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Linguagem e argumentação

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APOSTILA DE MORFOSSINTAXE I – MÓDULO 3 - PROF. CÁSSIO RUBIO
Linguagem e argumentação
Quando interagimos através da linguagem (quando nos propomos a jogar o “jogo”), temos sempre objetivos, fins a serem atingidos; há relações que desejamos estabelecer, efeitos que pretendemos causar, comportamentos que queremos ver desencadeados, isto é, pretendemos atuar sobre o(s) outro(s) de determinada maneira, obter dele(s) determinadas reações (verbais ou não verbais). É por isso que se pode afirmar que o uso da linguagem é essencialmente argumentativo: pretendemos orientar os enunciados que produzimos no sentido de determinadas conclusões (com exclusão de outras). Em outras palavras, procuramos dotar nossos enunciados de determinada força argumentativa. (KOCH, 2010, p. 29)
	Os mecanismos que permitem indicar a orientação argumentativa de um texto são chamados de marcas linguísticas da enunciação ou da argumentação. Em outros casos, os elementos são denominados de modalizadores, no sentido de determinar o modo como aquilo que se diz é dito.
Os operadores argumentativos
	O termo operador argumentativo foi cunhado por Ducrot, criador da Semântica Argumentativa (ou Semântica da Argumentação), para designar certos elementos da gramática de uma língua que têm por função indicar a força argumentativa dos enunciados, a direção para qual apontam.
	Vejamos:
Neymar é o melhor jogador. (conclusão R)
Arg. 1 – tem muita agilidade
Arg. 2 – tem muita habilidade
Arg. 3 – tem excelente forma física
----
----
Etc. (Todos os argumentos têm o mesmo peso para levar o alocutário a concluir R.)
 
A semana de Agronomia foi um sucesso. (conclusão R)
Arg. 1 – estiveram presentes todos os alunos
Arg. 2 – estiveram presentes políticos e pessoas importantes da região do maciço de Baturité
Arg. 3 – esteve presente o governador do estado do Ceará (argumento mais forte)
Vejamos a escala argumentativa:
	esteve presente o governador do estado do Ceará 	
	estiveram presentes políticos e pessoas importantes da região do maciço de Baturité
	estiveram presentes os alunos do curso de Agronomia
	
