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Aulas 14 e 15 - Schumpeter - Caps 1 e 2

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Desenvolvimento segundo Schumpeter
Professor: Clésio Lourenço Xavier
Estágio em Docência/CAPES: Maria Inês Cunha Miranda
TDE- caps. 1 e 2
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Referências
SCHUMPETER, J. A. A teoria do desenvolvimento econômico. Coleção Economistas. São Paulo: Abril Cultural, 1982, Caps. 1, 2, 3, 6.
SHUMPETER, J. A. (1928) A Instabilidade do Capitalismo. Clássicos da Literatura Econômica, Rio de Janeiro, IPEA, 1992, 6 (2): p. 143-189. 
SZMRECSÁNYI, T. (2006) A Herança Schumpeteriana. In.:Economia da Inovação Tecnológica. Victor Pelaez e Tamás Szmrecsányi (orgs.), São Paulo: Editora Hucitec: Ordem dos Economistas do Brasil, p. 112-134.
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Schumpeter
Economista austríaco, Joseph Alois Schumpeter nasceu a 8 de fevereiro de 1883, em Trieste (Morávia), no seio de uma família de proprietários do setor têxtil, e morreu em 1950.
O seu percurso académico foi dedicado ao estudo de Direito e Economia na Universidade de Viena. Foi aluno de Friedrich von Wieser e Eugen von Bohm-Bawerk, dois dos expoentes da Escola Austríaca de Economia.
 Aluno brilhante, publicou a sua primeira obra, The Theory of Economic Development (1912) com apenas 28 anos.
 O seu currículo profissional inclui o cargo de professor de Economia na Universidade de Graz (em 1911), de ministro das Finanças (em 1919) e de professor na Universidade de Bona, antes de emigrar para os Estados Unidos da América na sequência da chegada de Hitler ao poder. Nos EUA assumiu um lugar permanente na Universidade de Harvard até à reforma, em 1949. Em 1948 assumiu a presidência da American Economic Association.
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Obras
Suas principais obras foram:
A natureza e a essência da economia política (Das Wesen und der Hauptinhalt der Nationaloekonomie), de 1908;
Teoria do desenvolvimento econômico (Die Theorie der Wirschaftlichen Entwicklung), de 1911;
Ciclos econômicos (Business cycles), de 1939;
Capitalismo, socialismo e democracia (Capitalism, socialism and democracy), de 1942;
História da análise econômica (History of economic analysis), publicado postumamente em 1954.
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Capítulo 1: O Fluxo Circular da Vida Econômica Enquanto Condicionado por Circunstâncias dadas
Ponto de partida: o modelo de uma economia estacionária ou sem desenvolvimento; 
Objetivo do livro: explicar o processo de desenvolvimento das economias. 
Esse modelo não é um aparato teórico, mas é historicamente datado, ou seja, o desenvolvimento das economias;
Nesse primeiro capitulo, o objetivo do autor é apresentar as características gerais do mecanismo econômico. Por isso, parte de um cenário onde é presente um Estado organizado comercialmente, no qual vigore a propriedade privada, a divisão do trabalho e a livre concorrência. 
Como determinar o que será consumido? Em que quantidades será consumido?
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Parte do exemplo do agricultor, que poderia responder a essas questões baseado na sua experiência. Ele sabe com base nisso, o quanto irá consumir e quanto irá demandar de insumos produtivos; 
Também por experiência, todas as pessoas de quem compra conhecem a extensão e a intensidade de sua demanda. Então, tudo opera com grande precisão baseado na experiência. O agricultor tem conhecimento de todos os preços de mercado;
Portanto nesse fluxo circular, toda a produção se realiza encontrando os seus compradores. Embora o autor admita que haja imprevisto, os quais são facilmente controlados.
 Todos os indivíduos são ao mesmo tempo consumidores e vendedores. 
Capítulo 1: O Fluxo Circular da Vida Econômica Enquanto Condicionado por Circunstâncias dadas
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Relação de interdependência entre o consumo e a produção dos agentes: por isso deve-se considerar o consumo das pessoas para ter clareza do rumo tomado pelos bens no fluxo circular;
O autor considera que o fluxo circular seja fechado (tudo que é produzido é consumido). Isso não significa que não haverá mudanças na atividade econômica, mas todos agirão de acordo com elas, logo que percebidas;
Assim nada se modifica por si, descrevendo um sistema completamente imutável. O sistema econômico não se modificará arbitrariamente por iniciativa própria, mas estará sempre vinculado ao estado precedente de negócios (Princípio da Continuidade de Wieser).
Capítulo 1: O Fluxo Circular da Vida Econômica Enquanto Condicionado por Circunstâncias dadas
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A atividade econômica não tem qualquer motivo a não ser a satisfação de necessidades. Ou seja, a produção se destina atender às necessidades de consumo dos indivíduos. 
