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HISTÓRIA DO BRASIL IMPÉRIO 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Professor Especialista Daniel Marques de Freitas 
 
● Graduado em História pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras 
de Paranavaí - Fafipa 
● Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Metropolitana de Santos - 
Unimes 
● Especialista em Didática e Metodologia da Educação, pelo Centro universitário - 
UniFatecie 
● Cursou Especialização Interdisciplinar em Ciências Sociais pela Universidade 
Estadual do Paraná - UNESPAR. 
● Especialista em Métodos e Técnicas de Ensino. Universidade Tecnológica 
Federal do Paraná - UTFPR 
 
Experiência como professor da educação básica desde 2008 e no Ensino Superior desde 
de 2015. Atuou na coordenação pedagógica do ensino médio. Já realizou pesquisas e 
produção de material didático em projetos como o da universidade sem fronteiras. 
Promoveu eventos acadêmicos para ampliação de conhecimentos e para a comunidade. 
 
Link do Currículo na Plataforma Lattes. - http://lattes.cnpq.br/1967685285200012 
http://lattes.cnpq.br/1967685285200012
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
Sejam todas e todos, muito bem-vindas e bem-vindos!!! 
 
 
Essa disciplina tem uma relevância muito grande para compreendermos o Brasil 
e suas estruturas sociais e políticas. Vamos estudar a formação política e social da nossa 
nação a partir da independência. E o que se constrói nesse período será determinante 
para o processo republicano e deixará marcas difíceis de serem apagadas em setores 
excluídos e marginalizados do nosso povo. 
Esse material está dividido em quatro unidades, em cada uma delas iremos 
analisar e compreender processos históricos importantes para a história brasileira. Na 
Unidade I vamos compreender como as relações entre Portugal, de D. João VI, e a 
Inglaterra comprometeram as relações políticas e econômicas brasileiras, ao mesmo 
tempo em que abriram o caminho para a nossa independência política em 1822. 
Já na unidade II vamos estudar os eventos imediatos e determinantes da nossa 
independência, assim como o primeiro período do Brasil independente, o Governo de D. 
Pedro I. Ainda teremos um espaço para conhecer as revoltas do Período Regencial, que 
nos ajudam a repensar o mito do povo brasileiro como pacifico e cordial. 
Na unidade III vamos debater o processo histórico que levou ao fim da escravidão 
no Brasil, em 1888, o ultimo país da américa a abolir a escravidão. Nesse debate vamos 
compreender como esse processo perpetuou as deisgualdades entre brancos e negros 
e o por que o dia 13 de maio não é uma data comemorativa para o movimento negro, 
mas sim uma data de protesto e reflexão. 
A última etapa dos nossos estudos, a unidade IV, vamos compreender os conflitos 
internos e externos contribuíram para o desgaste da monarquia brasileira, como esse 
processo ajudou no surgimento do Movimento Republicano e como os militares 
colocaram fim no Segundo Reinado e consequentemente, na monarquia. 
Esperamos que esses debates, estudos e reflexões possam contribuir com o seu 
conhecimento e desenvolvimento acadêmico e pessoal. Desejamos a você toda boa 
sorte em relação aos estudos e a sua profissão. 
Muito obrigado e bom estudo! 
UNIDADE I 
 
A CORTE JOANINA NO RIO DE JANEIRO 
Professor Especialista Daniel Marques de Freitas 
 
 
Plano de Estudo: 
● A Família Real e a crise do sistema colonial; 
● Dom João VI e o Império; 
● A construção da monarquia no Brasil; 
● Uma Portugal em território brasileiro: Da Arquitetura as Artes. 
 
 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Contextualizar os processos externos e internos que contribuíram para a 
Independência do Brasil; 
• Compreender como os acordos internacionais comprometeram a nossa 
independência; 
• Estabelecer a importância da compreensão da história como processo. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A História do Brasil que iremos analisar nesta disciplina, está inserida em um 
contexto de muitas transformações, não somente no Brasil, mas em toda a América e 
Europa. Por isso é fundamental que você compreenda que a História não pode ser 
entendida como uma sucessão de fatos em uma sequência linear e evolutiva. Os eventos 
históricos fazem parte de um processo, de uma rede mais ou menos complexa de 
eventos que estão relacionados. 
Nesse sentido é importante compreender essa relação para que se possa ter uma 
maior noção de como determinados eventos aconteceram, e deixarmos de analisá-los 
isoladamente para compreendermos de uma forma mais completa. Isso fará com que a 
História deixe de ser uma rede de datas, eventos e nomes, para ser de fato uma ciência 
que pretende explicar a nós e a sociedade em que vivemos. 
Você que está se preparando para ser professor ou professora, é fundamental 
essa compreensão para que possa fazer com que seu aluno compreenda a História, não 
como um estudo do passado somente, mas como um estudo de nós mesmos. História, 
para os alunos, precisa ser significativa e isso só é possível através de uma análise dos 
processos históricos relacionados a nossa história. 
Nesse sentido, ao analisarmos o processo de formação do Estado brasileiro, 
desde o processo de Independência até a Proclamação da República, devemos 
compreender como, por exemplo, a Revolução Francesa e o Iluminismo contribuíram 
para as lutas emancipacionistas no Período Colonial. Ou ainda como os processos de 
Independência dos EUA, o Império Napoleônico e o liberalismo ajudaram nas lutas e na 
construção do Brasil no início da década de 1820. 
Não teremos tempo para analisar cada um desses eventos, você deve ter feito 
essa análise ou fará em outras disciplinas. Nessa disciplina vamos comentar e analisar 
alguns desses eventos que inseridos em um processo histórico, nos ajudarão a 
compreender o nosso processo de formação de Estado e país. 
Analisaremos os processos internos também. Não podemos deixar de lado e 
devemos priorizar a nossa História interna. É claro que o que acontece na Europa e no 
restante da América é fundamental para que possamos explicar alguns eventos internos 
da nossa história. Mas analisar as lutas internas pela nossa independência e, depois, 
pela construção de um projeto de nação e país, são fundamentais para compreendermos 
a formação do nosso Estado e mais ainda, para compreendermos por que algumas 
permanências institucionais e estruturais da nossa sociedade, que não permite avanços 
e mantém privilégios. 
1 A FAMÍLIA REAL E A CRISE DO SISTEMA COLONIAL 
 
 
 
Essa introdução foi necessária porque ao compreendermos como se forma o 
nosso Estado, precisamos recorrer a alguns eventos e processos que estão acontecendo 
na Europa concomitante com o que está acontecendo no Brasil. A História do Brasil como 
você sabe, está muito atrelada a História da Europa e de Portugal. Então, analisar alguns 
eventos da História europeia e portuguesa é fundamental para compreendermos 
algumas direções da nossa História. Sem nos esquecer, evidentemente, do que está 
acontecendo internamente no Brasil nesse período. 
Estamos analisando o final do século 18 e o século 19. Na Europa muitas coisas 
estão acontecendo, entre tantas um destaque especial para a Revolução Industrial, a 
Revolução Francesa e o Iluminismo serão determinantes para o processo de 
independência e formação do nosso Estado Brasileiro. 
A Revolução Industrial que se iniciou no século 18, na Inglaterra, mudou o modo 
como as coisas eram produzidas, consumidas e descartadas. Mudou a forma com que 
as pessoas se relacionam e as relações entre os Estados. Antes dessa revolução já 
existia uma “globalização”, que se iniciou, com as Grandes Navegações. Mas após a 
Revolução Industrial, essa globalização passa a ser mais intensa e ganha outras 
características. 
Mas o fato é que a Revolução Industrial fez da Inglaterra uma superpotência 
mundial. E para atender seus interesses ela foi além de suas fronteiras. Um desses 
limites se deu com Portugal e com o Brasil. O Brasil despertava os interessesas elites regionais que esperavam do novo governo 
e do novo país, a garantia de maior autonomia provincial. Pernambuco foi quem mais 
ficou descontente com essa nova Constituição. Vale lembrar que o nordeste e 
principalmente Pernambuco, foram palcos de diversas revoltas populares e da elites. E 
é nesse contexto que uma das revoltas mais importantes e mais famosas do nordeste 
aconteceu, a Confederação do Equador. Descontentes com o autoritarismo e a 
centralização do poder de D. Pedro I as províncias da Paraíba, Ceará e Rio Grande do 
Norte, liderados por Pernambuco, se declaram independentes do Brasil e criaram uma 
república independente. Processo que durou alguns meses e foi duramente reprimido 
por D. Pedro I. 
A repressão violenta aos movimentos e conflitos sociais foi uma marca histórica 
do Brasil e faz parte das estruturas administrativas dos governos brasileiros, desde a 
época colonial até os dias de hoje. A Confederação do Equador não foi diferente, as 
lideranças foram mortas e presas, entre elas Frei Caneca que foi condenado à forca, 
mas diante da recusa do carrasco de executar a pena, acabou fuzilado. 
Ainda nesse contexto de movimentos dissidentes em relação à construção do 
novo Estado Brasileiro, que se caracterizava cada vez mais como autoritário e 
centralizador, está a Guerra da Cisplatina. A província Cisplatina que hoje conhecemos 
como Uruguai, sempre foi colônia espanhola. Mas com a chegada de dom João VI ao 
Brasil foi ocupada por Portugal e se tornou província brasileira desde 1816. Em 1825 os 
cisplatinos iniciaram o processo que levaria a Independência do Uruguai. 
Dom Pedro mobilizou tropas e o exército para tentar impedir o processo de 
separação Cisplatina em relação ao Brasil, porém a participação de Dom Pedro na 
Guerra Cisplatina foi desastrosa e humilhante, além de trazer prejuízos financeiros muito 
altos à coroa. Um dos motivos para o descontentamento em relação à guerra da 
cisplatina tem relação com a exigência o recrutamento forçado da parte da população 
mais pobre para compor o exército brasileiro nesta guerra. Além já as despesas com a 
guerra na medida em que o Brasil não tinha dinheiro estava com a economia 
enfraquecida e precisou se endividar ainda mais para se manter na guerra e nada disso 
adiantou na medida em que o Brasil acabou perdendo a guerra e Uruguai se tornando 
um país independente 
A perda dessas guerras manchou ainda mais a imagem de D. Pedro I em relação 
à opinião pública e em relação às elites brasileiras. O imperador não era uma pessoa 
que reservava a sua particular a privacidade do palácio, era conhecido pelas amantes e 
pela vida boêmia que tinha. Essa não era a imagem que a população esperava de um 
governante. Associado a isso o autoritarismo e as despesas reais fizeram com que a 
manutenção de D. Pedro I no trono brasileiro ficou insustentável. 
Para piorar ainda mais a situação dele, em relação à opinião pública, a morte de 
d. João VI, veio para causar ainda mais preocupação em relação às posturas de D. Pedro 
I. Como Dom Pedro I herdeiro do trono português, após a morte de seu pai acabou 
assumindo o trono de Portugal, as elites brasileiras entenderam esse período como uma 
ameaça à autonomia brasileira e um possível regresso do Brasil ao Reino Unido de 
Portugal. Mas para evitar ainda mais conflito com a população brasileira, abdicou do 
trono em nome da sua filha, dona Maria da Glória com apenas 13 anos. 
A gota d'água para Dom Pedro I foi a volta de sua viagem a Minas Gerais. o 
imperador havia ido a Minas Gerais para tentar amenizar opinião negativa que tinha em 
relação à população desta província tão importante. os portugueses haviam preparado 
uma recepção festiva a Dom Pedro I no Rio de Janeiro, porém a população Fluminense 
reagiu e iniciou um confronto que durou 5 dias e ficou conhecido como as noites da 
garrafada. Depois desse episódio, Dom Pedro resolveu abdicar ao trono em nome de 
seu filho Pedro de Alcântara com apenas 5 anos. 
Este seria o fim do primeiro Império brasileiro marcado por autoritarismo gastos 
públicos, escândalos envolvendo a família real, forte oposição política, e a manutenção 
das estruturas coloniais principalmente da escravidão. 
4 PODER E POLÍTICA NA REGÊNCIA: A ASCENSÃO DE DOM PEDRO II 
 
Imagem do Tópico:ID da foto stock livre de direitos: 1897470829 
 
No dia em que Pedro I abdicou do trono do Brasil os deputados e senadores do 
novo Império estavam em período de recesso, a grande maioria dos deputados estavam 
fora do Rio de Janeiro, estavam em suas próprias províncias. Este é um detalhe 
importante, na medida em que segundo a Constituição outorgada em 1822, caso o 
imperador não pudesse mais governar e caso sucessor não tivesse idade para assumir 
o trono, o Brasil deveria ser governado por uma junta de deputados através de um 
processo conhecido como regência. E este era o caso do Brasil naquele momento. 
O sucessor do trono brasileiro Dom Pedro II, tinha apenas 5 anos de idade e não 
podia assumir o trono imperial. Foi preciso então organizar uma Regência provisória até 
que os deputados retornassem ao Rio de Janeiro, para assumirem uma Regência 
permanente. O período que vai da abdicação de Dom Pedro I à ascensão ao trono de 
Dom Pedro II ficou conhecido como Período Regencial, marcado por duas regências 
trinas e duas regências unas, além de uma série de conflitos políticos e sociais. 
A primeira Regência trina, foi organizada às pressas para não deixar o Império 
sem governo até o retorno dos deputados ao Rio de Janeiro. Porém, antes de falarmos 
https://www.shutterstock.com/pt/photos
um pouco mais sobre essa Regência e as reformas que este primeiro grupo tentou 
implementar é preciso ressaltar e caracterizar as disputas políticas que existiam 
internamente no Brasil. 
Três grupos se destacam nesse processo, os Moderados, os exaltados e os 
regressistas ou absolutistas. Estes tiveram vida curta enquanto grupo político, pois na 
medida em que desejavam o retorno de dom Pedro I para o Brasil, tiveram suas 
expectativas frustradas com a morte de Pedro em 1834. O que diferenciava os exaltados 
dos moderados era a defesa de maior autonomia política, principalmente para as 
províncias, mas na essência eram o mesmo grupo, o das elites proprietárias de terra. 
Após a morte de d. Pedro I as disputas políticas internas brasileiras se reduziram em 
dois grupos, que se revezavam no poder, os liberais e os conservadores. Essa disputa 
se estende até o surgimento dos partidos republicanos, em especial o de São Paulo. 
Enquanto estavam no poder, liberais e conservadores iniciaram uma série de 
reformas que de muitas formas tentavam diminuir o poder moderador e fortalecer o poder 
legislativo. Um exemplo disso foi o Ato Adicional de 1834, que acabava com o poder 
moderador no período regencial. Os regentes deram mais poder às Assembleias 
Provinciais, garantindo mais autonomia às províncias. Outra lei importante desse período 
foi a criação da Guarda Nacional com objetivo de proteger o Estado de conflitos e 
ameaças internas. 
Importante destacar que nesse período a produção de café começa a despontar 
como principal produto agrícola brasileiro para exportação. O café será o responsável 
pelas mudanças internas políticas e econômicas do Brasil. O café começa a ser plantado 
na região do Vale do Paraíba nas províncias de São Paulo e do Rio de Janeiro. Com a 
ampliação da produção, as fazendas de café se deslocam para a região do Oeste 
Paulista e na província de Minas Gerais. Os fazendeiros do café, se tornaram a elite 
dominante nas relações políticas do Brasil até a década de 1930. 
Os barões do café serão responsáveis pela manutenção de diversas estruturas 
da nossa sociedade em especial a escravidão. São eles, sem que nos esqueçamos dos 
fazendeiros de outras regiões, que ainda produzem artigos importante para a exportação, 
que dificultam o processo abolicionista e o fim daescravidão no Brasil. 
 
 
 
 
As Revoltas Regenciais 
 
 
Como havíamos dito mais acima, o período Regencial, também foi marcado por 
intensas revoltas sociais. Essas revoltas mostram o grau de insatisfação de diversos 
setores da sociedade brasileira em relação aos caminhos que o Brasil vinha tomando 
desde a independência. Muitas dessas revoltas tinham caráter popular e até 
antiescravagista, muitas delas tiveram a participação ativa das elites regionais, mas em 
comum, todas elas eram contra as políticas econômicas e sociais adotadas internamente 
no Brasil desde o governo de D.Pedro I. Abaixo apresento um resumo objetivo das 
principais revoltas desse período, apresentando as causas particulares de cada uma 
delas, o ano em que ocorreram, a localidade e as lideranças. Em seguida apresento 
uma lista de outras revoltas que também marcam esse período. O resumo e lista 
apresentada são do site historiadobrasil.net, o link para acessar o conteúdo na íntegra 
está nas referências. 
 
Cabanagem (1835 a 1840) 
Local: Província do Grão-Pará 
Revoltosos: índios, negros e cabanos (pessoas que viviam em cabanas 
às margens dos rios). 
Causas: péssimas condições de vida da população mais pobre e domínio 
político e econômico dos grandes fazendeiros. 
 
Balaiada (1838 a 1841) 
Local: Província do Maranhão 
Revoltosos: pessoas pobres da região, artesãos, escravos e fugitivos 
(quilombolas). 
Causas: vida miserável dos pobres (grande parte da população) e 
exploração dos grandes comerciantes e produtores rurais. 
 
Sabinada (1837 a 1838) 
Local: Província da Bahia 
Revoltosos: militares, classe média e pessoas ricas. 
Causas: descontentamento dos militares com baixos salários e revolta 
com o governo regencial que queria enviá-los para lutarem na Revolução 
Farroupilha no sul do país. Já a classe média e a elite queriam mais poder 
e participação política. 
 
Guerra dos Farrapos (1835 a 1845) 
Local: Província de São Pedro do Rio Grande do Sul (atual RS). 
Revoltosos: estancieiros, militares-libertários, membros das camadas 
populares, escravos e abolicionistas. 
Causas: descontentamento com os altos impostos cobrados sobre 
produtos do sul (couro, mulas, charque, etc.); revolta contra a falta de 
autonomia das províncias. 
 
Revolta dos Malês (1835) 
Local: cidade de Salvador, Província da Bahia. 
Revoltosos: escravos de origem muçulmana. 
Causas: os revoltosos eram contrários à escravização, à imposição do 
catolicismo e às restrições religiosas. 
 
Outras revoltas regenciais: 
Carneiradas, em Pernambuco, 1834-1835. 
Revolta do Guanais, na Bahia, 1832-1833. 
Insurreição do Crato, no Ceará, 1832. 
Abrilada, em Pernambuco, 1832. 
Setembrada, em Pernambuco, em 1831. 
Novembrada, em Pernambuco, em 1831. 
Revolta de Carrancas, em Minas Gerais, em 1833. 
Revolta de Manuel Congo, no Rio de Janeiro. 
Rusgas, no Mato Grosso, 1834. 
Setembrada, no Maranhão, em 1831. 
(RAMOS, 2019, online). 
 
Essas revoltas assim como as disputas políticas entre liberais e conservadores 
levaram a uma instabilidade política muito grande no Brasil. A saída articulada pelas 
elites para acalmar os ânimos no interior do Brasil e um retorno à centralidade da 
administração do império, foi garantir a posse de dom Pedro II como imperador, mesmo 
antes dele completar a maioridade. Assim, em 1840, com apenas 14 anos, dom Pedro II 
foi coroado como imperador no processo que ficou conhecido como Golpe da 
Maioridade. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
 
Para compreender um pouco mais sobre José Bonifácio sobre quem foi essa 
figura tão importante para a nossa Independência e para a nossa história sugiro que 
vocês assistam este vídeo do canal Bueno as Ideas onde Eduardo Bueno explica a 
história de José Bonifácio a sua formação intelectual e a sua posição política em relação 
a construção do Brasil enquanto um estado independente. 
(435) JOSÉ BONIFÁCIO, O REI DO BRASIL - EDUARDO BUENO - YouTube 
 
Para vocês compreenderem um pouco mais da história de dona Leopoldina sugiro 
o vídeo do canal Buenos Ideas de Eduardo Bueno, onde ele conta um pouco da história 
de dona Leopoldina e importância dela para a história brasileira. Além do canal Buenos 
Ideias surgiu da leitura do texto Da Áustria para o trono brasileiro: Dona Leopoldina de 
Habsburgo, uma imperatriz nos trópicos do historiador Renato Drummond Tapioca Neto, 
publicado no site Café História. O link para os dois acessos segue abaixo 
(435) A IMPERATRIZ INFELIZ | EDUARDO BUENO - YouTube 
https://www.cafehistoria.com.br/dona-leopoldina-imperatriz-nos-tropicos/ 
 
Mais uma sugestão interessante para vocês. O link abaixo é do canal Nefrologia 
de História, do professor Felipe Figueredo. Entre vários temas interessantes que ele 
apresenta em seu canal, o recorte histórico sugerido para esse momento é o da 
Independência do Brasil, que evidentemente se relaciona com o que estamos estudando 
nesta unidade. 
 
(435) Independência do Brasil | Nerdologia - YouTube 
 
O link abaixo é de um documento produzido pela Secretaria de Cultura do Governo da 
Bahia. O texto foi produzido em comemoração ao processo de consolidação da 
independência do Brasil na Bahia e as datas comemorativas do 2 de Julho. O texto 
apresenta os fatos e as heroínas e heróis desse processo. 
http://200.187.16.144:8080/jspui/bitstream/bv2julho/232/1/A%20Bahia% 
20na%20Independ%c3%aancia%20Nacional%20- 
%20Cartilha%202%20de%20julho.pdf 
https://www.youtube.com/watch?v=j9eZysLokw0
https://www.youtube.com/watch?v=wACE9W5gffs
https://www.cafehistoria.com.br/dona-leopoldina-imperatriz-nos-tropicos/
https://www.youtube.com/watch?v=BzADvI7MAKg
O texto abaixo é uma pequena biografia da Anita Garibaldi, um símbolo importante 
da luta do povo rio-grandense e das mulheres do Brasil. 
 
Anita Garibaldi 
Revolucionária brasileira 
 
Ana Maria de Jesus Ribeiro da Silva, também conhecida como Anita Garibaldi, foi 
a combativa esposa do herói italiano Giuseppe Garibaldi. 
Anita nasceu na aldeia de Morrinhos, subúrbio do município de Laguna, em Santa 
Catarina. Seus pais eram descendentes de imigrantes dos Açores. Depois de perder o 
pai, casou-se, aos 15 anos, por insistência da mãe, com Manuel Duarte Aguiar. Esse 
matrimônio sem filhos foi um fracasso e durou pouco. 
Em 1837, durante a Guerra dos Farrapos, Giuseppe Garibaldi, a serviço da 
República Rio-Grandense, tomou a cidade portuária de Laguna, transformando-a na 
primeira capital da República Juliana. Ali, conheceu Anita - e desde então permaneceram 
juntos. Entusiasmada com os ideais democráticos e liberais de Garibaldi, ela aprende a 
lutar com espadas e usar armas de fogo, convertendo-se na guerreira que o 
acompanharia em todos os combates. 
 
A grande fuga 
 
 
Durante a batalha de Curitibanos, o casal se separa, inadvertidamente, e Anita é 
capturada pelo exército imperial. Presa, os oficiais a informam de que Garibaldi morreu. 
Anita, que estava grávida, pede então que a deixem procurar o corpo de seu 
companheiro entre os mortos. Sem encontrá-lo, e suspeitando que estivesse vivo, ela se 
aproveita de um descuido dos soldados, salta sobre um cavalo e foge em meio aos 
disparos de seus perseguidores. Poucos quilômetros depois, depara-se com o rio Canoas 
e, sem hesitar, lança-se nas águas. A perseguição cessa, pois os soldados acreditam 
que ela esteja morta. Mas Anita passa à outra margem e vaga durante quatro dias pela 
mata, sem hesitar, lança-se nas águas. A perseguição cessa, pois os soldados acreditam 
que ela esteja morta. Mas Anita passa à outra margem e vaga durante quatro 
dias pela mata, sem comer ou beber. Finalmente, reencontra os rebeldes e, na cidade 
de Vacaria, une-se novamente a Garibaldi. Poucos meses depois nasceria o primeiro 
filho dos quatro que tiveram. 
Posteriormente, em 1841, Anita e Garibaldi seguiram para Montevidéu. A cidade 
estava sitiada pelas forças do argentino Juan Manuel de Rosas, que apoiava Manuel 
Oribe contra o ditador Fructuoso Rivera. Ocasal luta ao lado de Oribe. O sítio durou 
cerca de nove anos, ao fim dos quais Rivera foi derrotado na batalha de Arroyo Grande. 
 
