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Imuno - 3

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Curso de 
Imunologia Clínica 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO III 
 
4. DETERMINAÇÃO DA EFICIÊNCIA DAS PROVAS IMUNOLÓGICAS 
ATRAVÉS DA SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE 
 
A evolução do raciocínio na interpretação dos fenômenos naturais, através dos 
tempos, trouxe como conseqüência, as bases matemáticas do pensamento científico. Na 
medicina não foi diferente: a observação dos fenômenos biológicos, a procura de 
soluções para diminuir o impacto das doenças e a necessidade de se provar, 
cientificamente, a eficácia de métodos propedêuticos e de procedimentos terapêuticos 
abriu as portas para o que, hoje, se denomina medicina baseada em evidências. 
Thomas Bayes, um matemático inglês do século XVII legou-nos o seu teorema 
que estabeleceu que a probabilidade pós-teste (pós-analítico) de uma doença era função 
da sensibilidade e especificidade do exame e da prevalência da doença na população 
(probabilidade pré-teste/pré-analítico). Assim, foram formuladas hipóteses diagnósticas, 
ao interpretar os exames laboratoriais. 
Hoje, vivemos a era da alta tecnologia em que as pessoas, freqüentemente, 
tendem a interpretar a positividade de um exame sofisticado e caro como sinônimo de 
doença. Não devemos esquecer que todos os exames, sem exceção, desde o corriqueiro 
ELISA até uma RT-PCR, estão limitados pela sensibilidade, especificidade e valor 
preditivo do pré-teste (Tabela I). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A sensibilidade (s) de um exame laboratorial pode ser definida como a 
probabilidade de um indivíduo avaliado e/ou doente de ter seu teste alterado (resultado 
positivo). Embasados nesta afirmação podemos chegar à sensibilidade de um exame, 
através do cálculo: 
 
s = VP / (VP + FN)x100, onde a sensibilidade é igual ao número de testes positivos 
divididos pelo número total de testes. O resultado é multiplicado por 100 para descobrir a 
porcentagem de sensibilidade. 
 
A especificidade (e) pode ser definida com a probabilidade de um indivíduo 
avaliado e/ou normal de ter seu teste normal (negativo). Embasados nesta afirmação 
podemos, também chegar à porcentagem da especificidade de um exame, através do 
cálculo: 
 
e = VN / (VN + FP)x100, onde especificidade é igual número de testes negativos divididos 
pelo número total de testes 
 
Esta "poluição de números" é indigesta para quem não gosta de matemática, mas 
é fundamental para o entendimento do raciocínio. 
A indicação e a valorização de um exame para fins diagnósticos deverão ser 
regidas pela relação custo-benefício, levando-se em consideração o pré-teste. Assim, a 
interpretação do resultado não pode estar divorciada da visão epidemiológica. Pois todo 
exame tem a sua sensibilidade e especificidades próprias. 
Em termos clínicos e epidemiológicos, qual a importância desses conceitos e 
cálculos? Através destes cálculos pode-se estipular o nível de eficiência, podendo excluir 
da prática laboratorial, os exames e procedimentos pouco eficientes. Por outro lado, poder 
se alicerçar as condutas e decisões na interpretação correta do significado de um 
resultado de exame. 
Quanto maior a eficiência de um teste, maior será o beneficio, pois as decisões 
baseadas em um elaborado raciocínio e ajustado a números confiáveis resulta, 
seguramente, num grau maior de acerto, otimizando a relação custo-benefício. 
 
 
 
 
 
 
 
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Todos os exames deveriam ter nas suas conclusões, a sua eficiência ou a sua 
zona de melhor eficiência para determinar a normatização do nível de corte para "positivo" 
e "negativo" e a escolha do padrão-ouro. 
 
5. CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS INFECÇÕES CAUSADAS POR 
PARASITAS. 
 
O termo imunodiagnóstico refere-se ao conhecimento ou determinação dos 
componentes do sistema imune e/ou a ele relacionado. Uma vez conhecido os elementos 
do sistema imune e suas formas principais de interação, é interessante que se conheça o 
conjunto destes elementos e sua interação, procurando discernir seu funcionamento na 
manutenção e homeostase, bem como sua participação eventual nos processos 
patogênicos que possam acometer o organismo. 
As doenças infecciosas são de grande importância na medicina, já que as 
enfermidades estão sempre desafiando nosso organismo. Diversos são os mecanismos 
imunológicos contra os agentes patogênicos. Por exemplo, vírus e bactérias precisam 
superar as barreiras naturais protetoras, como a pele, as secreções e as diversas 
substâncias biologicamente ativas contra estes microorganismos, dentre outras. 
Mesmo enfrentando todas as barreiras impostas pelo organismo hospedeiro, os 
microorganismos conseguem evadir os processos imunológicos do hospedeiro e muitas 
vezes, causam danos irreparáveis. Entretanto, com a evolução da relação entre parasito-
hospedeiro, o primeiro foi hábil em desenvolver fenômenos de escapes ao sistema imune, 
onde muitos destes fenômenos fazem parte do ciclo de vida do parasito. 
Para se desvendar a natureza dos processos patogênicos dos diversos agentes 
etiológicos é necessário, também, conhecer os mecanismos imunológicos contra os 
mesmos. Desta forma, pode se melhor estabelecer estratégias de imunização para 
prevenção, controle ou erradicação de doenças parasitárias. 
Para conhecer todos os mecanismos é necessária, principalmente a transferência 
de informações e tecnologias, que no tocante à imunidade, são tratados nos diferentes 
mecanismos de defesa desenvolvidos pelo hospedeiro diante das infecções e infestações 
de alguns agentes patogênicos de maior relevância para a medicina. 
 
 
 
 
 
 
 
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Seria difícil de conhecer os processos imunológicos e suas interações sem lançar 
mão dos meios de diagnósticos, que demandam das técnicas sorológicas. 
Inúmeras técnicas têm sido utilizadas para a detecção de anticorpos e/ou 
antígenos. A maioria das provas sorológicas baseia-se nas interações antígeno/anticorpo, 
e estas podem ser classificadas de acordo com a quantidade de moléculas que se 
interagem e a forma com que se observa tal interação. 
Estas interações podem ser classificadas, como: 
a) reação macroscópica, quando em uma reação ocorre a interação de grandes 
quantidades de moléculas de antígeno com anticorpos, sendo possível à observação 
desta interação a olho nu. São técnicas desta natureza, reações de precipitação, de 
aglutinação e imunodifusão. 
b) reação microscópica, quando a concentração de antígeno em relação aos anticorpos é 
baixa. O teste para ser evidenciado, precisa do auxílio de técnicas colorimétricas ou 
fluorescentes. Dentre as técnicas mais empregadas estão, imunofluorescência, 
radioimunoensaio e ELISA.
Os ensaios em fase sólida empregando ligantes marcados com enzimas são de 
todos os métodos imunológicos, os mais amplamente utilizados. Isto se dá, pela 
capacidade de realizar várias análises simultâneas, tanto para a detecção do antígeno 
como de anticorpos. 
Embora as reações de defesa antimicrobianas do hospedeiro sejam numerosas e 
variadas, existem várias características importantes na imunidade aos microorganismos, 
como: 
a) A defesa contra microorganismos é mediada pelos mecanismos efetores da imunidade 
inata e adaptativa. O sistema imune inato proporciona a defesa inicial, e o sistema imune 
adaptativo proporciona uma resposta mais sustentada e mais eficiente. Muitos 
microorganismos evoluíram para resistir a imunidade inata, sendo a imunidade adaptativa 
responsável pela proteção e combate contra estes microorganismos. Além disto, a 
imunidade adaptativa guarda uma memória que protege o organismo em infecções 
subseqüentes. 
b) O sistema imune responde de modos distintos e especializados a diferentes tipos de 
microorganismos para combater de modo eficiente estes agentes infecciosos. Como os 
 
 
 
 
 
 
 
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microorganismos diferem na sua forma de invasão e colonização do hospedeiro, sua 
eliminação requer sistemas efetores diversos. A especialização da imunidade adaptativa 
faz com que o hospedeiro responda otimamente a cada tipo de microorganismo. 
c) A sobrevivência e a patogenicidade dos microorganismos em um hospedeiro são 
criticamente influenciadas pela capacidade de evasão ou resistência aos mecanismos 
efetores da imunidade. Os microorganismos e seus hospedeiros estão envolvidos em 
uma luta constante pela sobrevivência. O equilíbrio entre a resposta imune do hospedeiro 
e a estratégia dos microorganismos em resistir à imunidade freqüentemente determina o 
prognóstico da infecção. 
d) Em muitas infecções, a lesão tecidual e a doença podem ser causadas pela resposta 
do hospedeiro ao microorganismo e aos seus produtos, mais do que pelo microorganismo 
em si. 
 
