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Aula 03 - Concordância

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1
SINTAXE DE CONCORDÂNCIA – PARTE 1 
Hoje começaremos a tratar de um dos pontos mais importantes no estudo da 
Língua Portuguesa de forma geral e especialmente para concursos públicos. 
Infelizmente, há muitas regras nesse ponto do programa, motivo que nos leva a 
dividi-lo em duas partes. 
Sempre que possível, procuraremos facilitar a sua vida, com dicas e métodos de 
memorização. 
CONCORDÂNCIA consiste no mecanismo que leva as palavras a adequarem-se 
umas às outras harmonicamente na construção frasal. 
“Concordar” significa “estar de acordo com”. Assim, na concordância, tanto nominal 
quanto verbal, os elementos que compõem a frase devem estar em consonância 
uns com os outros. 
Essa concordância poderá ser feita de duas formas: 
- gramatical ou lógica – segue os padrões gramaticais vigentes; 
- atrativa ou ideológica – dá ênfase a apenas um dos vários elementos, com valor 
estilístico. 
CONCORDÂNCIA VERBAL – variação do verbo, conformando-se ao número e à 
pessoa do sujeito. 
CONCORDÂNCIA NOMINAL – adequação entre o substantivo e os elementos que 
a ele se referem (artigo, pronome, adjetivo). 
Como muitas questões abordam tanto concordância nominal quanto verbal, 
tornando-se impossível tratar cada uma delas de forma isolada, para tornar mais 
didático o nosso estudo, deixamos para a próxima aula a apresentação de questões 
de fixação. 
Isso significa que nossa aula de hoje será teórica, com a apresentação de algumas 
questões de prova somente a título exemplificativo. 
Mas não se preocupe: na próxima semana, as questões envolverão todo o 
programa (concordância nominal e verbal) e você poderá praticar bastante. 
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: 
Para estudarmos concordância, devemos ter claros os conceitos e funções de 
alguns termos da oração. 
De início, lembramos a distinção entre as CLASSES GRAMATICAIS e FUNÇÕES 
SINTÁTICAS. 
Costumo dar o seguinte exemplo: JOÃO é uma única pessoa. 
No entanto, JOÃO pode exercer uma infinidade de funções na sociedade. Em casa, 
JOÃO é um pai zeloso e marido exemplar. No condomínio em que mora, JOÃO é o 
síndico e vizinho atencioso. Em seu trabalho, JOÃO é chefe de setor. Na igreja, é o 
ORGANISTA. 
Assim funcionam as palavras. Em analogia a JOÃO, apresentamos um 
SUBSTANTIVO (classe gramatical, que não se modifica). Esse substantivo (classe 
gramatical) pode exercer várias funções sintáticas. Pode ser o núcleo do sujeito, o 
objeto direto, o objeto indireto, o predicativo do sujeito etc. 
É como se a classe gramatical fosse JOÃO, e as funções sintáticas fossem “pai 
zeloso”, “marido exemplar”, “síndico”, “chefe”, “organista”, ou seja, a palavra 
pertence a certa classe gramatical e a função sintática que exerce pode, algumas 
vezes, variar, a depender da estrutura oracional. 
 
