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TREINO PARENTAL SOBRE COMPORTAMENTOS DE CRIANÇAS COM TDAH

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TEORIA E PESQUISA DO COMPORTAMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DOS EFEITOS DE UM TREINO PARENTAL SOBRE 
COMPORTAMENTOS DE CRIANÇAS COM TDAH: COMPARAÇÃO ENTRE 
SETTING TERAPÊUTICO E AMBIENTE DOMICILIAR 
 
 
 
 
 
 
Maria Elizabete Coelho das Neves 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belém - Pará 
Agosto/2008
 
 
 
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TEORIA E PESQUISA DO COMPORTAMENTO 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DOS EFEITOS DE UM TREINO PARENTAL SOBRE 
COMPORTAMENTOS DE CRIANÇAS COM TDAH: COMPARAÇÃO ENTRE 
SETTING TERAPÊUTICO E AMBIENTE DOMICILIAR 
 
 
 
 
 
 
Maria Elizabete Coelho das Neves 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Teoria e Pesquisa do 
Comportamento para obtenção do Título de 
Mestre, realizada sob a orientação da Prof.ª 
Dra. Eleonora Arnaud Pereira Ferreira. 
 
 
 
 
 
 
Belém – Pará 
Agosto/ 2008
 
 
 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
 
 
 
Profa. Dra. Eleonora Arnaud Pereira Ferreira 
Universidade Federal do Pará 
Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento 
Orientadora 
 
 
Profa. Dra. Célia Maria Lana da Costa Zannon 
Universidade de Brasília 
Membro 
 
 
Profa. Dra. Ana Emília Vita Carvalho 
Centro Universitário do Pará 
Membro 
 
 
Prof. Dr. Romariz da Silva Barros 
Universidade Federal do Pará 
Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento 
Suplente 
 
 
 
 
 
 
 
 
i 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esta obra aos quatro homens de minha vida, Otacílio 
(marido), Artur e Andrey (filhos) e ao meu, nunca esquecido, 
primeiro esposo e pai dos meus preciosos filhos, Amadeu, in 
memorian. Aos meus pais (Manoel e Jacira) e a meus seis 
irmãos (ãs) (José, Simone, Elizangela, Ed Carlos, Missilene e 
Edilan). E aos participantes da pesquisa que representam 
todos os portadores do Transtorno de Déficit de Atenção e 
Hiperatividade- TDAH e seus familiares. 
 
 
 
 
ii 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus por ter me permitido sentí-lo perto, dando-me forças para progedir nas etapas e 
superar os obstásculos que apareceram ao longo do percurso. 
Aos coordenadores e professores do Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do 
Comportamento da Universidade Federal do Pará, especialmente, a Profa. Dra. Eleonora 
Arnaud Pereira Ferreira, Profa. Dra. Marilice Garotti, Prof. Dr. Romariz Barros e a Profa. 
Dra. Socorro Aguiar, por terem contribuído no apromimoramento dos meus conhecimentos 
dentro da abordagem da Análise do Comportamento, tanto no que se refere à pesquisa 
básica como na aplicada. 
À Diretora Acadêmica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, Dra. Simone 
Neno e às profissionais do Projeto Caminhar, Dra. Ana Emília Carvalho, Dra. Helena Feio 
e funcionários da recepção da Ala B pelo acesso e colaboração desde o início até o 
término da pesquisa. 
Aos membros da banca examinadora dessa dissertação, Profa. Dra. Ana Emília Carvalho, a 
Profa. Dra. Célia Zannon e o Prof. Dr. Romariz Barros, pelo aceite de examinarem tal 
trabalho. 
À Profa. Dra. Eleonora Arnaud Ferreira pela orientação competente e compromissada, pela 
serenidade, firmeza, segurança e objetividade com que conduziu as minhas dúvidas e 
inseguranças, provocadas pelas pressões, obstáculos e exigências de cada etapa do 
mestrado; habilidades essas advindas de uma terapeuta experiente, de um ser humano e 
profissional ímpar que foram imprescindíveis para que eu me sentisse fortalecida e 
continuasse a cumprir todas as etapas necessárias. 
As minhas preciosas auxiliares de pesquisa, Débora de Oliveira e Fernanda Bengio pela 
disponibilidade, empenho, dedicação, compromisso e responsabilidade com que 
conduziram as tarefas as quais eram incubidas de cumprirem. A busca incessante de vocês 
em aprender novas habilidades foi um grande incentivo para mim. 
À Diretora da Diretoria de Assistência Social (DAS), na época, Srª Ivone Oliveira, da 
Secretaria do Estado de Assistência e Desenvolvimento Social-SEDES, órgão o qual faço 
parte como servidora pública efetiva, pela flexibilidade e acordo em liberar-me das minhas 
atividades laborais para fins de execução das etapas finais da pesquisa (análise dos 
resultados e escrita da dissertação). 
À amiga e colega de trabalho, a pedagoga Almira Mendes, na época, Gerente do Plantão 
Social da Delegacia de Crimes Contra a Integridade da Mulher-DCCIM, pela autorização 
de troca de plantões entre as colegas de trabalho e intercessão junto à Direção do órgão 
para minha transferência para a sede da Secretaria, que foram fatos imprescindíveis para 
garantia de participação e cumprimento dos critérios avaliativos das disciplinas que fazem 
parte da grade do mestrado. 
A todas as colegas de trabalho da DCCIM e hoje, as da Coordenadoria de Proteção Social 
Especial da Média Complexidade –CPSE-MC, pelo apoio, torcida e colaboração desde à 
época em que fui admitida no mestrado na condição de aluna especial até hoje. 
A minha amiga Lúcia Helena Costa e seu namorado Sérgio Silva pela disponibilidade, 
empenho e desprendimento ao socorrerem-me todas as vezes em que o meu computador 
tinha algum problema técnico. 
 
 
iii 
 
Às amigas de profissão, Adriene Robert, Ana Cristina Maués, Celina Azevedo, Fátima 
Teixeira, Keila Rebello, Mariene Casseb, Marta Santos, Mislene Lima, Nilda Barata, 
Patrícia Neder, Paula Frassinetti, Rachel Benchaya, Silvia Canaan-Oliveira, Silvia Maués e 
Wardie Salame, e todas as demais que sei que torceram e torcem pelo meu êxito. 
Aos meus amigos(as), em especial Ana Karla Peres e sua mãe Clotilde Peres, e todos os 
meus familiares pelo incentivo e por entenderem minhas ausências em muitos dos eventos 
sociais e minha indisponiblilidade de visitá-los com a freqüência com que eu gostaria de 
fazer. 
Às minhas sogras e sogro, primeiramente, a Srª Ivonete Neves e Sr. Amadeu Neves, que 
seguraram as pontas com o meu filho mais velho, dando a ele, em um momento em que eu 
não podia, uma atenção extensiva e contínua; e a D. Tereza Fontes in memorian pela 
compreeensão, força, incentivo e torcida. 
Aos meus pais, que, embora não tenham tido oportunidade quando jovens de estudarem, 
foram sempre compreensivos, incentivadores e demonstram ter orgulho de mim, dos meus 
esforços e êxitos, e, dessa vez, não se comportaram de modo diferente. 
Ao meu atual marido, grande companheiro e responsável pela implementação da coleta de 
dados uma vez que era ele quem me levava “para cima e para baixo” com todos os 
equipamentos aos locais de realização da pesquisa. Foi ele quem também sentiu mais 
minha ausência, nas longas e contínuas madrugadas em que trabalhei e não dormi ao seu 
lado; não o companhei em eventos e, por vezes, se privava de ir para me dar apoio 
logístico em casa. Foi ele quem suportou diretamente os efeitos dos fatores externos 
extremamente estressantes sobre o meu comportamento. Obrigada, meu amado Otacílio 
pelo colo, incentivo, compreensão, apoio logístico, emocional e até financeiro e, 
principalmente, por existir em minha vida. 
Aos meus preciosos e tão amados filhos, Artur e Andrey, que pelo simples fato de 
existirem já são para mim motivo suficiente de agradecimentos,agora quanto mais quando 
compreenderam e aceitaram as renúncias que, algumas vezes, tive que fazer; quando foram 
tão prestativos e cooperativos comigo e atenderam inúmeros dos meus pedidos; meus 
amores, isso não tem preço saber por atos que és amada por quem amas. 
A todos os meus clientes de consultório que foram compreensíveis e flexíveis em todos os 
momentos em que necessitei conciliar minha vida acadêmica com a de psicoterapeuta. 
Aos participantes da pesquisa, crianças, seus pais e professoras pela aceitação e 
disponibilidade em participar das etapas da pesquisa, sem as quais eu não conseguiria obter 
os dados que subsidiam os resultados e discussão dessa dissertação. Aprendi muito com e 
sobre vocês. 
A todos que contribuíram para que direta e/ou indiretamente esse ciclo de minha vida se 
concluísse com êxito. 
Agradeço sinceramente a todos e todas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iv 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
Agradecimentos 
Sumário 
Lista de Tabelas 
Resumo 
Abstract 
Introdução 
1- Definição de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade 
2- Etiologia 
3 - Critérios de Diagnóstico 
4 – Sintomatologia 
5 - Tipos de TDAH 
6 - TDAH e Prevalência 
7 - TDAH e Comorbidades 
8 - Tratamentos Indicados para TDAH 
 8.1- Intervenções Psicossociais 
 8.2 -Tratamento Farmacológico 
9 - Pesquisa Básica/Aplicada e Treinamento Parental em TDAH 
10-TDAH e Contribuições da Análise do Comportamento 
 10.1- Intervenção Comportamental com Pais 
 10.2 -Alguns Conceitos e Procedimentos da Análise do Comportamento 
11 -TDAH e Estilo Parental 
Objetivos 
Método 
1- Participantes 
2- Composição da Amostra 
3- Ambiente 
4- Instrumentos, Materiais e Equipamentos 
5- Procedimento 
6- Análise dos Dados 
7- Resultados 
8- Discussão 
9- Referências Bibliográficas 
10- Anexos 
i 
ii 
iv 
v 
vii 
viii 
1 
1 
1 
2 
3 
4 
5 
5 
6 
7 
9 
11 
16 
20 
23 
32 
35 
35 
35 
36 
36 
37 
42 
56 
83 
140 
 162 
170 
 
 
v 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: 
 
