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Apostila_de_Direito_Constitucional_I_-_ATUALIZADA6f5b2d3181

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A TEORIA DA CONSTITUIÇÃO E O 
CONSTITUCIONALISMO GLOBALIZADO
 DIREITO CONSTITUCIONAL
 NATUREZA
Ramo do Direito Público 
 CONCEITO 
Direito Público fundamental que se diferencia dos demais ramos do direito pela natureza do seu objeto e pelos princípios peculiares que o informam. Destaca-se como ramo do direito público por ser fundamental à organização e funcionamento do Estado, à articulação dos elementos básicos do mesmo e ao estabelecimento das bases da estrutura política. Sendo assim, aponta, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado. 
 OBJETO
Estabelecer a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, modo de aquisição e exercício do poder, limites da sua atuação, assegurar direitos e garantias individuais, fixar o regime político, disciplinar os fins socioeconômicos do Estado. 
 CONTEÚDO CIENTÍFICO
Três aspectos abrangem o conteúdo científico do Direito Constitucional:
a) Direito Constitucional Positivo ou Particular
Tem por objeto o estudo dos princípios e normas de uma constituição concreta, de um Estado determinado;
Ex.: Direito Constitucional brasileiro, francês, inglês, de acordo com as respectivas constituições.
b) Direito Constitucional Comparado
A missão é o estudo teórico das normas jurídico-constitucionais positivas (mas não necessariamente vigentes) de várias Estados, preocupando-se em destacar as singularidades e os contrastes entre eles ou entre grupos deles”...
c) Direito Constitucional Geral
Disciplina que delineia uma série de princípios, de conceitos e de instituições que se acham em vários direitos positivos ou em grupos deles para classificá-los e sistematizá-los numa visão unitária.
	“Se o Direito Constitucional Comparado é apenas um método de trabalho, já o Direito Constitucional Geral é uma ciência, que visa generalizar os princípios teóricos do Direito Constitucional particular e, ao mesmo tempo, constatar pontos de contato e interdependência do Direito Constitucional Positivo dos vários Estados que adotam formas semelhantes de governo”.[1: Cf. ob. Cit, v. I/36. Obra clássica de Direito Constitucional Geral é a de Carl Schmitt, Teoria da Constituição.]
 IMPORTÂNCIA DO DIREITO CONSTITUCIONAL
Em âmbito internacional, a Constituição ao estruturar o Estado possibilita o reconhecimento de sua soberania, o que leva a manutenção da personalidade jurídica internacional do Estado. Em âmbito nacional, é a constituição que determina a estruturação e funcionamento base do Estado, determinando como se dará a formação do restante do ordenamento legal, garantindo assim a “vida” e o “modo de vida do Estado”, informando portanto todo o ordenamento legal e possuindo com isso a função jurídica de ser o ponto de origem de todo e qualquer fundamento legal.
 CONSTITUIÇÃO
 CONCEITOS
A Constituição sempre vai ser, por excelência, um compromisso político, entre as diversas forças políticas em choque, seja resultado de um golpe de Estado, de uma Revolução ou, ainda, fruto de uma Assembleia Constituinte.
Hodiernamente, a Constituição de um Estado Democrático, por natureza, tem a função beligerante de poder. Um Estado sem Constituição, sem função democrática, não pode ser chamado de ordem política legítima. 
Alexandre de Moraes (pg. 6) ensina que o termo constituição sugere a ideia de montar algo, de estabelecer do princípio, de firmar um ente, possibilitando a formação com organização de alguma coisa ou de um ser vivo ou de um grupo de pessoas (no caso do Estado de Direito, o próprio Estado). Assim, especificamente para o direito, pode-se afirmar que “Constituição deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém as normas referentes a estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos”, sendo a própria constituição que também fixa a forma e a competência para edição das demais normas jurídicas, legislativas ou administrativas.
A Constituição, assim, nada mais é do que uma ordem jurídica superior que vincula as demais e é fundamento de validade das mesmas. Para Silva, a Constituição é
um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Em síntese, a Constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado.
	
Enquanto que para Chimenti e outros a Constituição em seu sentido jurídico-material[2: 	 CHIMENTI, R. C. et al. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 02.]
corresponde ao conjunto de normas fundamentais que exterioriza os elementos essenciais de um Estado, regulando a participação do povo no exercício do poder, a existência ou não de uma divisão interna do Estado, o grau de autonomia das unidades porventura existentes, as funções tipicamente estatais, os órgãos que a exercem, os limites das ações do Estado e os direitos e garantias fundamentais das pessoas a ele submetidas. É o conjunto de normas essenciais que disciplina a organização do Estado e dá fundamento de validade às suas leis.
Constituição, juridicamente, significa a Lei Suprema e Fundamental do Estado, responsável por estabelecer o conteúdo das normas sobre a estruturação do Estado, a formação dos poderes políticos, a forma de governo e aquisição do poder de governar, a distribuição de competências, os direitos, deveres e garantias dos cidadãos. 
Há que se ressaltar que foi o constitucionalismo hodierno que inaugurou o conceito de constituição moderna, como documento escrito que garante as liberdades e os direitos dos cidadãos e o local onde se fixam os limites do poder político.[3: 	 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7ªed. Coimbra: Almedina, 2003, p. 52.]
Lassale leciona que a Constituição vem a ser a soma dos “fatores reais de poder” que vigoram em um país. Asseverando que de nada adianta ter uma constituição, se esta for dissociada da realidade, revelando-se assim o que ele chama de folha de papel (constituição escrita).[4: 	 LASSALE. Ferdinand. A essência da Constituição. Tradução de Walter Stonner. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2001, p. 10-11.]
Pode-se dizer que a Constituição muda a sua forma, o seu conteúdo, que acaba se adensando no curso dos últimos dois séculos em seu texto e em seu contexto, mas segue sendo — como antes — uma Lei, que alicerça e preside o processo de juridicização de um projeto político eleito como realizador da ideia de Justiça prevalente em determinada sociedade estatal e dada, então, à concretização pela organização e dinâmica estatais.
Por conseguinte, num mundo onde tudo se modifica com muita rapidez, não se pode combater às evoluções da constituição. Ela precisa ser reenquadrada. Há a necessidade da valorização do seu conceito material.
 CONCEPÇÕES SOBRE AS CONSTITUIÇÕES
Ao longo da história da humanidade, como se perpassou, surgiram variadas formas constitucionais (Constituições). Inúmeras, igualmente, foram as teorias acerca delas. Porém, a Teoria da Constituição Contemporânea reconhece somente quatro visões teóricas acerca disso:
a) Constituição em sentido sociológico
b) Constituição em sentido político
c) Constituição em sentido jurídico (lógico-jurídico e jurídico-positivo)
a) Sentido Sociológico 
A Constituição é concebida como fato social, com isso o texto constitucional seria resultado da realidade social do país. Em outras palavras, a Constituição somente seria legítima se representasse o efetivo poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder. Portanto, nesta concepção ela seria “a somatória dos fatores reais de poder dentro de uma sociedade”. 
O representante mais importante desta visão sociológica da Constituição foi Ferdinand Lassalle, que em sua obra “Qué es una Constitución?” (“A Essência da Constituição”), designa que aConstituição real e efetiva é “a soma dos fatores reais de poder que regem o país”, já a constituição escrita que não se apoiasse nesses fatores reais do poder não passaria de uma folha de papel. 
	Apresentada por FERDINAND LASSALLE, em sua obra “O que é Constituição”, enfatiza que a Norma Fundamental deve representar os “fatores reais do poder”, que são as forças políticas presentes na vida real daquele determinado grupo social organizado em torno da Constituição. Desta forma, a Constituição escrita não sendo espelho dos fatores reais de poder (da realidade social) não se efetivará, ficando como letra morta.
b) Sentido Político
Concebida por Carl Schmitt, em sua obra “Teoria de la Constitución”, considera a Constituição como “decisão política fundamental”, que comporta matérias como a estrutura e órgãos do Estado, direitos individuais, entre outros. O referido autor distingue Constituição (decisão política fundamental) das leis constitucionais, que seriam os demais dispositivos do texto constitucional. A Constituição seria produto de certa decisão política, ou seja, “a decisão política do titular do poder constituinte”. 
	Por CARL SCHMITT, através das obras “O conceito do político” e “Guarda da Constituição”, afirma que a Constituição é uma decisão política fundamental e deve abordar os temas basilares da organização política da sociedade: a) forma de Estado, forma de governo, sistema e regime de exercício do poder; b) estrutura do Estado e direitos fundamentais.
OBS.: As outras normas presentes na Constituição, que tratam dos demais assuntos são consideradas por ele como leis constitucionais, estas, não fazem parte da Constituição em si. Portanto, é imperativo salientar que em Schmitt há a distinção entre Constituição e Lei Constitucional: a primeira refere só à decisão política fundamental (organização dos poderes e direitos fundamentais); a segunda são os demais dispositivos constantes do texto constitucional que não contenham matéria de decisão política fundamental.
c) Sentido Jurídico 
		Posição liderada por Hans Kelsen, defendida principalmente na sua obra “Teoría Pura do Direito”, na qual a Constituição é norma pura (dever-ser). Com isso, o autor parte de uma perspectiva estritamente formal em que desconsidera qualquer aspecto sociológico, político da elaboração do referido conceito. A Constituição, que não está mais em divergência, é a norma fundamental do Estado e o paradigma de validade de todo o ordenamento jurídico. Salienta-se que coloca a Constituição numa posição hierarquicamente superior às demais normas, consagrando a supremacia constitucional.