A natureza e a intensidade das necessidades desse produto são decisivas dentro das possibilidades práticas;
 As condições externas dadas e as necessidades dos indivíduos aparecem como dois fatores decisivos no processo econômico que contribuem para a determinação do resultado. 
A produção segue as necessidades é por assim dizer puxada por elas. 
Capítulo 1: O Fluxo Circular da Vida Econômica Enquanto Condicionado por Circunstâncias dadas
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A produção é um problema econômico no sentido que é guiada pelas necessidades. O problema tecnológico da produção está subjugado ao problema das necessidades;
Toda a tecnologia deve se submeter à plena realização das necessidades, melhorando as práticas existentes para alcançar a eficiência econômica;
Produção significa a combinação de forças e coisas, assim, todos os métodos de produção significam algumas dessas combinações técnicas. 
Métodos de produção diferentes só podem ser diferenciados pela maneira pela qual com que se dão essas combinações, ou seja, pelos objetos combinados ou pela relação entre as quantidades. 
Capítulo 1: O Fluxo Circular da Vida Econômica Enquanto Condicionado por Circunstâncias dadas
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Mas não coincidem as combinações econômicas e as tecnológicas, as primeiras ligadas às necessidades e o meios existentes, as últimas, à ideia básica dos métodos.
 O objetivo da produção tecnológica é na verdade determinado pelo sistema econômico, a tecnologia só desenvolve métodos produtivos para bens procurados. 
A logica econômica prevalece sobre a tecnológica (mesmo que isso signifique usar métodos mais primitivos, desde que se adeque às condições dadas).
Capítulo 1: O Fluxo Circular da Vida Econômica Enquanto Condicionado por Circunstâncias dadas
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O autor classifica os bens que entram na produção segundo a ordem, ou seja, de acordo com sua distancia do ato final de consumo. 
Os de primeira ordem são os bens de consumo, que para ser gerados deve-se à combinação de outros bens intermediários. 
Quanto mais alto sobe-se nas ordens dos bens, mais eles perdem sua especialização, sua eficácia para um proposito particular; e mais amplos são seus usos potenciais, mais geral o seu sentido. 
Os bens que estão no topo da ordem são o trabalho e as dadivas da natureza ou terra e todos os demais tem um pouco desses elementos. 
Capítulo 1: O Fluxo Circular da Vida Econômica Enquanto Condicionado por Circunstâncias dadas
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Mas qual desses elementos é mais importante para o processo produtivo? Cada teoria responde de um jeito. Ex: Fisiocratas e economistas clássicos. 
Mas ambos são fatores produtivos indispensáveis à produção. 
Não importa também a diferença entre trabalho dirigente e dirigido com relação à produção, eles só afetam a produção ao determinar a demanda de bens (consumo). 
Capítulo 1: O Fluxo Circular da Vida Econômica Enquanto Condicionado por Circunstâncias dadas
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O real líder é o consumidor, sendo este quem determina as necessidades/demanda influenciando assim a produção. 
O valor dos insumos encontra-se na sua contribuição para a satisfação de necessidades, ou seja, para a realização dos bens de consumo. 
A produção não cria valor, o valor da produção é o acrescentado pelos meios de produção, e o seu valor não deve exceder o valor do serviços do trabalho e da terra contidos nele. 
Então o preço de todos o produtos deve ser iguais aos preços dos serviços do trabalho e da natureza neles incorporados, em livre concorrência
Não há formação de lucros extraordinários, o preço é igual ao seu valor de produção. 
Capítulo 1: O
Fluxo Circular da Vida Econômica Enquanto Condicionado por Circunstâncias dadas
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O autor admite a possibilidade de ganhos e perdas temporários, mas estes são fruto das mudanças espontâneas dos dados com os quais os indivíduos estão acostumado a contar. Elas criam novas situações, às quais é preciso tempo para adaptar.
O dinheiro só tem valor no sentido de quantificar os valores dos bens que podem ser obtidos com o dinheiro. 
O dinheiro é mero instrumento técnico para facilitar as trocas, não acrescenta nada de novo aos fenômenos. 
O dinheiro não influencia no processo econômico, na medida em que reflete apenas o valor dos insumos inseridos na produção de bens finais ou bens de consumo.
Portanto, existe uma corrente de bens que corresponde a uma corrente de dinheiro, mantendo uma continuidade e constância não apenas dos processos mas também dos valores. 
Capítulo 1: O Fluxo Circular da Vida Econômica Enquanto Condicionado por Circunstâncias dadas
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Capítulo 2: O Fenômeno Fundamental do Desenvolvimento Econômico
A teoria do capítulo 1 descreve a vida econômica do ponto de vista do “fluxo circular”, correndo essencialmente pelos mesmos canais, ano após ano; 
Mas esse fluxo circular e os seus canais alteram-se com o tempo não atingindo o equilíbrio estático, mudanças essas que não podem ser compreendidas dentro do fluxo circular;
Portanto, nesse capitulo o autor destaca a divergência entre o ciclo estático e o dinâmico.