Batalha de Gianicolo 
 
 
Anita e Garibaldi casaram-se em 26 de março de 1842, na paróquia de San 
Bernardino. Em 1847, Garibaldi enviou Anita à Itália, como sua embaixadora, a fim de 
preparar o terreno para o grande retorno de seu marido, que, acompanhado de um 
exército de mil homens, pretendia desembarcar na Itália para lutar na primeira guerra da 
independência italiana, contra a Áustria. Depois da chegada de Garibaldi, eles seguem 
para Roma, onde se proclama a República Romana. A cidade, contudo, é atacada por 
tropas franco-austríacas, e Anita, grávida do quinto filho, luta ao lado de Garibaldi na 
batalha de Gianicolo. Obrigados a bater em retirada, o casal foge acompanhado de 
um exército de quase quatro mil soldados. São perseguidos, contudo, por forças 
francesas, napolitanas e espanholas. 
Durante a fuga, quando chegam a San Marino, que também havia se libertado 
dos austríacos, Garibaldi e Anita não aceitam o salvo-conduto oferecido pelo embaixador 
norte-americano e decidem prosseguir na fuga. Anita, entretanto, contraiu febre tifóide e 
não resiste. 
Falece na fazenda Guiccioli, perto de Ravenna, em 4 de agosto de 1849. Obrigado 
a fugir para o exílio, que duraria dez anos, Garibaldi sequer pôde acompanhar o funeral 
da esposa. 
Chamada de Heroína dos Dois Mundos, Anita está enterrada na colina de 
Gianicolo, em Roma, onde ambos são homenageados com estátuas eqüestres 
Fonte: Anita Garibaldi: Revolucionária brasileira. UOL. 10 set. 2008. Da Página 3 Pedagogia & 
Comunicação. Disponível em https://educacao.uol.com.br/biografias/anita- 
garibaldi.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em: 23 jun. 2021. 
 
#SAIBA MAIS# 
REFLITA 
“Revoltas como a “Revolta dos Malês” (1835) também consistiram em ações 
protagonizadas por homens e mulheres negros contra as imposições da lógica 
escravista. Em grande parte desses casos, as lutas pela conquista da liberdade eram 
combatidas pelas autoridades com diversas formas de punição, que poderiam incluir 
chibatadas em locais públicos, assim como morte e esquartejamento de seus líderes” 
 
Fonte: MARQUES, Thaís Pio. Historiadoras comentam a abolição da escravidão no Brasil. Disponível 
em https://www.cafehistoria.com.br/historiadoras-comentam-a-abolicao-da-escravidao-no-brasil/. Acesso 
em: 23 jun. 2021 
 
Com base nesse trecho da reportagem da historiadora Thais Pio Marques, pense 
sobre a condição dos escravos no Brasil e da importância de uma rebelião com a Revolta 
dos Malês. 
 
#REFLITA# 
https://educacao.uol.com.br/biografias/anita-garibaldi.htm?cmpid=copiaecola
https://educacao.uol.com.br/biografias/anita-garibaldi.htm?cmpid=copiaecola
https://www.cafehistoria.com.br/historiadoras-comentam-a-abolicao-da-escravidao-no-brasil/
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Nesta unidade conhecemos um pouco mais sobre como se estruturou a 
construção do Estado brasileiro. Uma das marcas desse processo é o conflito. De muitas 
maneiras e com diversos agentes, a história do Brasil avançou com base nos conflitos. 
Disputas regionais, revoltas sociais, disputa entre as elites, confrontos com o poder 
estabelecido, mas não reconhecido. 
Os conflitos podem parecer algo ruim para a história de uma nação, mas como 
pontuam os sociólogos da Sociologia do Conflito, ou da Sociologia Crítica, é nos conflitos 
que as mudanças históricas acontecem, e estas são inevitáveis. 
E a história da consolidação do Brasil independente é recheada de conflitos, como 
pudemos observar, conflitos externos como a Guerra da Cisplatina ou a sucessão do 
trono portgues. Conflitos internos entre as elites regionais brasileiras com dom Pedro I, 
como a Confederação do Equador, conflitos entre as elites como por exemplo as disputas 
políticas entre liberais e conservadores no Período Regencial e sem esquecer das 
revoltas populares que mostram que o Brasil ainda tem muitas contradições que 
precisam ser superadas. 
Por tanto, a marca dos períodos analisados nessa unidade é a dos conflitos. 
LIVRO 
Título: 1822: Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por 
dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para não resultar . 
Autor: Laurentino Gomes 
Editora: Ediouro 
Sinopse: Um livro que desvenda os acontecimentos históricos com uma metodologia 
sem falhar e que se lê com um sorriso nos lábios. "Foi como um simples tropeiro, às 
voltas com as dificuldades naturais do corpo e de seu tempo, que D. Pedro proclamou a 
Independência." O livro 1822 pretende mostrar que país era este que a corte de D. João 
deixava para trás ao retornar a Lisboa, em 1821. Vai falar do Grito do Ipiranga, das 
enormes dificuldades do Primeiro Reinado, da abdicação de D. Pedro, em 1831, sua 
volta a Portugal para enfrentar o irmão, D. Miguel, que havia usurpado o trono, e a morte 
em 1834. 
FILME/VÍDEO 
Título: Anita e Garibaldi 
Direção: Alberto Rondalli 
Ano: 2013 
Sinopse: Giuseppe Garibaldi (Gabriel Braga Nunes), 32 anos, comandante dos rebeldes 
republicanos que invadem Laguna, Santa Catarina, durante a Guerra dos Farrapos (1835 
- 1845), encontra sua alma gêmea em Anita (Ana Paula Arósio), 18 anos, esposa do 
sapateiro local. Entre a paixão e as batalhas, eles definirão o rumo de suas vidas e 
influenciarão o curso da revolução. 
REFERÊNCIAS 
 
BETHELL, Leslie. Guerra do Paraguai: 130 anos depois. Rio de Janeiro: Relume 
Dumará, 1995 
 
BRILHANTE, Neuma. O bicentenário da independência e os usos políticos do 7 de 
setembro, segundo esta historiadora (Entrevista): Bruno Leal entrevista Neuma 
Brilhante. In: Café História. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/o- 
bicentenario-da-independencia-e-os-usos-politicos-do-7-de-setembro-segundo-esta- 
historiadora/. Publicado em: 07 set. 2020. ISSN: 2674-5917. Acesso em: 23 jun. 2021 
 
CARVALHO, José Murilo de. História do Brasil Nação 2 - A Construção Nacional: 
1830-1889. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012 
 
COSTA, Célio Juvenal da; MENEZES, Seziando Luiz. Considerações em torno da 
origem de uma verdade historiográfica: o Tratado de Methuen (1703), a destruição 
da produção manufatureira em Portugal, e o ouro do Brasil. Acta Scientiarum. 
Education. Maringá, v. 34, n. 2, p. 199-209, July-Dec., 2012 . 
 
COSTA, Emília Viotti da Costa. História do Brasil Império. São Paulo: Global, 1982. 
COSTA, Emília Viotti da Costa. Da Monarquia à República. São Paulo: Unesp, 2010 
DOLHNIKOFF, Miriam. História do Brasil Império. São Paulo: Contexto, 2017. 
DOLHNIKOFF, Miriam. História do Brasil. 2ª ed. São Paulo: Editora da Universidade 
de São Paulo, 1995. 
 
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. 3. Ed. atual. e ampl., 1. reimpr. – São 
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2018. 
 
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São 
Paulo, 1995. 
 
GOMES, Jônatas Roque Mendes. A revolução liberal do Porto e as concepções de 
pacto social no parlamento brasileiro (1826-1831). Passagens. Revista 
Internacional de História Política e Cultura Jurídica, Rio de Janeiro: vol. 10, no1, 
janeiro - abril, 2018, p. 24 - 42 
 
GOMES, Laurentino. 1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma 
corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do 
Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2007. 
 
GOMES, Laurentino. 1822: como um homem sábio, uma princesa triste e um 
escoces louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil - um país que tinha 
tudo para dar errado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010. 
http://www.cafehistoria.com.br/o-
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HOLANDA,Sérgio Buarque. O Brasil Monárquico (1822-1889) - Tomo 2 Dispersão e 
Unidade. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1972 
 
LOPEZ, Luiz Roberto. História do Brasil Imperial. Porto Alegre: Mercado Aberto, 
1997 
 
NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das. Dia do Fico. In VAINFAS,Ronaldo. 
Dicionário do Brasil Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. 
 
PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Publifolha, 
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SALOMÃO, Gilberto Elias. História: Pré-vestibular. São José dos Campos: Editora 
Poliedro, 2021 
 
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na Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, de Jean Baptiste Debret. 2001. 
Dissertação Mestrado em História Social. Universidade Federal da Bahia, 2001 
http://www.historiadobrasil.net/resumos/revoltas_regenciais.htm/
UNIDADE III 
O FIM DA ESCRAVIDÃO? ABOLIÇÃO COMO UM PROJETO POLÍTICO 
Professor Especialista Daniel Marques de Freitas 
 
 
Plano de Estudo: 
• Os Abolicionistas e ação de Luiz Gama; 
• A Farsa do dia: 13 de maio de 1888; 
• A Integração do Negro na Sociedade de classe; 
• O imigrante europeu. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Contextualizar os processos de luta pelo fim da escravidão no Brasil; 
•Conceituar o dia 13 de Maio como um dia de reflexão e não de comemoração; 
• Compreender os processo de exclusão da população negra após a escravidão; 
• Estabelecer uma relação com a presença do imigrante e as desigualdades sociais 
entre os negros e brancos. 
INTRODUÇÃO 
 
Assim como debatemos nas unidades anteriores, onde afirmamos que os eventos 
e fatos históricos não podem ser analisados pontualmente, mas sim como parte de um 
processo mais denso e complexo. Assim foi o nosso debate sobre o processo de 
Independência do Brasil e da constituição do nosso Estado, da mesma forma será com 
o processo que leva ao fim da escravidão. 
O Brasil foi o último país das américas a abolir a escravidão e essa veio não pela 
bondade e caridade do poder imperial representado por dona Maria Isabel, mas sim 
através de muita luta e muita resistência dos negros escravizados, ex-escravos e uma 
militância abolicionista muito dedicada. 
Outra observação importante a respeito do fim da escravidão no Brasil, se 
relaciona com a dinâmica política e econômica que o nosso país vinha experimentando 
com a exportação de café. A mentalidade do setor médio da sociedade bem como dos 
cafeicultores do oeste paulista impulsionou diversas mudanças internas no país, entre 
elas o fim da escravidão. 
Uma observação muito importante a respeito da escravidão no Brasil, bem como 
em qualquer outro contexto ou sociedade, é o fato de que os escravos não eram passivos 
a esse processo. Ao longo da história conhecemos diversas revoltas de escravos. No 
Brasil os quilombos foram a grande marca da resistência a escravidão, mas não só isso, 
ataques as fazendas, revoltas como a dos Malês, são exemplos dessa resistência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 OS ABOLICIONISTAS E AÇÃO DE LUIZ GAMA 
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Segundo o professor João José Reis (1999), um dos maiores especialistas no 
assunto, o período que estamos estudando nesta disciplina, o século 19, é o período em 
que mais se utilizou escravos no Brasil. Só na primeira metade do século 19, quando o 
tráfico de escravos ainda era permitido no Brasil, mais de 1,5 milhão de escravos foram 
importados. 
Os escravos eram utilizados em patriarcalmente todas as atividades produtivas 
no Brasil e em todas as regiões, era a essência da economia brasileira. 
 
Mas em diversas outras regiões também observa-se a presença maciça 
de escravos nas lavouras de tecimento interno, na plantação de cereais, 
da mandioca, de produtos hortifrutigranjeiros, na pesca, na caça, na 
coleta de madeiras, em pequenas indústrias. (REIS, 1999, p. 01). 
 
Além da presença escrava na produção agrícola, observa-se também a grande 
presença de escravos nas cidades. 
 
Registre-se, finalmente, a formação de grandes centros urbanos 
escravistas, como Recife, Salvador e sobretudo o Rio de Janeiro. O Rio 
chegou a representar a maior cidade no hemisfério em população 
escrava, nela residindo perto de 80 mil cativos em meados do século. Nas 
cidades desenvolveu-se um sistema peculiar de trabalho escravo ao 
ganho, abrangendo sobretudo os serviços de transporte de cargas e 
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pessoas (em cadeiras de arruar), mas também no pequeno comércio 
ambulante, nos ofícios manuais e, é claro, o serviço doméstico, um setor 
numeroso e ocupado principalmente por escravas. (REIS, 1999. p. 02). 
 
Esses são exemplos da importância que os escravos tinham no Brasil, e poque 
era tão difícil acabar com a escravidão nessas terras. Vale lembrar que mesmo os 
setores mais progressistas e liberais, como os irmãos Andradas, por exemplo, 
consideravam que o fim da escravidão deveria ser lento e gradual, para uma adaptação 
da economia e da sociedade para essa conjuntura. 
Outro detalhe importante sobre a questão da escravidão no Brasil está 
relacionado ao tráfico de escravos essa é uma atividade extremamente lucrativa gerando 
rendimentos de mais de 100% a cada venda de cargas de escravos. Muitas vezes 
falamos dos ciclos econômicos do Brasil citando o açúcar o ouro e o café esquecemos 
de dar destaque ao tráfico de escravos como uma atividade que interessava 
comerciantes não só portugueses como ingleses, holandeses e espanhóis. 
Porém as coisas mudam desde a Revolução Industrial e a consolidação do 
capitalismo que tornou à escravidão um processo incompatível com desenvolvimento da 
economia industrial, não só nas economias industrializadas como também nas 
sociedades que exportavam produtor primários para essas indústrias, caso do Brasil 
(MARINGONI, 2011). 
...o que inviabilizou o escravismo brasileiro foi o avanço do capitalismo no 
País. Longe de ser um simplismo mecânico, a frase expressa uma série 
de contradições que tornaram o trabalho servil não apenas anacrônico e 
antieconômico, mas sobretudo ineficiente para o desenvolvimento do 
País. Com isso, sua legitimidade passou a ser paulatinamente 
questionada. (MARINGONI, 2011, online). 
 
A Inglaterra é um destaque na luta contra o tráfico de escravos, não por interesses 
humanistas ou de tolerância em relação aos povos africanos, mas sim por uma questão 
de interesses económicos. Trabalhador escravo como não recebe salário não consome, 
isso significa menor venda de produtos industrializados em inglês. Além do que a retirada 
de trabalhadores da África diminuiria a mão de obra no continente. 
Não podemos considerar esse processo só do ponto de vista económico e 
esquecer as lutas abolicionistas no interior da Inglaterra. Em nossa primeira unidade 
citamos o exemplo dos abolicionistas ingleses que panfletagem pelas ruas da Inglaterra 
imagens do navio negreiro Brookes tem um ciano como era desumano o transporte de 
seres humanos da África para o continente americano. 
Os ingleses também foram pioneiros na imposição do fim do tráfico de escravos 
no Oceano Atlântico. Na primeira unidade citamos o acordo assinado por dom João VI 
após sua chegada ao Brasil que se comprometia com a diminuição do tráfico de escravos 
para o Brasil. De lá para cá vários outros acordos foram assinados entre Brasil e 
Inglaterra a fim de pôr fim à venda de seres humanos para o trabalho escravo. 
Em 1826 o Brasil assina outro acordo com os ingleses se comprometendo em um 
prazo de 3 anos acabar com o tráfico de escravos e libertar os escravos que chegassem 
ao Brasil vindo do tráfico ilegal. Evidentemente que o Brasil não conseguiu cumprir este 
acordo tendo que renová-lo em 1831, período destacado pelo baixo fluxo de escravos 
em todo o continente. Porém não demorou muito para esse fluxo aumentar e o Brasil 
não conseguir cumprir novamente com os acordos para acabar com o tráfico de escravos.Foi essa lei de 1831 que ficou conhecida como “lei para inglês ver”, e daí a expressão 
popular tão conhecida em nossa sociedade. 
Uma das leis mais importantes assinadas neste período foi a lei Bill Aberdeen, 
1845. De acordo com essa lei, criada pelos ingleses, estava proibido o tráfico de escravos 
no Oceano Atlântico, marinha inglesa estava autorizada aprender os navios negreiros e 
as cargas e condenar os traficantes de escravos por pirataria. A elite brasileira vai sentir 
o impacto da lei, mas ainda assim não será esse o fim do tráfico de escravos no Brasil. 
Em 1848 assume no Brasil um novo Ministério, liderado pelos conservadores, este 
Ministério nomeia o angolano, Eusébio de Queiroz, casado com uma herdeira de uma 
família influente do Rio de Janeiro, para ministro da justiça, e é dele que surge a lei que 
proíbe o tráfico de escravos no Brasil em 1850. A lei Eusébio de Queiroz é a primeira lei 
que de fato dá um passo importante para o fim da escravidão no Brasil. Como afirmou o 
professor Boris Fausto (2008) essa “lei pegou”. O tráfico de escravos, assim como na lei 
inglesa, foi considerado pirataria. 
De acordo com Fausto (2008) o que justifica que a lei Bill Aberdeen tenha 
funcionado em relação às leis anteriores é a pressão inglesa para que o tráfico de 
escravos se encerrasse imediatamente, ameaçando inclusive o Brasil com um possível 
conflito. Além disso os fazendeiros brasileiros investiram pesado na compra de escravos, 
na medida em que sabiam que o tráfico estava chegando no seu fim, nesse sentido 
estavam bem abastecidos de escravos desde a década de 1840. 
Neste momento gostaria de fazer um destaque em relação a uma outra lei 
importante de 1850, o decreto conhecido como a Lei de Terras. Essa lei acabava em 
definitivo com a doação de terras por parte do governo, como foi feita anteriormente 
durante o período colonial. a partir da edição da lei de terras só poderiam ter acesso à 
Terra quem comprasse as terras vendidas pelo governo a preços altíssimos, além de 
excluir de estrangeiros de qualquer possibilidade de compra de terras no Brasil. o que 
fica claro para nós que o acesso à Terra no Brasil só poderia ser feito por quem já tinha 
muitas posses e muito dinheiro para adquirir uma propriedade rural, excluindo a massa 
pobre negro de ex-escravos e escravizados. A lei de terras excluía inclusive os posseiros 
que de alguma forma através do trabalho da produção poderiam ter acesso à terra e a 
partir da lei perderam suas propriedades. 
Entre 1850 e 1888, ano da Abolição da Escravatura, outras leis surgiram na 
tentativa de construção de uma lenta e gradual transição do fim do trabalho escravo para 
o trabalho livre. Abaixo apresento duas delas que são bem conhecidas e que merecem 
nossa atenção. 
 
1871 – Brasil é sancionada a Lei nº 2.040, denominada Lei do Ventre 
Livre, que concede liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir da 
data da promulgação da lei, mas os mantém sob a tutela dos seus 
senhores até atingirem 21 anos. 
1885 – Brasil O deputado Pádua Fleury (GO) apresenta proposição sobre 
a extinção gradual do elemento servil. É sancionada a Carta de Lei nº 
3.270, que ficou conhecida como “Lei dos Sexagenários” ou “Saraiva- 
Cotegipe”, cuja aprovação fora apoiada no extraordinário parecer de 134 
páginas de um jovem deputado chamado Rui Barbosa. (BRASIL, 2008). 
 
 
Como havíamos dito mais acima no início desta unidade não podemos pensar a 
luta pelo fim da escravidão só do ponto de vista legal, das autoridades do estado em 
relação à população. É preciso lembrar que existia no Brasil um movimento da polícia 
abolicionista muito forte. Desde guerras e conflitos passando por uma luta política com 
nomes que se destacam ao longo da história. Um dos nomes mais famosos da luta 
abolicionista no Brasil é o de Luiz Gama, conhecido como advogado dos negros, lutou 
pela liberdade de mais de 200 escravos mesmo sem se formar em direito. Logo abaixo 
você fará uma leitura para conhecer um pouco mais de quem foi Luiz Gama e da sua 
importância para a luta da Abolição da Escravatura no Brasil. 
 
Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu no dia 21 de julho de 1830, no 
estado da Bahia. Era filho de um fidalgo português e de Luiza Mahin, 
negra livre que participou de diversas insurreições de escravos. Em 1840 
foi vendido como escravo pelo pai para pagar uma dívida de jogo. 
Transportado para o Rio de Janeiro, foi comprado pelo alferes Antônio 
Pereira Cardoso e passou por diversas cidades de São Paulo até ser 
levado ao município de Lorena. Em 1847, quando tinha dezessete anos, 
Luiz Gama foi alfabetizado pelo estudante Antônio Rodrigues de Araújo, 
que havia se hospedado na fazenda de Antônio Pereira Cardoso. Aos 
dezoito anos fugiu para São Paulo. Em 1848 alistou-se na Força Pública 
da Província ou Corpo de Força da Linha de São Paulo, entidade na qual 
se graduou cabo e permaneceu até o ano de 1854 quando deu baixa por 
um incidente que ele classificou como “suposta insubordinação”, já que 
apenas se limitara a responder insulto de um oficial. Em 1850 casou-se e 
tentou frequentar o Curso de Direito do Largo do São Francisco – hoje 
denominada Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Por ser 
negro, enfrentou a hostilidade de professores e alunos, mas persistiu 
como ouvinte das aulas. Não concluiu o curso, mas o conhecimento 
adquirido permitiu que atuasse na defesa jurídica de negros escravos. Na 
década de 1860 destacou-se como jornalista e colaborador de diversos 
periódicos progressistas. Projetou-se na literatura em função de seus 
poemas, nos quais satirizava a aristocracia e os poderosos de seu tempo. 
Hoje, é reconhecido como um dos grandes representantes da segunda 
geração do romantismo brasileiro, mas na época enfrentou a oposição 
dos acadêmicos conservadores. 
Luiz Gama foi um dos maiores líderes abolicionistas do Brasil. Sempre 
esteve engajado nos movimentos contra a escravidão e a favor da 
liberdade dos negros. Em 1869, fundou com Rui Barbosa o Jornal Radical 
Paulistano. Em 1880 foi líder da Mocidade Abolicionista e Republicana. 
Devido a sua luta a favor da libertação dos escravos era hostilizado pelo 
Partido Conservador e chegou a ser demitido do cargo de amanuense 
por motivos políticos. 
Nos Tribunais, usando de sua oratória impecável e seus conhecimentos 
jurídicos, conseguiu libertar mais de 500 escravos, algumas estimativas 
falam em 1000 escravos. As causas eram diversas, muitas envolviam 
negros que podiam pagar cartas de alforria, mas eram impedidos pelos 
seus senhores de serem libertos, ou que haviam entrado no território 
nacional após a proibição do tráfico negreiro em 1850. Luiz Gama também 
ganhou notoriedade por defender que ao matar seu senhor, o escravo 
agia em legítima defesa. 
Faleceu em 24 de agosto de 1882 e foi sepultado no Cemitério da 
Consolação, na presença de 3.000 pessoas numa São Paulo de 40.000 
habitantes. 
Disponível em Luiz Gama – Instituto Luiz Gama. 
 
 
Outro nome importante de relevância para o período é do poeta Castro Alves, que 
entre diversos poemas e textos contra o tráfico de escravos e contra a escravidão, 
escreveu uma das obras mais importantes conhecidas sobre o tema no período, O Navio 
Negreiro. Na seção “Saiba Mais” sugiro a vocês que assistam episódios do Nerdologia 
de História, Lado pelo professor Felipe Figueiredo, sobre a vida e a obra de Castro Alves, 
o poeta dos escravos. 
 
 
 
Figura 1 - Estátua do poeta Castro Alves em Salvador 
 
 
 
Muitos outros indivíduos contribuíram para a luta contra a escravidão no país, 
como Francisco José do Nascimento, o Dragão Negro, André Rebouças, Francisco de 
Paula Brito, José do Patrocínio, Maria Firmina dos Santos, Adelina, Zumbi e Danará de 
Palmares, são alguns exemplos. 
Para além desses nomes destaco ainda os movimentos abolicionistas. 
 
