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Questionário estudos do livro "Introdução do Estudo ao Direito" de Tércio Ferraz Sampaio Jr.

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QUESTÕES PARA A PROVA DE TEORIA GERAL DO DIREITO BASEADAS 
NO LIVRO “INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO” DE TÉRCIO 
SAMPAIO FERRAZ JÚNIOR 
 
Respostas: 
 
1. Explique a afirmação: “em geral, a noção de completude do Direito está 
relacionada à ausência de lacunas no ordenamento jurídico”. 
 
1- Podemos entender a afirmação da seguinte forma: a noção de completude do 
Direito está relacionada à ausência de lacunas no ordenamento jurídico, ou seja, 
o positivismo jurídico tem dentre suas principais características, a crença de que 
o Direito seria formado por um corpo normativo completo de normas suficientes 
e capazes para regular toda e qualquer situação, é uma das características mais 
expressivas da concepção positivista. A completude do Direito é noção peculiar 
e essencial ao positivismo jurídico, pois mantém a exclusividade do direito 
positivo (estatal e legislado) como fonte única e exclusiva do Direito. A segurança 
e certeza jurídica foram as ideias que mais inspiraram a concepção do sistema 
positivista. Sendo certo que, para conseguir tal afinidade, o ordenamento 
normativo deveria ser amplo, abrangente e completo. A completude do Direito 
traduz, portanto, uma íntima ligação com o princípio da certeza do Direito, 
exercendo uma função de conciliação com outros dois caracteres do positivismo: 
aquele segundo o qual juiz não pode criar o direito e aquele outro segundo o 
qual o juiz não pode recusar-se jamais a resolver uma controvérsia qualquer. 
Nota-se isso no fato da presença de todas as normas jurídicas que os tribunais 
necessitam para promover o julgamento dos casos levados ao judiciário, ainda 
que as normas devam ser extraídas da aplicação de métodos integrativos. A 
noção de completude não pode ser banalizada apenas em face da existência ou 
não de normas jurídicas abstratas previamente positivadas dentro do 
ordenamento jurídico, mas também, que a completude do Direito pode ser 
atacada por Direito. 
 
2.O que é subsunção? Explique 
 
2- A subsunção pode ser entendida como um dogma dominado por um 
pensamento de “ou é ou não é aquilo”, por exemplo, ou os fenômenos são do 
direito público ou são do direito privado. Juntamente com o procedimento 
construtivo trata da ideia do sistema jurídico como um método, um instrumento 
metódico. Sendo pelo procedimento construtivo que as regras jurídicas são 
referidas a um princípio ou a um pequeno número de princípios e daí deduzidas 
e pelo dogma da subsunção, de acordo com um modelo clássico, o raciocínio 
jurídico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior, a 
qual conteria a diretiva legal genérica, quanto da premissa menor, que 
expressaria o caso concreto, sendo a conclusão a manifestação do juízo 
concreto ou decisão. É válido ressaltar que esses dois processos foram muito 
importantes para o desenvolvimento da dogmática jurídica no século XIX. 
 
 
 
3. A ciência dogmática do direito encara o direito como regras dadas (pelo 
Estado, protetor e repressor), e assim, tende a assumir o papel de conservadora 
daquelas regras, que, então, são por ela sistematizadas e interpretadas. De 
acordo com essa ideia, explique a postura teórica denominada por Norberto. 
 
3- Norberto Bobbio ao analisar a ideia e denominá-la de teoria estrutural do 
direito, segue uma linha de raciocínio no sentido de que nessa teoria prevalece 
um enfoque que tende a privilegiar as chamadas questões formais, como o 
problema da “natureza jurídica” dos institutos, da coerência do ordenamento 
jurídico, do estabelecimento de regras de interpretação, da conceituação 
analítica de noções básicas como obrigação, responsabilidade, relação jurídica, 
sanção como uma retribuição negativa (pena, castigo), sentido de ato lícito e 
ilícito, direito subjetivo e etc. No geral o enfoque estrutural é o enfoque a 
posteriori, que toma o direito dado e procura quadros para aplicá-lo. 
 
4.O que é dogmática Jurídica? 
 