Tabela 2: 
Tabela 3: 
Tabela 4: 
Tabela 5: 
Tabela 6: 
Tabela 7: 
Jogos e Materiais Selecionados de Acordo com a Classificação do Sistema 
ESAR 
Características de Cada Membro das Díades por Condição 
Resultados Obtidos com a Primeira Aplicação do CBCL e do TRF: Criança 1 
Resultados Obtidos com a Primeira Aplicação do CBCL e do TRF: Criança 2 
Resultados Obtidos com a Primeira Aplicação do CBCL e do TRF: Criança 3 
Resultados Obtidos com a Primeira Aplicação do CBCL e do TRF: Criança 4 
Resultados Obtidos com a Primeira Aplicação do IEP com os Responsáveis 
da Condição 1 e da Condição 2 
42 
 
83 
86 
88 
90 
92 
94 
Tabela 8: Resultados obtidos por meio da Primeira Aplicação da Escala do Transtorno 
do Déficit de Atenção e Hiperatividade- Versão para Professores 
96 
Tabela 9: Freqüência de Comportamentos Observados quanto ao Cumprimento do 
Agendamento das Sessões de Intervenção 
97 
Tabela 10: Qualidade da Descrição das Instruções de Atendimento Feita pelas Mães e 
pelas Crianças da Condição 1 e da Condição 2 nas Cinco Sessões de 
Intervenção 
99 
Tabela 11: Ocorrência das Categorias de Análise do Comportamento da Mãe 
Observadas Durante as Sessões de Intervenção na Condição 1 e na Condição 
2 e Suas Respectivas Práticas Parentais Positivas 
101 
Tabela 12: Ocorrência das Categorias de Análise do Comportamento da Mãe 
Observadas Durante as Sessões de Intervenção na Condição 1 e na Condição 
2 e Suas Respectivas Práticas Parentais Negativas 
103 
Tabela 13: Total de Unidades de Análise do Comportamento de Autocontrole e de 
Hiperatividade/Impulsividade Observadas por Criança e por Condição de 
Intervenção 
105 
Tabela 14: Ocorrência das Categorias de Autocontrole Observadas na Criança Durante 
as Sessões de Intervenção na Condição 1 e na Condição 2 
106 
Tabela 15: Ocorrência das Categorias de Hiperatividade/Impulsividade Observadas na 
Criança Durante as Sessões de Intervenção na Condição 1 e na Condição 2 
109 
Tabela 16: Número de Escolhas por Tipos de Jogos ou Tarefas realizadas pela Criança e 
pela Mãe ao Longo das Cinco Sessões de Intervenção 
111 
Tabela 17: Número Total de Jogos e Tarefas Realizados Durante as Sessões de 
Intervenção por Díade e por Condição 
113 
 2 
 
Tabela 18: 
 
Descrição Feita pela Mãe e pela Criança quanto ao grau de satisfação em 
relação às sessões de intervenção 
vi 
114 
Tabela 19 Resultados Obtidos com a Segunda Aplicação do CBCL e do TRF: Criança 1 116 
vi 
Tabela 20: Resultados Obtidos com a Segunda Aplicação do CBCL e do TRF: Criança 2 119 
Tabela 21: Resultados Obtidos com a Segunda Aplicação do CBCL e do TRF: Criança 3 120 
Tabela 22: Resultados Obtidos com a Segunda Aplicação do CBCL e do TRF: Criança 4 122 
Tabela 23: Comparação entre os Resultados Obtidos na Primeira e na Segunda 
Aplicação da Lista de Verificação Comportamental com as Crianças da 
Condição 1: Consultório (CBCL/ 6 a 18 anos e TRF/ 6 a 18 anos) 
124 
Tabela 24: Comparação entre os Resultados Obtidos na Primeira e na Segunda 
Aplicação da Lista de Verificação Comportamental com as Crianças da 
Condição 2: Domicílio (CBCL/ 6 a 18 anos e TRF/ 6 a 18 anos) 
127 
Tabela 25: Comparação entre a Primeira e a Segunda Avaliação do Comportamento da 
Criança Feitas pela Mãe e pela Professora 
131 
Tabela 26: Resultados obtidos com a Segunda Aplicação do Inventário de Estilos 
Parentais (IEP) com os Responsáveis Participantes da Condição 1 e da 
Condição 2 
133 
Tabela 27: Comparação entre a Primeira e Segunda Aplicação do IEP com os 
Responsáveis Participantes da Condição 1 e da Condição 2 
134 
Tabela 28: Resultados obtidos por meio da Segunda Aplicação da Escala do Transtorno 
do Déficit de Atenção e Hiperatividade- Versão para Professores 
137 
Tabela 29: Comparação entre a Primeira e Segunda Aplicação da Escala do Transtorno 
do Déficit de Atenção e Hiperatividade-versão para professores com os 
Participantes da Condição 1 e da Condição 2 
138 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vii 
 
Neves, M. E. C. (2008). Análise dos efeitos de um treino parental sobre comportamentos 
de crianças com TDAH: comparação entre setting terapêutico e ambiente domiciliar. 
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa 
do Comportamento. Belém: Universidade Federal do Pará. 
RESUMO 
Esse estudo foi realizado com o objetivo de contribuir com a avaliação dos efeitos de uma 
intervenção comportamental direcionada a pais/responsáveis de crianças com Transtorno 
do Déficit de Atenção e Hiperatividade-TDAH, investigando os efeitos desse modelo de 
treino parental em duas condições, setting terapêutico (Condição 1) e ambiente domiciliar 
(Condição 2), sobre a ocorrência de comportamentos de hiperatividade versus 
autocontrole. Os participantes foram pais de quatro crianças, na faixa etária entre cinco e 
nove anos. Utilizaram-se como instrumentos: Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido-TCLE, Inventário de Estilos Parentais-IEP, Lista de Verificação 
Comportamental para Crianças e Adolescentes-CBCL/TRF, Escala do TDAH versão para 
professor, Roteiro de Entrevista Inicial, Roteiro de Entrevista de Avaliação, Roteiro de 
Entrevista Final, Critério de Classificação Econômica Brasil-CCEB. O procedimento de 
pesquisa consistiu em: (a) contato com neuropediatra; (b)triagem e convite aos 
participantes; (c) distribuição de dois participantes para cada condição de intervenção; (d) 
avaliação inicial, incluindo entrevista com os responsáveis, aplicações do TCLE, IEP e 
CBCL; (e) visita à escola e aplicações do TCLE, da Escala do TDAH e do TRF, versões 
para professor; (f) realização de cinco sessões de intervenção, gravadas em áudio e vídeo, 
duas de linha de base, uma de habituação às regras e duas de manutenção das regras e 
instalação de comportamento de auto-observação, que envolveram situações de interação 
em jogos de regras, com participação da terapeuta-pesquisadora, da mãe e da criança; (g) 
realização de entrevista de avaliação da primeira fase; (h) reversão de contextos para os 
participantes e (i) avaliação final, realizada por meio de entrevista com os responsáveis e 
re-aplicação dos instrumentais padronizados com pais e professores, utilizados 
anteriormente, mais o CCEB. Os dados obtidos por meio dos instrumentos padronizados 
receberam o tratamento indicado nos manuais. Dois sistemas de categorias de análise do 
comportamento foram utilizados, um para descrever os comportamentos das mães e outro 
para comportamentos observados nas crianças. Os principais resultados sugerem que as 
crianças em ambiente de consultório tiveram maior ocorrência de emissão de 
comportamentos de autocontrole do que as em ambiente de domicílio, as quais, por sua 
vez, tiveram prevalência de comportamentos de hiperatividade/impulsividade. Do mesmo 
modo, as mães em ambiente de consultório obtiveram maiores escores em práticas 
educativas positivas e menos em negativas, comparadas às mães do grupo de domicílio. 
Houve aumento de práticas educativas positivas para a maioria das mães. Discute-se o 
contexto de consultório enquanto um ambiente eficaz de intervenção, embora se reconheça 
que as dificuldades de controle de comportamentos inadequados são maiores para os pais 
em ambiente domiciliar, por isso, intervenções em ambiente natural devem ser 
consideradas no processo terapêutico. Por outro lado, o treino parental demonstrou ser 
efetivo na aquisição, fortalecimento e manutenção de práticas educativas positivas em 
todas as mães, o que pode influenciar beneficamente os comportamentos das crianças com 
TDAH. 
Palavras-chave: TDAH, treino parental, setting terapêutico vs domicílio, autocontrole. 
 
 
viii 
 
ABSTRACT 
 
Neves, M. E. C. (2008). Analysis of parental training effects on child behavior with 
ADHD: a comparison between therapeutic setting and home environment. Master’s 
Dissertation presented before the Graduate Program in Theory and Behavior Research. 
Belém: Federal University of Pará. 
 
