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MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA - AULAS 1 A 10

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Aula 1: Microbiota anfibiôntica humana e mecanismos de patogenicidade microbiana 
Apresentação
Nesta aula, compreenderemos como é formado o conjunto de microrganismos que vivem em simbiose com o ser humano, seus benefícios e malefícios. Além disso, entenderemos como acontece o desenvolvimento de doenças infecciosas causadas por bactérias patogênicas e quais são as armas que estas apresentam para o sucesso de uma infecção.
Objetivos
· Situar a formação e o papel da microbiota humana, tanto na proteção e manutenção da homeostase quanto no desenvolvimento de infecções;
· Reconhecer o potencial de patogenicidade das bactérias.
A microbiota
O que você imagina quando ouve a palavra bactéria?
Muitas pessoas fazem uma associação direta a doenças, deterioração de alimentos ou algum tipo de dano que, geralmente, pode ser causado por microrganismos. Mas o que nem todo mundo sabe é que existe uma relação muito mais complexa entre homem e microrganismos, que começa a se desenvolver logo após o nascimento. Tal relação é extremamente necessária, tanto para os humanos quanto para os microrganismos, que desenvolvem entre si uma relação de simbiose, podendo ser benéfica ou não para ambos os indivíduos envolvidos. Para desvendarmos este misterioso e precioso mundo da relação homem × microrganismo, vamos começar entendendo alguns conceitos importantes.
Microbiota anfibiôntica
A microbiota se caracteriza como o conjunto variado de microrganismos que colonizam normalmente a pele e mucosas de pessoas sadias.
Nosso corpo possui mais células bacterianas que células próprias. Temos cerca de 1013 células corporais para 1014 células bacterianas.
A nossa microbiota é adquirida logo após o nascimento e varia conforme o tipo de parto: Se normal, o feto tem seu primeiro contato com a microbiota do canal do parto; se cesariana, seu primeiro contato se dá com microrganismos do ambiente.
A microbiota pode ser:
PERMANENTE: Formada pelos microrganismos que são encontrados normalmente no corpo e que, em condições normais, não produzem doenças.
· Varia em número de microrganismos e espécies, de acordo com o sítio anatômico em que se encontra.
· Alguns sítios anatômicos são estéreis, ou seja, não possuem microbiota e a presença de qualquer microrganismo pode ser danosa. Esses sítios são: Sistema nervoso central, sangue, brônquios inferiores, alvéolos pulmonares, fígado, baço, coração, rins e bexiga.
Cerca de 70% dos microrganismos da microbiota anfibiôntica humana se encontram no trato gastrointestinal. Os outros 30% estão distribuídos pelos sítios não estéreis do nosso organismo.
TRANSITÓRIA: Formada por microrganismos não patogênicos ou potencialmente patogênicos, que são encontrados em superfícies externas e internas, por um determinado período (durante algumas horas, dias, semanas ou mesmo meses).
· Caso haja algum desequilíbrio da microbiota normal, os microrganismos presentes na microbiota transitória podem se proliferar e produzir doença.
· A microbiota transitória pode ser eliminada com lavagem simples das mãos. Tal medida é implementada em serviços de assistência à saúde como uma maneira de evitar a disseminação cruzada de microrganismos entre pacientes.
Nossa microbiota é chamada anfibiôntica devido ao caráter duplo que apresenta: Pode nos beneficiar de diferentes maneiras ou provocar danos no nosso organismo, caso haja algum desequilíbrio imunológico, quebra de barreiras, tais como a pele, ou quando estão em sítios diferentes de seu habitat natural.
Benefícios da microbiota anfibiôntica
· Impedir a colonização por patógenos do meio externo ou da microbiota transitória, competindo por nutrientes e receptores celulares.
· Prevenir o crescimento excessivo de microrganismos que podem ser nocivos, o que é chamado de antagonismo microbiano, através da produção de bacteriocinas ou moléculas como o ácido graxo, e regulação de condições do meio, como controle do pH.
· Ajudar na absorção e síntese de alguns nutrientes e vitaminas, como a vitamina K e a vitamina B, compensando uma dieta deficiente.
· Estimular o sistema imunológico.
Exemplo: A bactéria Escherichia coli, habitante principal do nosso intestino, produz moléculas chamadas bacteriocinas, que matam células de Salmonella, patógeno muito conhecido por causar infecções gastrointestinais. Lactobacilos presentes na microbiota vaginal mantêm a acidez do meio (pH=4,0), impedindo o crescimento excessivo de Candida albicans, também presente na microbiota.
Aplicações industriais da microbiota
Você com certeza já ouviu falar sobre probiótico 1, prebióticos 2 e simbióticos 3, mas sabe o que significam estes termos? Podemos encontrar produtos contendo probióticos nas farmácias, em forma de pílulas, flaconetes e outros, e nos supermercados, contidos em alimentos derivados de leite, principalmente. Os probióticos são utilizados quando há necessidade de reposição da microbiota, comprometida por fatores que podem incluir uso de antimicrobianos e infecções gastrointestinais, mas tais microrganismos podem também ser utilizados visando:
probiótico: Microrganismos vivos, capazes de promover o equilíbrio da microbiota intestinal, exercendo efeitos benéficos para a saúde do homem.
prebióticos: Ingrediente alimentar não digerível pelo nosso organismo, que pode promover a seleção de espécies bacterianas benéficas para o homem.
simbióticos: São produtos alimentares que combinam probióticos e prebióticos, atuando sobre a microbiota intestinal para beneficiar a saúde do indivíduo.
· Os prebióticos estão presentes nas plantas, mas em pequena quantidade, e podem ser recuperados por processos industriais, adicionados aos alimentos ou estar presentes naturalmente. Alguns alimentos são prebióticos naturais, como: Legumes, feijão, aveia, banana, aspargos, cebola e alho.
· Como exemplos de simbióticos, temos: Iogurtes, bebidas lácteas fermentadas, suplementos alimentares, fármacos, sucos de frutas e legumes fermentados. Simbióticos contêm microrganismos, como algumas espécies bacterianas dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium, e leveduras, como Saccharomyces boulardii, combinados a nutrientes como carboidratos.
Malefícios da microbiota anfibiôntica
· Com o desequilíbrio da microbiota normal, microrganismos podem se proliferar e produzir doença.
· Esses microrganismos podem se disseminar para tecidos e órgãos estéreis causando uma infecção.
· Podem ser responsáveis por infecções hospitalares, principalmente em pacientes que se encontram internados e imunossuprimidos.
Fatores que podem causar desequilíbrio da microbiota anfibiôntica
Vários fatores interferem no equilíbrio existente entre hospedeiro e microrganismos presentes na microbiota. Tais fatores variam desde fatores intrínsecos até extrínsecos, que estão diretamente relacionados a hábitos do hospedeiro. Podemos listar alguns fatores: Microbiota exógena, tipo de dieta, tabagismo, uso de drogas, situações de estresse, uso de antimicrobianos, infecções, doenças de base, idade, obesidade, fatores climáticos, sistema imune, dentre outros.
Quando a microbiota pode causar doenças?
Em indivíduos saudáveis, os microrganismos presentes na microbiota causam doenças em situações bem específicas, como quando se encontram fora de seu sítio anatômico natural.
Exemplo: Encontramos normalmente na microbiota intestinal uma grande quantidade de bactérias da espécie Escherichia coli. Esta é extremamente comum, não só colonizando humanos, mas também uma gama de organismos e habitats na natureza. A E. coli pode, ocasionalmente, chegar até o trato urinário, devido a vários fatores, originando uma infecção urinária. Em indivíduos que possuem alguma deficiência de barreiras, tanto físicas quanto químicas ou biológicas. Por exemplo, pessoas que sofreram queimaduras graves têm um maior risco de desenvolver uma infecção, pois a barreira física da pele foi danificada. Pessoas que possuem deficiência na produção de muco pelas células do sistema respiratório tendem a apresentar mais infecções respiratórias. O uso de antimicrobianos pode interferir diretamentena microbiota anfibiôntica residente, causando desequilíbrio biológico e favorecendo a colonização por patógenos. Indivíduos que possuem alguma deficiência de origem imunológica estão entre os principais afetados por infecções causadas por microrganismos da microbiota anfibiôntica, não importando qual tipo de deficiência estes apresentam. Por exemplo, pacientes com imunodeficiências genéticas, adquiridas, induzidas por drogas e até mesmo doenças autoimunes.
Mecanismos de patogenicidade
· Patogenicidade é a propriedade de um microrganismo provocar alterações fisiológicas no hospedeiro, ou seja, capacidade de produzir doença.
· O grau de patogenicidade pode variar de microrganismo para microrganismo conforme a presença de estruturas nas células microbianas, chamadas de fatores de virulência.
De modo geral, os fatores de virulência estão associados ao processo de colonização e invasão do hospedeiro, além da produção de substâncias tóxicas que causam danos teciduais.
O mecanismo de patogênese pode ser divido em etapas consideradas cruciais para o sucesso da instalação de uma doença. São elas:
Neste momento, podemos ter o patógeno com um crescimento adicional no sítio original ou disseminando-se para sítios distantes e, simultaneamente, produção de fatores de virulência, como toxinas, locais ou sistêmicas, que agridem células e tecidos do hospedeiro causando danos. Estes danos teciduais é o que denominamos de doença.
Os fatores de virulência podem ser divididos em:
ADESINAS: São estruturas celulares que promovem adesão do microrganismo na célula do hospedeiro.
· Representadas por fímbrias ou pili, estruturas filamentosas presentes na superfície de bactérias gram-negativas.
· Ácido lipoteicóico e exopolissacarídeos que estão presentes na superfície de bactérias gram-positivas.
INVASINAS: Proteínas presentes nas bactérias e que induzem sua fagocitose por células epiteliais do hospedeiro. As invasinas estimulam a entrada nas células do hospedeiro através de inúmeros mecanismos distintos. Temos como exemplo as fímbrias, que além de adesinas, também se encaixam no papel de evasinas, que estimulam as células M do intestino ao engolfamento de bactérias presentes na luz intestinal.
