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Aula5_Civil DEFEITOS VICIOS DO NEGOCIO JURIDICO

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Direito Civil
Prof. Luciano Favaro
Defeitos/Vícios do negócio jurídico
Prof. Luciano Favaro
Conforme aprendemos, o segundo plano do negócio jurídico é o da validade. Não basta, portanto, que o negócio jurídico exista, necessário que ele seja válido.
ATENÇÃO! para que um negócio jurídico tenha validade é necessário que, além dos requisitos essenciais, o negócio não possua nenhum defeito/vício.
Defeitos/vícios do negócio jurídico são imperfeições que podem surgir no negócio, decorrente de irregularidades na vontade dos agentes.
Vícios do negócio jurídico
Pergunta: quais são os vícios que podem ter no negócio jurídico?
Resposta: de acordo com o Código Civil, são sete os vícios: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores e simulação.
Mas atenção: esses vícios dividem-se em duas categorias. Alguns são vícios de consentimento e outros são vícios sociais. 
Vícios do negócio jurídico
Vícios de consentimento
Vícios sociais
Provocam uma manifestação de vontade não correspondente com oíntimo e a verdadeira intençãodas partes.
Caracterizarem-se pela a intenção deprejudicar terceiros.
Vícios: erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão.
Vícios: fraude contra credores e simulação.
IMPORTANTÍSSIMO
O erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores tornam o negócio jurídico ANULÁVEL. 
Já a simulação torna o negócio jurídico NULO.
ERRO / Ignorância
Prof. Luciano Favaro
Erro/Ignorância
Trata-se do vício no qual o agente é levado a praticar o negócio jurídico que não praticaria ou praticaria de modo diferente se estivesse devidamente esclarecido.
ATENÇÃO: o erro, para viciar a vontade do agente e tornar anulável o negócio jurídico tem de ser: SUBSTANCIAL. 
O erro ACIDENTAL não tem o condão de anular o negócio jurídico.
Erro substancial
Pergunta: como saber se o erro é substancial?
Resposta: necessário verificar se o erro é justificável (escusável) e que poderia ter sido cometido por qualquer pessoa de diligência normal. 
Erro substancial
Será considerado substancial (essencial) o erro referente:
à natureza do negócio (error in negotio): quando se intenciona praticar certo negócio jurídico e, no entanto, se realiza outro.
Exemplo: João entrega determinado imóvel a título de comodato (empréstimo) e José recebe a título de doação.
Erro substancial
Será considerado substancial (essencial) o erro referente:
ao objeto principal da declaração (error in corpore): quando o objeto adquirido no negócio jurídico não era o pretendido pelo agente.
Exemplo: Marcos acredita estar comprando um terreno bem localizado e próximo do centro urbano quando na verdade está comprando outro muito distante e próximo a uma penitenciária.
Erro substancial
Será considerado substancial (essencial) o erro referente:
a algumas qualidades essenciais (error in substancia): quando o agente pensa adquirir um bem com determinada qualidade, quando na verdade adquire o bem com qualidade diversa.
Exemplo: Manoel acredita ter adquirido uma corrente de ouro quando na verdade, adquiriu uma corrente folhada a ouro.
Erro substancial
Será considerado substancial (essencial) o erro referente:
à pessoa (error in persona): quando o agente erra em relação à identidade ou qualidades da pessoa.
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. 
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
Erro substancial
Será considerado substancial (essencial) o erro referente:
ao erro de direito (error juris): refere-se ao erro em relação ao desconhecimento da norma.
Exemplo: pessoa que importa determinada mercadoria ignorando existir lei que proíba sua importação. Como tal ignorância foi a causa determinante do ato, pode ser alegada para anular o contrato, evitando-se, com isso, o descumprimento da lei.
Erro acidental
Pergunta: e o que é erro acidental?
Resposta: é o erro que recai sobre qualidades secundárias da pessoa ou do objeto. Este erro NÃO dá condão à anulação do negócio jurídico.
Exemplo 1: Marta é casada, no entanto, seu avô ao mencioná-la em seu testamento coloca que ela é solteira. Esse erro sobre a qualidade da pessoa não fará com que Marta deixe de receber um legado por ter sido erroneamente descrito o seu estado civil. (erro na qualidade secundária da pessoa).
Erro acidental
Exemplo 2: O erro que diz respeito somente à cor do veículo é acidental, se se puder identificar o carro pelo contexto. (erro na qualidade secundária do objeto).
Exemplo 3: A empresa Valério’s Duto fixa o preço da venda com base na quantia unitária, mas lança na nota fiscal, de forma inexata, o preço global. (erro de cálculo – error in quantitate).