Deste modo, entende o vocábulo Constituição em dois sentidos: a) lógico–jurídico; b) jurídico-positivo.
a) Lógico-jurídico: Constituição como norma fundamental hipotética [dentro do plano das ideias, ela serve de fundamento atemporal de validade da constituição jurídico-positiva, que será a norma positiva suprema (norma que regula a criação de outras normas). OBS.: esta norma hipotética fundamental, na obra de Kelsen, deve ser entendida como a ideia de justiça.
b) Jurídico-positivo: Constituição como a norma positivada e suprema (o documento de cada Estado). Aqui, considera-se, então, o conjunto de normas que regula a criação de outras normas [documento solene], que só pode ser modificado por um procedimento solene e dificultoso.
IMPORTANTE: o direito brasileiro tenta conjugar estes três entendimentos, contudo, é possível se verificar a sobreposição do sentido jurídico em razão da hierarquia de normas apregoada pela Constituição Federal [arts. 59 e 60, CF] e da existência de outras normas estar vinculada a regulação constitucional. Neste sentido, a Constituição é "o conjunto de regras concernentes à forma do Estado, à forma de governo, ao modo de aquisição e exercício do poder, ao estabelecimento de seus órgãos, aos limites de sua ação" (Hans Kelsen), quer dizer, as normas fundamentais da estrutura e funcionamento do Estado.
 FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: KONRAD HESSE
Hesse defende que a vontade da Constituição deve se sobrepor à vontade do poder – resgata a força normativa da Constituição, especialmente no que se refere aos princípios constitucionais. Olha sob aspecto sociológico. Trata-se da concepção axiológica, baseada nos valores sociais. Assim, inicia a partir da premissa de que a norma constitucional carece de existência independentemente da realidade. Para Hesse a eficácia das normas constitucionais não pode se distanciar da vida real e das condições naturais, históricas, sociais e econômicas do momento. Entretanto, a Constituição é um todo mais abrangente do que essas condições fáticas e que, desta forma, possui força normativa dirigida a ordenar e conformar a realidade político-social. Portanto, nesta visão, as Constituições servem para criar as premissas e normatizar os postulados gerenciadores da unidade política do Estado e, por consequência, da sociedade.
 CARACTERÍSTICAS 
O mestre português Canotilho, com sabedoria, elenca algumas características essenciais que uma Constituição deve conter, baseado em seu conceito ideal de Constituição. São elas:[5: 	CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7ªed. Coimbra: Almedina, 2003, p. 52.]
 Consagrar um sistema de garantias de liberdade, com previsão de direitos individuais e de participação popular;
 Adotar o princípio da divisão de poderes, garantindo-se, inclusive, proteção contra os abusos de poder estatais;
 Assumir a forma escrita.
 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
 QUANTO AO CONTEÚDO
MATERIAL: regras materialmente formais, estando ou não em um único documento.
“É o conjunto de normas que regulam a estrutura do Estado, a organização dos seus órgãos e os direitos fundamentais, inseridas ou não no texto escrito”, ou ainda, é o conjunto de forças políticas, econômicas, ideológicas, dentre outras, “que conformam a realidade social de determinado Estado, configurando sua particular maneira de ser”. [6: 	 ANJOS FILHO, Robério Nunes dos. Direito Constitucional. Salvador: Jus podivm, 2003, p. 31.][7: 	 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 42]
FORMAL: Estabelecida por meio de um documento solene posto pelo poder constituinte originário.
“É o conjunto de normas inseridas no texto constitucional, independentemente de ter ou não valor material. Em outras palavras, é o “conjunto de normas legislativas que se distinguem das não constitucionais em razão de serem produzidas por um processo legislativo mais dificultoso, vale dizer, um processo formativo mais árduo e solene”. [8: 	 Ibidem, p. 46.]
Portanto, a Constituição formal não objetiva a busca da realidade, do comportamento da sociedade, ao revés, leva em conta tão somente a existência de um texto previamente aprovado pela força soberana do Estado, que lhes confere a estrutura e garante direitos à população.
 QUANTO À FORMA
ESCRITA: como o próprio nome revela, trata-se de uma codificação em um texto único, elaborado racionalmente por um órgão constituinte. É através da escrita que se viabiliza a Constituição formal. 
NÃO ESCRITA (COSTUMEIRA): é aquela que resulta da prática reiterada pelo povo de um costume. É o contrário da escrita. Não há um documento único e solene. É o conjunto de regras não aglutinado em um texto solene, baseado em leis esparsas, costumes, jurisprudência e convenções (ex.: Constituição Inglesa)
 QUANTO À ORIGEM
DEMOCRÁTICA (OU POPULAR): compilada por representantes do povo que compõem legitimamente o Poder Constituinte. Ex.: CF de 1891, 1934, 1946 e 1988;
OUTORGADA: quando não há participação do povo e ela é imposta. Ex.: CF de 1824, 1937, 1967/69;
CESARISTA: formada por plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um Imperador e/ou Ditador. Visa a ratificação da vontade do imperador e, portanto, não é democrática;
PACTUADA: surge de um pacto. Significa dizer, de outra forma, que o poder constituinte originário está nas mãos de mais de um titular;
 QUANTO À ESTABILIDADERÍGIDA: é aquela que “estabelece procedimentos especiais e específicos, solenes e formais, para sua alteração e, portanto, distintos daqueles destinados à elaboração das normas legais”;[9: 	 ANJOS FILHO, Ibidem, p. 32.]
FLEXÍVEL: ao revés da rígida, pode ser alterada sem muitas formalidades, ou seja, pelo mesmo procedimento legislativo a ser respeitado pelas normas ordinárias;
SEMIRRÍGIDA: como o próprio nome induz, possui uma parte rígida e outra flexível.
A distinção entre elas não quer dizer que de um lado esteja uma Constituição imutável, uma vez que esse pensamento é inadmissível hodiernamente, devido as atuais pluralidades de nosso constitucionalismo. O que se deve ter em mente é que algumas (rígidas) exigem circunstâncias mais complexas à sua modificação. 
 QUANTO À EXTENSÃO
SINTÉTICA: é aquela Constituição enxuta, veiculadora dos princípios fundamentais e estruturais do Estado; preveem somente os princípios e normas gerais de regência do Estado.
ANALÍTICA: aquelas que descem às minúcias. Examinam e regulamentam todo assunto que entendam relevante para a formação do Estado.
 QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO
DOGMÁTICA: sempre escrita e estruturada por um órgão político legítimo;
HISTÓRICA: resultado de um processo lento e gradativo;
 OUTROS CRITÉRIOS
GARANTIA: é aquela que garante a liberdade limitando o poder;
BALANÇO: é aquela resultante da evolução socialista;
DIRIGENTE: é aquela que possui intrinsecamente um projeto de evolução para o seu Estado.
	GARANTIA
	BALANÇO
	DIRIGENTE
	
	
	
Portanto, a nossa CF pode ser enquadrada como:
	EM SUMA:
“Constituição: ela é a lei fundamental do Estado, ou, por outras palavras, a ordem jurídica fundamental do Estado. Essa ordem jurídica fundamental se baseia no ambiente histórico-social, econômico e cultural onde a Constituição mergulha as suas raízes. As Constituições são, assim, documentos que retratam a vida orgânica da sociedade, e nenhuma delas foge ao impacto das forças sociais e históricas que agem sobre as organização dos Estados”.
FERREIRA, Pinto. Curso de Direito Constitucional. 9.ed. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 9.
 CONSTITUCIONALISMO
 Conceito
O Constitucionalismo pode ser entendido sob vários aspectos. Genericamente pode-se dizer que consiste no ideário de força filosófico política que garante a supremacia absoluta do Poder Constituinte como forma de estruturação e manutenção de uma Constituição garantidora das instituições de um Estado, bem como, reguladora e organizadora da comunidade.
Cabe salientar a definição que trata dos quatro aspectos do Constitucionalismo:
Numa primeira acepção, emprega-se a referência ao movimento político-social, com origens históricas bastante remotas que pretende, em especial, limitar o poder arbitrário. Numa segunda acepção, é identificado com a imposição de que haja cartas constitucionais escritas.
Tem-se utilizado uma terceira acepção possível, para indicar os propósitos mais latentes e atuais da função e posição das constituições nas diversas sociedades. Numa vertente mais restrita, o constitucionalismo é reduzido à evolução histórico-constitucional de um determinado Estado.
Desta forma, é possível se depreender que o Constitucionalismo é a forma pela qual um povo dá credibilidade total à matéria constitucional e, por consequência, à sua Constituição.
 Aportes Históricos
Constitucionalismo é o movimento atual que tem suas raízes nas mais antigas civilizações da humanidade. Assim, pode ser entendido, atualmente, como produto de uma construção milenar em direção ao ideal de supremacia constitucional como meio de atingir o bem comum.
Karl Loewenstein assinala que na Idade Antiga identificam-se indícios de Constitucionalismo no povo hebreu com o estabelecimento de limitações ao poder político no Estado Teocrático, assegurando aos profetas a prerrogativa de fiscalização dos atos governamentais. Ainda, que o sistema democrático da Grécia antiga também constituía uma forma de constitucionalismo.
Na Idade Média, a Magna Carta é considerada como movimento constitucionalista. Na Idade Moderna, as limitações a partir da proteção aos direitos individuais, basicamente por meio de documentos que garantiam direitos, como o Petition of Rights [1628] e o Habeas Corpus Act [1679].
