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Ponto 1 - Comercial

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PONTO 01
Direito Comercial: Direito Comercial. Origem. Evolução Histórica. Autonomia. Fontes. Características. Teoria da Empresa. Correlação e Distinção entre os Conceitos de Empresário, de Empresa e de Estabelecimento.
	- Origem, evolução, conceito, autonomia e fontes do direito empresarial.
	- O Direito Comercial e as Corporações de Ofício
	O comércio em si, existe desde a antiguidade. Povos antigos, como os fenícios, destacaram-se no exercício desta atividade. Contudo, apesar de tal atividade, não se podia ainda falar em um direito comercial, com regras e princípios próprios. Assim, o Direito Comercial (na origem mercantil) só começa a ter forma na Idade Média. Segundo André Santa Cruz, as regras comerciais utilizadas em Roma faziam parte do direito comum, ou seja, do direito civil, e não de um ramo específico do direito, voltado apenas para o comércio.
	Foi, portanto, na idade média que o comércio atingiu um estágio mais avançado, não sendo mais uma característica apenas de alguns povos, mas de todos eles. É nessa época que se costuma apontar o surgimento das raízes do direito comercial. Fala-se, então, na primeira fase desse ramo do direito. É a época do renascimento das cidades ("burgos") e do comércio, sobretudo o marítimo.
	Ocorre que na Idade Média o poder era muito descentralizado, não havendo um poder político central forte capaz de impor regras gerais a aplicá-las a todos. Sendo o poder descentralizado, surgiram diversos "direitos locais", nas diversas regiões da Europa. Em contrapartida, ganhava força o Direito Canônico, o qual repudiava o lucro, não atendendo, portanto, aos interesses da classe burguesa, que ganhava força. Assim, a classe burguesa, formada por comerciantes ou mercadores, teve que se unir e construir seu próprio "direito", a ser aplicado nos conflitos que passaram a eclodir com a atividade mercantil cada vez mais forte. Sendo assim, as regras do direito comercial foram surgindo da própria dinâmica negocial. 
	É nesse cenário de primeira fase que surgem as Corporações de Ofício, assumindo relevante papel na época, ganhando uma certa autonomia em relação à nobreza feudal da época. Essas corporações de ofício eram grupos profissionais dos mercadores, que surgem com o incremento do comércio, passando a tutelar os interesses de seus membros em face da impotência do Estado.
	Na primeira fase, portanto, o direito comercial compreende os usos e costumes mercantis observados na disciplina das relações jurídico-comercial entre aqueles que exerciam o mesmo ofício e se reuniam em associações ou corporações. Em razão da impotência do Estado, o direito comercial (formado, como já dito, pelos usos e costumes mercantis da época) não tinha nenhuma participação Estatal. Eram as próprias corporações que ao elaborarem seus estatutos, para reger os seus interesses, estatutos esses que se baseavam nos costumes mercantis, e eram considerados o direito comercial da época. Em razão disso, alguns autores falam que nessa época as normas de direito comercial eram "pseudo-sistematizadas", ou "codificação privada" do Direito Comercial.
	Completa André Santa Cruz Ramos, que é nessa época que começa a cristalizar o direito comercial, deduzido de regras corporativas e, sobretudo, dos assentos jurisprudenciais das decisões dos cônsules, juízes designados pela corporação, para, em seu âmbito, dirimirem as disputas entre comerciantes.
	Outra característica dessa fase inicial do direito comercial é o seu caráter subjetivista, pois o direito comercial era o direito dos membros das corporações, ou um direito a serviço do comerciante. Assim, era a qualidade do sujeito o critério que determinava a competência para a aplicação das regras comerciais. Dito de outra forma, o direito comercial era um direito de classe, profissional, com base subjetivista, produzido espontaneamente a partir dos usos e costumes resguardados nos estatutos dos mercadores. Portanto, bastava que uma das partes de uma determinada relação fosse comerciante que seriam aplicadas as regras de direito comercial (ius mercatorum), em detrimento dos demais direitos.
	Por fim, cabe colocar que o direito comercial, nessa sua primeira fase, rompe com a teoria contratual cristalizada pelo direito romano. Perde espaço a solenidade na celebração das avenças, e surge, triunfante, o princípio da liberdade na forma de celebração dos contratos. O que temos, portanto, é que com o surgimento do direito comercial há uma derrogação do direito comum tradicional, pois o direito comercial é direito específico, peculiar a uma determinada classe social, e disciplinador da nova realidade econômica que emergia.
	- A Codificação Napoleônica e a Teoria dos Atos de Comércio
	 O comércio, com o decorrer do tempo, foi se intensificando progressivamente, sobretudo em função das feiras e dos navegadores. Sendo assim, o direito comercial também evolui, e as questões do direito comercial que antes se restringiam aos membros das corporações, passam a ser aplicadas também aos não membros das corporações, mas quando apenas uma das partes é membro, e se trata de questões atinentes ao comércio. Ainda, as normas especiais mercantis também passaram a ser aplicadas por Tribunais "comuns", e não mais tribunais ligados às corporações, quando se tratavam de questões ligadas à matéria do comércio.