 
A questão entra na agenda institucional a partir do final de agosto de 
1880, quando é fundada a Sociedade Brasileira Contraa Escravidão. 
Começavam, no Parlamento, os debates sobre o projeto de libertação 
geral, apresentado pelo deputado pernambucano Joaquim Nabuco 
(1849-1910). 
Uma intensa pressão popular resulta na libertação dos negros no Ceará, 
em 1884. Uma aguda crise na lavoura e reflexos da seca de 1877, além 
da ação de grupos urbanos, inviabilizaram o regime de cativeiro na 
região. Incentivado por esse desenlace, o abolicionismo toma ares de 
movimento em diversas províncias, como Rio Grande do Sul, Amazonas, 
Goiás, Pará, Rio Grande do Norte, Piauí e Paraná. (MARINGONI, 2011, 
online).
 
2 A FARSA DO DIA: 13 DE MAIO DE 1888 
 
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Figura - Estátua de Zumbi 
 
Fonte: ID da foto stock livre de direitos: 1914149002 
 
 
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"13 de maio, primeiro de abril. Nessa história negro não caiu. E viva Zumbi! E viva 
Zumbi!" 
Esse é um trecho do cântico das mulheres que realizam a lavagem anual da 
escadaria Dom Orione, no Bixiga, em São Paulo, todos os anos no dia 13 de maio. 
As leis do Ventre Livre e do Sexagenario, tiveram uma pouca efetividade nas 
relações entre os senhores de escravos e a população escravizada na medida em que 
no dia 13 de maio 1888, a Princesa Isabel, em nome de Dom Pedro II, declara encerrada 
a escravidão no Brasil. Abolição da Escravatura pela Princesa Isabel foi muito mais um 
ato político na tentativa de manter apoio a manutenção do Império do que de fato acabar 
com a escravidão no país, na medida em que este fato seria inevitável e já estava sendo 
construído desde a década de 1850. 
No próximo item abordaremos como o Império tentou se manter entre outras 
medidas com o fim da escravidão. 
Porém neste momento quero destacar que essa lei só acabou com a escravidão, 
deixando a população de escravos sem nenhum respaldo por parte do Estado. No 
imaginário da população brasileira um indivíduo negro ou negra só poderia ser usado 
como escravo e não como um trabalhador assalariado e Estado brasileiro nada fez para 
garantir um mínimo de condição de subsistência para a população. Em contrapartida 
para os fazendeiros e donos de escravos foi concedida uma indenização pela perda que 
tiveram com o fim da escravidão, tudo na tentativa de garantir o apoio político desse 
setor. 
O sociólogo Tulio Custódio em entrevista a jornalista Daiana Carvalho do Ecoa, 
explica um pouco melhor essa visão do dia da abolição 
 
No dia 13 de maio foi promulgada a lei Áurea, que dava a abolição 
da escravatura para todas as pessoas em situação de escravidão 
jurídica que existia no Brasil desde o século 16. Essa data tende a 
ser vista de uma maneira fantasiada, como se uma figura, no caso 
a Princesa Isabel, tivesse assinado um papel e pronto. No entanto, 
o ponto real é que essa data é só uma parte de um processo político 
altamente violento e conflituoso que foi a luta pela abolição, na qual 
vários arranjos, negociações e protestos aconteceram, o que ficou 
marcado como o movimento abolicionista brasileiro… A abolição 
não garantiu nenhum tipo de inclusão, integração social, econômica 
e cultural", diz Tulio, reforçando a ideia que o bloco Ilú Obá de Min 
busca transmitir todo 13 de maio. Para ele, "isso mostra como a 
nossa sociedade se estruturou ao longo dos anos. Como o Brasil, 
enquanto projeto de nação, incluiu os seus cidadãos. (CARVALHO, 
D. 2020, online). 
 
Nesse sentido, não podemos pensar no dia 13 de maio como a maior conquista 
para a população negra brasileira. De fato, é uma data importante, mas também uma 
data que não representa a liberdade e tão pouco a luta dos escravos e abolicionistas 
pela liberdade do povo negro. 
Abolição sem proteção, sem mecanismos de inclusão, sem a presença 
de políticas direcionadas à mão-de-obra recém-libertada. Mas não 
apenas a esta, visto que nos estertores do escravismo havia minoritário 
contingente de cativos, algo em torno de 1,5 milhão em um universo de 8 
milhões de trabalhadores. Também aos trabalhadores livres e libertos, 
em sua maioria negros, faltaram políticas de proteção e de inclusão. 
(THEODORO, 2008. p. 80). 
 
Carvalho, B. (2020) faz um destaque interessante que nos leva a uma reflexão 
sobre o dia 13 de maio, como uma conquista de uma elite branca e não das lutas e 
resistência negra no Brasil. Podemos perceber isso no discurso de Joaquim Nabuco em 
uma das sessões do parlamento brasileiro em 1882. 
A escravidão não há de ser suprimida no Brasil por uma guerra servil, 
muito menos por insurreições ou atentados locais. Não deve sê-lo, 
tampouco, por uma guerra civil, como o foi nos Estados Unidos. Ela 
poderia desaparecer, talvez, depois de uma revolução, como aconteceu 
na França, sendo essa revolução obra exclusiva da população livre. É no 
Parlamento e não em fazendas ou quilombos do interior, nem nas ruas e 
praças das cidades, que se há de ganhar, ou perder, a causa da 
liberdade. (NABUCO, 2019. p. 50 ). 
 
 
 
 
Figura 2 - Carta de Joaquim Nabuco a Domingos 
José Nogueira Jaguaribe Londres, Inglaterra 
16/11/1882. 
Fonte: Biblioteca Nacional. Projeto Tráfico de 
Escravos. Galeria Manuscritos 16 nov. 1882. 
Disponivel em 
http://bndigital.bn.br/projetos/escravos/galeriamanuscritos.h
tml. Acesso em: 04 jul. 2021. 
 
http://bndigital.bn.br/projetos/escravos/galeriamanuscritos.html
http://bndigital.bn.br/projetos/escravos/galeriamanuscritos.html
Para Nabuco, assim como para José do Patrocínio, o processo abolicionista 
deveria vir de cima para baixo. As diferenças entre os dois é a radicalização desse 
processo, Patrocínio defendia um processo revolucionário para por fim as antigas 
estruturas da sociedade imperial, entre elas a escravidão. Porém, assim como, Nabuco, 
Patrocínio, pensava que o negro era incapaz de liderar tal processo (CARVALHO B., 
2020), mesmo com grandes exemplos de revoltas e conflitos em que os negros 
lideravam. 
Apresentamos aqui alguns exemplos do porque historiadores, sociólogos e 
principalmente o movimento negro brasileiro, reconhecem o dia 13 de maio com um dia 
importante, mas não um dia de comemorações e de festas. 
3 A INTEGRAÇÃO DO NEGRO NA SOCIEDADE DE CLASSE 
 
Imagem do Tópico: ID do vetoí stock livíe de diíeitos 
 
De fato, se a história do Brasil pudesse ser resumida em uma semana, 
apenas o sábado e o domingo seriam os dias de liberdade. Os demais 
cinco dias de semana corresponderiam ao período escravista. Esse 
passado, majoritariamente marcado pelo jugo da chibata e dos grilhões, 
não nos deixou impunes, impingindo-nos as marcas da iniqüidade com 
as quais não apenas convivemos, mas que também as reproduzimos. 
(THEODORO, 2008. p. 80). 
 
A afirmação acima reafirma a ideia de que a história da população negra brasileira 
foi negligenciada e desrespeitada. Ao longo de pouco mais de 500 anos de História, 
mesmo com toda a contribuição dos povos indígenas e da população negra, foram 
excluídos e marginalizados em nossa sociedade. 
A passagem do trabalho escravo para o trabalho livre só fez aumentar a 
desigualdade entre a população negra e os brancos. Isso se deu porque em primeiro 
lugar o Estado se ausentou de decidir o que fazer com os escravos livres e em segundo 
lugar porque o Estado se ausentou criou as condições para se perpetuar essas 
desigualdades. (THEODORO, 2008). 
Um dos exemplos da ausência do Estado como projeto para a exclusão da 
https://www.shutterstock.com/pt/vectors
população negra pode ser observado na Lei de Terras de 1850, onde posseiros e ex- 
escravos libertos não puderam ter acesso à terra. Cabe lembrar que a maioria dos 
escravos estava no interior das fazendas e só sabiam trabalhar com a produção agrícola, 
e após a abolição foram expulsos das fazendas aumentando a massa de 
desempregados nos centros urbanos. 
 
Esse é o cenário que se desenha hoje. Uma desigualdade social 
extremada, em cujo núcleo se encontra uma problemática racial queé 
histórica e mal resolvida. Mal resolvida, porquanto intocável. O Brasil tem 
dificuldades em reconhecer a existência de uma questão racial. Imbuída 
de idéias como a da democracia racial, ou da desimportância da clivagem 
racial, nossa sociedade ainda não percebe a relevância do racismo, do 
preconceito e da discriminação como práticas sociais, mantendo-se 
recorrente a polêmica sobre sua efetiva existência. (THEODORO, 2008. 
p. 81). 
 
Os ex-escravos, além de serem discriminados pela cor, somaram- -se à 
população pobre e formaram os indesejados dos novos tempos, os 
deserdados da República. O aumento do número de desocupados, 
trabalhadores temporários, lumpens, mendigos e crianças abandonadas 
nas ruas redunda também em aumento da violência, que pode ser 
verificada pelo maior espaço dedicado ao tema nas páginas dos jornais. 
Com a abundância de mão de obra imigrante, os ex-cativos acabaram 
por se constituir em um imenso exército industrial de reserva, descartável 
e sem força política alguma na jovem República. (MARINGONI, 2011, 
online). 
 
Para Theodoro (2008), essas condições apresentadas acima, condicionaram a 
nossa sociedade para diversos problemas estruturais em relação à exclusão da 
população negra no interior da nossa sociedade. O Racismo institucional é uma dessas 
condições. 
o racismo institucional que faz com que o preconceito e as práticas 
discriminatórias ocorram também no âmbito das instituições e da própria 
máquina pública, o que muitas vezes dificulta a concepção e a execução 
de políticas equânimes e de qualidade (THEODORO, 2008. p. 81). 
 
Ao contrário do que poderia fazer, para garantir alguma condição mínima de 
inclusão dos ex-escravos na sociedade brasileira, as elites brasileiras que comandavam 
a política brasileira, resolveram importar a força de trabalho europeia branca, a baixo 
custo, na medida em que foi bancada pelo poder público. Esse subsídio do Estado aos 
setores mais dinâmicos da produção contribuiu para acentuar as desigualdades e deixar 
a população negra sem nenhum tipo de suporte, “jogados à própria sorte” (MARINGONI, 
2011, online). 
 
4 O IMIGRANTE EUROPEU 
 
A ausência de políticas presentes em vários países que vivenciaram o 
mesmo processo histórico assentou-se na ideia de que a modernização 
só viria com o “branqueamento” da pátria. Essa foi também a ideia que 
sustentou a política de imigração europeia massiva. (THEODORO, 2008. 
p. 80). 
 
Boris Fausto (2018), em sua obra História Concisa do Brasil, justifica que um dos 
motivos para que os fazendeiros não contratassem os negros para trabalharem nas 
fazendas, está relacionado ao preconceito, tema que já abordamos nessa unidade, além 
de os ex-escravos que não aceitariam se livrar da escravidão para se tornarem servos, 
condição em que muitos imigrantes acabaram vivenciando. 
O preconceito racial no Brasil associado ao fim da escravidão além de influenciar 
a vida de imigrantes brancos para essas terras também contribuiu para a política de 
embranquecimento da sociedade brasileira. Pseudoteorias ou pseudociências, como da 
eugenia e do Darwinismo Social, muito influentes na Europa, tiveram os seus 
representantes em nossa história. Preocupação das elites brasileiras encurtar mão de 
obra europeia vão de encontro com as teorias que de alguma forma pretendiam 
embranquecer a população brasileira. 
Sociólogos intelectuais, como Nina Rodrigues, defendem que o atraso econômico 
social brasileiro estava relacionado à miscigenação das raças europeias africanas e 
indígenas, e que só sairíamos desse atraso caso eliminássemos essa miscigenação 
embranquecendo por completo a população brasileira. 
A entrada do pensamento eugênico no Brasil, ocorreu a partir de viagens 
dos filhos da elite imperial brasileira à Europa, também a partir das 
expedições científicas que vieram ao país. Segundo essa perspectiva, 
o Brasil não conseguiria chegar ao progresso, pois os povos daqui eram 
mestiços. De acordo com este pensamento, a mestiçagem era um fator 
anti-evolutivo, pois a mistura faria com que os genes mais fracos 
permanecessem nas raças, gerando defeitos e imperfeições, seja no 
biológico ou no cultural/religioso. Apesar das raças branca, indigena e 
negra serem consideradas raças puras, havia a superioridade da raça 
branca, identificado pelo “progresso” científico e tecnológico europeu. 
(CARNEIRO; SILVA, 2020, online). 
 
Para você saber um pouco mais sobre a tradição sociológica de Nina Rodrigues 
sugiro a leitura Nina Rodrigues e o pensamento eugenista: raiz do preconceito étnico- 
racial no pensamento brasileiro, de Márcia Carneiro e Luan Reis da Silva. 
Esse tipo de pensamento justifica, também, porque que os senhores grandes 
proprietários de fazenda, eram contra contratação de negras e negros para o trabalho 
em suas fazendas. O pensamento racista era uma das marcas daquela sociedade e se 
perpetuam até os dias de hoje. A visão que as elites brancas tinham em relação à 
população negra era de que estes só serviam para ser escravos. Interessante notar que 
após a Abolição da Escravatura, iniciou-se uma propaganda de que o negro era 
preguiçoso, e que o fato de estarem desempregados era porque não gostava de 
trabalhar, mesmo depois de quase 400 anos em que praticamente todos os trabalhos 
executados no Brasil eram realizados por trabalhadores negros. 
Diante desse cenário nada mais natural do que a importação de trabalhadoras de 
trabalhadores europeus, principalmente para atuarem nas lavouras de café do vale do 
Paraíba e no Oeste Paulista, região de maior concentração de imigrantes, principalmente 
os vindos da Itália e da Espanha. Outras regiões do país, como Paraná por exemplo, 
também importaram mão de obra e colonos vindos da Europa. No Paraná o destaque é 
para a região dos Campos Gerais, onde a população russa, ucraniana e polonesa tem 
presença marcante na história deste estado. 
O processo de imigração para o trabalho nas lavouras, de café principalmente, 
iniciou-se ainda no segundo reinado, mas foi durante o período de início da República 
que esse processo teve grande impacto na sociedade economia brasileira. 
Nicolau Campos Vergueiro, importante político do Brasil no segundo reinado, foi 
um dos pioneiros na experiência de importação de mão de obra europeia para o trabalho 
nas lavouras de café do Oeste Paulista. Vergueiro trouxe, com recursos do governo 
imperial, trabalhadores alemães e suíços para trabalhar em suas fazendas. O resultado 
dessa experiência não foi muito bom como podemos observar na citação abaixo do 
professor e historiador Boris Fausto: 
Mesmo sendo provenientes de regiões da Europa batidas pela crise de 
alimentos, os parceiros não se conformaram com as condições de 
existência encontradas no Brasil. Eles eram submetidos a uma disciplina 
estrita, incluindo a censura de correspondência e o bloqueio da 
locomoção nas fazendas. Por fim, uma revolta explodiu em 1856, na 
fazenda de Ibicaba, de propriedade de Vergueiro. Daí para frente as 
tentativas de parceria cessaram. (FAUSTO, 2018. p. 114). 
 
Retorno a importação de mão de obra vinda da Europa se deu a partir da Lei do 
Ventre Livre de 1871. O governo paulista conseguiu aprovar uma lei que utilizou dinheiro 
público para empréstimos para subsidiar os fazendeiros na importação destes 
trabalhadores. Essa nova experiência, ao contrário da anterior, subsidiada pelo governo, 
permitiu que os imigrantes chegassem ao Brasil sem dívidas, na medida em que as 
despesas de viagem, hospedagem de 8 dias na capital Paulista e a locomoção às 
fazendas, estavam sendo bancadas pelo governo provincial. A situação dos imigrantes 
neste processo foi completamente diferente e deu início ao processo de imigração em 
massa para a província de São Paulo. 
Mesmo assim, as condições para os imigrantes ainda não eram das melhores. Os 
italianos que chegaram ao Brasil entre as décadas de 1870 e 1880, encontraram aqui 
uma situação muito ruim de trabalhoe de sobrevivência. A situação era tão ruim que o 
governo italiano, da época, considerou São Paulo como uma região inóspita e insalubre, 
chegando a proibir a saída dos italianos para virem ao Brasil (FAUSTO, 2018). 
A elite paulistana se movimentou rapidamente para contornar essa situação e a 
Sociedade Promotora da Imigração, iniciou uma campanha espalhando panfletos em 
português, alemão e italiano destacando as vantagens da imigração para São Paulo. Em 
contrapartida a situação na Itália, por conta da unificação italiana, contribuiu para que os 
italianos arriscassem uma vida melhor no Brasil na medida em que a situação econômica 
social na Itália neste momento era uma das piores. 
Tanto em contexto italiano quanto a campanha paulistana para imigração, 
iniciaram um processo intenso de entrada de imigrantes para os trabalhos nas fazendas 
de café e também para o trabalho em outras áreas da economia brasileira daquele 
período. 
Para termos uma ideia da intensificação desse processo observe o que fala Boris 
Fausto no trecho abaixo 
Nos últimos anos do Império, a imigração para São Paulo, de qualquer 
procedência, saltou de 6500 pessoas em 1885 para quase 92 mil em 
1888. Neste último ano, os italianos constituíam quase 90% do total. 
Significativamente, a colheita de café de 1888, que se seguiu à abolição 
da escravatura, em maio daquele ano, pôde ser feita sem problemas de 
mão-de-obra disponível. (FAUSTO, 2018. p. 115). 
 
SAIBA MAIS 
 
(440) Castro Alves, a escravidão e o condor | Nerdologia – YouTube 
https://www.youtube.com/watch?v=SBK2FH-LNL0 
 
 
Leituras da Escravidão: entrevista com Manolo Florentino 
 
O historiador capixaba Manolo Florentino, docente do Instituto de História da 
UFRJ, é hoje uma das maiores referências em escravidão no Brasil. Nesta entrevista, 
ele fala de sua trajetória acadêmica, de suas mais recentes pesquisas e traça um 
panorama dos estudos sobre escravidão no Brasil, destacando o Norte e o Centro-Oeste. 
O historiador capixaba Manolo Florentino, docente do Instituto de História da 
UFRJ, é hoje uma das maiores referências em escravidão no Brasil. Sua obra mais 
famosa, “Arcaísmo como Projeto”, escrita em parceria com o historiador João Fragoso 
(UFRJ), se tornou leitura obrigatória entre estudantes de História e completou 20 anos 
em 2013. Na entrevista dada ao Café História, Florentino comenta, claro, sobre o 
sucesso do livro, mas fala também de sua trajetória acadêmica, de suas mais recentes 
pesquisas e traça um panorama dos estudos sobre escravidão no Brasil. Revela, por 
exemplo, que a historiografia brasileira sobre escravidão não gira apenas no que é 
produzido no “Eixo Rio-São Paulo”. Segundo o professor da UFRJ, “a novidade dos anos 
recentes tem sido o Norte e o Centro-Oeste”. 
Manolo Florentino é graduado em História pela Universidade Federal Fluminense 
(1981), Mestre em Estudos Africanos – El Colegio de México (1985) – e Doutor pelo 
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense (1991). 
Professor Associado IV do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de 
Janeiro, vincula-se à área de História da América e atua principalmente com a temática 
da escravidão nas Américas, África e Brasil. Recebeu a Comenda da Ordem Nacional 
do Mérito Científico (2009). Presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa (nomeado em 
https://www.youtube.com/watch?v=SBK2FH-LNL0
26 de fevereiro de 2013). 
 
Fonte: FLORENTINO, Manolo. Leituras da Escravidão: entrevista com Manolo Florentino. Entrevistador: 
Bruno Leal. In: Café História. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/leituras-da-escravidao/ 
Acesso em: 04 jul. 2021. 
Publicado em: 25 set. 2012. ISSN: 2674-5917. 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
REFLITA 
 
O texto abaixo, é um trecho do artigo escrito por Mouzar Benedito, e publicado no 
Portal Geledés. Leia e reflita sobre como deveria ser a condição de uma mulher negra, 
no contexto da escravidão e ainda participar ativamente de lutas e revoltas contra o 
sistema escravagista. 
 
Sua mãe, Luíza Mahin, era uma negra livre, retinta, bonita e lutadora. Pouco se sabe dela, mas 
participou de todas as revoltas negras das primeiras décadas do século XIX na Bahia. De origem 
nagô, sabia ler e escrever em árabe, e era quituteira, vendia seus quitutes por toda Salvador. 
Assim, servia de elo entre revoltosos. Teve um envolvimento com um homem de família fidalga 
portuguesa e daí nasceu Luiz Gama. Quando ocorreu a Sabinada, revolta liderada pelo médico 
Francisco Sabino Vieira, em 1837, proclamando a “República Bahiense”, ela teve papel 
importante. Com a derrota, muitos militantes foram presos e mortos. Para não ser pega, deixou 
o pequeno Luiz, então com 7 anos de idade, com o pai dele e fugiu para o Rio de Janeiro. 
 
Fonte: BENEDITO, Mouzar. 13 de maio: viva 20 de novembro! Portal Geledés. 13 mai. 2014. Disponivel 
em https://www.geledes.org.br/13-de-maio-viva-20-de- 
novembro/#:~:text=13%20de%20maio%20%C3%A9%20data%20boa%20para%20se,com%20um%20m 
ero%20grito%2C%20e%20assim%20por%20diante. Acesso em: 24 jun. 2021 
 
#REFLITA# 
https://www.cafehistoria.com.br/leituras-da-escravidao/
https://www.geledes.org.br/13-de-maio-viva-20-de-novembro/#%3A~%3Atext%3D13%20de%20maio%20%C3%A9%20data%20boa%20para%20se%2Ccom%20um%20mero%20grito%2C%20e%20assim%20por%20diante
https://www.geledes.org.br/13-de-maio-viva-20-de-novembro/#%3A~%3Atext%3D13%20de%20maio%20%C3%A9%20data%20boa%20para%20se%2Ccom%20um%20mero%20grito%2C%20e%20assim%20por%20diante
https://www.geledes.org.br/13-de-maio-viva-20-de-novembro/#%3A~%3Atext%3D13%20de%20maio%20%C3%A9%20data%20boa%20para%20se%2Ccom%20um%20mero%20grito%2C%20e%20assim%20por%20diante
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Ao longo dessa não foi possível compreender como se estruturou a sociedade 
brasileira principalmente a partir das relações de trabalho tanto escravistas quanto de 
trabalho livre imigrante. História do Brasil marcada pelos conflitos entre classes sociais, 
que em muitos momentos se confundem com a questão racial, explicam as 
desigualdades que encontramos no interior de nossa sociedade. 
Mais uma vez destacamos a importância de compreender os fatos históricos 
inseridos num grande contexto e em um processo muito complexo, que envolve tanto 
fatores econômicos, políticos e sociais. 
E é com este olhar que devemos observar como que se deu o fim da escravidão 
no Brasil, como a população negra foi inserida em nossa sociedade tanto um processo 
escravagista quanto pós Abolição da Escravatura. Me sentido compreendemos que a 
Abolição da Escravatura é muito mais complexo e anterior do que o dia 13 de Maio de 
1888 e que o movimento abolicionista não foi só uma campanha de uma elite brasileira 
que pretendia abolir a escravidão de cima para baixo, mas também de muita resistência 
e luta da população negra escravos de livres. destacamos o nome de Luiz Gama como 
um dos grandes heróis brasileiros na luta contra a escravidão. 
Explicamos que o dia 13 de Maio é um dia importante um dia de reflexão mas não 
um dia de comemoração, diante do que aconteceu com a população negra após esse 
dia em 1888. a população negra foi deixada de lado, marginalizado excluída social e 
economicamente, trazendo marcas profundos para essa população até os dias de hoje, 
institucionalizando e estruturando o racismo como parte da nossa sociedade. 
Destacamos também ao longo desta unidade que a presença imigrante foi 
importante para o desenvolvimento da economia principalmente cafeeira, que a vinda 
destes imigrantes não foi tranquila e que a inserção deles em nossa sociedade foi 
marcada também pela exploração e pela desigualdade. Mas que por outro lado significou 
também ainda mais exclusão e marginalização da população negra. 
É sempre importante que você aluno compreenda a história com esse movimento 
de conflitos e de contradições, e que é justamente nesses conflitos e contradições que 
marcam as nossas sociedades e podemos compreendero desenvolvimento e o processo 
de mudança em cada uma das histórias de cada sociedade analisadas por nós 
historiadores. 
 
