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Tribunal de Justiça de Minas Gerais
1.0024.12.037071-3/002Número do 0370713-Númeração
Des.(a) Luiz Carlos Gomes da MataRelator:
Des.(a) Luiz Carlos Gomes da MataRelator do Acordão:
27/08/2015Data do Julgamento:
04/09/2015Data da Publicação:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REVISÃO. CONTRATO
BANCÁRIO. JUROS COMPOSTOS. ANATOCISMO. INEXISTÊNCIA.
PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. COBRANÇA DE
JUROS. ABUSIVIDADE. MÉDIA DE MERCADO. DISCREPÂNCIA. ÔNUS
DA PROVA. DEVEDOR. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. CONTRATO
SUJEITO AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. VALIDADE.
CUMULAÇÃO COM ENCARGOS DA MORA. IMPOSSIBILIDADE. TAXA
CONTRATADA. BV FINANCEIRA. INTERPRETAÇÃO. TARIFA DE
CADASTRO. LICITUDE. MATÉRIA PACIFICADA NO STJ. REPETIÇÃO DE
INDÉBITO. DEVOLUÇÃO EM DOBRO. MÁ FÉ NÃO CARACTERIZADA.
DESCABIMENTO. COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
DE SUCUMBÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 306. ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL DO STJ. - Em se tratando de juros compostos,
calculados de acordo com as taxas anuais efetivas previstas no contrato, a
decomposição feita para cálculo da parcela mensal fixa a ser paga para
quitação do principal e dos juros não importa em cobrança de juros sobre
juros caracterizadora da prática de anatocismo. - "A mera circunstância de
estar pactuada taxa efetiva e taxa nominal de juros não implica capitalização
de juros, mas apenas processo de formação da taxa de juros pelo método
composto, o que não é proibido pelo Decreto 22.626/1933" (RECURSO
ESPECIAL Nº 973.827 - RS). - Os juros remuneratórios do contrato bancário
podem ser reduzidos quando constatada a abusividade da cobrança, que se
caracteriza pela discrepância com as taxas médias praticadas pelo mercado,
de acordo com precedentes do Colendo Superior Tribunal de Justiça (v.g.:
STJ - REsp 1036818 / RS - Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI - DJe
20/06/2008; e REsp 591.484/RS, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA,
QUARTA TURMA, julgado em 24.10.2006, DJ 11.12.2006 p. 362). - Cabe ao
autor da ação de revisão do contrato bancário o ônus de
1
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
provar a discrepância dos juros cobrados com as taxas médias praticadas
pelo mercado (artigo 333, inciso I, Código de Processo Civil). - O Colendo
Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que é válida a
contratação de comissão de permanência, mesmo nos contratos bancários
sujeitos às regras do Código de Defesa do Consumidor, em julgamento de
recurso repetitivo (art. 543, §7º, CPC). - A cobrança de comissão de
permanência não pode ser cumulada com a cobrança de juros e multa
moratórios, conforme entendimento consolidado no Colendo Superior
Tribunal de Justiça (v.g.: AgRg no REsp 1015148 / RS). - Como a
interpretação das cláusulas do contrato de adesão se faz de forma mais
favorável ao aderente, deve ser tida como anual a taxa de comissão de
permanência estipulada em 12% (doze por cento) em cédula de crédito
bancário que não indica a periodicidade (mensal/anual) a ela aplicável. - De
acordo com decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recurso representativo de controvérsia (Recurso Especial nº
1.251.331, DJe 24.10.2013), a cobrança de tarifa de cadastro devidamente
contrata é legítima, guardando correspondência com serviços necessários à
operação de crédito. - A aplicação da sanção prevista no parágrafo único, do
artigo 42, do CDC, somente ocorre quando verificadas três situações: a
cobrança indevida, o pagamento em excesso e a não ocorrência de engano
justificável. - De acordo com a orientação jurisprudencial emanada pela Corte
Especial do Colendo Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de um
recurso representativo de controvérsia (REsp 963.528/PR), "a Lei nº 8.906/94
assegura ao advogado a titularidade da verba honorária incluída na
condenação, sendo certo que a previsão, contida no Código de Processo
Civil, de compensação dos honorários na hipótese de sucumbência
recíproca, não colide com a referida norma do Estatuto da Advocacia. É a
¿ratio essendi' da Súmula 306 do Supremo Tribunal de Justiça".
APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0024.12.037071-3/002 - COMARCA DE BELO
HORIZONTE - APELANTE(S) : ARLINDO ANDRE COELHO -
APELADO(A)(S): BV FINANCEIRA S/A CRÉDITO, FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO
A C Ó R D Ã O
2
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 Vistos etc., acorda, em Turma, a 13ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
por maioria, em NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO.
DES. LUIZ CARLOS GOMES DA MATA
RELATOR.
DES. LUIZ CARLOS GOMES DA MATA (RELATOR)
V O T O
 Versa o presente embate sobre recurso de apelação, interposto por
ARLINDO ANDRÉ COELHO, em razão da sentença proferida pelo MM. Juiz
de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, Dr. Paulo Roberto
Maia Alves Ferreira, que, em ação de revisão de contrato bancário, julgou
parcialmente procedente o pedido inicial para afastar a incidência da multa
de 2% (dois por cento) no caso de mora e permitir a cobrança da comissão
de permanência à taxa média de mercado, limitada ao somatório dos
encargos contratados. Condenou a parte requerida a restituir o autor, de
forma simples, o que cobrou indevidamente a tal título. Condenou as partes
no pagamento das custas processuais e honorários fixados em 10% (dez por
cento) do valor da condenação, na proporção de 65% (sessenta por cento)
ao autor e 35% (trinta e cinco por cento) para a requerida, autorizando a
compensação dos honorários nos termos da Súmula 306 do Superior
Tribunal de Justiça.
3
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 O apelante afirma ser abusiva a cobrança das tarifas de cadastro,
registro do contrato, inserção de gravame, avaliação de bens e serviços de
terceiros; alega que a taxa de juros contratados discrepa da média de
mercado, pelo que pede a sua limitação; sustenta ser ilícita a capitalização
de juros; entende que a comissão de permanência deve ser substituída pela
correção monetária pelo INPC e, subsidiariamente, defende que tal encargo
não poder ser cumulado com outros próprios da mora; pede a restituição, em
dobro, do que pagou indevidamente; ao final, insurge-se contra a
compensação dos honorários de sucumbência.