This study aims to contribute with the evaluation of the effects of behavioral intervention 
addressed to parents/guardians of children with Attention Deficit Hyperactivity Disorder – 
ADHD, investigating the effects of this model on parental training under two conditions, 
therapeutic setting (Condition 1) and home environment (Condition 2), on the occurrence 
of hyperactivity behavior versus self-control. The participants were the parents of four 
children, between five and nine years of age. The following instruments were used: Free 
Informed Term of Consent - FITC, Parental Style Inventory – PSI, Child Behavior 
Checklist – Teachers Report Form CBCL/ TRF, teacher’s version of the ADHD rating 
scale, Initial Interview Guideline, Interview and Evaluation Guideline, Final Evaluation 
Guideline, Brazilian Economic Rating Criteria-BERC. The research process consisted in: 
(a) contacting a pediatric neurologist; (b) participants’ triage and invitation; (c) distribution 
of two participants for each condition of intervention; (d) initial evaluation, including 
interview with the guardians, application of FTIC, PSI and CBCL; (e) visit to school and 
application of FTIC, ADHD rating scale and teacher’s versions of TRF; (f) five 
intervention sessions, taped in audio and video, two baselines, one habituation to rules and 
two maintenance in behavior and installation of self-observation behavior, which involved 
situations of interaction in games with rules, with participation of therapist- researcher, the 
child’s mother, (g) an evaluation interview on the first phase; (h) reversion of context for 
the participants and (i) final evaluation, done through interviews with the guardians and a 
repetition of the previously used standard instruments with the parents and teachers, plus 
the BERC. The data obtained through such standardized instruments received treatment 
indicated in the manuals. Two systems of categories for behavior analysis were used, one 
to describe the mothers’ behavior and the other, the children’s behavior. The main results 
suggest that children in the consulting room environment had a greater occurrence of 
behavior emission of self-control than in the home environment, which, on the other hand, 
had prevalence of hyperactivity-impulsivity behavior. Likewise, mothers in the consulting 
room environment scored better than those in the home environment group. There was an 
increase in educative practices for most mothers. One discusses the consulting room 
context as an effective intervention environment, although it is recognized that the 
difficulties of control of inadequate behavior are greater for parents in the home 
environment, as a result, intervention in a natural environment must be considered during 
the therapeutic process. On the other hand, parental training has demonstrated to be 
effective in the acquisition, enhancement and maintenance of positive educative practices 
for all mothers, which may influence beneficially the behavior of children with ADHD. 
Keywords: ADHD, parental training, therapeutic setting vs home environment, self-
control. 
 
 
 
A presente pesquisa pretendeu analisar os efeitos de uma intervenção 
comportamental direcionada a pais/responsáveis de crianças com Transtorno de Déficit de 
Atenção/Hiperatividade (TDAH) sobre (i) a ocorrência de comportamentos de 
hiperatividade, (ii) a instalação de comportamentos de autocontrole em tais crianças e (iii) 
os estilos parentais. A intervenção aconteceu em situações de interação em jogos de regras, 
com a participação de um dos pais/responsáveis, a criança e uma terapeuta-pesquisadora 
(TP) experiente, em dois contextos: setting terapêutico (consultório) e ambiente domiciliar 
(domicílio). 
A pesquisa, além do enfoque nos efeitos da intervenção em dois contextos sobre o 
comportamento de criança e responsável, investigou a generalização dos possíveis 
benefícios para outro ambiente, no caso, a escola. 
 
1. Definição de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade 
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é definido como 
uma doença crônica que se apresenta como um quadro sindrômico, constituído por um 
conjunto de sinais e sintomas. A avaliação do transtorno requer a manifestação da tríade 
sintomatológica clássica da síndrome, caracterizada pela desatenção, hiperatividade 
(atividade motora excessiva) e impulsividade, inadequadas à faixa etária do indivíduo e 
presentes em pelo menos dois ambientes distintos, ou seja, em diferentes contextos, como 
na família e na escola (Cypel, 2000; Rohde, Barbosa, Tramontina & Polanczyk, 2000; 
Silvia, 2003; Szobot, Eizirik, Cunha, Langleben & Rohde, 2001; Vasconcelos, 2002). 
 
2. Etiologia 
 Inúmeros estudos têm sido realizados com o objetivo de precisar a etiologia do 
TDAH, porém, suas causas ainda não são conhecidas (Rohde & Halpern, 2004). Cypel 
(2000) alerta para a complexidade e multiplicidade de fatores que podem interferir no 
TDAH, ressaltando ainda que a probabilidade da manifestação da síndromeseja 
determinada por um somatório de fatores desencadeantes, que diverge de indivíduo para 
indivíduo em decorrência da heterogeneidade dos casos. 
 Vasconcelos (2002) também enfatiza a variedade etiológica, apresentando os 
fatores neurológicos e genéticos como explicação dos sintomas e ocorrência do transtorno. 
Os fatores neurológicos são representados por danos no desenvolvimento, estrutura e 
função do córtex pré-frontal, suas redes de conexões com outras regiões do cérebro, 
 2 
especialmente o corpo estriado, o que ocasionaria déficits na manutenção da atenção, 
inibição, regulação da emoção, motivação e capacidade de organização e planejamento 
futuro. Já os fatores genéticos encontram fortes indícios nos estudos que investigaram 
familiares adotivos e gêmeos na etiologia do TDAH. A autora ainda enfatiza que, os 
fatores puramente ambientais e sociais não figuram na literatura como fatores causais, mas 
sim como fatores que contribuem para a persistência/manutenção dos sintomas. A 
exposição a certas toxinas com elevados níveis de contaminação por chumbo ou outros 
metais, bem como a exposição pré-natal ao álcool e ao fumo também podem estar 
associadas à hiperatividade e desatenção. 
 
3. Critérios de Diagnóstico 
Quanto ao diagnóstico do TDAH, ele tem sido feito fundamentalmente por meio de 
critérios operacionais clínicos, provenientes do sistema classificatório utilizado em 
psiquiatria, o CID-10
1
 e do DSM-IV
2
 (Rohde & Halpern, 2004; Vasconcelos, 2002). 
Segundo Rohde e cols. (2000) e Rohde e Halpern (2004), apesar da utilização de 
nomenclaturas diferentes (transtorno de déficit de atenção/hiperatividade no DSM-IV e 
transtornos hipercinéticos no CID-10), ambos os sistemas classificatórios apresentam mais 
similaridades do que diferenças. Em pesquisa realizada no Brasil com adolescentes de uma 
escola em Brasília, encontraram-se indicativos da adequação dos critérios propostos no 
DSM-IV, reforçando a aplicabilidade dos mesmos em nossa cultura (Rohde, Biederman, 
Busnello, Zimmermann, Schmitz, Martins, & Tramontina,1999). 
O DSM-IV propõe a necessidade de pelo menos seis dos nove sintomas de 
desatenção e/ou seis dos sintomas de hiperatividade/impulsividade para que ocorra o 
diagnóstico de TDAH. No entanto, tem-se sugerido que esse limiar seja reduzido para 
cinco ou menos sintomas em adolescentes e adultos, face à possibilidade de continuidade 
dos prejuízos no seu funcionamento global, mesmo com menos de seis sintomas de 
desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade. Portanto, o nível de prejuízo deve ser 
avaliado sempre a partir das potencialidades do adolescente e do grau de esforços 
necessários para a manutenção do ajustamento (Rohde & cols., 2000). 
 
1
 Código Internacional de Doenças, 10ª. Edição. Organização Mundial de Saúde (OMS, 1993). 
2
 DSM-IV: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4ª. Edição. Associação de Psiquiatria 
Norte-Americana (APA, 1994). 
 
 3 
Ainda fazem parte do diagnóstico, a ocorrência dos sintomas por mais de seis 
meses, em grau mal adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento do 
indivíduo, evidências de prejuízos clinicamente significativos no funcionamento social, 
acadêmico ou ocupacional, em pelo menos dois ou mais contextos da vida do indivíduo, e 
presença dos sintomas antes dos sete anos de idade (Schwartzman, 2001; Vasconcelos, 
2002). Faz parte ainda do critério diagnóstico, a não ocorrência dos sintomas 
exclusivamente durante o curso de um transtorno invasivo do desenvolvimento, como 
esquizofrenia ou outro transtorno psicótico, bem como quando os sintomas não são 
melhores explicados por outro transtorno mental (Schwartzman, 2001). 
Segundo Vasconcelos (2002), alguns critérios do DSM-IV devem ser ajustados a 
cada avaliação clínica, considerando a faixa etária sugerida para ocorrência do transtorno, 
duração dos sintomas, bem como a existência de diferentes tipos de TDAH. Além disso, a 
utilização dos critérios diagnósticos do DSM-IV deve ser acompanhada de entrevistas de 
coleta de dados com os pais, com a criança e com os professores (Rohde & cols., 2000; 
Schwartzman, 2001). Recomenda-se que, tanto na entrevista com os pais, como com a 
criança, é essencial investigar os sintomas relacionados com as comorbidades psiquiátricas 
mais prevalentes (Rohde & cols., 2000). 
 
4. Sintomatologia 
Quanto à tríade sintomatológica, pode-se afirmar que, de acordo com os critérios 
diagnósticos do DSM-IV (Rohde & cols., 2000; Schwartzman, 2001; Silvia, 2003): 
(a) Os sintomas de desatenção podem ser identificados quando, freqüentemente, a 
criança deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades 
escolares, dentre outras; tem dificuldades freqüentes em manter a atenção em tarefas ou 
atividade lúdicas; com freqüência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra; 
freqüentemente não segue instruções e nem conclui seus deveres escolares, tarefas 
domésticas ou deveres profissionais; apresenta freqüente dificuldade para organizar tarefas 
e atividades; freqüentemente evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas que 
exigem esforço mental constante; perde com freqüência coisas necessárias para tarefas ou 
atividades; distrai-se com facilidade diante de estímulos alheios à tarefa; freqüentemente 
apresenta esquecimento em atividades diárias. 
(b) Os sintomas de hiperatividade podem ser identificados quando, freqüentemente, 
agita as mãos ou os pés ou se agita na cadeira; com freqüência abandona sua cadeira em 
 4 
sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado; 
freqüentemente corre ou escala com exageros em situações nas quais isto é inapropriado; 
freqüentemente tem dificuldades para brincar ou se envolver silenciosamente em 
atividades de lazer; freqüentemente está “a mil”, como se estivesse “a todo vapor”; com 
freqüência fala em demasia. 
(c) Os sintomas de impulsividade seriam diagnosticados quando a criança 
freqüentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido concluídas; tem 
freqüente dificuldade de aguardar sua vez; freqüentemente interrompe ou se mete em 
assuntos dos outros. 
 