4- A Dogmática Jurídica é uma técnica formal conceitual de sistematização do 
ordenamento e de sua interpretação. Baseia-se, como ponto de partida, o 
dogma prefixado a norma jurídica, que trata de questões finitas, de modo a tentar 
conceituá-las e assim apresentar condições para que o jurista resolva os 
conflitos, sem nunca questionar esses dogmas. Sendo assim, a 
inquestionabilidade dos pontos de partida, contudo, não significa que os dogmas 
jurídicos sejam interpretações estáticas da conduta social, uma vez que eles 
precisam ser constantemente revistos a fim de acompanhar a mutabilidade 
inerente àquela conduta. A Dogmática Jurídica consiste exatamente no manejo 
das regras que garantem que esses processos de revisão e atualização 
permanecerão dentro dos limites fixados pelas próprias normas jurídicas, 
estabelecendo modos interpretativos e integradores para a adaptação da norma 
ao fato. A Dogmática Jurídica é regida pelo princípio da proibição da negação, 
que sustenta a atuação do jurista no direito. Sendo assim, o jurista trabalha para 
que esse princípio seja aplicável dentro dos marcos da ordem vigente 
estabelecendo os limites da lei, sem nunca, é claro, deixar de respeitá-la. A 
dogmática jurídica em seu sentido estrito seria a ciência do direito, tendo como 
objeto o direito, no sentido amplo tem o sentido de dogmatizar algo, sendo um 
segmento da teologia. 
 
5. O que é Zetética? 
 
5- A zetética é um campo de investigações que têm como característica principal 
a abertura constante para o questionamento dos objetos em todas as direções, 
ou seja, lida com questões infinitas. Por partir de hipóteses, a zetética acaba 
sendo mais aberta e com uma linguagem mais explicativa (descritiva). Ela trata 
de premissas dispensáveis, se utilizando do método analítico, que podem ser 
substituídas, possibilitando inclusive que suas questões fiquem sem resposta, se 
os resultados apresentados não forem favoráveis. Zetética deriva de zetein, que 
significa perquirir, questionar, a zetética tem como perspectiva desintegrar e 
dissolver as opiniões, pondo-as em dúvida, exercendo função especulativa 
explícita e infinita. A zetética pode ser dividida entre empírica e analítica, ambas 
se subdividem em pura e aplicada. A zetética analítica pura (filosofia do direito) 
é aquela onde o teórico se ocupa com os pressupostos últimos e condicionantes 
bem como com a crítica dos fundamentos formais e materiais do fenômeno 
jurídico e de seu conhecimento. A zetética analítica aplicada (teoria geral do 
direito) o teórico se ocupa com a instrumentalidade dos pressupostos últimos e 
condicionantes do fenômeno jurídico e seu conhecimento, quer nos aspectos 
formais, quer nos materiais. Já a zetética empírica pura (histórica do direito) o 
teórico ocupa-se do direito enquanto regularidades de comportamento efetivo, 
enquanto atitudes e expectativas generalizadas que permitam explicar os 
diferentes fenômenos sociais. Por fim a zetética empírica analítica (penalogia) o 
teórico ocupa-se do direito como um instrumento que atua socialmente dentro 
de certas condições sociais. 
 
6. Quais as diferenças entre dogmática e zetética? 
 
6- A dogmática é mais fechada, pois está presa a conceitos fixados, ou seja, 
dogmas, obrigando-se a interpretações capazes de conformar os problemas às 
premissas e não as premissas aos problemas, tratando de questões finitas. Seu 
objetivo é decidir conflitos jurídicos, partindo das normas. O problema que 
tematiza é configurado como um ser (que é algo?). Dito isso, suas premissas 
são inquestionáveis, como por exemplo, ocorre com a religião por ser a fé 
inquestionável. Já a zetética é mais aberta, porque suas premissas são 
dispensáveis, isto é, podem ser substituídas, se os resultados não são bons, as 
questões que ela propõe podem até ficar sem resposta até que as condições de 
conhecimento sejam favoráveis, ou seja, são infinitas e livres. Seu objetivo é 
aprimorar os dogmas, partindo de hipóteses. A zetética capta uma situação que 
se configura como um dever-ser (como deve ser algo), sendo assim, visa saber 
o queé uma coisa, já que o enfoque dogmático se preocupa em possibilitar uma 
decisão e orientar a ação. 
 