	Juntamente com essa evolução, os Estados começaram a se tornar grandes monarquias, sendo que os monarcas começam a submeter seus súditos a um direito posto, aplicável a todos, diferentemente do direito comercial até então estudado, o qual não continha a atuação estatal, como já visto, por isso chamado de "Codificação Privada".
	Assim, em 1804 e 1808 surgem, respectivamente, o Código Civil e o Código Comercial, da França. É aqui que o direito comercial inaugura a sua segunda fase. É a fase onde se pode falar em um sistema jurídico estatal, destinado a regular as relações jurídico-comerciais. Assim, o que antes era um direito de classe, transforma-se em um direito do Estado. Desaparece, portanto, um direito comercial como direito profissional e corporativista.
	O que a codificação napoleônica faz é separar o direito privado: de um lado o Direito Civil, e de outro o Direito Comercial. Essa divisão, com dois corpos de leis a reger as relações jurídicas entre particulares, cria a necessidade de estabelecer um critério que delimitasse a incidência de cada um desses ramos do direito. Na verdade, sendo o direito comercial um ramo novo, feito para regular as atividades mercantis, o que se buscava, de fato, era a delimitação de aplicação desse novo ramo. Assim, a doutrina francesa criou a Teoria dos Atos de Comércio, que tinha como uma de suas funções essenciais, a de atribuir, a quem praticasse os denominados atos de comércio, a qualidade de comerciante, o que era pressuposto para a aplicação das normas de Direito Comercial. Dessa forma, aqueles que praticavam os denominados atos de comércio eram julgados de acordo com o Código Comercial pelos Tribunais de Comércio, enquanto para os demais, que não praticavam atos de comércio, as causas civis eram resolvidas nos Tribunais próprios.
	Dessa forma, o direito comercial regularia as relações jurídicas que envolvessem a prática de alguns atos definidos em lei como atos de comércio. Não envolvendo a relação tais práticas, a relação seria regida pelas normas de Direito Civil.
	Se era a lei que tratava em disciplinar o que era considerado ato de comércio, esta podia ser feita de duas formas: pelo sistema enumerativo, onde a lei elenca os atos de comércio, podendo ser taxativos ou exemplificativos, ou sistema descritivo, onde a lei dispõe a respeito das características do ato de comércio, conceituando-o.
	***Ademais, é nessa segunda fase do direito comercial que ocorre uma importante mudança com referência à mercantilidade, pois se na primeira fase a atividade mercantil era definida pela qualidade do sujeito (subjetivismo, ou seja, o direito comercial era o direito aplicável aos membros das Corporaçõesde Ofício), a segunda fase, agora analisada, passa a tratar a mercantilidade pelo seu objeto (atos de comércio). É a aplicação do sistema objetivo, em substituição ao sistema subjetivo até então aplicado, pois agora não importa quem pratique o ato, desde que seja considerado pela lei, seja no sistema enumerativo ou descritivo, como ato de comércio. Em razão disso é que os doutrinadores afirmam que a codificação napoleônica operou uma objetivação do direito comercial (aplicação do princípio da igualdade).
	O Direito Francês, contudo, não conseguiu erigir uma teoria coerente dos atos de comércio, ou seja, nunca se conseguiu definir o que sejam efetivamente os atos de comércio, a qual pouco a pouco veio a ser abrandada ou abandonada em favor de outros fundamentos, entre eles o retorno ao subjetivismo, referenciado à pessoa do empresário.
	Outro problema verificado pela doutrina comercialista na aplicação da teoria dos atos de comércio, era o referente aos chamados atos mistos (ou unilateralmente comerciais), aqueles que eram comerciais para apenas uma das partes (na venda de produtos aos consumidores, por exemplo, onde era ato de comércio para o comerciante vendedor, e civil para o adquirente). Nesses casos, aplicava-se o Direito Comercial para a solução de eventual conflito, em razão da vis atractiva do direito comercial.
	Não obstante tais críticas, a teoria dos atos de comércio foi aplicada por quase todas as codificações oitocentistas, inclusive a do Brasil, no CCOM de 1850. Contudo, a insuficiência da teoria dos atos de comércio forçou o surgimento de outro critério identificador do âmbito de incidência do direito comercial.
	
	- O Codice Civile Italiano de 1942 e a Teoria da Empresa
	A noção do direito comercial fundada exclusiva ou preponderantemente na figura dos atos de comércio, com o passar do tempo foi se mostrando ultrapassada, principalmente no período pós Revolução Industrial, onde diversas outras atividades econômicas relevantes surgiram, sendo que muitas não se encaixavam no conceito de ato de comércio, ou mercancia.
	Assim, em 1942 a Itália edita um novo Código Civil, trazendo um novo sistema delimitador da incidência do direito comercial: a Teoria da Empresa. Além disso, o novo Código Civil italiano promove uma unificação formal do direito privado, disciplinando as relações civis e comerciais num único diploma legal. Dessa forma, o direito comercial entra em sua terceira fase, superando o conceito de mercantilidade e adotando o conceito de empresarialidade, como delimitador da incidência das regras jurídico-comerciais. Cabe salientar, que a unificação provocada pelo Codice Civile italiano foi de caráter meramente formal, pois o direito comercial, apesar de não mais possuir um instrumento legislativo próprio, continuava a possuir sua autonomia didático-científica, bem como os princípios que lhe são próprios.