5.1. IMUNOPATOLOGIA DE INFECÇÕES CAUSADAS POR BACTÉRIAS EXTRA E 
INTRACELULARES 
 
As bactérias são microorganismos microscópicos, cosmopolitas, unicelulares e se 
multiplicam por fissão binária desde que haja uma fonte de energia. Muitas bactérias 
vivem em simbiose com os animais, estabelecendo com estes uma relação benéfica 
mútua, denominada mutualismo. Enquanto que outras bactérias estabelecem uma relação 
de comensalismo, tirando proveito do organismo animal para sua sobrevivência sem, no 
entanto, oferecer nenhuma vantagem para seu hospedeiro. 
Dentre as bactérias temos as chamadas patógenos oportunistas. Estas bactérias 
são comensais e aproveitam da baixa resistência imunológica de seu hospedeiro para 
causar enfermidades. Temos ainda as bactérias chamadas de patógenos primários, isto 
é, causam uma relação patológica sempre que entram em contato com seu hospedeiro. 
O organismo do homem é concebido e gerado em um ambiente estéril. Ao nascer 
já confronta com diversos microorganismos do meio ambiente, patogênicos ou não, os 
quais representam uma grande ameaça a integridade física do homem. 
Para as bactérias do ambiente, o organismo do homem representa uma fonte de 
nutrientes, umidade e encontra a temperatura ideal para sua replicação (Figura 22). 
 
 
 
 
 
 
 
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Conseqüentemente é imprescindível que o homem disponha de mecanismos de defesa 
contra estes agressores, de tal forma a garantir sua própria sobrevivência. 
As bactérias não apresentam membrana nuclear, sendo denominadas de seres 
procariontes. Podem se se apresentar na forma de pequenas esferas (cocos), de bastões 
(bacilos) ou espirais. E dependendo de sua capacidade em se corar com determinados 
substâncias, as bactérias são classificadas em dois grandes grupos: gram poitivas e gram 
negativas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 22. (A) bactérias intracelulares e (B) bactérias extra celularesFig. 22. (A) bactérias intracelulares e (B) bactérias extra celulares
 
 
 
 
 
 
 
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5.1.1. BACTÉRIAS EXTRACELULARES 
 
A infecção causada por bactérias extracelulares pode ser do tipo localizada, ou 
sistêmica. A maioria das infecções causadas por Streptococcus spp, Stafilococcus spp, 
Corynebacterium spp, Actinomyces spp e Actinobacillus spp, por exemplo, é localizada, e 
as alterações observadas estão relacionadas com o tipo de tecido invadido. Estas 
bactérias possuem uma cápsula que as protege e impede que os macrófagos do 
organismo invadido as reconheçam. 
Ressalta-se que algumas bactérias têm o poder de atingir a corrente sangüínea e 
causar infecções generalizadas, sistêmicas (septicemia) e/ou colonizar órgãos distantes. 
Entre as principais infecções bacterianas estão aquelas ligadas ao sistema 
respiratório, gastrointestinal e geniturinário. A infecção de superfícies mucosas depende 
da capacidade da bactéria em se aderir às células e colonizar as mucosas. 
Os estreptococos são exemplos comuns de bactérias capsuladas, causadores da 
amidalite estreptocócica, pois são capazes de superar a remoção de debris pelas células 
ciliadas da traquéia. As salmonelas, bactérias entéricas que causam infecções intestinais 
aderem de tal forma a mucosa intestinal que são capazes de suportar o fluxo do conteúdo 
intestinal. 
Após a aderência, as bactérias causam um processo inflamatório pela destruição 
das células da mucosa e/ou invasão do tecido adjacente. Esta destruição celular pode ser 
determinada pela ação direta da bactéria sobre as células ou por componentes de 
secreção, como: enzimas e toxinas. 
Diversas enfermidades sistêmicas importantes são causadas pelos produtos 
secretados pelas bactérias invasoras durante o processo de infecção e colonização dos 
tecidos (leptospiroses e as infecções causadas pelo Bacillus anthraci) ou por toxinas pré-
formadas em alimentos (clostridioses). 
Em função da diversidade de estratégias utilizadas pelas bactérias extracelulares 
para infectar seu hospedeiro e causar alterações, foi necessário que o organismo do 
homem desenvolvesse diferentes mecanismos de defesa. E, além disso, existem diversas 
bactérias que normalmente habitam as superfícies do corpo, fazendo parte da microbiota 
 