2
Vamos, agora, relembrar a tabela de classe das palavras variáveis e invariáveis, 
apresentada na Aula 1. 
 
CLASSES DE PALAVRAS 
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS 
Substantivo Advérbio 
Adjetivo Palavra Denotativa 
Artigo Preposição 
Pronome Conjunção 
Numeral Interjeição 
Verbo 
FUNÇÕES SINTÁTICAS 
Trata-se de uma noção preliminar. O assunto será explorado na aula própria sobre 
“Termos da Oração”. 
São termos essenciais da oração: SUJEITO e PREDICADO. 
SUJEITO: 
- SIMPLES - possui apenas um núcleo 
- COMPOSTO - apresenta mais de um núcleo. 
- OCULTO - é identificado pela desinência verbal (Andei por estradas) ou por estar 
expresso em oração precedente (O Brasil jogou mal e foi eliminado [o Brasil] da 
Copa do Mundo pela França). 
- INDETERMINADO - a ação verbal é atribuída a um ser que não é determinado, ou 
seja, “alguém” praticou a ação. Só não se pode (ou não se quer) designá-lo. 
- ORAÇÃO SEM SUJEITO - não existe um ser a quem se possa atribuir a ação 
verbal. 
PREDICADO: 
- VERBAL - Apresenta um verbo que indica uma ação, podendo ser intransitivo, 
transitivo direto ou indireto. 
- NOMINAL - Apresenta um verbo de ligação, que indica e possui predicativo do 
sujeito. 
- VERBO-NOMINAL - é o predicado que, formado por um verbo intransitivo ou 
transitivo, atribui uma ação ao sujeito e uma qualidade ao sujeito (Predicativo do 
Sujeito) ou ao objeto (Predicativo do Objeto). Estão presentes nesse predicado 
tanto a ação (própria do predicado verbal) como o estado ou a qualidade (que pode 
ser atribuído ao sujeito ou ao objeto). 
ELEMENTOS COMPLEMENTARES AO VERBO: 
- OBJETO DIRETO - é o complemento que se liga ao verbo sem preposição 
obrigatória. 
- OBJETO INDIRETO – é o complemento que se liga ao verbo por meio de uma 
preposição obrigatória. 
- PREDICATIVO DO SUJEITO - é o termo que, mesmo distante, se refere ao sujeito. 
Pode estar presente no predicado nominal ou no verbo-nominal. 
- PREDICATIVO DO OBJETO - é o termo que indica uma qualidade ao objeto, direto 
ou indireto. Está presente no predicado verbo-nominal. 
 
 
3
- AGENTE DA PASSIVA - é o complemento que, na voz passiva com auxiliar, 
designa o ser que pratica a ação sofrida ou recebida pelo sujeito paciente. 
ELEMENTOS ACESSÓRIOS - Por ora, só nos interessa um deles. 
ADJUNTO ADNOMINAL – os elementos vêm junto ao nome para definir ou restringir 
seu significado. 
 
CONCORDÂNCIA NOMINAL. 
Regra geral 
A regra geral define que os termos (pronomes, artigos, adjetivos e numerais) que 
dependem do nome (substantivo) com ele concordam em gênero e número. 
O que mais nos interessa estudar é a concordância entre ADJETIVOS e 
SUBSTANTIVOS, por constituírem vários casos de concordância. 
Os nossos médicos descobriram a cura da doença. 
Passamos bons momentos juntos. 
Casos especiais 
No entanto, alguns casos fogem à regra geral. Vejamos como o adjetivo se 
comporta em cada um dos casos especiais. 
O adjetivo (CLASSE GRAMATICAL) pode exercer uma das seguintes funções 
sintáticas: ADJUNTO ADNOMINAL, PREDICATIVO DO SUJEITO ou 
PREDICATIVO DO OBJETO. 
 
CASO 1: ADJETIVO na função de ADJUNTO ADNOMINAL 
O nome desta função sintática já ajuda a identificá-la: ADJUNTO ADNOMINAL 
significa JUNTO AO NOME, ou seja, palavras que vêm junto ao nome 
complementando, designando ou restringindo o seu significado. 
1.1 - ADJETIVO ANTEPOSTO A MAIS DE UM SUBSTANTIVO 
Adjetivo anteposto ao substantivo na função de adjunto adnominal 
concorda com o mais próximo. 
BIZU: Para lembrar, memorize que tudo começa com a letra A: 
 Adjetivo Anteposto na função de Adjunto Adnominal Î concordância Atrativa. 
Observaram-se boa disciplina, estudo e trabalho. 
Desfrutei de boas horas e momentos naquele lugar. 
OBSERVAÇÃO: Se preceder um substantivo como título, prenome, 
parentesco ou se referir a nomes próprios, inclusive de pessoas ilustres, é 
empregado SEMPRE no plural. 
Os irmãos Pedro e Paulo estiveram aqui. 
Tivemos a presença dos ilustres Celso Cunha e Evanildo Bechara. 
Ele se referiu aos senhores Magalhães e Peixoto. 
1.2 - ADJETIVO POSPOSTO A MAIS DE UM SUBSTANTIVO 
O adjetivo pode ficar no singular (concorda com o mais próximo – CONCORDÂNCIA 
ATRATIVA) ou no plural (concorda com todos os elementos – CONCORDÂNCIA 
GRAMATICAL). 
 