 O preparo do recurso não foi comprovado, eis que a parte litiga sob os
auspícios da justiça gratuita (fl. 44).
 Contrarrazões da parte contrária às fls. 171/23, pugnando pelo
desprovimento do recurso.
 É o relatório.
 DECIDO:
 Conheço do recurso, eis que presentes todas as condições de
admissibilidade.
 A propósito da vedação legal à capitalização mensal de juros,
4
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
venho aplicando o entendimento consubstanciado na Súmula nº 121 do
Excelso Supremo Tribunal Federal, que tem o seguinte teor:
É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada.
 Como é cediço, a discussão que desaguou na edição da referida súmula
diz respeito à pratica do anatocismo, que consiste na
capitalização de juros, vencendo novos juros. É a contagem de juros sobre
juros já produzidos pelo capital empregado. (in, Novo Dicionário Jurídico
Brasileiro, do jurista José Náufel).
 Ou ainda, de acordo com a doutrina de Orlando Gomes (Contratos,
Forense, 16ª ed., p. 321):
não permite a lei que se adicionem os juros ao capital para o efeito de se
contarem novos juros. Em suma, não é permitido contar juros de juros.
Proíbe-se, numa palavra, o 'anatocismo'.
 Em se tratando de juros compostos, calculados de acordo com as taxas
anuais efetivas previstas no contrato, a decomposição feita para cálculo da
parcela mensal fixa a ser paga para quitação do principal e dos juros não
importa em cobrança de juros sobre juros. É evidente que cada parcela paga
quita em primeiro lugar os juros vencidos, amortizando no que sobejar o
capital, nos termos do Código Civil Brasileiro, verbis:
5
Tribunalde Justiça de Minas Gerais
Art. 993 - Havendo capital e juros vencidos, o pagamento imputar-se-á
primeiro nos juros vencidos, e, depois, no capital, salvo estipulação em
contrario, ou se o credor passar a quitação por conta do capital.
 Ora, quitados os juros vencidos mediante o pagamento de cada parcela
não se pode falar em capitalização de juros sobre juros. O que existe é
apenas um plano de pagamento, mediante a decomposição dos juros
efetivamente contratados em taxas anuais.
 No mesmo sentido do que venho decidindo, cito outra decisão deste
Tribunal:
AÇÃO ANULATÓRIA DE CONTRATO DE EMPRÉSTIMO - INEXISTÊNCIA
DE VÍCIO DO CONSENTIMENTO - AJUSTE COM PRESTAÇÕES PRÉ-
FIXADAS - CAPITALIZAÇÃO MENSAL INEXISTENTE - INCLUSÃO DO
NOME EM CADASTROS RESTRITIVOS DE CRÉDITO - EXERCÍCIO
REGULAR DE DIREITO.- Considerando que o anatocismo consiste na
cobrança de juros sobre juros vencidos e não pagos, resta descaracterizada
a capitalização, no tocante aos contratos de empréstimo cujo pagamento do
débito foi avençado com anuência do consumidor, em parcelas mensais pré-
fixadas. Os juros compostos correspondem à remuneração do capital
inerente ao contrato, e foram distribuídos em 24 parcelas fixas, inexistindo
capitalização periódica, ante a ausência de variação do valor das prestações.
- A negativação do nome de consumidor inadimplente configura exercício
regular do direito do credor e, por conseqüência, não enseja a reparação de
ordem moral. (TJMG - APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0024.05.692862-5/002
6
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
- RELATOR: EXMO. SR. DES. OSMANDO ALMEIDA - DJ 17.12.2010).
 Por tal razão é que sempre entendi inexistir anatocismo em tais casos,
não vendo sentido em se admitir a sua presença apenas em razão da taxa
efetiva anual ser superior à multiplicação por 12(doze) da taxa nominal de
juros ajustada.
 O tema foi abordado pelo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do
Recurso Especial n.º 973.827-RS (DJ 24.09.2012), que no mesmo sentido do
que eu vinha afirmando, assentou:
CIVIL E PROCESSUAL. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. AÇÕES
REVISIONAL E DE BUSCA E APREENSÃO CONVERTIDA EM DEPÓSITO.
C O N T R A T O D E F I N A N C I A M E N T O C O M G A R A N T I A D E
ALIENAÇÃOFIDUCIÁRIA. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. JUROS
COMPOSTOS. DECRETO 22.626/1933 MEDIDA PROVISÓRIA 2.170-
36/2001. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. MORA. CARACTERIZAÇÃO.
1. A capitalização de juros vedada pelo Decreto 22.626/1933 (Lei de Usura)
em intervalo inferior a um ano e permitida pela Medida Provisória 2.170-
36/2001, desde que expressamente pactuada, tem por pressuposto a
circunstância de os juros devidos e já vencidos serem, periodicamente,
incorporados ao valor principal. Os juros não pagos são incorporados ao
capital e sobre eles passam a incidir novos juros.
2. Por outro lado, há os conceitos abstratos, de matemática financeira, de
"taxa de juros simples" e "taxa de juros compostos", métodos usados na
formação da taxa de juros contratada, prévios ao início do cumprimento do
contrato. A mera circunstância de estar pactuada taxa efetiva e taxa nominal
de juros não implica capitalização de
7
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
juros, mas apenas processo de formação da taxa de juros pelo método
composto, o que não é proibido pelo Decreto 22.626/1933.
3. Teses para os efeitos do art. 543-C do CPC:
- "É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano
em contratos celebrados após 31.3.2000, data da publicação da Medida
Provisória n. 1.963-17/2000 (em vigor como MP 2.170-36/2001), desde que
expressamente pactuada."
- "A capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual deve vir
pactuada de forma expressa e clara. A previsão no contrato bancário de taxa
de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a
cobrança da taxa efetiva anual contratada".
4. Segundo o entendimento pacificado na 2ª Seção, a comissão de
permanência não pode ser cumulada com quaisquer outros encargos
remuneratórios ou moratórios.
5. É lícita a cobrança dos encargos da mora quando caracterizado o estado
de inadimplência, que decorre da falta de demonstração da abusividade das
cláusulas contratuais questionadas.
6. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, provido.
(RECURSO ESPECIAL Nº 973.827 - RS - Rel. p/ o acórdão MINISTRA
MARIA ISABEL GALLOTTI - Dje 24.09.2012).