Na Idade Moderna, o chamado Constitucionalismo Moderno tem seu embrião nas Constituições que seguiram as revoluções liberalistas americana [1777] e francesa [1789]. Assim, são: a Constituição americana de 1787 e a Constituição francesa de 1791 que estipulam formato e limite ao poder constitucional.
Na Idade Contemporânea, o constitucionalismo é chamado de “totalitarismo constitucional ”que significa que a Constituição tem caráter programático ou dirigente (segundo Canotilho). Isto quer dizer que a Constituição coloca normas programáticas que são metas a serem cumpridas pelo Estado.
Ainda, o constitucionalismo contemporâneo se caracteriza pela inclusão dos direitos de segunda e terceira geração/dimensão no texto constitucional e pelo seguinte:[10: Gerações ou dimensões de direitosPrimeira dimensão: Diz respeito aos direitos da pessoa humana inerentes à defesa contra abusos do Estado: vida, liberdade, propriedade.Segunda dimensão: Direitos de receber prestação (ajuda) do Estado, fazem parte os direitos econômicos, sociais e culturais: educação, saúde, moradia. São os direitos sociais dos arts. 6º e 7º da CF.Terceira dimensão: Direitos coletivos e difusos, também chamados direitos de solidariedade e fraternidade: meio ambiente, qualidade de vida, paz, autodeterminação dos povos, defesa do consumidor, da criança, do idoso.Quarta dimensão: São os novos direitos sociais decorrentes da evolução da sociedade e da globalização. Para Paulo Bonavides, são direitos à democracia, à informação e ao pluralismo. Direitos da informática estão neste grupo.Quinta dimensão: Envolvem questões relacionadas à biotecnologia, biociência, clonagem, eutanásia, estudo de células tronco, ou seja, biodireito e questões controvérsias da bioética.]
A) ênfase absoluta para preservação da pessoa humana e de sua dignidade;
B) prevalências dos princípios constitucionais sobre quaisquer formas jurídicas;
C) consolidação dos direitos humanos individuais e coletivos.
 Constitucionalismo no Brasil
No Brasil, a ideia de Constitucionalismo não é recente. Então, pode-se verificar estas tendências já no texto das Constituições de 1946 e na de 1967 (com a EC 1 de 1969). Elas trazem em seu corpo textual algumas limitações ao poder estatal e esboços de direitos de terceira geração/dimensão.
 Introdução e noções gerais
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o Brasil alcançou a sétima Constituição de sua história político-constitucional. Certo é que a comparação entre o número e a duração de nossas Constituições, coloca-nos em desvantagem em relação à longevidade dos documentos constitucionais dos Estados Unidos, de monarquias constitucionais europeias, mesmo no caso da Argentina que, não obstante as reformas, mantém à Constituição originária de 1853.
Contudo, a situação não é das mais desanimadoras em relação a outras experiências constitucionais: a França, por exemplo, até o momento, está na décima primeira Constituição; a Bolívia, cerca de dezesseis Constituições; a Espanha atingiu em 1978, nove Constituições, não incluindo nesse conjunto a Constituição fragmentária do período de Franco, representada por sete Leis Fundamentais (1938/1967). 
Para chegarmos até a atual Constituição, promulgada em 05.10.1988., foram vários os momentos políticos e econômicos pelos quais passamos, necessitando que nossos ordenamentos jurídicos evoluíssem, adequando-se aos novos interesses coletivos e individuais, refletidos pelas mudanças sociais.
Politicamente nosso país sempre foi instável, porém, foi essa instabilidade política que contribui de forma salutar para o aprimoramento de nossas leis, respeitando assim à vontade da atual sociedade, atualizando nossas normas ao atual momento sociopolítico.
A Constituição Federal é a lei suprema de um Estado,elaborada por uma Assembleia Constituinte, que subordina, limita, orienta todo o ordenamento jurídico subalterno e estabelece o exercício do poder, tutelando os direitos individuais do homem, definindo seus deveres para com o Estado e para com a própria coletividade.
 Seu papel limitador do poder estatal exerce influência nas relações jurídicas existentes entre os homens e o Estado, restringindo abusos por parte dos órgãos públicos e garantindo o livre exercício de seus direitos. Assim como também delega competências para todos seus entes federativos, para que possam, elaborar suas constituições, legislando concorrentemente em determinadas matérias com a União e promovendo a eficácia das normas Constitucionais Federais através do princípio da supremacia.
 Toda lei seja, de matéria constitucional ou não, possui vigência, ou seja, nasce e morre. Várias são as circunstancias em que, uma norma perde sua vigência, entre ela está sua validade formal, ou melhor, eficácia. Através da eficácia as leis produzem os efeitos almejados pelo legislador, vinculando todas as relações no qual esta abrange, ao seu controle. Extinguindo-se assim, a validade formal destas normas, não existe motivo para que, determinadas leis continuem ainda a existirem. Assim sendo, através de procedimentos específicos extingui-se a vigência destas normas, pois, a mesma não mais adequasse às novas realidades sociais.
 Todas as Constituições devem ter mecanismo de evolução histórica, para que possam evoluir suas normas atendendo assim as modificações sociais, de maneira que, o ordenamento jurídico vigente, não fique defasado e ultrapassado. Portanto, a Lei Suprema de um Estado, está sempre em constante modificação, uma vez que, as mudanças sócias a obriga estar sempre adequada às novas necessidades e anseios da comunidade.
 Nossa atual Constituição proclamada sobre os princípios de um Estado Democrático de Direito é fruto dos anseios sociais que, diante da evolução histórica do homem, visa adequar-se às novas necessidades sociais. Assim sendo, nossa Constituição também se modificou através dos tempos, enriquecendo seus conteúdos e melhorando sua eficácia.
 Cabe salientar que, o homem encontra-se em frequente evolução, modificando tanto sua vida individual como a coletividade. Portanto, o atual cenário social encontra-se também sendo modificado pelas relações humanas, o que nos dá a certeza que, nosso ordenamento constitucional poderá um dia não se tornar mais eficaz para a sociedade, perdendo assim sua validade formal e consequentemente sua vigência. Esperamos que nós, futuros operadores do direito tenhamos conhecimento e coragem para lutar por nossas garantias e influenciarmos assim, os poderes legiferantes na busca dos ideais sócio-democráticos.
 Evolução Histórica
 A Constituição Imperial
A evolução constitucional brasileira tem seu marco inicial na Constituição Política do Império do Brasil, de 25 de março de 1824, outorgada por D. Pedro I, resgatando, o compromisso que assumira quando dissolveu a Assembleia Geral Constituinte e Legislativa, em 12 de novembro de 1823. 	
A Constituição monárquica de 1824 estruturou a organização dos Poderes do Império nos cento e setenta e nove artigos de seu texto (art. 3o).
No tocante à forma do Estado se estabeleceu um regime unitário, sendo as províncias administradas por um presidente de livre nomeação do Imperador. Em cada província funcionava um Conselho Geral, que tinha competência para iniciar, propor e deliberar sobre os assuntos da província, depois, apreciados pela Assembleia Geral dos Deputados (art. 71 e seguintes).	
Aspecto que a singulariza no conjunto das Constituições brasileiras é a concepção do Poder Moderador, o poder neutro, qualificado de “chave de toda a organização política” (art. 9, 98 e 101), o quarto poder político, que a Constituição do Império buscou na concepção doutrinária do publicista Benjamim Constant. O Poder Moderador era exercido pelo próprio Imperador, destinava-se a velar pela independência, equilíbrio e harmonia dos outros poderes. O Executivo era exercido por um Ministério, de livre nomeação e demissão do Imperador (art. 131).
O Legislativo obedeceu à organização bicameral, dividindo-se a Assembleia Geral em duas Casas: a Câmara dos Deputados, eletiva e temporária; e, o Senado, composto de membros vitalícios, oriundos de eleição provincial e escolha do Imperador, em lista tríplice dos eleitos (art. 13 e seguintes).
O Judiciário estava organizado em órgãos colegiados, o Supremo Tribunal de Justiça, na Capital do Império, os Tribunais da Relação na Capital do Império e nas demais Províncias, e órgãos monocráticos, os Juízes de Direito, os Jurados - Juízes de fato - e os Juízes de Paz, que exerciam funções de conciliação antes do início de qualquer processo (art. 151 e seguintes). 
A Constituição prescrevia as normas fundamentais da organização das Províncias e do Governo municipal (art. 165).
Encerrava o texto monárquico o enunciado das Garantias dos Direitos Civis e Políticos, uma Declaração de Direitos inspirada nos princípios do liberalismo, protegendo a liberdade, a segurança individual e a propriedade (art. 179).
Como já vimos anteriormente, a Constituição declarava matéria constitucional, sujeita ao processo de reforma, o que se referisse aos limites e atribuições dos Poderes Políticos, aos Direitos Políticos e Individuais, tudo o mais poderia ser alterado pela legislatura ordinária (art. 178).
Na sua longa vigência, que completou sessenta e cinco anos, a Constituição foi emendada uma vez, pela Lei n. 16 de 12.08.1834, denominado Ato Adicional, que estabeleceu as Assembleias Legislativas Provinciais, substituindo os Conselhos Gerais de Províncias, dando-lhes ampla expansão, com nítidos sinais de tendência federalista. Este mesmo Ato criou o cargo de Presidente de Província, eleito pelo Chefe da Nação. A Regência Una era quadrienal e eletiva. 
É inegável que o sistema já sinalizava a forma federativa de Estado. 
O regime parlamentar implantou-se (informalmente) no Império, a partir da criação do Presidente do Conselho de Ministros, em 1847, à margem da Constituição do Império, surgindo, pois, na prática, de maneira moderada.
