laranja na 
27
IMUNOLOGIA CLÍNICA
figura anterior) – ocorre o reconhecimento e a ligação do antígeno, nomeada de Fab (do inglês 
antigen binding) Já na porção carboxiterminal dos anticorpos, há apenas as duas cadeias pesadas; 
é a região conservada, nomeada de Fc, que apresenta as funções efetoras da molécula.
Ainda é possível observar na figura anterior que uma única molécula de anticorpo possui duasporções Fab; por isso, pode se ligar simultaneamente a dois antígenos; entretanto, como as cadeias 
são idênticas, a ligação simultânea vai ocorrer apenas quando houver dois antígenos idênticos. Para 
possibilitar a ligação de antígenos iguais que estão “distantes” em uma célula, a molécula do anticorpo 
pode movimentar-se, afastando ou aproximando suas porções Fab devido à presença de uma estrutura 
nomeada de dobradiça (hinge, em inglês). A ligação dos anticorpos nas células do sistema imune, como 
nos mastócitos, nos eosinófilos, nos neutrófilos, por exemplo, é feita pela porção Fc. Quando o anticorpo 
se liga à membrana dessas células, passa a funcionar como um receptor para a ativação dessas células.
A maior parte das diferenças nas sequências está em uma extensão da estrutura do anticorpo, 
conhecida como segmento hipervariável, constituída dos domínios V das proteínas, tanto na cadeia 
pesada, VH, como na cadeia leve, VL.
A porção Fab dará a diversidade e a especificidade das moléculas de anticorpos, mas são as 
características da porção Fc que serão responsáveis pela divisão dos anticorpos em classes e subclasses. 
As classes dos anticorpos também são nomeadas de isotipos. São elas: IgA, IgD, IgE, IgG e IgM, que, 
em seres humanos, podem ser divididas em subclasses: IgA1 e IgA2, e IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4. Entre as 
classes, as cadeias pesadas vão apresentar a mesma sequência de aminoácidos. Estas serão pertencentes 
ao mesmo isotipo e designadas pelas letras do alfabeto grego, sendo respectivamente α (α1 e α2), 
δ, ε, γ (γ1, γ2, γ3 e γ4) e µ. Além disso, as IgA, IgD e IgG possuem três domínios conservados, enquanto 
as IgE e IgM possuem quatro (figura seguinte).
IgG
IgD
IgM
IgA
IgE
Figura 13 – Diferentes classes dos anticorpos. Os anticorpos podem ser divididos em cinco 
diferentes classes de acordo com a constituição de suas cadeias pesadas: IgA, IgD, IgE, IgG e IgM
Fonte: Stephens et al. ([s.d.], p. 49).
Na membrana dos linfócitos B, são encontrados dois tipos de anticorpos: a IgD e a IgM, que serão os 
receptores de antígenos, participando do reconhecimento dos antígenos e da ativação celular. Depois, 
28
Unidade I
os anticorpos que serão inicialmente secretados serão da classe IgM e, posteriormente, haverá a maturação 
por afinidade desses anticorpos, quando começarão a ser secretados anticorpos da classe IgG com a mesma 
especificidade, ou seja, a mesma porção Fab, mas com a troca do isotipo, pela troca da cadeia pesada de 
µ para γ. A forma secretada, livre nos líquidos biológicos, possui sua porção carboxiterminal hidrofílica.
Como descrito, a primeira molécula de anticorpo a ser secretada será da classe IgM, porém ela é 
diferente daquela ancorada na membrana plasmática do linfócito B, a IgM estará na forma pentâmera, 
ou seja, cinco monômeros de IgM estarão ligados entre si pela porção Fc. A IgA, por sua vez, é secretada 
como um dímero. Já a IgG e a IgE estão na forma de monômero. A IgD não é secretada. Por esse motivo, 
somente é encontrada ligada à membrana das células B.
Além das cadeias pesadas, os anticorpos possuem também as cadeias leves. Cada molécula vai 
possuir duas cadeias leves, idênticas entre si, que podem ser κ ou λ, sendo sempre ou duas κ, ou duas λ. 
Em uma mesma molécula, a cadeia κ é a mais comum, estando presente em 60% das moléculas. Essas 
variedades de moléculas e os constituintes dos anticorpos são extremamente necessários, pois as 
diferentes classes de anticorpos possuem funções efetoras, meia-vida sérica e concentrações distintas 
entre si, apresentadas no quadro seguinte, o que permite uma grande gama de mecanismos efetores na 
resposta imune.