7. Qual é a comparação que Tércio faz entre dogmática jurídica e tecnologia. 
 
7- De acordo com Tércio Sampaio Ferraz Júnior, por meio das transformações 
históricas o saber jurídico foi tendo seu estatuto teórico alterado. Antes, de saber 
mais ético, como na prudência romana, passou a parecer o que se poderia 
chamar atualmente de saber tecnológico. Sendo assim, a ciência dogmática 
passou a cumprir funções características de uma tecnologia. Ela, sendo um 
pensamento conceitual, vinculado ao direito posto, pode instrumentalizar-se a 
serviço da ação sobre a sociedade, funcionando ao mesmo tempo como agente 
pedagógico e agente social. Nesse sentido, um pensamento tecnológico é acima 
de tudo um pensamento fechado à problematização de seus pressupostos – 
suas premissas e conceitos básicos têm de ser tomados de modo não 
problemático – a fim de cumprir sua função que é criar condições básicas para 
a ação, no caso da ciência dogmática é criar condições para a decidibilidade de 
conflitos juridicamente definidos. Ao dizer que houve essas transformações que 
permitiram a progressiva ligação da ciência do direito pelo pensamento 
dogmático, estamos afirmando a ocorrência de uma assimilação de enfoque 
científico do direito pelo enfoque tecnológico. O saber dogmático 
contemporâneo, como tecnologia em princípio semelhante às tecnologias 
industriais, pois é um saber em que a influência da visão econômica capitalista 
das coisas é notadamente perceptível. 
8. As proposições doutrinárias, assim, tomam: a forma de orientações; a forma 
de recomendações ou a forma de exortação. Explique o que isso significa. 
 
8- O jurista ao discutir temas como a “nulidade das sentenças” e os “efeitos 
jurídicos da aparência de direito”, trabalha com suas teorias (doutrina), que 
formam um corpo de fórmulas persuasivas que influem no comportamento dos 
destinatários, mas sem vinculá-los, salvo pelo apelo à razoabilidade e à justiça, 
tendo em vista a decidibilidade de possíveis conflitos. As proposições 
doutrinárias, assim tomam: 1- forma de orientações: proposições que pretendem 
iluminar aquele que deve tomar uma decisão, dando-lhe elementos cognitivos 
suficientes, como esquemas, sistematizações. 2- forma de recomendações: 
proporções persuasivas que pretendem acautelar aquele que vai decidir, 
fornecendo-lhes fatos, atuais e históricos, experiências comprovadas, tudo 
transformado em regras técnicas do tipo “se queres x, deves y” ou regras 
pragmáticas do tipo “visto que deves x, então deves y”. Por fim, 3- formas de 
exortação: que persuadem, apelando a sentimentos sociais, valores, em termos 
de princípios, máximas em que se exigem o respeito à justiça, ao bem comum, 
a preponderância do interesse público e etc. 
 
9. Faça uma crítica fundamentada a dogmática jurídica. 
 
9- Visto que a dogmática Jurídica é uma técnica formal conceitual de 
sistematização do ordenamento e de sua interpretação e que o jurista procura 
sempre torná-la aplicável dentro dos marcos da ordem vigente, é possível chegar 
a conclusão de que isso pode levar o jurista a um distanciamento paulatino da 
realidade, o que é um problema. Sem contar que dentro da dogmática jurídica, 
o jurista é quem estabelece o sentido dos dogmas, é ele quem toma a decisão. 
Dito isso, o juiz ao dar esse direcionamento acaba de certa forma sendo 
tendencioso e colocando em xeque o sentido de justiça imparcial, pois os 
enunciados têm validade dependente de sua relevância prática, sem que seja 
possível deduzir deles as regras da decisão. 
 
10. Explique a Escola da Exegese? 
 
10- A escola da exegese surgiu na França, sua ideia principal é centrada em um 
sistema normativo codificado, ou seja, as leis. Na exegese, o papel do jurista ao 
analisar um caso e sentenciá-lo deve ser totalmente limitado ao texto da lei, sem 
que haja a sobreposição de nenhuma interpretação que não seja a literal. Por 
esse motivo, nessa escola, a lei se confunde com o Direito, tendo sentido de 
sinônimos. Os principais elementos que a caracterizam são: a sistematicidade 
jusnaturalista-racionalizante, a radical separação entre o que é fato e o que é o 
direito, a identificação total entre código (estatuto) e direito e o dogma da 
literalidade na interpretação do código. Não havendo voz, relevância da doutrina 
na decisão judicial. 
 
11. Explique a escola histórica? 
 
11- A Escola Histórica do Direito ou Historicismo surgiu no séc XIX na Alemanha, 
foi uma escola do direito que criticou o jusnaturalismo racional iluminista do séc 
XVII, se caracteriza por afirmar que o Direito é parte da cultura de um povo, dos 
costumes de uma sociedade, ou seja, derivado do meio social. Nela entende-se 
que o Direito é universal, atemporal, e fruto de uma construção gradual advinda 
da consciência coletiva de cada povo. Para os pensadores da Escola Histórica 
como Gustav Hugo (1764-1844) e o maior expoente Friedrich Carl von Savigny 
(1779-1861) discípulo de Hugo, o direito era mutável ao longo da história, vivo e 
consuetudinário. Também faziam uma grande crítica a codificação do direito, 
codificação esta que logrou notoriedade através do Código Napoleão de 1804. 
Segundo Savigny, codificar o Direito significaria debilitar seu movimento, sua 
vida (fossilização) e artificializá-lo. Infere-se que Estado na pessoa do legislador 
não cria o direito, isto é, sua real fonte advém da consciência popular (Volksgeist) 
e necessidades que se materializam pelos costumes de determinado povo. 
 