LIVRO 
Título: A Integração do Negro na Sociedade de Classes. 
Autor: Floretsna Fernandes 
Editora: Contra Corrente 
Sinopse: Este livro foi originalmente a tese de cátedra de Florestan Fernandes, 
defendida em 1964, cuja marcante atualidade pode ser exemplificada pela advertência, 
feita ao final do estudo, a respeito das consequências de não se realizar a efetiva 
integração do negro: “não teremos uma democracia racial e, tampouco, uma 
democracia”. 
Nas palavras do professor Bernardo Ricupero, esta obra “é a culminação de um programa 
de pesquisa que o autor e seus assistentes levaram à frente na cadeira de Sociologia I 
da USP”. 
Em suma, um clássico do pensamento social brasileiro que retorna ao debate público em 
um momento crucial da luta antirracista em nosso país. 
 
FILME/VÍDEO 
 
Título: Guerras do Brasil Episódio 2: As Guerras de Palmares 
Ano: 2019. 
Sinopse: A história do Brasil passa, e muito, pela história da escravidão. Cerca de 12 
milhões de negros foram arrastados de suas terras e trazidos, como escravos, para 
trabalhar no Brasil e formar essa nação. 
O segundo episódio da série Guerras do Brasil.Doc conta como, durante o período de 
escravidão, negros de todas as etnias, em um grito de liberdade, fugiram dos engenhos 
para se refugiar em Quilombos. 
Essa edição destaca o nascimento de Palmares e as comunidades afroindígenas. A 
ascensão e os mais de 100 anos de luta e resistência dos Quilombos. Vamos entender 
quem foi Zumbi e como se deu a luta contra a Coroa Portuguesa, bem como os 
Bandeirantes e as batalhas pela queda de Palmares. 
 
• Link do vídeo: (442) Guerras do Brasil.Doc Episódio2 - YouTube 
https://www.youtube.com/watch?v=ABO5XI4GZhM&t=6s 
https://www.youtube.com/watch?v=ABO5XI4GZhM&t=6s
https://www.youtube.com/watch?v=ABO5XI4GZhM&t=6s
 
REFERÊNCIAS 
 
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Abolição da escravidão e Dia da Consciência Negra. 
Brasília: Edições Câmara, 2008. 
 
CARNEIRO, Márcia; SILVA, Luan Reis da. Nina Rodrigues e o pensamento eugenista: 
raiz do preconceito étnico-racial no pensamento brasileiro. Revista 
ContemporARTES. 2020. Disponível em https://bityli.com/xZUK6. Acesso em 25 jun. 
2021 
 
CARVALHO, Bruno Leal Pastor de. A ilustração que inflamou o movimento 
abolicionista britânico (Artigo). In: Café História – história feita com cliques. 17 fev. 
2020 Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/a-ilustracao-que-inflamou-o- 
movimento-abolicionista-britanico/. Acesso em: 25 jun. 2021. 
 
CARVALHO, Daiana. Por que o 13 de maio é uma data de protesto e não de 
comemoração. UOL. São Paulo. 13 mai. 2020. ECOA. Disponível em: 
https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/05/13/por-que-o-13-de-maio-e-uma- 
data-de-protesto-e-nao-de-comemoracao.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em: 23 jun. 
2021 
 
CARVALHO, José Murilo de. História do Brasil Nação 2 - A Construção Nacional: 
1830-1889. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. 
 
COSTA, Célio Juvenal da; MENEZES, Seziando Luiz. Considerações em torno da 
origem de uma verdade historiográfica: o Tratado de Methuen (1703), a destruição 
da produção manufatureira em Portugal, e o ouro do Brasil. Acta Scientiarum. 
Education. Maringá, v. 34, n. 2, p. 199-209, July-Dec., 2012 . 
 
COSTA, Emília Viotti da Costa. História do Brasil Império. São Paulo: Global, 1982. 
COSTA, Emília Viotti da Costa. Da Monarquia à República. São Paulo: Unesp, 2010 
DOLHNIKOFF, Miriam. História do Brasil Império. São Paulo: Contexto, 2017. 
DOLHNIKOFF, Miriam. História do Brasil. 2ª ed. São Paulo: Editora da Universidade 
de São Paulo, 1995. 
 
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. 3. Ed. atual. e ampl., 1. reimpr. – São 
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2018. 
 
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São 
Paulo, 1995. 
 
JEREISSATI, Lucas Campos. Lei de Terras: do contexto histórico às consequências. 
JUS.COM.BR jan. 2020 Disponível em: https://jus.com.br/artigos/78820/lei-de-terras- 
http://www.cafehistoria.com.br/a-ilustracao-que-inflamou-o-
http://www.cafehistoria.com.br/a-ilustracao-que-inflamou-o-
http://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/05/13/por-que-o-13-de-maio-e-uma-
do-contexto-historico-as-consequencias Acesso em jun. 2021 
 
LOPEZ, Luiz Roberto. História do Brasil Imperial. Porto Alegre: Mercado Aberto, 
1997 
 
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https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2673%3Acatid%3 
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NABUCO, Joaquim. O abolicionismo. ensaio introdutório de Evaldo Cabral de Mello. – 
Brasília: Câmara dos Deputados, 2019 
 
NUNES. Gilberlândia Pinheiro de Almeida. A Integração do Negro na Sociedade de 
Classes: uma difícil via crucis ainda a caminho da redenção. Cronos, Natal-RN, v. 9, 
n. 1, p. 247-254, jan./jun. 2008. 
 
REIS, João José. Nós achamos em campo a tratar da liberdade: a resistência negra 
no Brasil oitocentista. In: MOTA,C,G. (Org.). Viagem incompleta: a experiência 
brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 1999. 
 
SCHWARCZ, Lilia M.; GOMES, Flávio. Dicionário da Escravidão e Liberdade. São 
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SILVA, Emilia Maria Ferreira. Representações da Sociedade Escravista Brasileira 
na Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, de Jean Baptiste Debret. 2001. 
Dissertação Mestrado em História Social. Universidade Federal da Bahia, 2001 
 
THEODORO, Mário. As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil: 120 
anos após a abolição. Brasília : Ipea, 2008. 
 
THEODORO, Mário. Exclusão ou inclusão precária? O negro na sociedade 
brasileira. Inclusão Social, Brasília, v. 3, n. 1, p. 79-82, out. 2007/mar. 2008. 
http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2673%3Acatid%253
UNIDADE IV 
REPÚBLICA E O FIM DO PERÍODO MONÁRQUICO 
Professor Especialista Daniel Marques de Freitas 
 
 
Plano de Estudo: 
● Segundo reinado: transição e consolidação política; 
● A guerra do Paraguai e a crise da monarquia; 
● As “questões” do fim do Império; 
● A Transição para a república: diálogos do nascente poder republicano. 
 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Analisar as disputas políticas que contribuiram para a caracterização do 
Segundo Reinado; 
● Refletir sobre as razões brasileiras e paraguaias para a Guerra do 
Paraguai; 
● analisar os conflitos que explicam o fim do império Brasileiro; 
● Estabelecer importância da republica como possibilidades de diversos 
projetos. 
INTRODUÇÃO 
 
 
Ao longo da unidade 02, debatemos como se deu a construção do Estado 
brasileiro. Uma das marcas da construção desse Estado, como havíamos dito 
anteriormente, são os conflitos políticos e sociais em praticamente todo o território 
brasileiro. Conflitos que envolvem as camadas populares da sociedade, escravos 
e as elites. Podemos dizer que os conflitos são uma das marcas históricas da 
construção da sociedade brasileira. 
Nesta unidade vamos estudar a consolidação da política imperial e a 
construção da política republicana. nesse sentido quando falamos de política 
estamos falando de disputa pelo poder, e como não podia ser diferente esse 
processo envolve conflitos entre os diversos setores da sociedade, porém no caso 
brasileiro a política institucionalizada excluir boa parte da população, concentrando 
os poderes na mão de uma pequena elite agrária. 
Frases como “façamos a revolução antes que o povo a faça” atribuída ao 
governador de Minas Gerais, Antônio Carlos de Andrada, à época da Revolução de 
1930, além da frase “povo assistiu a tudo bestializado” dita por Aristides Lobo no 
processo da Proclamação da República, são exemplos de como a elite brasileira 
tentou excluir o povo dos processos de rupturas políticas e ao mesmo tempo apagar 
ahistória de lutas, revoltas e revoluções conduzidos pelo povo ao longo da história 
brasileira. 
Durante o período republicano vendeu-se a ideia de que o povo brasileiro é 
um povo pacífico e acomodado, mas a História, nos mostra que, ao contrário do 
que se tentou construir na mentalidade brasileira, povo brasileiro quando em 
situação de risco social se revolta, e essas revoltas pressionam quem está no poder 
por mudanças. 
A prova do que estamos dizendo, está exemplificado, ao longo dessa 
disciplina, com as revoltas e revoluções que aconteceram tanto no Período Joanino, 
bem como no processo de Independência, no Período Regencial e no Segundo 
Reinado. 
Um próximo momento quando você estiver estudando a República brasileira 
outras tantas revoltas apareceram em seus estudos, como por exemplo a Revolta 
da Vacina, a Revolta da Chibata, a Greve Operária de 1917 e tantas outras. Ao 
longo de 400 anos é possível perceber que a história do Brasil é marcada por 
conflitos, e que esses processos são determinantes para as rupturas institucionais 
que aconteceram ao longo de nossa história. 
 
1 SEGUNDO REINADO: TRANSIÇÃO E CONSOLIDAÇÃO POLÍTICA. 
 
Imagem do Tópico: ID da foto stock livíe de diíeitos 
 
Uma das características do segundo reinado é a disputa política entre as 
elites agrícolas brasileiras, divididos em dois partidos, o Partido Liberal e o Partido 
Conservador. Em essência não existiam grandes diferenças entre estes dois grupos 
políticos, na medida em que ambos se constituíram no interior das elites Agrárias. 
As diferenças apareciam nos pequenos detalhes principalmente relacionado aos 
interesses provinciais defendidos pelos liberais num processo de maior autonomia 
para o poder provincial. 
Segundo Boris Fausto (2018) o que diferenciava esses dois grupos na 
verdade eram rivalidades pessoais muito mais do que diferenças políticas. Fausto 
cita uma frase famosa atribuída ao político pernambucano Holanda Cavalcanti, que 
demonstra a semelhança entre os dois grupos: nada se assemelha mais a um 
Saquarema do que a uma Luzia no poder. Saquarema e Luzia eram os apelidos do 
partido conservador liberal respectivamente, o que Holanda quis dizer é que, 
enquanto estão no poder não existem diferenças entre os dois grupos e o mesmo 
acontece quando estão na oposição um do outro. 
A disputa entre os dois partidos era acirrada e incômoda, principalmente ao 
imperador Pedro II. Assim, diante de uma situação nada prática Dom Pedro II 
mediou, muitas vezes de forma impositiva e autoritária, uma espécie de acordo 
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entre esses dois agrupamentos, o que ficou conhecido como Parlamentarismo às 
Avessas, na medida em que intentou se construir um parlamentarismo no Brasil, 
mas muito distinto daquele que existia na Inglaterra. Afinal de contas, no Brasil o 
poder moderador ainda existia e era muito forte, mesmo com a figura de uma 
espécie de primeiro-ministro, Presidente do Conselho dos Ministros, cargo criado 
em 1847, Dom Pedro II intervia nas decisões do legislativo, sempre que lhe era 
conveniente. 
Uma das marcas do governo no Segundo Reinado era a dissolução da 
Câmara dos Deputados, nomeação e destituição de ministros, de tempos em 
tempos, executado pelo poder moderador. Isso acontecia justamente pelos 
impasses da disputa política entre liberais e conservadores, o que aconteceu nesse 
período era um verdadeiro revezamento de bancadas e de ministérios, ora com 
maior presença conservadora ora com maior presença liberal. 
 
O surgimento dos Partidos Liberal e Conservador na década de 
1840, quando terminava a Regência e tinha início o Segundo 
Reinado, deu nova dinâmica ao jogo político. Em 1841, assumiu um 
ministério conservador. Em 1844, foi a vez de os liberais serem 
nomeados para o gabinete. Embora com mudanças de nomes à 
frente das pastas, o Partido Liberal controlou o ministério até 1848. 
Nesse ano foi substituído pelo Partido Conservador, que esteve à 
frente do ministério até 1853. (DOLHNIKOFF, 2017. p. 96). 
 
 
Isso de muitas formas atrasava o desenvolvimento de políticas públicas no 
Brasil. Dom Pedro tomava essa decisão de fechar a Câmara cassar o mandato dos 
deputados e convocar uma nova eleição, sempre que existe um impasse entre os 
interesses do executivo e do legislativo. Por outro lado, a dissolução da Câmara 
destruição de ministérios, ora em prol dos liberais ora em prol dos conservadores, 
causava um desgaste muito grande a Dom Pedro II, mesmo porque ao cassar 
mandatos dos deputados e convocar novas eleições, Dom Pedro corria o risco de 
ter uma resposta negativa da sociedade no pleito eleitoral. 
Além desse impasse entre o legislativo e o executivo, e nas de soluções da 
Câmara dos deputados houve também, no interior dessa disputa entre liberais e 
conservadores, nomeação e destituição dos gabinetes ministeriais: 
 
Era a dinâmica da relação entre Legislativo e gabinete que 
acionava o imperador para exercer algumas de suas atribuições. 
Diante do impasse, os ministros acenavam com pedido de 
demissão caso determinado projeto não fosse aprovado pelos 
deputados. Era nesse momento que o imperador era chamado a 
decidir. Podia aceitar a demissão de seus ministros e nomear um 
novo ministério com melhorar o diálogo com os deputados ou podia 
dissolver a Câmara, convocando novas eleições. Decidiu caso a 
caso. Em alguns deles, optou pela dissolução da Câmara, em 
outros demitiu o gabinete." (DOLHNIKOFF, 2017, p. 92). 
 
O conflito entre o executivo (ministérios e presidente do conselho dos 
ministros) e o legislativo (Câmara dos deputados), era constante, necessitando de 
um desgastante e constante processo de negociação. (DOLHNIKOFF, 2017). 
Para além desses conflitos entre as elites agrárias e políticas brasileiras, seja em 
âmbito nacional ou regional, e dessas com o império, existia o conflito entre as elites 
e as classes sociais excluídas. Afinal de contas, o fato de serem excluídos não 
diminuiu os interesses desses na condução da política nacional, haja vistas os 
conflitos que analisamos. 
Quando falamos de direitos políticos e sociais desse período, temos que 
lembrar que a Constituição brasileira era muito desigual, uma das evidências disso 
foi a manutenção da escravatura. Para além disso ainda mantinha uma hierarquia 
censitária, onde os homens que não pertenciam às elites viviam sempre em 
permanente fragilidade social, que permitiu o processo de clientelismo nas relações 
entre os fazendeiros e a população mais pobre. (DOLHNIKOFF, 2017). 
Para participar do processo político eleitoral no Brasil, segundo a 
constituição de 1824, era necessário uma renda mínima anual de 100 mil réis, que 
segundo alguns historiadores, não era impossível para um trabalhador livre ou 
pequeno produtor, mas isso não permitia que esses indivíduos pudessem se tornar 
representantes de suas classes, na medida em que parece ser eleito como Eleitor 
da Província (segundo degrau no processo eleitoral), que são os representantes 
que elegem os Deputados e Senadores, precisaria ter uma renda anual de 200, mil 
réis, e para ser eleito Deputado 400 mil e Senador 800 mil. 
 
 
Figura 1 - Esquema do sistema eleitoral da Constituição de 1824 
 
 
 
 
Fonte: o autor. 
 
 
Nessa situação o clientelismo ganha força e se mantém mesmo com o fim 
da monarquia, no que ficou conhecido ao longo da Primeira República, como 
Coronelismo. Nesse sistema os prejuízos ficam todos com as classes mais 
empobrecidas. 
 
Clientelismo é o nome dado à relação entre fazendeiros e os 
homens livres pobres. Desprovidos de meios de subsistência e de 
proteção do Estado, os livres e pobres eram obrigados a se 
submeterem à vontade e ao arbítrio dos poderosos locais. No caso 
das eleições, isso significava votar nos candidatos que esses 
poderosos apoiavam. (DOLHNIKOFF, 2017. p. 95). 
 
A cidadania no Brasil por tanto estava comprometida, como podemos 
observar, masingleses, 
por ser um mercado interessantíssimo para a produção de algodão, tabaco e, no século 
19, a produção de café. Veja o que diz Caio Prado Júnior sobre esse tema: 
 
[...] se vamos à essência da nossa formação, veremos que na realidade 
nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; 
mais tarde ouro e diamantes, depois, algodão, e em seguida café para o 
comércio europeu. Nada mais que isso (PRADO JÚNIOR, 2000, p. 31 - 
32). 
 
Além, é claro, de o Brasil ser um interessantíssimo mercado consumidor para os 
produtos ingleses. Isso fez com que a Inglaterra comprometesse a nossa economia e a 
nossa política aos seus interesses. Mais adiante vamos analisar alguns dos acordos 
assinados por D. João VI e mantidos por seu filho e neto, que atendiam muito mais aos 
interesses ingleses do que aos nossos interesses. 
Mas agora eu gostaria que você analisasse o tratado conhecido como "Tratado de 
Panos e Vinhos” ou o Tratado de Methuen de 1703, tratado esse que comprometeu a 
economia portuguesa e o ouro brasileiro e foi fundamental para financiar a Revolução 
Industrial. 
 
Essa hegemonia inglesa sobre Portugal teria feito que o ‘impulso 
dinâmico’ da economia colonial fosse canalizado para a Inglaterra. Sendo 
assim, embora no século XVIII a mineração no Brasil tenha produzido 
riqueza, esta não foi acumulada na Colônia em razão do regime de 
comércio imposto ao Brasil pela metrópole. No entanto, em razão da 
necessidade portuguesa de apoio político e militar, acordos comerciais 
firmados com a Inglaterra transferiram para os britânicos o ouro produzido 
na América. Dessa forma, o ouro produzido no Brasil teria se tornado o 
capital que possibilitou a Revolução Industrial inglesa. (MENEZES; 
COSTA, 2012). 
 
Os termos do Tratado de Methuen, assinado em 1703 com os ingleses e 
conhecido como ‘tratado dos panos e vinhos’, inviabilizaram o 
desenvolvimento industrial em território português, ao obrigar Portugal a 
importar produtos manufaturados da Inglaterra. Diante de suas 
dificuldades econômicas, o governo português utilizava boa parte das 
volumosas riquezas extraídas em sua Colônia na América para pagar as 
dívidas desse comércio. Na Inglaterra, as riquezas obtidas do Império 
português, impulsionaram o desenvolvimento econômico, ampliando o 
poderio dos banqueiros, comerciantes e industriais (VICENTINO; 
DORIGO, 2010, p. 355). 
 
 
Esse é um dos exemplos que mostram e explicam a nossa dependência em 
relação à Inglaterra nos próximos períodos, século 18 e 19. Ao longo dessa disciplina 
iremos conhecer outros exemplos de leis e acordos que reforçam essa dependência. 
Porém é importante ressaltar que esse processo ajudou a criar um sentimento 
anticolonialista no Brasil. 
Esse sentimento pode ser observado nas revoltas nativistas como a Guerra dos 
Mascates, Revolta de Beckman e de Felipe dos Santos, bem como nas revoltas 
emancipacionistas (Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana) onde fica claro essa 
insatisfação com a metrópole portuguesa. 
 
2 DOM JOÃO VI E O IMPÉRIO 
 
É sempre importante reforçar que a Independência do Brasil não pode ser 
encarada como um fato isolado, como um evento no dia 07 de setembro de 1822. A 
nossa independência, bem como todos os eventos históricos são parte de um processo. 
E o processo que explica a nossa independência é tem como referência importante e 
determinante, a vinda da família real portuguesa para a sua mais importante colônia. 
O Brasil, desde meados do século 18, e mesmo sendo colônia, conseguia produzir 
mais riqueza que a própria metrópole, consequentemente o Brasil era a principal fonte 
de riquezas de Portugal. Nesse sentido, já existia em Portugal a proposta de mudar a 
sede do império para o Brasil. 
Porém só em 1807 que essa ideia se consolida. É claro que essa transferência da 
corte e da sede do império para a sua colônia não aconteceu de forma planejada e muito 
menos organizada, foi às pressas e desesperada. 
A vinda da família real portuguesa, em 1807, para o Brasil tem relação com as 
guerras napoleônicas. Após sofrer com derrotas marítimas em conflitos com a Inglaterra, 
em 1806 Napoleão decretou o Bloqueio Continental. Essas restrições ao comércio 
continental com a Inglaterra tinham o objetivo de enfraquecer a economia inglesa e 
fortalecer a economia francesa. 
 
Figura 1 - Mapa do Bloqueio Continental 
ID do vetor stock livre de direitos: 1715300458 
 
 
 
O ponto chave para a nossa história está nas relações e acordos que Portugal 
tinha com os ingleses, fazendo com que D. João, príncipe regente de Portugal, não se 
comprometesse com o Bloqueio Continental. Essa posição de Dom João fez com que 
Napoleão resolvesse invadir Portugal assim como fez com outros reinos que resistiram 
às suas exigências, por exemplo a Espanha. 
Dom João ficou sem opção, restava a ele buscar apoio dos ingleses para fugir da 
situação de uma possível invasão francesa em Portugal. Os ingleses deram como opção 
para Dom João a mudança da sede do Reino de Portugal para o Brasil. Na urgência Dom 
João reuniu sua família, suas posses, seus objetos valiosos e embarcou em navios inglês 
junto com a corte portuguesa, mais ou menos 15 mil indivíduos, em novembro de 1807. 
Em janeiro de 1808 a família real chega ao Brasil. O primeiro ponto de parada de 
Dom João foi em Salvador. O nordeste foi palco de várias revoltas já citadas aqui e que 
provavelmente você já estudou em outras disciplinas. Por isso, dom João se preocupou 
em passar pelo Nordeste para mostrar a população nordestina que existia uma 
preocupação da coroa com aquela região e para amenizar os conflitos que existiam lá. 
E foi em Salvador, no dia 28 de janeiro de 1808, logo na chegada à cidade que 
Dom João assinou a lei de “abertura dos portos às nações amigas”. Podemos 
compreender que na verdade, essa lei, deve ser entendida como a abertura dos portos 
aos ingleses, na medida em que atendia os interesses desse país, para ter relações 
econômicas diretas com a colônia. Foi também uma forma de “agradecer” aos ingleses, 
que haviam contribuído para a sobrevivência do Império protegendo a vinda da família 
real para o Brasil e garantindo que Dom João não perdesse seu trono para Napoleão. 
Essa lei, abertura dos portos às nações amigas, simbolizou o fim do pacto colonial, 
uma medida importante para os sentimentos e para o processo de Independência do 
Brasil. Era um passo para o liberalismo econômico brasileiro e para o fim das relações 
monopolistas entre a metrópole e a colônia. Como havíamos dito anteriormente, o Brasil 
já era mais rico que Portugal e isso interessava os ingleses na medida em que eles 
poderiam vender os produtos manufaturados aos brasileiros, ao mesmo tempo que 
poderiam consumir a matéria prima para sua manufatura e para a sua indústria mais 
barata, sem ter que passar pelo intermediário português. 
Para os brasileiros significava não depender mais da metrópole para fazer 
negócios com as nações estrangeiras. Foi um grande salto para a Independência do 
Brasil. 
Em 1810, dom João assinou o acordo conhecido como Tratado de Navegação e 
Comércio. este acordo fixou uma taxação de 15% para os produtos importados vindos 
da Inglaterra. em contrapartida há uma determinação criada por dom João ainda em 
1808, que taxava os produtos vindos de outras nações há 24% e os produtos 
portugueses a 16%. Esse acordo mostra mais uma vez a força que os ingleses tinham 
em relação ao nosso mercado e a nossa política. quando eu falo nossa me refiro a nossa 
história, a história do Brasil. estes acordos, bem como outros tantos que veremos na 
sequência, confirmam a tese de que o Brasil mesmo independente de Portugal, ainda 
era muito dependente dos ingleses. essa dependência não era política, mas sim 
econômica. Mas essa dependência econômica fez com que os ingleses interferissem 
inclusive em nossas políticas internas. 
Um desses exemplos de interferência inglesa nas políticasalém dos limites da participação política e do clientelismo, a 
sociedade brasileira ainda haveria de enfrentar as fraudes nos processos eleitorais. 
E esse processo, vale lembrar, não era uma exclusividade brasileira, mas de todas 
as recentes repúblicas americanas do início do século 19. 
 
