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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER Credenciado pela Portaria no 688 de 25/05/2012 CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL - BACHARELADO - MODALIDADE À DISTÂNCIA – Aluno: Otávio Resende Duarte Prof: Jéssica Trevizani CARMÓPOLIS DE MINAS, 2023 CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER Credenciado pela Portaria no 688 de 25/05/2012 ATIVIDADE EXTENSIONISTA I - SANEAMENTO Tratamento de Efluentes Cidade: Carmópolis de Minas CARMÓPOLIS DE MINAS, 2023 Resumo: O trabalho sobre tratamento de efluentes aborda estratégias e técnicas utilizadas para purificar efluentes, visando a minimização do impacto ambiental. Destacam-se os pontos de caracterização dos efluentes, pré-tratamento, tratamentos primários e secundários, controles ambientais e normativas, desafios e inovações. 1. - INTRODUÇÃO O aumento da industrialização e urbanização nas últimas décadas resultou em um crescimento significativo na geração de efluentes, resultando em desafios complexos para a preservação ambiental e a saúde pública. O descarte inadequado desses efluentes pode resultar em sérios impactos nos corpos d'água, no solo e nos ecossistemas, ameaçando a biodiversidade e comprometendo a qualidade da água. Nesse cenário, o tratamento de efluentes surge como uma ferramenta essencial para mitigar os impactos negativos associados à liberação descontrolada desses efluentes no meio ambiente. Tal processo visa remover poluentes e contaminantes presentes nos efluentes, promovendo a conformidade com padrões ambientais. A complexidade dos efluentes demanda abordagens variadas e adaptáveis ao seu tratamento. A caracterização e a compreensão da composição desses efluentes é fundamental para se selecionar telecnologias eficazes de tratamentos e também aplicação de estratégias para o atendimento de requisitos normativos. O processo de tratamento de efluentes geralmente se inicia com o pré- tratamento, onde são removidos sólidos grosseiros e ocorre a equalização da carga orgânica. Em seguida, são aplicadas técnicas primárias, como sedimentação e flotação, para a remoção de sólidos suspensos. A etapa seguinte, tratamento secundário, muitas vezes baseia-se em processos biológicos que utilizam microrganismos para decompor compostos orgânicos. Em estágios avançados, o tratamento terciário adota métodos mais especializados, incluindo processos físico- químicos e filtração, para remover impurezas residuais e garantir a conformidade com os padrões mais rigorosos. Além de cumprir as exigências regulatórias, a busca por soluções inovadoras e sustentáveis é uma tendência crescente no campo do tratamento de efluentes. O reúso de efluentes tratados, por exemplo, representa uma abordagem eficiente para otimizar o uso dos recursos hídricos. A região do centro oeste de Minas Gerais, onde se localiza a cidade de Carmópolis de Minas, possui muitas cidades pequenas que não possuem sistemas adequados de tratamentos de efluentes, sendo estes despejados em rios e corpos d’água que cortam a região. 2. – OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho é uma compreensão prática e aprofundada dos processos envolvidos no tratamento de efluentes, destacando a importância dessa atividade para a preservação ambiental e a sustentabilidade. 2.1 – Objetivos Específicos Os objetivos específicos deste trabalho são: Compreender o processo de tratamento de efluentes, Conhecer tecnologias utilizadas durante o tratamento, Conhecimento de normas e regulamentações, Interação com profissionais da área, Propor algum tipo de melhoria no processo de tratamento de efluentes. 3. - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A revisão bibliográfica sobre tratamento de efluentes destaca uma variedade de abordagens, tecnologias e desafios enfrentados na gestão eficiente desses resíduos líquidos. Os principais temas abordados são situação do saneamento, legislação e normas pertinentes ao tratamentos de efluentes, impactos ambientais devido ao descarte indevido de resíduos, principais tratamentos de efluentes e parâmetros mensurados. 