EVASINAS: Estruturas que auxiliam no escape do sistema imune e, assim, interferem diretamente na sobrevivência das bactérias no interior de células fagocíticas do hospedeiro, através de alguns mecanismos como:
· Evitar a fusão do fagossomo e lisossomo;
· Produzir resistência física ao fagolisossomo.
Exemplo:
A presença de cápsula polissacarídica impede as enzimas do fagolisossomo de atuarem sobre a célula bacteriana.
AGRESSINAS: São representadas pelas toxinas produzidas pelas bactérias que causam danos às células e tecidos do hospedeiro.
As toxinas são divididas em:
EXOTOXINAS: Produzidas pelas bactérias e liberadas para o meio extracelular provocando danos imediatos à célula hospedeira. Podem agir em diversos locais como neurotoxinas, enterotoxinas, hemolisinas, leucocidinas. Um exemplo são as neurotoxinas produzidas por clostrídios, como a toxina botulínica que atinge nervos periféricos, clivando neurotransmissores e causando uma paralisia flácida.
ENDOTOXINAS: São estruturas componentes da célula bacteriana, por exemplo, moléculas presentes na parede celular e lipopolissacarídeo (LPS). O LPS está presente na membrana externa das bactérias gram-negativas, sendo liberado em grandes quantidades quando a célula sofre lise.
Atividade
1. Entende-se como microbiota anfibiôntica o conjunto de microrganismos que estabelecem uma residência mais ou menos permanente em nosso organismo. Com relação à microbiota humana permanente, marque V (verdadeiro) ou F (falso):
F a) É formada pelas mesmas espécies de microrganismos que se distribuem em todo o nosso organismo. 
F b) É eliminada pela lavagem simples das mãos, sendo essa uma importante medida de evitar as infecções cruzadas.
V c) É composta por microrganismos comensais que desempenham, em condições normais, funções benéficas em nosso organismo.
V d) Em um sítio anatômico diferente do seu habitat natural, pode causar infecções endógenas.
V e) Passa a colonizar o nosso organismo desde o nascimento e não produz doenças em condições normais.
GABARITO: A atividade proposta visa avaliar a compreensão do aluno sobre o tema apresentado na aula, explorando aspectos relacionados à microbiota e suas funções. A microbiota residente é adquirida a partir do nascimento e varia conforme o tipo de parto. É formada por diferentes espécies de microrganismos, variando nos diferentes sítios anatômicos. Somente a microbiota transitória é eliminada pela lavagem simples de mãos. Em condições normais de equilíbrio, a microbiota oferece ao organismo hospedeiro uma série de benefícios, porém, caso seja encontrada fora de seu sítio anatômico, pode causar infecções.
2. Com relação ao processo de infecção, a alternativa que define o conceito de patogenicidade das bactérias é:
a) Agressividade de um patógeno ao causar uma infecção.
b) Presença de um microrganismo em um sítio estéril capaz de causar infecção.
c) A capacidade de um microrganismo em causar doenças.
d) Presença transitória de um microrganismo em um tecido vivo.
e) Estruturas e moléculas produzidas pelo microrganismo capazes de causar danos aos hospedeiros.
GABARITO: O aluno deve conseguir diferenciar, principalmente, os conceitos de patogenicidade e virulência. Patogenicidade está implicada em sua capacidade de produzir danos aos hospedeiros.
3. Cite duas estruturas bacterianas que podem atuar como fatores de virulência e suas funções no processo de infecção.
GABARITO: Fímbrias: atuam na adesão às células do hospedeiro e como invasinas, auxiliando a entrada nas células; cápsula: Atua nos processos de adesão e escape do sistema imune; LPS (lipopolissacarídeos): Agem como adesina e endotoxina, causando danos significativos ao hospedeiro; exotoxinas: Operam causando danos às células do hospedeiro, apresentando tropismo por determinados tecidos.
Aula 2: Conceitos e métodos de controle microbiano
Apresentação
O controle do crescimento dos microrganismos começou a ser desenvolvido há muitos anos, com observações e experimentos desenvolvidos por nomes importantes na Microbiologia, como Louis Pasteur, Joseph Lister e Ignaz Philipp Semmelweis, médico húngaro que desenvolveu as primeiras práticas de controle microbiano para procedimentos médicos.
Nesta aula, conheceremos métodos de controle microbiano que são aplicados na saúde e na eliminação de microrganismos patogênicos de objetos e ambientes. Trataremos dos diferentes tipos de métodos de esterilização, desinfecção e antissepsia, enfatizando a relevância da lavagem de mãos.
Objetivos
· Classificar os diferentes tipos de métodos de controle de crescimento microbiano;
· Apontar os métodos que são aplicados na área da Saúde para eliminação de microrganismos patogênicos.
Sujeira e contaminação
Para que utilizamos técnicas e métodos para controlar o crescimento microbiano?
Para melhor compreensão do assunto e escolha do método de controle de acordo com a finalidade desejada, precisamos compreender alguns conceitos importantes. Controle de crescimento microbiano, por sua definição, significa redução da carga microbiana por morte ou perda da capacidade reprodutiva dos microrganismos, tendo como alvos celulares a parede celular, membranas citoplasmáticas, enzimas e proteínas, RNA e DNA.
SUJIDADE: Segundo Jakobi e Löhr (1987), sujidade é um residual físico, químico ou biológico considerado estranho ao produto original, que pode ser capaz de provocar efeitos deterioráveis, detectados visualmente pela modificação do aspecto, da cor, do odor, sabor e da sensação de conforto. É exatamente a sujidade que podemos observar na figura mostrada anteriormente!
LIMPESA: É um termo que se restringe à remoção da sujidade orgânica e inorgânica de artigos e superfícies.
CONTAMINAÇÃO: É a presença, em um ambiente, de seres patogênicos ou substâncias em concentrações nocivas ao ser humano.
Destaforma, não podemos afirmar que o banheiro mostrado na figura está contaminado. Para que esta afirmação seja feita, são necessários testes que comprovem tais concentrações de substâncias e presença de patógenos.
Ao confirmarmos que amostras, aparelhos, utensílios ou locais encontram-se contaminados, podemos prosseguir com métodos de controle do crescimento microbiano.
DESCONTAMINAÇÃO: Reduz ou elimina microrganismos em artigos ou superfície. Pode também ser utilizada para diminuir riscos da manipulação durante a limpeza.
Esterilização
O que significa esterilização?
Consiste na destruição de absolutamente todas as formas de vida microbiana, o que inclui a eliminação de esporos, tanto de bactérias quanto de fungos.
Quando usamos o termo esterilização, em geral, estamos excluindo a presença de príons (proteínas altamente resistentes a todos os métodos de esterilização).
A esterilização será sempre necessária?
Não! Exemplo: Copos e garfos de um restaurante necessitam apenas de controle de crescimento microbiano suficiente para evitar que microrganismos patogênicos sejam transmitidos de uma pessoa a outra.
O que significa desinfecção?
O termo significa destruição das formas vegetativas de microrganismos (patogênicas e não patogênicas), sem que ocorra destruição dos esporos. Utilizamos desinfecção quando realizamos o controle de crescimento microbiano em superfícies inanimadas (objetos, instrumentos, mesas, bancadas). Os agentes químicos utilizados na desinfecção são chamados de desinfetantes (mais adiante estudaremos algumas classes).
O que significa antissepsia?
O termo significa inibição do crescimento ou destruição de microrganismo sobre uma superfície de tecidos vivos (mucosas). Neste caso, também não há a destruição de esporos, somente de formas vegetativas. Os agentes químicos utilizados na antissepsia são chamados de antissépticos.
O que significa degermação?
O termo degermação refere-se à remoção mecânica de microrganismos de uma superfície de tecidos vivos, por exemplo, na lavagem de mãos utilizando água, sabão e uma escova. A degermação pode ser realizada antes de cirurgias, com o objetivo de reduzir o risco de infecção da ferida cirúrgica.
O que é um agente bactericida?
O termo bactericida significa que o agente utilizado no controle de crescimento microbiano causa a morte direta do microrganismo ao ligar-se fortemente a seus alvos.
O que é um agente bacteriostático?
O termo bacteriostático refere-se a um agente que inibe ou diminui o crescimento microbiano, atuando em alguma via metabólica importante. Quando removido do meio, os microrganismos podem retomar seu crescimento.
Fatores que influenciam na efetividade do controle de crescimento microbiano
Agora que temos os conceitos esclarecidos, vamos conhecer os métodos mais utilizados!
Métodos físicos de controle de crescimento microbiano
TEMPERATURA: Baixas temperaturas
Refrigeração: Diminui a taxa de metabolismo das células vegetativas, impedindo os microrganismos de se reproduzirem. Geralmente, é empregada uma temperatura que varia entre 0ºC e 7ºC.
Congelamento: Sob temperaturas abaixo de 0ºC, os microrganismos adquirem um estado de dormência e podem permanecer viáveis durante longos períodos. Caso o congelamento seja lento, há uma maior possibilidade de destruição celular pela formação de cristais de gelo no interior das células.
Altas temperaturas
Calor seco: Destrói as células microbianas, promovendo oxidação.
Bico de Bunsen: A chama direta no material esteriliza efetivamente a alça bacteriológica, quando aquecemos até que o utensílio esteja incandescente. Chamamos de incandescência ou flambagem.
Forno Pasteur: Consiste na utilização de ar quente. O material deve ser mantido a 170ºC por 60 minutos ou a 160ºC por 90 minutos.
Incineração: Utilizada para descarte de material hospitalar.
Calor úmido: Destrói células microbianas, desnaturando proteínas.
Fervura: Aniquila formas vegetativas de microrganismos e a maioria dos vírus, quando expostos à ebulição a 100ºC por 30 minutos.