Erro / Observação final
Se alguém recorre a meios interpostos – quer pessoas (mensageiros), quer meios de comunicação (fax, telefone, telegrama, e-mail) – e esse meio utilizado não transmite a real vontade do declarante, estabelecendo uma divergência entre o pretendido e o que foi transmitido erroneamente (mensagem truncada), caracteriza-se o vício de erro que propicia a anulação do negócio jurídico.
DOLO
Prof. Luciano Favaro
Dolo
“Todo artifício malicioso empregado por uma das partes ou por terceiro com o propósito de prejudicar outrem, quando da celebração do negócio jurídico”.
Assim como no erro, o dolo pode ser principal (dolus causam dans contract) ou acidental (dolus incidens). O principal tem o condão de acarretar a anulação do negócio jurídico, já o acidental não.
Dolo
Pergunta: e o que é dolo acidental?
Resposta: é aquele que, conquanto praticado, o negócio seria realizado, embora por outro modo. Esse dolo não anula o negócio jurídico, só importando a obrigação de pagar perdas e danos.
Exemplo: O sujeito declara pretender adquirir um carro; escolhendo um automóvel com cor metálica, e, quando do recebimento da mercadoria, enganado pelo vendedor, verifica que a coloração é, em verdade, básica. Neste caso, não pretendendo desistir do negócio poderá exigir compensação por perdas e danos.
Dolo
Dolo principal
Dolo acidental
Causa determinante para a realização do ato, ou seja, sem a malícia do agente, o negócio não seria realizado.
Não é a causa determinante para a realização do ato, pois o negócio seria realizado em que pese a malícia do agente.
O negócio jurídico pode ser anulado.
Não importa anulação do negócio jurídico, apenas pagamento de perdas e danos.
Atenção!
o silêncio intencional do agente acerca do fato ou da qualidade do produto, constitui OMISSÃO DOLOSA e pode levar a anulação do negócio jurídico.
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.
IMPORTANTE!
o dolo pode ser praticado até mesmo pelo representante.
Se praticado pelo representante legal: o representado responderá civilmente até a importância do proveito que obteve no negócio, podendo, inclusive, interpor ação regressiva contra o representante.
Se praticado pelo representante convencional: o representado responderá solidariamente com o representante por perdas e danos.
Dolo bilateral
Trata-se do dolo praticado por ambas as partes. 
Se ambas as partes agirem com dolo, o negócio não poderá ser anulado, tampouco poderá ser pleiteado indenização, pois é como se as duas manifestações dolosas se compensassem.
Dolo de terceiro
FIQUE ATENTO(A): o dolo exercido por terceiro com o conhecimento da
parte que se aproveita pode gerar a anulação do negócio jurídico.
COAÇÃO
Prof. Luciano Favaro
Coação
“toda violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que a sua vontade interna não deseja efetuar”.
CUIDADO: não estamos tratando da coação física (vis absoluta), mas sim da coação moral (vis compulsiva). Se houver coação física, o negócio jurídico é inexistente, pois sequer há manifestação de vontade.
Exemplo de coação física: a mão da vítima é conduzida a assinar ou subscrever um documento. Aqui o negócio é inexistente!
IMPORTANTE
A coação moral deve incutir no paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, família ou aos seus bens.
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
Temor reverencial
O simples temor reverencial não tem o condão de anular o negócio jurídico como se fosse uma coação.
Exemplo: não importa coação a determinação do empregador para que o empregado trabalhe sob pena de demiti-lo.
Coação exercida por terceiro
A coação exercida pelo terceiro com o conhecimento da parte que se aproveita pode gerar a anulação do negócio jurídico. Nesse caso, o tanto o terceiro quanto o que se beneficiou responderão solidariamente.
Exemplo: Joaquim coage Paula a adquirir o carro de Jorge sob pena de demiti-la do emprego. Se, nesse caso, Jorge for sabedor da coação de Joaquim e mesmo assim vender o carro, ele responderá solidariamente com Joaquim pelas perdas e danos.
ESTADO DE PERIGO
Prof. Luciano Favaro
Estado de perigo
“Constitui o estado de perigo a situação de extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume obrigação desproporcional e excessiva”.
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Estado de perigo
ENTENDA que, no estado de perigo, é necessário que a outra parte, seja sabedora do grave dano que a pessoa passa e, em virtude disso, aproveita-se da situação e exige benefício extremamente oneroso ao declarante.
Exemplo 1: cheque caução em valor excessivo exigido em hospital para que seja socorrido uma pessoa. Nesse caso, há estado de perigo, ou seja, a pessoa paga o valor para ser socorrida.
Exemplo 2: Joana promete quantia vultuosa de dinheiro se Márcio salvá-la do naufrágio. Provado o estado de perigo que passava Joana, esse negócio pode ser anulado.
LESÃO
Prof. Luciano Favaro
Lesão
“Lesão é o prejuízo resultante da enorme desproporção existente entre as prestações de um contrato, no momento de sua celebração, determinada pela premente necessidade ou inexperiência de uma das partes”.