 
 
 
 
 
 
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da pele, e somente causam enfermidades quando os mecanismos imunes estão 
diminuídos (geralmente em função de um estress). 
Assim uma bactéria extracelular para se instalar e colonizar um órgão é 
necessário que ultrapasse as barreiras naturais de defesa (barreiras físico-químicas). 
Superada estas barreiras naturais instala-se uma resposta imune efetiva e consistente 
contra estas bactérias. 
As proteínas do sistema complemento agem sobre a célula bacteriana, através 
da opsonização. As bactérias podem ativar diretamente a cascata do complemento pela 
via alternativa e via das lectinas, ou quando estão recobertas por anticorpos ativam a 
cascata do complemento pela via clássica. A união das proteínas do sistema 
complemento leva a lise da célula bacteriana, ou ainda favorece a fagocitose pelos 
macrófagos
que tem receptores de membrana, capazes identificar bactérias recobertas 
(ou opsonizadas) por proteínas do complemento e por anticorpos. 
Os anticorpos, uma vez formados, aderem às bactérias, e também neutralizam as 
toxinas produzidas por certas bactérias. A unidade bactéria-anticorpo recebe o nome de 
complexo imune/opsonização. O anticorpo do complexo imune é reconhecido por 
receptores do macrófago. Essa união permite que o macrófago absorva todo o complexo 
e elimine as bactérias. 
Os macrófagos, além de reconhecer bactérias opsonizadas também apresentam 
a capacidade de agir diretamente sobre as bactérias (Figura 23). Outras células que 
participam da defesa contra bactérias extracelulares que invadem o organismo são as 
células NK. 
O processo de fagocitose estimula o macrófago a libertar citocinas e quimiocinas 
que atraem neutrófilos. Prontamente esses neutrófilos também fagocitam e ajudam no 
processo de eliminação das bactérias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5.1.2. BACTÉRIAS INTRACELULARES 
 
Um grupo de bactérias desenvolveu a capacidade de sobreviver ao processo de 
fagocitose pelas células do sistema imune. Estas bactérias denominadas de intracelulares 
causam doenças de caráter crônico e de difícil tratamento, visto que se encontram no 
ambiente intracelular, protegidas da ação do sistema imune humoral e ainda protegidas 
da ação de muitos antibióticos. A patogenicidade destas bactérias depende, portanto, da 
sua capacidade de sobrevivência intracelular e da sua habilidade em infectar novas 
células. 
Em função da diversidade de estratégias utilizadas pelas bactérias intracelulares 
para infectar seu hospedeiro e causar alterações, foi necessário que o organismo do 
homem desenvolvesse diferentes mecanismos de defesa. Assim uma bactéria para se 
instalar e colonizar um órgão é necessário que ultrapasse as barreiras naturais de defesa. 
(barreiras físico-químicas). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 23.Receptores nos fagócitos (a direita) que reconhecem 
estruturas moleculares na superfície das bactérias 
extracelulares (a esquerda).
Fig. 23.Receptores nos fagócitos (a direita) que reconhecem 
estruturas moleculares na superfície das bactérias 
extracelulares (a esquerda).
 