Mais uma vez, é preciso salientar que essa era a realidade de todos 
os governos representativos do século XIX. O problema é a 
impossibilidade de mensurar a magnitude das fraudes e até que 
ponto elas comprometiam de fato os resultados das eleições. Não 
se podendo mensurar a fraude e conhecendo-se que ela marcava 
a realidade eleitoral dos demais países, apontar sua existência 
como forma de falseamento do regime é um modo anacrônico de 
analisar a monarquia brasileira, ao se esperar dela padrões 
eleitorais só conquistados no século XX. A história dos governos 
representativos foi marcada, entre outras coisas, pelo "empenho 
em criar mecanismos que paulatinamente eliminaram as fraudes 
nas eleições. Por isso ganham relevo as medidas adotadas para 
combatê-la.” (DOLHNIKOFF, 2017, p. 94). 
 
 
A Revolta Praieira 
 
 
Em 1848 o Brasil enfrentaria sua última revolta impactante e a última das 
grandes revoltas pernambucanas. Pernambuco foi palco de várias revoltas 
importantes e no Brasil, uma das medidas para enfraquecer Pernambuco e diminuir 
o incômodo que essa província causava no poder central, foi repartir a província 
em diversas outras providências. 
Para relembrar esses conflitos e as consequências para essa província você 
pode assistir ao episódio do Canal Nerdologia de História, do professor Felipe 
Figueredo, destacado abaixo. 
A revolta Praieira, liderada pelo Partido Liberal de Pernambuco, ou Partido 
da Praia ou ainda Partido Praieiro (o jornal do partido ficava na rua da Praia, por 
isso o nome Praieiro). a revolta aconteceu porque as disputas entre não somente 
âmbito nacional, mas também em âmbito provincial. e naquele momento em 1848 
a disputa estava em quem seria escolhido como presidente da província e quem 
comporia a Assembleia Provincial. As elites pernambucanas estavam divididas 
entre aqueles apoiados pelos antigos senhores de engenho, os conservadores, e 
aqueles apoiados pelos novos produtores de açúcar, os liberais. 
A disputa entre os dois grupos se intensificou principalmente, porque os 
recursos financeiros da província eram escassos, e cada grupo queria assumir o 
controle das receitas provinciais, além do controle de abastecimento de escravos 
quando duramente combatido, por conta dessa situação liberais conservadores 
disputavam o controle político da província. Essa disputa que se deu durante a 
década de 1840 no processo eleitoral, em 1848 partiu para o conflito armado na 
província, essa foi a maneira encontrada pelos liberais para assumirem o poder da 
província. Mas para além das disputas pelo controle da política provincial os liberais 
também pretendiam liderar um processo de mudança em todo o cenário político 
nacional, por esse motivo o governo imperial enviou tropas a Pernambuco para 
acabar com a revolta e enfraquecer os liberais. 
Essa revolta abalou o governo, por outro lado encerrou os grandes conflitos 
internos brasileiros, pelo menos até o processo que levaria a Proclamação da 
República em 1889. os conflitos internos praticamente resolvidos, não significou um 
período de paz para o Brasil já que na década de 1860, Brasil se envolveria no 
maior conflito armado da história do nosso país, a Guerra do Paraguai. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 A GUERRA DO PARAGUAI E A CRISE DA MONARQUIA 
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O maior conflito externo em que o Brasil se envolveu, conhecido como a 
guerra do Paraguai, está relacionado às políticas externas do Brasil durante o 
segundo reinado. Antes de explicarmos o conflito gostaria de fazer uma ressalva 
em relação ao nome da guerra, o que aqui no Brasil chamamos de guerra do 
Paraguai ficou conhecida, no Uruguai, Argentina, e no próprio Paraguai como 
Guerra da Tríplice Aliança. a historiografia brasileira usou o nome guerra do 
Paraguai para reforçar o estereótipo e a imagem negativa do país vizinho em 
relação ao continente sul-americano, e reforçar a ideia no interior do Brasil de que 
a guerra aconteceu por culpa dos paraguaios e tudo o que aconteceu no Paraguai 
uma consequência dessa guerra é responsabilidade deles e não nossa. essa é uma 
visão extremamente limitada do conflito e não apresenta de forma material o que 
de fato aconteceu nesta guerra. 
Por outro lado, no Paraguai a historiografia daquele país ressalta a culpa do 
Brasil neste processo, de como o Paraguai foi vítima do imperialismo brasileiro e 
que a culpa da pobreza, da desigualdade económica e subdesenvolvimento 
paraguaio é responsabilidade única do Brasil. na visão dos paraguaio Solano López 
foi um grande herói, na visão brasileira o líder paraguaio foi o grande vilão da 
história. 
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Ao analisarmos os conflitos temos que ter muito cuidado de não escolher o 
bem ou mal um certo ou errado, a guerra trouxe prejuízos tanto para o Brasil como 
para o Paraguai, a guerra é responsabilidade tanto do Brasil quanto do Paraguai, e 
não só deles, Argentina, Uruguai e até a Inglaterra, também tem responsabilidades 
neste conflito. 
Importante ressaltar que quando falamos das responsabilidades as 
consequências existe uma distinção em quem sofre diretamente com as beneficies 
e com as consequências negativas desses conflitos. Do lado paraguaio quem mais 
sofreu com o conflito foram as mulheres as crianças e a população mais pobre 
daquele país, do lado brasileiro quem sofreu foram os escravos que estavam à 
frente da batalha morreram e lutaram pelo Brasil com a promessa de que se 
retornassem vivos da guerra teriam a sua liberdade assegurada, mas foram traídos 
pelo governo brasileiro e se mantiveram escravizados. Este é um dos motivos do 
descontentamento do exército em relação ao governo imperial. 
Outro detalhe importante em relação à guerra do Paraguai é um mito da 
participação inglesa nesse conflito. Durante muito tempo vendeu-se a ideia de que 
a principal articuladora e principal responsável pelo conflito foi a Inglaterra. Nessa 
interpretação, já desvalidada historiografia contemporânea, afirma que os ingleses 
com medo da indústria paraguaia, que despontava na região e ameaçava as 
exportações de produtos ingleses para a América do Sul, fez com que os ingleses 
articulassem a guerra usando o Brasil, Argentina e Uruguai como fantoches para 
enfraquecer os paraguaios e não sofrer com a concorrência dos produtos deste 
país na região. 
A historiografia contemporânea nos mostra que por mais que os ingleses 
tivessem interesse em enfraquecer o Paraguai, de maneira alguma a economia e a 
indústria paraguaia ameaçavam a Inglaterra, na medida em que esta era 
gigantesca, mundialmente fortalecida, e não seria economia de um país no interior 
do continente sul-americano que ameaçaria essa grande potência mundial. 
Os arranjos políticos no Uruguai, principalmente relacionado à produção de 
gado rio-grandense para exportação ao país vizinho, dispensavam bastante 
atenção do governo brasileiro, e uma mudança política no governo uruguaio poderia 
significar algum tipo de embargo à exportação de carne gaúcha para o Uruguai. 
Por isso o Brasil tinha muita atenção nas disputas políticas no interior do país 
vizinho, um governo eleito no Uruguai, que de alguma forma se opusesse aos 
interesses brasileiros significava a necessidade de uma intervenção. porém uma 
intervenção no Uruguai poderia de muitas formas atrapalhar o projeto político e 
expansionista paraguaio, conduzido por Solano López. 
Lopes se preocupava com um controle do Rio da Prata que significava a 
única saída paraguaia para exportação dos seus produtos na medida que o 
Paraguainão tinha saído para o mar. Nesse sentido, um governo independente no 
Uruguai significava menor controle do Brasil sobre o Rio da Prata. 
Em 1862 o partido Blanco estava na presidência do Uruguai e começou a 
adotar medidas contra a exportação de carne gaúcha. a pressão da população rio- 
grandense pressionou o Brasil a intervir na política nacional uruguaia e garantir a 
posse do poder do partido Colorado, parceiro do governo imperial brasileiro desde 
o processo de Independência do Uruguai em 1828. Solano López olhou esse 
movimento com bastante preocupação, e essa preocupação o fez agir para 
construção de um Paraguai Grande. 
A ideia de Solano López era construir e para isso queria conquistar e anexar 
territórios do Brasil Argentina e do Uruguai. evidentemente que esse processo 
incomodou o governo de Dom Pedro II na medida em que ameaçava a hegemonia 
brasileira na região. para o governo brasileiro qualquer ação funcionando Lopes em 
relação a territórios argentinos ou brasileiros era uma clara declaração de guerra. 
As intenções de López de construir no Paraguai a maior potência da América 
Latina, fez com que iniciasse o conflito aprisionando um navio brasileiro no Rio 
Paraguai. 
O Paraguai a partir da década de 1840 começou a modernizar sua produção 
para ampliação da produção e exportação da erva-mate. Industrialmente o 
Paraguai investiu na indústria bélica, e em meados do século 19 o Paraguai já tinha 
o melhor o maior exército da América do sul, todos os investimentos industriais 
estavam no turno da uma indústria de guerra, em relação aos outros produtos 
industriais o Paraguai continua exportando da Inglaterra. 
Em novembro de 1864, os paraguaios aprisionaram o navio brasileiro 
Marquês de Olinda, o Rio Paraguai, que estava levando o recém-nomeado 
presidente da província do Mato Grosso, o médico Antônio Nunes da luz. Antônio 
Nunes da Luz bem como toda a tripulação do navio acabou morrendo de fome e 
pelos maus-tratos. Essa ação paraguaia definitivamente encerrou qualquer laço 
diplomático entre o Brasil e o país vizinho. 
Em dezembro deste mesmo ano, Solano López invadiu o Mato Grosso em 
seguida, depois de uma negativa dos argentinos em facilitar o acesso dos 
paraguaios para atacar o Rio Grande do Sul, declarou guerra também à Argentina. 
Neste período Solano López, contava com o apoio do governo Blanco uruguaio, o 
que trazia uma certa segurança para Lopes, em iniciar um conflito contra o Brasil e 
a Argentina. 
Porém já no início do ano de 1865 o partido que estava no poder no Uruguai 
era o partido Colorado, que há muito tempo já era parceiro do governo aliado 
brasileiro. Nesse sentido formou-se o Tratado da Tríplice Aliança, que unificou 
Brasil, Argentina e Uruguai na luta contra os paraguaios. 
O que garantiu uma vitória da Tríplice Aliança sobre os paraguaios, foi 
principalmente a falta de recurso humano do lado inimigo. Como já dissemos mais 
acima, o Paraguai tinha um exército muito melhor e muito mais bem preparado do 
que o exército dos outros três países juntos, por esse motivo os primeiros anos da 
guerra foram de grandes conquistas do lado paraguaio. Porém com o caminhar da 
guerra o exército da Tríplice Aliança foi sendo renovado, na medida em que a 
população brasileira e argentina era muito maior do que a população paraguaia, 
isso fez com que o exército paraguaio não conseguisse ser renovado a tempo de 
se manter na guerra. 
Mesmo com essa diferença entre o número de combatentes dos dois campos 
inimigos, o Paraguai se manteve na guerra durante 5 anos, resistindo às investidas 
da Tríplice Aliança. Mas a guerra trouxe um prejuízo muito grande à população do 
país vizinho, a estimativa é de que toda a população economicamente ativa do 
Paraguai tenha morrido na guerra, isso explica as dificuldades que o Paraguai 
enfrenta hoje para o desenvolvimento da sua economia. 
Para o Brasil uma das consequências negativas do processo foi a alta dívida 
que o Brasil adquiriu após o conflito, na medida em que emprestou muito dinheiro 
principalmente da Inglaterra para conseguir enfrentar a guerra contra o Paraguai. 
Diante disso, o Brasil manteve-se ainda muito dependente da economia Inglesa. 
Outra consequência profunda para o Brasil após o conflito foi o fortalecimento 
do exército. Você pode pensar que o fortalecimento do exército seria uma coisa 
positiva para o Brasil, mas na verdade escancarou as contradições entre o exército 
e a Guarda Nacional. 
A guarda nacional composta pela elite agrária brasileira isso dava certos 
privilégios a essa instituição não só do ponto de vista econômico um também do 
ponto de vista político. o exército por outro lado saiu muito imponderado após o 
conflito da guerra do Paraguai porém sem os privilégios econômicos e políticos que 
a guarda nacional tinha. isso trouxe muito descontentamento às fileiras do exército, 
na medida em que pediu ao governo imperial melhores condições para a 
preparação, maior participação política, melhor salário e melhores condições de 
trabalho. Como o governo imperial negou-se a atender os pedidos do exército de 
forma efetiva, acabou conquistando um inimigo político, que em 1889 lideraria o 
processo que colocaria fim a monarquia brasileira. 
 
 
 
3 AS “QUESTÕES” DO FIM DO IMPÉRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Com o fim da guerra do Paraguai, iniciou-se no Brasil o último período da 
monarquia brasileira. Além dos conflitos que já destacamos, mas acima em relação 
à política brasileira, outras contradições ficaram muito claras e insustentáveis, 
diante do avanço de uma mentalidade liberal e republicana, que já se consolidava 
no restante da América e no mundo ocidental. 
Com a exceção do México, que em um período muito curto de sua história, 
logo após a sua Independência, se manteve com uma monarquia, todos os outros 
países da América Latina que conquistaram a sua Independência se tornaram uma 
República logo de início. O Brasil foi o único país que logo após a sua 
Independência se manteve com a monarquia durante 67 anos. Politicamente é o 
período mais longo do processo político do Brasil após a Independência, a 
Constituição de 1824 é a Constituição que, até o momento, durou mais tempo em 
nossa história. 
Brasil também foi o último país da América a acabar com a escravidão, 
mantendo estruturas econômicas e sociais que eram características ainda do 
processo colonial brasileiro. 
O que podemos observar é que o Brasil no final do século XIX estava cheio 
de contradições, e como havíamos dito, insustentáveis para aquele momento da 
história ocidental. Isso não significa que não havia contradições, às vezes até mais 
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duras e mais desiguais em países vizinhos, mas é que o Brasil, por ser uma 
potência regional é um país influente, essas contradições se colocavam em um 
campo que mais atrapalhava do que mantinha o status brasileiros. 
Diante dessas contradições, por exemplo com a manutenção da escravidão, 
de um poder absolutista como o poder moderador, de um exército que se colocava 
com opositor do regime, de uma classe social média desejando mais participação 
política e de um grupo cafeicultor que desejava mais autonomia política, a 
monarquia aprofunda a sua crise e se desintegra em 1889. 
Vamos analisar alguns desses aspectos que contribuem para o fim da 
monarquia brasileira. Quatro eventos nos ajudaram a compreender o fim da 
monarquia, a Questão Militar, a Questão Religiosa, a Questão Abolicionista e o 
Movimento Republicano. 
 
A Questão Militar 
 
Já dissemos anteriormente que uma das consequências do fim da Guerra 
do Paraguai, foi o fortalecimento do exército, e esse fortalecimento contribuiu para 
escancarar as desigualdades entre o exército e a Guarda Nacional, além da falta 
de recursos para os militares. 
Porém o que mais pesou nesse processo defortalecimento do exército foi a 
falta de participação política, na medida em que membros na Guarda Nacional, 
também tinham postos políticos, os militares do exército também queriam. Como 
isso foi negado a eles pelo poder imperial, esses se tornam oposição a D. Pedro II. 
Outra situação que contribuiu para o afastamento do exército em relação à 
monarquia foi a questão abolicionista. Durante a Guerra do Paraguai, muitos 
escravos foram recrutados, o que fez com que os homens brancos e militares, 
olhassem para os homens negros com outro olhar, enxergando neles os mesmos 
valores dos que defendem a nação. O exército olhava para os escravos como iguais 
e por isso não podiam mais admitir a escravidão, o que fez com que se tornassem 
abolicionista, medida essa que ia de encontro com as políticas monarquistas. 
 
 
Muitos oficiais e soldados eram também abolicionistas. 
Consideravam a escravidão um arcaísmo que impedia o progresso. 
Haviam lutado na guerra ao lado de ex-escravos. Parecia 
injustificável, aos militares, que seus companheiros na luta em 
defesa da pátria tivessem familiares submetidos à condição de 
escravos e que eles próprios um dia tenham sido escravos. 
(DOLHNIKOFF, 2017, p. 168). 
 
Outro detalhe importante que contribui para que o exército se afastasse da 
monarquia é a sua ideologia positivista. O positivismo é uma teoria burguesa, 
portanto antiabsolutista e anti-monarquista. As escolas do exército formavam seus 
soldados e outros militares com essa corrente de pensamento que defendia o 
progresso, a ordem e a ciência. Diante da realidade brasileira naquele momento, o 
positivismo não caberia em uma monarquia. 
A partir da década de 1870, os oficiais do Exército, aos poucos, 
formularam uma nova concepção do seu papel na sociedade 
brasileira. Eram seus defensores contra agressões externas, mas 
deviam também interferir na política interna, para combater a 
corrupção e ineficácia dos políticos civis e para implementar o seu 
projeto de nação, que garantiria a ordem e o progresso. 
(DOLHNIKOFF, 2017, p. 168). 
 
A questão abolicionista 
 
 
Em outras unidades já conversamos sobre o processo que coloca fim a 
escravidão no Brasil, o que vamos destacar aqui é como esse processo contribui 
para o fim da monarquia brasileira. 
Principalmente após a lei Aurea, de 1888, as elites agrárias que ainda 
mantinham a escravidão (em muitas fazendas e províncias, o trabalho escravo já 
havia acabado e substituído pelo trabalho livre), retiram totalmente seu apoio a 
monarquia. Vejamos como isso se explica. 
 
Seu texto (lei Áurea), que não previa qualquer indenização aos 
proprietários de escravizados, bem como a época em que foi 
assinada, às vésperas do período de colheitas dos produtos que 
ainda utilizavam mão de obra escravizada, significou a definitiva 
retirada do apoio à monarquia pela aristocracia tradicional 
escravista, último setor que ainda a sustentava. (SALOMÃO, 2021. 
p. 63) 
 
A questão religiosa 
 
 
No Brasil, desde a constituição de 1824, existia a instituição do Padroado, 
que institui a religião católica como oficial e submissa ao governo imperial. No 
governo de D. Pedro II, foi criado o beneplácito, que limitava as ordens vinda de 
Roma, aos interesses do Imperador, ou seja, ordens advindas de Roma deveriam 
ser aprovadas com o “placet” do imperador. 
O grande problema aconteceu em 1864, quando o papa Pio IX publicou a 
bula Syllabus, que proibia membros da maçonaria de pertencerem a igreja e 
mandava excomungar os que ainda estavam na igreja. O problema é que o 
imperador, assim como muitos membros do governo imperial eram maçons, por 
esse motivo D. Pedro II, não concedeu o beneplácito a essa bula. 
Porém dois bispos, D. Vital de Oliveira, de Olinda, e D. Antonio de Macedo, 
de Belém, desrespeitaram as ordens do Imperador e excomungaram os maçons de 
suas dioceses. Evidentemente que d. Pedro II, ficou muito irritado, mandou prender 
os dois bispos. Por essa razão conseguiu perder o apoio da igreja, mesmo depois 
de voltar atrás e libertar os dois bispos. 
Sem apoio da igreja, do exército e das elites agrárias, ficou muito difícil para 
a monarquia se sustentar. Quando a movimentação para depor d. Pedro II iniciou, 
muitos poucos agentes políticos o ajudaram, e quando do golpe do dia 15 de 
novembro de 1889, ninguém se movimentou para defender o império e a 
monarquia. 
 
Os Setores Urbanos 
 
 
Engenheiros, comerciários, profissionais liberais, funcionários 
públicos, empregados em transporte, operários, jornalistas, 
advogados, médicos, entre outros grupos profissionais povoavam o 
cenário urbano. Estavam associados a um processo que era 
também de modernização. Investimentos de empresas inglesas e 
de brasileiros resultaram na implementação de novas tecnologias 
em abastecimento de água, iluminação e transporte. A diversidade 
era também social. Escravos e livres circulavam pelas ruas, negros, 
pardos e brancos, membros da elite, inclusive agrária, setores 
intermediários, livres e pobres habitavam as cidades. Com o 
aumento da imigração na década de 1880, cresceu também o 
número de estrangeiros, muitos deles como operários nas fábricas. 
(DOLHNIKOFF, 2017. p. 157). 
 
A citação acima mostra quão dinâmica e diversa eram os centros urbanos 
brasileiros no final do século 19. E é justamente essa diversidade e complexidade 
que fazia com que as camadas urbanas construíssem uma outra percepção política 
muito distante das concepções monarquistas, que naquele momento se 
associavam a uma mentalidade interiorana. A modernidade das cidades não era 
mais compatível com uma monarquia. 
 
Outra transformação que ocorria lentamente, mas que trazia em si 
mudanças econômicas profundas, era o surgimento de fábricas. No 
início, basicamente no setor têxtil e de bebidas. Não se pode falar 
em industrialização naquele período, pois era ainda uma tímida 
iniciativa. Mesmo assim, significava novas formas de investimento 
de capital e de trabalho." (DOLHNIKOFF, 2017. p. 157). 
 
O surgimento das fábricas permite o crescimento de uma classe, que 
historicamente se opunha às monarquias, a burguesia que também irá compor o 
quadro que colocará fim ao Império brasileiro. 
A diversificação da população urbana, em todos os seus matizes, 
gerava novas visões, demandas e comportamentos em relação a 
questões fundamentais como a escravidão, o sistema 
representativo e a organização política. Com menor dependência 
do uso do trabalho escravo, o abolicionismo vicejou entre os 
setores urbanos. Também reivindicavam maior representatividade 
política, com alargamento no direito de participação nas eleições e 
nas instâncias de decisão. Demandas que fortaleceram o 
movimento republicano entre os setores urbanos. (DOLHNIKOFF, 
2017, p. 158). 
 
 
 
 
 
4 A TRANSIÇÃO PARA A REPÚBLICA: DIÁLOGOS DO NASCENTE PODER 
REPUBLICANO 
 
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O movimento republicano 
 
 
Para compreendermos o processo que levará o fim da monarquia, precisamos a 
compreender as forças dissidentes e as forças opositoras ao regime, por isso foi 
necessário analisarmos como os militares, a igreja e os fazendeiros romperam 
com a monarquia, bom como setores urbanos e as elites dissidentes também se 
opunham à monarquia. 
Nesse tópico vamos compreender como se construiu o movimento 
republicano e como se deu o fim do governo de D. Pedro II e consequentemente o 
fim da monarquia no Brasil. 
 
O movimento republicano cresceu à medida que expressava a 
insatisfação de setores urbanos e cafeicultores paulistas com um 
regime que não se mostrava capaz de atender às demandas 
trazidas pelas transformações por que passava o país. Seu 
crescimento e mobilização foram importantes para tornar real a 
alternativa republicana. Mas não foram eles que lideraram as ações 
que resultaram diretamente na proclamação da República. A 
derrubada da monarquia foi concretizada pela ação dos militares.(DOLHNIKOFF, 2017, p. 167). 
 