Autoclavação: Método que utiliza vapor de água sob pressão para esterilizar materiais que suportam tais condições. Geralmente, a autoclave utiliza uma temperatura de 121ºC sob pressão de 1atm por 15 a 30 minutos, dependendo do material. A autoclavação é um exemplo eficaz de esterilização, ou seja, ocorre a destruição dos esporos.
Pasteurização: Utilização de aquecimento controlado, eliminando patógenos e diminuindo o número de microrganismos presentes no alimento, incluindo aqueles que participam de sua deterioração, elevando, assim, seu prazo de validade e segurança na ingestão.
RADIAÇÃO
Raios X e gama: São raios ionizantes, que formam radicais de hidroxila altamente reativos, com alto poder de penetração. São utilizados para promover a esterilização de materiais como seringas, agulhas, bisturis, assim como materiais termolábeis e alimentos.
Raios ultravioleta: Raios não ionizantes, com baixo poder de penetração, promovendo esterilização em superfícies de salas de cirurgia, enfermarias, laboratórios de microbiologia, por exemplo. Tal radiação é absorvida pelo DNA e pode causar mutações ou outros efeitos que levam à destruição da célula microbiana.
FILTRAÇÃO
Membrana de celulose: Usada para materiais líquidos que não resistem ao processo de autoclavação. Exemplo: Plasma, vitaminas, anestésicos e vacinas.
Filtros HEPA: Utilizados em cabines de segurança biológica, promovendo a esterilização do ar. Atuam removendo quase todos os microrganismos maiores que 0,2 micrômetros de diâmetro. Desta maneira, protegem o material estéril, assim como o profissional que o está manipulando.
Métodos químicos de controle de crescimento microbiano
Desinfetantes e antissépticos
Além de serem desinfetantes, os álcoois são utilizados como antissépticos da pele. Para uma ação eficiente, o álcool deve ser utilizado na concentração de 70%.
Os principais representantes dos Halogênios são:
Antimicrobianos
Classe de fármacos utilizados frequentemente em hospitais e na comunidade, com capacidade de reduzir o número de microrganismos. Podem ser utilizados também nas práticas agropecuárias e na produção de alimentos. Podem ser naturais, antibióticos, produzidos por seres vivos com atuação sobre outros seres vivos ou podem ser sintetizados de maneira artificial em laboratórios e indústrias farmacêuticas (quimioterápicos). São divididos em classes, conforme suas propriedades químicas e moleculares e ação sobre os microrganismos.
Inibidores da síntese da parede celular bacteriana: Temos como exemplos os antimicrobianos das classes dos betalactâmicos, glicopeptídeos, bacitracina e fosfomicina.
Inibidores da síntese de proteínas: Temos como exemplos os antimicrobianos das classes dos aminoglicosídeos, tetraciclinas, macrolídeos e anfenicóis.
Inibidores da síntese do folato: Por exemplo, os antimicrobianos da classe das sulfonamidas (sulfametoxazol e trimetoprim), que são utilizados em associação.
Inibidores da replicação ou duplicação do DNA: Por exemplo, os antimicrobianos das classes das quinolonas, rifampicinas e metronidazol.
Antimicrobiano que interfere na permeabilidade da membrana celular: As polimixinas.
Antibióticos utilizados como conservantes na indústria alimentícia: Os antibióticos nisina e natamicina são frequentemente adicionados em alimentos, principalmente queijos, destruindo microrganismos deteriorantes.
Atividade
1. Marque V para as alternativas verdadeiras e F para as alternativas falsas:
F a) Antissepsia é um termo utilizado quando o controle de crescimento microbiano é realizado em tecidos vivos.
F b) Desinfecção é a remoção ou destruição de todas as formas de vida microbiana, incluindo esporos.
V c) Um agente bacteriostático é aquele que causa morte direta das células microbianas.
V d) O conceito de sujidade pode ser empregado quando detectamos visualmente resíduos que modificam características de determinado material.
V e) Características microbianas, tempo de exposição ao agente e número de microrganismos são os únicos fatoresque influenciam na efetividade do controle de crescimento microbiano.
GABARITO: A atividade proposta visa avaliar a compreensão do aluno sobre o tema apresentado na aula, explorando aspectos relacionados à microbiota e suas funções. A microbiota residente é adquirida a partir do nascimento e varia conforme o tipo de parto. É formada por diferentes espécies de microrganismos, variando nos diferentes sítios anatômicos. Somente a microbiota transitória é eliminada pela lavagem simples de mãos. Em condições normais de equilíbrio, a microbiota oferece ao organismo hospedeiro uma série de benefícios, porém, caso seja encontrada fora de seu sítio anatômico, pode causar infecções.
2. Marque V para as alternativas verdadeiras e F para as alternativas falsas:
F a) A autoclavação é um processo físico de esterilização, que utiliza calor seco.
F b) O processo de incineração é utilizado nos laboratórios para esterilização de instrumentos, como alças e agulhas.
V c) O álcool 70% é um bom substituto para a lavagem de mãos, eliminando microrganismos da microbiota transitória e evitando a disseminação cruzada.
F d) Radiação gama é não ionizante, possui baixo poder de penetração e é utilizada para superfícies.
V e) A filtração em membrana de celulose é uma alternativa para a esterilização de materiais líquidos não autoclaváveis.
GABARITO: F-F-V-F-V. O aluno deve ser capaz de diferenciar o mecanismo de cada um dos métodos apresentados na aula. Autoclavação é um processo que utiliza calor úmido sob pressão e, por isso, é considerado um método eficaz de esterilização. Incineração de materiais é utilizada para descarte de lixo hospitalar, para que não haja nenhuma forma de contaminação no descarte. Os alcoóis na concentração de 70% são bons substitutos para a remoção de contaminação. Radiação gama é ionizante, apresentando boa capacidade de penetração em materiais diversos, principalmente orgânicos. Para líquidos com propriedades que não permitem a autoclavação, filtração por membrana de celulose é a alternativa indicada.
Aula 3: Principais infecções bacterianas de importância clínica
Apresentação
Nesta aula, abordaremos o desenvolvimento de infecções bacterianas associadas ao ambiente hospitalar e comunitário. Ressaltaremos as principais características destas infecções, além de conhecer os métodos de prevenção disponíveis.
Objetivos
· Apontar as infecções bacterianas mais frequentes, tanto em ambiente hospitalar quanto comunitário;
· Registrar os possíveis métodos de diagnóstico, tratamento e prevenção existentes para tais infecções.
Patógenos
Anteriormente, quando tratamos do assunto microbiota anfibiôntica, observamos que podemos ter uma relação benéfica com os microrganismos, mas que eles poderiam nos causar doenças.
Alguns microrganismos, denominados patógenos, são maléficos por sua natureza: Possuem estruturas que provocam danos ao nosso organismo e podem nos causar infecções quando entramos em contato com eles. Existe uma infinidade de infecções causadas por microrganismos. No entanto, algumas delas são de interesse clínico por sua alta taxa de frequência, morbidade e gravidade. A seguir, apresentamos exemplos destas infecções.
Doenças estreptocócicas e estafilocócicas
O gênero Streptococcus
Formado por cocos gram-positivos, geralmente dispostos em cadeias ou fileiras, possui espécies que causam infecções importantes devido a sua gravidade, embora a maioria das espécies não seja patogênica. Os microrganismos deste gênero podem produzir hemolisinas, responsáveis pela degradação de hemácias. Esta característica se tornou uma importante maneira de classificação das espécies e pode ser utilizada no direcionamento do diagnóstico microbiológico das doenças estreptocócicas.
O padrão hemolítico pode ser observado em ágar contendo 5% de sangue de carneiro. Os tipos de padrão de hemólise são:
Espécies e infecções associadas de relevância clínica
S. pyogenes
Espécie classificada como beta-hemolítica, associada às infecções de pele como erisipela, celulite e impetigo, além de causar doenças sistêmicas graves como septicemia por infecção cirúrgica. A espécie também é agente de faringite com uma alta incidência em crianças entre 05 e 15 anos de idade, que pode apresentar complicações pós-estreptocócicas como:
· Glomerulonefrite aguda - Caracterizada pelo depósito de imunocomplexos antígeno-anticorpo nas membranas dos glomérulos renais, gerando reação inflamatória.
· Febre reumática - Identificada pela reação cruzada de anticorpos com moléculas presentes no coração, levando a uma lesão das válvulas cardíacas e artrite progressiva.
· Escarlatina - Reconhecida pela produção de toxina eritrogênica, que causa erupções na pele.
Diagnóstico: Teste rápido, para detecção de antígenos presentes na parede celular; cultura em ágar sangue para observação do padrão de hemólise; testes para detecção de anticorpos.
Tratamento: A espécie S. pyogenes apresenta grande sensibilidade à penicilina, que é o antimicrobiano de escolha.
Streptococcus agalactiae
Espécie também classificada como beta-hemolítica, que pode colonizar, eventualmente, trato genital e urinário. Agente importante de meningite, pneumonia e sepse em recém-nascidos de mães colonizadas, que nasceram de parto vaginal. Em adultos, fatores como diabetes, câncer e alcoolismo aumentam a chance de infecções.
Diagnóstico: Pode ser realizado por microscopia de amostras de secreções colhidas do paciente; podem ser realizadas hemocultura e cultura de amostras genitais, principalmente de grávidas, para rastreamento de colonização assintomática.
Tratamento: A espécie S. agalactiae apresenta sensibilidade à penicilina, que pode ser o antimicrobiano de escolha.
S. pneumoniae
Espécie classificada como alfa-hemolítica, tem morfologia característica, cocos lanceolados dispostos aos pares, diplococos. Pode ser encontrada colonizando, eventualmente, o trato respiratório superior. É agente de síndromes clínicas como: Sinusite, otite, mastoidite, bronquite, pneumonia, meningite e sepse.
Diagnóstico: Pode ser realizado por cultura de secreções em ágar sangue, na presença de CO2, para observação do padrão hemolítico.
Tratamento: A espécie S. pneumoniae, diferente das outras pertencentes ao gênero Streptococcus mostradas, apresenta resistência à penicilina. O tratamento deve ser feito após teste de sensibilidade aos antimicrobianos. No entanto, cloranfenicol, eritromicina e tetraciclina são frequentemente utilizados.