Lesão
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. 
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
ENTENDA!
ENTENDA que na lesão a outra parte não é sabedora da inexperiência da vítima ou da extrema necessidade para a realização do negócio. 
Não há, portanto, aproveitamento da situação do declarante, pois essa é desconhecida.
Lesão
Estado de perigo
Não há um perigo, mas sim a inexperiência da vítimaoua extrema necessidade para a realização do negócio.
Há realmente um perigo e a vítima assume obrigação excessivamente onerosa.
A outra parte não é sabedora da inexperiência ou da necessidade vítima.
Exige-se que a outra parte tenha conhecimento do estado de perigo sofrido pela vítima.
Apenas a própria pessoa sofre a lesão.
A própria pessoa ou familiares está premido da necessidade.
FRAUDES CONTRA CREDORES
Prof. Luciano Favaro
Fraude contra credores
“o patrimônio do devedor constitui a garantia dos credores. Se ele o desfalca maliciosa ou substancialmente, a ponto de não garantir mais o pagamento de todas as dívidas, tornando-se assim insolvente, com o seu passivo superando o ativo, configura-se a fraude contra credores”.
Fraude contra credores
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
Fraude contra credores
Exemplo: Romário possui um patrimônio de R$ 200.000,00, sendo que sua dívida contraída é de R$ 500.000,00. Nesse caso, Romário é considerado insolvente, pois o seu passivo supera o ativo. Se ele começar a doar os seus bens ou a perdoar dívidas, caracterizar-se-á a fraude contra credores. Nesse caso, os credores quirografários poderão pedir a anulação da doação ou da remissão das dívidas.
TOME NOTA!
Transmissão gratuita de bens: exemplo é a doação.
Remissão de dívida: perdão de dívida.
Credor quirografário: credor que não goza de preferência em relação aos outros. Pode pleitear a anulação do negócio se este constituir uma fraude contra credores.
Credor preferencial: aquela que goza de preferência em relação aos outros, como, por exemplo, o credor com garantia real de hipoteca. Somente poderá pleitear a anulação do negócio se sua garantia se tornar insuficiente.
SIMULAÇÃO
Prof. Luciano Favaro
Simulação
Simulação: vício social constante no negócio jurídico praticado por ambas as partes contratantes com a intenção de enganar terceiros ou fraudar a lei.
ATENÇÃO!
A simulação pode ser classificada em relativa ou absoluta. Ambas tornam o negócio jurídico NULO. A relativa, no entanto, subsistirá se o negócio for válido na substância e forma.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. 
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
Absoluta
Há simulação absoluta quando as partes não têm a intenção de efetuarem nenhum negócio jurídico. Nessa simulação o negócio é inexistente, ilusório, fictício.
Exemplo: Joana para esquivar-se de execução simula a venda de seus bens para seus parentes. Posteriormente, quando o oficial de justiça vai embora, ela retoma os seus bens. Entenda: Samira não realizou nenhum negócio jurídico, apenas inventou/fingiu um negócio inexistente.
Relativa
Há simulação relativa quando as partes realizam um negócio jurídico, mas de maneira diferente da que realmente pretendiam.
Exemplo 1: Robson, casado, querendo doar um bem a Paloma (amante), simula a venda do bem a Joaquim (amigo) que transferirá o bem a Paloma. Trata-se da simulação relativa, pois as partes tinham a intenção de realizar um negócio jurídico (doação), mas, como ela é vedada, simularam uma compra e venda.
Relativa
Exemplo 2: Gerson, pretendendo pagar menos imposto ao Fisco, vende um imóvel a Antônio com o valor da escritura
por preço inferior ao valor real do imóvel. Trata-se, portanto, de uma simulação relativa. As partes têm a intenção de efetuar a compra e venda, mas com o valor da escritura por preço inferior o que caracteriza simulação.
Exemplo 3: Cleiton ao realizar um negócio jurídico com Tiago, coloca data anterior a que realmente o negócio jurídico foi assinado, caracterizando assim, a simulação.
Relativa
SIMULAÇAO RELATIVA. ART. 167, CAPUT, SEGUNDA PARTE, DO CÓDIGO CIVIL. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL SIMULADA MEDIANTE PESSOA INTERPOSTA, PARA OCULTAR ATO DE DOAÇAO DO DE CUJUS À COMPANHEIRA. PREJUÍZO AOS HERDEIROS CORROBORADO. INTENÇAO DE FRAUDAR A LEI. 
Configura-se a simulação relativa, em virtude da realização de compra e venda através de pessoa interposta, havendo uma sobreposição em relação a outro negócio jurídico, o qual se fosse efetuado diretamente, estaria eivado de nulidade, conquanto decorrente de fraude à lei. Inegável, assim, que a doação dissimulada pela compra e venda com o auxílio de terceiro - da qual resultou a doação à companheira diante da dissimulação - causou prejuízos aos herdeiros necessários. 