5. Tipos de TDAH 
 A maioria dos trabalhos científicos, até recentemente, adotava critérios que se 
baseavam na edição de 1991 do DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatístico das 
Doenças Mentais), que realizou uma reunião de propostas anteriores, distribuindo as 
manifestações clínicas do TDAH em dois grupos: desatenção e 
impulsividade/hiperatividade (Cypel, 2000). Entretanto, uma edição do DSM-IV de 1994, 
divide o TDAH em três subtipos, a saber: (a) Transtorno de Déficit de 
Atenção/Hiperatividade tipo predominantemente Desatento: que compreende aqueles 
indivíduos que apresentam seis ou mais sintomas de desatenção e menos de seis sintomas 
de hiperatividade/impulsividade que persistem há pelo menos seis meses; (b) Transtorno 
de Déficit de Atenção/Hiperatividade tipo predominante Hiperativo-Impulsivo: 
compreende aqueles indivíduos que apresentam seis ou mais sintomas de 
hiperatividade/impulsividade e menos de seis sintomas de desatenção que persistem há 
pelo menos seis meses; (c) Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade tipo 
combinado: consiste naquele indivíduo que apresenta tanto seis ou mais sintomas de 
desatenção, como também seis ou mais sintomas de hiperatividade/impulsividade, 
persistentes há pelo menos seis meses. Ainda é aceito, atualmente, o diagnóstico de Déficit 
de Atenção tipo Residual, dado a adultos que continuam a apresentar alguns sinais e 
sintomas (Schwartzman, 2001). 
 
 
 
 
 5 
6.TDAH e Prevalência 
Os dados na literatura revelam que TDAH tem sido um dos problemas psiquiátricos 
mais diagnosticados na infância e na adolescência (Schwartzman, 2001; Szobot & cols., 
2001; Vasconcelos, 2002). Há discordância quanto aos dados de prevalência, mas estudos 
nacionais e internacionais, baseados em sua maioria com crianças em idade escolar, têm 
demonstrado que a prevalência do TDAH encontra-se entre 3% a 6% (Rohde & cols., 
2000; Szobot & cols.). Já Schwartzman afirma que as taxas de prevalência variam entre 0,5 
a 20% da população em idade escolar, mas ressalta que, para a mesma população, a 
Associação Americana de Psiquiatria aponta uma taxa entre 2 a 4%. Por sua vez, Barkley 
(2002) destaca que há cerca de mais de dois milhões de crianças em idade escolar com o 
TDAH. Segundo Schwartzman, o sexo masculino é o mais afetado, na proporção de três 
meninos para cada menina. Por sua vez, Vasconcelos revela dados que indicam que há uma 
maior tendência em encontrar TDAH entre indivíduos de grupos sociais menos favorecidos 
economicamente. 
 
7. TDAH e Comorbidades 
 Em se tratando das comorbidades, as pesquisas têm demonstrado uma alta taxa (de 
30% a 50%) de comorbidades entre transtornos disruptivos do comportamento (transtorno 
de conduta e transtorno opositor desafiante) (Rohde & cols., 2000). No Brasil, pesquisas 
encontraram taxas de comorbidade de 47,8% com transtornos disruptivos em adolescentes 
com diagnóstico de TDAH. Doenças como depressão (15% a 20%), transtorno de 
ansiedade (em torno de 25%) e transtorno de aprendizagem (10% a 25%) também 
apresentam taxas significativas (Rohde & cols., 2000). 
 Quanto aos transtornos de aprendizagem, vale destacar um dos mais citados na 
literatura como relacionado ao TDAH, que é a dislexia. Segundo Topczewski (1999), a 
dislexia se caracteriza por uma dificuldade específica para o aprendizado da escrita-leitura, 
que compromete, de maneira significativa, o desempenho escolar e é uma característica 
constitucional, determinada geneticamente, o que nem sempre acontece com 
hiperatividade; porém, muitas crianças disléxicas apresentam também déficit de atenção 
que acentua ou desencadeia a hiperatividade, acarretando um quadro comportamental que 
prejudica ainda mais a capacidade do aprendizado. 
 Estudos também demonstram uma alta taxa de comorbidades (entre 9% e 40%) 
entre TDAH e abuso ou dependência de drogas, tanto na adolescência quanto na idade 
 6 
adulta. Atualmente, tem se discutido se o TDAH em si mesmo é um fator de risco para o 
abuso ou dependência de drogas na adolescência, porém, também se sabe que é freqüente a 
comorbidade de TDAH e transtorno de conduta, e que, este último associa-se comumente 
ao abuso ou dependência a drogas. Assim, é bem provável que o abuso/dependência a 
drogas ocorra mais freqüentemente em um subgrupo de adolescentes com TDAH que 
apresentam conjuntamente transtorno de conduta. Então, o fator de risco não seria em si o 
TDAH, mas sim a comorbidade com transtorno de conduta. Mas esta questão ainda está 
em aberto, necessitando de mais pesquisas (Rohde & cols., 2000; Calheiros, Oliveira & 
Andretta, 2006; Pelham, Foster & Robb, 2007; Spencer, Biederman, & Mick, 2007; Szobot 
& Romano, 2007; Rodriguez, Tercyak & Audrain-McGovern, 2008). 
O TDAH está associado a uma série de complicações na infância, adolescência e na 
vida adulta (Szobot & cols., 2001). Nesse sentido, Rohde e cols. (2000) afirmam que 
estudos têm demonstrado que crianças com TDAH apresentam um maior risco para 
desenvolverem outras doenças psiquiátricas em qualquer uma das fases do ciclo de vida 
(infância, adolescência e adulta). Da mesma forma, Szobot e cols. (2001) alertam quanto às 
conseqüências para as pessoas acometidas pelo TDAH terem maior risco para 
desenvolverem transtorno anti-social e de dependência química. 
 
8. Tratamentos indicados para TDAH 
É crescente o interesse pelo tratamento de crianças com TDAH, impulsionado, 
principalmente, pelo aumento de crianças diagnosticadas com comportamentos-problema 
na escola. O TDAH é um transtorno que determina prejuízo no funcionamento acadêmico 
e social de crianças e adolescentes e que, freqüentemente, está associado à comorbidades 
importantes, como transtorno de conduta, transtorno opositor desafiante, transtorno de 
ansiedade, transtorno de aprendizagem, depressão, abuso e dependência de drogas, dentre 
outras (Rodhe & cols., 2000; Rodhe & Halpern, 2004), o que exige da criança e de seus 
familiares a inserção e adesão em tratamentos para prevenção de mais prejuízos e a 
redução dos já existentes. 
Vale ressaltar ainda que, o TDAH não tem cura, o que significa que os tratamentos 
em si não alteram os déficits neuropsicológicos subjacentes ao comportamento de inibição, 
porém, podem resultar em redução de sintomas e minimização dos seus efeitos negativos, 
melhorando a qualidade de vida do indivíduo (Vasconcelos, 2002). 
 7 
Os tratamentos indicados a indivíduos com diagnóstico de TDAH exigem uma 
abordagem ampla do indivíduo (Grevet, Abreu & Shansis, 2003), incluindo intervenções 
psicossociais e farmacológica (Domingos & Risso, 2000; Rohde & cols., 2000) . 
 
8.1. Intervenções Psicossociais 
As intervenções psicossociais correspondem às psicoterapias (Grevet & cols., 
2003). Cypel (2000) aponta a psicoterapia como um dos pontos fundamentais para se obter 
adequação comportamental em indivíduos com TDAH. Por sua vez, Grevet e cols. 
afirmam que os principais modelos de psicoterapias que são utilizadas com crianças e 
adolescentes, baseadas em estudo clínico controlado, são: a terapia cognitivo-
comportamental individual e com familiares; a terapia de apoio para pacientes e familiares, 
seguindo modelo educacional; o treinamento comportamental para familiares; o 
biofeedback
3
; a biblioterapia e o treino de habilidades sociais para pacientes e familiares. 
Tais modelos demonstram ser bastante eficientes na redução da hiperatividade e dos 
problemas de conduta. Porém, o mesmo não ocorre com os sintomas de desatenção, o que 
exigiria a intervenção medicamentosa. 
Rohde e cols. (2000) afirmam que a abordagem psicoterápica mais estudada e com 
evidência científica comprovada de sua eficácia para os sintomas que caracterizam o 
transtorno (desatenção, hiperatividade e impulsividade), bem como para o manejo dos 
sintomas comportamentais associados a ele (oposição, desafio e teimosia), é a terapia 
cognitivo-comportamental. 
A Associação Brasileira de Déficit de Atenção e Hiperatividade/Impulsividade- 
ABDA (s.d.) corrobora a indicação dessa abordagem para tratamento, com a defesa de que, 
até o momento, não há evidência científica de que outras formas de psicoterapia auxiliem 
nos sintomas. 
Entretanto, este posicionamento não é consenso, havendo outra linha de teóricos 
que, baseados em revisões e avaliações de tratamentos psicossociais, sugerem o 
treinamento comportamental parental e a intervenção comportamental em sala de aula 
como critérios bem estabelecidos de tratamento. Para eles, intervenções cognitivas 
 