	O que deve ser observado, é que com a adoção pelo Código Civil italiano da teoria da empresa, o direito comercial deixa de ser um direito do comerciante, como era na primeira fase, na época das corporações de ofício, o período subjetivista, ou um direito dos atos de comércio, na segunda fase, um direito objetivista, que predominou no Código Napoleônico de 1808.
	Para a teoria da empresa, o direito comercial não se preocupa a regular apenas as relações jurídicas em que ocorra a prática de determinados atos, os atos de comércio. Se preocupa, a teoria da empresa, com uma forma específica de exercer uma atividade econômica: a forma empresarial. Assim, qualquer atividade econômica, exercida profissionalmente e destinada a produzir ou fazer circular bens ou serviços, é considerada empresarial e pode submeter-se ao regime jurídico empresarial.
	- O Direito Brasileiro e o Direito Comercial
	Como já disposto anteriormente, o Brasil, na edição de seu Código Comercial de 1850, adotou a Teoria dos Atos de Comércio, por influência do Sistema Francês, até então predominante na época. Contudo, com o surgimento do código civil italiano de 1942, paulatinamente começou a se perceber uma aproximação doutrinária e jurisprudencial à teoria da empresa, abandonando-se a teoria dos atos de comércio. Na verdade, até mesmo a legislação específica já começou a abandonar a teoria dos atos de comércio para engajar-se à teoria da empresa. Um exemplo de tal fato é o CDC de 1990, onde o conceito de fornecedor é bem amplo, englobando todo e qualquer exercente de atividade econômica no âmbito da cadeia produtiva, aproximando-se do conceito de empresário, e distanciando-se do conceito de comerciante.
	A transição completa acontece com a edição do novo Código Civil de 2002, onde se abandona a teoria dos atos de comércio e adota-se a teoria italiana da empresa, albergando o conceito de empresarialidade para delimitar o âmbito de abrangência do regime jurídico-comercial. Ainda, adotando o sistema italiano, o novo CC buscou uma maior unificação - ainda que formal - entre o direito privado, sendo que o CCOM de hoje apenas conta com a sua segunda parte, que trata do comércio marítimo.
	Portanto, não se fala mais em comerciante, como aquele que pratica determinados atos definidos como de comércio, mas agora, fala-se em empresário, o qual, segundo o art. 966 do CC, é o que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens e serviços.
	
	- Conceito, Fontes e Autonomia
	Como conceito, podemos estabelecer que o Direito Empresarial é o ramo jurídico independente, autônomo e especial, destinado à regulação das atividades econômicas e de seus agentes produtivos.
	O Direito Empresarial é um regime jurídico especial de direito privado destinado à regulação das atividade econômicas e dos seus agentes produtivos; sendo regime especial, contempla todo 	um conjunto de normas específicas que se aplicam aos agentes econômicos, antes chamados de comerciantes, agora empresários (individuais e sociedades). 
	Por possuir, portanto, normas específicas aplicáveis aso empresários – o que o caracteriza como regime especial -, é autônomo em relação aos demais ramos do direito, mormente o direito civil. Contudo, André Luiz Santa Cruz Ramos coloca que isso não significa que o direito empresarial e o direito civil sejam absolutamente distintos e contrapostos, pois sendo ambos ramos do direito privado possuem, não raro, institutos comuns, sendo que o direito civil também serve, em algumas hipótese, para suprir as lacunas existentes no direito empresarial.
	Mesmo com essa aproximação (que também ocorre no âmbito da unificação da legislação no âmbito do CC de 2002, já ocorrida no Código Civil Italiano de 1942 – unificação formal), não se pode negar a autonomia do direito empresaria, com suas regras, princípios e institutos próprios, como, por exemplo, a falência, títulos de crédito, limitação da responsabilidade dos sócios da sociedade limitada e por ações etc. 
	Como forma de fortalecer o argumento da autonomia do direito empresarial/comercial, importante lembrar o art. 22, I, da CF, que dá competência privativa à União para legislar sobre direito civil e comercial. Também o art. 2.037 do CC. 
	Sobre as características fundamentais do direito empresarial que o distinguem sobremaneira do direito civil (cosmopolitismo; onerosidade; informalismo; fragmentarismo), ver André, novo, pg. 19.
	Em relação às fontes, a mais importante fonte são as normas empresariais, entre elas o próprio código civil que trata da matéria nuclear do direito empresarial, bem como as normas específicas, como a Lei 11.101/05; Lei 6.404/76; Lei Uniforme de Genebra – letras de câmbio e notas promissórias -; Lei 7.357/85, que cuida dos cheques; 5.474/68, que cuida das duplicatas; Lei 9.279/76 (propriedade industrial).
	Além das fontes positivadas, também os usos e costumes mercantis são considerados fontes do direito empresarial. Não esquecendo das características dos usos e costumes: (a) uniforme; (b) constante; (c) observados por certo período de tempo; (d) exercidosde boa-fé; (e) não pode ser contra a lei.
