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SUMÁRIO 
 
Ponto 1: DOUTRINA (RESUMO) ....................................................................................... 3 
FLASHCARDS ................................................................................................................... 7 
Ponto 2: DOUTRINA (RESUMO) ..................................................................................... 11 
FLASHCARDS ................................................................................................................. 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO PENAL (Ponto 1): Versão resumida 
Esta é uma versão resumida de 2 pontos completos do material do Mege. A sua função 
é acelerar o estudo e/ou auxiliar nas revisões dos alunos sobre cada tópico enviado. 
As versões completas destes materiais contam com 58 páginas. 
 
DOUTRINA (RESUMO) 
 
1. Introdução ao Direito Penal 
• O material aborda inicialmente o conceito, características, finalidade e princípios 
gerais do Direito Penal, incluindo temas como (des)criminalização e 
(des)penalização, a relação entre Direito Penal e política criminal, criminologia e 
outros ramos do direito. 
• O Direito Penal é definido sob diferentes aspectos: 
o Formal/Estático: Conjunto de normas que proíbem comportamentos, 
definindo crimes e contravenções, e fixando sanções. 
o Material: Refere-se a condutas reprováveis que afetam bens jurídicos 
essenciais à sociedade. 
o Sociológico/Dinâmico: Instrumento de controle social para manter a 
ordem e a convivência social. 
• Direito Penal Objetivo: Conjunto de normas penais positivadas pelo Estado. 
• Direito Penal Subjetivo: Direito de punir do Estado ( jus puniendi ), que se 
manifesta de forma positiva (criação de normas penais) e negativa (declaração 
de inconstitucionalidade de normas penais com efeitos vinculantes). 
• São apresentadas diferentes perspectivas do Direito Penal, incluindo: 
o Direito Penal de Emergência: Expansão do Direito Penal com criação de 
novos tipos penais para combater a alta criminalidade, flexibilizando 
garantias penais e processuais. 
o Direito Penal Simbólico: Utilização do Direito Penal para gerar uma falsa 
sensação de segurança, sem alterar a realidade social. 
o Direito Penal Promocional: Utilização do Direito Penal para fins políticos 
e de transformação social. 
o Direito Penal do Inimigo: Aplicado a indivíduos considerados perigosos, 
com flexibilização de garantias, em contraste com o Direito Penal do 
Cidadão, que respeita as garantias constitucionais. 
 
4 
 
o Direito Penal do Autor: Punição com base em características pessoais, e 
não em fatos concretos, diferentemente do Direito Penal do Fato, 
adotado no Brasil, que pune condutas exteriores. 
2. Escolas Penais 
• O material detalha as principais escolas penais e suas características: 
o Escola Clássica (Idealista): 
▪ Surge no Iluminismo, com Cesare Beccaria, defendendo a 
humanização das penas. 
▪ Baseia-se na ciência dogmática e no método dedutivo, 
considerando o crime como um ente jurídico e a pena como 
retribuição jurídica. 
▪ A responsabilidade penal é fundada no livre arbítrio. 
o Escola Positiva: 
▪ Surge no final do século XIX, com o positivismo, usando o método 
indutivo e a observação dos fatos. 
▪ Considera o crime como um fato social e humano, focando no 
estudo do delinquente. 
▪ Passa por três fases: 
▪ Antropológica (Cesare Lombroso): teoria do criminoso 
nato. 
▪ Sociológica (Enrico Ferri): crime como resultado de fatores 
individuais, físicos e sociais. 
▪ Jurídica (Rafael Garófalo): conceito de delito natural e 
pena com função preventiva. 
o Terceira Escola (Eclética): Busca conciliar os postulados das escolas 
clássica e positiva, defendendo a autonomia do Direito Penal, mas 
valorizando investigações antropológicas e sociológicas. 
o Escola Correcionalista: Surge na Alemanha, vendo o infrator como um ser 
incapaz que comete uma injustiça social, e a pena como meio de correção 
com finalidade terapêutica e regenerativa. 
▪ A sanção penal deve ser aplicada por tempo indeterminado, 
enquanto perdurar o estado de perigo do agente. 
o Tecnicismo Jurídico-Penal: 
▪ Foca no estudo do Direito Penal com método dogmático, 
dividindo-se em duas fases. 
 