3
 Segundo o Instituto de Neuropsicologia e Biofeedback- INBIO (2007) o biofeedback é uma técnica que 
utiliza determinados aparelhos para monitorar eventos fisiológicos (batimento cardíaco, respiração, 
eletromiografia, eletroencéfalo), o que possibilita acesso a esses dados e manipulação desses eventos, 
promovendo no indivíduo o aprendizado do controle voluntário sobre músculos e funções corporais 
reguladas pelo sistema nervoso central e Autônomo. Bio é vida, feedback é informação. Essa uma técnica 
utilizada há mais de 30 anos pela psicologia. 
 8 
direcionadas a indivíduoscom TDAH não parecem ser um critério bem estabelecido, ou 
tratamento de provável eficácia (Pelham, Wheeler & Chronis, 1998). 
Assim, o treinamento comportamental para familiares delineia-se enquanto 
modalidade de tratamento para o controle do TDAH, devendo envolver atendimento à 
criança e um programa de treinamento para os pais, a fim de que estes aprendam a 
manejar, no cotidiano, os sintomas dos filhos, além de orientação aos professores 
(Domingos & Risso, 2000; Rohde & cols., 2000; Vasconcelos, 2002), uma vez que tem 
demonstrado ser bastante eficiente (Grevet & cols., 2003). Rohde e Halpern (2004) 
corroboram esta recomendação quando afirmam que, dentre os tratamentos 
comportamentais, o treino parental parece ser a modalidade mais eficaz. 
Entretanto, resultados recentes de um estudo de tratamento multimodal 
(Multimodal Treatment Study - MTA), bastante citado na literatura internacional (Greene 
& Ablon, 2001; Rohde & cols., 2000; Wells & cols., 2004), supervalorizam a eficácia do 
tratamento fármaco em comparação a outras modalidades de tratamento, incluindo as 
psicoterapias. Esse estudo, realizado em 1992 e patrocinado pelo National Institute of 
Mental Health, acompanhou, por um período de 14 meses, 579 crianças recrutadas nos 
Estados Unidos e Canadá, divididas em quatro subgrupos: (1) crianças com tratamento 
apenas medicamentoso, (2) psicoterapia comportamental com crianças e orientação para os 
pais e professores, (3) abordagem combinada e (4) abordagem comunitária. Os 
participantes da pesquisa submeteram-se a avaliações de linha de base em 03, 09 e 14 
meses. Os resultados demonstraram claramente uma eficácia superior da medicação sobre 
os sintomas característicos do TDAH quando comparada à abordagem psicoterápica e ao 
tratamento comunitário. Já a abordagem combinada (medicação + psicoterapia 
comportamental com crianças, orientação aos pais e professores) não demonstrou 
resultados de eficácia maior nos sintomas centrais do transtorno, quando comparada à 
abordagem apenas medicamentosa (Greene & Ablon, 2001; Rohde & cols., 2000; Wells & 
cols., 2000). Estes dados levaram a interpretações cautelosas de que o tratamento 
medicamentoso adequado é fundamental no manejo do transtorno (Rohde & cols., 2000). 
Miranda, Jarque e Tarraga (2006), ao analisarem 16 estudos de tratamentos 
realizados em ambiente escolar na última década, sugerem que a abordagem de tratamento 
psicossocial mais efetiva para o TDAH seja uma intervenção multimodal que, 
freqüentemente, inclui tratamento farmacológico, treinamento parental, intervenção escolar 
e intervenção com a criança. 
 9 
Intervenções no âmbito escolar, com foco no desempenho acadêmico e em 
orientações aos professores visando melhora do desempenho acadêmico da criança, 
também são adotadas como possibilidades no tratamento (Rohde & cols. 2000; 
Vasconcelos, 2002). Nesse sentido, Rodhe e Halpern (2004) sugerem que os professores 
sejam orientados para a necessidade de uma sala de aula bem estruturada, com poucos 
alunos. Rotinas diárias consistentes e ambientes escolares previsíveis que ajudem essas 
crianças a manter o controle emocional, além de estratégias de ensino ativo, que 
incorporem a atividade física como processos de aprendizagem, tornam-se essenciais. 
 
 8.2. Tratamento Farmacológico 
Segundo Rodhe e Halpern (2004), existem mais de 150 estudos controlados, bem 
conduzidos metodologicamente, demonstrando a eficácia da intervenção farmacológica. 
Quanto à indicação para o seu uso, Robert (2005) afirma que a ABDA aponta estudos que 
demonstram que, pela comprovação de sua eficácia, há necessidade de primeiro iniciar o 
tratamento com o uso de intervenção farmacológica e depois a psicoterapia e outros 
acompanhamentos. Por sua vez, Cypel (2000) indica o uso de medicamentos somente em 
crianças nas quais as alterações de comportamento são intensas e quando as orientações 
dadas aos pais, à escola e as medidas psicoterápicas não se mostraram eficazes. A 
indicação do medicamento desde o início do tratamento só deverá ocorrer nos casos em 
que as conseqüências negativas no ambiente e no relacionamento social da criança forem 
de tal proporção que haja necessidade de reversão do quadro rapidamente. 
Na intervenção farmacológica, o tratamento predominante tem sido a utilização de 
estimulantes como o metilfenidato (Ritalina), a pemolina (Cylert) e as anfetaminas 
(Dexedrine, Adderall), os quais podem normalizar o substrato neural nas regiões pré-
frontais. Também são utilizados outros agentes farmacológicos, como a clonidina 
(atensina), medicação para tratamento de hipertensão arterial, mas que pode ser utilizada 
como estimulante, tendo efeito eficaz na redução dos comportamentos de hiperatividade e 
impulsividade (Robert, 2005; Rohde & cols., 2000; Vasconcelos, 2002). Alguns estudos 
têm demonstrado também a eficácia de antidepressivos no tratamento do TDAH, 
principalmente em casos em que não há respostas aos estimulantes e na presença de 
algumas comorbidades, tais como a depressão e transtorno de ansiedade (Rohde & cols., 
2000). 
 10 
Por sua vez, um estudo realizado por Du Paul, Barkley e Connor (1998) identificou 
que 70% a 80% das crianças participantes mostraram melhora em seus comportamentos 
disruptivos, com aumento na atenção e redução de atividade motora irrelevante para a 
tarefa, bem como melhora na interação social, com diminuição de comportamentos 
agressivos, apenas com o tratamento medicamentoso. Entretanto, Vasconcelos (2002) 
ressalta que o tratamento medicamentoso não é o único indicado para TDAH, pois existem 
ainda poucos estudos que avaliam, em longo prazo, a eficácia de medicamentos 
estimulantes, havendo a sugestão de que os efeitos positivos não são mantidos após a 
suspensão do tratamento. 
Como podemos constatar, a literatura que aborda o tratamento do TDAH traz 
controvérsias quanto à modalidade de tratamento mais eficaz (ABDA, (s.d.); Grevet & 
cols., 2003; Miranda & cols., 2006; Pelham & cols., 1998; Rodhe & cols. 2000; Rodhe & 
Halpern, 2004), do mesmo modo quanto ao uso ou não da medicação como primeira 
escolha de intervenção (Robert, 2005; Cypel, 2000). Tais controvérsias só demonstram o 
quanto a área ainda necessita de mais pesquisas. 
Considerando que o TDAH é uma síndrome crônica, que necessita de intervenções 
para que haja redução dos sintomas e a minimização dos seus efeitos negativos, pode-se 
afirmar que a medicação seja ela introduzida antes ou depois de qualquer intervenção 
psicossocial, tem a redução dos sintomas como vantagem em curto prazo, porém, como 
desvantagem, tem seus efeitos colaterais, tais como: a redução do apetite, aumento de 
freqüência cardíaca e da pressão sangüínea, aumento da atividade elétrica cerebral, insônia, 
tiques nervosos, erupções cutâneas alérgicas e hepatite química, dentre outros; ainda é uma 
desvantagem a não manutenção dos benefícios após a suspensão dos medicamentos. 
O pesquisador Webster-Stratton individualmente e com a colaboração de outros 
pesquisadores (Webster-Stratton & Hammond, 1997; Webster-Stratton, Kolpacoff & 
Hollinsworth, 1989), além de revisões sobre a temática, desenvolveu nos últimos anos uma 
série de estudos, envolvendo números consideráveis de participantes, sobre os programas 
de treinamento para pais de crianças com problemas de comportamento e com déficits 
mentais. Esses estudos demonstram que, de uma forma geral, esses programas de treino 
parental têm contribuído para reduzir problemas de conduta em crianças, aumentar 
habilidades dos pais no manejo com essas crianças, proporcionando disciplina não 
violenta, redução de depressão parental com aumento de autoconfiança dos mesmos, 
aumento do envolvimento entre paise professores, aumento de comunicação familiar mais 
 11 
adequada e resolução de problemas. Adicionalmente, esses estudos têm indicado que, 
quando verificados, os benefícios dos programas do treinamento parental têm persistido ao 
longo do tempo, no mínimo um ano após o tratamento. 
Esses dados, então, demonstram que o treino parental se torna um tratamento 
recomendável para o TDAH face à manutenção dos benefícios em longo prazo e por se 
tratarem de benefícios globais, que vão além dos sintomas. Tais constatações justificam 
uma revisão da literatura dentro deste tema. 
 