	
	- Empresa e empresário
	O Direito de Empresa vem disciplinado no CC, nos arts. 966 ao art. 1.195. Como é sabido, o Direito Empresarial passa, inevitavelmente, pelo conceito do que é empresa e de quem é empresário. O CC, na verdade, não define o que é empresa. Contudo, define, em seu art. 966, quem é empresário. Cumpre salientar que a definição trazida pelo CC adota a Teoria da Empresa, colocando como empresário
quem exerce [explora] profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens e serviços
	Portanto, ao definir empresário, está definindo também o que é empresa, sendo essa sinônimo de atividade empresarial (empresa = atividade empresarial), sendo que tal atividade é organizada pelo empresário. Dessa forma, pode-se dizer que empresa é a atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens e serviços. Sendo o empresário aquele que exerce profissionalmente tal atividade (empresário: aquele que exerce profissionalmente a atividade empresarial/empresa). Empresa, portanto, é atividade, algo em abstrato, sendo que o empresário, como aquele que exerce (explora) profissionalmente a empresa, é o sujeito de direitos (empresário = sujeito de direitos, e não a empresa, que é sinônimo de atividade, no caso, atividade empresarial). Assim, quem é sujeito de direitos é o titular da empresa, é aquele que exerce a empresa, o empresário, que pode ser pessoa física (empresário individual) ou jurídica (sociedade empresária). Portanto, sendo empresa um conceito abstrato, não se pode confundir, por exemplo, empresa com sociedade empresária, pois como já referido, esta é uma pessoa jurídica que exerce a empresa, ou seja, que exerce uma atividade econômica organizada. Portanto, empresa não possui personalidade jurídica. Ademais, como se verá adiante, não se pode confundir empresa com estabelecimento empresarial, pois este é o complexo de bens que o empresário usa para exercer a empresa, isto é, para exercer uma atividade econômica organizada.
	Com relação ao art. 966, podemos trazer alguns requisitos essenciais (elementos indispensáveis) para que se possa configurar o empresário. Vejamos.
Profissionalismo: deve, primeiramente, haver um caráter de habitualidade na atividade econômica. Portanto, aquele que realiza tarefas de modo esporádico, não pode ser considerado empresário. Outro aspecto do profissionalismo é a pessoalidade. O empresário, no exercício da atividade empresarial, deve contratar empregados [que são os prepostos do empresário]. São estes que, materialmente falando, produzem ou fazem circular bens ou serviços. O requisito da pessoalidade explica porque não é o empregado que é considerado empresário. Segundo Ulhoa, enquanto o empresário, na condição de profissional, exerce atividade empresarial pessoalmente, os empregados, quando produzem ou circulam bens ou serviços, fazem-no em nome do empregador. Além disso, o empresário também detém o monopólio das informações sobre o produto ou serviço objeto de sua empresa, ou seja, as informações sobre bens ou serviços que oferece ao mercado são de conhecimento do empresário. A questão do monopólio das informações, é que caracteriza sobremaneira o seu profissionalismo.
Atividade: Se o empresário é o exercente profissional de uma atividade econômica organizada, então, como já dito, Empresa é uma atividade (econômica e organizada), de produção ou circulação de bens ou serviços. Assim, a empresa enquanto atividade, não se confunde com o sujeito de direito que a explora, o empresário (que pode ser PJ ou PF). É o empresário que irá falir, que irá importar mercadorias, etc., e não a empresa. Ademais, também não se pode confundir a empresa, que é atividade, com o local onde tal atividade é realizada, que é o estabelecimento comercial, como já visto.
Econômica: A atividade empresarial é atividade econômica no sentido que busca gerar lucro, ou seja, tem como objetivo a busca pelo lucro. Se determinada atividade não busca o lucro, está fora do conceito de empresa, e aquele que a exerce também não pode ser considerado empresário, por óbvio. Ex.: associação, fundações. 
Organizada: A empresa é uma atividade econômica organizada no sentido de que nela (atividade econômica) se encontram articulados, pelo empresário, os 4 fatores de produção: Capital; Mão-de-obra; Insumos; Tecnologia. Ulhoa Coelho afirma que aquela pessoa que não organizar os 4 fatores de produção, não pode ser considerada empresária. Dessa forma, aquela pessoa que não possui empregados, não é empresária, pois não organiza mão-de-obra, fator de produção essencial, segundo o autor, para haver a atividade empresaria. Contudo, Cruz Ramos dispõe que hodiernamente essa ideia fechada de que a organização dos fatores de produção é absolutamente imprescindível para a caracterização do empresário vem perdendo força no atual contexto da economia capitalista. Um exemplo são as microempresas, as quais, quando não raro, exercem atividade empresarial única e exclusivamente com trabalho próprio. O bolicho/mercadinho familiar também é um exemplo dessa situação. Assim, quando se diz que a atividade deve ser organizada, deve ser entendida essa organização em sentido amplo, isto é, de molde a considerar "organizada" toda a atividade realizada de modo profissional, que não seja improvisada, de produção ou circulação de bens e serviços.
