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9 - FILOSOFIA MEDIEVAL - São Tomás de Aquino e Santo Agostinho

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e) FILOSOFIA MEDIEVAL CRISTÃ
(VIII d.C. – XIV d.C.)
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Parte 1: CAPÍTULO 3: Sócrates e os Sofistas (pag. 40 a 48).
 Filosofia 
Prof. Clélia
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FILOSOFIA MEDIEVAL CRISTÃ
Período bastante influenciado pelo pensamento socrático e platônico (conhecido aqui como neoplatonismo, vindo da filosofia de Plotino). Ocupou-se em discutir e problematizar Questões Universais. É nesse período que o pensamento cristão firma-se como "Filosofia Cristã", que mais tarde se torna [Teologia].
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FILOSOFIA MEDIEVAL CRISTÃ
Na Idade Média, ocorreu um intenso sincretismo entre o conhecimento clássico e as crenças religiosas. De fato, uma das principais preocupações dos filósofos medievais foi a de fornecer argumentações racionais, espelhadas nas contribuições dos gregos, para justificar as chamadas verdades reveladas do cristianismo e do islamismo, tais como a da existência de Deus, a imortalidade da alma etc.
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A visão que influenciou fortemente o desenvolvimento da filosofia Cristã e que se encontra na abertura do quarto evangelho (de São João) é: “NO PRINCÍPIO ERA O VERBO (LOGOS)”.
Fílon de Alexandria (judeu helenista que viveu em Alexandria em 25 a.C. – 50 a.C.) retoma o conceito de LOGOS, “interpretando-o como um princípio divino a partir do qual Deus opera no mundo.”
Disse Heráclito (filósofo grego, pré-socrático): "Tudo acontece de acordo com o logos". Mas o que é logos? Seu significado mais básico é verbo. Nos séculos anteriores a Heráclito, logos significava também relato, linguagem e história. Já na época de Heráclito, logos podia significar razão, princípio e explicação. 
Heráclito queria dizer que, LOGOS, era: "o princípio organizacional, segundo o qual ,o cosmo se ordena a si próprio".
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A Filosofia Medieval ou Cristã, corresponde ao longo período histórico que vai do final do Helenismo (séculos IV e V) até o Renascimento e o início do Pensamento Moderno (final do século XV e século XVI) = 10 séculos.
Os REGISTROS DA FILOSOFIA MEDIEVAL, no entanto, estão concentrados no período do surgimento e desenvolvimento da ESCOLÁSTICA.
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O que foi a ESCOLÁSTICA?
Escolástica ou Escolasticismo (do latim scholasticus - que pertence à escola, instruído) foi o MÉTODO DE PENSAMENTO CRÍTICO dominante no ensino nas universidades medievais europeias.
Não tanto como uma filosofia ou uma teologia, mas, como um método de aprendizagem, a escolástica NASCEU NAS ESCOLAS MONÁSTICAS CRISTÃS, de modo a conciliar a fé cristã com um sistema de pensamento racional, especialmente, o da filosofia grega. 
Colocava uma forte ênfase na dialética para ampliar o conhecimento por inferência e resolver contradições. A obra-prima de TOMÁS DE AQUINO (SUMA TEOLÓGICA) é frequentemente vista como exemplo maior da escolástica.
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O CRISTIANISMO difundiu-se através de núcleos de fiés que surgiram nos principais centros urbanos (do latim “urbanus” – pertencente a cidade), como fruto da ação de vários pregadores, levando adiante a missão de São Paulo. 
É daí que surge o termo “IGREJA”, a partir do grego “ECCLESIA” (assembleia ou reunião de uma comunidade).
O primeiro filósofo cristão (segundo a tradição) foi São Justino (filósofo que se converteu ao Cristianismo, passando a considerá-lo como a “verdadeira filosofia” e a defender a ideia e necessidade de uma filosofia cristã).
Os pensadores desse período são considerados “apologetas”, porque faziam a apologia ou defesa do cristianismo e seu pensamento é conhecido como PATRÍSTICA, ou seja, doutrina dos padres (pais) da igreja.
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O pensamento medieval foi acompanhado, em todo o seu tempo, pela passagem citada em ISAÍAS 7,9: “SE NÃO CREDES, NÃO ENTENDEREIS”.
Esta questão representará o foco permanente de tensão na filosofia cristã e na relação entre a filosofia e a teologia, constituindo o que ficou conhecido como “O CONFLITO ENTRE RAZÃO E FÉ”:
Seriam a razão, o conhecimento e a filosofia, um caminho, uma preparação para a fé? ou ao contrário, a fé, a sabedoria revelada, independeria da filosofia, não sendo algo que pudesse ser justificado ou explicado? 