9. Pesquisa Básica /Aplicada e Treinamento Parental em TDAH 
Em pesquisa básica e aplicada, o TDAH tem sido considerado enquanto 
comportamentos de impulsividade e déficits de autocontrole. Como tal, tem sido 
examinado utilizando-se paradigmas de esquemas e atividades concorrentes, que envolvem 
reforços de grande e de pequena magnitude para que o participante escolha pela obtenção 
de um reforço maior, que é liberado com um tempo de adiamento, ou outro de magnitude 
menor, que é liberado imediatamente (Binder, Dixon & Ghezzi, 2000; Neef & cols., 2005). 
Na literatura que aborda o tratamento relacionado à diminuição de comportamentos 
de hiperatividade apresentados por crianças com TDAH, encontram-se intervenções 
utilizando procedimentos para aquisição de comportamentos de autocontrole em ambiente 
artificialmente controlado e clínico (Binder & cols., 2000). Encontram-se ainda descrições 
de diversos experimentos direcionados à intervenção com pais de crianças com TDAH. A 
seguir discorre-se sobre tais experimentos. 
Em estudo realizado por Brzuszkiewicz, Mcintyre e Quintero (2006), com o 
objetivo de obter redução de comportamentos inadequados apresentados por mães de 
crianças com TDAH, utilizou-se um grupo de treinamento parental estendido a todas as 
participantes e uma avaliação individualizada através de vídeo feedback, incluída apenas 
para metade do grupo, em um delineamento de linha de base múltipla durante condição de 
jogo com seus filhos pré-escolares. Quatro díades mãe-criança foram selecionadas como 
participantes do experimento, sendo que todas as mães receberam treinamento parental na 
forma de instruções sobre características da primeira infância, administrado por dois 
pesquisadores. Metade do grupo, isto é, duas mães, participaram de 1 a 3 sessões 
complementares de treinamento no qual foi utilizado vídeo feedback , administrado por um 
pesquisador. Os dados foram coletados e codificados, semanalmente, durante observações 
de videotape da situação de jogos entre mães e crianças em ambiente domiciliar. Os 
 12 
resultados sugerem que o grupo de treino parental + avaliação individualizada através de 
vídeo feedback combinados como tratamento foram efetivos na diminuição de 
comportamentos inadequados de todas as quatro mães que participaram do estudo. A 
discussão dos pesquisadores focaliza a utilização da avaliação individualizada através de 
vídeo feedback como um componente suplementar no treinamento parental, com o objetivo 
de aumentar os resultados do tratamento e a generalização e manutenção dos efeitos. 
Arvans e Gaynor (2006) propuseram um delineamento de pesquisa baseado em um 
modelo de complacência ao menor erro, desenvolvido em 1996 por Ducharme e 
colaboradores. Este modelo trata de uma técnica de treinamento parental que exclui 
procedimentos disciplinares (por exemplo: custo de resposta ou time- out). O treinamento 
exigiu comportamento complacente às solicitações mais fáceis, aumentando de freqüência 
tal comportamento à medida que as solicitações tornavam-se mais difíceis. No critério de 
inclusão dos participantes, consideraram-se pais que relataram não complacência com suas 
crianças que se encontravam entre a faixa etária de 03 a 10 anos. Os pais foram submetidos 
a sessões de treinamento parental, de apoio e de follow-up. As sessões restantes foram 
conduzidas pelos pais em ambiente domiciliar. Os resultados apresentados pelos 
pesquisadores indicaram a viablidade de implementar o procedimento de complacência ao 
menor erro de modo mais simplificado, além de demonstrar a eficácia desse tipo de treino. 
Arnould, O’Leary e Edwards (1997) examinaram os efeitos de quatro variáveis 
sobre a relação entre envolvimento do pai (FI) e auto-relato de práticas parentais em 71 
casais com crianças com TDAH. As variáveis investigadas foram: (a) o amor do pai em 
relação à esposa, (b) discriminação do modo de educar a criança, (c) identificação do papel 
parental tradicional (TRI), e (d) sintomas paternos de TDAH. Foram utilizados 
instrumentos psicométricos para medir envolvimento dos pais, sentimentos dos pais em 
relação às suas esposas, o relato de práticas educativas com a criança, identificação do 
papel, comportamentos e sintomas de TDAH nos pais. Os resultados demonstraram que 
envolvimento dos pais foi associado ao uso de mais disciplina efetiva dos pais quando 
esses não tinham sintomas de TDAH e relataram sentir mais amor por suas esposas; 
porém, foram associados ao uso de disciplina menos efetiva pelos pais, quando estes 
relatavam que tinham sintomas de TDAH, relatavam sentir menos amor por suas esposas e 
se identificavam predominantemente com papéis tradicionais. Por sua vez, os dados 
coletados com as mães demonstraram que o envolvimento dos pais foi associado com 
 13 
menos prática de disciplina efetiva quando os casais discordavam quanto às discriminações 
do modo de educar as crianças. 
Dias e Gauy (2004) realizaram um estudo sob o enfoque cognitivo-
comportamental, delineado com o objetivo de descrever o manejo das mães na interação 
com os filhos e na aquisição de habilidades para compreender e lidar com a criança em 
suas dificuldades. O estudo teve como participantes 10 mães, na faixa etária entre 25 e 45 
anos, com filhos com diagnóstico de TDAH entre as idades de 4 a 13 anos. O delineamento 
consistiu em 14 sessões, que incluíam informações sobre a síndrome, orientações 
(envolvendo treino de solução de problemas, prevenções de recaídas e avaliações de 
intercorrências), treino de habilidades, discussão de práticas educativas parentais, ensino 
de relaxamento, orientação e duas sessões de follow-up. Os resultados demonstraram 
mudanças de manejo correlacionadas com uma maior compreensão do problema, levando a 
mudança no comportamento do filho identificada por maior obediência. 
Um estudo realizado por Eisenstadt, Eyberg, McNeil, Newcomb e Funderburk 
(1993) avaliou a efetividade da terapia focalizando a interação pais-crianças (PCIT) em 24 
díades (mães e crianças). O delineamento consistiu em 14 sessões de PCIT, com metade 
dos participantes sendo submetidos primeiramente ao treinamento de interação dirigido à 
criança (CDI- 1º grupo) e a outra metade submetida ao treinamento de interação primeiro 
com as mães (PDI- 1º grupo). Os resultados demonstraram que, na metade do tratamento, o 
grupo PDI era mais efetivo do que o CDI na redução de comportamentos disruptivos e de 
não seguimento de regras. O PDI-1º grupo obteve melhora no relato dos pais em relação 
aos problemas de conduta da criança, com as mães relatando estar mais satisfeitas com a 
terapia. Ambos os grupos foram combinados para examinar o resultado global do 
tratamento, bem como a comparação dos efeitos mantidos pós-tratamento. As famílias 
mudaram de um limite fora do normal para um limite normal de complacência, 
administrando problemas, o nível de atividade, a tensão materna e ainda demonstraram 
melhora na auto-estima da criança. Foram realizadas avaliações durante seis meses após 
realização do estudo, período no qual se identificou a manutenção dos efeitos benéficos 
produzidos napesquisa. 
Pesquisa realizada por Monastra, Monastra e George (2004) examinou os efeitos de 
fármacos (Ritalina), biofeedback com eletroencefalograma (EEG) e estilo parental sobre os 
sintomas primários do TDAH em 100 crianças e adolescentes na faixa etária entre 6 a 19 
anos. O delineamento consistiu em um programa de intervenção multimodal, que incluiu 
 14 
tratamento medicamentoso (Ritalina), aconselhamento de pais e apoio acadêmico na 
escola, tendo tido duração de um ano. Cinqüenta e um dos participantes receberam também 
terapia com biofeedback. Foram utilizados na pesquisa os seguintes instrumentos de 
dicometria para medir atenção, a evolução do Transtorno do Déficit de Atenção e 
Hiperatividade e uam medida encefalográfica quantitativa (QEEG). Significativa melhora 
foi identificada nos scores dos testes de atenção e hiperatividade enquanto os participantes 
eram testados usando a Ritalina. Entretanto, somente os participantes que se submeteram 
ao EEG Biofeedback mantiveram melhora nos scores dos testes citados quando testado sem 
Ritalina. As medidas comportamentais dos estilos parentais revelaram ainda efeitos 
moderados significativos nas manifestações de sintomas comportamentais em casa, mas 
não na escola. 
Hartman, Stage e Webster-Stratton (2003) utilizaram o método do modelo linear 
hierárquico para examinar os efeitos de fatores de risco de atenção da criança (como 
problemas de desatenção, impulsividade e hiperatividade) e fatores de riscos parentais e 
familiares na eficácia de um programa de treino parental para reduzir os problemas de 
conduta de meninos. Foram participantes do estudo mães de 81 meninos entre as idades de 
4 e 7 anos, as quais foram acompanhadas por 22 a 24 meses. A efetividade do tratamento 
foi avaliada até um mês e um ano após o tratamento, por meio de sessões de observação 
direta em casa, relatos de pais e de professores. Os resultados desse estudo indicam que 
houve significativa redução na ocorrência de comportamentos indicadores de práticas 
negativas pelas mães, bem como dos problemas de conduta das crianças, de acordo com 
relato da mãe e de registros de observação em casa. Meninos com alta freqüência de 
comportamentos de desatenção e problemas de conduta mostraram benefícios semelhantes 
aos encontrados para meninos que não tinham comportamentos de desatenção (após 
submeterem-se ao programa de treinamento parental). A partir dos dados obtidos, os 
autores desta pesquisa sugerem que treinamento parental seja igualmente efetivo tanto para 
meninos com problemas de conduta e comportamentos de desatenção quanto para meninos 
com problemas de conduta, sem manifestação de desatenção. 
Sonuga-Barke, Daley, Thompson, Laver-Bradbury e Weeks (2001) realizaram uma 
pesquisa com o objetivo de avaliar duas diferentes terapias realizadas com pais de crianças 
pré-escolares em uma amostra da comunidade. Selecionaram 78 crianças de três anos de 
idade, que manifestavam na pré-escola sintomas de TDAH. Seus pais foram distribuídos, 
randomicamente, em três condições: (1) 30 pais foram submetidos submeteram ao 
 15 
treinamento parental (PT), (2) 28 pais se submeteram a aconselhamento e apoio aos pais 
(PC & S), e (3) 20 pais formaram um grupo controle obtido de uma lista de espera. Ao 
grupo PT foram fornecidas técnicas de manejo no lidar com crianças. O grupo PC & S 
obteve apoio não diretivo e aconselhamento. Medidas dos sintomas da criança e de bem-
estar das mães foram investigadas antes e após a intervenção, prolongando-se após 15 
semanas seguidas. Os resultados demonstraram que, na condição de treinamento parental, 
os sintomas de TDAH foram reduzidos e o relato de bem-estar das mães foi aumentado, ao 
se comparar com as outras duas condições. Além disso, 53% das crianças apresentaram 
significativa melhora clínica. Os autores argumentam que treinamento parental é um 
valioso tratamento para pré-escolares, sendo que o PC & S teve um pequeno efeito sobre o 
comportamento das crianças. Afirmam ainda que psicoestimulantes não são um 
componente necessário para um tratamento efetivo de crianças pré-escolares com TDAH. 
Pesquisa realizada por Danforth, Harvey, Ulaszec e Mckee (2005) investigou os 
efeitos do treino parental sobre comportamentos de pais, bem como no de 45 crianças que 
apresentavam TDAH e comportamento agressivo desafiante. O treinamento incluiu 
informações sobre TDAH e sua relação com comportamentos desafiantes/agressivos, assim 
como a habilidade dos pais que aderiram aos parâmetros estabelecidos em um fluxograma 
de manejo de comportamento – Behavior Management Flow Chart-BMFC. Os resultados 
demonstraram que o treino reduziu comportamentos hiperativos, desafiantes e agressivos 
nas crianças; identificou-se ainda melhora no comportamento dos pais e redução no nível 
de tensão. 
Verifica-se que, ao longo dos últimos anos, houve avanços nos estudos sobre 
TDAH, em todas as áreas. O quadro clínico foi delineado e manifestações da síndrome 
foram identificadas. Padrões de co-morbidade foram detalhados. Foram investigados 
vários fatores etiológicos, particularmente na área biológica (Cantwell, 1996). Intervenções 
foram delineadas, testadas, validadas como eficientes, sejam isoladas ou combinadas. 
Novos procedimentos comportamentais já reconhecidos como eficazes estão sendo 
utilizados para controle de comportamentos inadequados. Mas ainda há muitas lacunas, 
muitas perguntas sem respostas em relação ao TDAH, principalmente na área concernente 
ao tratamento, na qual a análise do comportamento enquanto arcabouço teórico e 
tecnológico pode contribuir. 
No entanto, apesar das possibilidades de contribuição da análise do comportamento 
e do crescente número de pesquisadores interessados em investigar o TDAH, ainda é 
 16 
incipiente o que se tem disponível em estudos publicados dentro desta abordagem sobre o 
assunto, face às inúmeras respostas a se buscar para a compreensão do fenômeno, 
principalmente quanto ao tratamento em ambiente natural (como em domicílio, por 
exemplo) e a aplicabilidade de generalização do comportamento para outras áreas não 
submetidas à intervenção. Tanto em pesquisa básica quanto em aplicada, o TDAH tem sido 
investigado predominantemente em contextos escolares e clínicos, havendo escassez de 
registro de intervenção em ambiente domiciliar, sendo o uso do setting de domicílio 
restringido a espaço de coleta de dados por meio de videotapes (Brzuszkiewicz & cols., 
2006), ou como atividades de casa, programadas no treino parental (Arvans & Gaynor, 
2006), além do fato de que na prática clínica o atendimento em domicílio é pouco usado. 
Justifica-se tal predileção dos pesquisadores pelos settings escolares e clínicos à provável 
dificuldade metodológica de controle de variáveis em ambiente domiciliar. 
 
