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Revista Brasileira Fisiologia2011


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volume 10 - número 03 • Jul/Set 2011www.atlanticaeditora.com.br
ISSN 16778510
ESPORTE
• Percentual de carga máxima dinâmica e treinamento de força
• Flexibilidade no desenvolvimento da força muscular
• Exercício físico e alterações hormonais
• Cortisol e exercício
NUTRIÇÃO
• Nutrição e suplementação no futebol
• Taxa de sudorese e antropometria de nadadoras
FISIOLOGIA
• Centro de pressão corporal após estabilização central
• Maturação esquelética versus idade cronológica no futebol
• Idade cronológica e idade motora de alunos do ensino 
fundamental
CARDIOLOGIA
• Exercício resistido em indivíduos com cardiomiopatia 
chagásica
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do e x e r c í c i o
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y
Editorial
Incentivar a pesquisa em doping, Pedro Paulo da Silva Soares .................................................................................... 123
artiGoS oriGiNaiS
Diferenças entre idade cronológica e idade motora geral para alunos do 1º ano 
do ensino fundamental, Leonardo Nobre Ghiggino, Flavio Fernandes Bahiana, 
Paulo Cesar Nunes-Junior ..................................................................................................................................................124
Influência da flexibilidade no desenvolvimento da força muscular, Thiago Pereira, 
Gilmar Weber Senna, Sidney Cavalcante da Silva ...............................................................................................................132
Influência dos exercícios de estabilização central sobre a oscilação corporal 
de indivíduos com lombalgia crônica, Adriana Regina de Andrade, Bruna Karla Grano, 
Francieli Wilhelms, Juliana Gaffuri, Marcela Medeiros de Almeida Costa, 
Marina Pegoraro Baroni, Alberito Rodrigo de Carvalho, Gladson Ricardo Flor Bertolini ...................................................137
Repetição máxima de movimentos resistidos com pesos livres em indivíduos 
com cardiomiopatia Chagásica, Luciano Sá Teles de Almeida Santos, Thiêgo Andrade, 
Vinicius Afonso Gomes, Thiago Bouças, Jefferson Petto .....................................................................................................142
Utilização do percentual da carga máxima dinâmica e velocidade de movimento durante 
o treinamento de força, Alexandre Correia Rocha, Dilmar Pinto Guedes Junior ...............................................................147
Taxa de sudorese e perfil antropométrico de atletas do gênero feminino 
de uma equipe de natação, Lidiane Yurie Pereira, Roberta Amancio Ruiz Costa, 
Tamara Eugenia Stulbach, Luciana da Silva Garcia .............................................................................................................151
Comportamento da frequência cardíaca em corredores de esteira ergométrica 
na presença e na ausência de música, Karina Stela de Sena, Marcus Vinicius Grecco .......................................................156
Maturação esquelética versus idade cronológica nas categorias de base do futebol, 
Marcos Maurício Serra, Angélica Castilho Alonso, Julio Stancati, Júlia Maria D’Andréia Greve ......................................162
rEViSÕES
Nutrição, hidratação e suplementação para jogadores de futebol, 
Luiza Antoniazzi Gomes de Gouveia, Adriana Passanha .....................................................................................................166
O exercício físico modulando alterações hormonais em vias metabólicas dos tecidos 
musculoesquelético, hepático e hipotalâmico relacionado ao metabolismo energético 
e consumo alimentar, Fábio Medici Lorenzeti, Waldecir Paula Lima, Ricardo Zanuto, 
Luiz Carlos Carnevali Junior, Daniela Fojo Seixas Chaves, Antônio Herbert Lancha Junior................................................172
Cortisol e exercício: efeitos, secreção e metabolismo, Juliano Ribeiro Bueno, 
Cibele Marli Cação Paiva Gouvêa .......................................................................................................................................178
NorMaS dE PUBliCaÇÃo ............................................................................................................................. 181
EVENtoS ............................................................................................................................................................... 183
Índice
volume 10 número 3 - julho/setembro 2011
R e v i s t a B r a s i l e i r a d e
F i S i o L o G i A
do e x e r c í c i o
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011122
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Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
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Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares, 
Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu
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Editor Chefe
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Editor Associado
Pedro Paulo da Silva Soares
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Antonio Carlos Gomes (PR)
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Benedito Sérgio Denadai (SP)
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Francisco Martins (PB)
Francisco Navarro (SP)
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123Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011
Editorial
incentivar a pesquisa em doping
Pedro Paulo da Silva Soares, Editor Associado
o Brasil sediará muito em breve eventos esportivos de 
grande relevância e repercussão mundial, sendo os mais 
importantes a copa do Mundo de Futebol em 2014 e as 
olimpíadas em 2016. A RBFEx não poderia deixar de apro-
veitar estas oportunidades para fazer uma provocação a nossos 
colaboradores no sentido de incentivá-los a produzirem artigos 
científicos com um viés aplicado ao esporte, sem, contudo, 
esquecer os estudos mais básicos sobre mecanismos fisioló-
gicos. identificamos uma enorme janela de oportunidades 
para avançar no conhecimento da fisiologia do exercício nas 
diversas modalidades esportivas que se apresentam.
Dentre os inúmeros assuntos que são potencialmente ins-
tigantes, o doping é um dos que mais atrai nossa curiosidade 
seja pelo impacto que causa na mídia seja pela dúvidas levan-
tadas sobre o assunto. Contudo, trabalhos científicos sobre o 
assunto ainda são relativamente escassos. Embora os efeitos 
nocivos desta prática sejam bem divulgados, a investigação e 
experimentação no tema ainda se encontram bastante restri-
tos. A utilização de substâncias proibidas confere uma fraude 
ou uma violação das regras do “jogo limpo” e justo entre os 
competidores, e este fato já está mais que bem estabelecido. 
Entretanto, não conhecemos a fundo as repercussões do uso 
prolongado de estimulantes ou de esteroides anabolizantes, por 
exemplo. Em parte, porque os usuários e aqueles que os suprem 
com substâncias proibidas dificilmente revelam publicamente 
seu uso ou divulgam seus dados pessoais que poderiam revelar 
as alterações provocadas pelo doping. Entendemos que uma 
grande limitação para os estudos nessa área se refere a questões 
éticas em pesquisa científica. Alguns estudos com experimen-
tação animal nos permitiram avançar em alguns aspectos, mas 
em relação a dados com humanos ainda temos pouco material 
para além dos estudos com uma abordagem clínica.
Atualmente não somente atletas façam uso de doping, 
mas também não-atletas ou praticantes de atividades físicas 
recreativas, principalmente a musculação. Estas pessoas 
parecem empregar estas estratégias para obter ganhos de 
desempenho, com o objetivo estético através de aumentos 
de massa muscular no caso dos esteroides anabolizantes ou 
mesmo para ganharem maior motivação em treinar através 
dos estimulantes como as anfetaminas.
A RBFEx se manifesta fortemente contrária ao uso de 
substâncias dopantes e estimula seus colaboradores e leitores 
a comprovarem cientificamente que é possível o aumento de 
desempenho através do conhecimento preservando o “jogo 
limpo”. Cabe a comunidade da fisiologia do exercício e de-
mais participantes da área da saúde apresentarem elementos 
a sociedade que permitam a construção de uma base de 
conhecimento sobre o assunto esclarecendo a população e a 
comunidade do esporte sobre os efeitos do uso do doping.
o Brasil possui uma larga experiência no controle de 
doping que já é realizado em nosso território através das fe-
derações e confederações esportivas nacionais e internacionais 
que promovem controles de doping tanto em competição 
como fora-de-competição há vários anos através de profissio-
nais altamente qualificados. Quase sempre ouvimos de várias 
pessoas, atletas, treinadores ou mesmo de leigos, que a ciência 
está sempre correndo atrás dos fraudadores que investem 
quantias volumosas no desenvolvimento de substâncias não 
detectáveis em nossos métodos laboratoriais. isso em parte 
é verdade uma vez que o desenvolvimento de drogas que 
podem ser usadas para o doping foram desenvolvidas com 
fins terapêuticos e não esportivos. Aqueles que o fazem com 
este objetivo já estamparam as páginas policiais num passa-
do recente e os desportistas que se tiveram êxitos esportivos 
através da fraude foram desmoralizados e perderam suas 
medalhas. Alguns sofreram consequências mais graves com 
danos a saúde e risco à vida. Ainda assim as modificações no 
tecido muscular, sistema endócrino, nervoso e cardiovascular 
causadas pelo uso indevido e mesmo com o uso terapêutico 
ainda demandam investimento dos cientistas.