Prevenção: Para a espécie S. pneumoniae estão disponíveis vacinas conjugadas e vacina polissacarídica para prevenção de infecções, principalmente meningite, causadas por tal microrganismo.
Gênero Staphylococcus
Formado por cocos gram-positivos, geralmente dispostos em cachos, compreende mais de 35 espécies, sendo as de maior importância clínica:
· Staphylococcus aureus, espécie normalmente patogênica;
· Staphylococcus epidermidis, componente da microbiota humana, associada às infecções em pacientes imunossuprimidos que fazem uso de dispositivos invasivos, tal qual cateter e sonda;
· Staphylococcus saprophyticus, segunda espécie mais comum causando infecção do trato urinário em mulheres jovens. Focaremos nesta última espécie no item sobre infecções do trato urinário.
Assim como as espécies do gênero Streptococcus, os estafilococos também estão associados às infecções de pele e torna-se importante a diferenciação dos agentes infecciosos para um tratamento adequado. O teste para detectar a produção da enzima catalase é indicado para a separação dos gêneros, sendo os estafilococos catalase positivo. Já dentro do gênero Staphylococcus, podemos diferenciar as espécies utilizando o teste da coagulase, positivo somente para a espécie S. aureus, que vamos focar a partir de agora.
Staphylococcus aureus
Principal espécie patogênica do gênero, associada às infecções de pele menos graves como foliculite, impetigo, furunculose e gastroenterite estafilocócica, que ocorrem frequentemente na comunidade. No entanto, a espécie chama atenção por doenças gravescausadas em pacientes na comunidade, mas principalmente em imunossuprimidos internados em hospitais. Dentre as doenças graves, estão: Síndrome do choque tóxico, síndrome da pele escaldada, ambas devido à produção de toxinas, endocardite, osteomielite e pneumonia.
Diagnóstico: Pode ser realizado por cultura de espécimes clínicos em ágar sangue e ágar manitol salgado, acompanhado de testes da catalase e coagulase.
Tratamento: Algumas cepas de S. aureus apresentam altas taxas de resistência aos antimicrobianos, sendo necessário realizar teste de sensibilidade para a escolha do tratamento. Um exemplo de antimicrobiano que pode ser utilizado é a vancomicina.
Doenças diarreicas
Síndrome caracterizada pela ocorrência do aumento do número de evacuações, com fezes aquosas ou de pouca consistência, quadro que pode ser acompanhado de náusea, vômito, febre e dor abdominal. Em geral, são doenças autolimitadas, com duração de até 14 dias. Podem ser de origem não infecciosa, causadas pelo uso de medicamentos, ingestão de grandes quantidades de alimentos, uso de bebida alcoólica ou podem ser provocadas por diferentes agentes infecciosos. A transmissão dessas doenças se dá, principalmente, por água e alimentos contaminados. Podemos listar algumas bactérias associadas a estas doenças:
 A espécie E. coli é amplamente conhecida por ser a espécie em maior abundância no intestino de animais. Porém, alguns patotipos ou sorotipos da espécie são capazes de causar infecções do trato gastrointestinal, podendo ocorrer casos de diarreias sanguinolentas. São eles: E. coli enteropatogênica (EPEC), E. coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli enterohemorrágica (EHEC), E. coli enteroinvasiva (EIEC), E. coli enteroagregativa (EAEC).
 O gênero possui quatro espécies que podem estar associadas às infecções do trato gastrointestinal. São elas: Shigella dysenteriae, espécie frequentemente isolada nos casos mais graves; Shigella flexneri, mais comum em países em desenvolvimento; Shigella boydii e Shigella sonnei, mais comuns em países desenvolvidos. Estima-se que aconteçam mais de 150 milhões de casos de diarreia causada por Shigella por ano. Esses quadros incluem diarreias aquosas e/ou sanguinolentas.
Apresenta três principais sorotipos associados às infecções em humanos: enteritis, typhi e typhimurium. Causam gastroenterites, febre tifoide e ainda podem colonizar de forma assintomática o trato gastrointestinal, com uma incidência maior em crianças e idosos.
 Agente etiológico da cólera, doença do trato gastrointestinal infectocontagiosa aguda, extremamente grave. Tal bactéria vive em ambientes aquáticos, sobrevivendo por dias na água do mar, mas possuem os humanos como reservatório.
Diagnóstico: O diagnóstico de doenças diarreicas é realizado basicamente através dos sintomas. Agentes etiológicos específicos são pesquisados em casos mais graves.
Tratamento: Consiste na hidratação do paciente por meio da ingestão de líquidos e solução de sais. O tratamento com antimicrobianos é reservado apenas para casos de diarreia com sangue e casos graves como a cólera.
Pneumonias
As pneumonias são caracterizadas pela instalação de agentes infecciosos ou irritantes nos pulmões, causando inflamação que afeta principalmente os alvéolos pulmonares.
Podem ser causadas por diferentes patógenos, como bactérias, vírus, fungos ou parasitas e acontecem quando os mecanismos de defesa não funcionam corretamente, quando grande número de agentes infecciosos são inalados ou no momento em que há entrada de um agente particularmente infeccioso.
Podemos classificar as pneumonias como comunitárias ou associadas aos cuidados com a saúde. Tal classificação implica diretamente no agente infeccioso, uma vez que diferentes ambientes são colonizados por diferentes microrganismos.
Diagnóstico: O diagnóstico microbiológico é realizado por cultura de secreções do trato respiratório, bacterioscopia (detecção da presença de bactérias no microscópio), testes sorológicos e biópsia pulmonar.
Tratamento: É necessário realizar teste de sensibilidade aos antimicrobianos para o agente identificado, com o objetivo de escolher o melhor tratamento.
Infecção do trato urinário (ITU)
Quadro infeccioso que pode ocorrer na parte inferior do trato, acometendo a bexiga (é denominada cistite), ou ocorrer na parte superior do trato, acometendo os rins (sendo denominada pielonefrite), neste caso, um quadro grave. São relatados cerca de 150 milhões de casos de ITU por ano, sendo a segunda infecção bacteriana mais frequente.
A infecção do trato urinário tem como agente principal a E. coli, responsável por 75% a 90% dos casos de ITU, seguida de S. saprophyticus, acometendo mulheres jovens e saudáveis, facilitada pela anatomia do trato urinário e proximidade com o trato intestinal.
Pacientes internados e que fazem uso de dispositivos invasivos como sondas e cateteres possuem um fator predisponente para aquisição de ITU, que é causada por agentes infecciosos diferentes.
Estão relacionadas como principais espécies associadas a tais infecções:
· K. pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa,
· Proteus mirabilis,
· Enterococcus faecalis,
· Enterobacter spp,
· S. aureus.
Diagnóstico: Realizado por urinocultura quantitativa, seguida de testes de identificação do agente.
Tratamento: É necessário realizar teste de sensibilidade aos antimicrobianos para o agente identificado, com o objetivo de escolher o melhor tratamento. Um exemplo de antimicrobiano utilizado frequentemente é a ciprofloxacina.
Meningite
Consiste na inflamação das meninges, membranas que revestem o cérebro, e membrana espinhal, causada por um agente infeccioso que pode ser bactéria, vírus, fungo ou parasita.
No Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica, ou seja, casos da doença são esperados ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais.
Os sintomas de meningite incluem, no geral: mal-estar, náuseas, vômito, dor de cabeça, rigidez de pescoço, aumento da sensibilidade à luz, confusão mental e, em alguns casos, podem ocorrer manchas vermelhas na pele.
As meningites bacterianas podem ser causadas por: Neisseria meningitidis, S. pneumoniae, H. influenzae, S. agalactiae, Listeria monocytogenes, enterobactérias no geral.
Alguns patógenos são mais frequentes em determinadas faixas etárias, auxiliando no diagnóstico que define o agente causador.
Diagnóstico: Consiste na análise do líquido cefalorraquidiano, sua composição proteica, celularidade, glicose e presença de agente infeccioso. Uma vez detectado, a identificação se torna importante para fins de tratamento.
Tratamento: A administração de antimicrobianos é realizada o quanto antes e pode ser ajustada após testes de identificação do patógeno.
Prevenção: Para diferentes agentes causadores de meningites, já foram desenvolvidas vacinas eficazes que impedem o desenvolvimento da doença.
Atividade
1. Em um quadro de diarreia em que foi solicitada cultura das fezes, quais agentes patogênicos esperam-se encontrar?
GABARITO: Você deve ser capaz de citar as espécies bacterianas apresentadas na aula como agentes de infecções do trato gastrointestinal. Patotipos de E. coli, Shigella, Salmonella, Vibrio cholerae.
2. “Agente etiológico número um, responsável por cerca de 75% a 90% das infecções do trato urinário que ocorrem na comunidade.” A frase acima refere-se à qual bactéria?
a) Streptococcus pneumoniae
b) Staphylococcus saprophyticus
c) Escherichia coli
d) Klebsiella pneumoniae
e) Pseudomonas aeruginosa
3. Um paciente de 8 anos de idade chega ao consultório médico com febre, prostração e queixando-se de dor de garganta. Ao exame clínico, são observadas placas nas amígdalas com constatação de amigdalite. Foi feita coleta com swab da orofaringe e encaminhada para cultura. O material foi semeado em meio de ágar sangue e o diagnóstico foi positivo para Streptococcus pyogenes. O que se espera observar na cultura em ágar sangue que colabora com o diagnóstico:
GABARITO: Você deve ser capaz de identificar qual característica importante para os microrganismosdo gênero foi observada e apontar como resposta a beta-hemólise ou hemólise total, com área transparente ao redor da colônia.
4. Quais microrganismos são os principais agentes infecciosos responsáveis por causar meningites em recém-nascidos?
GABARITO: Você deve ser capaz de localizar no quadro exibido na aula os agentes que causam infecções em neonatos, com idade de até 28 dias. São agentes importantes nessa fase: S. agalactiae, L. monocytogenes e enterobactérias.
