Buscar

POLIAMOR, QUAL SUA LIGAÇÃO COM O DIREITO?

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

POLIAMOR, QUAL A SUA RELAÇÃO COM O DIREITO? 
 
“Eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo, e todo mundo me quer bem”. 
Parece que vivenciamos uma realidade social parecida com a letra desta bela música. É 
que ganha força a forma de viver contrária a comum, quer dizer, a monogamia. O 
poliamor tem sido um assunto muito debatido no país, sobretudo no Direito. A própria 
afronta a atual forma adotada de família, a questão sucessória, injustiça, são pontos 
relevantes no tocante a este assunto. Muito embora seja um assunto polêmico e 
abominável para os religiosos, devemos conhecer com mais especificidade antes de 
adotarmos um posicionamento. 
O poliamor consiste numa relação afetiva na qual concorrem mais de duas 
pessoas, sendo que todos os envolvidos têm conhecimento e consentimento. No Brasil, 
o primeiro registro de união com mais de 02 pessoas data do ano de 2012, no Estado de 
São Paulo, e, segundo algumas fontes da internet, há aproximadamente 05 oficializadas 
em todo o país. O poliamorismo é o oposto a monogamia, esta é um regime no qual 
concorrem apenas duas pessoas, que se supõe fidelidade entre ambos. 
Atualmente a legislação brasileira não reconhece o poliamor, até mesmo boa 
parte da doutrina adota posicionamento contrário. Entre os motivos de tanta rejeição é 
pelo fato de termos como família a figura do homem e da mulher, além da discussão na 
seara civil no tocante a sucessão e os próprios costumes sociais. Por outro lado, há os 
defensores da teoria psicológica do poliamorismo, e que entre seus argumentos consta 
o da variedade, de relações abertas e livres, liberdade sexual e afeto. Como exposto, há 
uma divergência quanto ao assunto, e que merece atenção devido aos cada vez mais 
comuns casos que chegam ao judiciário envolvendo relações paralelas. 
É evidente que boa parte da sociedade rejeita tal possibilidade, ora, “é coisa de 
satanás”, ou, “coisa de sem vergonha”. Mas como é sabido popularmente, antes de falar 
é preciso refletir. E, defendo que devemos deixar de lado nossas convicções religiosas e 
morais para nos aprofundarmos no assunto com o intuito de chegarmos a um 
posicionamento maduro e coerente. 
Como mencionado, para muitas pessoas é um absurdo existir uma relação na 
qual concorrem mais de 02 pessoas. A “monogamia” é o modelo ideal e aceitável a boa 
moral. A primeira reflexão, não que seja a mais importante, é quanto à comparação 
entre monogamia e realidade social. Sim, pois muito se defende que é certo que a 
família seja composta por um homem e uma mulher. Todavia, se voltarmos à atenção 
para os fatos sociais notarão que os casos de relações paralelas são comuns. O judiciário 
está repleto de casos em que “amantes” cobram direitos pelo tempo de convivência. Na 
grande maioria dos casos as concubinas são condenadas ao repúdio social enquanto o 
homem infiel continua ileso. 
Interessante ensinamento é o do professor Paulo Luiz Neto Lobo, o qual ensina 
que onde tiver uma relação ou comunidade unida por laços de afetividade haverá 
família. Nas palavras de Ayres Britto, o que importa, à luz do Direito Constitucional, é 
a formação de um núcleo duradouro. O afeto possui valor jurídico, e deve ser guia para 
as discussões sobre qual o posicionamento do Direito frente ao poliamor. Não devemos 
nos esquecer de que muitas pessoas se sentem realizadas com o poliamor, e dizer a elas 
que esta atitude é imoral, e que deve ser abolida é o mesmo que atingir a dignidade 
enquanto pessoa humana. 
O STF e STJ já se depararam com o assunto, mas ainda se posicionaram de 
forma tímida. Uma maior discussão sobre o assunto é de suma importância, pois o 
Direito não é estático, ao contrário, está em constante mudança. A realidade social não 
pode ser alterada, há injustiça quando se nega a “amante” direito, bem como quando se 
veta a satisfação de mais de 02 pessoas numa relação. A discussão puramente técnica 
deve ser sim levada em consideração, mas não a mais importante. A discussão quanto 
ao poliamor deve ser pautada na Constituição Federal, sobretudo a luz dos direitos e 
garantias fundamentais. 
 
Autor: Carlos Henrique de Lima Andrade é natural de Ribeirópolis, interior de 
Sergipe. Atualmente é graduando em Direito Pela Faculdade Pio Décimo, como 
Bolsista Integral do Programa Universidade para Todos (PROUNI), mas já foi aluno do 
curso de História pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Já fora aprovado em 
diversos cursos em distintas Universidades Federais do País, é concursado público 
municipal na Prefeitura de Pinhão-SE. Também é pesquisador em Filosofia e 
Fundamentos Sócio-Antropológicos aplicados ao Direito na PIO X. 
 Email: carloshenrique_lima16@hotmail.com

Continue navegando