A RBFEx repudia a prática de doping e estimula a co-
munidade cientifica a apresentar novos trabalhos nesta área, 
não com o intuito de incentivar esta prática, mas sim o que 
conhecermos os potenciais riscos do doping e as repercussões 
sobre a saúde e, apresentar evidências que comprovem que 
temos opções na área da fisiologia do exercício para a promo-
ção da saúde e para o desempenho esportivo recreativo e em 
alto nível sem a necessidade do uso do doping.
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011124
artigo original
diferenças entre idade cronológica e idade motora 
geral para alunos do 1º ano do ensino fundamental
Difference between motor age and chronological age 
in 1st grade children
Leonardo Nobre Ghiggino*, Flavio Fernandes Bahiana*, Paulo Cesar Nunes-Junior, Ft. Esp.**
*Professor de Educação Física, **Pós-Graduado em Anatomia Humana e Biomecânica, Especialista em Osteopatia
resumo
idade cronológica é o número de dias, meses e anos vividos do 
nascimento ao presente momento. idade motora geral é um proce-
dimento aritmético que objetiva pontuar e avaliar os resultados da 
Escala de Desenvolvimento Motor. A idade motora geral relaciona-se 
com o nível de desenvolvimento motor do indivíduo. Este desen-
volvimento motor classifica-se como um processo de mudanças no 
nível de funcionamento do indivíduo, em que a maior capacidade 
de controlar movimentos é adquirida ao longo do tempo. A aquisi-
ção desta habilidade é individualizada, pois os indivíduos possuem 
níveis de maturação diferentes, implicando em diferenciações de 
desenvolvimento motor em crianças do mesmo ano letivo escolar. 
Este trabalho objetivou investigar a diferença entre a idade motora 
geral e a idade cronológica em 19 crianças do 1º ano letivo do 
Ensino Fundamental, sendo sete do sexo masculino e 12 do sexo 
feminino, visando proporcionar ao professor de Educação Física o 
acompanhamento da evolução da maturação dos alunos de forma 
individualizada. Este acompanhamento possibilitou a prescrição 
de atividades e exercícios adequados ao desenvolvimento motor de 
cada aluno. Para a realização da pesquisa, foram feitas uma bateria de 
testes que avaliaram o desenvolvimento motor de crianças com idade 
cronológica entre dois e onze anos, testando os seguintes parâmetros: 
motricidade fina e global, organização espacial e temporal, equilíbrio 
e esquema corporal. Chegamos à conclusão que as crianças avaliadas 
obtiveram uma idade motora geral inferior à idade cronológica, o 
que evidenciou atrasos no desenvolvimento motor.
Palavras-chave: idade cronológica, idade motora geral, 
desenvolvimento motor, crianças, 1º ano do ensino fundamental.
Abstract
Chronological age is the number of days, months and years 
lived from birth to present. General Motor Age is an arithmetic 
procedure that aims to score and evaluate the results of Motor 
Development Scale. The General Motor Age is related to the level 
of Motor Development of the individual. The Motor Development 
is classified as a process of change in level of functioning, where 
the greater ability to control movements is acquired over time. 
The acquisition of this skill is individual, because individuals have 
different levels of ripeness, resulting in the differentiation of motor 
development in children from the same school year. This study 
aimed to investigate the difference between the Motor Age General 
and chronologicalage in 19 children of the 1st grade children, 7 
males and 12 females, to provide the physical education teacher to 
monitor the evolution of maturation students individually. This 
monitoring will allow the prescription of activities and exercises 
suitable for the motor development of each student. For the survey, 
was made a battery of tests that assessed the motor development of 
children with chronological ages between 2 and 11 years, testing 
the following parameters: fine motor, global spatial and temporal 
organization, balance and body schema. it is concluded that the 
children studied had a General Motor Age less than chronological 
age, which showed delays in motor development.
Key-words: chronological age, motor age, motor development, 
children, 1st grade.
Recebido em 30 de maio de 2011; aceito em 8 de agosto de 2011. 
Endereço para correspondência: Paulo Cesar Nunes Junior, Rua Mearim, 307/301, 20561-070 Rio de Janeiro RJ, Tel: (21) 2578-
4036, E-mail: paulocesar.nunes@terra.com.br
125Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011
introdução
o processo de envelhecimento é uma realidade biológica 
que possui sua própria dinâmica [1]. No entanto existem 
fatores que podem ser controlados, tais como alimentação, 
exposição a riscos à saúde, fumo ou álcool, e a prática de exer-
cícios físicos. Esses fatores são determinantes para a aptidão 
física e desenvolvimento motor.
idade cronológica é o número de dias, meses e anos vivi-
dos desde o momento do nascimento de um indivíduo até 
o presente momento de sua vida. É o método mais popular 
de se classificar desenvolvimento, mas frequentemente o 
menos acurado. A idade cronológica fornece uma estimativa 
aproximada do nível de desenvolvimento do indivíduo, que 
pode ser mais precisamente determinado por outros meios, 
tais como idade óssea, dental, sexual e motora [2].
idade motora geral está ligada ao nível de desenvolvimento 
motor. É o resultado de um procedimento aritmético para 
pontuar e avaliar os resultados dos testes propostos por Rosa 
Neto na Escala de Desenvolvimento Motor [3].
Desenvolvimento motor é um processo de mudanças 
no nível de funcionamento de um indivíduo, em que uma 
maior capacidade de controlar movimentos é adquirida ao 
longo do tempo [4].
Embora relacionado à idade cronológica, o desenvolvi-
mento motor não está sujeito a esta. A aquisição de habilida-
des é individualizada devido a características únicas de cada 
indivíduo, tais como fatores ambientais, incentivo e instrução 
adequada. Desta forma pode-se afirmar que cada aluno do 
mesmo ano letivo terá um histórico diferenciado, o que im-
plicará em diferenciações no seu desenvolvimento motor. Na 
criança, a motricidade e a inteligência se desenvolvem como 
resultado da interação de fatores genéticos, culturais, ambien-
tais e psicossociais. Um dos modos de avaliar o resultado da 
ação conjunta desses fatores é determinar o perfil psicomotor 
da criança, que indica a qualidade do desenvolvimento psi-
comotor, especificando as habilidades motoras mais e menos 
elaboradas adquiridas até o momento [5].
A idade pré-escolar é uma fase de aquisição e aperfeiçoa-
mento das habilidades motoras, formas de movimento e pri-
meiras combinações de movimento, que possibilitam a criança 
dominar seu corpo em diferentes posturas e locomover-se pelo 
meio ambiente de variadas formas. A base para habilidades 
motoras globais e finas é estabelecida neste período, sendo 
que as crianças aumentam consideravelmente seu repertório 
motor e adquirem os modelos de coordenação do movimento 
essenciais para posteriores performances habilidosas [6-10].
Conhecer os níveis de desenvolvimento motor de crianças 
é fundamental para a estruturação de programas motores 
que propiciem a elaboração de práticas mais efetivas que 
levem crianças à construção de padrões de movimento mais 
avançados e que garantam a participação em atividades de 
movimento durante toda a vida [11]. Assim é necessário que 
professores de Educação Física promovam atividades baseadas 
na capacidade dos alunos, evitando generalizar exercícios para 
o mesmo ano letivo.
A Educação Física escolar adquire um papel fundamental 
promovendo estímulos que ajudarão a levar ao desenvolvi-
mento motor e a melhora da autoestima [2].
Estudos sobre a motricidade infantil são realizados com 
o objetivo de avaliar, analisar e estudar o desenvolvimento 
de crianças em diferentes etapas evolutivas. Rosa Neto [3] 
desenvolveu a Escala de Desenvolvimento Motor, que consiste 
numa bateria de testes que visam mensurar o desenvolvimento 
motor de crianças de dois a onze anos de idade cronológica. 
Essa bateria de testes tem como resultado a obtenção de uma 
idade motora geral. os parâmetros testados são: motricidade 
fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, orga-
nização espacial, organização temporal e lateralidade.
Motricidade fina é o conjunto de atividades de movimento 
de segmentos do corpo humano em sincronia com a visão 
a fim de se obter uma resposta precisa para uma tarefa [3]. 
Motricidade global é o controle de grandes movimentos dinâ-
micos de caráter tátil, sinestésico, labiríntico, visual, espacial 
e temporal [12]. Equilíbrio é base primordial de toda ação 
diferenciada dos segmentos corporais [3]. Esquema corporal é 
a capacidade de o indivíduo discernir as partes do seu próprio 
corpo em associação ao mundo exterior [13]. organização 
espacial trata da nossa habilidade em avaliar a relação do nosso 
corpo, como um todo, com o ambiente que nos cerca [14]. 