 Assim, entendo que não há no contrato sub judice a capitalização mensal
de juros que caracteriza anatocismo, pelo que desprovejo o recurso nesta
parte.
 A propósito da limitação dos juros remuneratórios, quando do
8
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
julgamento da Apelação Cível n.º 1.0702.03.049951-2/001, manifestei o
entendimento de que a redução dos juros remuneratórios contratados
somente é cabível quando demonstrado, pelo devedor, que as taxas
cobradas estão acima dos patamares médios do mercado, caracterizando a
abusividade que é óbice ao direito do credor de cobrar a taxa pactuada.
 É que o Colendo Superior Tribunal de Justiça vem admitindo que seja
feita a redução dos juros remuneratórios contratados, quando constatada a
abusividade na cobrança feita em taxa muito acima do patamar médio de
mercado para a operação, v.g. in:
PROCESSUAL CIVIL E BANCÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
REVISIONAL. EMPRÉSTIMO PESSOAL. JUROS REMUNERATÓRIOS.
ABUSIVIDADE. CONSTATAÇÃO. LIMITAÇÃO À TAXA MÉDIA DE
MERCADO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO CONFIGURAÇÃO.
- Cabalmente demonstrada pelas instâncias ordinárias a abusividade da taxa
de juros remuneratórios cobrada, deve ser feita sua redução ao patamar
médio praticado pelo mercado para a respectiva modalidade contratual. -
Não se configura o dissídio jurisprudencial se ausentes as circunstâncias que
identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. Art. 541, parágrafo
único, do CPC e art. 255, caput e parágrafos, do RISTJ. Recurso especial
não conhecido (STJ - REsp 1036818 / RS - Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI
- DJe 20/06/2008).
 Cito outro precedente:
9
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
R E C U R S O E S P E C I A L . A Ç Ã O D E C O B R A N Ç A . J U R O S
REMUNERATÓRIOS. TAXA PACTUADA EM 55% A.M. ANTES DO PLANO
REAL. ABUSIVIDADE. REDUÇÃO À TAXA DE MERCADO PARA O
PERÍODO POSTERIOR. PRECEDENTES. - Reconhecida, na origem, a
abusividade da cobrança da taxa de juros remuneratórios de 55% ao mês no
período posterior ao Plano Real, os juros não ficam limitados em 12% ao
ano, mas à taxa média de mercado, segundo a espécie da operação,
apurada pelo Banco Central do Brasil. Precedentes. - Recurso conhecido e
provido." (REsp 591.484/RS, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA,
QUARTA TURMA, julgado em 24.10.2006, DJ 11.12.2006 p. 362).
	Assim, cabe ao autor provar a discrepância dos juros cobrados com as taxas
médias praticadas pelo mercado (artigo 333, inciso I, Código de Processo
Civil), ônus do qual não se desincumbiu.
 A propósito da previsão de incidência de comissão de permanência sobre
as parcelas inadimplidas no prazo previsto no contrato, aplico o
entendimento consubstanciado na Súmula 294 do Colendo Superior Tribunal
de Justiça, verbis:
"Não é potestativa a cláusula contratual que prevê a comissão de
permanência, calculada pela taxa média de mercado apurada pelo Banco
Central do Brasil, limitada à taxa do contrato".
 Quando do julgamento do Recurso Especial nº 1.058.114-RS, realizado
em parte sob a sistemática do artigo 543, §7º, do Código de Processo Civil
(recursos repetitivos), o Colendo Superior Tribunal de Justiça consolidou o
entendimento de que é válida a contratação de comissão de permanência,
mesmo nos contratos bancários sujeitos às regras do Código de Defesa do
Consumidor:
10
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
DIREITO COMERCIAL E BANCÁRIO. CONTRATOS BANCÁRIOS
SUJEITOS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIO DA
BOA-FÉOBJETIVA. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. VALIDADE DA
CLÁUSULA. VERBAS INTEGRANTES. DECOTE DOS EXCESSOS.
PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS. ARTIGOS
139 E 140 DO CÓDIGO CIVIL ALEMÃO. ARTIGO 170 DO CÓDIGO CIVIL
BRASILEIRO.
1. O princípio da boa-fé objetiva se aplica a todos os partícipes da relação
obrigacional, inclusive daquela originada de relação de consumo. No que diz
respeito ao devedor, a expectativa é a de que cumpra, no vencimento, a sua
prestação.
2. Nos contratos bancários sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor, é
válida a cláusula que institui comissão de permanência para viger após o
vencimento da dívida.
3. A importância cobrada a título de comissão de permanência não poderá
ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no
contrato, ou seja: a) juros remuneratórios à taxa média de mercado, não
podendo ultrapassar o percentual contratado para o período de normalidade
da operação; b) juros moratórios até o limite de 12% ao ano; e c) multa
contratual limitada a 2% do valor da prestação, nos termos do art. 52, § 1º,
do CDC.
4. Constatada abusividade dos encargos pactuados na cláusula de
comissão de permanência, deverá o juiz decotá-los, preservando, tanto
quanto possível, a vontade das partes manifestada na celebração do
contrato, em homenagem ao princípio da conservação dos negócios jurídicos
consagrado nos arts. 139 e 140 do Código Civil alemão e reproduzido no art.
170 do Código Civil brasileiro.
5. A decretação de nulidade de cláusula contratual é medida excepcional,
somente adotada se impossível o seu aproveitamento.
11
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
(RECURSO ESPECIAL Nº 1.058.114 - RS - Rel. p/ o acórdão MINISTRO
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA - DJe: 16/11/2010 - grifei)
 Então, nada obsta a contratação de comissão de permanência pelas
partes, cumprindo verificar, tão somente, se a importância cobrada a tal título
está de acordo com o instituto.
 Como a finalidade da comissão de permanência é a manutenção do
conteúdo econômico do negócio, por via da continuidade da cobrança dos
juros remuneratórios, além de desestimular a mora, através dos juros
moratórios, e reprimir o inadimplemento, mediante a aplicação da multa
contratual, não pode ser estipulada mediante taxa que supere o valor de tais
encargos, conforme entendimento exposto no item 3 da ementa acima
transcrita. E pela mesma razão não pode ser cumulada com os encargos
moratórios já contemplados na sua estipulação, de forma a caracterizar um
bis in idem.