Uma das chaves para compreender o movimento republicano passa pela 
divisão do Partido Liberal, é da cisão desse partido que surge o Partido Republicano 
Paulista, que discordava da defesa do Partido Liberal em relação a manutenção da 
monarquia. A ruptura se deu em 1870. 
https://www.shutterstock.com/pt/photos
Em 1873 os republicanos lançaram o Manifesto Republicano, um documento 
que defendia e propagandeava as ideias desse grupo, como o combate a 
centralização do poder defendendo uma federalização do governo. Além disso suas 
ideias iam de encontro com uma modernização da política nacional, e são essas 
ideias que convencem a camada de intelectuais e das cidades a aderirem ao 
movimento. 
 
Figura 3 - Capa do jornal "A República" contendo o manifesto 
 
Fonte: A República. Criação: 3 de dezembro de 1870. Disponível em 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_Republicano. Acesso em: 24 jun. 2021. 
 
 
O Partido Republicano e o próprio movimento republicano, tem origem na 
aristocracia cafeeiras de São Paulo, isso se explica porque, esse setor da 
sociedade havia alcançado um grande poder econômico, mas não tinha em suas 
mãos uma participação política que lhe desse a hegemonia em relação as outros 
elites agrarias escravistas e arcaicas. 
Para os fazendeiros paulistas, principalmente do Oeste Paulista, somente 
uma mudança no regime conseguiria atender seus anseios políticos e 
consequentemente econômicos. 
As ideias dos paulistas agradaram a Igreja que via na república a 
possibilidade de se separar do Estado e ter de responder somente ao papa. Já as 
províncias menores e mais afastadas do eixo, Rio, São Paulo e Minas, viam na 
república a possibilidade de mais autonomia política e de arrecadação, através do 
federalismo. O exército via nessas ideias a possibilidade de mais participação e 
intervenção política. Os intelectuais e setores médios urbanos via nas ideias 
republicanas a modernização do país. 
As ideias republicanas ganharam força e apoio significativos. Restava agora 
um evento que colocasse fim à monarquia e abrisse espaço para a construção de 
um projeto que atendesse todos os interessados na luta por um novo regime. 
 
A Proclamação da República 
 
 
A situação que apresentamos acima, sobre as ideias republicanas e o apoio 
de diversos setores importantes da sociedade, não passou despercebido por Dom 
Pedro II e seus apoiadores. na tentativa de salvar a monarquia e o trono Dom Pedro 
nomeou às vésperas do golpe no dia 15 de novembro o Visconde de Ouro Preto 
como presidente do Conselho de Ministros. Afonso Celso de Oliveira Figueiredo, 
era um liberal e a sua tarefa era fazer reformas de inspirações republicanas, na 
tentativa de salvar a monarquia e diminuir a pressão nos setores urbanos 
brasileiros. 
Projeto defendido pelo Visconde de Ouro Preto não foi aprovado pela 
Câmara, na medida em que fui negado por ambos os lados da disputa política, 
liberais e conservadores. os conservadores achavam projeto radical demais, e os 
liberais consideravam um projeto uma manobra política e moderado o suficiente 
para não causar nenhuma mudança na política nacional. qual a rejeição do projeto 
no legislativo Dom Pedro II mais uma vez o poder moderador para dissolver a 
Câmara e convocar novas eleições, ampliando ainda mais a insatisfação em 
relação ao seu governo. 
Para o exército a gota d'água foi a dissolução de batalhões, que claramente 
eram opositores ao governo. Em contrapartida, Ouro Preto favoreceu a Guarda 
Nacional ampliando os seus poderes e diminuindo os do exército. 
Na madrugada do dia 15 de novembro de 1889, sob a liderança de Deodoro 
da Fonseca, os militares tomaram o Palácio e depuseram o imperador. O golpe foi 
antecipado para a madrugada do dia 15 porque corria o risco de ser descoberto e 
reprimido por Dom Pedro. No dia 15 de novembro Dom Pedro estava em sua casa 
descanso em Petrópolis, e após ser comunicado de que a monarquia estava 
extinta, se organizou para cumprir a ordem de deixar o país em alguns poucos dias. 
Importante o conceito que usamos no parágrafo acima chamando a 
Proclamação da República de golpe, porque de fato foi isso, a mudança de regime
não foi feita pelas vias legais previstas na Constituição. Os militares passaram por 
cima da Constituição e do poder legal, para garantir o fim da monarquia e a 
instauração da República brasileira. 
É importante lembrar também que a monarquia brasileira não caiu pelo golpe 
de 1889, mas sim através de um processo amplo complexo começa com o fim do 
tráfico negreiro, passando por leis que aos poucos acabavam com a escravidão até 
a consolidação do fim da escravatura no Brasil em 1888. não só isso mas é preciso 
atentar-se para todas as mudanças que vinham acontecendo no Brasil desde 
meados do século 19, passando pela guerra do Paraguai, pelo fortalecimento da 
aristocracia Paulista, e pela modernização dos centros urbanos que existiam no 
país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
 
Abaixo você poderá ler como se configuraram os partidos políticos no Brasil 
ao longo dos anos de 1822 a 1889. Acessando o link você ainda poderá conferir a 
formação de muitos partidos políticos ao longo da nossa história após a 
Independência. 
 
Partidos políticos do Brasil: do Império aos nossos dias 
 
 
Partidos do Primeiro Reinado (1822 a 1831) 
No Primeiro Reinado, não se pode falar, a rigor, em partidos políticos no Brasil. Havia facções 
políticas que sequer chegaram a se constituir em agremiações. A distinção mais clara entre essas 
facções era serem pró ou contra o imperador. A grosso modo, duas se destacavam: o grupo 
Português e o grupo Brasileiro. O primeiro formado por comerciantes portugueses favoráveis à 
manutenção dos laços com Portugal, por militares e funcionários da administração imperial que 
desejam a recolonização. O grupo Brasileiro era formado pelos grandes proprietários rurais, 
comerciantes (portugueses, brasileiros e estrangeiros) que queriam o livre comércio. Alguns deles 
defendiam a criação de uma monarquia dual com os poderes divididos entre o Brasil e Portugal. 
 
Partidos do Período Regencial (1831-40) 
Com a abdicação de D. Pedro em 1831, iniciou-se uma nova fase na história política do Brasil. A 
partir de então, aquelas facções começaram a se organizar e a se definir melhor politicamente, 
buscando o poder. Três partidos se destacaram: Liberais radicais ou exaltados, apelidados de 
jurujubas, exigiam uma certa democratização da estrutura socioeconômica e defendiam o 
federalismo – o que significava o poder das elites locais administrarem rendas, controlarem a força 
militar e exercerem o governo. Alguns membros eram republicanos e havia, também, uma parcela 
“revolucionária” defensora das massas populares. Divulgavam suas ideias nos jornais Tribuno do 
Povo, de Francisco das Chagas Oliveira França, Malagueta, de Luís Augusto May, Gazeta 
Paraibana e Abelha Pernambucana, dirigidos por Antônio Borges da Fonseca. Este último fundou 
no Rio de Janeiro o jornal O Repúblico. Liberais moderados, apelidados de ximangos, eram 
monarquistas, defendiam o liberalismo pautado na defesa do Legislativo, da Constituição e do 
centralismo monárquico embora entendessem que o Poder Legislativo deveria ter um peso maior 
da vida política do Império por representar a vontade da “maioria”. Eram favoráveis ao latifúndio e à 
escravidão. Entre seus representantes estavam os jornalistas Evaristo da Veiga, redator do jornal 
Aurora Fluminense, e João Clemente Vieira Souto, redator de Astreia, e o deputado Bernardo 
Pereira de Vasconcelos. Restauradores ou regressistas, apelidados de caramurus, desejavam o 
retorno de D. Pedro I ao Brasil, como meio de reforçar a autoridade do governo em meio à agitação 
social; eram liderados pelos irmãos Andradas e compostos pela nobreza burocrática remanescente 
da época joanina, pela alta burocracia de Estado e peloscomerciantes portugueses. Eram apoiados 
pelos jornais O Carijó, O Caramuru, O Sete de Abril. Com a morte de D. Pedro em 1834, em 
Portugal, os restauradores perderam sua razão de existir e o partido desintegrou-se. 
 
Partidos do Segundo Reinado (1840-89) 
Durante grande parte do Segundo Reinado, dois partidos se revezaram no poder: o conservador e 
o liberal. Ambos representavam a mesma camada social (os grandes proprietários de terra e 
escravos). Dentre os liberais, havia mais comerciantes, jornalistas e classes médias urbanas. 
Ambos eram favoráveis à manutenção do regime escravista, mas os liberais aceitavam a abolição 
gradual que conduziria enfim à abolição da escravidão. Daí o comentário do senador Antônio 
Holanda Cavalcanti, visconde de Albuquerque: “Nada mais parecido com um saquarema 
(conservador) do que um luzia (liberal) no poder”. Conservadores e liberais diferenciam-se apenas 
quanto ao regime de governo. O Partido Conservador, apelidado de saquaremas, defendia um 
regime forte, com autoridade concentrada no imperador e pouca liberdade às províncias. O Partido 
Liberal, apelidado de luzias, eram favoráveis ao fortalecimento do Parlamento e maior autonomia 
das províncias. Em 1862, formou-se a Liga ou Partido Progressista, composto por liberais 
dissidentes. Permaneceu até 1868 quando, com a queda de seu maior representante, Zacarias de 
Góis e Vasconcelos, acabou por dissolver-se. Parte de seus integrantes ingressaria no Partido 
Republicano Paulista (PRP), fundado em 1873, com 133 participantes sendo 76 deles grandes 
proprietários de terras e escravos. Naquela época, a eleição era feita em dois turnos (1.º grau e 2.º 
grau). O voto era censitário, isto é, exigia do cidadão ativo uma renda mínima anual. Inicialmente 
era de 100 mil réis como eleitor de 1.º grau e de 200 mil réis como eleitor de 2.º grau. Em 1846, a 
lei foi alterada, passando a ser exigidos 200 mil réis para eleitor de 1.º grau e 400 mil réis para eleitor 
de 2.º grau. Para se candidatar a Juiz de Paz, vereador, deputado e senador as rendas mínimas 
eram altas chegando a 1 milhão e 600 mil reis. O liberto podia participar como votante de 1.º grau, 
e o filho do liberto gozava de direitos políticos plenos, desde que cumprisse as exigências legais. A 
Lei Saraiva ou Lei do Censo, de 1881, trouxe uma inovação que excluiu muita gente: além da renda 
mínima, o eleitor deveria saber ler e escrever. Os analfabetos foram excluídos das eleições. 
 
Fonte: DOMINGUES, Joelza Ester. Partidos políticos do Brasil: do Império aos nossos dias. Ensinar 
História. 2018. Disponível em https://ensinarhistoria.com.br/partidos-politicos-do-brasil-do-imperio- 
aos-nossos-dias/. Acesso em 27 jun. 2021 
 
#SAIBA MAIS# 
REFLITA 
Leia o texto abaixo e pense como ainda podemos perceber aspectos do clientelismo 
em nossa sociedade 
 
Diversos autores têm salientado que o clientelismo integrava as relações sociais do 
período, não só no Brasil e na América do Sul, como também nos Estados Unidos 
e na Europa. Por isso seria ingênuo supor que não afetasse as eleições. 
Justamente por comporem o cenário social dos mais variados países do século XIX, 
não seria possível a organização de governos representativos naquele período que 
fossem isentos da influência eleitoral das relações clientelistas. O voto não era a 
expressão de uma decisão política, de um eleitor que escolhe os melhores 
candidatos segundo suas demandas, como se espera do eleitor no sé- culo XXI. 
Esse tipo de eleitor não poderia existir nas sociedades profundamente 
hierarquizadas do século XIX. Contudo, o clientelismo não significava a submissão 
absoluta aos poderosos locais. Sem dúvida era uma relação de arbítrio e 
exploração, mas a sujeição não tornava os clientes sujeitos totalmente passivos, 
sem qualquer capacidade de exercício de vontade. A inclusão de setores sociais 
como votantes lhes conferia uma moeda de troca, que significava uma participação 
que ia além da mera submissão. Podiam negociar seu voto em troca de favores e 
bens materiais, por exemplo. O exercício do voto, por sua vez, propiciava um 
https://ensinarhistoria.com.br/partidos-politicos-do-brasil-do-imperio-aos-nossos-dias/
https://ensinarhistoria.com.br/partidos-politicos-do-brasil-do-imperio-aos-nossos-dias/
importante aprendizado político. Ao participar das eleições, os homens pobres 
entravam em contato com ideias propagadas pelo regime liberal, como a de serem 
os indivíduos portadores de direitos garantidos pelo Estado, a importância de existir 
uma constituição que normatizava as relações sociais e políticas, o compromisso 
das instituições com o bem geral do povo. Ideias das quais esses homens, com o 
tempo, se apropriaram para reivindicar direitos e melhorias nas suas condições de 
vida. (DOLHNIKOFF, 2017) 
 
#REFLITA# 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Nessa unidade pudemos debater como as elites agrárias e as aristocracias 
cafeeiras disputavam e influenciaram a administração do poder no Segundo 
Reinado. Ao mesmo tempo, observamos como essas disputas contribuem para o 
desgaste do Reinado de D. Pedro II. 
Analisamos as percepções brasileiras e paraguaias sobre o conflito 
conhecido como a Guerra do Paraguai, vimos que esse conflito trouxe prejuízos 
aos dois países, mas que os danos aos paraguaios foi muito mais duro e 
comprometeu todo o desenvolvimento econômico daquele país. Em contrapartida, 
para os brasileiros, principalmente ao imperador, a Guerra significou um passo ao 
fim do seu reinado. 
Por fim, estudamos como se construiu o processo que levaria a republica 
brasileira a partir do fim da escravidão e a crise com os fazendeiros escravistas, da 
crise com o exercito e com a igreja e do movimento republicano. 
LIVRO 
Título: Repensando o Brasil do Oitocentos 
Autor: José Murilo de Carvalho e Lucia Maria Bastos Pereira Das Neves 
Editora: Civilização Brasileira; 1ª edição (13 julho 2009). 
Sinopse: Cidadania e Nação em debate Os dois conceitos são estudados sob 
vários pontos de vista no livro organizado por José Murilo de Carvalho A construção 
dos conceitos de cidadania e nação no Brasil do século XIX são analisados em 
Repensando o Brasil do Oitocentos, organizado por José Murilo de Carvalho e 
Lúcia Bastos Pereira das Neves. O livro é resultado dos estudos de um grupo de 
historiadores de universidades do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. 
Há mais de cinco anos, os estudiosos dedicam-se ao tema e trazem novas fontes 
de análise e interpretação para o debate. Os historiadores mostram o importante 
papel de agentes como imprensa e movimentos culturais na formação dos 
conceitos de nação e cidadania no Brasil. A publicação levanta questões inéditas 
sobre a construção da nação e da cidadania no século XIX. No estudo, a cultura 
tem um papel fundamental no processo, assim como a imprensa. Os historiadores 
procuraram ampliar as fontes de pesquisa sobre os dois temas. O livro mostra como 
o espaço político também é lugar para as manifestações artísticas, que são 
fundamentais para a criação das identidades nacionais e étnicas. As práticas e os 
valores sociais foram amplamente abordados. Os historiadores concluíram que o 
conceito de cidadania foi imposto à população. A ação do Estado foi vista como 
uma interferência no modo de vida das pessoas. Porém, de acordo com o estudo, 
os movimentos de resistência não devem ser entendidos como um repúdio às 
novidades, mas sim uma afirmação de seus direitos. A imprensa foi um agente 
fundamental na sociedade brasileira da época. A cidadania e a própria nação 
emergente foram fortemente influenciados pelos escritos da época. A História do 
Brasil-Império foi moldada e hoje pode ser entendida pelos escritos da época. A 
escravidão e a idéia de liberdade também são abordadas no livro, assim como a 
realidade de política de países da América Hispânica do século XIX. A guerra é 
outra fonte que leva ao entendimento da construção da nação. Em Repensandoo 
Brasil do Oitocentos, os historiadores mostram que os conceitos de cidadania e 
nação estão em constante mutação desde seu surgimento até os dias de hoje. 
FILME/VÍDEO 
Título: Guerra do Paraguay 
Direção: Luiz Rosemberg Filho. 
Ano: 2017. 
Sinopse: Nessa metáfora poética sobre uma guerra sangrenta, um fato 
inesperado se torna real: um encontro do passado com o presente, da barbárie 
com a arte. Um soldado vindo da Guerra do Paraguay se encontra uma trupe de 
teatro dos dias de hoje. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
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Dumará, 1995 
 
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Negra. Brasília: Edições Câmara, 2008. 
 
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Nacional: 1830-1889. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012 
 
COSTA, Emília Viotti da Costa. História do Brasil Império. São Paulo: Global, 
1982. 
 
COSTA, Emília Viotti da Costa. Da Monarquia à República. São Paulo: Unesp, 
2010 
 
DOLHNIKOFF, Miriam. História do Brasil Império. São Paulo: Contexto, 2017. 
 
DOLHNIKOFF, Miriam. História do Brasil. 2ª ed. São Paulo: Editora da 
Universidade de São Paulo, 1995. 
 
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. 3. Ed. atual. e ampl., 1. reimpr. – 
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2018. 
 
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de 
São Paulo, 1995. 
 
HOLANDA,Sérgio Buarque. O Brasil Monárquico (1822-1889) - Tomo 2 
Dispersão e Unidade. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1972 
 
LOPEZ, Luiz Roberto. História do Brasil Imperial. Porto Alegre: Mercado Aberto, 
1997. 
 
MARINGONI, Gilberto. O destino dos negros após a Abolição. Revista Desafios 
do Desenvolvimento. 2011. Ano 8 . Edição 70 - 29 dez. 2011. Disponível em: 
https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2673%3Acati 
d%3D28. Acesso em jun. 2021. 
 
PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: 
Publifolha, 2000. 
 
REIS, João José. Nós achamos em campo a tratar da liberdade: a resistência 
negra no Brasil oitocentista. In: MOTA,C,G. (Org.). Viagem incompleta: a 
experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 1999. 
 
SALOMÃO, Gilberto Elias. História: Pré-vestibular. São José dos Campos: 
Editora Poliedro, 2021 
 
SCHWARCZ, Lilia M.; GOMES, Flávio. Dicionário da Escravidão e Liberdade. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2018. 
http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2673%3Acati
 
CONCLUSÃO GERAL 
 
Ao longo dessa disciplina, podemos estudar, como através dos conflitos, guerras, 
disputas políticas e sociais se construiu o Estado brasileiro. Reforçamos aqui o que 
dissemos ao longo desses estudos, não podemos compreender nenhum fato ou evento 
histórico isoladamente, mas sim como parte de um amplo e complexo processo histórico. 
Optamos por uma abordagem a partir da análise conhecimento no campo do 
conflito e resolução de conflitos, essa análise entende os conflitos como inevitáveis ao 
escancarem as contradições que permitem através de um movimento dialético, mudar e 
transformar a sociedade. Não podemos pensar o conflito como o fim das relações, mas 
como uma possibilidade de reconhecimento do outro. 
Nessa perspectiva, analisamos os conflitos entre Portugal, França e Inglaterra e 
como isso contribuiu para a nossa independência. Analisamos os conflitos entre os 
interesses ingleses e brasileiros e como isso contribuiu para os ideais liberalistas no 
Brasil. Além dos conflitos sociais e abolicionistas e como estes construíram as estruturas 
racistas e de desigualdades em nossa sociedade. Por fim, como os conflitos entres as 
aristocracias cafeeiras, entre o Império e a igreja, exército e fazendeiros com apoios dos 
setores urbanos, construíram o movimento republicano e o fim da monarquia no Brasil. 
Esperamos que tenham gostado dessa experiências e continuem seus estudos e 
ainda, escolham a melhor maneira de compreender os processos e fatos históricos da 
nossa sociedade, a fim de contribuir não somente para a compreensão, mas também 
para a atuação e transformação da realidade. 
 
Tudo de bom a todos, sempre!!!! 
Abraços fraternos.internas portuguesas 
e brasileiras, está relacionada ao fim do tráfico de escravos que tanto desejava o Império 
britânico. na Inglaterra desde o final do século XIX já existe uma luta abolicionista e anti- 
tráfico de escravos. Esse processo interno inglês contra o tráfico de escravos, fez com 
que dom João assinasse junto com o Tratado de Navegação e Comércio, o Tratado de 
Aliança e Amizade. Um os pontos deste tratado comprometem dom João a limitar o 
tráfico de escravos e aos poucos acabando permanentemente com o tráfico de escravos. 
 
Figura 2 - Ilustração do Navio negreiro Brookes, a partir da planta do século XVIII 
 
 
 
 
 
ID da ilustíação stock livíe de diíeitos: 242295046
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ID da ilustíação stock livíe de diíeitos: 237236926 
 
 
Em 1815 com o fim das guerras napoleônicas, no Congresso de Viena, dom João se 
compromete mais uma vez acabar com o tráfico de escravos, nesse caso com tráfico de 
escravos ao norte da linha do Equador. obviamente nenhum desses acordos acabou com 
o tráfico de escravos, na medida em que a dependência do trabalho escravo na colônia 
principalmente brasileira, era essencial para a manutenção das estruturas econômicas e 
sociais dessa sociedade. Isso significa dizer, que para as elites brasileiras, era impossível 
naquele momento, pensar uma sociedade sem escravidão. 
 
https://www.shutterstock.com/pt/search/illustrations
3 A CONSTRUÇÃO DA MONARQUIA NO BRASIL 
 
 
Uma das coisas que marcaram a história da família real portuguesa no Brasil e dom João 
como regente, foram as guerras que o príncipe regente se envolveu durante o tempo em 
que esteve no Brasil. Um desses conflitos tem relação com a invasão francesa em 
Portugal. Dom João para se vingar de Napoleão, com apoio dos ingleses, invadiu a 
Guiana Francesa. No Congresso de Viena, em 1815, dom João devolveu a Guiana 
Francesa aos franceses como parte do acordo para o fim das guerras napoleônicas e do 
Império napoleônico. 
Porém o conflito mais importante que dom João se envolveu, foi com as terras 
espanholas da Banda Oriental. Em 1816 dom João conseguiu vencer as batalhas anexar 
o que ficou conhecido como Província Cisplatina, e que hoje é o território independente 
do Uruguai. Esse episódio mostra a supremacia brasileira na região sul-americana. 
Um episódio importante a se destacar nesse período da presença da família real 
no Brasil e do governo de dom João, foi o conflito que aconteceu no Nordeste em 1817, 
mais especificamente em Recife, Pernambuco. Historicamente sempre foi palco de 
diversos conflitos, batalhas e revoltas. em 1817 aconteceu uma das revoltas mais 
importantes e mais famosas da história do nordeste e de Pernambuco, conhecida como 
Revolução Pernambucana de 1817. 
As causas dessa revolta estão diretamente relacionadas ao descaso que a coroa 
tinha em relação à região nordestina. Além de um descaso político, o governo português 
cobrava pesados impostos sobre as províncias do nordeste e dava pouco em troca 
desses impostos. As elites nordestinas desejavam mais autonomia em relação para as 
suas províncias, em contrapartida o governo exigia cada vez mais centralidade em 
relação às províncias dando pouco ou quase nada de repasse para as melhorias 
econômicas e estruturais dessas regiões. 
Para as elites nordestinas para o povo do nordeste a transferência da família real 
de Lisboa para o Rio de Janeiro significou muito pouco, as desigualdades regionais 
continuaram a cobrança de impostos sem nenhum retorno efetivo desagradava e as 
intervenções políticas na região ficaram insustentáveis. Vale lembrar dos processos de 
revoltas e conflitos anteriores que sinalizam o descontentamento já antigo dessa região 
em relação à metrópole. 
A revolta iniciou em março de 1817 em Recife espalhando para outras regiões do 
nordeste, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. A revolta ficou conhecida também 
como a “revolução dos padres” devido à ampla participação de padres nessa disputa. É 
importante ressaltar também a participação da população nesses conflitos, mesmo que 
os maiores interesses dessa pauta revolucionária estavam relacionados às elites locais. 
A população mais pobre associada a esse processo há uma luta de Independência e de 
liberdade, para as elites locais significava uma tentativa de controle da colônia ou mais 
autonomia às regiões das províncias nordestinas. 
O conflito foi duramente reprimido por dom João e deixou profundas marcas na 
região nordestina que se perpetuam e vão caracterizar e fundamentar as revoltas de 
volta que acontecerão posteriormente no período regencial, ou ainda antes, no governo 
de Dom Pedro I, em uma das revoltas mais importantes deste período conhecida como 
Confederação do Equador, que e falaremos mais adiante na próxima unidade. 
 