A organização temporal diz respeito à ordem de fenômenos 
e ao ritmo com que ocorrem [3].
o presente trabalho objetivou investigar a diferença entre 
idade motora geral e idade cronológica em 19 crianças do 
1º ano letivo do Ensino Fundamental, sendo sete do sexo 
masculino e 12 do sexo feminino. o estudo do crescimento 
e desenvolvimento humano, adicionados à avaliação motora 
na Educação Física escolar possibilita estabelecer objetivos e 
conteúdos coerentes para cada indivíduo, assim o profissional 
de Educação Física pode acompanhar a evolução e maturação 
individual, prescrevendo atividades e exercícios adequados ao 
desenvolvimento motor de cada aluno.
Materiais e métodos
o experimento foi conduzido no dia 07 de maio de 2010 
em 19 crianças nascidas entre 01/06/2003 e 31/08/2004, 
sendo sete do sexo masculino e 12 do sexo feminino. Foi 
necessária autorização dos diretores da escola, consentimento 
dos responsáveis pedagógicos e das crianças respectivamente.
As crianças incluídas neste estudo precisavam estar ma-
triculadas no primeiro ano do ensino fundamental e realizar, 
no mínimo, uma aula de Educação Física escolar por semana. 
Estas crianças permaneceram com suas roupas de aula, tirando 
apenas as vestimentas que atrapalhavam o movimento.
A Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) avalia motri-
cidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, 
organização espacial, organização temporal e lateralidade [3]. 
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011126
Esse último parâmetro não foi avaliado neste estudo, pois 
não apresenta relevância para obtenção da idade Motora 
Geral (iMG).
os testes foram aplicados em uma única sessão de duas 
horas e quarenta minutos. Foi feita uma explicação, para 
os alunos avaliados, acerca dos testes a serem realizados. As 
atividades tiveram um enfoque na ludicidade e os avaliadores 
desempenharam um papel motivacional, procurando incen-
tivar a criança na execução dos exercícios.
Foram montadas estações para a aplicação da bateria de 
testes. Esta tática foi utilizada para facilitar a organização do 
espaço e agilizar o tempo de aplicação das atividades. Com 
isso, foi possível desenvolver um circuito em que até três 
crianças e avaliadoresparticipavam do processo de coleta.
Cada prova da bateria marca uma nova etapa maturativa, 
que vai dos dois anos até os onze anos. Para o presente estudo, 
foram realizados os testes a partir da etapa de quatro anos. 
Se houvesse uma resposta positiva da criança para a atividade 
relativa ao teste de quatro anos, esta criança estaria habilitada 
a tentar o teste correspondente à idade de cinco anos, e assim 
sucessivamente. No caso de uma resposta negativa ao teste de 
quatro anos foi realizado o teste de três anos.
Motricidade fina
Com 12 cubos em desordem, o avaliador tomava três e 
formava uma ponte, com dois cubos na base e um no topo. 
Pedia-se para a criança fazer algo semelhante. Caso ela não 
entendesse o que deveria fazer, podia-se repetir a construção. 
Foi considerado acerto se a ponte continuasse montada, ainda 
que não bem equilibrada.
o teste inicial, que é relativo à idade motora fina de quatro 
anos, é colocar um pedaço de linha de 15 cm, número 60, 
por uma agulha de costura (1 cm x 1 mm). inicialmente a 
criança deve estar com as mãos separadas a uma distância 
de 10 cm e com a linha passada pelos dedos em 2 cm. Cada 
criança teve nove segundos para realizar esta atividade e direito 
a duas tentativas.
No teste seguinte, que corresponde à idade de cinco anos, 
o avaliador demonstra ao avaliado como fazer um nó simples 
em um lápis. Em seguida, a criança tem que realizar o mesmo 
nó no dedo do avaliador. Para este teste, utilizou-se um par 
de cordões de sapato de 45 cm. Considerou-se qualquer tipo 
de nó, contanto que não se desmanchasse.
No teste relativo à idade de seis anos a criança deveria 
traçar, com um lápis e com a mão dominante, uma linha 
contínua da entrada até a saída de um labirinto, tendo que, 
logo em seguida, iniciar outro labirinto. Após trinta segundos 
de repouso, a criança teria que realizar a mesma atividade com 
a mão não-dominante. Cada criança só poderia ultrapassar 
os limites do labirinto mais de duas vezes com a mão domi-
nante e três com a não-dominante. Se houvesse um número 
de erros maior do que estes estipulados, considerava-se uma 
falha na execução. Também foram considerados erros levan-
tar mais de uma vez o lápis do papel e ultrapassar o tempo 
limite para execução da atividade. o tempo de duração para 
cada atividade foi de 1 minuto e 20 segundos para a mão 
dominante e 1 minuto e 25 segundos para a não-dominante. 
Foram realizadas duas tentativas para cada mão. Nenhuma 
das crianças conseguiu ultrapassar essa etapa.
Motricidade global
o teste correspondente à idade de quatro anos foi a reali-
zação de sete ou oito saltos, sucessivamente, sobre o mesmo 
lugar, com as pernas levemente flexionadas. Possíveis erros 
cometidos pelos alunos foram movimentos não simultâneos 
de ambas as pernas ou cair sobre os calcanhares. Cada criança 
teve direito a duas tentativas.
o teste relativo à idade de cinco anos foi saltar, sem tomar 
impulso, uma altura de 20 cm, determinada por um elástico 
amarrado em dois apoios. Cada criança teve direito a três 
tentativas, sendo que duas deveriam ser positivas. os erros 
considerados foram tocar no elástico durante o salto, cair no 
chão mesmo que não tivesse encostado no elástico e tocar no 
chão com as mãos.
o teste da idade de seis anos foi, com os olhos abertos, 
a criança deveria caminhar uma distância de dois metros 
sobre uma linha reta, posicionando a ponta de um pé no 
calcanhar do outro pé. Foram permitidas três tentativas para 
cada criança. os possíveis erros eram afastar-se da linha, 
balançar ou afastar um pé do outro e executar a atividade de 
maneira incorreta.
No teste relativo à idade de sete anos a criança deveria, 
com os olhos abertos, saltar em um pé só ao longo da uma 
linha de cinco metros, com a outra perna flexionada em 90º e 
com os braços relaxados ao lado do corpo. Após 30 segundos 
de descanso, realizou-se a mesma atividade, mas saltando com 
a outra perna. Não foi estipulado um tempo determinado. 
Cada criança teve direito a duas tentativas com cada perna. os 
erros considerados foram distanciar-se da linha por mais de 
50 cm, tocar no chão com a outra perna e balançar os braços.
No teste correspondente a idade de oito anos a criança de-
veria saltar uma altura de 40 cm, determinada por um elástico, 
sem impulso. Cada criança teve direito a três chances, sendo 
que duas deveriam ser positivas. os erros considerados foram 
tocar no elástico durante o salto, cair no chão mesmo que não 
tivesse encostado no elástico e tocar no chão com as mãos.
No teste da idade de nove a criança deveria realizar um salto 
no ar, flexionando os joelhos para tocar os calcanhares com as 
mãos. o único erro era não tocar os calcanhares com as mãos.
No teste correspondente à idade de dez anos a criança 
deveria estar com um joelho flexionado em ângulo reto e os 
braços relaxados ao longo do corpo. A 25 centímetros do pé 
em repouso posicionamos no solo uma caixa de fósforos. A 
criança então deveria levá-la impulsionando-a com o pé a um 
ponto situado a cinco metros de distância. os possíveis erros 
eram tocar o chão com o outro pé, exagerar o movimento 
127Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011
dos braços, ultrapassar com a caixa em mais de cinquenta 
centímetros o ponto fixado e falhar no deslocamento da caixa. 
Foram dadas três tentativas. Nenhuma das crianças conseguiu 
passar por esse teste.
Equilíbrio
o teste de equilíbrio correspondente à idade de quatro anos 
foi à realização de uma flexão de tronco em ângulo reto durante 
o tempo de 10 segundos. Para realizar este exercício, a criança 
deveria estar com os olhos abertos, os pés juntos e as mãos 
apoiadas nas costas. Foram concedidas duas tentativas. os erros 
considerados foram realizar movimentos com os pés, flexionar 
os joelhos e ficar na posição desejada por menos de 10 segundos.
o segundo teste foi relativo à idade de cinco anos. Neste, 
a criança deveria manter-se em equilíbrio nas pontas dos pés 
durante 10 segundos. Durante este exercício, os olhos deve-
riam estar abertos, os pés estar juntos e os braços juntos ao 
corpo, com as palmas das mãos encostando nas coxas. Cada 
criança teve direito a três tentativas.