Nesse contexto, o Segundo Reinado sustentou-se, em um regime conservador, economicamente baseado na aristocracia dos cultivadores de açúcar e café, cujo desmoronamento com o abolicionismo acelerou a precipitação do movimento republicano.
 A Constituição Republicana de 1891
A crise das instituições monárquicas provocou uma radical mudança no sistema político-econômico brasileiro. A abolição do trabalho escravo veio acelerar a utilização do braço livre e ampliação da indústria, com a desagregação do mundo rural, deslocado para os centros urbanos, surgindo ainda, uma agravante, tão conhecida de nós, a inflação, sem contar o abandono pela república os modelos do parlamentarismo franco-britânico, em proveito do presidencialismo norte-americano. Esse é o quadro político-econômico à época.
A República foi proclamada pelo Decreto n. 1 de 15.11.1889, que também estabeleceu o regime federal. Pelo Decreto n. 29 de 03.12.1889, o Marechal Deodoro da Fonseca(Proclamador da República), Chefe do Governo Provisório, tendo por Vice-Chefe Rui Barbosa nomeou uma comissão de cinco membros para apresentar um projeto que servisse de exame à futura Assembleia Constituinte.
Em verdade, foram elaborados três anteprojetos, os quais foram corporificados em um único projeto aprovado pelo Decreto n. 510, de 22.06.1890, após modificações feitas por Rui Barbosa. Este projeto vigorou como “Constituição Provisória da República” até as conclusões dos trabalhos da Assembleia Constituinte.
A Constituição de 24.02.1891 implantou a forma republicana de governo, a forma federal de Estado e o regime presidencial, estabelecendo a separação de poderes(Executivo, Legislativo e Judiciário), como órgãos autônomos e independentes, inaugurando novo ciclo constitucional(artigos 1 a 15). 
O Executivo era exercido pelo presidente daRepública, substituído nas suas faltas, impedimentos e vagas pelo vice-presidente. O prazo de mandato era de quatro anos e a eleição direta, por maioria absoluta. Os ministros eram nomeados e demitidos livremente pelo presidente (art. 41 e seguintes; 49).
O Legislativo - Congresso Nacional - era composto de “dois ramos”: a Câmara dos Deputados com representantes eleitos pelos Estados e pelo Distrito Federal, pelo prazo de três anos e por sufrágio direto; o Senado com três senadores eleitos pelos Estados e pelo Distrito Federal com mandato de nove anos, renovando-se trienalmente por 1/3(artigos 16 e seguintes; 28; e 30).
Enfim, o Judiciário tinha por órgãos o STF, afora Juízes e Tribunais Federais espalhando-se pelo país inteiro, quantos o Congresso criar(art. 55).
O Municipalismo foi amplamente desenvolvido, assegurando-se a autonomia dos municípios pela eletividade dos vereadores e prefeitos (art. 68).
Capítulo importante foi, ainda, o da declaração de direitos e garantias (art. 69 e seguintes), destacando-se nesse conjunto o habeas corpus, para reprimir violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder, e a garantia contra prisão arbitrária. Contudo, a Constituição era puramente liberal. A industrialização do país não tinha se processado; não havia um proletariado organizado e a massa campesina era absolutamente passiva, manejada pelos prepotentes usineiros e senhores de terra(“coronéis”). Deste modo, era um documento que só enunciou as clássicas liberdades públicas. 
 A Reforma de 1926
Em 07.09.1926, a Constituição de 1891 foi emendada, para introduzir alterações que ampliaram os casos de intervenção federal, regularam o processo interventivo, criaram ou modificaram atribuições privativas do Congresso Nacional, incluindo nesse elenco a legislação sobre o trabalho, consagraram o veto parcial, explicitaram a competência do Supremo Tribunal e de Juízes Federais, excluíram a possibilidade de recurso judiciário, para a Justiça Federal ou local, contra a intervenção federal, a declaração do estado de sítio, a verificação de poderes e outros casos, vincularam o habeas corpus à proteção da liberdade de locomoção, dirimindo tendências ampliativas da doutrina e jurisprudência, tornaram expresso que a irredutibilidade de vencimentos não eximia a obrigação de pagar impostos gerais. Deu também ao governo da União competência para regular o comércio em ocasiões graves que reclamassem uma atitude de defesa econômica ou de prevenção contra as anormalidades 
Percebe-se que o regime de 1891, individualista, a despeito da reforma de 1926, tornara-se inconciliável com as reivindicações proletárias que empolgavam o mundo do pós-guerra. O Presidente Washington Luiz teimava em considerar a questão social como um caso de polícia. A severidade de repressão policial não fazia mais do que aumentar a invencível reação da massa espoliada. Estava, assim, irremediavelmente, fadada à extinção, a filosofia política adotada pela Primeira República. No Brasil e no mundo, o Estado deveria deixar aquela posição de neutralidade inspirada no romantismo político do século XVIII, para intervir como árbitro na luta entre o capital e o trabalho; promover a justiça social e humanizar a democracia. Manter os princípios do individualismo político e do liberalismo econômico seria aceitar a completa falência do Estado democrático. 
 A Revolução de 1930
A intransigência do governo central brasileiro fez com que a inevitável transformação política viesse de baixo para cima, partindo das camadas populares que, sob a liderança dos Estados do Rio Grande do Sul (Getúlio Vargas), Minas Gerais e Paraíba(João Pessoa) empunharam a libertação nacional com a Revolução de outubro de 1930, que se propagou rapidamente, com apoio do povo, dos estudantes, dos operários e das Forças Armadas, estas últimas depondo o Presidente Washington Luiz e, compondo-se numa Junta Governativa Provisória. Getúlio Vargas assume o governo provisório, expedindo-se a Lei Orgânica do Governo Provisório, pelo Decreto n. 19.398 de 11.11.30, a fim de organizar a nova República.
De início foram instituídos dois ministério novos: Ministério da Educação, Cultura e Saúde Pública e o Ministério do Trabalho, indústria e Comércio.
Saliente-se que o Governo Provisório nomeou uma comissão a fim de elaborar o anteprojeto da nova ordem constitucional. Contudo, ainda que sua preocupação fosse as justas reivindicações das classes trabalhadoras, pela instituição de um regime baseado na nova concepção socialdemocrata, já se lhe percebia indisfarçável tendência à perpetuidade no poder, restringindo cada vez mais as conquistas democráticas da nacionalidade. 
Considerando que o Governo Provisório deixou de convocar a Assembleia Constituinte, contrariando os compromissos populares, este Governo torna-se alvo de uma campanha em favor da restauração da normalidade constitucional, a qual teve apoio em muitos dos partidários da revolução. 
Nesta ocasião, surge a Revolução Constitucionalista de São Paulo (julho de 1932), chefiada por Pedro de Toledo, interventor federal naquele estado, com objetivo único de retorno à ordem constitucional. No entanto, esta foi vencida por forças do Governo Federal, fixando este data para as eleições da Assembleia Constituinte que se instalou em novembro de 1933. Inicia-se, agora a denominada “Segunda República”. 
 A Constituição de 1934
Mantêm o federalismo, já consolidado no país, avançando, ainda mais no municipalismo, atribuindo-lhe os impostos municipais e introduz no texto constitucional os direitos econômicos e sociais, que vão compor os novos títulos dedicados à Ordem Econômica e Social, à Família, Educação e Cultura. 
O Estado intervencionista amplia o elenco dos poderes federais. Mantém o regime tradicional da divisão de poderes, como poderes independentes e coordenados entre si. No entanto, na organização do Legislativo, transforma-o numa organização monocameral, reduzindo, pois, o Senado em simples órgão de Colaboração dos Poderes, dando à Câmara uma composição mista, semicorporativa, a qual ficou com duzentos e cinquenta deputados eleitos pelo povo e, cinquenta eleito pelas organizações profissionais. Essa bancada classista dividia-se em quatro categorias distintas: lavoura e pecuária; indústria; comércio e transporte; e, profissões liberais e funcionários públicos.
No Executivo, eliminou-se o vice-presidente da República, conservando o exercício monocrático desse Poder pelo presidente da República. Permitiu-se que os ministros comparecessem ao Congresso para esclarecer ou solicitação de medidas. 
No Judiciário, deu-se a integração das Justiças Militar e Eleitoral como órgãos desse Poder. 
A instituição do mandado de segurança ampliou a proteção dos direitos individuais. O direito de propriedade passou a sofrer o contraste do interesse social ou coletivo, reduzindo a plenitude asseguradora da Constituição de 1981. 
O intervencionismo econômico conferiu à União a faculdade de monopolizar determinada indústria ou atividade econômica, por motivo de interesse público.
O texto de 1934 sofreu três emendas, em dezembro de 1935, reforçando a segurança do Estado e as atribuições do Poder Executivo, para coibir “movimento subversivo das instituições políticas e sociais”. Tais emendas foram: a primeira equiparava o estado de comoção intestina grave ao estado de guerra; a segunda permitia a perda da patente e posto, sem prejuízo de outras penas, ao oficial das Forças Armadas que participasse do movimento subversivo ou praticasse ato subversivo das instituições político-sociais; a terceira, permitia a demissão de funcionário civil, sem prejuízo de outras penas, em idênticas condições à dos oficiais. 
