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Caso concreto 9

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Caso concreto 9
 Aconteceu nas férias 
 
 Finalmente de férias. Ana Maria colocou o biquíni de bolinha amarelinha e seguiu Marcelo direto para a praia. E qual não foi sua surpresa ao descobrir que no final da praia num canto aprazível, cercado de palmeiras e jangadas que saiam e chegavam cheinhas de peixes, havia uma praia de naturismo. Isso mesmo. Tudo mundo nu em pelo. Ana Maria desviou o olhar, meio sem graça. Mas, não pode evitar o constrangimento quando Marcelo gritou para que tirasse o biquíni e o acompanhasse até o local onde todos se divertiam a valer completamente pelados, pois era costume
 Imediatamente Ana Maria lembrou-se do disposto no art. 233 do Código Penal:
 “Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa”.
 E agora, o que fazer? Ana Maria está diante de uma grande dúvida. 
 Várias questões surgiram em sua mente. 
 São elas:
 A prática de naturismo pode ser entendida como costume jurídico?
 O naturismo não pode ser entendido como costume, por não reunir os dois elementos essenciais, quais sejam: objetivo – prática reiterada da conduta e subjetivo – convicção da obrigatoriedade. Assim, o naturismo pode até ser entendido como um costume social dependendo da moral social, mas não jurídico.
 
 
 Em que espécie de costume se enquadra o naturismo?
 Costume contra legem, uma vez que sua prática viola preceito do artigo 233 do Código Penal. Sua admissibilidade dá-se em razão do reconhecimento de pessoas com estilos de vida diferentes, que também precisam ser tutelados, desde que tais comportamentos não violem a ordem pública, daí a delimitação de um espaço para que tal prática seja realizada.
 
 O artigo 233 do Código Penal foi revogado pelo costume? E por alguma decisão do STJ?
 Não. Os costumes contra legem não podem revogar lei. Uma lei somente pode ser revogada por outra lei, conforme preceitua o artigo 2° da LICC. Pela decisão do STJ também não, pois decisão judicial não revoga lei, somente as declaratórias de inconstitucionalidade.
 Pode o costume revogar a lei?
 Levando em consideração o fato do nosso direito apresentar uma origem romano-germânica, caracterizando o sistema legalista, temos que nosso o primado é da lei. Neste sentido a LICC, no seu art. 2º, estabelece que uma lei só pode ser revogada por outra.

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