 
4
 
A vontade e a inteligência humana(s). 
As conquistas e as descobertas portuguesas. 
Na norma gramatical, quando os substantivos tiverem gêneros diferentes 
(masculino e feminino), o masculino prevalece. Pode haver 200 substantivos 
femininos e um masculino, e o adjetivo deverá ir para o masculino (viu como o 
Português é machista???). 
O carro, a motocicleta e a bicicleta envenenada(os). 
O trabalho e as realizações conseguidas(os). 
Defeitos e virtudes verdadeiros(as). 
1.3 – DOIS OU MAIS ADJETIVOS COM UM SUBSTANTIVO: há três 
possibilidades. 
Estudamos a civilização grega e romana. 
Estudamos a civilização grega e a romana.Estudamos as civilizações grega e romana. 
Esse conceito já foi objeto de prova da Cespe/UnB. Vejamos. 
(UnB CESPE/Banco do Brasil/2002) 
Julgue a assertiva abaixo. 
3) Seria igualmente correto substituir o trecho “As políticas fiscal e monetária 
contribuíram” (R.21-22) por A política fiscal e monetária contribuiu, A 
política fiscal e a monetária contribuíram ou As políticas fiscais e 
monetárias contribuíram. 
 
Este item foi considerado CORRETO. Foram apresentadas as três possibilidades de 
concordância entre um substantivo e mais de um adjetivo. Na primeira, os dois 
adjetivos se ligam ao substantivo e a concordância verbal se faz no singular. Na 
segunda forma, individualizou-se cada uma das políticas, levando o verbo para o 
plural. Na terceira e última construção, apresentou-se o substantivo no plural, 
flexionando-se o verbo no mesmo número. Todas essas formas estariam corretas. 
1.4 - O MESMO ADJETIVO EM RELAÇÃO A MAIS DE UM SUBSTANTIVO 
- Se estes substantivos forem ou puderem ser considerados SINÔNIMOS, 
ANTÔNIMOS ou formarem GRADAÇÃO das idéias enunciadas, o adjetivo só pode 
permanecer no SINGULAR, concordando com o mais próximo, quer esteja 
anteposto ou posposto aos substantivos. 
Ele sempre teve idéia e pensamento fixo naquela mulher. (SINÔNIMOS) 
Naquele país, há frio e calor intenso. (ANTÔNIMOS) 
É preciso dedicação ao carinho, amor e paixão alheia. (GRADAÇÃO) 
- CUIDADO COM O SENTIDO: algumas vezes, o adjetivo só pode estar se 
referindo a um dos substantivos, caso em que deverá concordar com ele. 
Comprei no supermercado carne e legume fresco / frescos. – A concordância é 
facultativa, pois tanto os legumes quanto a carne podem estar frescos. 
 
 
5
Comprei no supermercado carne e legume verdes. – Opa! Essa carne deve estar 
estragada. O adjetivo só pode se referir a “legume”, devendo permanecer no 
singular: carne e legume verde. 
Observe, agora, uma ótima questão de prova, aplicada pela NCE/UFRJ 
(Corregedoria de Justiça do Rio de Janeiro): 
“...respiração e circulação sangüínea.” ; na Nova gramática do português 
contemporâneo, p. 265, o prof. Celso Cunha diz: “(Quando o adjetivo vem 
depois dos substantivos), se os substantivos são do mesmo gênero e do 
singular, o adjetivo toma o gênero dos substantivos e, quanto ao número, 
vai: para o singular (concordância mais comum) ou para o plural 
(concordância mais rara).” Assim sendo: 
(A) o adjetivo sangüínea poderia também aparecer com a forma sangüíneas; 
(B) o autor preferiu a concordância mais rara à mais comum; 
(C) o autor do texto cometeu um erro de concordância; 
(D) razões semânticas fazem que a única forma possível do adjetivo seja 
sangüínea; 
(E) a única forma correta do adjetivo é sangüíneas. 
O gabarito foi a letra D. Não há possibilidade de o adjetivo sangüíneas se referir a 
respiração, por razões semânticas. Contudo, muitos candidatos, levados pelo 
enunciado, devem ter marcado a opção A, esquecendo-se do sentido das palavras. 
 
1.5 - Algumas palavras especiais: 
- MESMO, PRÓPRIO, TAL – como PRONOMES DEMONSTRATIVOS, variam para 
concordar com o substantivo a que se referem (os pronomes são, regra geral, 
variáveis). 
Elas mesmas não sabiam o porquê. 
O vocábulo MESMO não se flexiona quando apresentar valor adverbial (advérbio 
pertence à classe de palavras invariáveis), equivalente a realmente, de fato ou à 
palavra invariável até. 
Elas não sabem o que fazer mesmo (realmente). 
Mesmo elas, que eram tão experientes, não sabiam o que fazer. 
 