 Verifico que a disposição contratual em revisão (cláusula 16, f. 34-v)
autoriza a cumulação da comissão de permanência contratada com outros
encargos próprios da mora, prática que entendo ilícita, porque representa
uma cobrança em duplicidade. É que a sua natureza já importa no somatório
dos juros remuneratórios, dos juros moratórios e da multa contratual,
conforme acima expus.
 Em recente decisão, o Colendo Superior Tribunal de Justiça deixa bem
claro que tal cumulação é vedada, ao firmar que, com o vencimento da
obrigação, o devedor responderá exclusivamente pela comissão de
permanência ajustada. Confira-se:
12
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
REVISIONAL. REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. SÚMULA N.
182/STJ. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. CUMULAÇÃO COM DEMAIS
ENCARGOS DE MORA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 83/STJ.
1. "É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar
especificamente os fundamentos da decisão agravada" (Súmula n. 182/STJ).
2. Quando a parte, no agravo regimental, não apresenta argumentos aptos a
modificar a decisão agravada, mantém-se o julgado por seus próprios
fundamentos.
3. Com o vencimento do mútuo bancário, o devedor responderá
exclusivamente pela comissão de permanência (assim entendida como juros
remuneratórios à taxa média de mercado, não podendo ultrapassar o
percentual contratado para o período de normalidade, acrescidos de juros de
mora e de multa contratual) sem cumulação com correção monetária
(Recursos Especiais repetitivos n. 1.063.343/RS e 1.058.114/RS). Súmula n.
472/STJ.
4. Agravo regimental parcialmente conhecido e desprovido.
(AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 345.540 - DF - Rel. JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA - DJe: 15/04/2014 - grifei).
 Formo convicção, diante de tais razões, no sentido de afirmar ser lícita a
contratação da comissão de permanência, desde que em taxa que não
supere o somatório das taxas dos juros remuneratórios e moratórios e da
multa, não sendo possível a sua cumulação com tais encargos, nem com
correção monetária (Súmula 30 do STJ).
13
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 Além disso, noto que no campo próprio da taxa de comissão de
permanência (item 6) há apenas o percentual aplicável (12%), sem a
indicação da periodicidade (mensal ou anual) a ser observada no cálculo pro
rata die previsto na disposição contratual em questão (cláusula 16).
 Por se tratar de um típico contrato de adesão, cujas cláusulas devem ser
interpretadas de forma mais favorável ao aderente, tenho como anual a taxa
de comissão de permanência estipulada em 12% (doze por cento) na cédula
de crédito bancário, que não indica a periodicidade a ela aplicável.
 Assim, no presente caso, entendo lícita a cobrança de comissão de
permanência à taxa de 12% (doze por cento) ao ano, a ser calculada pro-rata
-die, sem óbice à sua cumulação com os demais encargos moratórios
contratados, já que o somatório deles não extrapola o somatório dos juros
remuneratórios contratados, com os juros de mora de 1% ao mês e multa de
2%, conforme a orientação jurisprudencial acima indicada.
 No entanto, deixo de aplicar meu entendimento em atenção ao princípio
que veda a reformatio in pejus.
 E por tudo acima explicitado, não vejo motivos para substituir a comissão
de permanência pela correção monetária, conforme apuração do INPC.
14
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 A propósito da cobrança de tarifa cadastro, curvo-me à orientação
emanada pelo Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de recurso
representativo de controvérsia, sob a sistemática do artigo 543-C, do Código
de Processo Civil, como se pode ver:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE
FINANCIAMENTO COM GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.
DIVERGÊNCIA. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. JUROS COMPOSTOS.
MEDIDA PROVISÓRIA 2.170-36/2001. RECURSOS REPETITIVOS. CPC,
ART. 543-C. TARIFAS ADMINISTRATIVAS PARA ABERTURA DE
CRÉDITO (TAC), E EMISSÃO DE CARNÊ (TEC). EXPRESSA PREVISÃO
CONTRATUAL. COBRANÇA. LEGITIMIDADE. PRECEDENTES. MÚTUO
ACESSÓRIO PARA PAGAMENTO PARCELADO DO IMPOSTO SOBRE
OPERAÇÕES FINANCEIRAS (IOF). POSSIBILIDADE.
1. "A capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual deve vir
pactuada de forma expressa e clara. A previsão no contrato bancário de taxa
de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a
cobrança da taxa efetiva anual contratada" (2ª Seção, REsp 973.827/RS,
julgado na forma do art. 543-C do CPC, acórdão de minha relatoria, DJe de
24.9.2012).
2. Nos termos dos arts. 4º e 9º da Lei 4.595/1964, recebida pela Constituição
como lei complementar, compete ao Conselho Monetário Nacional dispor
sobre taxa de juros e sobre a remuneração dos serviços bancários, e ao
Banco Central do Brasil fazer cumprir as normas expedidas pelo CMN.
3. Ao tempo da Resolução CMN 2.303/1996, a orientação estatal quanto à
cobrança de tarifas pelas instituições financeiras era essencialmente não
intervencionista, vale dizer, "a regulamentação facultava às instituições
financeiras a cobrança pela prestação de quaisquer tipos de serviços, com
exceção daqueles que a norma definia como básicos, desde que fossem
efetivamente contratados e prestados ao cliente, assim como respeitassem
os procedimentos
15
Tribunal de Justiça de Minas Geraisvoltados a assegurar a transparência da política de preços adotada pela
instituição."
4. Com o início da vigência da Resolução CMN 3.518/2007, em 30.4.2008, a
cobrança por serviços bancários prioritários para pessoas físicas ficou
limitada às hipóteses taxativamente previstas em norma padronizadora
expedida pelo Banco Central do Brasil.
5. A Tarifa de Abertura de Crédito (TAC) e a Tarifa de Emissão de Carnê
(TEC) não foram previstas na Tabela anexa à Circular BACEN 3.371/2007 e
atos normativos que a sucederam, de forma que não mais é válida sua
pactuação em contratos posteriores a 30.4.2008.
6. A cobrança de tais tarifas (TAC e TEC) é permitida, portanto, se baseada
em contratos celebrados até 30.4.2008, ressalvado abuso devidamente
comprovado caso a caso, por meio da invocação de parâmetros objetivos de
mercado e circunstâncias do caso concreto, não bastando a mera remissão a
conceitos jurídicos abstratos ou à convicção subjetiva do magistrado.