Produção de Bens ou Serviços: Produção de bens é a fabricação. Assim, toda atividade industrial é empresarial. Por outro lado, a produção de serviços é a prestação de serviços.
Circulação de Bens ou Serviços: Circulação de bens é a atividade do comércio, enquanto a atividade de circulação de serviços é atividade de intermediação de serviços, como, por exemplo, uma agência de viagens.
A afirmação de que a atividade empresarial é a de produção e circulação de bens e serviços, demonstra a adoção da Teoria da Empresa, na qual, qualquer atividade econômica poderá, em princípio, submeter-se ao regime empresarial, bastando que seja profissionalmente exercida, de forma organizada e com fim lucrativo. Portanto, como esclarece Cruz Ramos, a expressão produção ou circulação de bens e serviços, deixa claro que nenhuma atividade econômica está excluída, a priori, do âmbito de incidência do direito empresarial.
	- Atividades Econômicas Civis
	Apesar da teoria da empresa ser a agora adotada no direito empresarial, o que mudou o âmbito de abrangência desse ramo do direito, já foi dito que não houve a supressão da dicotomia entre o regime jurídico civil e empresarial, sendo que a diferença e autonomia entre ambos os ramos continua. Assim, ainda há atividades econômicas (seja praticadas por indivíduos ou sociedades) excluídas da disciplina do direito empresarial, as quais são, portanto, reguladas pelo direito civil, por isso chamadas atividades econômicas civis.
	1) Profissional Intelectual
	A situação dos profissionais intelectuais, também chamados de profissionais liberais, vem disciplinada no p. único do art. 966 do CC, o qual dispõe:
	
Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa [ou seja, constituir, a atividade profissional, parte do objeto da empresa]
	Assim, temos que, em princípio, os profissionais intelectuais (advogados, médicos, professores, etc.) não são considerados empresários, salvo se o objeto da atividade intelectual constituir elemento da empresa. Portanto, no momento em que o profissional liberal dá uma forma empresarial ao exercício de sua atividade, será considerado empresário, sendo regido pelas normas de direito empresarial. Uma característica dessa transformação do profissional intelectual para o empresário, ocorre quando a atividade desse profissional liberal passa de atividade pessoal, para atividade impessoal, ou seja, os serviços profissionaisse impessoalizam, pois são oferecidos por uma organização empresarial. ***Nesse sentido, são os Enunciados 193, 194 e 195, da III Jornada de Direito Civil do CJF, respectivamente:
O exercício das atividades de natureza exclusivamente intelectual está excluído do conceito de empresa
Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores de produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida.
A expressão 'elemento de empresa' demanda interpretação econômica, devendo ser analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, como um dos fatores da organização empresarial
	Deixa claro que se o desempenho do profissional intelectual, isto é, a sua atividade, prevalecer sobre a organização, não há falar em empresário. Quando a atividade desses profissionais perder importância, espaço, para a organização dos fatores de produção, ou seja, quando a organização for mais importante que a atividade pessoal, estamos diante de empresário (ou atividade empresária).
	2) O exercente de atividade rural
	O CC, em seu art. 971, também procurou dar um tratamento diferenciado ao exercente de atividade rural, ao dispor que, como regra, o exercente de atividade rural não precisa se inscrever na Junta Comercial, como estabelece o art. 967 do CC para os empresários. Assim, o 971 estabeleceu que é faculdade do empresário rural a sua inscrição da Junta Comercial. Portanto, aquele que exerce atividade econômica rural poderá ser empresário, mas, para isso, deverá fazer sua inscrição na Junta Comercial. Vejamos o art. 971:
O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
	***Assim, para o exercente de atividade rural, o registro na Junta Comercial tem natureza constitutiva, e não meramente declaratória, como de ordinário. Vejamos o Enunciado 202 do CJF, da III Jornada de Direito Civil:
O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.
	
3) As Cooperativas
	A princípio, uma sociedade será empresarial se preencher os requisitos do art. 966 do CC. Se não preencher tais requisitos, será considerada sociedade simples (regida, portanto, pelas normas de direito civil). É o que dispõe o art. 982 (“Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais”), adiante analisado, salvo exceções expressas que dispõe o contrário. Portanto, é o objeto explorado pela sociedade que define se ela é empresaria ou não. 
	Entre as exceções expressas, isto é, exceções à regra do objeto da atividade da sociedade para defini-la como empresária ou não, temos a Cooperativa. Assim, o p. único do art. 982 coloca que Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. Portanto, o legislador, por uma opção política, considerou a cooperativa sempre uma sociedade simples, pouco importando o tipo de atividade que exerce.
	Questão interessante diz respeito ao órgão em que a cooperativa deve realizar seu registro. Para Ulhoa, por ser sociedade simples, deve ser no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Contudo, nos termos do Enunciado 69 do CJF, as sociedades cooperativas são sociedades simples sujeitas à inscrição nas Juntas Comerciais. A explicação para tanto parte do art. 1.093 do CC, c/c art. 18 da Lei 5.764/71 e art. 32, II, "a", Lei 8.934/94. 