Quadro 2 – Características das classes de anticorpos
Classe Concentração sérica (mg/dl)
Meia-vida 
sérica (dias) Funções
IgA 3,5 6 Imunidade de mucosas
IgD Traços 3 Receptor nas células B naive 
IgE 0,05 2 Defesa contra helmintos e hipersensibilidade imediata (alergias)
IgG 13,5 23 Opsonização, ativação do complemento, citotoxicidade mediada por anticorpos, imunidade neonatal
IgM 1,5 5 Receptor nas células B naive, ativação do complemento 
Por ser secretada inicialmente, logo após a ativação do linfócito B, a molécula de anticorpo da classe IgM 
é associada aos processos agudos, ou iniciais, de uma infecção; já as de classe IgG, aos processos crônicos. 
Além disso, quando se fala de memória imunológica, as IgG são as moléculas que podem ser detectadas. 
Por isso, a quantificação de IgM é amplamente utilizada para o diagnóstico de patologias durante a 
manifestação de sinais e sintomas; já a IgG auxilia no diagnóstico diferencial de doença pregressa 
e vacinação.
 Observação
Um resultado positivo de IgG em um exame para diagnóstico não permite 
a diferenciação entre doença ativa ou cura, ou seja, memória imunológica.
29
IMUNOLOGIA CLÍNICA
Observe a figura seguinte. Nela, está exemplificado como ficarão os níveis de produção de anticorpos 
no curso de uma patologia. Independentemente de qual seja o patógeno, após entrarmos em contato com 
o microrganismo, há um período de, em média, 7 dias, em que não é possível quantificar anticorpos. Esse 
período compreende o tempo necessário para o corpo ativar a resposta imune inata e, posteriormente, 
a adquirida. Essa última compreende a produção de anticorpos e é nomeada de janela imunológica.
Logo após o início da produção de anticorpos pelos linfócitos B, a primeira classe que será secretada 
e poderá ser quantificada nos líquidos biológicos é a IgM, associada, por esse motivo, à doença na 
fase inicial ou aguda, pois a possibilidade de sua quantificação coincide com a manifestação clínica da 
doença. Entretanto os níveis dessa imunoglobulina vão diminuir com o passar do tempo e deixarão de 
ser quantificáveis.
A classe IgG, por outro lado, será secretada em um segundo momento, quando houver o 
amadurecimento da afinidade dos linfócitos B. Essas moléculas terão mais função efetora de eliminação 
do patógeno e permanecerão com níveis quantificáveis por um longo período. Em alguns casos, se 
houver a formação de memória imunológica, sempre será possível quantificar essa classe de anticorpos 
após o contato com o patógeno em questão. Por isso a presença de IgG quantificável contra um 
patógeno está associada a processos crônicos, doenças curadas e vacinação prévia. Observe o gráfico a 
seguir divulgado pela Labtest (2020).
0
Infecção
21 427 28 014 35 7 14 21 28 35
Dias
IgM
IgM
Início dos 
sintomas
Testes sorológicos
Técnica de PCR
N
ív
ei
s d
e 
an
tíg
en
o/
an
tic
or
po
s
Nova exposição
Carga viral
IgG
Figura 14 – Níveis de anticorpos IgM e IgG após o contato com um antígeno. A primeira classe a ser secretada e passível de 
quantificação será a IgM. A IgG começará a ser secretada logo a seguir, no decorrer do desenvolvimento de resposta imunológica. 
Entretanto os níveis de IgM diminuem e deixam de ser quantificados primeiro; já os de IgG vão permanecer detectáveis 
por um longo período
Outra característica importante da classe de anticorpo IgG é a capacidade que ela possui de ultrapassar 
a barreira placentária, ou seja, as mulheres durante a gestação conseguem imunizar de forma passiva 
o seu feto, transferindo seu repertório de anticorpos da classe IgG. Assim, esse feto, durante o período 
30
Unidade I
de formação e logo após o nascimento, por um período de aproximadamente 6 meses, estará protegido 
contra os patógenos com os quais a mãe já tenha entrado em contato.