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FILOFIA MEDIEVAL - O PENSAMENTO CRISTÃO:
Ao longo do séc. V d.C., o império romano do ocidente sofreu ataques constantes dos “povos bárbaros”. 
Em meio ao esfacelamento do Império Romano, a Igreja conseguiu manter-se como instituição social, consolidou sua organização religiosa e difundiu o cristianismo, preservando, também, muitos elementos da cultura greco-romana.
A fé cristã era o pressuposto da vida espiritual e consistia nas verdades reveladas por Deus aos homens, as quais se encontram expressas nas Sagradas Escrituras, interpretadas segundo a autoridade da Igreja. 
Assim, toda investigação filosófica não poderia contrariar as verdades estabelecidas pela fé católica, sendo assim, os filósofos não precisavam se dedicar à busca da verdade, pois ela já havia sido revelada por Deus aos homens. Restava-lhe, somente, demonstrar racionalmente as verdades da fé.
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Podemos dividir a filosofia medieval em quatro momentos principais:
1 - PADRES APOSTÓLICOS: do início do cristianismo (séculos I e II), entre os quais se incluem os apóstolos, que disseminavam as palavras de Cristo, sobretudo em relação aos temas morais. São Paulo: “Tomais cuidado para que ninguém vos escravize por vãs e enganadoras especulações da “filosofia”, segundo a tradição dos homens, segundo os elementos do mundo, e não segundo Cristo.”
 
2 - PADRES APOLOGISTAS (séculos III e IV), que faziam a apologia do cristianismo contra a filosofia pagã. Destacam-se Orígenes, Justino e Tertuliano.
3 - PATRÍSTICA (meados do século IV ao século VIII), busca-se uma conciliação entre a razão e a fé. Destaca-se a figura de Santo Agostinho e a influência da filosofia platônica (Platão).
4 - ESCOLÁSTICA (do século IX a XVI), no qual se buscou uma sistematização da filosofia cristã, sobretudo a partir da interpretação da filosofia de Aristóteles. Destaca-se a figura de São Tomás de Aquino. O ambiente cultural em que se desenvolve a escolástica (de escola) é propício ao surgimento das primeiras universidades (século XI), que seguem os moldes do ensino romano. 
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I - SANTO AGOSTINHO (354-430) e o Platonismo Cristão 
 “Compreender para crer, crer para compreender.”
Aureliano Agostinho nasceu em Tagaste, província romana situada na África, e faleceu em Hipona, hoje localizada na Argélia. 
Até 32 anos, Agostinho não era cristão e teve uma vida voltada aos prazeres do mundo. Agostinho defendeu a superioridade da alma humana, isto é, a supremacia do espírito sobre o corpo, a matéria. A alma teria sido criada por Deus para reinar sobre o corpo, para dirigi-lo à prática do bem. O homem pecador, entretanto, utilizando-se do livre-arbítrio, costuma inverter essa relação, fazendo o corpo assumir o governo da alma. A verdadeira liberdade estaria na harmonia das ações humanas com a vontade de Deus. Ser livre é servir a Deus, pois o prazer de pecar é a escravidão.
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Podemos destacar 03 aspectos fundamentais da contribuição de Santo Agostinho ao desenvolvimento da Filosofia:
1 - Sua formulação das relações entre teologia e filosofia, entre razão e fé.
2 - Sua teoria do conhecimento com ênfase na questão da subjetividade e da interioridade.
3 - Sua teoria da história elaborada na monumental Cidade de Deus.
Ele perguntava: Como pode a mente humana, mutável e falível, atingir uma verdade eterna com certeza infalível? Sua resposta se encontra na Teoria da Iluminação Divina, elaborada com base na Teoria Platônica da Reminiscência.
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II - SÃO TOMÁS DE AQUINO (1226-1274) e o Aristotelismo Cristão
 
Obras marcantes para a chamada “segunda fase” da escolástica (do século XIII ao princípio do século XIV), cuja principal característica é a harmonização entre a fé a razão. 
Nasceu em Nápoles, no Sul da Itália. 
O objetivo de sua filosofia era não contrariar a fé, mas
sim organizar um conjunto de argumentos para demonstrar e defender as revelações do cristianismo. 
Reviveu o pensamento aristotélico com o objetivo de buscar nele elementos racionais que explicassem aspectos da fé cristã. 
Introduziu elementos estranhos ao aristotelismo: o conceito de criação do mundo, a noção de um deus único, a ideia de que o vir-a-ser (o que Aristóteles chama de Potência) é procedente de Deus, e não auto-determinado. 