	Pelo contrário, como bem coloca o p. único do art. 982, se toda a sociedade cooperativa é simples, toda a sociedade por ações é empresária, independentemente da atividade que exerce (Também, art. 2º, §2º da Lei das SA). Dessa forma, se, por exemplo, uma determinada sociedade que exerce atividade rural adotar a forma de sociedade anônima, será empresária, não se aplicando a ela a regra do art. 971 e 984, que prevê a faculdade de transformar a sociedade rural de simples em empresária. 
	4) A sociedade de advogados
	Por sua vez, a Lei 8.906 traz, em seus arts. 15 a 17, ao tratar da sociedade de advogados, que a mesma é "sociedade civil de prestação de serviços de advocacia", a qual se submete ao regramento da referida lei. Assim, a sociedade de advogados é sociedade de natureza civil, simples, na dicção do CC, e organizada sob a forma de sociedade em nome coletivo, ou seja, respondem todos os sócios de maneira solidária e ilimitada pelas obrigações sociais.
	Ademais, convém lembrar que a atividade do advogado nunca será considerada, individualmente, uma atividade empresária, por força também da Lei 8.906, ao dispor, em seu art. 2º, §1º, que "A advogado é indispensável à administração da justiça. §1º No seu mister privado, o advogado presta serviço público, e exerce função social." 	
	- Exercício de Empresa
	O CC também estabelece algumas vedações ao exercício da empresa (ou seja, vedações para ser empresário), bem como trata a respeito de alguns detalhes a respeito da atuação do empresário casado. As vedações, segundo Cruz Ramos, são de duas ordens: 1º) proibições estabelecidas pela legislação; 2º) vedações que dizem respeito à capacidade. Nesse sentido, cabe colocar o art. 972 do CC, verbis:
Podem exercer [explorar] a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos
	
	- Impedimentos legais
	O CC não copiou o CCOM que trazia diversos impedimentos legais ao exercício da atividade comercial. Somente há o caso do art. 1.011, §1º, relativo às sociedades simples, mas que se aplica subsidiariamente às sociedades empresárias. Se esse é o único caso do CC, temos que achar os impedimentos legais em legislações esparsas. 
	Cabe salientar que esse tipo de vedação/proibição ao exercício de empresa não ocorre em razão da capacidade da pessoa. Os impedimentos legais, portanto, atingem os legalmente capazes de realizar atos e negócios jurídicos na vida civil, mas o ordenamento jurídico entendeu conveniente lhes vedar o exercício de empresa, sendo que tal vedação tem guarida Constitucional, nos termos do art. 5º, XIII, da CF. Afirma Cruz Ramos, que tais casos de impedimento visam proteger a coletividade, evitando que essa venha a negociar com determinadas pessoas em virtude de sua função ou condição ser incompatível com o exercício da livre atividade empresarial. Diante disso, podemos citar alguns casos:
Falido não reabilitado. Assim o empresário falido somente poderá voltar à atividade empresarial após a reabilitação decretada pelo juiz; 
Leiloeiro (arts. 29 a 36, Decreto 21.982/32);
Funcionários Públicos Federais (art. 117, X, Lei 8.212/90);
Empresas devedoras do INSS. Devedores do INSS; 
Militares da Ativa; 
Magistrados; 
Membros do MP; 
Estrangeiros não-residentes (art. 99, Lei 6.815/80);
Médico, para o exercício simultâneo da medicina e farmácia, ou farmacêutico, para o exercício concomitante com a medicina; 
Corretores (Lei 4.594/64, art. 17, "b"); 
Cônsules, salvo os não-remunerados.
	***É preciso notar o fato de que se trata de proibição para o exercício da empresa (para ser empresário individual), não sendo vedado, pois, que alguns impedidos sejam sócios de sociedades empresárias, uma vez que, nesses casos, quem exerce a atividade empresarial (quem exerce a empresa) é a pessoa jurídica. Ou seja, mais uma vez lembrando, os sócios da sociedade empresária não são empresários. Os sócios das sociedades empresárias são investidores ou empreendedores, de acordo com a colaboração que dão à sociedade.Assim, os impedimentos acima se dirigem aos empresários individuais, e não aos sócios da sociedade empresária.
	No entanto, deve ser observado que a possibilidade de os impedidos participarem de sociedades empresárias (como sócios) não é absoluta, somente podendo ocorrer se forem sócios de (1) responsabilidade limitada e, ainda assim, (2) se não exercerem funções de gerência ou administração.
	Ainda, não se pode olvidar de impedimentos trazidos pela CF, em razão da própria natureza da atividade a ser empreendida. É o disposto nos arts. 176, §1º, e art. 222 da CF. Vejamos:
Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.
§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.
 Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País
	Por fim, é importante mencionar que o impedido de exercer empresa que não observa a vedação, estará sujeito a consequências de caráter administrativo ou penal. No que concerne às obrigações em que envolve o proibido, nenhuma consequência existe, ou seja, não poderá ele, ou quem com ele tenha contratado, liberar-se dos vínculos obrigacionais, de origem legal ou contratual, alegando a proibição do exercício da atividade (não serão, portanto, consideradas nulas) . É o que dispõe o art. 973 do CC:
	Art. 973 A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.	