3.1 Situação do Saneamento no mundo. Embora o Brasil tenha feito progressos significativos nas últimas décadas, ainda existem desafios consideráveis em termos de cobertura de saneamento básico. Muitas áreas, especialmente em regiões mais remotas, enfrentam dificuldades para acesso a serviços essenciais como água potável e tratamento de esgoto. O acesso à água potável, por exemplo, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2019, a cobertura de abastecimento de água no Brasil estava em torno de 94%. No entanto, a qualidade do serviço e a regularidade do abastecimento podem variar significativamente entre as regiões. Em relação ao tratamento de esgoto, os números eram menos favoráveis. A cobertura de esgotamento sanitário estava em cerca de 55%, indicando que uma parte substancial da população brasileira não tinha acesso adequado ao tratamento de esgoto. A região centro oeste de Minas Gerais é composta em sua grande maioria por cidades de pequeno porte, onde níveis de acesso à água potável e esgotamento sanitário estão dentro da média nacional. Segundo dados do IBGE Cidades (2010), a cidade de Passa Tempo, por exemplo, apresentava cerca de 73% das residências com esgotamento sanitário adequado. Este nível é semelhante a cidade vizinha de Carmópolis de Minas, onde 73,2% das residências apresentam esgotamento sanitário adequando. 3.2 Legislações e Normas pertinentes Tratamento e descarte de Efluentes Lei Federal nº 9.433/1997 - Lei das Águas: Estabelece a Política Nacional de Recursos Hídricos e define a gestão integrada dos recursos hídricos, incluindo o controle da poluição e a proteção dos corpos d'água. Resolução CONAMA nº 430/2011: Define os critérios e padrões de lançamento de efluentes em corpos d'água, estabelecendo limites máximos para diversos parâmetros, como demanda bioquímica de oxigênio (DBO), sólidos suspensos, metais pesados, entre outros. Resolução CONAMA nº 357/2005: Estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes em corpos d'água superficiais, classificando essas águas quanto aos seus usos preponderantes e definindo limites para diversas substâncias. Lei Federal nº 12.305/2010 - Política Nacional de Resíduos Sólidos: Aborda a gestão integrada de resíduos sólidos, incluindo a destinação adequada de efluentes industriais e urbanos, promovendo a minimização da geração e a busca por alternativas sustentáveis. Lei Federal nº 9.605/1998 - Lei de Crimes Ambientais: Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, incluindo o lançamento inadequado de efluentes. Além das leis federais, estados e municípios podem ter legislações específicas que regulamentam o tratamento e descarte de efluentes, considerando as condições locais e as características das atividades desenvolvidas em seus territórios. Também podem ser citadas as seguintes normas: Norma ABNT NBR 12216/1994: Estabelece procedimentos para o descarte de resíduos líquidos industriais diretamente no sistema público de esgotos, regulamentando questões como pH, carga orgânica e toxicidade. Norma ABNT NBR 9842/1987: Define os procedimentos para o lançamento de efluentes líquidos em corpos d'água, especificando critérios para a qualidade do efluente e limites para diversos parâmetros. 3.3 Impactos Ambientais que podem ser causados pelo descarte de Efluentes sem o devido tratamento. O descarte inadequado de efluentes sem o devido tratamento pode resultar em uma série de impactos ambientais adversos. Esses impactos variam dependendo da composição dos efluentes, do meio ambiente receptor e das características locais. Alguns dos principaisimpactos ambientais incluem: contaminação da água, contaminação e impactos no solo, risco à saúde pública, eutrofização, danos à biodiversidade local e danos estéticos ao meio ambiente. 3.4 Principais Tratamentos de Efluente/Esgoto Sanitários e os poluentes que são removidos em cada operação de tratamento O tratamento de efluentes e esgoto sanitário envolve uma série de etapas e processos que visam remover diferentes tipos de poluentes. Abaixo estão os principais tratamentos e as operações de remoção associadas: • Gradeamento e Desarenamento: Remoção de sólidos grosseiros como pedras, galhos e detritos. • Tratamento Preliminar: Redução adicional de sólidos e materiais flutuantes. • Tratamento Primário (Sedimentação): Separação de sólidos sedimentáveis por meio de decantação. • Tratamento Secundário (Lodos Ativados, Reatores Anaeróbios, Filtros Biológicos, etc.). • Tratamento Terciário (Filtração, Desinfecção): Remoção adicional de sólidos finos, microrganismos patogênicos e nutrientes. • Desinfecção: Eliminação ou inativação de microrganismos patogênicos remanescentes. • Desidratação de Lodo: Redução do teor de água do lodo gerado nos processos anteriores. • Descarte do Efluente Tratado: Lançamento seguro do efluente tratado no meio ambiente ou reúso para fins específicos. Cada etapa do tratamento tem um papel específico na remoção de determinados poluentes, contribuindo para a qualidade final do efluente tratado. É importante notar que a eficiência do tratamento pode variar dependendo do tipo de estação de tratamento, tecnologias empregadas e características específicas do efluente. 