IMPORTANTE!
A nulidade do negócio jurídico simulado NÃO pode atingir os direitos de terceiros de boa-fé.
Pergunta: quem pode alegar a nulidade da simulação?
Resposta: qualquer interessado; Ministério Público, quando couber intervir no processo; juiz, de ofício, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas.
Invalidade do negócio jurídico
Prof. Luciano Favaro
Invalidade do Negócio jurídico
Os negócios jurídicos devem ser válidos a fim de terem eficácia. 
Se forem inválidos, teremos de analisar se ele é nulo (nulidade absoluta) ou anulável (nulidade relativa).
Nulidade absoluta
é nulo o negócio jurídico resultante de defeito grave que atinge o interesse geral ou a ordem pública. Não produz, portanto, o almejado efeito.
As causas de nulidade absoluta estão previstas no artigo 166 CC.
Nulidade absoluta
I - celebrado por pessoa absolutamenteincapaz: artigo 3º CC;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seuobjeto: artigo104, II, CC;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, forilícito;
Nulidade absoluta
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade: de desprezar alguma solenidade exigida por lei. Exemplo:Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
Nulidade absoluta
VI – tiver por objeto fraudar leiimperativa;
VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção: inúmeros são os exemplos do Código Civil.Exemplo:art. 1.548. É nulo o casamento contraído: I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil.
Nulidade relativa
É aquela que atinge o interesse particular das partes que celebram o negócio jurídico e não há qualquer referência a questões de interesse geral ou ordem pública. 
Nulidade relativa
I - por incapacidade relativa doagente: artigo 4º CC;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
III - outros casos expressamente previstos em lei. Exemplo: art. 119 CC.
Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.
DIFERENÇAS
Nulidade absoluta
Nulidade relativa
- é decretada no interesse da coletividade e da ordem pública.
- é decretada no interesse das pessoas que compõe o negócio jurídico.
- Pode ser alegada por qualquer interessado, pelo Ministério Publico (quando lhe couber intervir) ou, ainda,exofficiopelo juiz (art. 168).
- A anulabilidadesópode ser alegada pelos interessados, aproveitandoexclusivamenteaos que aalegarem.
Nulidade absoluta versus relativa
- O juiz não pode suprir (sanar) uma nulidade absoluta, ainda que a requerimento das partes. Entenda: o ato é nulo de pleno direito.
- Pode ser suprida pelo juiz, desde que a requerimento das partes.
- O negócio nulo não pode ser arrumado. Não convalesce (sanado) pelo decurso do tempo.
- Pode ser convalidado (sanado). Essa convalidação pode ser expressa ou tácita.
Nulidade absoluta versus relativa
- Efeitoextunc, ou seja, decretada a nulidade de um negócio jurídico,a decisão retroagirá a data de realização do negócio a fim de negar-lhe todos os efeitos.
- Efeitoexnunc, ou seja, decretada a anulabilidade de um negócio,seus efeitos só terão validade a partir da data de decretação da sentença.
Entenda: o negócio jurídico anulável produzirá efeitos até o momento de decretação de sua invalidade.
Nulidade absoluta versus relativa
- Por retroagir à data de realização do negócio, a sentença que decreta a nulidade de um negócio jurídico é de natureza meramente declaratória, ou seja, o negócio já era nulo independentemente da sentença.
A sentença é de naturezadesconstitutiva, haja vista o negócio anulável produzir efeito até ser pronunciada a sua invalidade.
Fique atento(a)
A nulidade relativa tem prazo para ser alegada. Esse prazo é, em regra, decadencial de 4 anos. Cuidado com a exceção do artigo 179 CC.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
Possibilidade de conversão do negócio jurídico
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
Possibilidade de conversão do negócio jurídico
Em que pese determinado negócio jurídico ser nulo, é possível que ele seja convertido em outro se contiver os requisitos desse outro negócio. 
Assim, o primeiro negócio jurídico é nulo, mas convertendo-o no em outro negócio, esse segundo será válido.
Exemplo: Contrato de compra e venda de imóvel no qual não se observou a forma pública é nulo. Não entanto, converte-se em promessa irretratável de compra e venda, haja vista que essa dispensa a forma pública na promessa de compra e venda.
Autorização de terceiro
A nulidade relativa de um negócio jurídico poderá ser sanada se faltar a autorização de um terceiro e esse a der posteriormente.
Exemplo: pai que não assistiu o filho de 17 anos na compra de um bem, mas que posteriormente vem e concede a autorização. Entenda: a autorização do pai suprirá a necessidade imposta por lei e o negócio jurídico não poderá mais ser anulado por esse motivo.

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