Aula 4: Mecanismos de ação dos antimicrobianos e resistência bacteriana
Apresentação
Nesta aula, conheceremos os antimicrobianos mais empregados na prática clínica e seus mecanismos de ação frente a um agente bacteriano. Abordaremos também os mecanismos utilizados pelas bactérias que proporcionam resistência e dificultam tratamentos de doenças infecciosas.
Objetivos
· Identificar os principais antimicrobianos utilizados e seus mecanismos de ação;
· Registrar os mecanismos de resistência bacteriana aos antimicrobianos.
Por que estudar os antimicrobianos?
Os antimicrobianos são uma classe de fármacos frequentemente consumida, tanto em hospitais quanto na comunidade, sendo agentes que não afetam somente os pacientes que fazem uso.
Desta forma, conhecer seus princípios gerais, propriedades e características básicas torna-se essencial para a escolha terapêutica adequada.
História da antibioticoterapia
Na história da antibioticoterapia, temos o primeiro antibiótico descoberto em 1928, por Alexander Fleming, chamado por ele de penicilina, produzida pelo fungo da espécie Penicillium notatum.
No período anterior a tal descoberta, doenças simples de serem tratadas apresentavam um alto índice de letalidade. Em 1939, Alexander Fleming (foto 1), juntou-se a mais dois pesquisadores, Howard Florey (foto 2) e Ernst Chain (foto 3), para produção em larga escala e uso terapêutico da penicilina. Poucos anos depois, em 1945, os três pesquisadores ganharam o Nobel de Medicina.
Com o passar dos anos e avanços nas pesquisas, novos antimicrobianos foram descobertos e implementados na prática clínica. Porém, tempos depois da sua utilização, os tratamentos começaram a apresentar falhas importantes, devido à resistência bacteriana aos antimicrobianos.
No cenário mundial, podemos observar uma crise significativa na saúde pública, pela disseminação de resistência bacteriana e demora no desenvolvimento de novos antimicrobianos.
Com isso, antimicrobianos que, no passado, caíram em desuso devido a sua toxicidade, retornaram à prática clínica, uma vez que as bactérias ainda não apresentam resistência a eles.
Saiba mais: Dados apresentados pela Organização Mundial da Saúde em 2014 (OMS) preveem que, em 2050, aproximadamente 10 milhões de pessoas no mundo morrerão por doenças infecciosas causadas por bactérias multirresistentes.
Para entendermos melhor os antimicrobianos, seus mecanismos de ação e sua utilização na prática clínica, precisamos assimilar alguns conceitos importantes.
Antimicrobianos
Antibiótico: Substância natural, produzida por microrganismos, que provoca morte de outros microrganismos.
Quimioterápico: Substância sintetizada artificialmente em laboratórios e indústrias farmacêuticas, que age provocando a morte de microrganismos.
Antimicrobiano: Termo utilizado para descrever substâncias que matam ou inibem células bacterianas, não importando a forma que tal substância foi sintetizada. Estão incluídos no conceito de antimicrobianos os antibióticos e os quimioterápicos.
Bactericida: O termo bactericida significa que o agente utilizado no controle de crescimento microbiano causa a morte direta do microrganismo ao ligar-se fortemente aos seus alvos.
Bacteriostático: O termo bacteriostático refere-se a um agente que inibe ou diminui o crescimento microbiano, atuando em alguma via metabólica importante. Quando removido do meio, os microrganismos podem retomar seu crescimento.
Espectro de ação: Refere-se a qual tipo de célula bacteriana o antimicrobiano é capaz de agir sobre, levando em consideração propriedades dos microrganismos, por exemplo, se gram-positivo ou gram-negativo.
Toxicidade seletiva: Relacionada ao alvo molecular das drogas antimicrobianas na célula bacteriana, como: Parede celular, síntese proteica, ácidos nucleicos. É importante que os antimicrobianos sejam capazes de agir sobre células bacterianas, preservando as células do hospedeiro.
Concentração mínima inibitória (CMI): A mínima concentração de antimicrobiano necessária para inibir a multiplicação de células bacterianas.
Posologia: A dose de um medicamento que deve ser fornecida a um paciente, com intervalo de tempo constante, durante um período, para alívio de um sintoma ou tratamento de uma doença.
Como seria um antimicrobiano ideal?
· Possuir ação bactericida;
· Apresentar uma boa toxicidade seletiva;
· Possuir um amplo espectro de ação;
· Ter uma menor CMI;
· Atingir maior nível no local da infecção;
· Apresentar uma comodidade de posologia;
· Possuir baixo custo.
Resistência bacteriana aos antimicrobianos
Para fins didáticos e de melhor entendimento do tema, conceituaremos resistência aos antimicrobianos neste tópico e os mecanismos de resistência serão apresentados junto à descrição das classes de antimicrobianos mais utilizadas na prática.
Saiba mais: Sabemos que, atualmente, um dos maiores desafios encontrados na saúde pública é lidar com a grande disseminação de resistência aos antimicrobianos e suas consequências no tratamento de infecções causadas por bactérias multirresistentes.
Estima-se que aconteçam mais de 700 mil mortes por ano causadas por tais infecções e que este número aumente significativamente nos próximos anos. A resistência a determinado antimicrobiano pode ser uma característica intrínseca de uma bactéria, ou seja, estar codificada por genes presentes em seu cromossomo ou ser uma propriedade adquirida por esta. Esta aquisição de resistência pode acontecer devido a uma mutação no DNA bacteriano ou pela introdução de DNA exógeno trazido por elementos genéticos móveis, principalmente plasmídeos.
As bactérias podem apresentar resistência aos antimicrobianos através de mecanismos como:
Principais classes de antimicrobianos utilizados na prática clínica
A seguir conheça as principais classes antimicrobianos e suas resistências:
Principais classes de antimicrobianos
Betalactâmicos
Classe de antimicrobianos caracterizados por possuírem em seu núcleo estrutural o anel β-lactâmico, responsável por sua atividade.
Os betalactâmicos agem impedindo a síntese da parede celular bacteriana através da inibição da enzima transpeptidase, que realiza reações cruzadas na parede celular, conferindo rigidez a ela. Desta maneira, a parede celular encontra-se frouxa, fazendo com que a célula bacteriana entre em colapso.
Pertencem a esta classe:
· Penicilinas: Penicilina G, penicilina V, oxacilina, amoxicilina, meticilina;
· Cefalosporinas;
· Monobactâmicos: aztreonam;
· Carbapenêmicos: imipeném, meropeném, ertapeném, doripeném.
Resistência:
São descritos três mecanismos importantes de resistência- absorção reduzida do antimicrobiano, alteração do sítio alvo e inativação enzimática.
Este último mecanismo é considerado o mais importante na resistência aos betalactâmicos por gram-negativos e acontece pela produção de enzimas chamadas betalactamases.
Bactérias gram-positivas têm como principal mecanismo a modificação do sítio alvo, principalmente através da alteração da enzima transpeptidase, como é o caso de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA).
Glicopeptídeos
Agem também na síntese da parede celular, inibindo a ligação entre os polímeros de carboidratos que formam a espinha dorsal da parede celular. Com esta deficiente, as bactérias não resistem às pressões osmóticas e morrem.
Podem ser uma boa alternativa nos casos de resistência à penicilina e alergia aos betalactâmicos. São mais utilizados nos tratamentos por bactérias gram-positivas, pois não atravessam a membrana externa presente nas células gram-negativas.
Pertencem a esta classe:
· Vancomicina;· Teicoplanina.
Resistência:
Ocorre principalmente devido à modificação dos alvos, fazendo com que o antimicrobiano perca afinidade por estes. As bactérias continuam produzindo os monômeros da parede celular, apesar da exposição ao antimicrobiano.
Aminoglicosídeos
Classe de antimicrobianos que age inibindo a síntese proteica ou produzindo proteínas defeituosas, através da sua ligação à subunidade 30S do ribossomo. São antimicrobianos potentes no tratamento de infecções por gram-negativos.
Pertencem a esta classe:
· Amicacina;
· Gentamicina;
· Neomicina.
Resistência:
Os mecanismos de resistência já descritos para este antimicrobiano são inativação enzimática deste, absorção reduzida por modificações na permeabilidade e alteração do alvo nos ribossomos bacterianos.
Tetraciclinas
Classe de antimicrobianos que também age inibindo a síntese proteica. As tetraciclinas ligam-se ao ribossomo, impedindo a chegada do RNA transportador. São antimicrobianos que possuem um amplo espectro de ação.
Pertencem a esta classe:
· Doxiciclina; 
· Minociclina.
Resistência:
Dois mecanismos já foram descritos para as tetraciclinas, o efluxo do antimicrobiano, que é importante para bactérias gram-negativas, e modificação do alvo, através da proteção dos ribossomos por proteínas citoplasmáticas.
Macrolídeos
Os macrolídeos ligam-se aos ribossomos impedindo a etapa de translocação, inibindo, assim, a síntese proteica. Possuem uma meia-vida tecidual prolongada, o que permite que o tratamento seja realizado com menos doses e em menor tempo. Além disso, são antimicrobianos que apresentam um amplo espectro de ação e podem ser uma boa opção para pacientes alérgicos à penicilina.
Pertencem a esta classe:
· Azitromicina;
· Eritromicina;
· Claritromicina.
Resistência:
Os mecanismos de resistência aos macrolídeos já descritos são inativação enzimática, absorção reduzida pela alteração na permeabilidade de membrana e alteração do alvo na subunidade 50S do ribossomo.
Anfenicóis
Ligam-se à subunidade 50S dos ribossomos impedindo o alongamento da cadeia de peptídeos, bloqueando a síntese proteica. Cloranfenicol é uma alternativa no tratamento de infecções por bactérias resistentes à vancomicina.
Pertencem a esta classe:
· Cloranfenicol.