O vocábulo TAL também pode se apresentar na expressão TAL QUAL, caso em 
que cada elemento irá concordar com o substantivo ou pronome a que se referir. 
Ela queria que sua filha fosse tal quais as primas. 
Eles se comportam tais quais os pais. 
Eles se comportam tais qual a mãe. 
Que tal vermos uma questão de prova sobre isso? Vamos lá. 
(NCE UFRJ / INCRA / 2005) 
28 - Assinale a frase com ERRO de concordância da palavra mesmo: 
(A) A Portuguesa, mesmo derrotada, não cairá para a segunda divisão; 
(B) Ela mesma arrumou toda a casa; 
(C) Joana é teimosa mesmo; 
 
6
(D) As folhas rasgaram-se por si mesmo; 
(E) Na mesma praça, no mesmo jardim. 
Você achou o erro? O gabarito foi a letra D. O correto seria “as folhas rasgaram-se 
por si mesmas”, já que o vocábulo é um pronome demonstrativo e, portanto, 
variável. 
Nas demais ocorrências, a palavra “mesmo” é: 
a) palavra denotativa (ainda que derrotada); logo, invariável. 
b) um pronome demonstrativo corretamente flexionado, concordando com o 
pronome pessoal reto. 
c) esse “mesmo” tem valor adverbial (ela é realmente teimosa) e, por isso, não 
varia. 
e) agora, esse pronome está em harmonia com o substantivo “jardim”. 
 
- ANEXO, INCLUSO, JUNTO, NENHUM, LESO, OBRIGADO, QUITE: com valor 
adjetivo, se flexionam em gênero e número de acordo com o termo que modificam. 
Observação: A locução adverbial em anexo fica invariável. 
Enviamos anexas as informações / anexos os documentos. 
Mulheres nenhumas o agradavam. / Eles não são nenhuns santinhos. 
Estamos quites com você./ Estou quite com você. 
Vinham inclusas na pasta a carta e a procuração. 
Elas saem sempre juntas. 
Aqueles eram crimes de lesa-pátria / de leso-patriotismo / lesas-razões. 
Vamos bem, obrigados. (gratos, agradecidos) 
A palavra JUNTO só fica invariável quando faz parte de uma locução prepositiva 
(preposição faz parte da classe de palavras invariáveis), como junto com / junto 
a. 
Por isso, nada de “nós vamos chegar junto”! O correto seria “nós vamos chegar 
juntos”. 
Até porque você já deve estar meio “velhinho(a)” para usar gírias como “ela(e) não 
chega junto” no sentido de “corresponder às expectativas” ou coisas afins...rs... 
Essa expressão só é admissível na linguagem coloquial vulgar. 
Nós saímos juntos, almoçamos juntos, mas ele não “chegou junto”. (rs...) 
 
Vamos analisar uma questão de prova: 
(FUNDEC / TJ MG / 2002 - adaptada) Julgue se a assertiva abaixo está de 
acordo com a norma culta escrita. 
II. Após um longo período de dificuldades, estou finalmente quites com todos 
os meus credores. 
A construção apresenta erro de concordância nominal. O adjetivo “quite” deve se 
flexionar de acordo com o nome ou pronome a que se refere, no caso ao pronome 
pessoal reto eu, identificado a partir da desinência verbal (“estou”), ficando no 
singular: “...estou finalmente quite com todos os meus credores”. 
 
7
 
- SÓ, MEIO, BASTANTE, CARO, BARATO: concordam com o substantivo a que se 
referem. 
Se forem usados como advérbios ou palavras denotativas, ficam invariáveis. 
Eles estavam sós no apartamento (adjetivo - variável) 
Ele só quer o nosso bem (= apenas – palavra denotativa - invariável) 
Aquelas roupas estavam baratas/caras.(adjetivos - variáveis) 
Os gêneros alimentícios permanecem caros/baratos. (adjetivos – variáveis) 
Os gêneros alimentícios custam caro/barato.(advérbios - invariáveis) 
Ela estava meio embriagada pelo sucesso. (advérbio - invariável) 
Suas idéias eram bastante interessantes.(= muito – advérbio – invariável) 
Compraram duas meias entradas para o espetáculo. (numeral) 
Enfrentamos bastantes problemas difíceis. (pronome indefinido – variável) 
A expressão a sós fica SEMPRE invariável, por ser uma locução adverbial. 
Ela gosta de estar a sós. 
A expressão por si só se flexiona com o substantivo ou pronome em referência. 
As notícias, por si sós, não foram suficientes para acalmá-la. 
Vamos ver outra questão de prova. 
(FGV / ALESP / 2002) 
14. Assinale a alternativa cuja concordância NÃO está de acordo com os 
padrões cultos: 
A. Ela está meio cansada. 
B. Eles estão meio cansados. 
C. Eles estão meios cansados. 
D. Ele está meio cansado. 
Você deve ter considerado esta questão bem mais fácil que as demais.A palavra 
MEIO, com valor adverbial, permanece INVARIÁVEL. Na dúvida, tente trocar por 
outro advérbio, como MUITO: “Ela está MUITO cansada”, “Eles estão MUITO 
cansados”. Viu só? Se não houve alteração com MUITO, também não haverá com 
MEIO. 
 