3.5 Parâmetros que normalmente são mensurados nos tratamento e seus respectivos valores de referencia para lançamento (Conama 430/2011) De acordo com o Art. 16 da resolução Conama 430/2011, os efluentes de qualquerfonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente no corpo receptor desde que obedeçam as condições e padrões previstos neste artigo, resguardadas outras exigências cabíveis: I - condições de lançamento de efluentes: a) pH entre 5 a 9; b) temperatura: inferior a 40ºC, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor não deverá exceder a 3ºC no limite da zona de mistura; c) materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Inmhoff. Para o lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes; d) regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vez a vazão média do período de atividade diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela autoridade competente; e) óleos e graxas: 1. óleos minerais: até 20 mg/L; 2. óleos vegetais e gorduras animais: até 50 mg/L; f) ausência de materiais flutuantes; e g) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO 5 dias a 20ºC): remoção mínima de 60% de DBO sendo que este limite só poderá ser reduzido no caso de existência de estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às metas do enquadramento do corpo receptor. 4. – METODOLOGIA A realização deste trabalho foi feita através de visita na ETE Várzea das Palmeiras no município de Carmópolis de Minas - MG e entrevista com o responsável pela ETE Cássio Mendes do Serviço de Saneamento Ambiental Municipal de Carmópolis de Minas. 5. –RESTULTADOS O resultado do trabalho de tratamento de efluentes revelou-se promissor e significativo, destacando a eficácia das estratégias adotadas para mitigar os impactos ambientais associados à descarga de resíduos líquidos. As abordagens empregadas, que incluíram métodos físicos, químicos e biológicos, demonstraram sua capacidade de remover substâncias poluentes de forma eficiente. 5.1 – Caracterização do Município O município de Carmópolis de Minas está localizado na região centro-oeste do estado de Minas Gerais. De acordo com o IBGE (Censo 2022), sua população é de 18003 habitantes, com uma densidade demográfica de 45,01 habitantes por quilômetro quadrado. Ainda de acordo com o IBGE (Censo 2010), Carmópolis conta com 73,2% dos domicílios com esgotamento sanitário adequado e 45,6% de vias públicas arborizadas. O IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) em Carmópolis é de 0,700 em últimos dados divulgados (IBGE Cidades, 2010). O salário médio mensal do carmopolitano (IBGE Cidades, 2021) é de 1,8 salários mínimos, sendo que 21,20% da população do município é registrada com trabalho formal. A principal atividade econômica do município é a agricultura, em especial o plantio e cultivo de tomates. Também há instalada no município uma fábrica de grande porte de embalagens descartáveis (copos, bandejas, entre outros). Carmópolis de Minas está inserida na bacia hidrográfica do rio Pará. O Rio Pará tem sua nascente no município de Resende Costa, região Campo das Vertentes, e conta com uma extensão de aproximadamente 365 km até a sua foz no rio São Francisco (CBH Rio Pará, 2023), sendo este um importante contribuinte para hidrelétrica de Três Marias. O município de Carmópolis conta com um Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), datado do ano de 2014. No PMSB de Carmópolis consta informações detalhadas como caracterizações, mapeamentos e dados de toda a estrutura do município sobre captação e tratamento de água, tratamento de efluentes, escoamento pluvial e coleta de resíduos. 