5 
 
▪ A primeira fase (Arturo Rocco) prioriza a análise das leis e a 
exegese, negando o direito natural e o livre arbítrio. 
▪ A segunda fase admite o direito natural, acolhe o livre-arbítrio e 
reestrutura a pena retributiva. 
o Defesa Social: 
▪ Surgiu no século XX, com duas fases distintas. 
▪ A primeira fase (Fillipo Gramatica) defendia medidas de 
neutralização do indivíduo por tempo indeterminado. 
▪ A segunda fase (Marc Ancel) busca o aprimoramento da 
sociedade, partindo do melhoramento do indivíduo, com medidas 
educativas e curativas. 
3. Modelos de Direito Penal 
• O material apresenta três modelos de Direito Penal: 
o Direito Penal Mínimo (Minimalismo Penal): Defende a intervenção 
mínima do Direito Penal, usando-o apenas para ataques graves a bens 
jurídicos relevantes. 
▪ O Garantismo (Luigi Ferrajoli) é um modelo normativo que busca 
minimizar a violência e maximizar a liberdade, com base em dez 
axiomas. 
o Abolicionismo Penal (Política Criminal Verde): Pretende a eliminação do 
Direito Penal, considerando-o injusto e seletivo. 
o Direito Penal Máximo (Eficientismo Penal): Defende o uso do Direito 
Penal para máxima efetividade do controle social, com punição de 
pequenas infrações e recrudescimento de sanções. 
4. Velocidades do Direito Penal 
• Segundo Silva Sánchez, o Direito Penal possui três "velocidades": 
o Primeira Velocidade: Modelo clássico, com pena privativa de liberdade e 
respeito a direitos e garantias individuais. 
o Segunda Velocidade: Flexibilização de garantias com adoção de medidas 
alternativas à prisão (ex: Lei 9.099/95). 
o Terceira Velocidade: Combina pena privativa de liberdade com 
flexibilização de garantias, compatível com o Direito Penal do Inimigo. 
▪ Há também o Direito Penal de Quarta Velocidade 
(Neopunitivismo), com restrição de garantias para réus chefes de 
Estado que violaram tratados de direitos humanos. 
 
6 
 
5. Direito Penal do Inimigo 
• Situado na terceira velocidade do Direito Penal, este modelo, de Günther Jakobs, 
considera que certos indivíduos perdem o estado de cidadania e não têm os 
mesmos direitos processuais. 
• As principais características incluem: antecipação da punibilidade, tipos penais 
de perigo abstrato, descrição vaga de crimes e penas, preponderância do Direito 
Penal do autor e endurecimento da execução penal. 
• As principais críticas são a falta de definição clara do "inimigo", a ausência de 
princípios definidos e a contradição com a ideia de Direito. 
• O funcionalismo sistêmico, de Jakobs, entende que a função do Direito Penal é 
reafirmar a validade da norma, e não proteger bens jurídicos. 
6. Bem Jurídico 
• O bem jurídico é definido como circunstâncias reais ou finalidades necessárias 
para uma vida segura e livre, garantindo direitos humanos e civis. 
• A elevação de um bem a bem jurídico-penal deve considerar o caráter 
fragmentário e subsidiário do Direito Penal. 
• O Direito Penal protege os bens jurídicos mais importantes para a sociedade, 
como a vida, liberdade, patrimônio, entre outros. 
• Bem jurídico não se confunde com objeto material, que é a pessoa ou coisa sobre 
a qual recai a conduta criminosa. 
• O bem jurídico desempenha diversas funções: 
o Fundamentadora: Não existe crime sem bem jurídico. 
o Sistemática: O sistema penal é montado a partir dos bens jurídicos. 
o Interpretativa: O tipo penal deve ser interpretado conforme o bem 
jurídico. 
o Processual: O bem jurídico atingido orienta a determinação da 
competência. 
 