No teste de equilíbrio para a idade motora de seis anos, 
as crianças deveriam manter-se de pé sobre a perna direita 
enquanto que o joelho esquerdo estaria flexionado em ângulo 
reto, com a coxa paralela à direita e em leve abdução, com os 
braços ao longo do corpo. Após um intervalo de 30 segundos, o 
exercício foi repetido, mas havendo a troca de pernas. o tempo 
mínimo para que cada criança se mantivesse em equilíbrio com 
cada perna foi de 10 segundos. os erros considerados foram 
baixar mais de três vezes a perna levantada, saltar ou balançar, 
tocar com o outro pé no chão e elevar-se sobre a ponta do pé.
o próximo teste foi para a idade de sete anos. Neste 
a criança deveria se posicionar de cócoras, com os braços 
estendidos lateralmente, com os olhos fechados e com os 
pés e calcanhares unidos. Foram permitidas três tentativas e 
o tempo mínimo que uma criança deveria manter-se nesta 
posição foi de 10 segundos. os erros foram cair ou deslizar, 
sentar-se sobre os calcanhares, tocar no chão com as mãos e 
baixar o braço três vezes.
o último teste de equilíbrio correspondeu à idade de oito 
anos. Neste, a criança deveria manter-se em equilíbrio com 
o tronco flexionado realizando a flexão plantar. As crianças 
deveriam estar com os olhos abertos, as mãos nas costas, 
o tronco em ângulo reto e os calcanhares elevados. Foram 
concedidas duas tentativas e o equilíbrio deveria ser mantido 
por pelo menos 10 segundos. os erros considerados foram 
flexionar as pernas por duas vezes ou mais, sair do lugar e tocar 
o chão com os calcanhares. Nenhuma das crianças conseguiu 
ultrapassar esse teste.Esquema corporal
Para avaliar o esquema corporal correspondente as idades 
de dois a cinco anos, em relação à capacidade de controle do 
próprio corpo, foram feitos dois blocos de testes. As atividades 
foram feitas a partir de exercícios de imitação de gestos simples. 
o primeiro bloco teve dez exercícios de movimentos simples 
com as mãos e o segundo teve mais dez atividades de movimen-
to simples com os braços. Nestes testes o avaliador demonstra 
um gesto simples e a criança teria que repetir este gesto.
No primeiro bloco foram feitos os seguintes testes:
1. o avaliador mostra as mãos abertas com as palmas voltadas 
para frente, de forma que a criança possa vê-las. As mãos 
devem estar distantes 40 cm uma da outra e 20 cm do 
peito, aproximadamente.
2. Repetir o exercício anterior, mas com as mãos fechadas.
3. Demonstrar a mão esquerda aberta e a mão direita fechada.
4. Posicionar as mãos inversamente ao exercício anterior. Mão 
esquerda fechada e mão direita aberta.
5. Mão esquerda na vertical e mão direita na horizontal. A 
mão direita deve tocar a mão esquerda em um ângulo reto.
6. Colocar as mãos em posição inversa a do exercício ante-
rior. A mão esquerda deve estar na horizontal fazendo um 
ângulo reto com a mão direita que estará na vertical.
7. Mão esquerda em posição plana, com o polegar na altura 
do esterno. A mão e o braço direitos devem estar inclinados. 
Deve haver uma distância aproximada de 30 cm entre as 
mãos. A mão direita deve estar por cima da mão esquerda.
8. Posição inversa das mãos. Mão direita em posição plana, 
com o polegar na altura do esterno. Mão e braço esquer-
dos inclinados. Mão esquerda por cima da mão direita e, 
aproximadamente 30 cm de distância entre as mãos.
9. o avaliador posiciona as mãos paralelas. Mão esquerda 
diante da mão direita a uma distância de 20 cm. A mão 
esquerda deve estar por cima da direita, com um desvio 
de 10 cm. Todas as medidas são valores aproximados.
10. Posicionamento das mãos inverso ao da atividade ante-
rior. Mão direita diante da mão esquerda a uma distância 
aproximada de 20 cm. Mão esquerda por cima da direita 
com um desvio aproximado de 10 cm.
No segundo bloco, correspondente aos testes de movimen-
tos simples dos braços, foram feitas as seguintes atividades:
1. o examinador estende o braço esquerdo, horizontalmente 
para a esquerda, com a mão aberta.
2. Faz-se o mesmo movimento de extensão do braço, mas 
agora com o direito. A mão deve estar aberta.
3. Levantar o braço esquerdo.
4. Levantar o braço direito.
5. Levantar o braço esquerdo e estender o direito.
6. Realizar movimento inverso. Braço direito levantado e 
braço esquerdo estendido.
7. Extensão do braço esquerdo para frente e levantar o direito.
8. inversão das posições. Braço direito estendido e braço 
esquerdo levantado.
9. os braços devem estar estendidos de forma oblíqua. Com 
a mão esquerda no alto e a mão direita abaixo. o tronco 
deve estar ereto.
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011128
10. Posicionamento inverso ao teste anterior. os braços 
permanecem estendidos de forma obliqua, com a mão 
esquerda abaixo e a direita no alto.
A pontuação foi feita a partir do número de testes que a 
criança acertou. Como são vinte testes, a pontuação máxima 
possível foi de vinte pontos. A pontuação média para crianças 
com idade de três anos foi de 7 a 12 acertos; para crianças de 
quatro anos, de 13 a 16 acertos; e para as crianças de cinco 
anos, de 17 a 20 acertos.
Caso a criança acertasse todos os movimentos anteriores 
ela era submetida ao teste a seguir.
Para avaliar o esquema corporal das crianças com possíveis 
idades motoras entre seis e 11 anos, os alunos receberam uma 
folha quadriculada, 25 cm x 18 cm, com quadrados de um 
centímetro de lado e um lápis número dois. A folha ficou 
posicionada em sentido horizontal. As crianças tiveram que 
marcar com um risco cada quadrado da folha, o mais rápido 
que pudessem durante um minuto. Durante o teste, o avaliador 
observava se a criança apresentava dificuldades na coordenação 
motora, na instabilidade, na ansiedade e nas sincinesias.
Com relação à pontuação, adotou-se como critério crian-
ças com seis anos, pontuação média entre 57 e 73 traços; sete 
anos, de 74 a 90 traços; oito anos, 91 a 99 traços; nove anos, 
de 100 a 106 traços; dez anos, entre 107 e 114 traços; e com 
11 anos, 115 ou mais traços.
Organização espacial
Para avaliar a capacidade de organização espacial de 
crianças com idade de quatro anos pegou-se dois palitos com 
tamanhos diferentes, um de 5 cm e outro de 6 cm, e estes 
foram posicionados paralelamente em cima de uma mesa, 
separados 2,5 cm. A criança deveria adivinhar qual palito 
era o maior. Foram três tentativas, em todas houve a troca 
de posição dos palitos. Se houvesse falha em uma dessas três 
tentativas, eram feitas mais três, sempre trocando o posicio-
namento dos palitos. o teste era positivo quando a criança 
acertava três de três tentativas ou cinco de seis.
o próximo teste foi relativo à idade de cinco anos. Neste 
colocou-se um retângulo de 14 cm x 10 cm, feito de carto-
lina, em sentido longitudinal diante da criança. Um pouco 
mais próximo da criança colocou-se duas metades de outro 
retângulo, cortados na diagonal, com as hipotenusas voltadas 
para o exterior e separados alguns centímetros. A criança 
deveria pegar as duas metades e formar algo parecido com o 
retângulo que estava à frente dela. o teste teve duração de um 
minuto e, durante este tempo, foi concedido três tentativas. 
A criança teve direito a repetir a atividade duas vezes, caso 
não obtivesse sucesso na primeira.
No teste correspondente a idade de seis anos, a criança 
deveria conseguir identificar, nela mesmo, a noção de direita 
e esquerda. o avaliador ordenava três comandos, como exem-
plo “levantar o braço direito”. Apenas o examinado deveria 
executar os movimentos. o teste só seria considerado positivo 
se os três comandos fossem feitos de forma correta.
o teste para a idade de sete anos tem como objetivo a 
execução de movimentos a partir de uma determinada ordem. 
A sequência de movimentos foi: 1) mão direita na orelha 
esquerda; 2) mão esquerda na orelha direita; 3) Mão direita 
no olho esquerdo; 4) mão esquerda no olho direito; 5) mão 
direita no olho direito; 6) mão esquerda no olho esquerdo. A 
criança obterá êxito no teste se obtiver cinco acertos.
o teste relativo à organização espacial para as crianças de 
oito anos tem como objetivo avaliar o reconhecimento de 
direita e esquerda da criança em uma pessoa que está de frente 
para ela, no caso o avaliador. Na primeira atividade a criança 
deveria tocar a mão direita do avaliador, na segunda, tocar 
a mão esquerda e na terceira o avaliador segurou, de forma 
visível, uma bola em uma das mãos e a criança deveria dizer 
em qual mão a bola se encontrava. A criança passaria no teste 
se acertasse as três. Nenhuma criança ultrapassou esse teste.