10. TDAH e Contribuições da Análise do Comportamento 
O modelo explicativo do TDAH predominante na literatura descarta fatores 
ambientais como variáveis causais, considerando-os, no máximo, como capazes de alterar 
a intensidade dos sintomas. Tal posicionamento justifica-se face à consideração de que 
estruturas neurais seriam as responsáveis pela desatenção ou hiperatividade/impulsividade, 
o que torna prevalente o tratamento farmacológico. 
Vasconcelos (2002), no entanto, destaca que, na intervenção, as variáveis 
ambientais estão presentes em aspectos como características das tarefas (restritiva, 
complexa), do ambiente (não estimulante), da família (presença de alta freqüência de 
contingências aversivas associadas à baixa freqüência de reforçamento positivo; alta 
freqüência de mandos do tipo ordem) e características das contingências de reforçamento 
(baixa densidade do reforço). Além disso, treinamentode pais e de professores também 
tem processos que envolvem a análise funcional dos comportamentos emitidos pela criança 
e pelos membros da família. Vasconcelos também lembra que há inúmeros estudos que 
demonstram que os efeitos de uma droga sobre o comportamento podem ser modificados 
por fatores não-farmacológicos, o que confirma a significativa contribuição de variáveis 
comportamentais e ambientais nas ações das drogas, merecendo investigações. 
Considerando a relevância das variáveis ambientais nos procedimentos de 
intervenção em TDAH, a análise do comportamento (AC), enquanto uma ciência que 
compreende as causas dos comportamentos como função de interações entre os organismos 
 17 
e o ambiente (Skinner, 1976; ver também Sanabio-Heck & Souto e Maia, 2005), tem se 
destacado na busca da identificação das relações de contingências entre organismo e 
variáveis externas na explicação do comportamento de crianças com TDAH (Vasconcelos, 
2002). Tal abordagem tem seu arcabouço teórico e suporte tecnológico oriundos da 
filosofia do behaviorismo radical e de pesquisas empíricas, sendo um modelo útil para o 
estudo, produção e refinamento de procedimentos de intervenção que possam contribuir 
para a melhoria da qualidade de vida dos portadores de TDAH e seus familiares. 
Neste sentido, faz-se necessário apresentar duas subáreas da Análise do 
Comportamento: a Análise Experimental do Comportamento (AEC) que é responsável em 
conduzir a produção e validação de dados empíricos, adotando um planejamento de 
manipulação de variáveis em um contexto controlado e artificialmente simplificado; e a 
Análise Aplicada do Comportamento (AAC) que se caracteriza por ser uma ciência 
aplicada e uma área tecnológica ligada ao campo de intervenção planejada dos analistas do 
comportamento, tendo nela assentadas as práticas profissionais tradicionalmente tidas 
como psicológicas (ex: trabalho na clínica, escola, saúde pública, organização e onde mais 
houver comportamento a ser explicado) (Carvalho Neto, 2002). 
Por sua vez, a Terapia Analítico-Comportamental (Vasconcelos, 2002) adota uma 
visão idiográfica, que pode trazer uma contribuição importante à compreensão do 
comportamento do indivíduo com TDAH. No procedimento de avaliação, utiliza-se 
definição da queixa, da história da criança e da família, da história de intervenção, do 
levantamento de reforçadores, os quais direcionarão o planejamento e a seleção dos 
procedimentos para o tratamento (Robert, 2005). 
No trabalho com a criança dentro da abordagem analítico-comportamental, a 
questão da família sempre esteve presente. Isto se justifica pela própria concepção da 
influência do ambiente sobre o comportamento, que legitima a intervenção familiar 
comportamental (Ingberman, 2002), uma vez que muitos comportamentos de um indivíduo 
são mantidos pela relação com outros membros da família (Weber, Brandenburg & 
Salvador, 2006). Tal intervenção descreve um processo terapêutico que procura efetuar 
mudanças no comportamento da criança e, conseqüentemente, no seu ajustamento, por 
mudanças em aspectos do ambiente familiar que afetam o problema comportamental da 
criança (Ingberman, 2002). 
No trato com os familiares, principalmente com os pais de crianças com TDAH, 
essa consideração deve ser feita desde o diagnóstico, uma vez que os pais dessas crianças, 
 18 
segundo Topczewski (1999), nem sempre conseguem perceber as diferenças 
comportamentais do quadro de TDAH em ambiente domiciliar, especialmente quando não 
tem outros filhos. Muitas vezes, por considerarem tratar-se de uma fase transitória e por 
dificuldades de aceitação do diagnóstico, tornam-se mais tolerantes, acostumando-se com o 
ritmo da criança; passam, assim, a não mostrar os seus verdadeiros limites; nesse contexto, 
há risco de reversão de papéis, onde há probabilidade da criança passar a dominar a 
situação enquanto os pais têm dificuldades de estabelecer e produzir o respeito e 
cumprimento das regras e limites necessários para o controle do comportamento da 
mesma. Além disso, há o fato de que muitos pais não admitem que sua criança apresente 
algum comprometimento comportamental, tomando as queixas em relação a ela como 
sendo uma questão pessoal de antipatia ou de intolerância. O conjunto dessas posturas faz 
com que os pais não percebam o quanto o tipo de comportamento de sua criança destoa de 
um padrão tolerável. A escola, então, acaba sendo o ambiente onde se identifica que o 
comportamento da criança destoa das demais e onde também os pais são sugestionados 
pelos profissionais desse contexto a recorrer a um especialista. 
Barkley (2002) corrobora com a premissa de que a análise do ambiente familiar é 
importante para o entendimento das interações pais-filhos e irmãos-criança, principalmente 
quando se trata de uma criança com TDAH, uma vez que há evidências de que os 
familiares e irmãos de uma criança com TDAH estão mais suscetíveis a experimentar suas 
próprias angústias e transtornos psiquiátricos do que pais e irmãos de uma criança que não 
apresenta TDAH. 
Estudos também demonstram que mães de crianças com TDAH apresentam 
comportamentos de controlar mais e se envolver no autocontrole de seus filhos do que 
mães de crianças sem TDAH, o que resulta em uma relação, com o passar do tempo, mais 
estressante (Barkley, 2002). 
Barkley (2002) ainda ressalta que, os efeitos de estratégias mal sucedidas pelos pais 
ocasionariam um estado de fracasso, que o autor denomina de “impotência aprendida”, 
onde passariam a evitar dar ordens, liberando o filho para fazer o que quiser, com pouca ou 
nenhuma supervisão. Neste ponto, os pais podem apresentar depressão, baixa auto-estima 
em seus papéis de pais e pouca satisfação com o envolvimento em suas responsabilidades 
paternas. 
Isto leva à conclusão de que conviver com uma criança portadora de TDAH pode 
comprometer seriamente a saúde mental dos pais e seu compromisso com as suas 
 19 
responsabilidades como genitores. Pais e parentes de crianças diagnosticadas com TDAH 
têm, na verdade, maior probabilidade de apresentar problemas psicológicos do que aqueles 
que não são pais de crianças com TDAH. Alguns destes problemas surgem pela 
convivência com um indivíduo que apresenta o transtorno que serve como modelo; outros 
estão relacionados a determinações hereditárias (Barkley, 2002). 
Assim, considerando que o ambiente familiar dessas crianças é caracterizado, em 
geral, por contingências aversivas, um dos primeiros pontos de intervenção é o aumento da 
freqüência de reforçamento positivo para as crianças e uma apresentação de reforços de 
maneira mais imediata sobre o controle do comportamento. 
A abordagem construcional, proposta por Goldiamond (1975) também pode ser um 
modelo de intervenção interessante uma vez que se remete a repertórios comportamentais 
já presentes no indivíduo e obtenção de conseqüências mais gratificantes. Tal modelo tem 
como principal premissa a construção de repertórios não adquiridos ou de baixa magnitude 
em um dado ambiente ou situação particular, podendo partir do restabelecimento ou 
transferência de repertórios bem sucedidos apresentados pelo indivíduo (repertório de 
entrada), porém a um alto custo de sofrimento para novas situações, obtendo como 
resultado o alívio ou eliminação do sofrimento. Para que isto ocorra, o indivíduo necessita 
discriminar sobre as contingências que governam o seu comportamento, aprendendo a 
identificar o seu próprio padrão comportamental e do que ele é função para que obtenha o 
controle sobre o seu comportamento. 
Na psicoterapia é possível adquirir habilidades de discriminação das contingências. 
No caso da psicoterapia direcionada à família de crianças com TDAH,passos são 
estabelecidos e o terapeuta somente avança caso os critérios tenham sido cumpridos pelos 
pais e pelas crianças. Os pais são orientados a dedicarem um tempo com suas crianças, 
observando, elogiando a criança, sem uso de críticas ou direcionamento. Devem substituir 
comandos múltiplos por regras simples e claras. Os pais devem brincar, dispor de um 
tempo para interagir ludicamente com a criança; e o terapeuta, nesse momento, pode servir 
como modelo adequado na interação com a criança. O sistema de Token pode ser utilizado 
como forma de incentivo a cumprimentos de tarefa em casa; porém, quando necessária, a 
punição tem sido utilizada na forma de custo de respostas contingente a comportamentos 
inadequados, pontos retirados contingente ao não cumprimento de um comando ou tarefa 
ou o emprego do time-out (Vasconcelos, 2002). 
 20 
Diversas outras formas de intervenção com pais, também têm sido utilizadas 
amplamente na intervenção comportamental infantil, legitimadas por um dos pressupostos 
da Análise do Comportamento, o de que o comportamento da criança é desenvolvido e 
mantido pelas interações entre ela e seu ambiente, através das conseqüências que o 
controlam. Considerando, então, que os pais são referências desse ambiente, 
conseqüentemente, mudanças em seus comportamentos produziriam alterações também no 
comportamento da criança (Di Nucci & Pregnolato, 2004; Weber & cols., 2006). 
A possibilidade dos pais obterem informações sobre o transtorno, sobre treinamento 
quanto a alguns princípios e técnicas fundamentadas cientificamente e que explicam a 
aquisição, fortalecimento, manutenção e probabilidade da ocorrência de um determinado 
comportamento, bem como outros procedimentos próprios da abordagem comportamental, 
pode ajudá-los a adquirir comportamentos mais bem sucedidos na interação com seus 
filhos, ajudando-os na minimização dos efeitos negativos do TDAH, tanto para a criança 
quanto para os próprios pais. 
Partindo dessa premissa, tanto a orientação quanto o treinamento de pais têm como 
objetivo treiná-los para modificarem os comportamentos de seus filhos, alterando as 
contingências que os controlam, destacando-se como possibilidade para tratamento de 
problemas infantis face à relevância do papel dos pais como mediadores ou co-terapeutas. 
Nesse sentido, há estudos que respaldam e comprovam a eficácia de ambas as estratégias 
terapêuticas (Di Nucci & Pregnolato, 2004). 
Weber e cols. (2006) que aplicaram em um estudo três modelos diferentes de 
intervenção com os pais: (a) psicoterapia parental, (b) orientação parental aliada à 
psicoterapia infantil e (c) treinamento de pais, tendo concluído que o treinamento de pais 
apresentou vantagens quanto à adesão e quanto à praticidade. 
 