Esse evento de imunização passiva de mãe para o feto é extremamente importante, pois permite 
que o neonato possua por um tempo proteção contra uma boa quantidade de patógenos, até que haja 
o amadurecimento de seu sistema imune e a obtenção de memória imunológica por imunização ativa, 
seja de forma natural ou por vacinação. Lembrando que o amadurecimento do sistema imunológico se 
completará apenas quando a criança alcançar 8 anos de idade.
Por esse motivo também os programas de vacinação infantil ocorrem principalmente no primeiro 
anode vida de uma criança, permitindo que a imunização passiva, vinda da mãe, seja substituída por 
imunização ativa, vinda da vacina, que vai gerar memória imunológica, evitando a ocorrência da doença 
em questão por toda a existência desse indivíduo ou, pelo menos, nos primeiros anos de vida.
Um pouco mais sobre as funções efetoras dos anticorpos será apresentado no decorrer deste livro. 
As classes IgA e IgE serão abordadas com mais detalhes adiante.
Outra molécula crucial para a resposta imune é o antígeno, que é qualquer substância que pode 
se ligar de maneira específica em um receptor das células T, TCR, ou em um anticorpo de superfície 
da célula B, BCR, ou ainda em anticorpos secretados e nas moléculas do MHC. A característica do 
antígeno é ser uma molécula capaz de conseguir desencadear uma resposta imunológica. Os antígenos 
reconhecidos por anticorpos podem ser carboidratos, lipídeos, hormônios, metabolitos intermediários, 
ácidos nucleicos e proteínas; já os de células T são principalmente os peptídeos.
Mesmo havendo o reconhecimento dos linfócitos específicos aos antígenos, nem sempre vai ocorrer 
a ativação celular de resposta imune, pois os receptores conseguem diferenciar os antígenos próprios 
dos não próprios. Quando houver ativação de resposta imunológica nomeamos de imunógeno, um 
antígeno que possui antigenicidade, que é apenas a capacidade de se ligar a um receptor ou anticorpo.
Em geral, quanto maior for a molécula dos antígenos, maior a probabilidade de ela ser reconhecida 
como não própria. Além disso, a composição química, a estranheza e a possibilidade de serem degradados 
permitem que o organismo reconheça como antígeno de patógeno.
Para a ativação de linfócitos B diretamente pelo antígeno, é necessário que o antígeno seja uma 
macromolécula, que haja ligações múltiplas nos anticorpos da superfície. Caso o antígeno sozinho não 
seja capaz de ativar o linfócito B, será necessária a participação dos linfócitos T auxiliares, CD4+, para 
estimular a sua ativação em plasmócitos, com posterior produção e secreção de anticorpos. Lembrando 
que o linfócito B é um fagócito, ele próprio poderá agir como uma APC apresentando um peptídeo 
na molécula MHC classe II para a célula T. Os linfócitos TCD4+ vão liberar citocinas, IL-2 e IL-4, que 
estimularão o linfócito B para a diferenciação em plasmócito (figura seguinte).
31
IMUNOLOGIA CLÍNICA
Célula T auxiliar Célula B
TCR
CD40
Peptídeo 
MHC II
CD4
0L
CD4
IL-2/4/5
ILR
BCR
BCR
Antígeno
Figura 15 – Ativação de linfócito B dependente de linfócito T auxiliar. Quando o antígeno sozinho não for grande e imunogênico 
o suficiente para a ativação do linfócito B, além da ligação direta do antígeno no BCR, a célula B vai fagocitar e apresentar um 
peptídeo na molécula MHC classe II para o linfócito TCD4+, que vai liberar citocinas, IL-2, IL-4 e IL-5, que vão ativar o linfócito B
Adaptada de: Ighodaro et al. (2017, p. 59).
Substâncias muito pequenas com caráter antigênico são os haptenos. Por serem moléculas 
pequenas, menores do que 4 kDa, como, por exemplo, compostos químicos, medicamentos, metais, 
entre outros, terão dificuldade física em ativarem os receptores celulares. Por esse motivo, sozinhas, 
não conseguem ativar resposta imune, sendo que a ligação em uma molécula carreadora aos haptenos, 
proteínas, vai permitir o acoplamento do determinante antigênico com os receptores de linfócitos. 
Normalmente, essas proteínas são a albumina. A associação de um hapteno com a molécula carreadora 
é um grupo haptênico.