Organização temporal
o teste para idade de quatro anos consistia na repetição 
de duas frases. o avaliador dizia à criança: “Você vai repetir”:
a. “Vamos comprar pastéis para mamãe”.
b. “o João gosta de jogar bola”.
Havendo dúvida o avaliador deveria animá-la e deveria 
estimular a repetição de outras frases.
o próximo teste relativo à idade de cinco anos consistia 
na repetição de frases mais complexas.
a. “João vai fazer um castelo de areia”.
b. “Luís se diverte jogando futebol com seu irmão”.
Foram considerados erros para ambos os testes a falha na 
repetição exata das frases.
Para avaliar a organização temporal das crianças com pos-
síveis idades motoras entre 6 e 11 anos, foi feita uma bateria 
de quatro blocos de testes.
No primeiro bloco - estruturas temporais, o avaliador e 
a criança ficaram sentados frente a frente, com um lápisna 
mão de cada um. o examinador descrevia o que ia fazer para 
a criança: “Você vai escutar diferentes sons e, com o lápis, irá 
repeti-los. Escute com atenção”.
o avaliador prosseguia realizando um tempo curto, de 
cerca de um quarto de segundo, representado por 0 0, feito 
com o lápis sobre a mesa. Seguido por um tempo longo, de 
cerca de um segundo, representado por 0 0 0, feito com um 
lápis sobre a mesa.
Nesse momento o avaliador poderia corrigir a criança para 
que ficasse claro que havia entendimento da etapa. Feito isso 
o examinador prosseguia para a primeira estrutura da prova, 
e a criança deveria repeti-lo. o examinador golpeava outras 
estruturas e enquanto a criança repetisse corretamente o 
avaliador continuava a prova.
129Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011
As estruturas são definidas no quadro i.
Organização temporal – Estruturas temporais
Ensaio 01 00 Ensaio 02 0 0 
Teste 01 000 Teste 11 0 0000
Teste 02 00 00 Teste 12 00000
Teste 03 0 00 Teste 13 00 0 00
Teste 04 0 0 0 Teste 14 0000 00
Teste 05 0000 Teste 15 0 0 0 00
Teste 06 0 000 Teste 16 00 000 0
Teste 07 00 0 0 Teste 17 0 0000 00
Teste 08 00 00 00 Teste 18 00 0 0 00
Teste 09 00 000 Teste 19 000 0 00 0
Teste 10 0 0 0 0 Teste 20 0 0 000 00
os movimentos do lápis, os golpes, não eram vistos pelas 
crianças. Posicionavam-se anteparos para bloquear a visão 
do que o avaliador realizava. Parava-se em definitivo caso a 
criança cometesse três erros consecutivos.
o próximo bloco dizia respeito à simbolização de estru-
turas espaciais. o avaliador dizia: “Agora você vai desenhar 
círculos no papel, o mais rápido que conseguir, de acordo 
com as figuras que mostrarei”. Nesse momento dava-se uma 
folha em branco para a criança poder desenhar.
As estruturas foram impressas em papel de alta gramatura, 
e recortadas para formar cartões. Foram apresentadas às crian-
ças por cinco segundos antes de serem guardadas novamente.
As estruturassão definidas no quadro 2.
Organização temporal 2 – Simbolização de estruturas
Ensaio 01 00 Ensaio 02 0 0
Teste 01 0 00 Teste 06 0 0 0
Teste 02 00 00 Teste 07 00 0 00
Teste 03 000 0 Teste 08 0 00 0
Teste 04 0 000 Teste 09 0 0 00
Teste 05 000 00 Teste 10 00 00 0
Após a realização dos ensaios o avaliador corrigiu o exa-
minando, certificando-se de que todos os testes foram com-
preendidos corretamente. Foi considerado erro se a criança 
falhasse duas estruturas consecutivas. Nenhuma das crianças 
conseguiu prosseguir além desse teste.
o teste de lateralidade não foi executado por não entrar 
na média do cálculo da idade Motora Geral.
o tratamento estatístico se concentrou na caracterização 
do grupo, através das estimativas de medidas de localização 
(média e mediana) e dispersão (desvio-padrão e coeficiente de 
variação), tal como proposto por Costa Neto [15]. A análise 
inferencial se deu pela avaliação da normalidade, através do 
teste de Shapiro-Wilk, a = 0,05, segundo o desenho [16]:
H0: A variável i não se aproximou da Distribuição Normal
H1: A variável i se aproximou da Distribuição Normal
" i Î i = {idade Cronológica, idade Motora Geral}
A não confirmação da normalidade levou à aplicação do 
teste de Wilcoxon para efetividade comparação das variáveis, 
a = 0,05 [16], cujo formato foi:
H0: idade Cronológica = idade Motora Geral
H1: idade Cronológica ≠ idade Motora Geral
Resultado e discussão
Como demonstrado na Tabela i, a média da idade crono-
lógica dos participantes foi de 74,66 meses (s = 4,0 meses). 
o coeficiente de variação foi de 5,39%, indicando a concen-
tração dos resultados individuais ao redor do valor médio, 
não havendo grande variabilidade no grupo. Em razão disto, 
aquela variável não interferiu no desempenho dos avaliados, 
portanto possíveis discrepâncias podem ser explicadas, mesmo 
que parcialmente, por condicionantes genéticos, cuja influ-
ência se deu no domínio fisiológico ou motor.
Tabela I - Média, desvio padrão, mediana e coeficiente de variação 
dos parâmetros analisados.
Média
Desvio 
Padrão
Me-
diana
Coefi-
ciente de 
variação 
(%)
Idade cronológica 74,66 4,0 75,50 5,39
Motricidade fina 42,95 10,1 36,00 23,41
Motricidade global 68,84 16,4 60,00 23,85
Equilíbrio 56,84 14,9 48,00 26,18
Esquema corporal 58,11 14,6 48,00 25,07
Organização espa-
cial
65,05 13,5 60,00 20,68
Organização tem-
poral
73,26 9,7 72,00 13,26
Idade motora geral 60,84 8,4 58,00 13,83
Os valores: média, desvio padrão e mediana estão expressos em 
meses.
os parâmetros idade cronológica, organização temporal 
e idade motora geral apresentaram coeficiente de variação 
(%) de 5,39; 13,26 e 13,83 determinando o uso da média e 
desvio-padrão para descrição dos resultados.
A mediana no teste de Motricidade Fina dos participantes 
foi de 36,00 meses, com coeficiente de variação de 23,41%. 
Esse resultado indica grande dispersão nos valores indivi-
duais, como visto na Tabela i. As medianas encontradas no 
presente estudo foram inferiores aos valores das medianas 
para o parâmetro Motricidade Fina encontrados num estudo 
realizado por Rosa Neto [3]. isso demonstrou que as crianças 
do presente estudo configuram um grupo que se apresenta 
bastante atrasado nesse parâmetro.
A mediana no teste de Motricidade Global dos participan-
tes foi de 60,00 meses, com coeficiente de variação de 23,85%. 
Esses resultados fogem dos dados encontrados por Rosa Neto 
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011130
[3]. A média foi de 68,84 meses (s=16,4 meses), similar à 
encontrada por Silveira et al. [17], média de 71,59 meses (s= 
16,95 meses), mas difere dos valores encontrados por Rosa 
Neto [3], que obteve média de 85,67 meses (s= 9,47 meses).
A mediana no teste de Equilíbrio dos participantes foi de 
48,00 meses, com coeficiente de variação de 26,18%. Esse 
resultado difere dos encontrados por Rosa Neto [3], que 
obteve mediana de 63,00 meses, e coeficiente de variação de 
14,95%. A média no presente estudo foi de 56,84 meses (s = 
14,9), valor inferior aos encontrados tanto por Silveira et al. 
[17] e Rosa Neto [3], que foram 69,53 (s = 20,42) e 83,20 
(s = 9,12) meses respectivamente. Por volta dos 5 e 6 anos de 
idade a criança passa por instabilidades no desempenho de 
tarefas de equilíbrio [4]. Além disso, podem não ter vivenciado 
experiências motoras suficientes que permitissem a realização 
das tarefas de equilíbrio com sucesso. As oportunidades que a 
criança tem para explorar o ambiente e suas próprias poten-
cialidades geram experiências, que podem afetar a aquisição 
e o aprimoramento de habilidades motoras [2].
A mediana no teste de Esquema Corporal dos partici-
pantes foi de 48,00 meses, com coeficiente de variação de 
25,07%. Esse valor apresenta-se 12 meses inferior ao obtido 
por Rosa Neto [3]. A média de 58,11 meses (s = 14,6 meses) 
mostrou-se 6 meses inferior aos dados obtidos por Silveira et 
al. [17] e 9 meses inferior aos de Rosa Neto [3].