	- Incapacidade
	Como já mencionado, somente poderá exercer empresa (ser empresário) aquele que é capaz, isto é, quem está no pleno gozo de sua capacidade civil, nos termos do art. 972. Entretanto, o CC traz algumas exceções quanto ao exercício de empresa por incapaz. Vejamos o art. 974 do CC, verbis:
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
§ 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.
§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.
	Diante de tal artigo, algumas considerações. A primeira delas, é que a lei traz norma relativa ao exercício individual de empresa. Assim, temos situações em que o incapaz será autorizado a explorar atividade empresarial individualmente, na condição de empresário individual (pessoa física).
	A segunda observação, e não menos importante, é que as hipóteses em que o incapaz será autorizado a exercer a atividade empresarial, são situações em que o mesmo irá continuar o exercício da empresa, mas nunca que ele inicie o exercício de uma atividade empresarial, pois são as situações: (1) empresa antes exercida pela mesma pessoa, enquanto ainda capaz, isto é, aquele que, posteriormente ao início do exercício da empresa, se torna incapaz; (2) empresa antes exercida pelos pais ou pelo autor da herança, isto é, situação em que o incapaz adquire a titularidade do exercício da atividade empresarial por sucessão causa mortis. É a redação do Enunciado 203 do II Jornada de Direito Civil: O exercício da empresa por empresário incapaz, representado ou assistido, somente é possível nos casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do sucessor na sucessão por morte.
	Ademais, será necessária a autorização do juiz (que concederá um alvará para a continuidade da empresa pelo incapaz), o qual deverá ouvir o MP (art. 82, I, CPC), em procedimento de jurisdição voluntária. Interessante também a redação do §1º do art. 974, onde o juiz deverá verificar a conveniência da continuação da atividade pelo incapaz.
	Como todo caso de incapacidade, o menor será devidamente assistido (incapacidade relativa ) ou representado (incapacidade absoluta). Sobre tal tópico, traz o art. 975:
Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, nomeará [o representante ou assistente], com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes.
§ 1o Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser conveniente.
§ 2o A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados.
	- Empresário Casado
	O CC também trouxe algumas regras referentes ao empresário casado. Regras que se aplicam ao empresário individual, pois, como já falado acima, na sociedade empresária, quem exerce (explora) a empresa é a pessoa jurídica. Dispõe o art. 978:
Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.
	- Estabelecimento
	Estabelecimento ou Fundo de Comércio: conjunto de bens, MATERIAIS e IMATERIAIS, organizados no exercício da atividade empresarial, representando o conjunto de bens indispensáveis à atividade empresarial.
	( nem todo bem do patrimônio faz parte do estabelecimento, mas todo bem do estabelecimento faz parte do patrimônio.” (ex.: lancha em nome da empresa que os sócios utilizam para lazer ( a lancha integra o patrimônio, mas não faz parte do estabelecimento.
	
	O estabelecimento não se confunde com o local de realização da empresa, conforme ressalta o art. 1.142: Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. Esse conjunto de bens poderá ser singular ou plúrimo, quando o empresário exerce a sua atividade em mais de um estabelecimento, o principal (sede) e os secundários (filiais).
	A proteção legislativa do estabelecimento fundamenta-se no reconhecimento de que essa organização tem um valor superior à soma do valor individual de cada bem, pois leva em conta a finalidade desse conjunto, que é o exercício da atividade empresarial. 
	- Natureza Jurídica do Estabelecimento: as eventuais divergências a respeito da natureza jurídica do estabelecimento se situam entre as teorias universalistas, ou seja, se seria uma universalidade de fato ou de direito. Majoritariamente, o entendimento é de que se trata de uma Universalidade de Fato¸ posição que ganha força em razão da redação do art. 1.142 acima destacado, ao definir o estabelecimento como o complexo de bens organizado pelo empresário para o exercício de sua atividade econômica, ou seja, a articulação dos bens caros à atividade empresarial não se dá por força de lei, mas, sim, pelo exercício de vontade do empresário, por isso uma universalidade de fato e não de direito.
Ressalta-se que, por ser uma universalidade de fato, o estabelecimento não compreende os contratos, os créditos e as dívidas. Eis mais uma distinção que pode ser feita entre estabelecimento e patrimônio, pois este, ao contrário daquele, compreende atémesmo as relações jurídicas – direitos e obrigações – do seu titular. 
	
	A esse respeito, são considerados dentro do conceito de estabelecimento:
Bens materiais;
Bens imateriais, tais como direitos intelectuais(como a patente, a marca registrada), o nome empresarial e o ponto (localização com a clientela em potencial ou efetiva).
	- Trespasse: é a alienação do estabelecimento. O estabelecimento deixa de integrar o patrimônio de um empresário e passa a ser objeto de direito de propriedade de outro.
	É possível classificar o trespasse:
Trespasse em sentido estrito: alienação
Trespasse em sentido amplo: envolve também o usufruto, arrendamento. 
	***Importante: o contrato que tenha por objeto a alienação (trespasse, propriamente dito), usufruto e o arrendamento do estabelecimento deve ser averbado no registro público de empresas mercantis, e publicado na imprensa oficial.