Já as macromoléculas, que são muito maiores do que os sítios de ligação do antígeno, terão regiões 
específicas de ligação para o anticorpo, que são os determinantes ou epítopos. Um antígeno pode 
ter mais do que um epítopo e se ligar a mais de um anticorpo simultaneamente. Em alguns casos, 
é possível que um mesmo epítopo se repita na superfície desse antígeno, o que é a multivalência 
ou polivalência.
32
Unidade I
Determinantes antigênicos
Antígeno
Vírus
Antígenos
Antígenos
Proteínas 
globulares
Anticorpos reagem com os 
determinantes antigênicos
Figura 16 – Antígenos e epítopos. Um único microrganismo pode apresentar vários epítopos, 
ou determinantes antigênicos. Cada um será reconhecido por um diferente anticorpo
Adaptada de: Sistema... ([s.d.], p. 11).
Os microrganismos normalmente não apresentam polivalência. Com isso, a ativação da resposta 
imunológica será policlonal: vários receptores celulares de linfócitos diferentes serão ativados de forma 
simultânea, levando à produção policlonal de anticorpos - diferentemente do que é realizado hoje em 
laboratórios, onde é isolado um único epítopo com o intuito de produzir anticorpos monoclonais.
 Observação
Um anticorpo monoclonal possui alta especificidade, reconhece 
um único epítopo; seu uso no diagnóstico e como medicamento vem 
aumentando de forma significativa.
Além disso, a disposição dos determinantes antigênicos no antígeno vai interferir na forma em 
que o anticorpo se ligará na molécula. É possível encontrar determinantes lineares proteicos que 
ficarão expostos na forma enovelada ou estendida. Quando o determinante antigênico está em uma 
posição justaposta da estrutura primária, é o determinante conformacional; caso ocorra 
uma desnaturação dessa proteína, o anticorpo fica incapaz de se ligar no determinante. Já os 
determinantes neoantigênicos ou neoantígenos são produzidos quando a proteína for sofrer uma 
modificação, podendo ser fosforilação ou proteólise, o que altera a ligação antigênica (figura seguinte).
33
IMUNOLOGIA CLÍNICA
Determinante 
conformacional
Perda do determinante 
por desnaturação Ig liga-se ao determinante somente 
na proteína desnaturada
Determinante próximo 
ao sítio da proteólise
Ig liga-se ao determinande 
na proteína nativa ou 
desnaturada
C
C
C
C
C
C
N
N
N
N
N
N
N
N
C
C
Determinante 
linear
Determinante 
acessível
Determinante 
inacessível
Determinante 
ausente
Novo 
determinante
Sítio de 
proteólise 
limitadaDesnaturaçãoDesnaturação
Desnaturação
Determinante neoantigênico 
(criado por proteólise)
Figura 17 – Representação dos determinantes antigênicos. Os determinantes antigênicos podem ser do tipo conformacional, 
quando a estrutura terciária da proteína tem de ser conservada para que o anticorpo possa se ligar ao determinante. Nesses casos, 
a desnaturação proteica impede a ligação. Pode haver ainda determinantes lineares, em que a sequência de aminoácidos que o 
anticorpo reconhece está justaposta na estrutura primária, e neoantigênicos, que são os determinantes formados após uma alteração 
na proteína, o que permitirá a ligação do anticorpo
Fonte: Abbas, Lichtman e Pilai (2007, p. 91).
E, ainda, para a ligação dos anticorpos aos antígenos, vários fatores concorrem, influenciando na 
imunogenicidade do antígeno. Entre eles, temos:
• a natureza química da molécula (as proteínas são as moléculas que apresentam maior 
imunogenicidade);
• as características filogenéticas, uma vez que, quanto maior a distância filogenética entre o 
antígeno e o receptor, maior a probabilidade de aquele ser reconhecido como não próprio;
• o tamanho e a complexidade da molécula, a sua estrutura espacial, que poderá facilitar ou 
dificultar o reconhecimento do sistema imune;
• a acessibilidade (os epítopos internos não podem ser reconhecidos), a estabilidade (uma rápida 
degradação não permite o reconhecimento) e a forma de administração do antígeno;
34
Unidade I
• a presença de adjuvantes, que auxilia na resposta imune, e as vias de administração subcutânea, 
intramuscular e intradérmica, que impedem a rápida circulação na corrente sanguínea e, por 
conseguinte, a degradação do antígeno de forma precoce;
• as características do hospedeiro respondedor, pois um hospedeiro pode ou não responder a 
um antígeno.