12. A Dogmática Jurídica como procedimento decisório tem uma preocupação 
de constituir séries conceituais como direito subjetivo, direito de propriedade, 
direito das coisas, direito real limitado, direito de utilização das coisas alheias, 
hipotecas etc. Isso evidencia a preocupação principal da dogmática com a 
completude do sistema jurídico, o que deve permitir um processo seguro de 
subsunção de conceitos menos amplos a conceitos mais amplos. Evita-se assim 
as lacunas. Há, a priori, duas formas de lacunas existentes no ordenamento 
jurídico. Quais são elas e em que consistem? Explique. 
 
12- Os tipos de lacunas que existem no Direito são: Lacuna Formal e Lacuna 
Semântica. A primeira é aquela que ocorre devido à ausência de uma norma 
positivada no corpo do ordenamento jurídico. Já a segunda acontece devido a 
existência de ambiguidade e vagueza peculiares da utilização de linguagem 
corrente e do uso desta pela linguagem técnico-jurídica. Segundo o artigo 4° da 
LINDB, nos casos de lacuna, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, 
os costumes e os princípios gerais de direito (equidade). 
 
13. Podemos dizer, que a ciência dogmática do direito tem como objeto de 
estudo o direito posto e dado previamente? Explique em que consiste esse 
direito posto, ou seja, previamente estabelecido. 
 
13- Sim, podemos fazer essa afirmação, pois esse enfoque que a ciência 
dogmática adota como modo de encarar seu objeto, leva em conta que esse é 
um conjunto compacto de normas, instituições e decisões que lhe compete 
sistematizar, interpretar e direcionar, tendo em vista uma tarefa prática de 
solução de possíveis conflitos que ocorram socialmente. O jurista 
contemporâneo preocupa-se, assim, com o direito que ele postula ser um todo 
coerente, relativamente preciso em suas determinações, orientado para uma 
ordem finalista, que protege a todos indistintamente. 
 
14- Responda V ou F 
 
1. (V) O enfoque estrutural, em suma, é um enfoque a posteriori, que toma o 
direito dado e procura as condições de sua aplicação. 
2. (V) segundo Tércio Sampaio a ciência dogmática do direito cumpre as funções 
típicas de uma tecnologia. (Sendo um pensamento conceitual, vinculado ao 
direito posto, a dogmática pode instrumentalizar-se a serviço da ação sobre a 
sociedade) 
3. (F) Não é possível afirmar que o saber jurídico (ciência do direito) é mais amplo 
que um estrito saber dogmático (direito posto). 
4. (V) Odogmatismo jurídico é o conjunto de dogmas que embasam as leis e 
orientam o julgamento dos diferentes casos de infração. 
5. (V) Um exemplo de dogma jurídico é a afirmação de que a vida é o bem maior 
e deve ser preservada. 
 
15. No último século e até meados deste, vem prevalecendo a ideia de que o 
direito-ciência é constituído de teorias sobre os ordenamentos jurídicos vigentes 
e suas exigências práticas. A partir dessa afirmação responda e explique o que 
é o ordenamento jurídico? 
 
15- O ordenamento jurídico pode ser entendido como um conjunto compacto de 
normas, instruções e decisões que lhe compete sistematizar, interpretar e 
direcionar, tendo em vista uma tarefa prática de solução de possíveis conflitos 
que ocorram socialmente. O jurista contemporâneo preocupa-se, assim, com o 
direito que ele postula ser um todo coerente, relativamente preciso em suas 
determinações, orientado para uma ordem finalista, que protege a todos 
indistintamente. 
 
16. O que é doutrina? 
 
16- Doutrina é bem mais que apenas a opinião dos doutos, chamados de juristas 
(communis opinio doctorum). Ela acaba por ser considerada fonte, segundo 
Stolze e Pamplona Filho, pelo fato de continuamente propor soluções, inovar, 
interpretar e colmatar lacunas. De fato, ainda existe a discussão a respeito de 
considerá-las ou não como fonte de direito. Atualmente, não é tão utilizada ou 
citada nas decisões judiciais como outrora num tempo dos primórdios da 
codificação. De qualquer forma, a doutrina serve de inspiração ao Direito, ora 
aclarando textos jurídicos, ora sugerindo reformas e ora importando ou 
simplesmente atualizando institutos jurídicos em geral. 
 