 
 
 
 
 
 
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As bactérias intracelulares, como as bactérias da tuberculose (Mycobacterium 
tuberculosis), sobrevivem melhor dentro de uma célula (Figura 24). Dado que estes 
organismos necessitam entrar em uma célula para sobreviver, uma vez no organismo, 
estas bactérias ficam encerradas (protegidas) dentro do vacúolo da célula parasitada. 
Como já descrito, as células dendríticas e os macrófagos teciduais que iniciam a 
resposta imune, além de fagocitar apresentam antígenos das bactérias para linfócitos Th 
CD4 estimulando sua diferenciação. Simultaneamente, os linfócitos B que estão 
presentes nos órgãos linfóides secundários também participam da estimulação. 
Estes vacúolos parasitados pelas bactérias se fundem com outros vacúolos 
dentro do citoplasma, e à medida que esses vacúolos se unem as bactérias são 
fragmentadas em peptídeos, o MHC de classe II recolhe os fragmentos/peptídeos das 
bactérias. O MHC de classe II então é transportado para a superfície celular com os 
peptídeos estranhos. 
As moléculas do MHC de classe II com o peptídeo em questão são, então, 
reconhecidas pelos linfócitos Th CD4 nos órgãos linfóides secundários que respondem ao 
fragmento do antígeno se ativando e libertando citocinas. 
Os anticorpos participam ativamente na defesa contra microorganismos 
localizados fora da célula, são, porém ineficazes contra as infecções de parasitos 
intracelulares. 
A principal função dos linfócitos Th CD4 está na secreção de citocinas, as quais 
estimulam e coordenam a resposta imune aumentando o poder lítico dos macrófagos, 
neutrófilos e células NK. Essa ativação determina uma maior produção de agentes 
microbicidas dentro dos macrófagos, neutrófilos e células NK, permitindo finalmente que o 
microorganismo que se encontram dentro da célula seja eliminado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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As doenças infecciosas causadas por bactérias são extremamente comuns e 
variam em gravidade e significância. Da mesma forma, os mecanismos de patogenicidade 
utilizados pelas bactérias para se estabelecerem nos tecidos do homem variam muito, da 
presença de uma cápsula protetora até a produção de metabólitos que inibem a ação do 
sistema imune. Para fazer frente a este arsenal, o sistema imunológico dispôs de 
mecanismos simples, mas eficazes, até o desenvolvimento de mecanismos complexos 
para garantir a sobrevivência do hospedeiro. 
Os sintomas das infecções bacterianas dependem do local onde se verifica a 
infecção. Essas infecções consistem em abscessos dentários, infecções do maxilar, 
periodontite, sinusite crônica, otite média e abscessos no cérebro, na medula espinal, nos 
pulmões, na cavidade abdominal, no fígado, no útero, nos órgãos genitais, na pele e nos 
vasos sanguíneos. Para diagnosticar uma infecção bacteriana, o médico em regra obtém 
uma amostra de pus ou do líquido corporal e envia-a para cultura no laboratório. 
Habitualmente uma infecção grave por bactérias pode ser evitada se uma 
determinada infecção limitada a uma área específica receber o tratamento adequado 
Macrófago infectado
(bactéria intracelular)
Macrófago infectado 
ativado por LTCD4 
(helper)
antígeno
Macrófago infectado
(bactéria intracelular)
Macrófago infectado 
ativado por LTCD4 
(helper)
antígeno
Fig. 24.Macrófago infectado pelo Mycobacterium ssp. Bactéria 
intracelular. O efeito microbicida exercido pelo macrófago na 
eliminação da bactéria é mais eficiente na presença do 
Linfócito T CD4 helper.
Fig. 24.Macrófago infectado pelo Mycobacterium ssp. Bactéria 
intracelular. O efeito microbicida exercido pelo macrófago na 
eliminação da bactéria é mais eficiente na presença do 
Linfócito T CD4 helper.
 
 
 
 
 
 
 
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antes de se propagar. A limpeza profunda das feridas, a eliminação de corpos estranhos e 
a instituição precoce de antibioterapia é uma importante medida de prevenção. 
As infecções das feridas profundas causadas por bactérias tratam-se 
principalmente drenando os abscessos e extirpando cirurgicamente o tecido morto 
(mediante um processo chamado debridamento). As infecções das feridas profundas 
contêm com freqüência mais do que um tipo de bactérias, pelo que se pode administrar 
vários antibióticos por via endovenosa ao mesmo tempo. 
A penicilina é usada para as infecções causadas por uma mistura de bactérias da 
boca e da garganta. Outras infecções que partem do intestino incluem habitualmente 
bactérias resistentes à penicilina, utilizam-se outros antibióticos. 
 