Resistência:
A resistência ao cloranfenicol pode dar-se por absorção reduzida do antimicrobiano ou inativação enzimática, sendo esta mais frequentemente relatada e podendo ser adquirida por plasmídeos.
Sulfonamidas
Antimicrobianos que apresentam efeito bacteriostático, interferindo na síntese de ácido fólico pelas bactérias, por mecanismo de competição, uma vez que as bactérias dependem de sua produção endógena.
São comumente utilizadas em associação a outra substância para obtenção de efeito sinérgico, atuando em diferentes etapas da síntese do folato. Indicadas para tratamento de infecções urinárias e toxoplasmose.
Pertencem a esta classe:
· Sulfametoxazol;
· Sulfadiazina.
Resistência:
Pode ocorrer por absorção reduzida do antimicrobiano ou modificações no alvo, onde as proteínas produzidas e alvos do antimicrobiano passam a apresentar pouca atividade pelo mesmo.
Quinolonas
Agem na replicação ou duplicação do DNA, inibindo a enzima DNA girase responsável por compactar a molécula no interior da célula.
Podem inibir também a enzima topoisomerase IV. Nos anos 1980, a molécula foi acrescida de um átomo de flúor, formando o que chamamos de fluoroquinolonas, aumentando seu espectro de ação. Indicação no tratamento de infecções do trato geniturinário e gastrointestinal.
Pertencem a esta classe:
· Ácido nalidíxico;
· Levofloxacina;
· Gatifloxacina;
· Ciprofloxacina (fluoroquinolona);
· Norfloxacino (fluoroquinolona).
Resistência:
Ocorre, principalmente, por modificação do alvo, alterações na enzima DNA girase, que passa a não sofrer ação do antimicrobiano. Absorção reduzida do antimicrobiano por diminuição da permeabilidade também pode ocorrer.
Nitroimidazólicos: Também agem na inibição da replicação do DNA. Quando no interior da célula, o antimicrobiano sofre processos de redução, gerando produtos que se intercalam na molécula de DNA, quebrando-a. São, geralmente, indicados em infecções causadas por bactérias anaeróbicas.
Pertence a esta classe:
· Metronidazol.
Resistência:
Bactérias sensíveis raramente desenvolvem resistência ao metronidazol, que geralmente ocorre da absorção diminuída do antimicrobiano por alteração da permeabilidade.
Polimixinas
Interagem com a membrana celular das bactérias, retirando íons como cálcio e magnésio, necessários para sua estabilidade. O resultado é um aumento de permeabilidade da membrana, que leva à perda de conteúdo celular e à morte bacteriana. As polimixinas são boas opções no tratamento de infecções graves causadas por bactérias gram-negativas multirresistentes.
Pertencem a esta classe:
· Polimixina B;
· Colistina (polimixina E).
Resistência:
Cocos gram-positivos e alguns bacilos gram-negativos apresentam resistência intrínseca às polimixinas, por incapacidade de o antimicrobiano penetrar na parede celular da célula bacteriana. Nos últimos anos, a inativação enzimática tem se tornado um importante mecanismo de resistência, principalmente pela presença de genes em plasmídeos.
Bônus
Rifampicina
Antimicrobiano utilizado para tratamento de infecções causadas por Mycobacterium tuberculosis, inibindo a síntese de RNA no processo de transcrição do DNA.
Resistência:
Ocorre por modificação do sítio alvo, através de mutações ocorridas no gene rpoB, diminuindo a afinidade pelo antimicrobiano.
Disseminação da resistência aos antimicrobianos
A resistência bacteriana tem crescido acentuadamente nos últimos anos, tornando-se um dos maiores problemas de saúde pública, uma vez que apresenta consequências clínicas e econômicas preocupantes. O uso de antimicrobianos deve ser feito de maneira consciente e somente quando necessário, pois leva à seleção de células bacterianas que apresentam resistência ao antimicrobiano de uso. Uma vez selecionadas, estas bactérias podem, no caso de genes de resistência presentes em elementos genéticos móveis, transferir para outras espécies e gêneros o DNA que contém a informação que codifica para a resistência.
Existem três maneiras mais comuns de transferência de DNA entre bactérias:
Atividade
1. Defina o conceito de antimicrobiano e cite três condições para que um antimicrobiano seja considerado ideal.
GABARITO: Qualquer produto químico, natural ou sintético capaz de matar (ação bactericida) ou inibir (ação bacteriostática) o crescimento de microrganismos. Ter, de preferência, ação bactericida; toxicidade seletiva: Não cause danos ao hospedeiro; espectro de ação amplo.
2. Bactérias multirresistentes provocam graves infecções, sendo um grande risco para a população, em especial para indivíduos admitidos em unidades de tratamento intensivo. Vários fatores estão envolvidos na disseminação desses microrganismos. Em face da gravidade dessas infecções e sua rápida disseminação, é fundamental tomar medidas de precaução para prevenir um possível surto.
Entre as alternativas a seguir, indique aquela que não representa uma forma de evitar grandes surtos.
a) Permitir o livre uso de antimicrobianos.
b) Isolar pacientes infectados por bactérias multirresistentes.
c) Adotar rigorosas medidas de higiene em hospitais.
d) Fazer uso do antimicrobiano pelos dias prescritos pelo médico, mesmo que cessem os sintomas.
GABARITO: Para conter o avanço da disseminação da resistência, se faz necessário o uso racional de antimicrobianos somado às outras medidas apresentadas.
3. Cite os principais mecanismos de resistência aos antimicrobianos.
GABARITO: Expressão de bomba de efluxo, produção de enzimas que inativam o antimicrobiano, modificação do sítio alvo do antimicrobiano, bloqueio ou proteção do sítio alvo, redução da permeabilidade da membrana externa.
4. Sabemos que as bactérias possuem diversas formas de recombinação gênica. Analise as alternativas abaixo e marque a única em que há o contato célula-célula para transferência de genes:
a) Tradução.b) Conjugação. c) Transformação. d) Transcrição. e) Fecundação.
GABARITO: O aluno deve ser capaz de diferenciar os tipos de transferência de DNA apresentados na aula. Através do pilus sexual, uma bactéria consegue transferir seu material genético a outra.
Aula 5: Estrutura viral e principais viroses que acometem humanos
Apresentação
Nesta aula, abordaremos o desenvolvimento de infecções bacterianas associadas ao ambiente hospitalar e comunitário. Ressaltaremos as principais características destas infecções, além de conhecer os métodos de prevenção disponíveis.
Objetivos
· Registrar a estrutura das partículas virais;
· Reconhecer as principais viroses de importância clínica.
As bactérias e os vírus
Até aqui, estudamos características relacionadas às bactérias e nossa relação com as mesmas, seja ela benéfica ou maléfica. Na presente aula, estudaremos as características e estruturas das partículas virais, assim como as infecções causadas por vírus. Bactérias e vírus possuem inúmeras diferenças que serão ressaltadas no decorrer desta aula. Para compreendermos o assunto, começaremos definindo o que é uma partícula viral.
O que são os vírus?
Os vírus são partículas com dimensões microscópicas, formadas por uma estrutura proteica, denominada capsídeo, que envolve um material genético, que pode ser DNA ou RNA, nunca simultaneamente presentes no mesmo vírus.
Ao contrário das bactérias, os vírus não possuem metabolismo próprio e por isso necessitam de uma célula com metabolismo ativo para que possam produzir seus componentes, sendo chamados, assim, de parasitas intracelulares obrigatórios.
Para permanecerem na natureza, devem ser infecciosos, capazes de utilizar os processos celulares para produzir os componentes de sua partícula e codificar em seu genoma qualquer processo requerido que não seja fornecido pela célula. Além disso, os vírus podem apresentar ou não um envelope lipídico recobrindo o capsídeo. Existem inúmeras diferenças entre a célula bacteriana e a partícula viral. Tais diferenças estão contidas na tabela a seguir.
Características dos vírus
Veja as características dos vírus:
DIMENSÕES
MORFOLOGIA
Vimos que os vírus são formados por um genoma protegido por um capsídeo composto por proteínas. A combinação dessas estruturas forma o que chamamos nucleocapsídeo. Os vírus podem apresentar diferentes simetrias, o que está relacionado à montagem das proteínas do capsídeo viral, sendo elas: Icosaédrica ou cúbica, helicoidal e complexa.
· Vírus icosaédricos: São semelhantes aos cristais, em que possuem os capsômeros (monômeros proteicos que formam o capsídeo) organizados de maneira retangular.
· Vírus helicoidais: O capsídeo que envolve o ácido nucleico é cilíndrico com uma estrutura de hélice, podendo ser rígida e semelhante aos bastonetes ou frouxa, quando assume um aspecto polimórfico.
· Vírus complexos: Podem apresentar duas cadeias peptídicas na formação do capsídeo, como o bacteriófago T4, que possui cabeça poligonal, cauda, bainha contrátil, placa basal e fibras.
· Vírus envelopados: Possuem uma membrana lipoproteica externa ao capsídeo, chamada de envelope. Esta membrana se forma na sua saída da célula hospedeira, quando o vírus carrega parte da membrana, fenômeno denominado brotamento. São ambientalmente instáveis, mostrando menor resistência ao calor, ressecamento e agentes químicos como detergentes e ácidos. Apresentam uma grande disseminação via secreções e gotas. Quando detectados pelo sistema imunológico, ativam resposta imune mediada por células e produção de anticorpos específicos.
· Vírus não envelopados: Constituídos apenas por material genético e capsídeo, formando o nucleocapsídeo. São ambientalmente mais estáveis, mostrando maior resistência às variações de temperatura, ação de agentes químicos como ácidos e detergentes, proteases e também ao ressecamento. Porém, são mais suscetíveis ao reconhecimento e ação dos anticorpos, por expor suas proteínas de superfície. Este tipo de vírus, geralmente, é liberado da célula hospedeira através de sua lise, sendo facilmente disseminado.
GENOMA VIRAL
Como dissemos anteriormente, os vírus podem possuir um genoma de DNA ou RNA.
