Introdução ao Estudo da Filosofia

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Disciplina: FILOSOFIA
 
 Profª Maria Clélia Pinto Coelho
UNIDADE I
MITO E RAZÃO
  
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MITO E RAZÃO
1- Filosofia:
Uma das primeiras dificuldades a ser superada no ensino da filosofia é a concepção popular que boa parte dos alunos traz em relação à disciplina. 
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São expressões comuns como: 
 - filosofia é enrolação, 
 - filosofia é “perfumaria”, 
 - filosofia é alguma coisa sem praticidade,
 - filosofia é “coisa de louco”. 
Puro engano!
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O conhecimento filosófico se torna imprescindível para conhecermos as coisas que nos rodeiam:
Os executivos de uma empresa assumem posturas filosóficas;
Os religiosos;
Os políticos;
Os rockeiros;
Os ecologistas;
Os sindicalistas e, assim por diante.
Quer os próprios agentes tenham consciência disso ou não.
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Em suma, a filosofia está presente na existência humana e sua utilização permite ao ser humano:
pensar com clareza e,
refletir mais profundamente sobre suas ações. 
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2 - Para que FILOSOFAR?
Há 2.700 anos os gregos já definiram a FILOSOFIA como uma atitude de:
 ESPANTO, 
ADMIRAÇÃO e,
INSATISFAÇÃO.
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A palavra FILOSOFIA é grega, composta de duas outras: 
Philo – amigo (Philo deriva de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais).
Sofia – sabedoria. 
Podemos então, definir FILOSOFIA, como:
AMOR PELA SABEDORIA e, 
RESPEITO PELO SABER
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Assim, FILOSOFIA, indica:
A disposição interior de quem estima o saber.
O estado de espírito da pessoa que deseja o conhecimento, o procura e o respeita.
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2.1 – A necessidade de uma atitude crítica:
 