7. Permanece legítima a estipulação da Tarifa de Cadastro, a qual remunera
o serviço de "realização de pesquisa em serviços de proteção ao crédito,
base de dados e informações cadastrais, e tratamento de dados e
informações necessários ao inicio de relacionamento decorrente da abertura
de conta de depósito à vista ou de poupança ou contratação de operação de
crédito ou de arrendamento mercantil, não podendo ser cobrada
cumulativamente" (Tabela anexa à vigente Resolução CMN 3.919/2010, com
a redação dada pela Resolução 4.021/2011).
8. É lícito aos contratantes convencionar o pagamento do Imposto sobre
Operações Financeiras e de Crédito (IOF) por meio financiamento acessório
ao mútuo principal, sujeitando-o aos mesmos encargos contratuais.
9. Teses para os efeitos do art. 543-C do CPC:
16
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
- 1ª Tese: Nos contratos bancários celebrados até 30.4.2008 (fim da vigência
da Resolução CMN 2.303/96) era válida a pactuação das tarifas de abertura
de crédito (TAC) e de emissão de carnê (TEC), ou outra denominação para o
mesmo fato gerador, ressalvado o exame de abusividade em cada caso
concreto.
- 2ª Tese: Com a vigência da Resolução CMN 3.518/2007, em 30.4.2008, a
cobrança por serviços bancários prioritários para pessoas físicas ficou
limitada às hipóteses taxativamente previstas em norma padronizadora
expedida pela autoridade monetária. Desde então, não mais tem respaldo
legal a contratação da Tarifa de Emissão de Carnê (TEC) e da Tarifa de
Abertura de Crédito (TAC), ou outra denominação para o mesmo fato
gerador. Permanece válida a Tarifa de Cadastro expressamente tipificada em
ato normativo padronizador da autoridade monetária, a qual somente pode
ser cobrada no início do relacionamento entre o consumidor e a instituição
financeira.
- 3ª Tese: Podem as partes convencionar o pagamento do Imposto sobre
Operações Financeiras e de Crédito (IOF) por meio de financiamento
acessório ao mútuo principal, sujeitando-o aos mesmos encargos
contratuais.
10. Recurso especial parcialmente provido.
(STJ - RECURSO ESPECIAL Nº 1.251.331 - RS - Rel. MINISTRA MARIA
ISABEL GALLOTTI - DJe: 24/10/2013 - grifei).
	Dessa forma, lícita a cobrança do referido encargo, desprovejo o recurso
nesta parte.
	Em relação aos serviços de terceiros, da detida análise que fiz do contrato
(fls. 34/35), não vislumbrei a cobrança do referido encargo. Cabia a parte
fazer prova da alegada cobrança, nos termos do artigo 333, inciso I do
Código de Processo Civil, ônus do qual não se desincumbiu, pelo que
desprovejo o recurso neste tópico.
 Desprovejo o recurso, ainda, no que tange às tarifas de registro do
17
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
contrato, avaliação de bens e inserção de gravame eletrônico, pois, da detida
análise que fiz da inicial, não vislumbrei pedido nesse sentido, o que
configura patente inovação recursal, vedada em nosso ordenameno jurídico.
A teor do que dispõem os artigos 515, 516 e 517 do Código de Processo
Civil, apenas as questões suscitadas e discutidas no processo podem ser
conhecidas na apelação.
	A propósito da restituição em dobro, a exegese que faço da disposição do
parágrafo único, do artigo 42, do Código de Defesa do Consumidor, conduz à
conclusão de que a obrigação de restituir em dobro, nele prevista, somente
ocorre quando verificadas três situações: a cobrança indevida, o pagamento
em excesso e a não ocorrência de engano justificável.
	A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, instância máxima de
interpretação das normais infraconstitucionais, vem confirmando a
indispensabilidade de configuração da má-fé do credor, o que se materializa
sempre que presentes os requisitos que acima indiquei. Confira-se, in verbis:
CONTRATO BANCÁRIO. JUROS REMUNERATÓRIOS. NÃO LIMITAÇÃO.
SÚMULA 596/STF. REPETIÇÃO SIMPLES DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE
MÁ-FÉ. - Os juros remuneratórios não sofrem as limitações da Lei de Usura.
- Quem recebe pagamento indevido deve restitui-lo para obviar o
enriquecimento indevido. - Não incide a sanção do Art. 42, do CDC, quando
o encargo considerado indevido é objeto de controvérsia jurisprudencial e
não está configurada a má-fé do credor."
(AgRg no REsp 856.486/RS, 3ª Turma, Rel. Min. Humberto Gomes de
Barros, DJ de 9/10/2006 - grifei).
	Deste Egrégio Tribunal colho jurisprudência com interpretação do dispositivo
que é consentânea com o meu entendimento, v.g. in:
DIREITO CIVIL - RESPONSABILIDADE CIVIL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO -
EMPRESA DE TELEFONIA - ACESSO A LINHA DE TELEFONIA CELULAR
-
18
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
CLONAGEM - COBRANÇAS INDEVIDAS EM VALORES EXPRESSIVOS -
CULPA - PROVA DO DANO MORAL - PRESCINDIBILIDADE -
PRESUNÇÃO DE OCORRÊNCIA - VALOR DA INDENIZAÇÃO - CRITÉRIOS
DE ESTABELECIMENTO - REPETIÇÃO DE INDÉBITO - PARÁGRAFO
ÚNICO DO ARTIGO 42 DO CDC - NÃO APLICAÇÃO. I - Age com culpa a
prestadora de serviços de telefonia móvel que remete faturas de uma linha
de acesso que fora clonada e que mesmo diante das reclamações do
consumidor ignora a sua má prestação de serviços e reluta em reconhecer o
defeito narrado pelo cliente. II - Presume-se o dano moral sofrido pelo
consumidor que recebe cobranças indevidamente por serviços não utilizados
cujos valores, somados, ultrapassam em mais de 1.000% a média do que era
regularmente consumido mês a mês. III - A indenização por danos morais
deve cumprir o duplo escopo de punir o ofensor, desestimulando-o da prática
futura de atos semelhantes, bem como de compensar a vítima pelo
sofrimento, sem, contudo, acarretar um enriquecimento ilícito desta última. IV
- Para que a punição prevista no parágrafo único do artigo 42 do CDC incida
no caso concreto, é necessário o preenchimento de dois requisitos, a
cobrança indevida e o pagamento, ausente um deles incabível a aplicação de
referida penalidade.