 10.1. Intervenção Comportamental com Pais 
Programas comportamentais de treinamento parental são utilizados há longo tempo, 
aproximadamente 40 anos, quando os psicólogos que desenvolveram o treinamento 
escreveram o primeiro livro ensinando a aplicabilidade e um programa que haviam 
desenvolvido (Buffalo, 2005). Nesse programa, as sessões parentais, geralmente, incluem 
um livro e/ou videotape que foram desenvolvidos especialmente para ensinar pais a usarem 
procedimentos de manejo comportamental com suas crianças. A primeira sessão é muitas 
vezes dedicada a uma visão completa do diagnóstico, etiologia, natureza e prognóstico do 
 21 
TDAH. Depois disso, em sessões de grupo ou individual, pais aprendem uma variedade de 
técnicas, algumas das quais eles já podem estar utilizando em casa, mas ainda não 
consistentemente e corretamente como necessitado. Pais, então, vão para casa e 
implementam o que aprenderam nas sessões de treinamento e retornam para a sessão de 
pais na semana seguinte, para discutir os benefícios obtidos, a resolução de problemas e 
aprender novas técnicas. Em geral, as séries de sessões típicas de programas de 
treinamento parental seguem os seguintes tópicos: (a) construção e estabelecimento de 
regras em casa; (b) aprender a elogiar os comportamentos apropriados; (c) ignorar 
brandamente os comportamentos inapropriados; (d) usar comandos apropriados tanto 
quanto as contingências; (e) planejar antecipadamente; (f) trabalhar com crianças em 
espaço público; (g) fornecer “time-out” de reforçamento positivo; (h) fazer lista diária de 
pontos; (i) utilizar sistema de fichas – token com recompensas e conseqüências; (j) sistema 
de nota de escola e casa para recompensar comportamento na escola, entre outros (Buffalo, 
2005). 
Embora muitas das idéias e técnicas que os pais aprendem em treinamento parental 
possam ser identificadas em práticas parentais do senso comum (a exemplo: elogiar a 
criança quando ela apresenta um comportamento adequado), muitos deles necessitam obter 
orientações cuidadosas e sistemáticas, além de apoio para aprender a implementar as 
tarefas parentais de forma consistente, uma vez que é muito difícil para eles comprarem 
um livro, aprender sobre modificação de comportamento e implementar um eficiente 
programa com seus filhos e em si próprios (Buffalo, 2005). 
Vale destacar que, o treinamento comportamental de pais (Behavioral Parent 
Therapy - BPT) é um dos tratamentos psicossociais com base empírica para TDAH. 
Durante muitos anos e em muitos estudos, BPT foi documentado para melhorar tanto os 
comportamentos do filho com TDAH quanto os comportamentos mal adaptativos dos pais. 
Em alguns estudos, BPT foi indicado também por resultar em benefícios em domínios 
adicionais, como estresse dos pais e comportamentos da criança em sala de aula. Porém, a 
literatura sobre BPT com pais de crianças com TDAH fica aquém ao ser comparada às 
pesquisas utilizando BPT com pais de crianças com transtorno de comportamento opositor-
desafiante (Chronis, Chacko, Fabiano, Wymbs & Pelham, 2004). Em geral, estes 
programas de treinamento comportamental envolvem economia de fichas, reforçamento 
contingente a comportamentos adequados, time-out e manejo de contingências pelos 
professores e terapeutas (Domingos & Risso, 2000). 
 22 
Anastopoulos, Shelton, Du Paul e Guevremont. (1993) analisaram mudanças nos 
comportamentos dos pais como efeito da participação em um programa de treinamento 
comportamental de pais (BPT), delineado para crianças em idade escolar e com 
diagnóstico do TDAH. Os participantes que completaram as nove sessões do programa de 
BPT demonstraram significativos ganhos nos comportamentos de ambos (pais e crianças), 
que foram mantidos dois meses após o tratamento. O BPT promoveu redução do estresse e 
aumento de auto-estima, que acompanhou melhorias de relatos de pais na severidade 
global dos sintomas das crianças com TDAH. 
Fabiano, Pelham, Arnoud, Flammer, Walker, Wienke, Burrows-MacLean e 
Swanger (2003), por sua vez, embora reconheçam que o treinamento parental focado nos 
pais seja um tratamento, apontam sua pesquisa como a primeira a investigar explicitamente 
a efetividade do treinamento comportamental parental, uma vez que consideram não existir 
estudos de efetividade para pais de crianças com TDAH. Tal pesquisa foi desenvolvida em 
oito semanas, durante duas horas semanais, nas quais incluia-se, na primeira hora, um 
treino de pais em grupo onde revisavam estratégias parentais efetivas em uma abordagem 
de modelação; concorrentemente, as crianças praticavam atividades recreativas. Durante a 
segunda hora, os pais e grupos de crianças jogavam juntos um jogo de futebol, 
promovendo um contexto de interação com os pais e a prática de estratégias parentais. 
Nesta pesquisa foram utilizadas três medidas de avaliação de comportamento: uma 
referente ao comportamento da criança e duas medidas de comportamento dos pais, uma 
por meio

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