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Diz o provérbio popular que:
“ TODO BOATO TEM UM FUNDO DE VERDADE”
Será isso verdadeiro?
Numa visão histórica, os provérbios, as ideias, as teorias criadas pelos homens correspondem ao que ocorrem na VIDA SOCIAL.
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Desse modo, as idéias correspondem sempre a FATOS REAIS E OBJETIVOS, embora nem sempre expressem tais fatos em sua totalidade, ou seja, em sua essência, em sua complexidade.
Por isso a afirmação da filósofa Marilena Chauí:
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“Em nossa cultura e em nossa sociedade, costumamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível e de utilidade imediata.”
Ex: O café estimula o raciocínio!
A verdade estará condicionada a finalidade prática desta ideia (boato).
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Portanto, as necessidades imediatas da vida cotidiana (como ver a hora, por exemplo) são diferentes das necessidades cuja satisfação deu origem ao pensamento filosófico (levantar problematizações).
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2.2. As necessidades do pensamento filosófico:
Encontram-se no patamar do desenvolvimento cultural;
Permitem aos homens ampliar:
sua capacidade criativa e investigativa; 
sua capacidade de entender e expressar, de modo mais profundo, as múltiplas possibilidades da práxis humana. 
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Por isso, a máxima:“Só sei que nada sei”
Filósofo Grego Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.) 
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A filosofia então, apresenta algumas características:
É um saber teórico;
É um saber crítico;
É um saber desmistificador e criativo, diferente daquele do senso comum.
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3- O nascimento da Filosofia
Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V A.C.), a invenção da palavra FILOSOFIA.
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Pitágoras teria afirmado que “a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos” (CHAUÍ: 2004).
A Filosofia surgiu quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer perguntas e a buscar respostas.
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Em suma, a Filosofia surgiu quando alguns pensadores gregos se deram conta de que:
a verdade do mundo e dos humanos não era algo secreto e misterioso, que precisasse ser revelado por divindades a alguns escolhidos.
ao contrário, a verdade podia ser conhecida por todos por meio das operações mentais de raciocínio, que são as mesmas em todos os seres humanos (independente das condições sociais, econômicas...) .
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Os historiadores da Filosofia dizem que ela possui data e local de nascimento: 
Quando? Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.
Onde? Nas colônias gregas da Ásia Menor (particularmente as que formavam uma região denominada Jônia), na cidade de Mileto.
O primeiro filósofo teria sido Tales de Mileto.
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A Filosofia nasce da admiração e do espanto, dizem Platão e Aristóteles. 
Admiração: Por que o mundo existe? Por que as coisas existem?
Espanto: Por que o mundo é tal como é? Por que as coisas são como são?
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Desde seu nascimento, a Filosofia perguntou: 
O que existe? 
Por que existe? 
O que é isso que existe? 
Como é isso que existe? 
Por que e como surge, muda e desaparece? 
Por que a Natureza ou o mundo se mantém ordenados e constantes, apesar da mudança contínua de todas as coisas?
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Segundo CHUAÍ, a religião, as tradições e os mitos explicavam todas essas coisas, mas suas explicações já não satisfaziam aos que interrogavam sobre as causas:
da mudança;
da permanência;
da repetição;
da desaparição e,
do ressurgimento de todos os seres.
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Estes (mitos, religião, tradição) haviam perdido força explicativa, não convenciam nem satisfaziam a quem desejava conhecer a VERDADE sobre o mundo.
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Essas perguntas – ou esse espanto ou admiração diante do mundo – levaram os primeiros filósofos a buscar uma explicação racional para a origem de um mundo ordenado, o cosmos. 
Por esse motivo, a Filosofia nasce como COSMOLOGIA:
COSMOLOGIA: 
- Cosmos (Kósmos) - a ordem e organização do mundo. 
- Logia (Lógos) – pensamento racional, discurso racional, conhecimento.
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FILOSOFIA então, pode ser compreendida como:
A busca do princípio que causa e ordena:
tudo quanto existe na Natureza (minerais, vegetais, animais, humanos, astros, qualidades como úmido, seco, quente, frio) e,
tudo quanto nela acontece (dia e noite, estações do ano, nascimento, transformação e morte, crescimento e diminuição, saúde e doença, bem e mal, belo e feio, etc.). 
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4 – Afinal, a FILOSOFIA é grega ou não?
Enquanto fato especificamente grego, a dúvida que ocupa a atenção dos historiadores é saber se a Filosofia:
nasceu por si mesma ou,
dependeu de contribuições da sabedoria oriental (egípcios, persas, babilônios...) e da,
sabedoria de civilizações que antecederam à grega (na região denominada de Grécia)?
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1° - Platão e Aristóteles afirmavam a origem oriental da filosofia.
Mas, para eles, a Filosofia nascera a partir das transformações que os gregos operaram na sabedoria oriental.
Pois, segundo esses filósofos, os gregos (povo de comerciantes e navegantes) descobriram, por meio das viagens:
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A agrimensura (dos egípcios) - medir as terras;
A astrologia (dos babilônios) - prever guerras, catástrofes...;
As genealogias (dos persas) - linhagens de pais e filhos – continuidade às dinastias;
Os mistérios religiosos orientais (purificação da alma – descanso eterno)
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A FILOSOFIA então, teria nascido das transformações que os gregos
impuseram à esses conhecimentos orientais:
Da agrimensura (egípcios) os gregos fizeram nascer a aritmética e a geometria.
Da astrologia (babilônios) surgiram a astronomia e a meteorologia.
Das genealogias (persas) surge a história.
Dos mistérios religiosos orientais surge a psicologia ou as teorias filosóficas sobre a natureza e o destino da alma humana. 
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A defesa da origem oriental da Filosofia grega (séculos II e III d.C.), se explica pela importância desta Filosofia em toda a Antiguidade e, para os poderosos da época (os romanos), ou seja:
A Filosofia grega representava a forma superior do pensamento e da moral.
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No século XIX da nossa era, a tese “orientalista” foi substituída pelo argumento da Filosofia enquanto “milagre grego”.
Milagre por quê?
1° - Surgiu inesperadamente na Grécia (sem que nada anterior a preparasse);
2° - Foi um acontecimento espontâneo, único (como próprio de um milagre);
3° - Os gregos foram um povo excepcional (somente eles poderiam ter sido capazes de criar a Filosofia, as ciências e dar elevação à artes).
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No final do século XIX e durante o século XX estudos corrigiram os exageros das duas teses:
1° Tese: A redução da Filosofia à sua origem oriental;
2° Tese: O “milagre grego”.