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DIREITO CIVIL

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RESUMO - DIREITO CIVIL
PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL: NOÇÕES GERAIS
PESSOA FÍSICA
	Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil (art.1°, CC). Assim, basta ser humano, ter nascido com vida, para ter a capacidade de direito nas relações jurídicas. Ressalta o art. 2° do CC que, embora a personalidade civil da pessoa comece a partir do nascimento com vida, a lei põe a salvo, desde a concepção o direito do nascituro. O nascituro (enquanto embrião ou feto) possui personalidade jurídica apenas formal, que lhe permite proteção aos seus direitos personalíssimos, atinentes a sua existência como ser humano em potencial; ao nascer com vida, adquire também a personalidade jurídica material, com os respectivos direitos patrimoniais e obrigacionais.
	A personalidade cessa com a morte do ser humano (art.6°, CC). Fala-se em morte real ou física quando o fim da vida pode ser comprovado por um atestado de óbito. Todavia, em certas circunstancias, não sendo possível atestar morte física, fala-se em morte presumida, cuja ocorrência é apontada pela lei em dois casos. No caso de pessoa ausente, se o indivíduo desapareceu de seu domicilio sem deixar representante ou dar noticias, presume-se sua morte nos casos em que a lei autoriza a abertura a sua sucessão. De acordo com o art. 7° do CC, a morte presumida também poderá ser decretada, se: I - for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o fim da guerra. Nesses casos extremos, a declaração da morte presumida somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
	Preocupa-se ainda a lei com o fenômeno da morte conjunta de pessoas, trata-se da comoriência. Segundo o art. 8° do CC, se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se alguns deles (comorientes) precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
	Embora baste ter nascido com vida para que tenha capacidade de direito, nem sempre o individuo pode exercer diretamente seus direitos e suas obrigações; nem sempre é dotado de capacidade de exercício ou de fato. Segundo a lei, algumas pessoas não podem agir sozinhas nos atos da vida civil. São absolutamente incapazes (não podem agir sozinhos, são representados por seus responsáveis legais) – art. 3°, CC: os menores de 16 anos; quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil; quem, mesmo por causa transitória, não pode exprimir sua vontade. São relativamente incapazes (devem agir em conjunto com assistente) – art. 4°, CC: os maiores de 16 e menores de 18 anos; ébrios habituais, viciados em tóxicos e quem, por deficiência mental, tenha o discernimento reduzido; os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; os pródigos.
	A capacidade plena é adquirida a partir da cessação da causa que impede a capacidade de exercício pela pessoa. Assim, tratando-se de pessoa com deficiência ou transtorno que lhe impeça o discernimento, a partir da cura. Quanto ao menor, quando alcança os 18 anos. Todavia, é possível, em alguns casos, a aquisição da capacidade antes dos 18 anos por meio do instituto da emancipação, que pode se dar por três formas: por concessão de ambos os pais ao filho com no mínimo 16 anos, por instrumento público, trata-se da emancipação parental ou voluntária. Em alguns casos, admite-se a emancipação unilateral (só por um dos pais), como ocorre quando um deles já faleceu, foi declarado ausente ou destituído do poder familiar; a segunda via é a emancipação por sentença judicial, que será necessária em caso de conflito de vontade entre os pais quanto à emancipação do filho e quando houver pedido de um tutor para emancipar o tutelado; podendo ocorrer também à emancipação legal quando verificadas circunstâncias previstas em lei que, por si sós, automaticamente revelam que o agente deve ser considerado capaz, como nas hipóteses de casamento, colação de grau, exercício de emprego publico em cargo efetivo, possuir estabelecimento civil ou comercial com economia própria ou relação de emprego.
	Na atualidade merece destaque o tema relacionado aos direitos da personalidade. A dignidade é um direito fundamental, previsto na Constituição Federal. À pessoa, devem ser reconhecidos direitos próprios de sua condição humana, sendo-lhes assegurados bens e valores personalíssimos como a integridade física e psicológica, a honra e a imagem. O Código Civil traz um regramento básico sobre tais direitos. Os direitos personalíssimos são considerados intransmissíveis, irrenunciáveis, indisponíveis e imprescritíveis.
	Para a proteção dos direitos relativos à dignidade humana os mecanismos de prevenção e repressão são muito importantes, desta forma, pode-se exigir a cessação da ameaça ou da lesão ao direito da personalidade, bem como reclamar perdas e danos, sem prejuízos de outras sanções previstas na lei, de acordo com o art. 12 do CC. Há proteção inclusive à pessoa do morto.
	De acordo com o art. 70 do CC, o domicilio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo – “domicilio voluntário geral”. Há ainda, o que a doutrina denomina “domicílio voluntário especial”, trata-se do chamado foro de eleição, previsto no art. 78 do CC, onde nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. A lei traz no seu art. 76 a noção de “domicílio necessário” para certas pessoas. Assim, o domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; do servidor publico, o lugar onde exercer permanentemente suas funções; do militar, onde servir; do preso, no lugar onde cumprir a sentença. 
PESSOAS JURÍDICAS 
Pessoas Jurídicas são entes criados pela lei para que seja facilitada a atuação humana em certas relações sociais, econômicas e jurídicas.
Há pessoas jurídicas de direito público (externo e interno) e de direito privado.
São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. São pessoas jurídicas de direito público interno a União, os Estados, Distrito Federal e Territórios, os Municípios, as autarquias e as demais entidades de caráter público criadas por lei. Estas, quando lhe tiver sido dada estrutura de direito privado, serão regidas, no que couber quanto ao seu funcionamento, pelas regras do Código Civil, salvo se houver estipulação em contrário.
Segundo o art. 43 do CC, tais pessoas jurídicas são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que, nessa qualidade, causem danos a terceiros (ressalvado o direito de regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, dolo ou culpa). Sua responsabilidade nos termos do art. 37, § 6° da CF, é de natureza objetiva, respondendo a pessoa jurídica de direito público interno (perante a vítima do dano) independentemente da prova de sua culpa.
	As pessoas jurídicas de direito privado são as associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas e os partidos políticos. De acordo com o art. 45 do CC, sua existência legal começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
	O art. 53 do CC trata das associações, caracterizando-as pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos e pela inexistência, entre os associados, de direitos e obrigações recíprocos. Para sua formação, basta que seu ato constitutivo (estatuto ou conjunto de cláusulas sobre as regras de funcionamento de suas atividades), que pode ter sido inscrito em instrumento público ou particular, seja levado ao registro competente. Tem natureza de associação os sindicatos, as cooperativas e os partidos políticos.A fundação particular constitui uma universalidade de bens destacada de um patrimônio por um instituidor, que indica uma finalidade imutável (religiosa, moral, assistencial ou cultural) a ser desenvolvida conforme um estatuto por ele definido (art.62 e parágrafo único do CC). Sua criação, portanto, depende da iniciativa de um instituidor que fará, sempre por escritura pública ou testamento, uma dotação (reserva) especial de bens livres, especificando o fim a que a fundação se destina e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Por sua relevância pública, as fundações contam com a fiscalização do Ministério Público do Estado onde situadas. Prevê a lei no art. 69 que, tornando-se ilícita, impossível ou inútil à finalidade da fundação, ou se vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, promoverá a sua extinção, incorporando-se o seu patrimônio (salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto) ao de outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
As sociedades são agrupamentos de pessoas unidas para a persecução de fins econômicos, seu estudo se situa no âmbito do direito comercial.
	