 
 
 
 
 
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FLASHCARDS 
QUESTÕES (Certo ou Errado) 
 
1. O Direito Penal, sob o aspecto material, define-secomo um conjunto de normas que 
descrevem as condutas proibidas e suas respectivas sanções. 
2. O Direito Penal de Emergência caracteriza-se pela flexibilização de garantias penais 
e processuais em prol do combate à alta criminalidade, resultando na expansão da 
legislação penal. 
3. O Direito Penal Simbólico exerce uma função de prevenção geral positiva, 
modificando a realidade social por meio da criação de leis penais incriminadoras. 
4. O Direito Penal do Inimigo é aplicado indistintamente a todos os indivíduos que 
cometem crimes, garantindo a igualdade perante a lei penal. 
5. A Escola Clássica do Direito Penal, influenciada pelo Iluminismo, adota o método 
indutivo para a análise dos fenômenos criminais. 
6. Para a Escola Positiva, o crime é um fenômeno social e humano, sendo o estudo do 
delinquente mais relevante do que a análise do crime em si. 
7. Cesare Lombroso, expoente da Escola Positiva, desenvolveu a teoria do criminoso 
nato, baseada em características morfológicas específicas. 
8. A Escola Correcionalista defende que a pena deve ser aplicada por tempo 
determinado, visando a ressocialização do criminoso. 
9. O Tecnicismo Jurídico-Penal, em sua primeira fase, prioriza a análise do direito 
natural, com base no livre arbítrio. 
10. O movimento de Defesa Social, em sua primeira fase, propõe a neutralização do 
indivíduo por tempo indeterminado, visando a proteção da sociedade. 
11. O Garantismo, de Luigi Ferrajoli, defende a intervenção máxima do Direito Penal 
como forma de controle social. 
12. O Abolicionismo Penal propõe a eliminação do Direito Penal, por considerá-lo 
prejudicial e legitimador de injustiças sociais. 
13. O Direito Penal de primeira velocidade utiliza penas privativas de liberdade, mas 
flexibiliza as garantias individuais. 
14. O Direito Penal de segunda velocidade, exemplificado pela Lei 9.099/95, adota 
medidas alternativas à prisão e flexibiliza algumas garantias. 
15. O Direito Penal de terceira velocidade é compatível com o Direito Penal do Inimigo, 
combinando penas privativas de liberdade com flexibilização de garantias. 
 
8 
 
16. O Direito Penal de quarta velocidade restringe as garantias penais e processuais para 
chefes de Estado que violaram tratados internacionais de direitos humanos. 
17. Segundo Günther Jakobs, a função do Direito Penal é a proteção de bens jurídicos, 
garantindo a segurança da sociedade. 
18. O bem jurídico é o objeto material sobre o qual recai a conduta criminosa. 
19. A função sistemática do bem jurídico refere-se à interpretação do tipo penal 
conforme o bem jurídico protegido. 
20. A função processual do bem jurídico influencia na determinação da competência 
para o julgamento de um delito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÕES (Gabarito comentado) 
 