4 UMA PORTUGAL EM TERRITÓRIO BRASILEIRO: DA ARQUITETURA AS ARTES 
 
Imagem de abertura do Tópico 4: ID da foto stock livíe de diíeitos: 221782612 
 
Quando a família real portuguesa chegou ao Brasil, a colônia não tinha um mínimo 
de estrutura para abrigar a sede do Império, não tinha estrutura nem para abrigar a 
família real e a corte portuguesa que desembarca no Rio de Janeiro em 1808. Foi preciso 
então organizar o espaço do Rio de Janeiro para abrigar a sede do Império, a família real 
e a corte portuguesa, mais ou menos 15 mil pessoas. 
A corte portuguesa compunha não só uma massa de parasitas que sobrevive aos 
privilégios da condição da classe da qual estavam inseridos, mas também ocupava uns 
cargos administrativos, políticos e nas forças militares e de segurança da corte e dos 
territórios portugueses. 
Nesse sentido, era preciso toda a estrutura administrativa com prédios públicos e 
espaços físicos para que essas funções fossem desempenhadas na colônia para que 
estivesse ativamente uma sede Império. 
Neste contexto, dom João vai dispensar uma grande energia para organizar o 
espaço físico do Rio de Janeiro parque abrigasse as estruturas necessárias para 
administração do Império além de um ambiente apropriado para abrigar as pessoas que 
estavam chegando de Portugal fugindo das invasões napoleónicas. 
O Rio de Janeiro em 1808 não passava de uma vila, mesmo sendo a capital da 
colônia, nem de longe parecia uma cidade como as que existiam na Europa. Não existia 
na colônia brasileira uma dinâmica cultural e de entretenimento como existia nas cidades 
europeias. Diante dessa situação, Dom João importou da França um grupo de artistas, 
atores, músicos e poetas para dar uma vida cultural à cidade do Rio de Janeiro e um 
https://www.shutterstock.com/pt/photos
entretenimento para a corte portuguesa que lá estava ocupada. Neste contexto, dom 
João fundou a Biblioteca Nacional, o Horto Florestal e o Banco do Brasil. 
 
A revolução Liberal 
 
 
Como como vimos dizendo desde o começo desta disciplina, não podemos pensar 
a Independência do Brasil, e nenhum outro fato histórico, sem levar em conta o processo 
que justifica e que fundamenta os eventos analisados e estudados. também dissemos 
que não é possível compreender a Independência do Brasil somente com fatos e eventos 
internos é preciso relacionar a nossa independente com eventos que aconteceram na 
Europa, nos Estados Unidos e na América Latina. 
A Independência do Brasil acontece no mesmo contexto dos processos de 
Independência dos países da América Latina, principalmente da América espanhola e 
todos esses são antecedidos pela Independência dos Estados Unidos em 1776. Estes 
eventos de muitas maneiras influenciaram e contribuíram para o processo de construção 
do Estado brasileiro. 
Mas ainda em relação aos eventos externos é preciso destacar os eventos que 
estavam acontecendo na Europa neste mesmo período e que tem relação profunda com 
o nosso processo de Independência. 
O Congresso de Viena de muitas maneiras contribuiu para o processo de 
Independência dos países da América. OCongresso aconteceu em 1815 e foi uma 
tentativa dos países da Europa de restaurar o absolutismo que foi de muitas maneiras 
perturbado ou desestabilizado pela Revolução Francesa e pelas guerras napoleónicas. 
Essa tentativa de restaurar a ordem na Europa vai interferir diretamente nas 
relações econômicas e políticas das colônias tanto de Portugal quanto da Espanha no 
continente americano. Portugal e Espanha tentaram retomar as relações coloniais e as 
explorações econômicas que existiam antes da dominação de Napoleão sobre esses 
reinos. evidentemente que as elites locais não aceitaram essa submissão e esse 
retrocesso em suas relações políticas e econômicas. 
Mais especificamente, e relacionado diretamente à nossa história, o Congresso 
de Viena se relaciona com a nossa história na medida em que exige de d. João o retorno 
a sede do seu governo em Portugal. D. João não tinha o menor interesse de naquele 
momento retornar a Portugal na medida em que o Brasil naquele contexto já se tornou 
até mais importante economicamente, por outro lado ele não admissível para as 
lideranças do Congresso aceitar que um rei governasse todo um Império de sua colônia, 
diante dessa situação D. João elevou o Brasil à condição de Reino Unido de Portugal e 
Algarve. Este foi um movimento que elevou o Brasil uma condição política que não 
poderia mais retroceder a elite local não aceitaria um retorno do Brasil ao status de 
colônia foi um passo importante para a ruptura definitiva das colônias entre Brasil e 
Portugal. 
Em 1816 dona Maria, a rainha de Portugal, acabou falecendo e D. João foi coroado 
imperador do Reino de Portugal, Brasil e Algarves, com o título de D. João VI. todos 
esses eventos de muitas maneiras vão levar a um descontentamento muito grande 
principalmente dos comerciantes portugueses. 
A burguesia portuguesa tinha boa parte dos seus rendimentos relacionados à 
exploração colonial principalmente em relação à colônia brasileira. Para essa burguesia 
era fundamental que o Brasil continuasse a ser uma colônia de Portugal, para que estes 
continuassem explorando o comércio brasileiro de forma monopolista garantindo a sua 
riqueza e os seus altos lucros. Mas diante da recusa de d. João VI de voltar e restabelecer 
a ordem que existia antes de Napoleão estou olha essa burguesia passar por cima da 
autoridade real e assim como os franceses em 1789 e os ingleses em 1688, iniciar um 
processo revolucionário que ficou conhecido como a Revolução Liberal do Porto. 
Essa revolução trouxe uma série de mudanças políticas e econômicas para 
Portugal, mas principalmente para o Brasil essa revolução contribuiu para o rompimento 
definitivo entre Portugal e a sua principal colônia. É que entre outras coisas a burguesia 
que tomou conta do poder lusitano, exigiu o retorno da família real a Portugal bem como 
o retorno do Brasil ao status de colônia portuguesa. Evidentemente que isso 
desagradava muito a elite brasileira. 
Em 1821 Dom João VI temendo perder o trono acaba cedendo e retornando a 
Portugal para assinar a nova Constituição portuguesa que surgiu no processo da 
Revolução Liberal. Porém deixou seu filho D. Pedro como regente do Brasil mantendo 
assim de alguma forma autonomia brasileira em relação a Portugal e o status do Brasil 
como Reino Unido. Essa medida de d. João VI desagradou a burguesia portuguesa que 
daquele momento em diante começou uma pressão muito grande para que Dom Pedro 
retornasse o quanto antes para Portugal. 
Enquanto isso aqui no Brasil as elites e os políticos brasileiros pressionavam Dom 
Pedro para que ele se mantivesse no Brasil garantindo assim autonomia brasileira em 
relação a Portugal. alguns políticos brasileiros chegaram aí até Portugal para compor o 
parlamento português que surgiu após o processo revolucionário. mas descontentes com 
a falta de liberdade dentro do parlamento e com os limites impostos pelos portugueses 
em relação às políticas brasileiras, retornaram ao Brasil iniciar um processo de 
construção da ruptura entre Brasil e Portugal. 
 
SAIBA MAIS 
 
Abaixo estou linkando um artigo escrito por Bruno Leal, publicado no site Café 
História, sobre o navio negreiro Brooks e a campanha abolicionista inglesa. A ilustração 
que inflamou o movimento abolicionista britânico (cafehistoria.com.br) 
 
Figura - Navio de escravos britânico Brookes. Imagem: Library of Congress 
 
 
 
Fonte: CARVALHO, Bruno Leal 
Pastor de. A ilustração que 
inflamou o movimento abolicionista 
britânico (Artigo). In: Café História 
– história feita com cliques. 
Disponível em: 
https://www.cafehistoria.com.br/a- 
ilustracao-que-inflamou-os-
abolicionistas-britanicos/ 
Publicado em: 17 fev. 2020. ISSN: 
2674-5917. 
Acesso: 20 jun. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
Para saber mais sobre as revoltas citadas acima consulte o texto FIGUEIREDO, Luciano 
Raposo de Almeida. Revoltas, fiscalidade e identidade colonial na América Portuguesa: 
Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais, 1640-1761. Disponível em 
https://caph.fflch.usp.br/node/14326. 
 
Para compreender um pouco mais sobre a condição de dom João como príncipe 
regente de Portugal, sugiro vocês assistirem aos vídeos do Eduardo Bueno sobre a 
rainha dona Maria, a louca. Hoje sabemos que o problema que dona Maria tinha não era 
insanidade mental, mas sim uma grande depressão que a impossibilitava de governar o 
https://www.cafehistoria.com.br/a-ilustracao-que-inflamou-os-abolicionistas-britanicos/
https://www.cafehistoria.com.br/a-ilustracao-que-inflamou-os-abolicionistas-britanicos/
https://www.cafehistoria.com.br/a-ilustracao-que-inflamou-os-abolicionistas-britanicos/
https://caph.fflch.usp.br/node/14326
Reino de Portugal. No canal Buenas Ideas, no YouTube, vocês encontrarão não só 
vídeos sobre dona Maria, mas também sobre as outras rainhas brasileiras. Vale a pena 
conferir. Abaixo segue a indicação do vídeo sobre dona Maria com um link para acessar 
o canal e o vídeo. 
https://www.youtube.com/watch?v=6qyzA5tMmvc (435) D. MARIA. A RAINHA LOUCA - 
EDUARDO BUENO - YouTube 
#SAIBA MAIS# 
REFLITA 
 
A citação abaixo nos permite refletir sobre a ação política e de resistência 
dos escravos no Brasil. Nos ajuda a perceber que não houve passividade em 
relação a condição de escravos, mas sim diversas formas de resistência. 
 
No Brasil da segunda metade do século XIX os escravos identificaram 
rapidamente as brechas abertas pela legislação e frequentemente levaram seus 
senhores aos tribunais em defesa de direitos garantidos em lei. Fizeram política sim, mas 
com uma linguagem própria, ou com a linguagem do branco filtrada por seus interesses, 
ou ainda combinando elementos da cultura escrava com o discurso da elite liberal. 
Fizeram da religião africana ou do catolicismo popular instrumentos de interpretação e 
transformação do mundo, mas não deixaram de assimilar com os mesmo objetivos 
muitos aspectos de ideologias seculares disponíveis nos diversos ambientes sociais em 
que circulavam. Embora fossem derrotados na maioria das vezes, os escravos rebeldes 
marcariam limites além dos quais seus opressores não seriam obedecidos, e se 
constituíram em força decisiva para a derrocada do regime que os oprimia. 
 
Fonte: REIS, João José. Nós achamos em campo a tratar da liberdade: a resistência negra no Brasil 
oitocentista. In: MOTA,C,G. (Org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: 
Senac, 1999.) 
 
#REFLITA# 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=6qyzA5tMmvc
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Ao longo desta unidade nós podemos observar os processos externos e alguns 
elementos internos que explicam o processo de ruptura do Brasil em relação a Portugal. 
Citamos eventos que aconteceram tanto na Europa e as suas influências dentro do nosso 
país, também observamos algumas situações internas no Brasil principalmente medidas 
adotadas por dom João VI, que contribuíram para construção de um sentimento de 
Independênciado Brasil em relação a Portugal. 
É válido ressaltar mais uma vez que todos esses eventos, todos esses contextos 
analisados nesta unidade, não estão isolados e não são eventos que não se relacionam. 
Não é possível pensar a história de uma forma linear, é preciso pensar que cada evento 
tem uma relação com vários outros eventos de maneiras diretas e indiretas. Seria mais 
interessante pensar história no movimento em espiral um movimento de contradições, o 
que movimentou a história do Brasil e explica a nossa Independência é um movimento 
de conflitos internos e externos esses conflitos mostram as contradições existentes nas 
relações entre a colônia brasileira e a metrópole portuguesa. 
É interessante também ressaltar que esses conflitos, e essas contradições 
também se relacionam com os interesses ingleses em relação ao Brasil em relação a 
Portugal. A Inglaterra neste contexto já era uma grande potência mundial e de muitas 
maneiras impunha sobre diversos países os seus interesses principalmente econômicos 
e claramente como podemos observar ao longo deste conteúdo que e os ingleses se 
aproximaram do Brasil claramente com interesses económicos em relação ao mercado 
brasileiro. O Brasil oferecia a Inglaterra o mercado interessante de matéria prima, 
principalmente algodão, que era essencialmente necessário para a indústria inglesa, 
além é claro de um mercado consumidor muito interessante para os produtos industriais 
e manufaturados ingleses. 
Por esse motivo, D. João VI, e como veremos na próxima unidade Dom Pedro I e 
Dom Pedro II, mantém laços econômicos e diplomáticos muito fortes com a Inglaterra, 
evidenciando o poder imperialista inglês século 19. 
Mas é lógico que não podemos esquecer de maneira alguma os eventos internos 
como inconfidência mineira conjuração baiana além das revoltas nativistas além é claro 
dos interesses das elites brasileiras, que de muitas maneiras contribuíram para o 
processo de ruptura do Brasil em relação a Portugal. na próxima unidade veremos isso 
de forma mais objetiva, analisando como os políticos brasileiros em especial José 
Bonifácio, defendia e organizaram o processo de Independência do Brasil. 
O fato de o Brasil ter sido uma colônia portuguesa faz com que a gente 
necessariamente tenho que olhar para a história da Europa para compreender os 
processos internos da nossa história. não podemos pensar o processo de Independência 
do Brasil sem conhecer a história de Napoleão, das guerras napoleônicas, do bloqueio 
continental, da revolução francesa, da Independência dos Estados Unidos, e claramente 
dos processos históricos internos de Portugal, no momento em que ainda tínhamos 
relações muito forte com os portugueses, seja no período colonial seja no período em 
que o Brasil foi governado por d. João VI. 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
O bicentenário da independência e os usos políticos do 7 de setembro, segundo 
esta historiadora 
 
Em entrevista ao Café História, a historiadora Neuma Brilhante, professora de 
História do Brasil na UnB, relembra o primeiro centenário da independência, revela suas 
expectativas para o bicentenário e explica porque os historiadores são tão críticos a 
narrativas ufanistas da história. 
Lembro que eu estava no meu segundo ano do mestrado em Memória Social 
quando acompanhei as “comemorações” dos 200 anos da chegada da família real 
brasileira ao Rio de Janeiro. Eu fiquei realmente impressionado com a grandiosidade da 
efeméride. Houve shows, discursos públicos, reportagens, exposições, selos 
comemorativos, conferências e o lançamento de “1808”, livro do jornalista Laurentino 
Gomes que se tornou um inédito fenômeno de vendas. Pelo menos no Rio de Janeiro, 
minha cidade natal, e onde eu então vivia, as pessoas pareciam tomadas por uma 
arrebatadora e apaixonada curiosidade por esse período da história do Brasil. Ainda não 
sei como explicar tudo aquilo foi possível, mas acho que o ótimo momento político e 
econômico que o país vivia pode ser uma boa hipótese a fim de responder o porquê de 
tanta excitação. 
Doze anos depois, às vésperas de outra importante efeméride no imaginário 
político, o bicentenário da independência, a ser completado em 2022, eu não sei muito 
bem o que esperar, mas, como historiador, aguardo ansioso a data. Dois dias antes de 
publicar esta entrevista, a quatro, portanto, do 7 de setembro de 2020, o ator Mário Frias, 
Secretário Especial de Cultura do Governo Bolsonaro, publicou uma ação publicitária do 
governo sobre os “heróis brasileiros”, deixando-nos antever uma visão antiquada, pobre 
e constrangedora do passado nacional. Mas, tirando isso, não temos até agora nenhum 
grande projeto à vista. Morando há dois anos em Brasília, não vejo por aqui nada 
parecido com o que vi no Rio em 2008, e imagino que esse é mais ou menos o mesmo 
clima no restante do país. Recém-entrado em uma recessão econômica, com um 
governo de extrema-direita no poder e em meio a uma pandemia global que já tirou a 
vida de mais de 100 mil brasileiros e brasileiras, não parece-me haver tanto espaço para 
aquilo que vivemos há mais de uma década. De qualquer forma, penso que se existe um 
governo que é propenso a capitalizar com os usos políticos do bicentenário, este governo 
é o Governo Bolsonaro. Talvez haja projetos ainda não-revelados. Para entender melhor 
esse cenário, bem como as possibilidades quanto ao que veremos dentro de dois anos, 
entrevistei Neuma Brilhante, professora de História do Brasil do Departamento de 
História da UnB e diretora do Instituto de Ciências Humanas desta mesma universidade. 
Minha colega de departamento é especialista em Brasil do século XIX e tem se 
perguntando, assim como eu e outros tantos historiadores e historiadoras, o que 
podemos esperar de 2022, quando nossa independência política 
completa 200 anos. 
 
 
Muita gente não se incomoda nem um pouco com narrativas ufanistas da 
história. Mas os historiadores sim, e bastante. Por que uma abordagem 
nacionalista da história pode ser problemática? 
 
Os historiadores são bastante conscientes dos usos políticos do passado por 
pessoas, grupos, instituições… É inegável, contudo, que a história nacional apresenta- 
se como espaço fundamental para tal prática. Neste sentido, a história frequentemente 
é usada para legitimar projetos de poder e forjar identidades. A própria institucionalização 
da História como área específica do conhecimento, no século XIX, esteve ligada à 
formação dos Estados nacionais e à busca e à elaboração de narrativas que pudessem 
lhes trazer coesão social. Observe que neste exercício, esquecer determinados 
acontecimentos era tão importante quanto fazer lembrar de outros. 
Neste sentido, o caso da própria construção do 7 de setembro como data nacional 
é muito elucidativo. Sua valorização esteve diretamente ligada às disputas estabelecidas 
entre o jovem Imperador e a Câmara dos Deputados, nos primeiros anos do país 
independente. Ainda em finais de 1822, o 12 de outubro, data da aclamação do Imperador 
e do aniversário natalício de d. Pedro, foi apontada por Decreto Imperial como o dia de 
aniversário da independência. A escolha deste dia para aclamação possibilitava, 
simbolicamente, a legitimação dupla do Imperador: ele chegava ao poder por seu 
nascimento como príncipe herdeiro, mas também pela aclamação do povo, em um pacto 
que teria na futura Constituição o seu maior emblema. O 7 de setembro, por sua vez, 
seria apontado como marco da independência meses depois, em maio de 1823, na 
abertura da Assembleia Constitucional e Legislativa do Império, quando o próprio d. 
Pedro I afirmou ter sido o riacho do Ipiranga o lugar em que “pela primeira vez” ele 
proclamou a independência do Brasil. Percebemos aqui certa alteração na explicação. 
Se o 12 de outubro conferia grande importância ao reconhecimento do soberano 
pelo povo para o nascimento do novo país, o 7 de setembro o apresentava, pelo menos 
em seuato fundador, como fruto da vontade do príncipe, ação esta que antecedera o 
pacto estabelecido com o povo. Naquele mesmo ano, já em contexto de disputa com a 
assembleia, as duas datas foram lembradas com pompa. A comemoração dupla, com 
certa primazia do dia da Aclamação, durou até o início do Período Regencial, na década 
de 1830, quando o 12 de outubro foi substituído pelo 2 de novembro, dia do aniversário 
do imperador menino, d. Pedro II. Percebemos neste momento mais uma reinterpretação 
dos acontecimentos. A retirada do 12 de outubro do calendário cívico do Império buscava 
diminuir a presença do primeiro imperador da memória nacional e o 7 de setembro 
passou a ser compreendido como resultado de pressões do povo, entendido como a 
parcela da população com direitos de cidadão.. A figura de d. Pedro I seria valorizada a 
partir da década de 1860 e alcançou seu apogeu já na República, quando foi apontado 
como grande garantidor da unidade nacional. 
Agora que vimos os usos políticos desse passado, podemos voltar à pergunta 
sobre os problemas de uma história nacionalista. De modo geral, estas narrativas 
nacionais buscam construir marcos fundadores, não raramente com atos protagonizados 
por grandes personagens, de matiz heroica, que personificam a nação. Esta, por sua 
vez, é representada como possuidora de valores e características homogêneas, como 
entidade superior aos indivíduos e aos grupos minoritários, que atuam como 
contribuintes secundários ou obstáculos a serem superados. As histórias nacionais 
forçam interpretações e impõem severos silêncios. 
Pensando mais uma vez no caso brasileiro, a história nacional elaborada ao longo 
do século XIX e ainda fortemente presente em nossa cultura de história impôs silêncios 
quanto a movimentos separatistas, a revoltas populares em geral e a episódios em que 
o Estado fora particularmente violento, entre outros. De uma forma geral, os ditos 
silêncios estavam diretamente relacionados àquelas experiências que poderiam 
comprometer os esforços da construção de laços de identidade nacionais, mesmo 
quando tal experiência partia do próprio Estado. 
A história nacionalista desqualifica projetos políticos alternativos, representa os 
opositores como desordeiros e ignorantes, subordina grupos humanos diferentes do 
eleito como constituinte de seu povo. A aproximação entre discurso nacionalista e 
discurso supremacista é enorme. Lembremos que todas as experiências totalitárias do 
século XX foram respaldados por narrativas nacionalistas, em geral, contadas a partir de 
viés teleológico, pelo qual a formação do grandioso Estado e da nação estava traçado 
desde tempos imemoriais. 
Estas questões estão evidentes em meio às disputas políticas de nosso tempo. 
No caso da direita, percebemos forte interesse pela proposição de certo revisionismo 
histórico que revaloriza a narrativa nacionalista da história do Brasil. O principal expoente 
de tal movimento é o grupo Brasil Paralelo, que diz ter por objetivo expurgar a ideologia 
do que consideram ser a “história oficial”, produzida majoritariamente nas universidades, 
entendidas como redutos de esquerda. 
A apropriação deste discurso nacionalista por parte do atual governo tem se 
desdobrado em críticas e desmonte de políticas públicas adotadas por administrações 
anteriores. Isso já se tornou notório nas contestações de ações afirmativas para 
populações negras, de políticas de demarcação de terras indígenas e das indenizações 
de vítimas da ditadura militar no Brasil. 
 
Fonte: BRILHANTE, Neuma. O bicentenário da independência e os usos políticos do 7 de setembro, 
segundo esta historiadora (Entrevista): Bruno Leal entrevista Neuma Brilhante. In: Café História. Disponível em:
 https://www.cafehistoria.com.br/o-bicentenario-da-independencia-e-os-usos-politicos-do-7-de- 
setembro-segundo-esta-historiadora/ . Publicado em: 07 set. 2020. ISSN: 2674-5917. Acesso: 21 jun. 2021 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
Uma obra muito interessante de ser lida para compreender o período que 
destacamos aqui nessa unidade, é o livro 1808 de Laurentino Gomes. Abaixo segue as 
https://www.cafehistoria.com.br/o-bicentenario-da-independencia-e-os-usos-politicos-do-7-de-setembro-segundo-esta-historiadora/
https://www.cafehistoria.com.br/o-bicentenario-da-independencia-e-os-usos-politicos-do-7-de-setembro-segundo-esta-historiadora/
referências dessa obra de fácil leitura e fácil compreensão, nos ajuda muito a 
compreender o período e é uma importante referência para a sala de aula. 
 