 O Golpe de Estado de 1937
Getúlio Vargas diante dos receios das mudanças na estrutura socioeconômica vigente não excitou e, numa violação à ordem constitucional vigente e aos princípios democráticos instalou o regime autoritário com o Golpe de Estado em 10.11.1937, outorgando uma nova Constituição, modificando, pois as bases da ordem constitucional anterior.A Carta Constitucional de 1937
Em 10 de novembro de 1937, o Presidente da República, Getúlio Vargas, revoga a Constituição de 1934, dissolve o Congresso e outorga ao país, sem qualquer consulta prévia, a Carta Constitucional do Estado Novo, de tipo fascista, com a supressão dos partidos políticos e a concentração de poder nas mãos do chefe supremo, ele, Getúlio Vargas. 
As modificações foram as seguintes: suprimiu-se o nome de Deus; outorgaram-se poderes amplos ao presidente como a suprema autoridade do Estado, alterando a sistemática do equilíbrio dos poderes; restringiu as prerrogativas do Congresso Nacional e a autonomia do Judiciário, já que em certas hipóteses, o Presidente podia ir de encontro com aquele, fazendo valer a lei se o Judiciário a considerasse inconstitucional (art. 96, parágrafo único); ampliou ao prazo do mandato do presidente da República; mudou o nome do Senado para Conselho Federal; instituiu o Conselho de Economia Nacional como órgão consultivo; limitou a autonomia dos Estados-membros; criou a técnica do estado de emergência, que foi declarado pelo art. 186; dissolveu a Câmara, o Senado, as Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais (art. 178); marcou novas eleições após o plebiscito a que se refere o artigo 187, o qual nunca chegou a se efetivar; restaurou a pena de morte (art. 122 n. 13). 
Na realidade, a Carta nunca foi cumprida: o Governo nunca a respeitou, pois, não realizou a consulta plebiscitária nem convocou as eleições para composição do Legislativo. Acumulando as funções legislativas com a faculdade de expedir decretos-lei, até mesmo sobre assuntos constitucionais e, exercendo, ainda, controle político sobre o Judiciário, o Chefe de Estado personificava todo o poder de Estado.
Contudo, o regime de índole fascista, com a derrota da Alemanha na Segunda Guerra, houve uma profunda crise nas ditaduras direitistas internacionais e, o Brasil, não podia deixar de acompanhar a derrota daquele regime. Getúlio Vargas tentou, em vão, sobreviver e resistir. No entanto, diante da reação popular e com apoio das Forças Armadas, o poder é entregue ao Presidente do STF (José Linhares), após a deposição do ditador, ocorrida em 29.10.45. O novo presidente constituiu logo outro Ministério revogou o artigo 167(estado de emergência) da Carta Constitucional e pela Lei Constitucional n. 14 de 17.11.1945 acabou com o Tribunal de Segurança Nacional. 
As eleições realizadas ao fim de 1945 deram a vitória ao General Eurico Gaspar Dutra, empossado em 31.01.1946 e, que governou mediante decretos-lei, enquanto a nova Constituição não fora votada.
 A Constituição de 1946
Esta Constituição retomou a linha democrática de 1934. É texto que se distingue pelo equilíbrio das soluções adotadas, refletindo a homogeneidade que prevaleceu nas deliberações da Assembleia Nacional Constituinte.
Manteve em suas linhas o Regime Representativo, a Federação e a República. De um modo geral, repete os pontos de vista essenciais existentes na Constituição de 1934. Não aderiu ao socialismo nem tampouco se manteve na linha rígida do individualismo. Inspirou-se na técnica da democracia social alemã (Weimar - 1919). 
Restabeleceu-se o bicameralismo, fundado na equivalência das competências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. O regime presidencial continuou dominado pela figura solar do presidente da República. Seu vice-presidente retorna à composição do Executivo, cabendo-lhe a presidência do Senado. Incorporam-se ao Judiciário a Justiça do trabalho e o Tribunal Federal de Recursos.
Consagrou-se a ortodoxia do regime, vedando a organização, o registro ou o funcionamento de partido político ou associação que contrariasse o regime democrático, fundado na pluralidade dos partidos e na garantia dos direitos fundamentais do homem.
Estipulou-se na Ordem Econômica Social o condicionamento do uso da propriedade ao bem-estar social. A dimensão da matéria constitucional dilatou-se para abranger as disposições sobre a Família, a educação, a Cultura, as Forças Armadas e os Funcionários Públicos.
 A Emenda Parlamentarista
Entre as emendas promulgadas no regime de 1946, destacamos a Emenda Constitucional n. 4, de 02.09.1961(denominado Ato Adicional), motivada por outra crise político-militar com a renúncia de Jânio Quadros, então presidente, a qual instituiu o regime parlamentarista, que já era conhecido de nós no período imperial. O parlamentarismo admitiu uma dualidade de Poder Executivo, com o Presidente da República e um Presidente do Conselho de Ministros. Contudo, considerando que a referida Emenda previa a consulta popular, através de um plebiscito, este realizado em janeiro de 1963, consagra o regime presidencialista, restaurando-se os poderes tradicionais ao Presidente da República.
 A “Revolução” de 1964
João Goulart se empenha nas suas tendências reformistas e as questões sociais deslocam-se para as grandes massas rurais, onde se inicia um movimento de iniciativa da classe trabalhadora, antes passiva e, agora, atuante reivindicando antigos pleitos camponeses, como a reforma agrária, entre outras e, nesse clima, setores conservadores da sociedade e militares, receosos das mudanças pretendidas, depõem, em 31.03.1964, o então Presidente João Goulart e, elegem o Presidente Marechal Castelo Branco, valendo-se do Congresso Nacional, para legitimá-lo. A partir daí e, especialmente com a edição do Ato Institucional n. 5, de 13.12.68, surge um novo ciclo na história recente do país: governos (militares) autoritários onde, gradativamente, as liberdades públicas do cidadão foram ameaçadas e violadas em nome de uma ideologia de segurança nacional.
A pluralidade de emendas constitucionais (ao todo vinte) fragmentou a Constituição em normas esparsas e a expedição de quatro Atos Institucionais, apressaram a ruptura do texto, mergulhando o regime político no autoritarismo incompatível com as fontes liberais da Constituição de 1946.
 A Constituição de 1967 e a Emenda Constitucional n. 1/1969
O Governo revolucionário de 1964 conservou o Congresso Nacional, em caráter meramente departamental. Mantinha a Constituição de 1946, como um símbolo da legalidade democrática, havendo-a, porém, como um instrumento maleável, como era preciso para levar a efeito um enérgico programa de “salvação nacional”.
Contudo, aquele Governo, valendo-se da Constituição de 1946, reuniu as normas editadas a partir de abril de 1964, fez as necessárias adaptações e, as encaminhou ao Congresso Nacional para promulgar, mas evidentemente, trata-se de constituição outorgada pelo Governo revolucionário, pois aquele Congresso não tinha, pois, função de constituinte: era sim, poder constituído e não constituinte, por delegação, daí a discutível legitimidade da Carta Constitucional de 1967. E, o Congresso a promulgou em 24.01.1967 por uma gestão política do Governo. 
A Constituição de 1967, mais sintética que a precedente, manteve a federação, com maior expansão da própria União, exigindo uma maior simetria constitucional dos Estados-membros. 
O processo legislativo abreviou-se com a adoção da legislação de urgência, dentro de prazos constitucionalmente fixados. Outro acelerador da legislação residiu na delegação legislativa, que não se utilizou, preferindo o Executivo valer-se da legislação de urgência e da legislação direta por intermédio dos decretos-lei. Esses instrumentos ampliaram os poderes presidenciais e levaram à exacerbação do presidencialismo.
A Constituição adotou a eleição indireta do Presidente da República, por colégio eleitoral formado pelos membros do Congresso e, delegados indicados pelas Assembleias Legislativas, suprimindo a eleição popular invariavelmente adotada nas Constituições Federais anteriores.
O Judiciário sofreu mudanças no tocante à suspensão das garantias dos magistrados. 
Contudo, a Constituição de 1967 foi também rompida, como a de 1946, pela sucessiva expedição de Atos Institucionais a começar do Ato n. 5 de 13 de dezembro de 1968, motivado por uma nova “crise político-militar”, no mesmo modelo do Ato Institucionaln. 1, a que se segui o Ato Complementar n. 38, de 13.12.68, pelo qual se decretou o recesso do Congresso Nacional, substituindo o regime presidencial pela ditadura presidencial. Durante sua vigência, que durou vinte e um anos, até a promulgação da Constituição de 1988, a Constituição recebeu vinte e sete emendas. 
 A Emenda Constitucional n. 1/1969
A Emenda referida constitui verdadeira consolidação do texto único constitucional, que muitos a confundem com nova Constituição, com as seguintes alterações: elevação do mandato presidencial para cinco anos; eleições indiretas para Governadores dos Estados, em 1970, entre outras.
Entre as posteriores emendas, destacamos: a Emenda n. 7/1977 introduziu significativas mudanças no Judiciário; a Emenda n. 11/1978 reforçou os poderes extraordinários de crise, instituindo as Medidas de Emergência e o Estado de Emergência; a Emenda n. 15/1980, já em fase da gradativa liberalização do regime político, restabeleceu o voto direto nas eleições para Governador de Estado e Senador; as Emendas ns. 22/1982 e 25/1985 restabelecem, respectivamente, as eleições diretas para Prefeitos, Presidente e Vice-Presidente da República e, finalmente, a Emenda Constitucional no. 26/1985 que dispôs sobre a Assembleia Nacional Constituinte, livre e soberana, encarregada de elaborar a nova Constituição Federal. 
