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8__Aula_-_Avaliação__Psicológica_no__âmbito_jurídico

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Questões bioéticas e legais no processo de avaliação psicológica forense
Prof.ª Kécia Melo
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA:
Avaliação psicológica: é um dos “carros chefe” da prática psicológica no judiciário.
Auxilia os Magistrados e operadores do Direito naquilo que escapa ao saber legal.
PONTO DE INTERSECÇÃO ENTRE A PSICOLOGIA CLÍNICA E A PSICOLOGIA JURÍDICA:
Casos de imputabilidade/inimputabilidade;
 interdição;
dano psíquico;
disputa de guarda de filhos;
saúde/doença psíquica;
capacidade/incapacidade cognitivo-emocional-relacional específicas; dentre outros.
O psicólogo avaliador atua por meio das chamadas perícias. 
A perícia - um exame feito por um especialista de determinado assunto com o intuito de auxiliar os Magistrados (Silva, 2006).
Perito:
“interlocutor entre os conhecimentos atuais do campo de sua especialidade e a situação legislativa que normatiza a sociedade onde atua” (OLIVER, MELLO, MOURA, POSSAS E MOURA,1998, p. 415).
O PSICÓLOGO TEM A POSSIBILIDADE DE ATUAR COMO:
Perito oficial, nomeado pelo juiz; 
Representante de uma instituição pública;
 Perito assistente técnico, designado por uma das partes litigantes.
REFERENCIAIS ÉTICOS E LEGAIS PARA A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA:
Podem ser encontrados nos manuais psiquiátricos forenses e nos manuais de psicologia jurídica;
Nos códigos deontológicos das profissões acima;
No Código de Processo Civil (CPC);
No Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),;
No Código de Processo Penal (CPP); 
E em outros dispositivos legais.
CONTRIBUIÇÕES DA BIOÉTICA:
Bioética – ética aplicada às questões da saúde e da pesquisa com seres humanos.
Se relaciona com a ética da Psicologia de forma significativa, pois ambas possuem seus alicerces baseados em valores humanitários.
A importância da reflexão ética e bioética e as observações legais específicas sobre a conduta e o fazer em cada etapa de uma avaliação no contexto judiciário vai além do binômio certo/errado. Por qualquer que seja o motivo, sua não observação, pelo psicólogo perito, extrapola as consequências de uma psicoterapia mal sucedida e toda a subjetividade que esta carrega, tanto para o profissional que se propôs a realizá-la, quanto para o indivíduo objeto da perícia. Logo, tão importante quanto o saber teórico e técnico está a importância do saber ético e legal do Psicólogo, para executar seu trabalho com zelo e eficiência (SILVA, 2003).
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA, PERÍCIA E LEI
O processo psicodiagnóstico - avaliação psicológica feita com propósitos clínicos, que visa identificar forças e fraquezas do funcionamento psicológico. 
Cinco importantes etapas: 
a)Uma entrevista inicial com o avaliando para saber os motivos da consulta e objetivos do exame; 
b)Planejamento e seleção dos instrumentos a serem utilizados; 
c)Aplicação e levantamento dos instrumentos selecionados;
d)Integração de dados e informações, tendo como referência as hipóteses e os objetivos iniciais do exame; 
e)Comunicação dos resultados e orientação sobre o caso, de forma oral ou escrita, através de laudo ou parecer e encerramento do processo de avaliação (Cunha. 2000).
Na avaliação psicológica forense, faz-se necessário a adaptação dos procedimentos da avaliação psicológica clínica ao contexto jurídico, principalmente devido à implicação legal existente neste processo. 
O olhar constante da lei acaba sendo decisivo na forma de proceder do psicólogo.
O Psicólogo Perito terá que ter um cuidado redobrado e determinado nas etapas do processo, pois, desta relação entre avaliador e avaliando, o descuido e a não observação de determinada regra pode resultar em graves sanções para o profissional (ROVINSKI, 2000).
CONTATO COM O AVALIANDO:
Na perícia, o sujeito vem a uma avaliação ordenada por um juiz ou advogado, ou seja, de forma involuntária (ROVINSKI, 2000). 
Souza (2006) destaca que “o contato psicólogo paciente é iniciado pelo interesse da sociedade e não pelo desejo individual do paciente”(p. 161). 
Desta forma, a demanda referente à saúde mental e à necessidade de tratamento do sujeito ficam em segundo plano em detrimento às necessidades do sistema judiciário, priorizando a situação litigiosa.
CONSENTIMENTO INFORMADO E AUTONOMIA NA PERÍCIA PSICOLÓGICA
“uma decisão voluntária, verbal ou escrita, protagonizada por uma pessoa autônoma e capaz, tomada após um processo informativo, para a aceitação de determinado procedimento especifico” (CLOTET, 2006, p.228). 
Este consentimento deve ser fornecido ao profissional da saúde de forma livre e esclarecida, sendo renovável e revogável.
PRIVACIDADE, CONFIDENCIALIDADE E SIGILO NA PERÍCIA PSICOLÓGICA
Historicamente, a confidencialidade profissional tem sua origem na ciência médica estendendo-se, posteriormente, às demais profissões da saúde.
O sigilo possui uma função importante que vai além da questão legal, versando sobre a relação do indivíduo com o profissional da saúde. Assim, esta relação será, antes de tudo, marcada pela confiança que também terá seu reflexo no vínculo estabelecido.
A questão do sigilo também é garantida no CEPP presente no artigo 9º: “É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional”.
Nas perícias psicológicas, o limite do sigilo e dos princípios de confidencialidade sempre deverão constar no consentimento informado de uma avaliação pericial. Fica assim estabelecida como mais uma tarefa inicial de uma perícia colocar para o avaliando quem terá acesso ao laudo e o que poderá constar neste documento.
LAUDO PERICIAL, SIGILO, DIREITO À INFORMAÇÃO E ENCERRAMENTO DO PROCESSO
O laudo pericial consiste em um documento que será elaborado pelo perito ao final de um processo de avaliação.
O laudo pericial será composto pelos dados de identificação do avaliando, pelos métodos e procedimentos utilizados pelo perito, seus achados e discussão sobre os mesmos e, por fim, por uma breve conclusão. 
Apesar de ser considerado um meio de prova, o laudo pericial não se constitui em uma verdade absoluta e, consequentemente, é passível de critica e questionamento (SILVA, 2003).
QUATRO TIPOS DE SITUAÇÕES EM QUE O SIGILO DO LAUDO PODERÁ SER QUEBRADO:
pelo próprio consentimento; 
dever legal, a fim de evitar a propagação de moléstias;
em risco de suicídio; 
em justas causas, cujo significado pratico versa sobre situações em que o sigilo deve ser sacrificado em beneficio de outro direito como por exemplo, a vida ou a saúde de outra pessoa ou da sociedade. (FORTES,1998, p. 75)

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