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TEORIA DO CRIME - PARTE 3 04/09/2013 11h24 - Pai confunde filho sonâmbulo com ladrão e mata garoto em Ferreiros, PE. Comerciante acreditava que assaltante tinha invadindo a casa da família. Menino de 11 anos foi atingido por um tiro e não resistiu ao ferimento. Um comerciante matou o filho de 11 anos, acidentalmente, na madrugada desta quarta-feira (4), depois de confundi-lo com um assaltante no quintal de casa, na cidade de Ferreiros, Mata Norte de Pernambuco. A família afirmou à Polícia Civil que o garoto era sonâmbulo e os parentes confirmaram que ele tinha o hábito de acordar durante a noite. O menino foi atingido por um tiro no abdômen disparado pelo pai, de 35 anos. Ele não resistiu ao ferimento e morreu. A família já havia sofrido outras tentativas de assalto à residência. http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2013/09/pai-confunde-filho-sonambulo-com-ladrao-e-mata-garoto-em-ferreiros-pe.html Casos hipotéticos Tirar coisa alheia, supondo-o sua (art. 155 caput) b) Caçador que atira em um arbusto, durante um safari, supondo que ali se encontrava um animal, vindo, contudo, a causar a morte de seu companheiro. (art. 121) c) O professor de anatomia, durante a aula, fere pessoa viva, supondo tratar-se de cadáver (art. 129) O sujeito se equivocou? HOUVE UM ERRO? Houve uma equivocada percepção da realidade? Se o sujeito tivesse conhecimento da realidade, realizaria a conduta? No comportamento do sujeito: Há DOLO? Há CULPA? ERRO DE TIPO O sujeito atua em erro quando tem uma equivocada percepção da realidade. Há desconformidade entre a realidade e a representação do sujeito que, se a conhecesse, não realizaria a conduta. TIPO PENAL = modelo de conduta descrita pela norma a) Incriminador b) Permissivo 3 Tipo: a) Essencial: é o que versa sobre elementares ou circunstancias b) Acidental: é o que versa sobre dados secundários da figura típica Erro de tipo essencial: a) sobre elementar b) sobre circunstância c) sobre descriminante Erro de tipo acidental: a) sobre o objeto (error in re): b) sobre a pessoa (error in persona) c )na execução (aberratio ictus) d) quanto ao resultado (aberratio delict ou criminisi) ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO Erro de tipo essencial Conceito: quando a falsa percepção da realidade impede o sujeito de compreender a natureza criminosa do fato. Art. 20 – caput do CP Erro de tipo essencial: a) sobre elementar b) sobre circunstância c) sobre descriminante ESPÉCIES 1-Erro inevitável/escusável/invencível: *não pode ser evitado pela normal diligência. * qualquer pessoa, empregando a diligencia ordinária exigida pelo ordenamento jurídico, nas condições em que se viu o sujeito, incidiria em erro. * EXCLUI O DOLO E A CULPA – na verdade o sujeito não age nem com dolo nem com culpa Art. 20, caput, 1ª parte 2-Erro evitável/ inescusáve/vencível: pode ser evitado pela diligência ordinária, resultando em imprudência ou negligência. * qualquer pessoa, empregando a diligencia ordinária exigida pelo ornamento jurídico, nas condições em que se viu o sujeito, não cometeria o erro. * EXCLUI O DOLO, mas NÃO A CULPA. Art. 20, caput, 2ª parte Erro de tipo essencial Erro sobre descriminante ou Descriminante putativa por erro de tipo Erro de tipo permissivo – Conceito: Quando o sujeito, levado a erro pelas circunstancias do caso concreto, supõe agir em face de uma causa excludente da ilicitude. Art. 23, caput do CP = causas excludentes de antijuridicidade No entanto, pode o sujeito, por erro plenamente justificado pelas circunstancias, suponha encontrar-se em face de estado de necessidade, de legítima defesa, de estrito cumprimento de dever legal ou de exercício regular de direito. – art. 20 § 1º - 1ª parte Erro de tipo essencial não versa sobre elementos ou circunstancias do crime, incidindo sobre dados acidentais do delito ou sobre a conduta de sua execução. Não impede do sujeito de compreender o caráter ilícito de seu comportamento. Mesmo que não existisse, ainda assim a conduta seria antijurídica. O sujeito age com consciência do fato, enganando-se a respeito de um dado não essencial ao delito ou quanto à maneira de sua execução. O erro acidental não exclui o dolo Erro de tipo acidental Erro sobre o objeto (error in re): O sujeito se equivoca quanto ao objeto material do crime, que é uma coisa. Não há qualquer repercussão típica, e o sujeito responde da mesma forma pelo crime praticado. Erro sobre a pessoa (error in persona) art. 20 §3: Erro sobre a pessoa – responde com se tivesse acertado quem queria. Erro de tipo acidental Erro na execução (aberratio ictus)art. 73 Por falha na execução, o agente objetiva acertar pessoa diversa da que queria. Resultado único: * unidade de crime - um só crime – art. 73 do CP- aplica-se o art. 20§3º 2ª parte. Resultado múltiplo: * responde pelos resultados produzidos – concurso formal – aplica-se a segunda parte do art. 73 Erro de tipo acidental Erro quanto ao resultado (aberratio delict ou criminisi) art. 74 O agente quer atingir um bem jurídico e ofende outro (espécie diversa); Quer produzir um resultado, mas vem a produzir outro (art. 74)= responde pelo resultado produzido na modalidade culposa; Se ocorre o resultado querido pelo agente e outro = responde na espécie de concurso formal (crime doloso e crime culposo – art. 70) Erro de tipo acidental Erro determinado por terceiro Art. 20§ 2º - responde pelo crime o terceiro que determina o erro. O erro pode ser Espontâneo: o sujeito incide no erro sem a participação provocadora do terceiro. Provocado: quando o sujeito é induzido por conduta de terceiro (ou determinação), pode ser: Erro determinado por terceiro A provocação pode ser: Dolosa: o erro é preordenado por terceiro; Terceiro: crime doloso. Provocado: não responde, salvo se agiu com culpa. Culposa – o terceiro age com imprudência, negligencia e imperícia. Terceiro e provocado - responde na forma culposa Conclusão da reportagem:04/09/2013 11h24 - Pai confunde filho sonâmbulo com ladrão e mata garoto em Ferreiros, PE. Ainda segundo a polícia, a mãe do garoto acordou por volta da 0h30 e ouviu barulhos vindos da cozinha de casa, que passa por reformas e está sem porta. O pai dele levantou-se e pediu em voz alta para que a pessoa se identificasse. Como não obteve resposta, voltou ao quarto e pegou a arma de fogo. Já no quintal, o homem não conseguiu identificar a criança e, acreditando se tratar de um ladrão, efetuou um disparo com um revólver calibre 38. A arma estava com a numeração correta, mas o comerciante não tinha o registro de posse. De acordo com o delegado Pedro Santana, o comerciante deve ser indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). "A família disse que a criança era sonâmbula, mas agora não será possível afirmar, com certeza, o sonambulismo. O principal é que ele não teve a intenção de matar o filho, foi uma coisa fatídica. Ele não sabia nem em quem estava atirando", explicou, acrescentando que o crime pode ser enquadrado como legítima defesa putativa (onde o suspeito imagina estar reagindo contra uma agressão que não existe).
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