5.2. IMUNOPATOLOGIA DE INFECÇÕES CAUSADAS POR VÍRUS. 
 
Os vírus são partículas virais, sendo definidos como agentes infecciosos 
compostos de uma ou mais moléculas de ácido nucléico, DNA ou RNA, envoltas por uma 
camada de proteínas
(capsômero), as quais constituem o capsídeo viral, e muitas vezes 
revestidas por um envoltório lipoprotéico, denominado envelope (Figura 25). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EnvoltórioCapsômero
Ác. nucléico Capsídeo
EnvoltórioCapsômero
Ác. nucléico Capsídeo
EnvoltórioCapsômero
Ác. nucléico Capsídeo
EnvoltórioCapsômero
Ác. nucléico Capsídeo
Fig. 25. Esquema representativo dos 
componentes de uma partícula viral
Fig. 25. Esquema representativo dos 
componentes de uma partícula viral
 
 
 
 
 
 
 
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A maioria das infecções virais é lítica, isto é, causa à morte da célula na qual 
ocorreu a replicação viral. No entanto, alguns vírus têm a capacidade de integrar seu 
material genético ao genoma da célula hospedeira, causando infecções latentes ou 
persistentes, o que pode, em determinadas situações alterar a bioquímica celular, 
impedindo a morte celular e induzindo neoplasias (Tabela II). 
Como já foi dito, o genoma do vírus é composto de um tipo de ácido nucléico, 
DNA ou RNA. O DNA geralmente tem cadeia dupla, mas pode ser de cadeia simples. Já o 
RNA geralmente tem cadeia simples. O material genético do vírus replica-se dentro da 
célula, até esta desgastar suas reservas. O RNA pode ser de filamento positivo, e 
funciona como um mensageiro da informação genética (RNAm), ou pode ser um filamento 
negativo, que serve como modelo para produção de RNAm, que será produzido pela 
célula hospedeira. 
Todo o processo de replicação do material genético viral ocorre após a 
penetração e o desnudamento do vírus. A penetração da partícula viral ocorre após a 
interação com moléculas da superfície da célula hospedeira. O desnudamento ocorre 
após a fusão da partícula viral diretamente com a superfície da célula ou por endocitose 
mediada pelos receptores. 
A replicação e expressão do material genético de um vírus variam bastante, 
dependendo do tipo de material genético (DNA, RNA, fita simples ou fita dupla e 
polaridade positiva ou negativa). Porém, de forma genérica todos os vírus precisam 
assegurar pelo menos três funções importantes, replicação do genoma (enzimas como 
RNA polimerase), empacotamento do genoma (proteínas estruturais) e proteínas que 
alteram o metabolismo da célula infectada, permitindo assim a multiplicação viral. 
A resposta imune contra o vírus inicia-se durante a fase de replicação do material 
genético e expressão das proteínas virais. As células infectadas produzem uma citocina 
chamada interferon alfa (do tipo 1) que tem atividade antiviral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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VÍRUS DOENÇA PRIMÁRIA RECIDIVA 
Human Herpes Virus Type 1 
(HHV-1) 
gengivoestomatite 
ceratoconjuntivite 
herpes cutâneo 
herpes genital 
encefalite 
herpes labial 
(ceratoconjuntivite) 
herpes cutâneo 
 
encefalite 
Human Herpes Virus Type 2 
(HHV-2) 
herpes genital 
herpes cutâneo 
gengivoestomatite 
meningoencefalite 
herpes neonatal 
herpes genital 
herpes cutâneo 
 
Varicella Zoster Virus (VZV, 
HHV-3) 
varicela (catapora) 
herpes zoster (por 
infectar linfócitos T, 
caracteriza HIV) 
Epstein-Baar Vírus 
(EBV, HHV-4) 
mononucleose infecciosa 
hepatite 
encefalite 
 
Citomegalovírus 
(CMV, HHV-5) 
mononucleose 
hepatite 
doença de inclusão citomegálica 
 