(TJMG - AC n.º 1.0024.06.104846-8/001 - Rel. Desembargador ADILSON
LAMOUNIER - DJ 22/02/2008- grifei).
 	E mais:
APELAÇÃO CÍVEL - REPETIÇÃO DE INDÉBITO - INDENIZAÇÃO -
DESCONTOS NÃO AUTORIZADOS - INSTITUIÇÃO BANCÁRIA -
INCIDÊNCIA DAS TAXAS DE MERCADO - IMPOSSIBILIDADE -
DEVOLUÇÃO EM DOBRO - MÁ-FÉ CARACTERIZADA - DANO MORAL -
AUSÊNCIA Devem ser restituídos os valores lançados a débito em conta-
corrente, pela instituição financeira, sem previsão contratual ou autorização
do correntista, bem assim a repercussão dos débitos nas taxas cobradas
pela utilização do cheque especial. Não encontra amparo legal a pretensão
de que o montante a ser restituído seja atualizado com as mesmas taxas
aplicadas pelas instituições financeiras no mercado. Comprovada a má-fé do
réu, que efetuava os
19
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
descontos premeditadamente, deve ser aplicado o disposto no art.42,
parágrafo único, do CDC, e devolvido em dobro o valor injustamente
desviado. Não configura dano moral o mero aborrecimento decorrente da
cobrança indevida.
(TJMG - AC n.º 2.0000.00.496055-4/000- Rel. Desembargador LUCIANO
PINTO - DJ 10/11/2005 - grifei).
 	No caso, como a parte acreditava estar amparada por disposição
contratual válida, somente declarada nula quando da prolação da sentença,
descarto a má fé que autorizaria a condenação da restituição em dobro.
 Em relação à compensação dos honorários de sucumbência, o meu
posicionamento sempre foi no sentido de que não seria possível, por dupla
razão: a primeira, porque os honorários advocatícios pertencem aos
advogados, a teor do que dispõe o artigo 23 da Lei 8.096/94, o que afasta a
aplicação do artigo 21, caput, do Código de Processo Civil; a segunda,
porque se está suspensa a exigibilidade da cobrança dos honorários
advocatícios que a autora da ação deve suportar, em razão da assistência
judiciária que lhe foi deferida, no momento não há o que se compensar.
 	Com efeito, a compensação somente tem cabimento "entre dívidas
líquidas e vencidas", a teor do que dispõe o artigo 369 do Código Civil, que
não é cabível quando a dívida a ser compensada está com a sua
exigibilidade suspensa. Dívida vencida é aquela que pode ser executada.
 	Entretanto, quando do julgamento do recurso representativo de
controvérsia acima indicado, o Colendo Superior Tribunal de Justiça
20
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
entende que a norma prevista no Estatuto da Advocacia não colide com a
disposição do Código de Processo Civil que determina a compensação dos
honorários, como se pode ver:
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO. SÚMULA 306 DO STJ.
TRIBUTÁRIO. MULTA FISCAL. REDUÇÃO. ALEGADO EFEITO
CONFISCATÓRIO. SÚMULA 284 DO STJ. INAPLICABILIDADE DO CDC.
DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. MULTA MORATÓRIA. ART. 17 DO DECRETO
3.342/00. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356
DO C. STF.1. "Os honorários advocatícios devem ser compensados quando
houver sucumbência recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado
à execução do saldo sem excluir a legitimidade da própria parte." (Súmula
306, CORTE ESPECIAL, julgado em 03/11/2004, DJ 22/11/2004) 2. O
Código de Processo Civil, quanto aos honorários advocatícios, dispõe, como
regra geral, que: "Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao
vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Esta
verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado
funcionar em causa própria." "Art. 21. Se cada litigante for em parte vencedor
e vencido, serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados
entre eles os honorários e as despesas." 3. A seu turno, o Estatuto da OAB -
Lei 8.906/94, estabelece que, in verbis:
"Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o
direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial
e aos de sucumbência." "Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por
arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito
autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o
precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor." "Art. 24. A
decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que os
estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência,
concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial.
(omissis) § 3º É nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou
convenção individual ou coletiva que retire do
21
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
advogado o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência." 4. A Lei
nº 8.906/94 assegura ao advogado a titularidade da verba honorária incluída
na condenação, sendo certo que a previsão, contida no Código de Processo
Civil, de compensação dos honorários na hipótese de sucumbência
recíproca, não colide com a referida norma do Estatuto da Advocacia. É a
ratio essendi da Súmula 306 do STJ. (Precedentes: AgRg no REsp
620.264/SC, Rel. Ministro HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/AP), QUARTA TURMA, julgado
em 15/10/2009, DJe 26/10/2009; REsp 1114799/SC, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/10/2009, DJe 28/10/2009;
REsp 916.447/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA
TURMA, julgado em 12/08/2008, DJe 29/09/2008; AgRg no REsp
1000796/BA, Rel. Ministro PAULO GALLOTTI, SEXTA TURMA, julgado em
19/08/2008, DJe 13/10/2008; AgRg no REsp 823.990/SP, Rel. Ministro
HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em
25/09/2007, DJ 15/10/2007; REsp 668.610/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO
ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/03/2006, DJ 03/04/2006) 5.