A mediana no teste de organização Espacial dos parti-
cipantes foi de 60,00 meses, com coeficiente de variação de 
20,68%. Esse valor apresenta-se inferior ao obtido por Rosa 
Neto [3] em 24 meses. A média obtida no presente estudo 
também se mostrou inferior à obtida por Silveira et al. [17] e 
Rosa Neto [3], que foram 71,43 (s=2,85) e 81,33 (s=12,86) 
meses respectivamente.
A média no teste de organização Temporal dos participan-
tes foi de 73,26 meses (s= 9,7 meses). Esse valor é similar ao 
encontrado por Rosa Neto [3]: 75,31 meses (s=8,67 meses).
Esses resultados permitem afirmar que o desenvolvimento 
da motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema 
corporal e organização espacial dos participantes se apresen-
tam atrasados em relação à idade cronológica.
A médiada idade cronológica foi de 74,66 meses (s = 4,0 
meses). A média da idade motora geral foi de 60,84 (s = 8,4 
meses). Essa última mostrou-se bastante inferior à obtida por 
Rosa Neto [3], 73,81 meses (s = 6,25 meses).
A diferença entre idade cronológica e idade motora geral 
foi de 13,81 meses negativos (-13,81 meses), demonstrando 
atraso motor generalizado na amostra. Em toda amostra (n 
= 19) apenas um indivíduo (5,2%) apresentou-se adiantado, 
mas em apenas 1 mês e 15 dias. As variáveis idade crono-
lógica e idade motora geral se apresentaram distantes da 
distribuição normal, valor-p = 0,00, portanto a comparação 
foi não-paramétrica, através do teste de Wilcoxon, o qual 
revelou diferença estatisticamente significativa (p = 0,02). Em 
última análise foi possível afirmar que havia distinção entre 
as variáveis com 98,00% de certeza.
Crianças com atrasos motores às quais não são dadas 
oportunidades de intervenções motoras tendem a evidenciar 
atrasos no desenvolvimento mais acentuados com o tempo 
[11].
Caetano et al. [4] realizaram estudo com grupo de crianças 
em fase pré-escolar com intervalo de 13 meses, e constataram, 
em sua primeira avaliação, que o grupo de crianças de 5 anos 
e 6 anos não conseguiu realizar a tarefa correspondente à 
idade cronológica, obtendo idades Motoras Gerais (iMG) 
inferiores às idades Cronológicas (iMG = 4 anos e iMG = 5 
anos, respectivamente); desta forma, a tarefa correspondente 
aos 5 anos só foi solucionada pelas crianças de 6 anos. Já na 
segunda avaliação, as crianças de 5 anos realizaram a tarefa 
que corresponde a 6 anos, obtendo idade motora superior 
à idade cronológica (iMG = 6 anos). Sugerindo que por 
volta dos 5 anos de idade, a criança passa por instabilidades 
no desempenho de tarefas motoras finas. Estes períodos 
de instabilidade do comportamento são característicos do 
processo de desenvolvimento, sendo essenciais os momentos 
de desorganização para posterior melhora no desempenho 
[8,18-20]. Cabe destacar que, nesta idade, as crianças estão 
sendo preparadas para a alfabetização com intensas atividades 
relacionadas à motricidade fina.
Conclusão
os resultados obtidos no presente estudo sugerem que o 
desenvolvimento da motricidade fina, motricidade global, 
equilíbrio, esquema corporal, organização espacial dos indi-
víduos testados mostram-se abaixo do esperado, consequente-
mente apresentam um baixo nível de desenvolvimento motor.
Nos anos iniciais da infância ocorrem mudanças subs-
tanciais no comportamento motor a cada ano, sendo que 
o repertório motor torna-se cada vez mais diversificado à 
medida que a idade aumenta. isto sugere que os testes devem 
ser repetidos após um período, para avaliar o desenvolvimento 
dos indivíduos estudados. Pois, com o avanço da idade, as 
proporções corporais mudam, requerendo reorganização de 
todo o sistema, influenciando o desenvolvimento das habili-
dades motoras e do comportamento motor. Além dos fatores 
de crescimento e maturação, a experiência também contribui 
no processo de desenvolvimento.
Fatores do ambiente, do indivíduo e da tarefa, mais es-
pecificamente, fatores de crescimento e experiências motoras 
podem explicar as mudanças no desenvolvimento infantil. 
Estas mudanças parecem ser influenciadas pelas diferenças 
na estimulação e no encorajamento para explorar seu próprio 
corpo e o ambiente, podendo privilegiar mais acentuadamente 
um componente da motricidade em detrimento de outro.
A Escala de Desenvolvimento Motor mesmo tendo sido 
validada, pode não ser perfeitamente adaptada para crianças 
de diferentes culturas e ambientes. Mais especificamente, as 
tarefas propostas para cada idade podem não estar refletindo 
as mudanças esperadas quanto ao desenvolvimento. Desta 
131Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011
forma, sugere-se que as tarefas de cada componente da 
motricidade sejam novamente validadas para que se possa 
conclusivamente observar a não linearidade do desenvolvi-
mento motor.
os resultados possibilitam concluir que os componentes 
da motricidade apresentam ritmos diferentes de desenvolvi-
mento. A presente avaliação pode favorecer o entendimento 
do processo de desenvolvimento motor das crianças, permi-
tindo que os profissionais envolvidos com a educação infantil 
consigam avaliar e intervir neste por meio da adequação das 
atividades. Assim, sugere-se que novos estudos sejam reali-
zados de forma a avaliar a qualidade das atividades motoras 
propostas dentro e fora do ambiente escolar e o seu relacio-
namento com o desenvolvimento motor.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011132
artigo original
Influência da flexibilidade no desenvolvimento 
da força muscular
Influence of flexibility in the development of muscular strength
Thiago Pereira*, Gilmar Weber Senna**, Sidney Cavalcante da Silva***
*CEPAC- Universidade Gama Filho (UGF) – RJ, **Escola de Educação Física e Desportos, Universidade Federal do Rio de Janeiro 
(EEFD/UFRJ), ***Universidade Católica de Petrópolis (UCP) – RJ, Comitê Olímpico Brasileiro (COB) – RJ 
resumo
Introdução: o objetivo do estudo foi verificar a influência dos 
exercícios de alongamento, no desenvolvimento da força quando 
realizados antesde exercícios resistidos. Métodos: A amostra foi com-
posta por um grupo de 26 sujeitos do sexo masculino, com idades 
entre 17 e 29 anos (21,41 ± 3,09), massa corporal de 73,96 kg (± 
8,61 kg) e estatura de 175,10 cm (± 5,65 cm). Foram realizados 
teste e reteste de cargas no supino horizontal (SH), para 10RM, em 
dias não consecutivos. Depois, em entrada alternada, realizaram-se 
dois dias de experimento compostos por uma série de 10RM no SH, 
sendo um dia precedido por alongamento (CA) utilizando duas séries 
de 30 segundos, com 30 segundos de intervalo entre as mesmas e 
o outro não (SA). Resultados: Após a análise estatística por meio do 
teste t de Student pareado observamos uma redução significativa (p 
< 0,001) no número de repetições máximas na situação CA. Con-
clusão: Logo, nossos dados nos permitiram concluir que a execução 
prévia de duas séries de 30 segundos de um alongamento estático 
antes do SH provoca uma redução significativa no desenvolvimento 
da força máxima.
Palavras-chave: treinamento de força, treinamento de 
flexibilidade, supino horizontal.
Abstract
Introduction: The aim of this study was to verify if exists any 
influence of the stretch exercise on strength standard when executed 
before strength training. Methods: The sample was composed of a 
group of 26 male-subjects, 17 to 29 years old (21.41 ± 3.09), body 
mass 73.96 kg (± 8.61 kg) and height 175.10 cm (± 5.65 cm). Tests 
and re-tests of load were made on the bench press for 10RM, in 
non-consecutive days. After that, in alternative entry, they execu-
ted a serie of 10RM on the bench press, a day preceded by stretch 
exercises and the other day without. The static stretch exercises 
were divided into 2 series of 30 seconds each, with 30 seconds of 
interval between them. Results: After statistic analysis through a 
t-paired test was observed a significant decrease (p < 0,001) on the 
number of repetitions of the bench press, after the static stretch 
exercises protocol used on this study. Conclusion: We can conclude 
that the static stretch exercises before the strength training on the 
bench press cause decrease of the number of maximum repetitions. 
Key-words: strength training, flexibility training, bench press.
Recebido em 4 de julho de 2011; aceito em 11 de agosto de 2011. 