17. As proposições doutrinárias tomam a ou a forma de orientações, ou a forma 
de recomendações ou a forma de exortações. Explique o que quer dizer cada 
uma dessas proposições. 
 
17- O jurista ao discutir temas como a “nulidade das sentenças” e os “efeitos 
jurídicos da aparência de direito”, trabalha com suas teorias (doutrina), que 
formam um corpo de fórmulas persuasivas que influem no comportamento dos 
destinatários, mas sem vinculá-los, salvo pelo apelo à razoabilidade e à justiça, 
tendo em vista a decidibilidade de possíveis conflitos. As proposições 
doutrinárias, assim tomam: 1- forma de orientações: proposições que pretendem 
iluminar aquele que deve tomar uma decisão, dando-lhe elementos cognitivos 
suficientes, como esquemas, sistematizações. 2- forma de recomendações: 
proporções persuasivas que pretendem acautelar aquele que vai decidir, 
fornecendo-lhes fatos, atuais e históricos, experiências comprovadas, tudo 
transformado em regras técnicas do tipo “se queres x, deves y” ou regras 
pragmáticas do tipo “visto que deves x, então deves y”. Por fim, 3- formas de 
exortação: que persuadem, apelando a sentimentos sociais, valores, em termos 
de princípios, máximas em que se exigem o respeito à justiça, ao bem comum, 
a preponderância do interesse público e etc. 
 
18. Tercio Sampaio Ferraz JR. Classifica três modos básicos conforme os quais 
a questão do que seja a norma costuma ser enfocada: norma-proposição, 
norma-prescrição, norma-comunicação. Explique o que significa cada uma 
delas. 
 
18- Os juristas, de modo geral, veem a norma, primeiramente como proposição, 
independentemente de quem a estabeleça ou para quem ela é dirigida. Trata-se 
de uma proposição que diz como dever ser o comportamento, isto é, uma 
proposição de dever-ser. Promulgada a norma, ela passa a ter vida própria, 
conforme o sistema de normas no qual se está inserida. A norma pode até ser 
considerada o produto de uma vontade, mas sua existência, como diz Kelsen, 
independe dessa vontade. Como se trata de uma proposição que determina 
como devem ser as condutas, abstração feita de quem as estabelece, podemos 
entender a norma como imperativo condicional, formulável conforme proposição 
hipotética, que disciplina o comportamento apenas porque prevê, para sua 
ocorrência, sansão. Os juristas, porém, também costumam conceber normas 
como prescrições, isto é, como atos de uma vontade impositiva que estabelece 
disciplina para a conduta, abstração feita de qualquer resistência. A norma como 
prescrição também se expressa pelo dever-ser, que significa então impositivo ou 
impositivo de vontade. Dessa vontade não se abstrai, permanecendo importante 
para a análise da norma a análise da vontade que a prescreve. Na verdade, para 
o reconhecimento da prescrição como norma jurídica, essa vontade é decisiva, 
posto que vontade sem qualidades prescritoras (inabilitada, ilegítima, sem 
autoridade, sem força) não produzirá norma. Normas são assim imperativos ou 
comandos de uma vontade institucionalizada, em outras palavras, apta a 
comandar. Por fim, a norma pode ser vista como comunicação, isto é, troca de 
mensagens entre seres humanos, modo de comunicar que permite a 
determinação das relações entre os comunicadores: subordinação, 
coordenação. Para a análise da norma como comunicação, torna-se importante 
não só a mensagem (proposição), não só as qualidades do prescritor, mas 
também a identificação dos sujeitos, seu modo de reação às prescrições, sua 
própria qualificação como sujeito. Tomada como um complexo comunicativo, a 
norma torna-se o centro de uma série de problemas: a determinação da vontade 
normativa (teoria das fontes do direito), a determinação dos sujeitos normativos 
(teoria dos direitos subjetivos, capacidade, competência, responsabilidade), a 
determinação das mensagens normativas (teoria das obrigações, das 
permissões, das faculdades, das proibições normativas) etc. Enfim, as normas 
se definem dentro do recurso às classificações (orientação), do apelo aos 
valores, como liberdade e autonomia (exortação) e da menção ao fenômeno 
histórico e social do sindicalismo (recomendação).

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