 A Constituição Federal de 1988
Ao contrário das Constituições anteriores, que consolidaram instituições e deferiram ao legislador ordinário a incumbência de promover as medidas antecipadoras preconizadas no texto constitucional, a Constituição de 1988 não se limitou à consolidação e ao aprimoramento das instituições. Desde logo, consagrou cláusulas transformadoras com o objetivo de alterar relações econômicas, políticas e sociais, dentro de concepção mais avançada sobre os fins do Estado, do Poder, da Sociedade e da Economia. Ainda não é uma Constituição socialista, mais as regras socializantes são abundantes.
Saliente-se que a Constituição, logo em sua abertura, no Título II, adotou a expressão “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, acompanhando o constitucionalismo europeu, procurando dar ao tema, destaque especial, dando-lhe precedência sobre a Organização do Estado e dos Poderes, invertendo, pois a técnica formal das anteriores Constituições. Os Direitos e Garantias Fundamentais expandiram-se nos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, prestigiando uma tendência processual da ação coletiva, de maior alcance social, e nos Direitos Sociais, aumentando o conteúdo material desse campo constitucional.
Concebeu nova repartição de competências entre a União, os estados e o Distrito Federal. Conferiu ao Município poder de auto-organização. O Congresso Nacional recebeu amplas atribuições, compatíveis com sua função de órgão ativo na elaboração legislativa e no controle do Executivo e da Administração Federal. No Judiciário, novos órgãos passaram a integrá-lo, visando a descentralização jurisdicional e o descongestionamento dos Tribunais. Regras de idêntica inspiração foram endereçadas à Justiça dos Estados, de forma assegurar a prestação jurisdicional. 
No sistema tributário, promoveu-se profunda reformulação na distribuição dos impostos e na repartição das receitas tributárias federais, com o propósito de fortalecer financeiramente os Estados e Municípios.
Por outro, o conteúdo material da Constituição ampliou-se consideravelmente pela inclusão de temas novos. Na Ordem Econômica introduziram-se as regras e os novos títulos que designam a Política Urbana, a Política Agrícola e Fundiária e o Sistema Financeiro Nacional. Na Ordem Social, a temática inovadora acha-se distribuída no capítulo da Seguridade Social e Assistência Social. Constituem matéria nova, os temas relativos à Ciência e Tecnologia, Comunicação, Meio Ambiente, Criança, Adolescente e Idoso. Alargou-se, por igual, materialmente, o tratamento dispensado aos povos indígenas e os recursos.
Lembramos que é função da Constituinte captar e depositar na estrutura normativa da Constituição as aspirações coletivas da época de sua elaboração. A permanência da Constituição dependerá do êxito do constituinte na recepção das aspirações de seu tempo, de modo a estabelecer a coincidência entre a Constituição normativa e a Nação que ela deverá servir. 
 O PODER CONSTITUINTE E O PODER DE REFORMA
 Conceito
Poder Constituinte é aquele que põe em vigor, cria, ou mesmo constitui normas jurídicas de valor constitucional, organizando o Estado, delimitando seus poderes e fixando-lhes a competência. 
Para Alexandre de Moraes, Poder Constituinte é “a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo” quando este povo apresenta-se “social e juridicamente organizado”.
Trata-se, em outras palavras, da apuração do Poder que institui poderes, sendo fonte da Constituição e o que acarreta a legitimidade as suas normas. Dito de outro modo é a potência que faz a constituição e, que simultaneamente, vai poder modificá-la. É a energia vital das constituições.
Para Bastos, o fato de a Constituição ocupar o topo da ordenação jurídica enseja caminhos próprios na sua criação, eis que “os normais da formação do direito, quais sejam, aqueles ditados pela própria ordem jurídica, não são utilizáveis quando se trata de elaborar a própria Constituição”. Ainda segundo ele, “é certo que, na maior parte do tempo, as regras constitucionais mantêm-se em vigor, e, nessas condições, esse poder não é exercitado, remanescendo, em consequência, no seu assento normal, que é o povo”.[11: BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 20.]
Dessa forma, esse poder só é exercido em ocasiões excepcionais, ou seja, nas transformações constitucionais muito profundas, marcadas por graves crises, sejam elas sociais, políticas, econômicas ou mesmo pela formação originária de um Estado, onde a inexistência de uma Constituição ou a imprestabilidade de suas normas faz aparecer o aludido poder. É ele que expressa as normas superiores que regem uma sociedade, dando sustentação a todo ordenamento jurídico.
Assim, a legitimidade de uma Constituição vem da correspondência entre o seu conteúdo e as aspirações da sociedade por ela organizada. Portanto, o Poder Constituinte é um poder eminentemente político, ilimitado, não jurídico, instituidor do Estado e criador da estrutura jurídica, que objetiva elaborar ou atualizar uma Constituição com acréscimo, alteração ou supressão.
Na sua acepção clássica, tem-se a teoria de Emmanuel Joseph Sieyes. Tais ideais reportam-se ao período do movimento político-cultural do constitucionalismo, logo após a Revolução Francesa. É lembrado até hoje pela Teoria Constitucional e pela Filosofia Política. Assim, indiscutivelmente, deve-se a ele a primeira noção de poder constituinte, “associado (...), a características todo poderás e grandiloquentes, exteriorizadas pelas notas de inicial, originário, supremo, extraordinário, de primeiro grau, direto, inalienável, fundacional, imprescritível, incontrolável, etc”.[12: SIEYES foi um personagem misterioso, um sacerdote sem vocação, um orador nada brilhante, com débil estrutura física, porém um grande e hábil político. BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 279.][13: BULOS, ibidem.]
Na verdade, suas primeiras manifestações deram-se por meio de um panfleto por ele publicado antes da revolução francesa, que expressava as reivindicações da burguesia contra o privilégio e o absolutismo, pregando que “a ordem jurídica é estabelecida pela própria Nação. (...) “Se precisamos da Constituição devemos fazê-la”. Só a Nação tem o direito de fazê-la”. Para ele, a nação está antes de tudo, sendo a origem de tudo. Sua “vontade é sempre legal, porque é a própria lei, só existindo acima dela o direito natural.”
Ademais, é forçoso lembrar de que sua teoria esteve presente nas concepções do jusnaturalismo racionalista. Refere-se, na verdade, quanto a legitimidade do poder, já que teve a virtude de reconhecê-lo como umafunção, “a qual se revela pela própria finalidade, resultado último, produto derradeiro do poder constituinte: a feitura da constituição do Estado”.[14: BULOS, ibidem, p. 281.]
 O PENSAMENTO POLÍTICO-JURÍDICO DE SIEYÈS
Emmanuel Sieyès foi um dos precursores na elaboração da teoria mais aceita atualmente relativa à titularidade do Poder Constituinte.
Bulos expõe resumidamente a teoria de Sieyès, ao dizer que seria [15: BULOS, ibidem, p. 279-280.]
- ridículo supor a Nação ligada pelas formalidades ou pela Constituição a que ela sujeitou seus mandatários; 
- a nação se forma unicamente pelo direito natural, ao contrário do governo, que é regulado pelo direito positivo; 
- o governo só exerce um poder real enquanto constitucional; a vontade nacional, ao invés, parte sempre da lei. É a origem de toda a legalidade;
- uma nação não pode alienar nem proibir o direito de mudar; qualquer que seja a sua vontade, jamais poderá cercear o direito de mudança;
- a depender da vontade da nação, todas as formas são boas, pois o seu desejo é sempre uma lei suprema;
- a nação preexiste a qualquer forma constitucional;
- os representantes ordinários de um povo estão encarregados de exercer, nas formas constitucionais, toda porção de vontade comum, necessária para a manutenção de uma boa administração; seu poder está limitado aos assuntos de governo;
- (....);
- a nação deve reformar a sua constituição; não poderá abster-se desse encargo;
- (...);
- a vontade de uma nação é o resultado das vontades individuais. É impossível conceber uma associação legítima que não tenha como objeto a segurança comum, a liberdade de todos e a coisa pública”
Segundo tal teoria, a titularidade do Poder Constituinte seria da nação, vez que estaria diretamente ligada à ideia de soberania do estado, sendo que o exercício do poder constituinte originário estabelecerá a organização fundamental do Estado através da Constituição, a qual se colocará sempre superior aos poderes constituídos, condicionando a plena validade dos atos de tais poderes a sua conformidade com a Carta Magna.
	OBS.: Dentro da ideia de Estado Democrático, considera-se que a titularidade do poder constituinte é do POVO, visto que o conceito de SOBERANIA POPULAR é mais abrangente que o de nação.
Na atualidade, e segundo o próprio art. 1º, da Constituição Federal [5/10/1988], cabe assinalar que o titular do referido poder é o “povo” [lembrando que os integrantes do povo estão também elencados na CF, em seu art. 12].
 Titularidade
O titular do Poder Constituinte é o povo, que o delega para o agente. O agente é o representante do povo, o que para Anjos Filho se chama de exercente. Assim, “exercente é aquele, que em nome do povo, exerce o poder constituinte, implementa o Estado e edita a Constituição”. [16: ANJOS FILHO, Robério Nunes dos. Direito Constitucional. Salvador: Jus podivm, 2003, p. 40.]
Ressalte-se que por força do § único do artigo 1º, essa titularidade do povo é considerada passiva, já que o Poder Constituinte, na prática, é representado por parlamentares eleitos.
 ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE
 Poder Constituinte Originário
Também denominado Poder Constituinte Primário ou Genuíno. É aquele que se manifesta sempre que um grupo, a serviço de uma ideia de organização política impõe-se estabelecendo uma nova Constituição e auto-organizando o Estado.