1. ERRADO. O Direito Penal sob o aspecto material refere-se a comportamentos 
humanos considerados reprováveis ou danosos, que afetam bens jurídicos essenciais à 
sociedade. Já o aspecto formal do Direito Penal define-se como um conjunto de normas 
que descrevem as condutas proibidas e suas respectivas sanções. 
2. CERTO. O Direito Penal de Emergência caracteriza-se pela criação de novos tipos 
penais para combater a alta criminalidade, com flexibilização de garantias penais e 
processuais. 
3. ERRADO. O Direito Penal Simbólico gera uma falsa sensação de segurança, sem 
modificar a realidade social, exercendo uma função simbólica (aspecto negativo), e não 
de prevenção geral positiva. 
4. ERRADO. O Direito Penal do Inimigo é aplicado a indivíduos considerados perigosos, 
com flexibilização de garantias, em contraste com o Direito Penal do Cidadão, que 
respeita as garantias constitucionais. 
5. ERRADO. A Escola Clássica adota o método dedutivo, partindo do direito positivo 
para análise das questões jurídico-penais. A Escola Positiva utiliza o método indutivo. 
6. CERTO. Para a Escola Positiva, o estudo do delinquente e das causas do crime é mais 
relevante do que a análise do crime em si, que era o foco da escola clássica. 
7. CERTO. Cesare Lombroso introduziu a teoria do criminoso nato (atavismo), baseado 
em características morfológicas específicas. 
8. ERRADO. A Escola Correcionalista defende que a pena deve ser aplicada por tempo 
indeterminado, enquanto perdurar o estado de perigo do agente, visando a sua 
correção e ressocialização. 
9. ERRADO. O Tecnicismo Jurídico-Penal, em sua primeira fase, prioriza a análise das 
leis e a exegese, negando o direito natural e o livre arbítrio. 
10. CERTO. O movimento de Defesa Social, em sua primeira fase, defendia a 
neutralização do indivíduo por prazo indeterminado, como forma de proteger a 
sociedade. 
11. ERRADO. O Garantismo, de Luigi Ferrajoli, prega a intervenção mínima do Direito 
Penal, buscando minimizar a violência e maximizar a liberdade. 
12. CERTO. O Abolicionismo Penal defende a eliminação do Direito Penal, por considerá-
lo prejudicial e legitimador de injustiças sociais. 
13. ERRADO. O Direito Penal de primeira velocidade utiliza penas privativas de 
liberdade e se funda no respeito aos direitos e garantias individuais. 
 
10 
 
14. CERTO. O Direito Penal de segunda velocidade, como na Lei 9.099/95, flexibiliza 
garantias penais e processuais, adotando medidas alternativas à prisão. 
15. CERTO. O Direito Penal de terceira velocidade combina penas privativas de liberdade 
com a flexibilização de direitos e garantias, sendo compatível com o Direito Penal do 
Inimigo. 
16. CERTO. O Direito Penal de quarta velocidade restringe e suprime garantias penais e 
processuais para chefes de Estado que cometeram graves violações de direitos humanos. 
17. ERRADO. Segundo Günther Jakobs, a função do Direito Penal não é a proteção de 
bens jurídicos, mas sim reafirmar a validade da própria norma. 
18. ERRADO. O bem jurídico é o valor protegido pelo Direito Penal (ex: vida, 
patrimônio), enquanto o objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta 
criminosa. 
19. ERRADO. A função sistemática do bem jurídico refere-se à organização do sistema 
penal a partir dos bens jurídicos protegidos, enquanto a função interpretativa se refere 
à interpretação do tipo penal. 
20. CERTO. A função processual do bem jurídico influencia na determinação da 
competência para o julgamento, como no caso de crimes contra o trabalhador ou a 
organização do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO PENAL (Ponto 2): Versão resumida 
 
DOUTRINA (RESUMO) 
 