Introduziu a distinção entre o ser e a essência, partindo a metafísica em duas partes: a do ser em geral e a do Ser pleno, que é Deus.
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São Tomás de Aquino foi um pensador de grande criatividade e originalidade, que desenvolveu uma filosofia própria em um sentido fortemente sistemático e, portanto, tomando Aristóteles como ponto de partida para a elaboração de seu sistema.
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Este mostra que a filosofia de Aristóteles é perfeitamente compatível com o cristianismo, abrindo assim uma nova alternativa para a filosofia cristã.
Este desenvolve as “cinco vias da existência de Deus”, para provar a existência deste:
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1° VIA: 
O PRIMEIRO MOTOR:
Tudo aquilo que move é movido por outro ser.
Por sua vez, este outro ser, para que se mova, necessita também que seja movido por outro ser. E assim sucessivamente...
Se não houvesse um primeiro ser movente, cairíamos num processo indefinido.
Logo, conclui Tomás, é necessário chegar a um primeiro ser movente que não seja movido por nenhum outro.
Esse ser é Deus.
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2° VIA:
CAUSA EFICIENTE:
Todas as coisas existentes no mundo não possuem em si próprias a causa eficiente de suas existências.
Devem ser consideradas efeitos de alguma causa.
Tomás afirma ser impossível remontar indefinidamente à procura das causas eficientes.
Logo, é necessário admitir a existência de uma primeira causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos.
Essa causa primeira é Deus
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3° VIA:
SER NECESSÁRIO E SER CONTINGENTE:
Este argumento é uma variante do segundo.
Afirma que todo ser contingente, do mesmo modo que existe, pode deixar de existir.
Ora, se todas as coisas que existem podem deixar de ser, então, alguma vez, nada existiu.
Mas, se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não existe somente começa a existir em função de algo que já existia.
É preciso admitir, então, que há um ser que sempre existiu, um ser absolutamente necessário, que não tenha fora de si a causa da sua existência, mas, ao contrário, que seja a causa da necessidade de todos os seres contingentes.
Esse ser necessário é Deus.
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4° VIA:
OS GRAUS DE PERFEIÇÃO:
Em relação à qualidade de todas as coisas existentes, pode-se afirmar a existência de graus diversos de perfeição.
Assim, afirmamos que tal coisa é melhor que outra, ou mais bela, ou mais poderosa, ou mais verdadeira etc.
Ora, se uma coisa possui “mais” ou “menos” determinada qualidade positiva, isso supõe que deve existir um ser com o máximo dessa qualidade, no nível da perfeição.
Devemos admitir, então, que existe um ser com o máximo de bondade, de beleza, de poder, de verdade, sendo, portanto, um ser máximo e pleno.
Esse ser é Deus.
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5° VIA:
A FINALIDADE DO SER:
Todas as coisas brutas, que não possuem inteligência própria, existem na natureza cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade, semelhante à flecha dirigida pelo arqueiro.
Devemos admitir, então, que existe algum ser inteligente que dirige todas as coisas da natureza para que cumpram seu objetivo.
Esse ser é Deus.
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Os primeiros pensadores cristãos são seletivos em relação aos pensamentos da filosofia grega, tomando somando aquilo que consideram compatíveis com o cristianismo, enquanto religião revelada. 
Privilegiam assim, a metafísica platônica, com seu dualismo entre mundo espiritual e material e a lógica aristotélica, com seus recursos demonstrativos e dialéticos. 
Em resumo, a Idade Média foi conhecida como a “IDADE DAS TREVAS”, ou seja, um período de obscurantismo e ideias retrógradas, marcado pelo:
atraso econômico e político do feudalismo, 
pelas guerras religiosas e 
pelo monopólio restritivo da Igreja nos campos da educação e da cultura.
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CONCLUSÕES
1° - O objetivo da Filosofia antiga, em todos os seus períodos, mostrou-se bastante pretensioso: 
Os primeiros pensadores tinham por objetivo conhecer racionalmente o mundo e contemplar a verdade. 
(Tal ambição ainda se faz presente. Como exemplo, temos as ciências atuais, que acreditam na possibilidade de um conhecimento verdadeiramente objetivo da realidade, de um conhecimento neutro e imparcial – sem interferências e preferências!). 
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2° - Deixou uma forte herança para a construção do conhecimento que se propôs um difícil desafio: 
Qual? Observar, conhecer e distinguir a realidade, a partir, de uma perspectiva abstrata, racional, da qual homem algum havia, antes, cogitado realizar. 
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3° - Essa é, pois, a principal marca da Filosofia antiga — marca que, nunca é demais lembrar:
* influenciou fortemente o pensamento ocidental e a organização política, social e intelectual daquela época até os dias atuais.

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