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Resumo de Dogmática vs. Zetética

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Dogmática X Zetética
	A ciência do direito encontra-se no conjunto dos conhecimentos humanos, por isso devemos procurar ter uma visão conjunta da ordem jurídica. Analisando o quadro das ciências jurídicas, encontramos: epistemologia, axiologia, dogmática, sociologia e outras ciências auxiliares. Dentre as ciências do direito, destaca-se a dogmática jurídica. 
	A dogmática jurídica ou teoria do direito como norma, que inclui a técnica jurídica e a Teoria dos direitos subjetivos, estuda o sistema de normas vigentes em determinada época e local. Deriva do grego dokein, que significa ensinar, doutrinar. Seu objetivo é conhecer as normas, interpretá-las, integrá-las ao sistema e aplicá-las ao caso concreto. 
Denomina-se dogmática porque a situação do operador do direito perante a norma é como a do fiel perante um dogma. Suas questões tem função diretiva explícita e são finitas, ou seja, possui um campo de pesquisa limitado. A norma é um ponto de partida inatacável e insubstituível. Não há questionamentos em relação aos problemas, somente respostas, que asseguram as premissas de que partem os mesmos. É uma teoria mais fechada, pois está presa a conceitos fixados, obrigando-se a interpretações capazes de conformar o problema às premissas. 
	Em oposição à dogmática, a Zetética tem o questionamento como posição fundamental. Deriva do gregozetein, que significa perquirir. Seu objetivo é dissolver as opiniões e colocá-las em dúvida. 
Suas questões possuem um caráter especulativo explícito e são infinitas, ou seja, seu campo de pesquisa é ilimitado. A função informativa da linguagem é mais aberta, pois suas premissas são dispensáveis, caso não se alcance o resultado esperado, sendo possível que suas perguntas fiquem sem resposta. Nesse sentido, se as premissas não servem, elas podem ser trocadas. Entretanto, o fato de ser uma teoria aberta, não significa que não haja pontos de partida estabelecidos. Assim, pode-se dizer que existem algumas premissas que são postas fora de dúvida. 
	Uma investigação científica de natureza zetética, constrói-se com base em constatações certas, cuja evidência, em determinada época, indica-nos que são verdadeiras. Essa investigação caracteriza-se pela busca de novos enunciados verdadeiros, seguramente definidos, constituindo um corpo sistemático. Assim, os enunciados tidos como duvidosos ou os que possuem comprovação insuficiente podem ser substituídos.
	A diferença existente entre ambas é que a investigação zetética parte de uma evidência, que pode ser frágil ou plena. Em ambas, alguma coisa deve ser subtraída à dúvida para que a investigação proceda. Enquanto, porém, a zetética deixa de questionar certos enunciados, porque os admite como verificáveis e comprováveis, a dogmática não questiona suas premissas, porque elas foram estabelecidas como inquestionáveis. 
	Para esclarecimento da questão, observa-se um exemplo: Sócrates estava sentado à porta de sua casa. Nesse momento, passa um homem correndo e atrás dele um grupo de soldados. Um dos soldados então grita: agarre esse sujeito, ele é um ladrão! Ao que responde Sócrates: o que você entende por ladrão? 
Podemos notar a presença de ambas as teorias no exemplo dado. A atitude do soldado seria dogmática, pois ele parte da premissa de que o significado de ladrão já estaria definido, sendo que seu único problema era prendê-lo. Sócrates, por sua vez, tem a premissa como duvidosa e por isso a questiona. Sua atitude, por tanto, segue o enfoque zetético. 
Podemos concluir, portanto, que a investigação zetética parte de evidências, enquanto a dogmática parte de dogmas. Esta não se questiona, porque admitidos a sua verdade, ainda que precariamente, embora esteja sempre sujeitas a verificações. Aquela é questionável, porque, diante de uma dúvida, seríamos levados à paralisia da ação: um dogma não se questiona não porque ele veicula uma verdade, mas porque ele impõe uma certeza sobre algo que continua duvidoso. 
Posto isso, é preciso reconhecer que o fenômeno jurídico, com toda sua complexidade, admite tanto o enfoque zetético, quanto o enfoque dogmático, em sua investigação. As que têm como objeto o direito no âmbito da Sociologia, da Antropologia, da Psicologia, da História, da Filosofia, das Ciências Politicas, entre outras, constituem investigações zetéticas, pois são disciplinas gerais, que admitem no âmbito de suas preocupações um espaço o fenômeno jurídico e questionam seus objetos em todas as direções. 
 A ciência do Direito Civil, Comercial, Constitucional, Processual, Penal, Tributário, Administrativo, Internacional, Econômico, etc. são disciplinas dogmáticas, pois consideram certas premissas, em si e por si arbitrárias, como vinculantes para o estudo, renunciando-se assim, ao postulado da pesquisa independente. Portanto, seguem esse enfoque todas as disciplinas que têm a aplicação do direito como único objeto.

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