	Objeto do trespasse: abrange os bens móveis materiais e imateriais do empresário/sociedade empresária, desde que componham uma universalidade de fato e estejam funcionalmente ligadas e destinadas à produção e circulação de bens e riquezas.
	Embora os elementos constitutivos do estabelecimento possam ser alienados individualmente, o trespasse tem como objeto a alienação do estabelecimento de forma unitária, tendo como características esse unitariedade do objeto.
	Eficácia da alienação do estabelecimento: ao realizar a alienação do estabelecimento, caso não restarem bens suficientes ao alienante para quitação do passivo existente, a eficácia da alienação dependerá:
do pagamento de todos os credores; ou 
do consentimento dos credores, de modo expressa ou tácito, em trinta dias de sua notificação (art. 1.145, CC).
	*** Esse requisito faz parte inclusive da lei falimentar, que prevê, em seu artigo 94, III, ‘c’, que o trespasse irregular pode desaguar na decretação de quebra do empresário. Pode gerar ineficácia da alienação perante a massa falida, nos termos do art. 129, VI, da LF, podendo o estabelecimento ser reivindicado das mãos de seu adquirente.
	Questão interessante diz respeito ao contrato de locação do respectivo ponto. Há sua transmissão ao adquirente do estabelecimento de modo automático? Essa discussão decorre do art. 1.148 do CC:
Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.
	Durante algum tempo, entendeu-se que o contrato de locação era transferido automaticamente em função do contrato de trespasse. Era o entendimento consubstanciado no Enunciado 64 das Jornadas. Contudo, tal enunciado foi cancelado e substituído pelo Enunciado 234: quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato de locação do respectivo ponto não se transmite automaticamente ao adquirente. Esse entendimento deriva do art. 13 da Lei 8.245 (Lei de Locações), ao dispor que o contrato de locação tem caráter pessoal (intuitu personae). 
	Evoluindo, em recente Jornada de Direito Comercial há o Enunciado 8: A sub-rogação do adquirente nos contratos de exploração atinentes ao estabelecimento adquirido, desde que não possuam caráter pessoal, é a regra geral, incluindo o contrato de locação.
	- Sucessão empresarial
	Negociado o trespasse de maneira regular, ocorre a chamada sucessão empresarial, onde se analisará os efeitos desse negócio.
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
	Portanto, a regra: o adquirente responde pelas dívidas do alienante, desde que regularmente contabilizadas. De qualquer forma, o alienante também fica por elas obrigado de forma solidária, pelo prazo de um ano. 
	***Importante: a sistemática acima apontada somente se aplica às dívidas negociais do empresário, não se aplicando às dívidas tributárias ou trabalhistas. Ademais, de acordo com o Enunciado 233 das Jornadas: a sistemática do contrato de trespasse delineada pelo Código Civil nos arts. 1.142 e ss., especialmente seus efeitos obrigacionais, aplica-se somente quando o conjunto de bens transferidos importar a transmissão da funcionalidade do estabelecimento empresarial.
	
	- Cláusula de não concorrência (ou de não restabelecimento, ou ainda cláusula de interdição da concorrência)
	A regra vem disposta no art. 1.147:
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.
	Além da questão temporal acima destacada pela lei, a doutrina coloca que devem ser observados alguns outros aspectos na chamada cláusula de não concorrência, tais como o aspecto substancial e o geográfico. Assim, em relação ao aspecto substancial, a restrição abrangida pela cláusula deve se ater ao ramo de atividade desenvolvida (implicitamente colocado quando o artigo 1.147 veda a concorrência); por seu turno, há o aspecto geográfico, dispondo que a abstenção da concorrência deve restringir-se à localidade, zona, em que o estabelecimento atua, isto é, não pode existir concorrência dentro do mesmo âmbito de influência do estabelecimento alienado, pois poderia retirar a clientela do estabelecimento. 	
	Justificativa da clausula de não restabelecimento: o adquirente de estabelecimento empresarial tem por objetivo amealhar também a respectiva clientela, que constitui um importante potencial de lucratividade do negócio em questão. Conclui-se que haveria locupletamento ilícito do alienante que, ao cobrar um preço pelo seu estabelecimento, inevitavelmente teria incluído aí um valor referente a sua clientela efetiva e até mesmo potencial. Daí que, posteriormente ao contrato de trespasse, desviar essa clientela, diminuindo drasticamente a capacidade de lucratividade do estabelecimento empresarial, através de concorrência com o adquirente, configura afronta à boa-fé objetiva.
	Tem-se admitido, desde que expressamente previsto no contrato, a vigência por prazo superior a cinco anos, com a necessária compensação financeira ao alienante (estará dentro do preço cobrado). Contudo, é vedada cláusula que proíba totalmente o exercício de atividade econômica, em respeito ao princípio da livre concorrência.
	Cessão de crédito: dispõe o art. 1.149:
A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.
	***Importante: é de ser notado que a transmissão dos créditos é automática, independentemente de qualquer notificação ao devedor, como exige, por exemplo, a cessão de credito comum, onde o art. 290 exige a notificação do devedor para que a mesma surta efeitos.

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