Endereço para correspondência: Sidney Cavalcante da Silva, Rua Dr. Paulo Herve, 708/201, 25665-132 Petrópolis RJ, E-mail: sidney.
cavalcante@cob.org.br
133Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011
introdução
o alongamento estático (AE) é comumente utilizado com 
a finalidade de preparar a musculatura para determinado gesto 
atlético, assim como forma de aquecimento prévio a realização 
de programas de treinamento de força (TF) [1]. o American 
College of Sports Medicine [2] recomenda a incorporação de 
exercícios de flexibilidade e de TF, dentro de um programa de 
treinamento. Contudo, a utilização de exercícios de flexibili-
dade aliados a uma rotina de TF tem despertado o interesse 
da comunidade científica, visto que existem evidências que 
apontam uma controvérsia na relação dos exercícios de alon-
gamento quanto à proteção ao músculo, bem como a redução 
no risco de lesões [3-6].
Evidências acerca da utilização do AE antecedendo o salto 
vertical [7-9] tem demonstrado ocorrer reduções quando 
comparados a outros métodos de aquecimento como, por 
exemplo, saltos submáximos (aquecimento específico), bem 
como a não utilização de aquecimento (grupo controle) [10]. 
Também foram observados decréscimo da atividade neuro-
muscular através de eletromiografia [7] mostrando decréscimo 
significativo no desenvolvimento do salto vertical quando 
precedido pelo AE.
Evetovich et al. [11] não encontraram diferença do sinal 
eletromiográfico nas condições pré e pós alongamento, no 
entanto, fazendo uso da mecanomiografia, observaram que a 
realização AE antes de atividades esportivas gerava uma queda 
no desenvolvimento da força devido a uma diminuição na 
rigidez músculo tendínea. Provavelmente por este motivo, 
também observamos diminuições da performance da força 
muscular em estudos com aparelhos isocinéticos e exercícios 
de membros inferiores testados a uma repetição máxima 
(1RM) [12-14]. 
Apesar de a literatura ser quase unânime em mostrar uma 
relação inversa entre AE e força, o trabalho de Nelson et al. 
[15] apresenta uma relação entre a força de endurance e os 
exercícios de AE divididos em dois experimentos. Para tanto, 
os autores avaliaram a força a 60, 50 e 40% da massa corporal 
de cada indivíduo em duas situações diferentes, pré e pós- 
alongamento dos posteriores de coxa, com duração total dos 
alongamentos de aproximadamente 15 minutos. Ambos os 
experimentos foram realizados por seis dias diferentes, sendo 
quatro dias com alongamento. os resultados obtidos foram de 
uma queda de 24% no padrão de força no grupo que realizou 
o movimento com 60%, de 28% no grupo que realizou 50% 
e 9,8% no grupo que realizou com 40% do peso corporal. A 
partir dos dados encontrados os pesquisadores concluíram que 
exercícios de AE de alta duração deveriam ser evitados antes 
de performances de força de endurance máximas. 
Recentemente, Endlich et al. [16] verificaram reduções 
significativas do desenvolvimento da força com cargas de 
10RM no leg press, quando precedidos por 8 e 16 minutos de 
alongamentos. Já para o supino horizontal (SH) esta redução 
só foi observada com 16 minutos de alongamentos. Contudo 
entre a execução dos alongamentos e o teste de 10 RM, os 
indivíduos foram submetidos a um aquecimento específico 
com carga equivalente a 50% da carga de teste, o que poderia 
influenciar positivamente o desenvolvimento da força [17].
Embora a literatura aponte para reduções no desenvolvi-
mento da força muscular, quando precedida por exercícios 
de flexibilidade nos membros inferiores, parece haver uma 
lacuna quanto à relação destes dois tipos de treinamento 
em membros superiores, no que diz respeito ao volume e a 
intensidade comumente utilizada em programas de atividades 
físicas [18]. Portanto, o presente estudo teve como objetivo 
investigar a influência do AE no desenvolvimento da força 
muscular no exercício de supino horizontal. 
Material e métodos
Sujeitos
Foram estudados 26 sujeitos do sexo masculino com 
idades entre 17 e 29 anos (21,41 ± 3,09), massa corporal de 
73,96 kg (± 8,61 kg) e estatura de 175,10 cm (± 5,65 cm). 
Todos os indivíduos estudados eram fisicamente ativos, e 
envolvidos no treinamento de força de membros superiores 
por pelo menos 6 meses, treinando três vezes na semana. 
Todos foram informados sobre os possíveis desconfortos do 
estudo, como, por exemplo, a dor muscular de início tardio, 
além dos riscos, não descartados, de lesão na coleta dos dados 
do presente estudo, bem como responderam negativamente 
aos itens do Questionário PAR-Q [19] e assinaram o Termo 
de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme a Resolução 
196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil.
Teste de 10 Repetições Máximas (10RM)
o teste e o reteste de 10 RM foram realizados em dois dias 
não consecutivos. os testes decorreram no supino horizontal 
(SH), que foi executado com pesos livres. A obtenção da carga 
de 10RM foi dada a partir de no máximo três tentativas. Para 
os indivíduos que ultrapassaram ou ficaram aquém das 10 
repetições máximas, foram efetuados os ajustes necessários 
de carga para cada sujeito. Visando reduzir a margem de erro 
no teste de 10RM, foram adotadas as seguintes estratégias: 
a) instruções padronizadas de modo que o avaliado estivesse 
ciente de toda a rotina que envolvia a coleta de dados, antes 
de sua execução; b) o avaliado foi instruído sobre a técnica de 
execução do exercício, para reduzir um efeito do aprendizado 
nos escores obtidos; c) o avaliador estava atento quanto à 
posiçãoadotada pelo praticante no momento da medida [20]. 
Após 48 horas da realização dos testes de carga, foram 
conduzidos os retestes da carga de 10RM. Uma excelente 
reprodutibilidade das cargas foi verificada entre o teste e o 
reteste de 10RM, através do coeficiente de correlação intra-
classe (r = 0,99). Durante os testes, cada sujeito realizou três 
tentativas para o exercício, com cinco minutos de intervalo 
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011134
entre as tentativas. Técnicas padronizadas do exercício foram 
demonstradas para cada sujeito antes da execução de cada 
teste. Não foram permitidas pausas entre as fases concêntri-
cas e excêntricas nas repetições ou entre as repetições. Para 
as repetições serem bem sucedidas, o completo ângulo de 
movimento, como é normalmente definido para o exercício, 
tiveram de ser completados. 
Procedimento experimental
o experimento consistiu em duas visitas realizadas em dias 
não consecutivos com entradas alternadas, com intervalo míni-
mo de quarenta e oito horas entre as mesmas, quando o SH foi 
executado em duas condições de pré-exercício, com (CA) e sem 
alongamento (SA). Na visita (CA) foi realizado um exercício de 
alongamento que consistiu no indivíduo deitado em decúbito 
ventral, com os braços e pernas estendidas no prolongamento 
do corpo e as palmas das mãos voltadas para o solo. o avaliador 
abduz o braço do avaliado segurando-o pela palma das mãos, 
buscando a união das mãos até o ponto de desconforto. o 
alongamento foi executado de forma estática dividido em duas 
séries de 30 segundos, o que, segundo ACSM [3], é o tempo 
necessário para o aumento da flexibilidade pelo método estático. 
Entre as duas séries foi dado um intervalo de 30 segundos, e após 
a realização dos alongamentos foi dado o intervalo de 1 minuto 
para execução do SH com a carga de 10RM pré-estipulada. A 
visita (SA) foi realizada da seguinte maneira, foram executadas 
10RM no SH na condição SA. os participantes foram instru-
ídos a realizar o número máximo de repetições no SH, assim 
como encorajados verbalmente durante o teste. A velocidade de 
execução foi controlada pelos próprios indivíduos. o número 
de repetições realizadas por cada indivíduo nos diferentes dias 
foi anotado com precisão para a análise posterior. 
Análise estatística
Para analisarmos a influência do alongamento sobre a for-
ça, foi utilizado o teste t de Student pareado, a fim de comparar 
o número máximo de repetições realizadas no exercício supino 
horizontal precedido ou não pelo alongamento. o nível de 
significância adotado foi p < 0,05, para tal foi utilizado o 
software Statistica versão 7.0 (Statsoft, Tulsa, USA). Com o 
intuito de verificar a reprodutibilidade da carga assim como 
maior acuracia da medida de força, foi realizado o coeficiente 
de correlação intraclasse através do software SPSS versão 13.0 
(SPSS inc., Chicago, iL).
resultados
A Figura 1 demonstra os resultados do número de repeti-
ções realizadas no SH nas duas distintas condições, SA (10,11 
± 0,58) e CA (6,61 ± 1,35). A condição CA resultou em um 
número de repetições significativamente inferior a condição 
SA (p = 0,001).