1. Princípios do Direito Penal (Constitucionais Explícitos e Implícitos) 
Os princípios do Direito Penal são a base para a compreensão e aplicação da lei penal, 
servindo como limites ao poder punitivo do Estado e proteção dos direitos individuais. 
• Princípios Constitucionais Explícitos: 
o Legalidade (art. 5º, XXXIX, CF): Não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação legal. Este princípio é o pilar do 
Direito Penal, fundamentado no Estado de Direito. Inclui a reserva legal 
(somente a lei pode criar crimes e penas) e a anterioridade (a lei penal 
deve ser anterior ao fato). 
▪ Anterioridade: A lei penal deve ser prévia à prática da infração. 
▪ Retroatividade da lei penal benéfica: A lei penal não retroage, 
exceto para beneficiar o réu. 
o Personalidade ou Responsabilidade Pessoal (art. 5º, XLV, CF): A pena não 
pode passar da pessoa do condenado. A obrigação de reparar o dano 
pode se estender aos sucessores até o limite do patrimônio transferido. 
o Individualização da pena (art. 5º, XLVI, CF): A pena deve ser 
individualizada para cada caso, evitando padronizações, tanto no âmbito 
legislativo, quanto judicial e executório. 
o Humanidade (art. 5º, XLVII, CF): Veda penas cruéis, de caráter perpétuo, 
de trabalhos forçados ou de banimento, assegurando o respeito à 
integridade física e moral dos presos. 
• Princípios Constitucionais Implícitos:o Intervenção Mínima: O Direito Penal só deve ser usado em casos de 
ataques graves aos bens jurídicos mais relevantes, quando outros meios 
de controle social forem insuficientes. 
▪ Subsidiariedade: O Direito Penal é a ultima ratio, usado somente 
quando outros meios forem ineficazes. 
▪ Fragmentariedade: O Direito Penal não tutela todos os bens 
jurídicos, mas apenas aqueles mais essenciais. 
▪ Ofensividade ou Lesividade: Só há crime se houver lesão ou 
perigo de lesão ao bem jurídico. 
 
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▪ Insignificância ou Bagatela: Afasta a tipicidade material quando a 
lesão ao bem jurídico é ínfima. Os requisitos para aplicação são: 
conduta minimamente ofensiva, ausência de periculosidade 
social, reduzido grau de reprovabilidade e lesão jurídica 
inexpressiva. 
▪ Adequação social: Uma conduta aceita pela sociedade não pode 
ser considerada típica. 
o Culpabilidade: Princípio genérico que abrange a proibição de 
responsabilização penal sem dolo ou culpa, a necessidade de 
imputabilidade, consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta 
diversa, além da proporcionalidade entre a pena e a gravidade do fato. 
o Proporcionalidade: A severidade da pena deve ser proporcional à 
gravidade do delito. Observada tanto pelo legislador na cominação 
abstrata, quanto pelo julgador na aplicação concreta. Inclui a proibição de 
excesso e a proibição de proteção deficiente. 
 
1.1. Legalidade 
O princípio da legalidade é expresso na fórmula nullum crimen, nulla poena sine praevia 
lege. É um instrumento de proteção do cidadão contra o abuso do poder estatal, 
limitando o poder punitivo. 
• Origem: Há controvérsias, mas geralmente é ligada a documentos como a Charta 
Magna Libertatum, o Bill of Rights e a Déclaration des Droits de L’Homme et du 
Citoyen. 
• No Brasil: Previsto no art. 5º, XXXIX, da CF e art. 1º do CP. 
• Vertentes: 
o Lege praevia: A lei deve ser anterior ao fato. 
o Lege scripta: A lei deve ser escrita, proibindo a criação de crimes por 
costumes. 
o Lege stricta: A interpretação do tipo penal deve ser estrita, vedando a 
analogia incriminadora. 
o Lege certa: A lei penal deve ser clara e precisa. 
• Sentidos: 
o Amplo: Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em 
virtude de lei (art. 5º, II, CF). 
o Estrito: Específico para o Direito Penal, incluindo legalidade criminal, 
penal, jurisdicional e execucional (art. 5º, XXXIX, CF). 
 
13 
 
• Fundamentos: Político, democrático e jurídico. 
• Anterioridade: A lei penal incriminadora não pode retroagir para punir fatos que 
antes não eram crime. 
• Irretroatividade e Retroatividade Benéfica: A lei penal não retroage, salvo para 
beneficiar o réu. 
Descriminalização, Despenalização e Legalização 
• Descriminalização: Abandono da criminalização, tornando o fato penalmente 
irrelevante. 
• Despenalização: Substituição da pena de prisão por outras sanções, mantendo a 
conduta como criminosa. 
• Legalização: Considerar o comportamento como normal, isento de qualquer 
sanção. 
• Exemplo: Descriminalização do porte de maconha para uso pessoal pelo STF, que 
passou a ser considerado infração administrativa. 
 