Human Herpes Virus Type 6 
(HHV-6) 
roséola infantum (parecido com 
exantema súbito) 
febre otite média 
encefalite 
 
Human Herpes Virus Type 7 
(HHV-7) 
roséola infantum 
Human Herpes Virus Type 8 
(HHV-8) 
 
 
 
 
Tab. II. Principais vírus e as doenças que causamTab. II. Principais vírus e as doenças que causam
 
 
 
 
 
 
 
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Os vírus, também são processados pelo sistema imune, não em vesículas, mas 
em estruturas especiais chamadas proteosomas. Os proteosomas fragmentam o vírus em 
peptídeos que são transportados para o retículo endoplasmático por proteínas associadas 
ao transporte 1 e 2 (TAP 1 e TAP 2 do inglês, Transport Associate Protein 1 and 2). As 
moléculas do MHC de classe I também se reúnem dentro do retículo endoplasmático 
rugoso. As moléculas do MHC de classe I se ligam aos peptídeos do vírus e migram para 
a superfície celular. 
Os linfócitos T CD8 reconhecem as moléculas da classe I, que agora contêm 
fragmentos de vírus, e ligam-se a elas. Quando a conexão se completa, um sinal enviado 
através da membrana celular que desencadeia a ativação destes linfócitos T antígenos 
específicos. A maioria destas células se converte em células T killer ou citotóxicas. 
Contudo, diferentemente das células NK (natural killer), as células T citotóxicas 
só matam as células infectadas com o vírus, em particular, que estimulou a sua ativação. 
A Figura 26 mostra a produção em dias, da resposta celular e humoral durante uma 
infecção viral. Por exemplo, as células T citotóxicas ajudam a combater o vírus da gripe. A 
razão pela qual a maioria das pessoas necessita de 7 a 10 dias para recuperar da gripe 
deriva de ser esse o tempo que demora a gerar células T citotóxicas especialmente 
concebidas para combater o vírus que causa a referida doença. 
Quando o vírus é fagocitado pelo macrófago é processado em vesículas 
fagocíticas. Os peptídeos, fragmentos do vírus, se ligam ao MHC de classe II e são 
apresentados para linfócitos Th CD4. 
O primeiro anticorpo produzido é a da classe IgM, que aparece no início da 
infecção. Aparece no início da infecção e tem função de neutralizar o vírus causador da 
infecção. A IgM percorre a circulação para ligar-se ao vírus específico. Assim, procura 
impedir a disseminação da infecção. 
O segundo anticorpo que aparece é a IgG, ainda mais específico, menor que a 
IgM passa do vaso sanguíneo para o tecido infectado para neutralizar o vírus no foco 
inflamatório, porém não consegue atuar nas mucosas. Aparece cerca de 12 dias após o 
início da infecção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O terceiro anticorpo é a IgA, que age em locais onde nenhum outro anticorpo 
consegue atuar, como nas mucosas. Ainda, oferece defesa contra re-infecção em pontos 
estratégicos do corpo (portas de entrada - mucosas respiratórias, alimentar e urogenital). 
A Figura 27 mostra a localização dos anticorpos no organismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dias pós infecção
AnticorposNK LT 
CD8
Vírus
0 21147
R
es
po
st
a
Dias pós infecção
AnticorposNK LT 
CD8
Vírus
0 211470 21147
R
es
po
st
a
Fig. 26.Resposta imune pós infecção viral. No início a resposta é 
mediada por células NK, seguida pela proteção mediada por 
linfócitos TCD8 (citotóxicos). O controle da infecção por 
anticorpos ocorre mais tarde.
Fig. 26.Resposta imune pós infecção viral. No início a resposta é 
mediada por células NK, seguida pela proteção mediada por 
linfócitos TCD8 (citotóxicos). O controle da infecção por 
anticorpos ocorre mais tarde.
 
 
 
 
 
 
 
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É possível adquirir proteção imediata contra uma infecção viral, recebendo uma 
injeção ou uma infusão de imunoglobulinas. A referida infusão contém anticorpos que 
foram produzidos por outra pessoa ou então por um animal. Por exemplo, quem viaja para 
uma zona com prevalência de hepatite A pode receber uma injeção de imunoglobulina 
contra este tipo de vírus (causador da hepatite). 
 