- MENOS - fica SEMPRE invariável, qualquer que seja a sua classificação (pronome, 
advérbio). 
Vieram menos pessoas que o esperado.(pronome indefinido) 
Coma menos.(advérbio) 
- MONSTRO, ALERTA, PSEUDO – ficam INVARIÁVEIS. 
Os soldados estavam alerta.(advérbio) 
Há no governo alguns pseudo-intelectuais.(elemento de composição) 
Eles eram criaturas monstro.(formado a partir de derivação imprópria, ou seja, 
originalmente era um substantivo e foi usado como adjetivo). 
 
8
Já existe registro no Dicionário Eletrônico Aurélio da palavra alerta com valor 
adjetivo, caso em que se torna variável. 
Nada lhes escapa, são homens alertas. 
Para treinarmos, que tal mais uma questão de prova? Vamos lá. 
(FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001) 
21. A alternativa correta quanto à concordância nominal é 
A. A empregada mesmo viu tudo. 
B. B. Já fiz isso bastante vezes. 
C. C. Passado a crise, voltaram. 
D. D. As frutas chegaram meio estragadas. 
Vamos analisar cada uma das opções: 
a) O pronome demonstrativo MESMO deve concordar com o nome EMPREGADA. Se 
você estiver achando estranho, troque o nome por um pronome: “Ela mesma viu 
tudo”. 
b) Os vocábulos MUITO e BASTANTE tanto podem ser pronomes indefinidos como 
advérbios. A diferença está no emprego e na flexão. Os advérbios modificam 
adjetivos, verbos ou outros advérbios e permanecem invariáveis. Os pronomes 
indefinidos podem modificar substantivos, concordando com eles em gênero e 
número. Veja agora a que classe de palavra pertence o vocábulo modificado por 
“BASTANTE”: “Já fiz isso bastante vezes”. Está modificando o substantivo VEZES. 
Logo, só pode ser um pronome indefinido e deve se flexionar: bastantes vezes 
(muitas vezes). 
c) Pergunto a você: o que passou? Resposta: “a crise”. Então o particípio “passado” 
deve com este substantivo concordar: “Passada a crise”. 
d) Como já vimos anteriormente, o vocábulo MEIO pode ter valor adverbial, assim 
como o MUITO. Na dúvida, troque um pelo outro para verificar se há flexão. Se não 
houver, confirma-se o emprego como advérbio, e não uma classe de palavras 
variável: “As frutas chegaram muito estragadas” Î “As frutas chegaram meio 
estragadas”. Está correta a oração da opção D. 
 
1.6. Um e outro / Nem um nem outro 
Com essas construções, o substantivo permanece no singular, mas o adjetivo 
vai para o plural. 
BIZU: Como os elementos são ligados por elementos aditivos (E, NEM), há apenas 
um substantivo se referindo a cada um deles (singular), mas o adjetivo se refere a 
todos (plural). 
Houve um e outro homem escolhidos para o cargo. 
O delegado não apurou nem um nem outro crime praticados. 
Um e outro alimento naturais. 
Se você estiver achando essa construção feia, espere até chegar a hora de falarmos 
sobre a concordância verbal nesses casos !!! 
 