Tal material genético deve direcionar a síntese dos componentes necessários para a produção de novas partículas virais. O genoma do vírus deve conter informações para iniciar e completar um ciclo de infecções em uma célula hospedeira permissível, que permite a replicação viral, e suscetível, capaz de ser infectada. Existe uma diversidade de moléculas que compõe o genoma viral, que vai desde a diversidade de ácido nucléico, DNA ou RNA, forma, linear, circular ou segmentada, estrutura, fita simples e fita dupla, até sentido dessas moléculas, positivo e negativo.
Etapas da replicação viral
São seis as etapas de replicação viral, a saber:
· Reconhecimento e adsorção
Os vírus reconhecem e se ligam aos receptores nas células dos hospedeiros através de estruturas presentes em sua superfície chamadas espículas. A adsorção do vírus na célula hospedeira pode ser influenciada por temperatura, pH e moléculas como glicoproteínas. Alguns correceptores auxiliam na interação, proporcionando uma melhor adsorção.
· Penetração
Nesta fase, ocorre a entrada do vírus na célula hospedeira. Pode acontecer de diferentes maneiras: Fusão do envelope viral com membrana celular, endocitose e fusão da membrana do fagossomo com envelope viral, entrada por endocitose mediada por receptores e proteínas, endocitose e injeção do genoma no citoplasma.
· Desnudamento
Fase em que ocorre a remoção do capsídeo, liberando o genoma viral, realizada por enzimas do lisossomo da célula hospedeira. A partir daí, geralmente, vírus que possuem genomas compostos por DNA sintetizam seus componentes no núcleo celular, enquanto os vírus compostos de RNA sintetizam seus componentes no citoplasma.
· Biossíntese
Uma vez no interior da célula hospedeira, os vírus utilizam sua maquinaria para síntese de suas proteínas, tanto estruturais, quanto não estruturais, e são classificados de acordo com sua estratégia de replicação e tipo de genoma.
· Classe I– Replicação no citoplasma, independentemente do genoma celular.
· Classe II– Ocorre no núcleo, simultaneamente à síntese do genoma celular.
· Classe III– Replicação no citoplasma, inicialmente apenas uma das fitas é copiada.
· Classe IV– Ocorre no citoplasma, porém o processo ainda é desconhecido.
· Classe V– Fita simples de RNA serve de molde para a síntese de genoma e RNA mensageiro.
· Classe VI– Vírus RNA que possui uma enzima chamada transcriptase reversa, responsável pela síntese de DNA a partir de RNA.
· Classe VII– Forma uma molécula de RNA intermediário.
· Montagem e maturação
Fase em que o nucleocapsídeo, constituído de capsídeo e genoma, é formado pela agregação das proteínas estruturais. Após montagem, as partículas virais tornam-se mais completas, quando em alguns casos ganham um envoltório lipídico em sua liberação.
· Liberação
A saída dos vírus das células pode ocorrer por duas maneiras: Brotamento ou lise celular. No brotamento, o vírus aproxima-se da membrana pela face interna e carrega uma parte desta ao sair, sendo chamado de vírus envelopado. Já na lise celular, a célula é rompida pela grande quantidade de partículas virais sintetizadas, que logo infectam as células adjacentes.
Atividade
1. Nucleocapsídeo é o nome que se dá a que estrutura viral?
a) Genoma de DNA b) Genoma de RNA c) Capsídeo d) Envelope e) Capsídeo + ácido nucleico
GABARITO: O aluno deve ser capaz de identificar as estruturas de uma partícula viral. O capsídeo se monta ao redor do genoma, formando o nucleocapsídeo.
2. Os vírus que saem da célula hospedeira através do processo de brotamento, carreando parte de sua membrana, são chamados:
a) Encapsulados b) Proteicos c) Líticos d) Envelopados e) Nenhuma das anteriores
3. Cite três diferenças básicas entre células bacterianas e os vírus.
GABARITO: As células bacterianas e partículas virais possuem inúmerasdiferenças, dentre as quais se encontram a presença de somente um tipo de material genético, ácido nucléico infeccioso, metabolismo ativo presente nas bactérias e ausente nos vírus, assim como produção de macromoléculas, crescimento em meios inertes, divisão binária e sensibilidade aos antibióticos.
Viroses de interesse clínico
Nesta aula, abordaremos quatro viroses de interesse clínico. Vamos lá.
Dengue
Doença febril aguda que pode ser de curso benigno, assintomática ou dengue clássico, ou grave, febre hemorrágica da dengue.
Sintomas:
Dengue clássica
Apresenta início abrupto, com febre alta, mialgia, prostração, anorexia, diminuição ou perda da força física, dor retro-orbitária, náuseas, vômitos, exantema, prurido cutâneo e dor abdominal. Dura cerca de 5 a 7 dias.
Dengue hemorrágica
A febre hemorrágica da dengue apresenta sintomas iniciais semelhantes à dengue clássica, porém, o quadro se agrava no terceiro ou quarto dia, com letargia, palidez de face, hipotensão com diminuição da pressão arterial, manifestações hemorrágicas, derrames cavitários, com trombocitopenia e hemoconcentração.
O vírus da dengue possui quatro sorotipos distintos, que levam à produção de anticorpos específicos que não conferem imunidade entre si.
Transmissão: Ocorre com a picada do mosquito Aedes aegypti contaminado pelo vírus da dengue.
Epidemiologia: A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 50 milhões de pessoas contraem a doença a cada ano. Cerca de 500 mil pessoas são hospitalizadas, com 24 mil evoluindo para óbito. A dengue se tornou uma doença endêmica na cidade do Rio de Janeiro, com surtos ocorrendo no verão, época chuvosa e de proliferação do mosquito.
Gripe
Doença do sistema respiratório causada pelo vírus influenza, com grande potencial de transmissão. A influenza pode apresentar três sorotipos: A, B e C, sendo A e B responsáveis por epidemias sazonais e C por infecções respiratórias brandas. Causam intensa inflamação no epitélio respiratório devido à destruição das células, por apoptose, provocada pela replicação viral.
Sintomas: Inicia-se com febre, dor no corpo, dor de cabeça e tosse seca. Com evolução limitada, no geral, dura de um a quatro dias na forma branda. Caso não seja tratada ou haja complicações, a gripe pode até mesmo matar.
Transmissão: Direta pessoa a pessoa é comum e ocorre por meio de gotículas expelidas pelo indivíduo infectado.
Epidemiologia: A circulação do vírus se dá de maneira sazonal, ocorrendo nas épocas mais frias e secas do ano. O vírus influenza A possui amplo histórico de agente de pandemias, sendo responsável pelas ocorridas no último século.
Hepatites virais
Doença caracterizada por inflamação do fígado, onde há necrose dos hepatócitos causada pela infecção viral, apresentando as formas assintomática ou sintomática, que pode ser fulminante. As hepatites podem ainda evoluir para a cronicidade e, anos após a infecção, desenvolver doenças graves como cirrose e hepatocarcinoma. São descritos cinco vírus classificados em A, B, C, D e E. O vírus da hepatite D ou delta é defectivo, sendo dependente do vírus B para causar infecção.
Sintomas: Os sintomas mais comuns das hepatites virais são dor abdominal, náuseas, vômitos, perda de apetite, febre, urina escura, fezes sem cor e amarelamento da pele e olhos.
Transmissão: As hepatites A e E são transmitidas por contágio fecal-oral onde se encaixam condições precárias de saneamento básico e água, higiene e alimentos; As hepatites B e D são transmitidas, principalmente, por via sexual, transfusão de sangue e hemoderivados e através de material perfurocortante contaminado; A hepatite C tem como principal via de transmissão o contato com sangue contaminado, também podendo ser transmitida da mãe para o filho, via transplacentária.
Epidemiologia: No Brasil, mais de 70% dos óbitos por hepatites virais são decorrentes da hepatite C, seguida das hepatites B e A. Somente em 2017, o país registrou 40.198 casos novos de hepatites virais. Estima-se que no mundo aconteçam cerca de 1.750.000 mortes anuais decorrentes do agravamento da doença.
Síndrome da imunodeficiência adquirida – AIDS
Doença crônica causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), que causa graves danos ao sistema imune, impossibilitando o organismo de estabelecer proteção contra outras infecções. O HIV infecta, principalmente, células TCD4, ligando-se aos receptores na superfície destas, penetrando na célula hospedeira onde irá se replicar. A janela imunológica, ou seja, o intervalo de tempo entre o contato com o vírus havendo infecção e a possibilidade de detecção de anticorpos, mostra-se longa nesta doença, o que pode dificultar o correto diagnóstico. Há dois sorotipos de vírus conhecidos: HIV-1 e HIV-2.
Sintomas: Os primeiros sintomas apresentados são semelhantes aos de outras viroses, como febre, mal-estar e mialgia, podendo ser confundida com uma gripe ou outra doença. Em seguida, o paciente entra em uma fase assintomática que pode durar anos. A fase mais tardia, sintomática, ocorre à medida que células TCD4 são destruídas e há alterações na imunidade, fazendo com que o organismo fique cada vez mais frágil e suscetível às outras infecções. Os sintomas mais comuns nessa fase são febre prolongada, diarreia crônica, perda de peso importante, sudorese noturna. Tal fase é chamada de AIDS.
Transmissão: O HIV pode ser transmitido por via sexual, transfusão de sangue contaminado, instrumentos e objetos perfurocortantes contaminados, de maneira vertical, da mãe para o filho, durante a gestação, o parto ou amamentação.
Epidemiologia: Cerca de 40 milhões de pessoas no mundo convivem com o HIV e estima-se que ocorram 2 milhões de novos casos de infecção a cada ano. São aproximadamente 1 milhão de óbitos relacionados ao HIV por ano.