 
 
 
 
Fig. 27.Localização dos anticorpos no 
organismo. 
Fig. 27.Localização dos anticorpos no 
organismo. 
 
 
 
 
 
 
 
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5.3. IMUNOPATOLOGIA DE INFECÇÕES CAUSADAS POR FUNGOS. 
 
As infecções fúngicas, também chamadas de micoses, são importante causa de 
morbidade e mortalidade no homem. Algumas infecções fúngicas são endêmicas, e 
geralmente são causadas por fungos que estão presentes no ambiente (Figura 28), e 
cujos esporos são inalados pelo homem. Outras infecções mais brandas, oportunistas, 
são provocadas por fungos que fazem parte da microbiota do homem. 
Recentes estudos mostram um aumento nas infecções fúngicas oportunistas, 
mediante a um aumento nas imunodeficiências causadas por vírus e pela terapia contra o 
câncer, as quais inibem o funcionamento da medula óssea que levam a uma diminuição 
na produção de células de defesa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
B
C D
A B
C D
A
Localização do fungos. (A) crescimento em 
madeira (B) crescimento em massa de água (C) 
crescimento em solo (D) crescimento em restos 
de vegetais.
Fig. 28. Localização do fungos. (A) crescimento em 
madeira (B) crescimento em massa de água (C) 
crescimento em solo (D) crescimento em restos 
de vegetais.
Fig. 28.
 
 
 
 
 
 
 
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Duas formas de fungos infectam o homem, e podem viver nos tecidos 
extracelulares ou dentro dos fagócitos. Os fungos podem estar na forma de leveduras ou 
de bolores, e ainda alguns fungos podem apresentar dimorfismo celular, hora podem 
estar na forma de levedura e hora na forma de bolor (Figura 29). 
Entretanto, muito menos se sabe acerca da resposta imune frente a fungos, do 
que se sabe sobre a resposta imune frente a bactérias e vírus. Essa carência de 
conhecimento é parcialmente devido à escassez de modelos animais para micoses e 
parcialmente devido ao fato de que essas infecções ocorrem em indivíduos que são 
incapazes de estabelecer uma resposta imune efetiva. Portanto, as respostas imunes a 
esses microorganismos são, freqüentemente uma combinação entre uma resposta imune 
celular e resposta imune humoral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os principais mediadores da imunidade inata contra fungos são os neutrófilos e 
os macrófagos. Indivíduos com neutropenia são extremamente susceptíveis a infecções 
fúngicas oportunistas. Os neutrófilos liberam substâncias antifúngicas, tais como radicais 
de oxigênio e enzimas lisossomais ao fagocitar o fungo. 
A figura a esquerda mostra um fungo na forma de bolor (indivíduos 
multicelulares). Enquanto que na figura a direita, as setas mostram 
um fungo na forma de levedura (indivíduos unicelulares).
Fig. 29.A figura a esquerda mostra um fungo na forma de bolor (indivíduos 
multicelulares). Enquanto que na figura a direita, as setas mostram 
um fungo na forma de levedura (indivíduos unicelulares).
Fig. 29.
 
 
 
 
 
 
 
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Algumas cepas de fungos inibem a produção de citocinas como IL-12 e TNF-α 
produzidas pelos macrófagos e estimulam a produção de IL-10, desativando assim a ação 
do macrófago. 
A imunidade mediada por células (T CD 4 e T CD8) é a única forma de combater 
fungos que são intracelulares. E, em algumas situações a inflamação granulomatosa é 
uma forte ação para o controle da disseminação do fungo. 
Os fungos também desencadeiam uma resposta imune humoral mediada por 
anticorpos específicos que ajudam no diagnóstico sorológico. Entretanto, a eficácia 
protetora da imunidade humoral não está bem estabelecida. 
Devido a que muitas infecções fúngicas se desenvolvem lentamente, podem 
passar meses ou anos antes que uma pessoa perceba de que necessita de observação 
médica. Estas infecções podem ser difíceis de tratar e o tratamento faz-se habitualmente 
durante muito tempo. 
 
 
 
 
-------------- FIM MÓDULO III ---------------

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