 
 
 
9
1.7 
O(S) / A(S) 
 
 
mais / menos 
melhor(es) / pior(es) 
maior(es) / menor(es) 
qualquer adjetivo 
 
possível(eis) 
 
O adjetivo “possível” segue o que indica o artigo “o/a/os/as”. 
Se estiver no plural (os/as), o adjetivo “possível” também se flexiona (possíveis). 
Se ficar no singular (o/a), assim também fica o adjetivo (possível). 
BIZU: A expressão “o mais possível” pode ser considerada uma locução adverbial 
(invariável), equivalente a “muito” ou “bastante”, enquanto que a expressão os 
mais possíveis poderia ser considerada uma locução adjetiva (variável), 
equivalente a um superlativo. 
Conheci mulheres o mais encantadoras possível. (muito encantadoras) 
Havia mestres os mais inteligentes possíveis. (inteligentíssimos) 
 
1.8. A olhos vistos 
Essa expressão pode ficar invariável (locução adverbial) ou a palavra visto 
concordar com o substantivo a que se refere. 
Ela tem piorado a olhos vistos / a olhos vista. 
 
1.9. Haja vista 
Essa expressão está sempre certa quando invariável, equivalente a “Veja”. 
Uma outra possibilidade de construção é com o substantivo vista (INVARIÁVEL 
SEMPRE!) e o verbo se flexionando de acordo com o substantivo que se segue. 
Haja vista o resultado. 
Haja vista / Hajam vista os resultados. 
Haja vista / Hajam vista as dificuldades por que passamos. 
Uma terceira forma, apresentada por alguns autores, é INVARIÁVEL com a 
preposição “a” ou “de”. 
Haja vista ao resultado. 
Haja vista do resultado. 
Não é possível nenhuma construção com “visto”, provavelmente resultante de 
“contaminação” das expressões “visto que” ou “visto como”. 
BIZU: Uma boa maneira de lembrar as duas últimas regras é: enquanto no 
caso 1.8 quem pode se flexionar é VISTO (“a olhos vistos / vista / visto / 
vistas), no 1.9 essa palavra é INFLEXÍVEL (“haja / hajam vista). 
 
Para encerrar esta parte, vamos resolver mais uma questão de prova. 
 
 
 
 
10
(BESC ADVOGADO/ 2004) 
Assinale a alternativa aceitável segundo a norma culta. 
(A) Ela mesmo quis se apresentar para a diretoria. 
(B) Há bastante coisas a serem feitas antes da chegada do nosso diretor. 
(C) Aqueles funcionários são o mais capacitados possível. 
(D) Eles pediram emprestado a caixa de documentos. 
(E) Anexo segue os documentos. 
O gabarito foi a letra C. Note que o adjetivo “possível” segue a flexão do artigo “o” 
– tudo no singular. 
Os erros das demais opções são: 
a) “Ela mesma quis se apresentar para a diretoria.” – o pronome demonstrativo 
deve concordar com o nome/pronome a que faz referência. 
b) Agora, o vocábulo “bastante” é um pronome indefinido. Na dúvida, troque por 
“muito” e veja como ficaria: “Há muitas coisas...” Î “Há bastantes coisas...”. 
d) O adjetivo “emprestado” deve concordar com o objeto direto “caixa de 
documentos”, cujo núcleo é representado por caixa. Assim, a forma correta seria: 
“Eles pediram emprestada a caixa de documentos”. Esse é um dos casos de 
ADJETIVO na função de PREDICATIVO DO OBJETO, a ser analisado no “Caso 3”, 
mais adiante. 
e) O vocábulo “anexo” tem valor adjetivo, devendo concordar com o substantivo 
correspondente. Além desse erro, houve também um de concordância verbal, já 
que o sujeito é “os documentos”, mas esse é assunto para a próxima aula. A forma 
correta seria: “Anexos seguem os documentos”. 
 
Caso 2 - ADJETIVO na função de PREDICATIVO DO SUJEITO 
Em predicados nominais, com verbos de ligação (Eles parecem preocupados. / Elas 
estão tristes.), ou em predicados verbo-nominais, com verbos indicativos de ação 
associados a adjetivos que se referem ao sujeito (Eles saíram do escritório 
preocupados. / Elas passaram a tarde tristes.), temos a função sintática de 
predicativo do sujeito. 
Essa função, que pode ser exercida por um substantivo ou um adjetivo, mesmo 
distante, atribui ao sujeito um estado, condição, característica. 
Nesses casos, o adjetivo não decide nada sozinho. Ele sempre vai seguir o caminho 
que o verbo escolher. 
2.1. Sujeito composto anteposto: 
Quando o sujeito composto é apresentado antes do verbo, segue-se a regra geral 
– o verbo e o adjetivo concordam com o sujeito. 
O amor e a compreensão humanos estavam mortos. 
 