Atividade
4. Vírus que causa hepatite e cuja forma de transmissão ocorre principalmente através de água contaminada:
a) Hepatite B b) Hepatite A c) Hepatite C d) Hepatite D e) Nenhuma das anteriores
5. Não representa uma forma de transmissão do HIV:
a) Aperto de mão ou abraço
b) Via sexual
c) Transfusão de sangue contaminado
d) Amamentação
e) Instrumentos perfurocortantes
GABARITO: A pessoa infectada pelo HIV ou mesmo que já apresentou a AIDS não transmite o vírus por aperto de mão ou abraço.
Aula 6: Fungos: estrutura celular e principais micoses que acometem humanos
Apresentação
Nesta aula, conheceremos as características das células fúngicas e abordaremos o desenvolvimento de micoses. Veremos as principais características dessas infecções e problemas que dificultam os possíveis tratamentos. Além disso, estudaremos os métodos de prevenção.
Objetivos
· Descrever a estrutura das células fúngicas;
· Explicar micoses de interesse clínico.
O que são fungos?
Os fungos são microrganismos eucariotos, podendo apresentar-se como seres unicelulares ou multicelulares. Por muito tempo, foram classificados como plantas, até que o Reino Fungi fosse criado.
São classificados como seres quimiorganotróficos, ou seja, obtém energia a partir de compostos químicos orgânicos, habitando diversos ambientes como agentes degradadores.
Na área da saúde, os fungos ganham destaque tanto como agente produtor de antibióticos, quanto agente causador de infecções superficiais e graves.
Reino Fungi
Criado em 1969, atualmente é constituído por mais de 100.000 espécies descritas. É composto por microrganismos eucariotos, que não apresentam grandes exigências nutricionais, como falado anteriormente. Os fungos podem ser patógenos de animais e vegetais, também podem ser empregados na indústria e até mesmo servir de modelo experimental de células eucarióticas.
O reino é dividido em seis filos de acordo com suas características estruturais. No entanto, quatro deles tem importância médica:
Morfologia das células fúngicas
As células dos fungos apresentam duas diferenças básicas quando comparadas às células dos animais: a presença de parede celular e moléculas de ergosterol na membrana citoplasmática, atuando na sua fluidez. A parede celulardos fungos é formada de 80 a 90% por polissacarídeos, quitina e glucanas, e é essencial para sobrevivência destes, conferindo forma à célula e criando uma barreira contra o meio externo.
Como células eucariontes, os fungos possuem organelas citoplasmáticas superiores, membrana nuclear e, consequentemente, núcleo compartimentalizando seu material genético.
O núcleo pode aparecer somente uma vez em fungos unicelulares ou várias vezes em fungos multicelulares.
A reprodução dos fungos pode ser dar de maneira sexuada ou assexuada, com formação de esporos chamados conídios. Os conídios são estruturas frequentemente pigmentadas e resistentes ao dessecamento que atuam na dispersão dos fungos para outros habitats.
Muitos fungos apresentam cápsula mucopolissacarídica, que agem auxiliando no processo de evasão do sistema imune impedindo a fagocitose, e também é utilizada para a classificação e identificação desses.
Atividade
1. As células fúngicas se diferenciam das células bacterianas por apresentarem:
a) Membrana citoplasmática. b) Ribossomos. c) Núcleo. d) Capsídeo + ácido nucleico.
e) Cromossomo.
GABARITO: As células fúngicas, diferentemente das bactérias, são eucariotas, o que significa que possuem um compartimento que abriga seu material genético, o núcleo.
Fungos filamentosos
Os fungos podem se apresentar como microrganismos multicelulares, sendo chamados de filamentosos, formando colônias algodonosas, aveludadas que podem exibir alguma pigmentação. Filamentos são estruturas formadas pelas HIFAS, elementos multicelulares em forma de tubo, podendo ou não ter septos. Os septos consistem em divisões entre duas células, feitas pela parede celular, que podem ou não se fechar totalmente, permitindo em alguns casos, a comunicação entre elas.
As hifas iniciam a partir de um esporo, ramificando-se continuamente e formando um conjunto mais ou menos denso de filamentos, chamado micélio.
Por sua vez, o micélio pode ser dividido conforme sua função em:
Vegetativo: Desenvolve-se no interior do substrato, funcionando também como elemento de sustentação e absorção de nutrientes.
Aéreo: Projeta-se na superfície e cresce acima do meio de cultivo.
Reprodutivo: Diferencia-se a partir do micélio aéreo, onde são formados os conídios, com importância na dispersão e reprodução dos fungos. O micélio reprodutivo é de importância fundamental na identificação morfológica da maioria das espécies fúngicas.
O modo de reprodução primária envolve a produção de conídios, que podem ser:
Compactos e leves, os conídios podem se dispersar por diversos ambientes e germinar quando estiverem em um substrato favorável.
Fungos leveduriformes
As leveduras podem crescer em abundância em locais onde há presença de açúcares como o de frutas, flores e casca de árvores. Algumas espécies de leveduras desenvolvem uma relação de simbiose com plantas e animais.
Em algumas ocasiões, onde encontra condições propícias, podem formar filamentos, estruturas típicas de fungos filamentosos.
Atividade
2. “São elementos multicelulares em forma de tubo, podendo ou não ter septos.” Essa frase se refere a qual estrutura dos fungos?
a) Conídios b) Melanina c) Núcleo d) Parede cellular e) Hifas
GABARITO: Hifas são elementos multicelulares, com ou sem septos, presentes nos fungos filamentosos.
3. Os fungos leveduriformes têm como características principais:
a) Serem unicelulares e reproduzirem por brotamento.
b) Serem multicelulares e reproduzirem por brotamento.
c) Serem multicelulares e possuírem conídios.
d) Serem unicelulares e possuírem conídios.
e) Serem multicelulares, possuírem conídios e reproduzirem de maneira sexuada.
GABARITO: Os fungos leveduriformes são seres unicelulares, que têm por características serem anaeróbios facultativos e apresentarem crescimento rápido entre 35ºC e 37ºC. Não formam conídios, reproduzindo-se através de brotamento, reprodução sexuada e fissão binária.
Produção de fatores de virulência
Alguns fungos, mais associados a doenças, produzem estruturas que conferem maior poder de causar infecções, essenciais no processo da patogênese por aumentar a agressividade do patógeno. Tais estruturas são chamadas de fatores de virulência e apresentam naturezas diversas. Das mais importantes já descritas para os fungos, destacam-se a formação de biofilmes e a produção de melanina.
Biofilme
Comunidade microbiana, formada por uma ou mais espécies, aderida a uma superfície e protegida por uma matriz de polímero orgânico. O biofilme ajuda na manutenção das células em ambientes mais inóspitos e dificulta o tratamento de infecções.
Melanina
Alguns fungos possuem moléculas de melanina em sua parede celular, o que os protege da ação de anticorpos e da entrada de antifúngicos nas células.
Micoses superficiais e cutâneas
Veja os tipos de micoses superficiais e cutâneas, como são diagnosticadas e os tipos de tratamento disponíveis.
Ptiríase versicolor: Também conhecida como tinea versicolor, é uma infecção fúngica superficial crônica, causada por Malassezia spp.
 
As lesões apresentam pequenas máculas hipo ou hiperpigmentadas, frequentemente atingindo a região do tronco, braços, tórax, ombros, face e pescoço.
Veja a seguir como são feitos o diagnóstico e o tratamento:
Diagnóstico: Feito pela visualização direta no microscópio do fungo presente nas camadas epidérmicas.
Tratamento: Há diferentes esquemas de tratamento que incluem uso de xampus e pomadas contendo antifúngicos, como o cetoconazol ou sulfeto de selênio, e utilização de antifúngicos orais.
Tinea nigra: Infecção fúngica superficial, causada por Hortaea werneckii. Aparece como uma mácula isolada, irregular e pigmentada, geralmente na palma das mãos ou planta dos pés.
 
Diagnóstico: Feito por exame microscópico das escamas da pele.
Tratamento: Não apresenta dificuldades, podendo ser feito com a utilização de antifúngicos derivados imidazólicos de uso tópico.
Piedra branca: Infecção superficial dos pelos, afetando principalmente pelos da região inguinal e axilas. Caracteriza-se pelo aparecimento de pequenos nodos, de consistência mucilaginosa, coloração branco amarelada ou amarelo acastanhada e aspecto fusiforme.
Veja a seguir como são feitos o diagnóstico e o tratamento:
Diagnóstico: O diagnóstico diferencial é importante, uma vez que pode ser confundida com outras micoses, como pediculose e piedra preta.
Tratamento: Recomenda-se fazer o corte dos pelos e a utilização de soluções tópicas de antifúngicos como o cetoconazol.
Piedra preta: Infecção superficial causada por Piedraia hortae, que afeta os pelos do couro cabeludo, principalmente. Diferente do que podemos observar na piedra branca, a piedra preta é fortemente aderida ao cabelo, não sendo fácil sua remoção por processos mecânicos.
Veja a seguir como são feitos o diagnóstico e o tratamento:
Diagnóstico: Há presença de nódulos de coloração escura, endurecidos, resistentes e aderentes apenas nos cabelos. A confirmação do diagnóstico é feita pela visualização no microscópio de conídios presentes nos nódulos.
Tratamento: Semelhante ao da piedra branca, onde se faz o corte dos pelos infectados e utilização de derivados imidazólicos..
Micoses subcutâneas
Veja os tipos de micoses subcutâneas, como são diagnosticadas e os tipos de tratamento disponíveis.
Esporotricose: Infecção crônica causada por Sporothrix schenckii, geralmente benigna.
 Pode ser:
A contaminação ocorre por lesão traumática da pele, incluindo picada de insetos e transmissão por animais, principalmente, gatos. Mais recentemente, a via aérea foi observada como fonte de contaminação.
Veja a seguir como são feitos o diagnóstico e o tratamento:
Diagnóstico: O diagnóstico definitivo requer cultura do pus ou do tecido infectado para observação das células fúngicas, ou cultura para análise da morfologia típica colonial do patógeno.
Tratamento: Na maioria das vezes, o tratamento recomendado inclui a administração de itraconazol, complexo lipídico de anfotericina B, terbinafina ou iodeto de potássio..

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