1.2. Personalidade ou Responsabilidade Pessoal 
A pena não pode passar da pessoa do delinquente. Este princípio reflete no processo 
penal através da intranscendência da acusação, direcionada ao provável autor do crime. 
 
1.3. Intervenção Mínima 
O Direito Penal deve ser a ultima ratio, usado apenas quando estritamente necessário. 
• Subsidiariedade: A criminalização só é legítima se for o único meio eficaz para 
proteger o bem jurídico. 
• Fragmentariedade: O Direito Penal não tutela todos os bens, apenas aqueles 
mais essenciais. 
• Princípio da Insignificância: 
o A conduta é formalmente típica, mas materialmente atípica devido à 
lesão ínfima ao bem jurídico. 
o Requisitos para aplicação segundo o STF: conduta minimamente ofensiva, 
ausência de periculosidade social, reduzido grau de reprovabilidade e 
lesão jurídica inexpressiva. 
o Reincidência e maus antecedentes geralmente afastam a aplicação do 
princípio, embora haja exceções. 
 
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o Não se aplica em crimes contra a mulher em âmbito doméstico ou contra 
a administração pública. 
• Lesividade ou Ofensividade: Só há crime se houver lesão ou perigo de lesão ao 
bem jurídico. Não se confunde com o princípio da alteridade, que proíbe punir 
por mal causado a si próprio. 
• Adequação Social: Uma conduta socialmente aceita não é materialmente típica. 
Exemplo: casas de prostituição. 
 
1.4. Individualização da Pena 
A pena deve ser individualizada em três planos: 
• Legislativo: O legislador comina penas mínimas e máximas. 
• Judiciário: O juiz aplica a pena ao caso concreto dentro dos limites legais. 
o Inclui fixação da quantidade de pena, regime inicial, substituição por 
penas restritivas, etc. 
• Executório ou Administrativo: Adaptações na execução da pena para cada 
condenado, com tratamento penitenciário individualizado. 
 
1.5. Culpabilidade 
É um princípio implícito, que inclui a proibição de responsabilidade penal sem dolo ou 
culpa, a necessidade de imputabilidade, consciência da ilicitude e exigibilidade de 
conduta diversa, e a proporcionalidade da pena à gravidade do fato. 
 
1.6. Humanidade 
Garante o respeito à integridade física e moral dos acusados e sentenciados, vedando 
penas cruéis e desumanas. 
 
1.7. Proporcionalidade 
A severidade das penas deve ser proporcional à gravidade dos delitos. 
• Subprincípios: Adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. 
• Proibição da proteção deficiente: O Estado deve tutelar os direitos fundamentais 
contra ataques de terceiros. 
• Mandados de criminalização: 
 
15 
 
o Explícitos: Dever do legislador de punir certas condutas (racismo, 
discriminação). 
o Implícitos: Inferidos da avaliação integral da Constituição (corrupção 
eleitoral). 
 
2. Fontes do Direito Penal 
• Fontes Materiais (Substanciais ou de Produção): Responsáveis pela criação do 
Direito Penal. A competência é privativa da União (art. 22, I, CF), com exceção de 
casos em que os estados são autorizados por lei complementar. 
• Fontes Formais (Cognitivas ou de Conhecimento): Formas de exteriorização do 
Direito Penal. 
o Imediata ou direta: 
▪ Lei: A lei em sentido estrito é a única forma de exteriorização do 
Direito Penal incriminador. Medida provisória não pode criar 
crimes, mas pode beneficiar o réu. 
o Mediatas ou secundárias: 
▪ Costumes: Não criam crimes nem penas, mas podem influenciar 
na interpretação da lei (adequação social). 
▪ Princípios Gerais do Direito: Valores que inspiram a elaboração, 
interpretação e preservação do ordenamento jurídico. 
▪ Atos Administrativos: Complementam normas penais em branco. 
o Doutrina: Explica, interpreta e aplica as fontes imediatas. 
o Jurisprudência: Fonte reveladora do Direito Penal, podendo ter caráter 
vinculante. 
o Tratados Internacionais de Direitos Humanos: Não criam crimes no 
direito interno, mas podem ser usados em direito penal não incriminador. 
o Constituição Federal: Limite e fundamento do Direito Penal, com 
princípios penais, processuais, e mandatos de criminalização (expressos 
ou implícitos). 
 