Segundo Chimenti e outros o Poder Constituinte Originário [17: CHIMENTI, R. C. et al. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 13.]
é a expressão das decisões soberanas da maioria do povo em determinado momento histórico, decisões que podem ser exteriorizadas por meio de eleições (que geralmente selecionam os membros de uma Assembleia Constituinte), por uma Revolução ou mesmo pela aceitação presumida das regras impostas pelo ocupante do poder. 
Assim, o Poder constituinte originário só será legitimo se sustentado por amplo processo democrático que ultrapasse os limites da representação parlamentar e penetre nos diversos fluxos comunicativos da complexa sociedade nacional. Justamente, por representar a vontade do povo, é que esse poder é considerado permanente, eis que ele não se finda com a elaboração da Constituição. Seu titular pode, a qualquer momento, deliberar pela criação de uma nova ordem jurídica, desde que respeite os pressupostos para tanto. 
Portanto, o referido poder elabora originalmente uma ordem jurídica a partir do nada, em sentido absoluto e ilimitado, ou seja, não há limites jurídicos ao Poder Constituinte Originário. Dito de outro modo é um poder de fato, pois a sua natureza é fática. É um poder preexistente à ordem jurídica, sendo desnecessário haver preceitos normativos para regulamentá-lo.
 Características
Inicial: não existe nenhum poder acima dele, de modo que, ao se criar uma nova ordem jurídica, há o rompimento com a ordem jurídica anterior;
Autônomo e soberano: mais do que autônomo, é auto-suficiente, é ele quem decide a ideia de direito que irá prevalecer no momento e constitui uma nova estrutura jurídica. Salienta-se que um novo Poder Constituinte somente poderá ocorrer quando a nação decidir pela necessidade de uma outra Constituição;
Incondicionado: porque ele não se subordina às regras anteriores. É exercitado da forma decidida pelos constituintes, o que ocasiona um poder absoluto, soberano que não se submete a nenhuma forma predeterminada de manifestação, não se condicionando, inclusive, ao direito positivo passado. É juridicamente ilimitado e livre de qualquer formalidade;
Latente: é um poder latente, atemporal, contínuo, pois está pronto para ser acionado a qualquer momento;
Instantâneo: depois de elaborada a constituição, a potência cessa instantaneamente, deixando a sua obra pronta até o dia em que o pulsar dos acontecimentos exija mudanças;
Inalienabilidade: seus titulares não poderão deixar de exercê-lo, sob o argumento de que é indisponível, porquanto pode ser acionado a qualquer hora.
Especialidade: não elabora as leis comuns, mas somente a constituição. Sua função é especial, qual seja, elaborar a norma fundante da ordem jurídica, o documento supremo de um povo.
 Poder Constituinte Derivado
	O Poder Constituinte Derivado  recebe, também, a denominação de Poder Constituinte Secundário, Constituído ou Instituído. É o Poder Legislativo estabelecido pela própria Constituição, com poder de revisão e reforma do texto da Carta Magna. Muito embora, as constituições sejam feitas para vigorar por prazo indeterminado. Ocorre que, como o passar do tempo, mostra-se necessária a sua readaptação à realidade social, como forma de garantir a própria continuidade institucional. É aí que entra a primeira modalidade desse Poder, qual seja o Poder Reformador, executando essa adaptação, sem, no entanto, sacrificar a estrutura essencial do texto, ou seja, é responsável pela função renovadora das constituições. É, pois, a potência que atua na etapa da continuidade constitucional, reformulando a constituição.
	É um poder de direito, um fato jurídico, sendo essa a sua natureza, pois se origina da própria constituição e estabelece as condições para o seu exercício.
 Características
Derivado: porque deriva de outro poder (é instituído pelo Poder Constituinte Originário), ou seja, não existe por si próprio;
Subordinado: está hierarquicamente abaixo do Poder Constituinte Originário, sendo limitado às normas do próprio texto constitucional, não podendo contrariá-las, isto significa que ele retira a força para agir do poder constituinte originário;
Condicionado: porque é limitado, só podendo agir nas condições e normas estabelecidas, de forma prévia, pelo Poder Constituinte Originário;
Continuidade: ao manifestar-se na etapa da reforma constitucional, prossegue a obra do constituinte, adaptando os preceptivos supremos do Estado à realidade dos fatos.
 Poder Reformador
	
	Esse poder, como vimos, busca precipuamente, à reforma e à mudança da Constituição adaptando-a às novas necessidades recebendo, por isso, tal denominação. Pode ser exercido por meiode emendas que atingem pontos específicos ou através de revisão (mais ampla que a Emenda), ambas, mediante um procedimento específico (segundo as regras estabelecidas pelo próprio poder constituinte originário).
É sabido que a Constituição conferiu ao Congresso Nacional a competência para elaborar emendas a ela. Adverte-se que, aqui, não se cria uma nova Constituição como do Poder Originário, apenas se modifica dispositivos do texto constitucional.
	O poder de reforma constitui-se, dessa forma, em um poder latente, que pode se manifestar a qualquer momento, desde que cumpridos os requisitos formais e observados os seus limites materiais. Assim, tais alterações são cabíveis aos elementos secundários de uma ordem jurídica, pois não é possível através de emenda ou revisão alterar os princípios fundamentais ou estruturais de uma ordem constitucional, uma vez que eles são a essência da Constituição e, sabemos, que a essência não pode ser alterada.
 Limitações do Poder Reformador
Temporais: Não há limitações dessa natureza. 
Circunstanciais: em determinadas situações, a reforma do texto constitucional não pode ocorrer. Na atual CF, não pode haver reforma ou revisão nos estados de defesa (art. 136 da CF), de sítio (art. 137 à 139 da CF), e intervenção federal (art. 34 à 36 da CF), conforme se extrai do seu art. 60, § 1º, tornando, portanto, ilegítimas as mudanças ocorridas sob as condições de instabilidade. 
OBS: No curso de uma intervenção estadual, feita pelos estados membros em seus municípios, a CF pode sim ser emendada.
Formais: são as relativas ao processo de emenda, que exige tramitação diferenciada com quatro votações, duas em cada Casa, além de quorum de 3/5 para aprovação em cada votação, procedimento que se  harmoniza com a característica de rigidez constitucional (art. 60, I, II, III e § 2º, § 3º e § 5º). Exige-se um processo diferenciado, mais complexo e dificultoso para se alterar o texto constitucional;
 Quem pode oferecer PEC???
Iniciativa (art.60, I, II e III da CF) Rol Taxativo!
I – 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados (171 deputados) ou Senado Federal (27 senadores).
II – Presidente da República.
III – mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, que se manifestem pela maioria de seus membros (pelo menos 14 assembleias).
Obs.: Não existe iniciativa popular para PEC, todavia, existe iniciativa popular para Projeto de Lei. Lembrar que a Lei Complementar 135 – Ficha Limpa – foi proposta por iniciativa popular, e esta lei só não foi aplicada nas eleições de Outubro/2010, em razão do Princípio da Anterioridade Eleitoral, do art. 16 da CF, que preceitua que a lei que altera o Processo Eleitoral só entra em vigor quando da data da publicação, não se aplicando todavia às eleições que ocorram dentro do primeiro ano de vigência.
Elaboração (art.60, § 2º da CF) apresentada a proposta perante o Congresso Nacional ela será discutida e votada em dois turnos. Será considerada aprovada quando conseguir 3/5 dos votos dos membros de cada Casa nos dois turnos.
Se tivesse sendo votada lei ordinária: maioria simples (art. 47)
Se tivesse sendo votada lei complementar: maioria absoluta (art. 69)
Promulgação (art.60, § 3º da CF): pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado, com o respectivo número de ordem.
Sessão Legislativa (art.60, § 5.º da CF): é o período anual de trabalho do Congresso Nacional art.57 da CF (02. Fev a 17. Jul e 01. Ago a 22. Dez)
Obs.: Nem sempre começa no dia 02. Fev. No 1.º ano da legislatura, a sessão legislativa se inicia em 01. Fev.
OBS: Proposta de Emenda Constitucional – só pode ser rediscutida na próxima sessão legislativa. Ou seja, matéria objeto de projeto rejeitado (votação insuficiente) ou prejudicado (perdeu objeto) não pode ser apresentada na mesma sessão legislativa!
Medida provisória (art. 62, § 10 da CF) – é vedada a reedição de MP rejeitada ou que tenha perdido eficácia por decurso de prazo na mesma sessão legislativa, só em uma próxima.
Projeto de lei (art. 67, da CF) – a matéria constante de projeto de lei rejeitada somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.
Materiais: há limitações materiais explícitas como, por exemplo, a de que o novo texto não pode mudar as cláusulas pétreas (art. 60, § 4º da CF).
OBS: Cláusulas pétreas são emendáveis desde que a emenda não seja abolitiva ou restritiva.
I - Forma federativa de Estado.
 Somos uma Federação, ou seja, uma reunião de entidades autônomas (União, Estados, DF e Municípios), marcada por um vínculo indissolúvel (ler. art. 1.º e 18 da CF).
O Brasil não pode adotar a forma unitária de Estado.
II – Voto: direto, secreto, universal e periódico.
O voto não pode ser indireto, aberto, restritivo.
A obrigatoriedade do voto não é cláusula pétrea.
Conforme art. 14, § 1.º o voto só é facultativo para maiores de 16 e menores de 18 e maiores de 70 e analfabetos, mas poderia uma emenda estender tal facultatividade.
III – Separação de poderes.