No estudo das pessoas jurídicas merecem destaque os temas da responsabilidade e da desconsideração da personalidade jurídica. Segundo o art. 47 do CC, obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. A regra é que a pessoa jurídica responda pelos atos praticados em seu nome com seu próprio patrimônio. Também merece destaque, a possível desconsideração da personalidade jurídica prevista no art. 50 do CC, estabelecendo que, se ocorrer abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de personalidade ou pela confusão patrimonial, poderá o juiz decidir, a requerimento da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações obrigacionais sejam estendidas aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. Assim, por gozarem de reputação no meio em que atuam, fazem jus ao direito à imagem e podem inclusive sofrer danos morais, conforme entendimento do STJ, súmula 227, “a pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
A pessoa jurídica pode ser encerrada por sua dissolução ou pela cassação da autorização para seu funcionamento. Contudo, ela subsistirá para os fins de liquidação até que esta se conclua. A averbação de sua dissolução será feita no registro em que a pessoa jurídica estiver inscrita, sendo que, encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
	
Quanto ao domicílio das pessoas jurídicas, nos termos do art. 75 do CC, o domicílio da União é o Distrito Federal; o dos Estados e Territórios, é o local das respectivas capitais; o do Município é o lugar em que funcione a administração municipal; o das demais pessoas jurídicas, é o lugar em que funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial, previsto em seu estatuto ou em seus atos constitutivos. Se a pessoa jurídica tiver diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados (art. 75, §1°).

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