2.2. Sujeito composto posposto: adjetivo concorda com o verbo. 
Esta concordância nominal se reporta a uma regra da concordância verbal. Quando 
o sujeito composto vem após o verbo, fora da ordem direta (ou seja, primeiro vem 
o predicado e depois o sujeito), o verbo pode concordar com o primeiro elemento 
do sujeito composto (concordância atrativa) ou com todos eles (concordância 
gramatical). 
 
 
11
O adjetivo seguirá a decisão do verbo. Se o verbo for para o plural, assim se 
flexionaráo adjetivo. Se o verbo realizar a concordância com o primeiro elemento, 
com ele o adjetivo concordará em gênero e número. 
Estava morto o amor e a compreensão humana/humanos. 
Estava morta a compreensão e o amor humano/humanos. 
Estavam mortos o amor e a compreensão humana/humanos. 
 
2.3. Sujeito não-determinado: se o sujeito se mostra vago, genérico, o adjetivo 
fica invariável em expressões com “é preciso”, “é bom”, “é necessário” e 
equivalentes. 
É proibido entrada de estranhos. 
Cerveja preta é bom para as lactantes.. 
 
2.4. Sujeito determinado: a flexão do adjetivo se torna possível quando, nessas 
construções, o sujeito está acompanhado de um determinante (numeral, artigo, 
pronome). 
É proibida a entrada de estranhos. 
Esta cerveja é boa para as lactantes. 
 
 
Caso 3: ADJETIVO na função de PREDICATIVO DO OBJETO: 
Os verbos que permitem esse tipo de construção são os chamados verbos 
transobjetivos. Além de serem transitivos diretos, deles se exige mais alguma 
informação, trazida pelo elemento que exerce a função de predicativo do objeto 
(transobjetivo = vai além do objeto Î predicativo do objeto). 
São verbos como julgar, considerar, chamar, encontrar e outros. Não se pode 
dispensar a informação trazida pelo predicativo do objeto, sob risco de se 
prejudicar a coerência oracional. 
O júri considerou o réu.... 
Você percebeu que ficou faltando alguma coisa? Aquilo que se diz a respeito do réu 
(o que foi considerado a seu respeito) é o elemento que exerce essa função de 
predicativo do objeto. 
Uma boa maneira de se distinguir o adjetivo que exerce a função de adjunto 
adnominal daquele que exerce a função de predicativo do objeto é substituir o 
substantivo (objeto direto) por um pronome átono correspondente. Exemplo: 
 
a) Contexto: Havia muitos dias que meu cavalo de estimação morrera, mas seu 
corpo não havia sido encontrado. Até que, um dia, andando pelo campo... 
encontrei o cavalo morto Î encontrei-o. 
Quando o adjetivo acompanha o substantivo e todos os dois – substantivo e 
adjetivo - são substituídos pelo pronome, o adjetivo estará exercendo a função de 
adjunto adnominal. 
 
 
12
b) Contexto: Havia muitos dias que meu cavalo de estimação sumira. Ninguém 
sabia de seu paradeiro. Até que, um dia, andando pelo campo... encontrei o 
cavalo morto Î encontrei-o morto. 
Neste caso, o adjetivo permanece na oração, mesmo após a troca do substantivo 
pelo pronome. Isso significa que essa informação é necessária para a compreensão 
pelo leitor/ouvinte. A função exercida pelo adjetivo, neste caso, é a de predicativo 
do objeto. 
Agora que o significado da função de predicativo do objeto foi apresentado, 
voltaremos a falar sobre a concordância nominal com o adjetivo que exerce esta 
função. É bem simples. 
Se o adjetivo estiver na função de PREDICATIVO DO OBJETO QUALQUER QUE 
SEJA SUA POSIÇÃO EM RELAÇÃO AO SUBSTANTIVO (anteposto ou posposto), a 
única concordância admitida é a gramatical (com todos os elementos). Exemplo: 
Encontrei o cavalo e a vaca mortos / Encontrei mortos a vaca e o cavalo. 
 