Título: 1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta 
enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil. 
Autor: Laurentino Gomes. 
Editora: Planeta 
Sinopse: A fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro ocorreu num dos 
momentos mais apaixonantes e revolucionários do Brasil, de Portugal e do mundo. 
Guerras napoleônicas, revoluções republicanas, escravidão formaram o caldo no qual se 
deu a mudança da corte portuguesa e sua instalação no Brasil. 
O propósito deste maravilhoso livro, resultado de dez anos de investigação jornalística, 
é resgatar e contar de forma acessível a história da corte lusitana no Brasil e tentar 
devolver seus protagonistas à dimensão mais correta possível dos papéis que 
desempenharam duzentos anos atrás. Escrita por um dos mais influentes jornalistas da 
atualidade, 1808 é o relato real e definitivo sobre um dos principais momentos da história 
brasileira. 
 
FILME/SÉRIE 
Título: O Quinto dos Infernos 
Autoria: Carlos Lombardi. 
Escrita por: Carlos Lombardi, Margareth Boury e Tiago Santiago . 
Direção: Marco Rodrigo e Edgar Miranda . 
Direção-geral: Wolf Maya e Alexandre Avancini . 
Período de exibição: 08/01/2002 – 29/03/2002. 
Nº de capítulos: 48 . 
Sinopse: A série conta algumas aventuras e desventuras da chegada da família Real no 
Brasil. Em 1785, a espanhola Carlota Joaquina (Raissa Medeiros), de apenas 10 anos, 
chega a Portugal para se casar com D. João VI (Cássio Gabus Mendes), de 18 anos. Já 
adulta, Carlota (Betty Lago), tem diversos amantes e tem total controle sobre D. João VI 
(André Mattos), que vive amedrontado pelos ataques da mulher louca. Até que chegam 
ao Brasil, onde irão criar os filhos Pedro (Carlos Machado / Marcos Pasquim), Miguel 
(Bruno Abrahão / Caco Ciocler) e Maria Tereza (Rosa Diaz / Ana Furtado), e precisam 
se adaptar ao clima tropical e às diferenças culturais. 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRILHANTE, Neuma. O bicentenário da independência e os usos políticos do 7 de 
setembro, segundo esta historiadora (Entrevista): Bruno Leal entrevista Neuma 
Brilhante. In: Café História. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/o- 
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UNIDADE II 
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E A CONSTRUÇÃO DO ESTADO IMPERIAL 
Professor Especialista Daniel Marques de Freitas 
 
 
Plano de Estudo: 
● A atuação de Dom Pedro I, Leopoldina e José Bonifácio; 
● Construção do Estado-Nação; 
● A Constituição e a concentração do poder; 
● Conflitos regenciais. 
 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Compreender a importância de d. Leopoldina e José Bonifácio no processo de 
independência; 
● Analisar as limitações da constituição de 1824; 
● Entender como os conflitos ajudam a construção dos processos históricos; 
● Compreender os limites políticos da centralização do poder. 
INTRODUÇÃO 
 
Na unidade anterior discutimos sobre as condições externas que justificam o 
processo de Independência do Brasil e a construção do nosso Estado. Analisamos como 
eventos que aconteceram na Europa se relacionam a eventos que aconteceram 
internamente no Brasil e de que maneira isso ajudou a elite brasileira a pensar um projeto 
político de ruptura com a metrópole portuguesa. 
Podemos observar também que esse processo de ruptura em relação a Portugal 
pode significar em diversos momentos uma relação de dependência com o Império 
inglês, na medida em que muitas das leis, acordos e tratados firmados por dom João VI, 
ainda quando este governava o Império aqui do Rio de Janeiro, comprometeram o Brasil 
um estado novo que estava se formando, com os interesses econômicos industriais da 
Inglaterra. 
Nessa unidade vamos estudar como Dom Pedro se tornou imperador do Brasil e 
ao mesmo tempo, como manteve algumas políticas internas e externas que atende os 
interesses não só brasileiros, mas também de muitas maneiras atende os interesses 
ingleses. 
1 O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL 
 
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Na unidade anterior, estudamos como dom João VI tentou articular as políticas 
internacionais do Brasil às relações externas de Portugal, principalmente relacionados 
ao fim das guerras napoleônicas e a restauração da ordem do antigo regime na Europa. 
Diante daquela situação e para tentar amenizar ainda exposição os outros reinos em 
relação à situação de Portugal, que se traduzia pelo conflito de governar os prédios do 
Império da sua colônia, dom João elevou o Brasil à condição de Reino Unido ao mesmo 
tempo em que tentou sair curto com os reinos absolutistas casando seu filho Dom Pedro 
com a princesa da Áustria dona Leopoldina. esse casamento simboliza a tentativa de 
dom João de se comprometer com a restauração do absolutismo na Europa. 
Em 1817 selado o acordo através do casamento entre Dom Pedro e dona 
Leopoldina, casamento que foi a distância e por procuração. Dona Leopoldina não será 
somente a mulher de Dom Pedro a princesa do Brasil e futuramente a rainha do Brasil, 
Leopoldina vai desempenhar um papel fundamental no processo de Independência, é 
através das mãos dela que daremos um passo determinante para a ruptura do Brasil, 
mas disso falaremos mais adiante. 
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Figura 1 - Dona Leopoldina, então Princesa Real Regente do Reino do Brasil, preside a 
reunião do Conselho de Ministros em 2 de setembro de 1822 
 
Fonte: Ficheiro: Maria Leopoldina regente. – Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Maria_Leopoldina_regent.jpg. Acesso em: 04 jul. 2021. 
 
Antes de falarmos como se deu o processo burocrático de construção do estado 
brasileiro, gostaria de relembrar com vocês alguns detalhes importantes sobre a 
revolução liberal do Porto, de 1820. Precisamos lembrar que essa revolução foi 
determinante para ruptura entre Brasil e Portugal, essa revolução entre as coisas exigia 
a volta do Brasil como uma colônia de Portugal para que a burguesia portuguesa 
continuasse explorando a colônia e garantindo a seus lucros mercantis. De maneira 
alguma isso foi cogitado pelas elites brasileiras, que estavam mais próximas a Dom 
Pedro, porque no interior do Brasil existia um grupo que olhava com bons olhos a 
manutenção das relações metropolitanas entre Portugal e Brasil. 
É importante também falar que no Brasil não existia uma unidade de pensamento, 
um sentimento nacionalista, que poderia de alguma forma unificava todas as pessoas 
todos os grupos políticos e todos os interesses que existiam no interior do país. Podemos 
observar isso em processos conhecidos, como Inconfidência Mineira, os inconfidentes 
não tinham interesse em uma ruptura de toda a colônia em relação com Portugal, para 
eles a independência aconteceria somente na região de Minas Gerais. Outros eventos 
também mostram que suas lideranças não sentiam parte de uns todos brasileiros, mas 
somente de uma parte, por isso lutavam pela ruptura só desta “parte”, como pudemos 
observar por exemplo na Revolução Pernambucana de 1817, e que voltará a acontecer 
na Confederação do Equador em 1824. Mais para frente quando falarmos da Revolta 
Farroupilha, vamos perceber que não só no Nordeste, mas também no sul do país, existia 
um sentimento de não pertencimento, mas sim de uma ruptura em relação ao Brasil. 
Manter a unidade do Brasil foi um dos grandes desafios do Império brasileiro, com 
Dom Pedro I e Dom Pedro II, no período imperial muitos movimentos de ruptura e 
separatistas desafiaram o governo estabelecido. Os exemplos acima reafirmam isso e 
ao longo dessa disciplina, analisaremos com mais calma alguns desses eventos. Por 
hora vamos nos concentrar no processo imediato de ruptura do Brasil em relação a 
Portugal. 
Como estamos dizendo a revolução liberal do Porto pressionou para a volta da 
família real a Portugal, em 1821, dom João sexto acaba cedendo à pressão portuguesa 
e retorna a Portugal para aceitar as condições do processo revolucionário que se iniciou 
em 1820, deixando no Brasil Dom Pedro como regente deste o território. Da saída de 
dom João sexto do Brasil até o Dia da Independência, as cortes portuguesas 
pressionaram Dom Pedro para que retornasse o quanto antes para Portugal. ao mesmo 
tempo aqui no Brasil existia uma pressão muito grande para que Dom Pedro 
permanecesse no Brasil como príncipe regente. as elites brasileiras sabiam que um 
retorno de Dom Pedro Portugal se encare um retrocesso nas condições políticas do 
Brasil. 
Então iniciaram um processo de construção da permanência de Dom Pedro e da 
Independência do Brasil em relação a Portugal. um dia importante desse processo foi o 
dia 09 de janeiro de 1821, quando Dom Pedro, recebe um abaixo assinado com mais de 
8500 assinaturas pedindo para que ele permanecesse no Brasil, uma assembleia no 
Senado brasileiro Dom Pedro profere uma das frases mais conhecidas da história 
brasileira, como você pode observar mais abaixo: 
 
Convencido de que a presençade minha pessoa no Brasil interessa ao 
bem de toda a nação portuguesa, e conhecendo que a vontade de 
algumas províncias assim o requer, demorei a minha saída, até que as 
Cortes, e meu augusto pai, e senhor, deliberem a este respeito com 
perfeito conhecimento das circunstâncias que têm ocorrido. (NEVES, 
2002. p. 201). 
 
A frase “como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: 
diga ao povo que fico”, nunca foi dita por Dom Pedro, Ela Foi publicada no jornal um dia 
após o dia 9 de janeiro, que ficou conhecido como o Dia do Fico. 
Independente da fala reproduzir erroneamente, e depois corrigida no periódico 
diário do Rio de Janeiro, a decisão de Dom Pedro de permanecer no Brasil simbolizou 
para as elites locais ir para a burguesia portuguesa, que estávamos muito perto da 
Independência do Brasil. 
De janeiro a setembro de 1822 o que vimos no Brasil foi um processo intenso de 
pressão portuguesa para o retorno de Dom Pedro a Portugal e do Brasil à condição de 
colônia, e ao mesmo tempo uma luta interna para que Dom Pedro tivesse apoio de todos 
os setores das elites brasileiros para o processo de ruptura. 
Existe uma pressão muito grande sobre Dom Pedro, a partir do Dia do Fico, para 
que este organizasse uma assembleia constituinte para elaboração de uma Constituição 
interna do Brasil. Nesse processo destaque seu nome José Bonifácio, patrono da 
independência, é ele quem lidera o processo de construção desta Constituição. Essa 
ainda não será a primeira Constituição brasileira, mas um símbolo e um passo importante 
para o fim das relações com Portugal. A proposta dessa constituinte era de uma ruptura 
gradual e moderada em relação a Portugal para evitar conflitos ou até mesmo uma 
guerra, na medida em que os navios portugueses aumentavam a cada dia no litoral 
brasileiro, sinalizando que os portugueses não aceitariam a separação do Brasil de 
Portugal. 
Importante ressaltar aqui que essa Constituição que estava sendo construída para 
este processo moderado pintura em relação ao Portugal, liderados por José Bonifácio, o 
fim da escravidão no Brasil. Não estava no projeto político do Brasil neste momento 
acabar com a escravidão imediatamente após a separação de Portugal, o que constava 
era um projeto lento e gradual do fim da escravidão, na medida em que a economia era 
muito dependente da mão de obra escrava e as elites e o preconceito estruturados na 
sociedade brasileira não conseguiam imaginar uma sociedade naquele momento sem a 
presença da escravidão. Junto com processo de construção do Estado brasileiro e a 
construção, lenta e gradual, do fim da escravidão no Brasil processo de tentativa de 
embranquecimento da sociedade brasileira. 
Neste contexto, em junho de 1822, dom Pedro editou o “Cumpra-se”, onde o 
príncipe regente determinava que qualquer lei uma imposição portuguesa que chegasse 
às terras brasileiras só seria aceita, caso Dom Pedro estivesse de acordo. É preciso 
entender que, estar de acordo neste momento não é só atender os interesses de Dom 
Pedro enquanto governante, mas também das elites brasileiras que estavam por trás de 
todo esse processo. 
Nesse contexto Dom Pedro iniciou um processo de viagens pelo interior do Brasil 
para garantir o apoio das elites regionais neste movimento que separava o que já vinha 
sendo orquestrado desde o Dia do Fico. Foi durante este movimento de viagens do 
interior do Brasil para garantir o apoio das elites locais, que Dom Pedro voltando de 
Santos, recebeu cartas de dona Leopoldina e de José Bonifácio. José Bonifácio que 
entrou para a história como patrono da Independência, a disco Lava do Rio de Janeiro a 
construção da nossa Independência, estava diretamente ligado para todo esse processo 
e sua participação foi determinante. Na carta enviada ao Dom Pedro, chegou em suas 
mãos em 07 de setembro de 1822, José Bonifácio explicava que uma invasão 
portuguesa no Brasil era iminente e que Dom Pedro deveria proclamar a independência. 
Outra figura importante nesse processo de comunicação entre a sede no Rio de Janeiro 
e Dom Pedro, que estava em viagem, é a figura de dona Leopoldina, que se reuniu 
com as lideranças políticas brasileiras que estavam no Rio de Janeiro, e assinou a carta 
que chegaria às mãos de Dom Pedro no dia 7 de setembro 1822 sugerindo a tão 
desejada Independência. 
Neste dia, então às margens do Rio Ipiranga, Dom Pedro lê as cartas vindas do 
Rio de Janeiro, se convence da necessidade da ruptura, e ali mesmo declara o Brasil 
como independente do Reino de Portugal. 
No dia 12 de outubro de 1822 Dom Pedro coroado como primeiro imperador do 
Brasil, com o título de Dom Pedro I, daquele dia para frente era preciso organizar o Brasil 
enquanto estado e conter os movimentos dissidentes e os grupos que ficaram 
descontentes com um processo de independência. 
2 O PRIMEIRO REINADO E A CONSTRUÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO 
 
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Um dos primeiros movimentos que Dom Pedro teve que fazer após ser coroado 
com um primeiro imperador do Brasil foi conter os movimentos que se contrapunham à 
Independência do Brasil. Alguns historiadores classificam esse período como guerras de 
Independência. Você consegue observar aqui que a Independência do Brasil não foi 
pacífica e não fui moderada como pretendiam as elites que lideraram um processo nem 
tão pouco corrobora com a imagem do Brasil como um país pacífico e sem conflitos. 
Ao longo da história brasileira muitos conflitos foram registrados e confirmam as 
análises sociológicas e históricas que desmentem o mito do brasileiro como povo pacífico 
e acomodado. você já deve ter estudado diversos desses conflitos e ao longo das 
próximas páginas citaremos mais alguns desses conflitos em uma próxima disciplina 
quando vocês estudarem processo republicano brasileiro outros tantos conflitos serão 
citados e analisados, confirmando a nossa interpretação da história brasileira com um 
processo dos conflitos. 
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Porém neste momento vamos analisar os conflitos que marcaram a 
independência do Brasil, período que vai de outubro de 1822 até junho de 1823. 
 
Figura 2 - Domenico Failutti. Retrato de Maria Quitéria de Jesus Medeiros, 
1920. Óleo sobre tela, 233 × 133 cm. 
 
 
Fonte: Maria Quitéria Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. 
Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Domenico_Failutti_-_Maria_Quit%C3%A9ria.jpg. 
Acesso: 04 jul. 2021 
 
Um dos conflitos mais importantes da luta pela Independência aconteceu na 
Bahia, onde as tropas portuguesas resistiram durante bastante tempo à Independência 
do Brasil. Salvador foi o palco desse conflito na medida em que lá se encontravam tropas 
portuguesas além de um grupo de indivíduos que defendiam os interesses de Portugal 
no Brasil. em 1823 desembarcam em Salvador mais de 200 soldados portugueses. esse 
movimento fez com que no interior com camisas e uma resistência armada a presença 
portuguesa em Salvador. O ponto chave deste conflito ficou conhecido como a Batalha 
de Pirajá, que durou até julho de 1823, quando no dia 2 as tropas independentistas 
conseguiram vencer as tropas lusitanas e expulsar os portugueses da Bahia. Essa foi a 
última batalha realizada no Brasil contra a presença portuguesa, considerada pelos 
baianos como o dia real da independência, o dia 2 de julho de 1823. 
Um nome importante desse conflito foi Maria Quitéria, uma personagem muito 
importante da história da Independência do Brasil. Maria Quitéria, uma grande entusiasta 
da Independência do Brasil, fugiu da casa de seu pai, se vestiu de homem e se alistou 
no exército que lutava contra a presença portuguesa na Bahia. Já no exército foi 
descoberta e denunciada pelo próprio pai. Porém comandante das tropas brasileiras 
contente com os seus serviços e com a sua liderança nomeou a como capitã da tropa 
feminina que compunham asfrentes de batalha brasileiras contra os lusitanos. Maria 
Quitéria ainda foi condecorado pelo próprio Dom Pedro I qual a maior honraria que um 
soldado poderia receber, porém foi esquecida e morreu pobre no interior da Bahia. 
Outro conflito importante no processo das guerras de Independência do Brasil 
acontece no interior do Piauí, no conflito conhecido como Batalha do Jenipapo. Quando 
dom João VI retornou a Portugal ele fez um acordo com Dom Pedro onde as províncias 
do norte ficariam sob controle de Portugal, na medida em que era produzido ali 
interessava o comércio português. Diante disso as províncias do Maranhão, Pará, Ceará 
e Piauí, continuavam sob controle português. Porém as elites e o povo dessas 
províncias, estavam mais interessados em aderir à Independência do Brasil do que se 
manter com laços económicos monopolistas e metropolitanos com Portugal. 
Os portugueses tentaram impor sobre a população dessa região a manutenção 
deste controle, em contrapartida a população resolveu lutar para aderir à Independência 
do Brasil. Entre os meses de outubro de 1822 e março de 1823 ocorreu uma das batalhas 
mais sangrentas da história do Brasil. 
Esse episódio histórico foi produzido em HQ pelos irmãos Caio Oliveira e 
Bernardo Aurélio. 
 
Figura 3 - Capa da Revista A Batalha do Jenipapo 
 
 
Fonte: AURÉLIO, Bernado; OLIVEIRA, Caio. Foices e Facões: a 
batalha do Jenipapo. Teresina: Quinta Capa, 2018. Disponível em : 
https://issuu.com/jornalismoccom/docs/batalha/10. Acesso em: 23 
jun, 2021
https://issuu.com/jornalismoccom/docs/batalha/10
Brasil e a construção do Estado-nação 
 
 
Já dissemos anteriormente que não existia no Brasil, no início do século 19, um 
sentimento de unidade, muito menos de nacionalidade, mais do que isso, existia na 
verdade um grande sentimento de regionalidade. Esse foi um dos problemas que D. 
Pedro I deveria enfrentar logo no início de seu governo. 
Uma das medidas adotadas pelo novo imperador foi a criação de símbolos 
nacionais, por exemplo uma bandeira e um hino, seriam importantes para esse processo. 
Esses são exemplos da tentativa de unificar as demandas regionais entorno de uma 
simbologia forjada por um imperador sem relações próximas com o povo e nem com a 
sua história. Vale lembrar que o povo participou de diversos processos relacionados à 
independência do Brasil, principalmente nos conflitos, mas foi esquecido no momento de 
construção de um projeto de nação. 
 
Figura 4 - Bandeira do Brasil Império 
Fonte: ID do vetor stock livre de direitos: 1096813907 
Obs. A bandeira original foi feita por Jean-Baptiste Debret, e se encontra na Biblioteca Pública de Nova 
York, Coleção Digital. 
 
Outra medida importante será o processo de elaboração de uma constituição e 
dos acertos internacionais com as outras nações, em especial Portugal e Inglaterra. 
Antes de falarmos da política interna, vejamos como d. Pedro I resolveu o 
problema do reconhecimento do Brasil internacionalmente. O primeiro país a reconhecer 
o Brasil como independente foram os EUA, em 1824, que tinham muito interesse que os 
países da América rompem definitivamente com a Europa, para que os interesses por 
trás da Doutrina Monroe (América para os americanos) e dos interesses imperialistas 
estadunidenses no continente. 
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Portugal só reconheceu o Brasil independente em 1825, após o pagamento de 
uma indenização de 2 milhões de libras, dinheiro que o Brasil não tinha e teve que 
emprestar dos ingleses. Na sequência, a Inglaterra reconheceu a independência do 
Brasil, mediante a manutenção dos acordos de paz assinados por Dom João em 1808, 
para mais 15 anos, conhecido como Tratado de Amizade e Aliança, de 29 de agosto de 
1825. Acordo esses que comprometem e muito as nossas relações econômicas e 
políticas, interna e externamente, mantendo a enorme dependência em relação aos 
produtos ingleses, além das dívidas que surgem, quase que ao mesmo tempo em que 
nos tornamos independentes. 
Vale ressaltar que nesse momento a economia brasileira não estava muito bem. 
O café ainda não era um produto importante para a nossa economia, dependíamos das 
exportações de algodão, tabaco, cacau e das drogas do sertão. Iniciar uma nova etapa 
da nossa história endividada e com uma economia em crise, não foi nada bom para o 
Brasil. 
 
3 DOM PEDRO I E A MONARQUIA 
 
Imagem do Tópico: ID da foto stock livre de direitos 
 
Além dos problemas externos, era preciso que dom Pedro I resolvesse os 
problemas políticos internos, a começar por uma Constituição. Mas essa não seria uma 
tarefa muito fácil para Dom Pedro I. Logo nos inícios dos trabalhos em maio de 1823, as 
desavenças começaram a aparecer, principalmente em torno do papel que deveria ser 
exercido pelo executivo e pelo legislativo. 
De um lado um grupo de políticos considerados liberais que defendiam limite do 
poder do imperador para que este não fosse autoritário e não impusesse seus interesses 
sobre a Câmara dos deputados. De outro lado os interesses de Dom Pedro I em manter 
um executivo forte e um poder centralizado para que este conseguisse controlar o 
Império brasileiro. O impasse só foi resolvido quando Dom Pedro resolveu fechar a 
assembleia constituinte, prender os deputados, e sozinho escrever uma nova 
Constituição do Brasil, onde ele pudesse garantir o controle do Império da forma como 
melhor lhe fosse interessante. 
O episódio da prisão dos deputados da Assembleia Constituinte ficou conhecido 
como a Noite da Agonia, dia 12 de novembro de 1823. Os deputados que estavam na 
assembleia recusaram cumprir as ordens de Dom Pedro I e encerrar os trabalhos de 
elaboração da Constituição. Dom Pedro então fechou os dentro do Palácio e os deixou 
sem comida e sem água, a noite toda. No dia seguinte os deputados foram presos e 
muitos deles expulsos do Brasil, entre eles os irmãos Andradas, no qual se destaca José 
Bonifácio patrono da Independência do Brasil. 
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Esse episódio já nos mostra o comportamento autoritário de Dom Pedro I que 
seria manifestados muitas outras vezes ao longo do seu período no poder no Brasil. 
A Constituição que estava sendo escrita pelos deputados, antes do episódio citado 
acima, não era uma grande constituição que representava o processo republicano e liberal 
que vinha acontecendo na América como um todo. Era uma Constituição extremamente 
limitada que mantinha a escravidão e as desigualdades sociais do Brasil. Constituição 
ficou conhecida como Constituição da Mandioca na medida em que permite a participação 
política só para aqueles que tinham uma determinada quantidade de mandioca plantada 
em sua propriedade rural, ou seja só poderiam participar do processo político aqueles que 
detinham um determinado quantidade de renda e propriedade excluindo assim mais de 
90% da população brasileira. O único avanço progressista nessa Constituição seriam os 
limites impostos ao poder imperial, o que causou uma grande insatisfação que Dom 
Pedro I. 
A Constituição escrita por Dom Pedro I a partir deste episódio não mudou muita 
coisa. A participação política continuou sendo censitária, manteve-se a escravidão a 
desigualdade social e a exclusão da população da participação política. A novidade neste 
documento é a criação do Poder Moderador, exercido pelo imperador e que poderia 
intervir diretamente nas decisões dos outros três poderes, dando ao poder imperial uma 
face absolutista. 
A nossa primeira constituição foi outorgada, ou seja, imposta, em 25 de março de 
1824 e vigorou até a proclamação da República em 1889. Nessa constituição o voto era 
censitário, indireto e representativo. Para ter um mínimo de participação no processo 
político, deveria se ter uma renda mínima de 100 mil réis anuais, o que excluía boa parte 
da população brasileira, que nessa época já era de 50% de escravizados ou ex-cravos. 
Essa constituição desagradou

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