3. Interpretação da Lei Penal 
• Analogia: Não é forma de interpretação, mas de integração da norma. 
o Analogia in malam partem (contra o réu) é vedada. 
 
16 
 
o Analogia in bonam partem (a favor do réu) é admissível se a omissão 
legislativa for involuntária. 
• Interpretação Extensiva: Amplia o alcance da norma para sua aplicação lógica. 
o Há controvérsia sobre a possibilidade contra o réu. Alguns entendem que 
é possível por não criar normas, outros que não, pois a lei penal deve ser 
interpretada restritivamente. 
• Interpretação Analógica (Intra Legem): Extrai o significado da norma utilizando 
elementos da própria norma. Admissível, pois prevista na lei. 
• Norma Penal em Branco: Normacujo conteúdo do preceito primário é 
indeterminado, mas determinável por outra norma. 
o Imprópria ou Homogênea: A fonte do tipo penal e do complemento é a 
mesma (Congresso Nacional). 
▪ Homovitelina: Complemento no mesmo corpo normativo (crimes 
funcionais). 
▪ Heterovitelina: Complemento em outro diploma legal (violação 
de direitos autorais). 
o Própria, Heterogênea ou em Sentido Estrito: Fonte do complemento é 
diversa da do tipo penal (atos infralegais). Exemplo: Portaria do Ministério 
da Saúde sobre drogas. É constitucional se o tipo penal estiver previsto 
em lei formal. 
o Invertida ou ao Revés: O preceito primário está completo, mas o 
secundário é incompleto (Lei de Genocídio). 
o De Fundo Constitucional: Complemento do preceito primário é norma 
constitucional (art. 246 do CP). 
o Ao Quadrado: O complemento da lei penal em branco também precisa 
de complemento (Art. 38 da Lei 9.605/98). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FLASHCARDS 
QUESTÕES (Certo ou Errado) 
 
1. O princípio da legalidade, no Direito Penal, impede a criação de crimes e penas por 
meio de decretos. 
2. A retroatividade da lei penal mais severa é permitida, desde que expressamente 
prevista em lei. 
3. O costume abolicionista, no Direito Penal, é amplamente aceito como forma de 
revogar uma infração penal. 
4. A analogia pode ser utilizada para incriminar condutas que não estão 
expressamente previstas em lei, desde que haja semelhança com outras condutas já 
tipificadas. 
5. O princípio da intervenção mínima estabelece que o Direito Penal deve ser a 
primeira opção para resolver conflitos sociais. 
6. O princípio da insignificância, no Direito Penal, pode ser aplicado mesmo quando o 
acusado é reincidente em crimes semelhantes. 
7. A restituição integral do bem furtado é suficiente para, por si só, aplicar o princípio 
da insignificância. 
8. O princípio da adequação social permite que condutas aceitas pela sociedade sejam 
consideradas atípicas, mesmo que formalmente tipificadas. 
9. O princípio da individualização da pena exige que a sanção penal seja aplicada de 
forma idêntica a todos os condenados, independentemente das particularidades do 
caso. 
10. O princípio da culpabilidade exige que a pena seja proporcional à gravidade do fato 
cometido, analisando o dolo ou a culpa do agente. 
11. O princípio da humanidade veda a aplicação de qualquer tipo de pena que atinja a 
dignidade da pessoa humana. 
12. A competência para legislar sobre Direito Penal é exclusiva dos Estados. 
13. Medidas provisórias podem criar crimes, desde que em situações de extrema 
urgência. 
14. A doutrina e a jurisprudência são consideradas fontes formais imediatas do Direito 
Penal. 
15. A Constituição Federal não contém crimes, mas traz princípios penais e processuais 
penais. 
 