"O artigo 23 da Lei nº 8.906, de 1994, não revogou o art. 21 do Código de
Processo Civil. Em havendo sucumbência recíproca e saldo em favor de uma
das partes é assegurado o direito autônomo do advogado de executar o
saldo da verba advocatícia do qual o seu cliente é beneficiário." (REsp nº
290.141/RS, Relator o Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, DJU de 31/3/2003)
6. A redução da multa moratória para o percentual máximo de 2% (dois por
cento), nos termos do que dispõe o art. 52, § 1º, do Código de Defesa do
Consumidor, nesta parte alterado pela Lei nº 9.298/96, aplica-se às relações
de consumo, de natureza contratual, atinentes ao direito privado, não
incidindo sobre as sanções tributárias, que estão sujeitas à legislação própria
de direito público. (Precedentes: REsp 904.651/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/11/2008, DJe 18/02/2009; REsp
897.088/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado
em 04/09/2008, DJe 08/10/2008; AgRg no Ag 1026229/SP, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/06/2008, DJe
27/06/2008; REsp 665.320/PR, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/02/2008, DJe 03/03/2008) 7. A incidência
da Súmula
22
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
284 do STF ('É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na
sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia')
revela-se inarredável, acarretando a inadmissibilidade do recurso especial,
quando o recorrente não aponta os dispositivos de lei supostamente
violados, sequer desenvolvendo argumentação hábil à compreensão da
controvérsia, como ocorre in casu, em relação ao alegado efeito confiscatório
da multa imposta pelo Fisco. 8. O requisito do prequestionamento é
indispensável, por isso que inviável a apreciação, em sede de recurso
especial, de matéria sobre a qual não se pronunciou o Tribunal de origem,
incidindo, por analogia, o óbice das Súmulas 282 e 356 do STF. 9. In casu, o
art. 17, do Decreto 3.342/00, não foi objeto de análise pelo acórdão recorrido,
nem sequer foram opostos embargos declaratórios com a finalidade de
prequestioná-lo, razão pela qual impõe-se óbice intransponível ao
conhecimento do recurso quanto ao aludido dispositivo. 10. Recurso especial
parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. Acórdão submetido ao
regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.
(RECURSO ESPECIAL Nº 963.528 - PR - Rel. MINISTRO LUIZ FUX - DJe:
04/02/2010).
 	Portanto, ressalvado o meu ponto de vista pessoal a propósito da
questão, em não sendo possível demonstrar a superação do entendimento
nela manifestado (overruling), ou a inaplicabilidade do entendimento ao caso
(distinguishing), adoto a orientação jurisprudencial do Colendo Superior
Tribunal de Justiça sobre o tema.
 Feitas tais considerações, NEGO PROVIMENTO À APELAÇÃO,
mantendo intacta a sentença combatida.
 Custas do recurso, pelo apelante, suspensa a exigibilidade.
23
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 É o voto.
DES. JOSÉ DE CARVALHO BARBOSA
 Peço vênia ao em. Relator, Des. Luiz Carlos Gomes da Mata, para dele
divergir, mas apenas quanto aos fundamentos expendidos na solução da
questão relativaà capitalização de juros, bem como quanto ao desfecho
dado à questão relativa à cobrança da comissão de permanência.
 No que tange a capitalização de juros, diversamente do que entendeu S.
Exa., data venia, constata-se, pela análise do contrato (folhas 34/35vº), a
prática de capitalização de juros, em razão da divergência entre a taxa de
juros mensal (1,43%) e a taxa de juros anual (26,19%) lançadas no referido
contrato, cumprindo observar que a taxa de juros anual supera a soma de 12
vezes da taxa de juros mensal, isto que, segundo entendimento pacificado
pelo STJ no julgamento do Resp 973827, já é o bastante para configurar
expressa previsão da cobrança de juros capitalizados.
 Ademais, a cláusula 13 prevê expressamente a cobrança de juros
capitalizados.
 E tenho manifestado entendimento no sentido de que, a partir da edição
pelo Governo Federal da Medida Provisória nº 1.963-17, de 31
24
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
de março de 2000, reeditada sob o nº 2.170-36/2001 e que teve eficácia
garantida pelo art. 2° da Emenda Constitucional n° 32, é permitida a
capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano, mas desde que
expressamente pactuada.
 Esse entendimento já foi pacificado pelo Colendo Superior Tribunal de
Justiça no julgamento do Recurso Especial nº 973.827-RS, submetido ao rito
do art. 543-C do CPC:
 É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano
em contratos celebrados até 31.3.2000, data da publicação da Medida
Provisória n. 1.963-17/2000 (em vigor como MP 2.170-36/2001), desde que
expressamente pactuada.
 Nesse mesmo julgamento foi fixada a seguinte tese:
A capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual deve vir pactuada
e forma expressa e clara. A previsão no contrato bancário de taxa de juros
anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a
cobrança da taxa efetiva anual contratada.
 	Assim, não se vislumbra, no presente caso, qualquer ilegalidade na
capitalização de juros, visto que, repita-se, convencionada.
 Com relação à comissão de permanência, ao contrário do
25
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
entendimento externado por S. Exa. em seu voto, tenho que é possível a
sua cobrança com juros moratórios e multa, desde que a referida comissão
de permanência seja limitada à taxa média de mercado dos juros
remuneratórios (não podendo ultrapassar o percentual contratado para o
período de normalidade da operação), os juros moratórios sejam limitados a
12% ao ano, e a multa seja limitada a 2% do valor da prestação, nos termos
do art. 52, § 1º, do CDC.
 	O Colendo STJ, que tem a última palavra em questão de natureza
infraconstitucional, consoante a norma disposta no art. 105 da Constituição
Federal, no julgamento do Recurso Especial de n° 1.058.114/RS, submetido
ao rito do art. 543-C do CPC, já pacificou de vez a questão, de forma a não
ser mais possível qualquer discussão sobre a matéria, tendo também sobre o
assunto editado a Súmula n° 472.
 Veja-se:
DIREITO COMERCIAL E BANCÁRIO. CONTRATOS BANCÁRIOS
SUJEITOS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIO DA
BOA-FÉ OBJETIVA. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. VALIDADE DA
CLÁUSULA. VERBAS INTEGRANTES. DECOTE DOS EXCESSOS.
PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS. ARTIGOS
139 E 140 DO CÓDIGO CIVIL ALEMÃO. ARTIGO 170 DO CÓDIGO CIVIL
BRASILEIRO.
1. O princípio da boa-fé objetiva se aplica a todos os partícipes da relação
obrigacional, inclusive daquela originada de relação de consumo. No que diz
respeito ao devedor, a expectativa é a de que cumpra, no vencimento, a sua
prestação.
2. Nos contratos bancários sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor, é
válida a cláusula que institui comissão de permanência para viger após o
vencimento da dívida.
3. A importância cobrada a título de comissão de permanência não poderá
ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no
contrato, ou seja: a) juros remuneratórios à taxa média
26
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
de mercado, não podendo ultrapassar o percentual contratado para o período
de normalidade da operação; b) juros moratórios até o limite de 12% ao ano;
e c) multa contratual limitada a 2% do valor da prestação, nos termos do art.
52, § 1º, do CDC.