2.1 Interações antígeno-anticorpo
O estudo dessa ligação pode ser feito in vitro, observando a formação da ligação de antígenos 
multivalentes ao seu anticorpo específico,com a formação dos complexos imunes. A ligação do 
anticorpo ao antígeno é não covalente, ou seja, pode ser desfeita. Existem vários tipos de interações 
possíveis, como as com a força eletrostática, as pontes de hidrogênio, as forças de Van der Waals e as 
hidrofóbicas. Por ser uma ligação reversível, segue os princípios básicos da termodinâmica, a lei das 
massas de Guldberg e Waage:
[Ag]+[Ac] 
kA
 [Ag-Ac]
KA = [Ag-Ac]=([Ag]+[Ac])
Onde:
KA: constante intrínseca de associação (proporcional à afinidade)
[Ag]: concentração de antígeno livre
[Ac]: concentração de anticorpo livre
[Ag-Ac]: concentração de imunocomplexo formado
O grau de afinidade vai corresponder com a interação da metade dos anticorpos presentes no 
sistema analisado. KA será diretamente proporcional à quantidade de complexos imunes formados. 
Pode-se determinar a força de ligação de um antígeno a um anticorpo em um único sítio de ligação 
pela técnica de diálise de equilíbrio. A afinidade de um anticorpo será inversamente proporcional 
à constante de dissociação, que é a concentração necessária de antígenos para ocupar metade 
das moléculas de anticorpos do sistema. Quanto menos antígenos forem necessários, maior será a 
afinidade. Por isso, ela representa a força com que o antígeno se liga em um anticorpo.
Quando é medida a ligação em todos os sítios do anticorpo, tem-se a avidez, que pode ser 
monovalente, bivalente ou polivalente, quando apresentar apenas um, dois ou vários antígenos ligados 
na molécula de anticorpo, respectivamente. Quanto maior o número de ligações, maior será a avidez. 
Por isso, as moléculas de classe IgM, que podem ligar até dez epítopos ao mesmo tempo, são as que 
possuem maior avidez.
35
IMUNOLOGIA CLÍNICA
106
Avidez
1010
Avidez
104
AfinidadeKeq = 
Figura 18 – Valência e avidez das interações antígeno-anticorpo. Quanto mais ligações a antígenos 
um anticorpo é capaz de fazer, maior será a sua avidez. Com isso, os anticorpos podem 
ser monovalentes, bivalentes ou polivalentes. Observe que, em anticorpos monovalentes, 
a força de ligação é descrita como afinidade, pois corresponde à força de ligação de 
um único sítio ao seu epítopo específico
Fonte: Mayer ([s.d.], p. 3).
A maioria dos anticorpos é extremamente específica para um antígeno, tornando-se capaz de 
distinguir pequenas variações entre os antígenos, porém, quando o estímulo para a produção 
de anticorpos é realizado contra uma preparação antigênica, pode ocorrer a reação cruzada, em que 
o anticorpo se liga aos antígenos estruturalmente relacionados, um antígeno homólogo. Anticorpos de 
baixa afinidade podem se ligar a antígenos muito diferentes do seu epítopo específico em uma reação 
cruzada com um antígeno heterólogo.
A especificidade dos anticorpos é aplicada ao reconhecimento da molécula antigênica. Por isso, é 
necessário que a especificidade seja muito refinada. Como todos os seres possuem muita semelhança, 
a alta especificidade dos anticorpos impede o reconhecimento de antígenos próprios, quando foram 
gerados em uma resposta contra microrganismos.
2.2 Produção de anticorpos monoclonais
Utilizar anticorpos como ferramenta diagnóstica vem se tornado cada vez mais comum, 
principalmente no diagnóstico clínico. Porém, quando se tem a produção natural, são gerados soros 
contendo anticorpos policlonais, derivados de uma resposta imune ocasionada por diversos epítopos 
e expansão de vários clones de linfócito B. Nesses soros, há a presença de uma grande variedade de 
anticorpos, o que permite que esses soros se liguem em muitos epítopos diferentes. Por essa razão, 
a aplicabilidade de anticorpos policlonais proporciona muitas ligações não esperadas, diminuindo a 
confiabilidade das técnicas.
 Lembrete
É chamada de soro uma solução com a presença de anticorpos. Pode 
ser policlonal, com diferentes tipos de anticorpos, ou monoclonal, com um 
único tipo de anticorpo.