O STF definiu que o CNJ é constitucional pois é órgão do Judiciário – art. 92, I – A, da CF (sem jurisdição), portanto sua previsão na CF pela EC 45 foi constitucional (mesmo que dos 15 membros, 6 não sejam parte do Judiciário).
IV - Os direitos e garantias individuais.
Existem direitos individuais fora do art. 5.º da CF, como por exemplo o art. 150, III, “b” da CF (Princípio da Anterioridade Tributária). Todos os individuais são cláusulas pétreas.
 
 E há também as limitações materiais implícitas, que são aquelas que não têm registro no ordenamento jurídico constitucional, como por exemplo: forma republicana de Governo, sistema presidencialista de governo, titularidade do poder constituinte, impossibilidade de alteração do próprio artigo 60 da CF visando facilitar o processo legislativo referente às emendas;
 Poder Constituinte Decorrente
O poder constituinte derivado pode ser classificado, ainda, como Poder Constituinte Decorrente, quando visa à estruturação das Constituições dos Estados-Membros, resultando do poder de auto-organização (art. 25 da CF) que foi estabelecido, igualmente, pelo Poder Constituinte Originário, ou seja, estabelece e reformula a constituição estadual, organizando, constitucionalmente, o Estado-Membro.
Dessa maneira, cada ente federado tem o poder de elaborar sua própria constituição e a promulgar, sem que seja possível ou necessário, uma intervenção ou a aprovação desta Constituição por outra esfera de poder federal. A inexistência de hierarquia entre os entes federados é o que caracteriza a essência da Federação. É, portanto, um poder de direito assim como o reformador, motivo pelo qual todas as características dele se aplicarão ao decorrente.
 CONSTITUIÇÃO E TEORIA DO PODER CONSTITUINTE
EM SUMA:
Supremacia constitucional
Supremacia constitucional é um dos pressupostos de existência da Constituição. Isto, pois somente sendo a norma fundamental de um Estado a Constituição poderá se considerar como existente no mundo real. A legitimidade de norma fundamental do Estado vem da sua concepção através de um Poder Constituinte.
Poder constituinte
Consiste no “poder que põe em vigor, cria ou constitui normas jurídicas de valor constitucional”.[18: BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 20.]
Antecedentes
Instituído pela obra “Que é o Terceiro Estado” do abade francês de Chartres, Emmanuel Joseph Sieyès, de período anterior a Revolução Francesa [1789]. Fundamentava a força de existência do poder constituinte como sendo um direito superior, natural da “nação”. 
Conceituação
1. Consiste no “poder que põe em vigor, cria ou constitui normas jurídicas de valor constitucional”.
2. O poder constituinte pode ser conceituado como “o poder de elaborar (e neste caso será originário), ou atualizar a Constituição, mediante supressão, modificação ou acréscimo de normas constitucionais (sendo nesta última situaçãoderivado do originário)”.
Natureza Jurídica
Poder emanado de um direito superior natural, ou seja, consequente da própria natureza de convívio humano em sociedade.
Legitimidade
Toda legislação componente do ordenamento jurídico necessita estar de acordo com a legalidade, ou seja, consonante [“concordante”] com uma espécie legislativa superior, ex.: leis ordinárias: as municipais de acordo com as estaduais, estas de acordo com as federais.
Entretanto, a Constituição não tem norma superior a si, assim, não se há que falar em legalidade, e sim em legitimidade constitucional. Então, legitimidade constitucional “é a maior ou menor correspondência entre os valores e as aspirações de um povo e o constante da existente Constituição”.
Espécies
ORIGINÁRIO
Conceito: é aquele que instaura uma nova ordem jurídica;
Objetivo: criar um Estado diferente - novo ou não – do que existia;
 Formas - Histórico: é o que origina pela primeira vez o Estado;
 - Revolucionário: é o que modifica o Estado já existente;
			Revisor
DEVIRADO Reformador
 Decorrente
Conceito: é aquele que decorre do poder originário, possibilitando revisão, reforma ou mesmo estipulação de normas específicas, pontuais no espaço e no tempo.
Característica: deve seguir a ordem da chamada “Simetria Constitucional”.
Revisor
Advém do art. 3º dos ADCT’s, que determinou a revisão constitucional para cinco anos após sua promulgação, em sessão unicameral, por maioria absoluta do Congresso Nacional. [Obs.: foram feitas 6 ECR na época]. 
 Reformador: é a possibilidade de reforma da Constituição, através de EC. 
Quórum? ______________________________________.
Existem vedações à modificação: em Estado de Sítio, de Defesa e de Intervenção Federal; cláusulas pétreas [art. 60,§4º, CF].
Reformador
Limitações constitucionais ao Poder de reforma
Art. 60, §4º, Constituição Federal. 
Decorrente
É o poder conferido aos Estados-membros e ao Distrito Federal de estabelecer, respectivamente suas constituições estaduais e Lei Orgânica municipal. 
Características Estados-Membros auto-organização
 autogoverno
 autoadministração
 (DES) CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
Classificar normas constitucionais significa agrupar os dispositivos constitucionais, baseando-se em características comuns que influenciem no emprego da norma constitucional. Tal classificação torna-se importante na medida em que possibilita identificar características comuns no emprego da norma constitucional.
No viés prático, a função da classificação das normas constitucionais está relacionada com o caráter didático de determinação do emprego do texto constitucional, visto que se identificando características (“COMPORTAMENTOS”) gerais de grupos de normas constitucionais facilita-se a compreensão da melhor forma de emprego de cada dispositivo constitucional.
Para montar uma classificação faz-se necessário um conhecimento profundo sobre o material a ser classificado, a fim de possibilitar a identificação das características que são importantes em cada elemento e que se repetem em outros elementos, possibilitando-se assim a formação dos “grupos” que constituem a classificação. Em razão dessa necessidade, será preciso utilizar, nesse momento da aprendizagem, classificações já constituídas pela doutrina, por autores que detém o conhecimento necessário para a constituição dos referidos grupos. O tema da classificação das normas constitucionais foi exaustivamente tratado pelo constitucionalista José Afonso da Silva, em sua obra Aplicabilidade das Normas Constitucionais e, posteriormente alguns autores, utilizando-se da classificação já posta, inseriram particularidades na doutrina desenvolvida pelo autor mencionado.
Válido ressaltar, ainda, que por se tratar de uma classificação de norma, a principal característica a ser considerada para classificação sem dúvida é a eficácia, visto que a mesma, em seu sentido lato, representa a possibilidade/potencialidade de emprego da norma. Como o objetivo de qualquer norma constituinte do ordenamento jurídico é a sua observância e, quando de sua não observância, a atribuição de consequência jurídica capaz de corrigir o problema prático criado por sua violação, a implementação de seu objetivo sem dúvida está diretamente relacionado ao seu poder eficacial. Portanto, a principal classificação que se pode constituir de um conjunto normativo está relacionado com a sua eficácia prática.
 Conceito
“Normas constitucionais são todas as regras que integram uma constituição rígida”. Isto, pois uma das consequências da rigidez é exatamente transformar em constitucional todas as disposições que integram a Constituição. Assim, podem-se definir normas constitucionais como sendo todas as que integram o texto da Constituição.[19: SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 30. ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 102.]
 Natureza jurídica
As normas constitucionais tem natureza jurídica de força constitucional, ou seja, possuem eficiência e eficácia revestida pelo poder constituinte garantidor da supremacia da Constituição.
 Princípios e Regras
Princípios constituem as diretrizes gerais estipuladas para a sociedade que se rege por determinada Constituição. Por exemplo, o princípio da dignidade da pessoa humana, art. 1º, inciso III, da CF de 1988. Ainda, os princípios apresentam elevado grau de abstração, generalidade. Regras são determinações sociais, porém, menos abstratas e menos genéricas do que os princípios.
 Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais
Eficácia: Momento no qual as normas podem passar a produzir efeitos no mundo jurídico.
Aplicabilidade das Normas Constitucionais Toda norma constitucional tem eficácia no plano abstrato, independente da regulamentação de tais normas. Não se contraria a Constituição.
 Normas constitucionais de eficácia plena, contida e limitada
 Normas Constitucionais de Eficácia Plena
Além da eficácia plena, tem aplicabilidade direta, imediata e integral. Passam a produzir efeitos no momento em que entram em vigor, não dependendo de regulamentação infraconstitucional. Em geral atribuem competência aos entes federativos ou criam órgãos.
Ex.: art. 2º, CF: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Também, art. 19; art. 20; todos da CF/1988.
 Normas Constitucionais de Eficácia Contida
A eficácia contida ou prospectiva tem aplicabilidade direta e imediata, mas não integral. Não depende de regulamentação, mas para produzir seus efeitos é possível que alguma norma infraconstitucional reduza sua abrangência.
Ex.: art. 5º, inciso XIII, CF: é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
Assim, há uma lei, Estatuto da OAB, que restringe o exercício da advocacia somente àqueles aprovados no Exame de Ordem.
 Normas Constitucionais de Eficácia Limitada
Eficácia limitada e aplicabilidade mediata e reduzida (ou aplicabilidade diferida) são as normas constitucionais que não produzem todos os seus efeitos jurídicos no momento da entrada em vigor da Constituição, assim, necessitando de lei integrativa infraconstitucional para tanto. Ou seja: dependem de regulamentação.
Segundo José Afonso da Silva, dividem-se sem dois grupos:
 Normas de princípio institutivo ou organizativo ou orgânico: são aquelas que contêm um esquema geral ou inicial de estruturação de instituições, órgãos, ou entidades.
Ex.: Art. 18, caput, CF/88: A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
[...] § 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.
Art. 22. Compete privativamente

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