4. Constatada abusividade dos encargos pactuados na cláusula de
comissão de permanência, deverá o juiz decotá-los, preservando, tanto
quanto possível, a vontade das partes manifestada na celebração do
contrato, em homenagem ao princípio da conservação dos negócios jurídicos
consagrado nos arts. 139 e 140 do Código Civil alemão e reproduzido no art.
170 do Código Civil brasileiro.
5. A decretação de nulidade de cláusula contratual é medida excepcional,
somente adotada se impossível o seu aproveitamento.
6. Recurso especial conhecido e parcialmente provido. (STJ, REsp
1058114/RS, Ministra NANCY ANDRIGUI, Segunda Seção, julgamento em
12/08/2009, DJe 16/11/2010.
 Súmula 472 STJ:
A comissão de permanência - cujo valor não pode ultrapassar a soma dos
encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato - exclui a
exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da multa contratual.
 Como visto, restou assentado naquele Colendo Tribunal Superior que a
importância cobrada a título de comissão de permanência não poderá
ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no
contrato, ou seja: a) juros remuneratórios à taxa média de mercado, não
podendo ultrapassar o percentual contratado para o período de normalidade
da operação; b) juros moratórios até o limite de 12% ao ano; e c) multa
contratual limitada a 2% do valor da
27
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
prestação, nos termos do art. 52, § 1º, do CDC.
 Com efeito, a denominada comissão de permanência, de incidência
decorrente da inadimplência, e que pela sua natureza já compreende juros
remuneratórios, moratórios e multa, não pode superar a soma de tais
encargos, sendo a sua cobrança permitida se prevista no contrato; não pode
ser cobrada cumulativamente com esses mesmos encargos e/ou com
correção monetária, como não raramente se vê. Proíbe-se, pois, o bis in
idem.
 Nesse sentido, seguindo citada orientação do STJ, os seguintes julgados
deste Egrégio Tribunal de Justiça:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - REVISÃO DE CONTRATO BANCÁRIO -
PRIMEIRO RECURSO - CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS -
PREVISÃO CONTRATUAL - LEGALIDADE - COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA - POSSIBILIDADE - REPETIÇÃO EM DOBRO DO
INDÉBITO - AUSÊNCIA DE DOLO - INDEVIDA - SEGUNDO RECURSO -
RESOLUÇÃO 642/2010 - AUSÊNCIA DO RECIBO ELETRÔNICO DE
POSTAGEM - INADMISSÍVEL - NÃO CONHECIMENTO - MEDIDA QUE SE
IMPÕE. - A capitalização mensal de juros é possível, em cédula de crédito
bancário, desde que pactuada, nos termos do art. 28, §1º, I, da Lei
10.931/2004. -Em recentíssimo julgamento de matéria de Recursos
Repetitivos, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que, desde que pactuada,
a comissão de permanência poderá ser cobrada (limitada à taxa do contrato),
com juros moratórios de 12% ao ano e multa moratória (esta limitada a 2%
quando versar relação de consumo). - Se não houve com dolo ao cobrar
encargos abusivos, não há falar em repetição em dobro do indébito. - Nos
termos do art. 6º, II, da Resolução 642/2010, na hipótese de protocolo postal,
é indispensável à juntada do recibo eletrônico de postagem, para se aferir,
com segurança, a tempestividade do recurso, sob pena de desconsideração,
para todos os efeitos legais, das petições ou documentos recebidos por
28
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
intermédio do Serviço de Protocolo Postal, conforme determina o art. 9º, da
Referida Resolução. Assim, diante da ausência do recibo eletrônico de
postagem, o segundo recurso é inadmissível, o que impõe o seu não
conhecimento. (Apelação Cível nº 1.0525.12.004163-3/002,Relator Des.
Luciano Pinto, 17ª Câmara Cível, julgamento em 05/12/2013, publicação da
súmula em 17/12/2013)
EMENTA: INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. CDC. APLICABILIDADE.COMISSÃO
DE PERMANÊNCIA. LIMITAÇÃO. I - O Código de Defesa do Consumidor é
aplicável às instituições financeiras, ut Súmula 297, STJ. II - "A cobrança de
comissão de permanência - cujo valor não pode ultrapassar a soma dos
encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato - exclui a
exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da multa contratual"
(Súmula 472, STJ). III - O que se proíbe não é a cumulação nominal
(comissão de permanência + juros de mora; comissão de permanência +
juros de mora + multa); o que se proíbe é o excesso e o bis in idem. Em
outras palavras, o que deve ser observado é se o que está sendo cobrado no
período de inadimplemento contratual supera ou não o percentual dos juros
remuneratórios contratados somados aos juros moratórios e à multa
eventualmente contratada. (Apelação Cível nº 1.0702.12.043580-6/002,
Relator Des. Mota e Silva, 18ª Câmara Cível, julgamento em 17/12/2013,
publicação em 19/12/2013)
 Verifica-se, dessa forma, que a cobrança vedada no período de
inadimplência é aquela que excede a soma dos encargos remuneratórios e
moratórios.
 Estando a cobrança nesses limites é admitida, conforme mencionada
jurisprudência do Colendo STJ.
29
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 No caso dos autos, porém, verifica-se que o contrato celebrado entre as
partes (folhas 34/35), prevê a cobrança da comissão de permanência (item
16, II c/c item 6), no percentual abusivo de 12% ao mês, muito superior à
taxa dos juros remuneratórios contratados (1,43% a.m.), além de multa
moratória de 2% (item 16, I).
 Desse modo, a solução correta para a questão discutida nos autos a
respeito da cobrança da comissão de permanência é determinar a sua
limitação ao percentual de 1,43% a.m. previsto no contrato para os juros
remuneratórios (que in casu não ultrapassa a taxa média de mercado), e ao
percentual de 2% sobre a parcela em atraso, também previsto no contrato a
título de multa moratória para o caso de inadimplência, não se havendo de
falar em correção monetária pelo índice de variação do INPC.
 Com tais considerações, dou parcial provimento ao recurso, mas apenas
para limitar a cobrança da comissão de permanência ao somatório do
percentual de 1,43% previsto no contrato para os juros remuneratórios (que,
in casu, está dentro dos parâmetros da taxa média de mercado), com a multa
moratória (limitada a 2% do valor da prestação) também prevista no contrato
para o caso de inadimplência.
DES. ALBERTO HENRIQUE - De acordo com o(a) Relator(a).
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Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO À APELAÇÃO, VENCIDO
EM PARTE O REVISOR"
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