36
Unidade I
Para melhorar a especificidade e confiabilidade das técnicas, é melhor, sempre que possível, a 
utilização de anticorpos monoclonais, que vão garantir a ligação em um único epítopo. Contudo, 
como descrito, um antígeno microbiano pode conter diversos epítopos; com isso, estimula-se uma 
expansão policlonal de linfócitos B.
Então, o uso de técnicas de produção de anticorpos em cobaias, coelhos, cabras, cavalos, entre outros 
animais, não permite a produção de um soro monoclonal, uma vez que nessas técnicas é introduzido 
o epítopo de interesse na cobaia, que vai produzir anticorpos contra ele. Posteriormente, o soro do 
animal é separado do sangue, entretanto esse soro será policlonal, possuindo outros anticorpos além 
do desejado.
Por isso, em 1975, Georges Köhler e César Milstein descreveram a primeira técnica para a obtenção 
de anticorpos monoclonais. A técnica, inovadora para o período, fez com que os cientistas fossem 
laureados com o prêmio Nobel em 1984. Hoje é amplamente utilizada e é baseada no fato de que 
um clone de linfócito B só é capaz de produzir um único anticorpo de especificidade única. A técnica 
descrita por esses cientistas consiste em utilizar células de mieloma (um tipo de tumor de linfócito B), 
que podem ser imortalizadas em uma cultura de células in vitro. Para tal, é necessário fazer a fusão 
dessas células com um linfócito B com a especificidade de interesse, produzindo e secretando anticorpos.
A fusão é necessária porque in vitro uma cultura de linfócitos B não pode ser mantida por longos 
períodos, não é passível de ser imortalizada. Assim é produzido o hibridoma, que poderá ser mantido 
secretando o anticorpo de interesse de forma indefinida. Como os anticorpos são produzidos a partir de 
um único clone, os anticorpos são ditos monoclonais.
Para a fusão, é necessária uma linhagem de mieloma com a possibilidade de indução de defeito na 
via de síntese de nucleotídeos. Assim essas células vão crescer em meio a cultura normal, mas não em 
meios seletivos. Além disso, essas linhagens devem ser não secretoras de IgG. Já foram obtidas células 
desse tipo de mielomas de ratos LOU/c, células da linhagem MOPC-21, entre outras.
As linhagens de mieloma devem se tornar deficientes da enzima hipoxantina-guanina 
fosforribosiltransferase (HGPRT) ou timidina quinase (TK) através de mutagênese. A ausência dessas 
enzimas vai permitir o uso de meios de cultura seletivos com a presença de substrato dessas enzimas. 
As células HGPRT-negativas ou TK-negativas serão incapazes de sobreviver em meio HAT, que contém 
hipoxantina, aminopterina e timidina. Assim, apenas as células que forem fusionadas aos linfócitos B, 
que possuem as enzimas, vão sobreviver, permitindo separar os hibridomas da cultura celular. Células 
que não fizerem fusão vão morrer - no caso dos mielomas, pela ausência das enzimas; e dos linfócitos 
B, por não se dividirem in vitro.
Para que esse linfócito B, que será fundido ao mieloma, seja secretor do anticorpo monoclonal, 
anteriormente à fusão, deve-se imunizar camundongos, ratos ou hamsters com o antígeno de interesse. 
Após a imunização, é retirado o baço ou linfonodo do animal, que são órgãos ricos em linfócitos B. 
Essas células serão então misturadas com as células do mieloma HGPRT-negativas ou TK-negativas não 
secretoras de imunoglobulinas. A fusão é feita com o uso de polietilenoglicol.
37
IMUNOLOGIA CLÍNICA
Após a seleção no meio HAT, que é feita em placa de 96 poços, como cultura celular em monocamada, 
vai ser mantida em condições ideais de crescimento. Posteriormente o sobrenadante da cultura 
desses hibridomas será testado quanto à presença do anticorpo de interesse utilizado na imunização 
da cobaia. O teste da presença do anticorpo poderá ser feito por ensaio imunoenzimático (ELISA), 
radioimunoensaio (RIA), Western Blotting, entre outras técnicas imunológicas.
Quando o anticorpo for encontrado no sobrenadante, essas células serão imediatamente clonadas 
e reclonadas, sempre testando a presença do anticorpo no sobrenadante. Posteriormente, quando 
for confirmado várias vezes

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