5.2 - Diagnóstico do atual sistema de tratamento O tratamento de efluentes na ETE Várzea das Palmeiras é feito com tratamento premilinar seguido de lagoa facultativa. A localização da ETE se encontra às margens da rodovia Fernão Dias, sentido São Paulo, próximo ao perímetro urbano do município. O processo de tratamento dos efluentes sanitários na ETE ocorre da seguinte forma: Tratamento preliminar, Elevatória de esgoto, Reator anaeróbio UASB, Leito de secagem, Lagoa facultativa e finalmente ocorre o lançamento no corpo receptor. Tratamento preliminar (Figuras 01 e 02): composto por sistema de gradeamento para retenção de sólidos grosseiros (sacos plásticos, latas, preservativos, absorventes íntimos, entre outros), seguido de caixa de areia para retenção e sedimentação de sólidos menores. Logo a seguir conta com calha Parshall, controlando o fluxo e leitura de vazão da ETE. Figura 01 – Tratamento Preliminar Fonte: Autor Figura 02 – Tratamento Preliminar Fonte: Autor Elevatória de esgoto (Figura 03): tem como finalidade enviar o esgoto ao reator anaeróbico. Conta com poço de sucção e bomba submersível para o envio do esgoto. Figura 03 – Elevátoria de esgoto Fonte: Autor Reator anaeróbio UASB (Figuras 04 e 05): UASB, do inglês Upflow Anaerobic Sludge Blanket é um tipo de reator que tem por objetivo promover o tratamento físico através da sedimentação dos sólidos em suspensão e o tratamento biológico através da digestão biológica da matéria orgânica solúvel e particulada presente nos esgotos. Nas reações bioquímicas são formados gases dentre eles o metano e carbônico, resultante do processo de fermentação anaeróbia. Figura 04 – Reator anaeróbio Fonte: Autor Figura 05 – Modelo de reator anaeróbio UASB Fonte: Senac SP Leito de secagem (Figura 06): tem o objetivo de promover a desidratação dos lodos gerados na ETE vindos do reator uasb. O líquido sai pela parte inferior da camada de lodo onde um sistema de drenagem, composto de material drenante, disposto no fundo destes leitos permite a passagem de líquidos, que volta ao início do tratamento, e retendo em sua superfície superior o material sólido. Após a secagem os resíduos restantes são conduzidos para o aterro sanitário municipal. Figura 06 - Leito de Secagem Fonte: Autor Lagoa facultativa (figura 07): tratamento secundário ou biológico onde o DBO solúvel e finalmente particulado será estabilizado por processosaeróbios através de bactérias dispersas no meio líquido, ao passo que a DBO suspensa com tendência à sedimentação, será estabilizada por bactérias anaeróbias e facultativas no fundo da lagoa. O oxigênio requerido pelas bactérias aeróbias é suprido pelas algas. Após esse processo o efluente é finalmente lançado no ribeirão Japão Grande (corpo receptor), que desagua no rio Pará. Figura 07 – Lagoa Facultativa Fonte: Autor Figura 08 – Fluxograma das etapas de funcionamento da ETE Fonte: Autor 5.3 – Prognóstico com sugestões de melhoria A ETE Várzea das Palmeiras apresenta todas as etapas básicas de um funcionamento de uma ETE adequada para o município. Não foi possível a visita ao laboratório do Serviço de Saneamento Ambiental Municipal de Carmópolis de Minas, mas em conversa com o entrevistado, o mesmo relatou que a ETE atende atualmente a regulamentação ambiental vigente. Os índices de DBO são de aproximadamente 90%, temperatura no lançamento em aproximadamente 36,8°e pH em 5,9. A lagoa facultativa tem um comprimento de aproximadamente 151 metros e 51 metros de largura. Sua profundidade é de 1,50 metros com vazão média de aproximadamente 9,5 l/s. Possíveis melhorias que poderiam serem feitas na ETE Várzea das Palmeiras poderiam ser: aproveitamento dos gases gerados pelo reator anaeróbio para geração de energia para alimentação de equipmentos elétricos da própria ETE (moto-bomba por exemplo) e um possível estudo para incentivo e uso dos resíduos Efluente não Tratado Tratamento Preliminar Elevatória de Esgoto Reator anaeróbio UASB Leito de Secagem Lagoa Facultativa Lançamento no corpo receptor sólidos gerados no leito de secagem para uso como adubo agrícola. Figura 09 – Fluxograma das etapas de funcionamento da ETE com melhorias Fonte: Autor Efluente não Tratado Tratamento Preliminar Elevatória de Esgoto Reator anaeróbio UASB Leito de Secagem Lagoa Facultativa Lançamento no corpo receptor Aroveitamento do gases do reator Aroveitamento do gases do reator 6 – CONCLUSÕES Em conclusão, este trabalho proporcionou uma visão abrangente sobre a gestão e tratamento de efluentes, um aspecto crucial na preservação do meio ambiente e na sustentabilidade. Foram exploradas tecnologias e métodos de tratamento de efluentes, desde processos físicos até abordagens biológicas, como reatores anaeróbios. Em síntese, o tratamento eficaz de efluentes é um componente vital para promover a qualidade da água, preservar ecossistemas aquáticos e atender às demandas crescentes da sociedade por práticas sustentáveis.