	
Se negarmos a conclusão, ocorre também a inversão da escala:
R: A semana de Agronomia não teve sucesso.
Nem os alunos estiveram presentes os alunos do curso de Agronomia
Não estiveram presentes políticos e pessoas importantes do maciço de Baturité
Não esteve presente o governador do estado do Ceará
Os principais operadores argumentativos
Operadores que assinalam o argumento mais forte de uma escala orientada no sentido de determinada conclusão: até, mesmo, até mesmo, inclusive.
	A semana de Agronomia foi um sucesso: estiveram presentes os alunos do curso de agronomia, políticos e pessoas importantes do maciço de Baturité e até (mesmo, até mesmo, inclusive) o governador do estado do Ceará.
	A semana de Agronomia não teve sucesso: não esteve presente o governador do estado do Ceará, nem políticos e pessoas importantes do maciço de Baturité e nem mesmo os alunos do curso de Agronomia.
Há, ainda, operadores que introduzem dado argumento deixando subentendida a existência de uma escala com outros argumentos mais fortes. São expressões como ao menos, pelo menos, no mínimo. Vejamos:
O jovem era dotado de grandes ambições. Pensava em ser no mínimo (pelo menos, ao menos) prefeito da cidade onde nascera.
Pensava em ser			(Governador, deputado, senador, presidente)
no mínimo			prefeito da cidade
Operadores que somam argumentos a favor de uma mesma conclusão (isto é, argumentos que fazem parte de uma mesma classe argumentativa): e, também, ainda, nem (=e não), não só... mas também, tanto... como, além de..., além disso..., a par de..., etc. No caso do exemplo anterior, teríamos:
Neymar é o melhor jogador: tem habilidade, agilidade e excelente forma física.
Neymar é o melhor jogador: não só tem habilidade, mas também agilidade e excelente forma física.
Neymar é o melhor jogador: além de ter habilidade, tem agilidade e também (ainda) excelente forma física.
Neymar é o melhor jogador: tanto tem habilidade, como agilidade; além disso, (a par disso) tem excelente forma física.
Neymar é o melhor jogador: a par de ter habilidade, também tem agilidade; além do que, tem excelente forma física.
Há ainda um operador que também introduz um argumento adicional a um conjunto de argumentos já enunciados, mas o faz como se tratasse apenas de algo desnecessário, mas, na verdade, é por meio dele que se introduz um argumento decisivo, com o qual se dá o “golpe final”. Trata-se do operador aliás. Vejamos:
Neymar é o melhor jogador de futebol. Além de ter excelente forma física, tem habilidade e agilidade. Aliás, é o único que chuta com os dois pés. 
Operadores que introduzem uma conclusão relativa a argumentos apresentados em enunciados anteriores: portanto, logo, por conseguinte, pois, em decorrência, consequentemente etc. Vejamos:
O custo de vida continua subindo vertiginosamente; as condições de saúde do povo brasileiro são péssimas e a educação vai de mal a pior. Portanto (logo, por conseguinte...) não se pode dizer que o Brasil esteja prestes a se integrar ao primeiro mundo.
Operadores que introduzem argumentos alternativos que levam a conclusões diferentes ou opostas: ou, ou então, quer... quer, seja... seja etc.
Vamos juntos participar do congresso. Ou você prefere ficar em casa assistindo TV.
Quer estejamos no Brasil, quer estejamos na Itália, só vamos ouvir falar em futebol.
Operadores que estabelecem relações de comparação entre elementos, com vistas a uma dada conclusão: mais que, menos que, tão... como etc. Por exemplo:
A: Vamos chamar o João para reformar nossa casa.
B: O Pedro é tão (mais) competente quanto (que) o João.
(no caso do tão... quanto, é possível notar que, ainda que tenhamos um comparativo de igualdade, há a tendência ao favorecimento de Pedro)
Operadores que introduzem uma justificativa ou explicação relativa ao enunciado anterior: porque, que, já que, pois etc.
Não fique triste pela morte do seu pai porque ele está agora junto de Deus.
Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões contrárias: mas (porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto etc.), embora (ainda que, posto que, apesar de (que), etc.).
	O funcionamento do MAS e de seus similares é o seguinte: o locutor introduz em seu discurso um argumento possível para uma conclusão; logo em seguida, opõe-lhe um argumento decisivo ara a conclusão contrária. É possível fazermos uma analogia com a balança de dois pratos. Em primeiro lugar, o locutor coloca no prato A um argumento (ou conjunto de argumentos) com o qual não se identifica, isto é, que pode ser atribuído ao interlocutor, a terceiros, a um determinado grupo social ou ao saber comum de determinada cultura; a seguir, coloca no prato B um argumento (ou um conjunto de argumentos) contrário, ao qual adere, fazendo a balança inclinar-se nessa direção (ou seja, entrechocando-se nos discursos de vozes que falam de pontos de vista diferentes). Vejamos:
O Brasil não jogou mal, mas a Inglaterra marcou bem e soube aproveitar as oportunidades de gol.
Os jovens de dentro da boate viram o fogo desde o início e correram para as portas, contudo os seguranças os barraram e as portas eram estreitas.
Embora o Brasil não tenha jogado mal, a Inglaterra marcou bem e soube aproveitar as oportunidade de gol.
Ainda que os jovens de dentro da boate tivesse visto o fogo desde o início e tivessem corrido para as portas, os seguranças os barraram e as portas eram estreitas.
A diferença entre os operadores do grupo MAS e EMBORA é que, no caso do mas, há uma estratégia de suspense, o que faz como que venha a conclusão inicial, que é refutada posteriormente. Nos operadores do grupo EMBORA, a estratégia é de antecipação e anuncia-se de antemão que o argumento introduzido pelo operador será anulado em seguida.
Operadores que têm por função introduzir no enunciado conteúdos pressupostos: já, ainda, agora etc.
Gerusa mora em Guaiuba.
Gerusa ainda (já, agora) mora em Guaiuba.
(introduz-se pressuposto de que Gerusa podese mudar, não morava em Guaiuba ou de que se mudou para lá há pouco tempo)
Operadores que se distribuem em escalas opostas, isto é, um deles funciona numa escala orientada para a afirmação total e o outro, numa escala orientada para a negação total.
Será que João vai passar no exame?
Ela estudou um pouco (tem chance de passar)
Ela estudou pouco (provavelmente não passará)
Estudou muitíssimo, bastante, um pouco, pouco muito pouco pouquíssimo.
ESTUDOU 						NÃO ESTUDOU
A Escolha do operador irá influenciar na interpretação do interlocutor, mesmo que o conteúdo seja similar.
R: O voto não deveria ser obrigatório.
Arg. 1 – A maioria dos cidadãos já vota conscientemente: quase 80%.
Arg. 2 - São poucos, mesmo agora, os que votam conscientemente: apenas 30%.
Exemplo:
Texto 1 – Caio Domingues & Associados
Nós trabalhamos com ideias. As ideias não têm cheiro, mas algumas são percebidas de longe. As ideias não têm tamanho, mas algumas ocupam bibliotecas. As ideias não têm duração, mas algumas não morrem jamais. Nós trabalhamos com algumas ideias. Ideias que entrem por um ouvido e não saiam pelo outro. Ideias que acendam a imaginação. Ideias que sensibilizem as pessoas e logo se transformem em ações. 
É um perigo trabalhar com ideias. Tem gente que morre de medo. Mas quando a ideia é boa, consciente e cheia de graça, a maioria gosta que se enrosca. E nós ficamos recompensados. Há 10 anos que estamos nesta luta e quase não temos reclamações. Felizmente, enquanto houver homens, macacos e outros bichos na face da terra, haverá ideias. Melhor que uma boa ideia, só outra boa ideia.

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