3.1. Objeto simples: adjetivo concorda em gênero e número. 
Encontrei tristonha a mulher abandonada. 
 
3.2. Objeto composto: adjetivo fica no plural, independentemente de estar 
anteposto ou posposto. Como sempre, havendo gêneros diferentes, prevalece o 
masculino (é a vida, fazer o quê???). 
Encontrei tristonhos a mulher e o rapaz. 
Você ainda se lembra do comentário à questão de prova ao fim do item 3.2? O 
mote era a expressão “pedir emprestado”. Então, vamos analisar uma outra 
questão de prova, desta vez elaborada pela Fundação João Goulart. 
(PGM RJ/2004) 
Há má construção gramatical quanto à concordância em: 
A) Os médicos consideravam inevitável nos pacientes pequenas alterações 
psicológicas. 
B) As internações por si sós já causam certos distúrbios psicológicos aos 
pacientes. 
C) Uma e outra alteração psicológica podem afetar os pacientes 
hospitalizados. 
D) Distúrbios e alterações psicológicos são normais em pacientes 
hospitalares. 
 
O gabarito foi a letra A. Observe um clássico caso de verbo transobjetivo – 
CONSIDERAR. 
Eu considero aquele rapaz.... 
Ficou faltando alguma coisa, não é? O que faltou foi o predicativo do objeto, ou 
seja, o que se refere àquele rapaz, a consideração que fazemos dele. 
Na construção “Os médicos consideravam inevitável nos pacientes pequenas 
alterações psicológicas”, pergunta-se: o que era inevitável? 
Resposta: “pequenas alterações psicológicas”. 
 
 
13
Como o núcleo do objeto direto é alterações, o adjetivo, na função de predicativo 
do objeto, deve se flexionar em número plural: “Os médicos consideravam 
inevitáveis nos pacientes pequenas alterações psicológicas.”. 
 
Caso 4: DISTINÇÃO ENTRE MIL, MILHÃO E MILHARES. 
4.1) MIL – Quando você preenche um cheque no valor de R$ 1.000,00, tenho 
certeza de que coloca o “um” antes de “mil”, acertei? 
Tudo bem que você faça isso para evitar fraudes, mas, na hora da prova, esqueça 
esse hábito. Neste caso, o numeral vem sozinho (mil reais). A partir de “dois”, o 
numeral concorda com o substantivo: duas mil mulheres / dois mil homens. 
4.2) MILHÃO - O numeral milhão, como os demais numerais, pertence à classe 
das palavras variáveis. Assim, deverá concordar com a parte inteira do numeral 
cardinal a ele relacionado. 
Aquela empresa investiu 1,5 milhão de reais em novos equipamentos. 
O artigo e o numeral que o antecederem devem concordar com ele, no masculino: 
Os dois milhões de árvores plantadas agora recobrem toda a área. 
Veja agora uma questão da prova da ESAF sobre o assunto (AFC STN/2002 - 
adaptada). 
Um emprego novo na indústria siderúrgica custa 1,4 milhão de reais. No 
varejo, um único emprego exige o dispêndio de algo em torno de 30.000 
reais: o custo do espaço na loja, do balcão e do estoque de mercadorias. 
Julgue a asserção abaixo em seus aspectos gramaticais. 
b) À linha 1 seria também correto escrever-se 1,4 milhões de reais. 
Estaria incorreta a concordância em “1,4 milhões de reais”. Como a parte inteira é 
representada pelo algarismo ‘1’, o numeral milhão deverá ficar no singular: “1,4 
milhão de reais”. 
4.3) MILHARES – Pode ser classificado como numeral ou substantivo. De qualquer 
forma, é MASCULINO, devendo permanecer neste gênero qualquer que seja o seu 
complemento. 
Muitos dos milhares de batidas de trânsito são fruto da imprudência. 
 
Como esse assunto já caiu em prova? Vejamos uma questão elaborada pela ESAF. 
(TCE RN/2000) Nas questões seguintes, marque o item sublinhado que 
apresenta erro gramatical ou de ortografia. 
Acredito que a maior parte dos senhores sabe(A) que a Secretaria de 
Educação é gigantesca; por isso(B) se tem muita dificuldade de gerencia-
mento. É composta(C) por 1,3 milhões(D) de alunos. Esta quantidade de 
alunos é maior do que (E) a população de muitas capitais no Brasil. 
a) A 
b) B 
c) C 
d) D 
 
 
14
e) E 
O gabarito foi a letra D. Como a parte inteira é representado pelo algarismo ‘1’, o 
numeral milhão, que pertence à classe das palavras variáveis, deverá concordar 
com ele, ficando no singular – “1,3 milhão de alunos”. 
Na próxima aula, estudaremos os casos de concordância verbal e teremos 
uma bateria de questões de prova para a fixação. 
Até lá.

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