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16. A interpretação extensiva da lei penal é sempre proibida, pois restringe a aplicação 
do Direito Penal. 
17. A analogia in bonam partem é admitida no Direito Penal, desde que a omissão 
legislativa seja involuntária. 
18. A norma penal em branco heterogênea é aquela cujo complemento normativo está 
no mesmo diploma legal do tipo principal. 
19. O princípio da insignificância não pode ser aplicado em crimes contra a 
administração pública. 
20. É possível aplicar o princípio da insignificância no crime de contrabando de cigarros, 
quando a quantidade apreendida não ultrapassar 1000 maços, salvo reiteração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÕES (Gabarito comentado) 
 
1. Certo. O princípio da legalidade exige que somente a lei, em sentido estrito (emanada 
do Congresso), pode criar crimes e cominar penas, sendo vedada a criação por meio de 
decretos. 
2. Errado. A lei penal mais severa não pode retroagir para prejudicar o réu. A 
retroatividade é permitida apenas para beneficiar o acusado. 
3. Errado. A doutrina majoritária e a jurisprudência não reconhecem o costume 
abolicionista como forma de revogar uma lei penal, apenas outra lei pode fazê-lo. 
4. Errado. A analogia in malam partem (contra o réu) é vedada no Direito Penal, pois 
fere o princípio da legalidade. A analogia só é admitida para beneficiar o réu. 
5. Errado. O princípio da intervenção mínima estabelece que o Direito Penal deve ser a 
última ratio, ou seja, só deve ser utilizado quando outras formas de controle social se 
mostrarem insuficientes. 
6. Errado. A reincidência, em regra, impede a aplicação do princípio da insignificância, 
embora os tribunais superiores admitam exceções dependendo do caso concreto. 
7. Errado. A restituição integral do bem furtado não é suficiente para aplicar o princípio 
da insignificância. 
8. Certo. O princípio da adequação social permite que condutas consideradas 
socialmente aceitas e aprovadas sejam tidas como atípicas, mesmo que formalmente 
tipificadas como crime. 
9. Errado. O princípio da individualização da pena exige que a sanção penal seja aplicada 
de forma específica a cada caso, levando em conta suas particularidades, evitando 
padronizações. 
10. Certo. O princípio da culpabilidade exige que a pena seja proporcional à gravidade 
do fato e que leve em consideração o dolo ou a culpa do agente. 
11. Certo. O princípio da humanidade veda a aplicação de penas cruéis e desumanas, 
assegurando o respeito à integridade física e moral dos acusados e sentenciados. 
12. Errado. A competência para legislar sobre Direito Penal é privativa da União, 
conforme o art. 22, I, da Constituição Federal. 
13. Errado. Medidas provisórias não podem criar crimes, conforme o art. 62 da 
Constituição Federal. 
14. Errado. A doutrina e a jurisprudência são consideradas fontes formais mediatas 
(secundárias) do Direito Penal, não imediatas. 
15. Certo. A Constituição Federal não define crimes e penas, mas estabelece princípios 
e limites para o Direito Penal. 
 
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16. Errado. A interpretação extensiva, apesar de controvertida quando prejudicial ao 
réu, não é sempre proibida, buscando ampliar o alcance da norma penal, mas não criar 
novas incriminações. 
17. Certo. A analogia in bonam partem (a favor do réu) é permitida, se a omissão da lei 
for involuntária, ou seja, se o legislador não se manifestou sobre o caso por 
esquecimento ou desatenção. 
18. Errado. A norma penal em branco heterogênea é aquela cujo complemento 
normativo está em outro diploma legal, diferente daquele que contém o tipo principal. 
19. Certo. O princípio da insignificância é, em regra, inaplicável aos crimes contra a 
administração pública, conforme a Súmula 599 do STJ. 
20. Certo. O STJ, no Tema 1143, passou a admitir a aplicação do princípio da 
insignificância no crime de contrabando de cigarros quando a quantidade apreendida 
não ultrapassar 1000 maços, salvo em casos de reiteração da conduta.

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