Figura 1 - Teste de 10 repetições máximas nas condições sem 
alongamento (SA) e com alongamento (CA). Valores expressos com 
média ± desvio padrão (DP). Teste t-student pareado. Diferenças 
significativas estabelecidas quando p < 0,001.
SA CA
N
º 
Re
ps
* 
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
discussão
o estudo analisou a influência do AE sobre o desenvol-
vimento da força máxima no SH. Para tanto, foi utilizado o 
tempo de estímulo recomendado pelo American College of 
Sports Medicine [2] para aumento da flexibilidade, (2 séries 
de 30 segundos). Com base nos dados apresentados podemos 
verificar a influência que o AE exerceu sobre o desenvolvimen-
to da força, na amostra estudada, apresentando uma queda 
extremamente acentuada com a utilização do alongamento 
antes da execução do SH (figura 1). Contudo, quando vamos 
à literatura observamos que a maioria dos trabalhos que abor-
dam o tema utiliza tempos de alongamento demasiadamente 
elevados, ultrapassando as recomendações supracitadas, e os 
dados apresentados em nosso estudo [1]. 
Endlich et al. [16], utilizando o SH com 10 RM, obser-
varam uma diminuição no número de repetições quando 
precedidas por uma sessão de alongamento de 16 minutos. 
No entanto, quando a mesma era realizada após uma sessão 
de alongamentos inferior a oito minutos isto não foi possível. 
Acreditamos que essa resposta pode estar associada ao aque-
cimento a 50% da carga que os indivíduos eram submetidos 
após os 8 minutos de aquecimento, o que pode ter influen-
ciado de forma positiva o desenvolvimento da força. Sendo 
assim, esses escores podem ter sofrido alterações pelo aumento 
da potência muscular decorrente de um pré-exercício [17].
Ao compararmos os dados desse estudo com o nosso expe-
rimento, verificamos uma diferença bem significativa quanto 
aos resultados. Contudo, ao observarmos a metodologia 
aplicada, verificamos que os autores não realizaram reteste 
de carga. Este fato pode ter contribuído para tornar a carga 
máxima utilizada no trabalho, em submáxima, o que poderia 
explicar a não observância de uma diferença significativa 
para o SH realizado após alongamento, mesmo utilizando 
um tempo de estímulo 8 vezes maior do que o utilizado em 
nosso estudo. No mesmo estudo trabalhando com 10 RM 
135Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011
para o exercício extensão de pernas no leg press, os autores 
observaram reduções no número de repetições para o exercício 
tanto após 8 como para 16 minutos de alongamento, com 
reduções de 4,2% e 14,3% respectivamente. isto nos leva a 
crer que independentemente do tipo de exercício executado, 
quanto maior o tempo de alongamento maior a prevalência 
de diminuição nos níveis de força de maneira aguda. 
 Arruda et al. [21] também observaram o efeito 
deletério da força quando precedida por exercícios de alon-
gamento no supino reto na máquina para 10RM. Como no 
estudo de Rhea e Kenn [17], os autores não realizaram reteste 
de carga também, o que pode ter causado mudanças na car-
ga utilizada na coleta. Além disso, utilizaram um tempo de 
estímulo para os alongamentos em torno de 5 minutos. isto 
reforça mais ainda a hipótese de que quanto maior o tempo 
de alongamento antes da execução de um exercício de força 
maior a probabilidade de termos um efeito negativo sobre o 
desenvolvimento dessa força, mesmo que essa carga não seja 
realmente de 10RM. 
Nelson et al. [15] avaliaram a força de endurance de 
membros inferiores através de um teste de carga submáxima, 
a 40, 50 e 60% do peso corporal de cada indivíduo, demons-
trando quedas de 9,8%, 28% e 24% respectivamente, após 
uma sessão de 15 minutos de alongamento estático. os dados 
apresentados nos levam a crer que quanto mais baixa a sobre-
carga utilizada, menor a queda relativa no desenvolvimento da 
força de endurance. Tendo em vista que em nosso experimento 
utilizamos a intensidade de 10RM, carga recomendada para 
o treinamento da força muscular [19], o estudo de Nelson 
et al. [15] vem a corroborar com o nosso estudo, mostrando 
que quanto mais próximo do máximo se encontra a sobre-
carga aplicada maior é o percentual de influência exercido 
pelo exercício de alongamento no desenvolvimento da força 
muscular de forma aguda.
Após analisarmos diferentes evidências disponíveis na 
literatura, observamos haver um número reduzido de estu-
dos que buscaram verificar a influência do alongamento no 
desenvolvimento da força muscular com 10RM, já que, na 
maioria dos casos, os dados foram obtidos a partir de testes 
de 1RM ou em aparelhos isocinéticos. Adicionalmentea este 
fato, observamos que o tempo total de alongamento utilizado 
varia muito oscilando entre 5 e 20 minutos [11-14].
Cargas mal estabelecidas associadas a longos períodos de 
alongamentos podem ser uma combinação que propicie de-
créscimo no desenvolvimento da força máxima. Na contramão 
da literatura observamos que a utilização de carga máxima 
bem estabelecida associada a um reduzido tempo total de 
alongamento (± 1 min e 30 seg) também pode promover 
reduções significativas na força máxima como observado em 
nossos dados. 
A literatura não é precisa nem consensuosa, mas apresenta 
algumas hipóteses para justificar a redução na força máxi-
ma, de maneira aguda, em detrimento de exercícios de AE. 
Kubo et al. [22] relatam que os exercícios de AE alteram as 
propriedades viscoelásticas da unidade músculo tendínea, o 
que reduz a tensão passiva e causa rigidez na unidade motora, 
diminuindo a capacidade do sistema músculo esquelético 
de gerar força e tensão. Evetovich et al. [11], apesar de não 
terem encontrado em seu estudo diferença significativa no 
sinal eletromiográfico após o AE, acreditam que uma maior 
habilidade para gerar torque, sem alongamento prévio, está 
mais associada a rigidez na unidade músculo-tendão, do que o 
total de unidades motoras ativadas. Wilson et al. [23] relatam 
que um sistema músculo tendíneo mais maleável devido ao 
alongamento, apresentaria diminuição de seu comprimento, 
o que levaria a uma ausência de sobrecarga, até que os compo-
nentes elásticos do sistema se ajustassem de maneira adequada 
possibilitando a transmissão de força. Nesse momento, o 
componente contrátil se encontraria em uma posição menos 
favorável em termos de produção de força, isso explicaria a 
queda na produção de força. 
Conclusão
o presente estudo sugere que os exercícios de alongamento 
estático podem inibir a capacidade máxima de desenvolver 
força a cargas de 10RM, de maneira aguda. Esses resultados 
parecem estar em consonância com os de outros estudos 
apresentados na literatura. 
Além disso, é importante que sejam realizados estudos que 
possam verificar a influência da flexibilidade nos exercícios 
com cargas de 10RM em séries subsequentes, assim como 
experimentos crônicos sobre as respostas do treinamento de 
força aliado a uma rotina prévia de alongamentos, fazendo 
uso de diferentes tipos de exercícios.
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137Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 10 Número 3 - julho/setembro 2011
artigo original
Influência dos exercícios de estabilização central 
sobre a oscilação corporal de indivíduos 
com lombalgia crônica
Influence of core stabilization exercises on the body oscillation 
of individuals with chronic low back pain
Adriana Regina de Andrade, Ft.*, Bruna Karla Grano, Ft.*, Francieli Wilhelms, Ft.*, Juliana Gaffuri, Ft.*, 
Marcela Medeiros de Almeida Costa, Ft.*, Marina Pegoraro Baroni, M.Sc.**, Alberito Rodrigo de Carvalho***, 
Gladson Ricardo Flor Bertolini, D.Sc.****
*Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus de Cascavel PR, **Docente da Faculdade de Ciências da Saúde 
do Trairí - FACISA/UFRN, ***Especialista, docente do curso de fisioterapia da Unioeste, ****Docente do curso de fisioterapia da 
Unioeste
resumo
Introdução: A lombalgia é caracterizada por dor, rigidez muscular, 
fadiga ou desconforto localizado no terço inferior da coluna verte-
bral. A estabilização central tem como objetivo proporcionar melhor 
suporte à coluna lombar e promover maior estabilidade funcional 
da região lombo-pélvica, bem como reduzir a incidência de lesões 
e desconfortos nessa região. Objetivo: Verificar a eficácia de um 
treinamento baseado em exercícios de estabilização central, aplicados 
em uma única intervenção sobre a oscilação do centro de gravidade 
corporal. Métodos: A amostra foi constituída de 25 indivíduos di-
vididos em grupo controle (n = 11), grupo placebo (n = 7) e grupo 
estabilização central (n = 7). Todos foram submetidos à avaliação 
baropodométrica. Somente os grupos placebo e estabilização