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O autor entende por desenvolvimento apenas as mudanças da vida econômica que não lhes forem impostas de fora, mas que surjam de dentro, por própria iniciativa. 
Portanto, desenvolvimento não é o mero crescimento da economia, em termos de crescimento da população e da riqueza. 
Todo o processo de desenvolvimento surge de uma situação sem desenvolvimento, ou seja, cria os pré-requisitos para o seguinte. 
Capítulo 2: O Fenômeno Fundamental do Desenvolvimento Econômico
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O desenvolvimento é um fenômeno distinto, inteiramente estranho ao que pode ser observado no fluxo circular ou na tendência para o equilíbrio.
 É uma mudança espontânea e descontinua nos canais do fluxo, perturbação do equilíbrio que altera e desloca para sempre o estado de equilíbrio previamente existente. 
Essas mudanças espontâneas e descontínuas no canal do fluxo circular e essas perturbações do centro do equilíbrio aparecem na esfera da vida industrial e comercial, não na esfera das necessidades dos consumidores de produtos finais. 
Capítulo 2: O Fenômeno Fundamental do Desenvolvimento Econômico
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As inovações não surgem as necessidades espontaneamente nos consumidores e então o aparato produtivo se modifica sob sua pressão. 
É o produtor que inicia a mudança econômica e os consumidores são educados por ele, se necessário; são, por assim dizer, ensinados a querer coisas novas ou coisas que diferem em um aspecto ou outro daquelas que tinham o hábito de usar. 
Produzir significa combinar materiais e forças que estão ao nosso alcance.
Na medida em que novas combinações podem, com o tempo, originar-se das antigas por ajuste contínuo mediante pequenas etapas, há mudanças mas não desenvolvimento (e sim crescimento).
 Na medida em que essa novas combinações surgem descontinuamente, então surge o desenvolvimento.
Capítulo 2: O Fenômeno Fundamental do Desenvolvimento Econômico
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Assim, o desenvolvimento é definido pela realização de novas combinações, envolvendo 5 casos:
Introdução de um novo bem;
Introdução de um novo método de produção;
Abertura de um novo mercado;
Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias primas ou de bens semimanufaturados;
Estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria;
Capítulo 2: O Fenômeno Fundamental do Desenvolvimento Econômico
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Duas coisas são essenciais para o fenômeno inerente à realização dessas combinações novas e para a compreensão dos fenômenos envolvidos.
 Primeiro, não é essencial (embora possa acontecer) que novas combinações sejam realizadas pelas mesmas pessoas que controlam o processo produtivo ou comercial deslocado pelo novo. Pelo contrário, na maioria dos casos novas combinações são corporificadas por novas empresas e não pelas velhas. 
Segundo, não se deve supor que novas combinações tem lugar pelo emprego de meios de produção que por acaso estejam sem ser usados. Via de regra, a nova combinação deve retirar os meios de produção necessários de algumas combinações antigas. Portanto, a realização de novas combinações significa o emprego diferente da oferta de meios produtivos existentes no sistema econômico. 
Capítulo 2: O Fenômeno Fundamental do Desenvolvimento Econômico
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O próximo passo do raciocínio é que o comando sobre os meios de produção é necessário para a realização de novas combinações; 
A obtenção de meios de produção é um problema especial das empresas estabelecidas que trabalham dentro do fluxo circular, pois elas já obtiveram esses meios ou podem obter com o lucro da produção anterior;
No entanto, o novo emprego pode provocar privações o que requereria novas fontes de crédito, as quais serão fornecidas pelos capitalistas. Nesse sentido, para a expansão do sistema faz-se necessário o crédito, o qual era inexistente no fluxo circular do capítulo 1. 
Capítulo 2: O Fenômeno Fundamental do Desenvolvimento Econômico
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E de onde vem esse montante de recursos para a combinação nova? 
Poderia vir da abstenção do consumo por parte de alguém, mas seria um montante irrisório;
Pode-se obter dinheiro pela criação de poder de compra pelos bancos, ou seja, pelo crédito (capítulo 3);
 E essa é a fonte a partir da qual novas combinações frequentemente são financiadas e a partir da qual teriam que ser financiadas sempre, se os resultados do desenvolvimento anterior não existissem;
São os bancos e os banqueiros que criam e financiam o poder de compra requerido pelos empresários para produzirem e promoverem a difusão de suas inovações, as quais dão origem e sustentação ao desenvolvimento econômico, segundo o autor. 
Capítulo 2: O Fenômeno Fundamental do Desenvolvimento Econômico
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Nesse sentido, o autor distingue o empresário do capitalista;
O autor chama “empreendimento” à realização de novas combinações de “empresários” aos indivíduos cuja função é realizá-los; 
Empresário é aquele que combina coisa novas pela primeira vez, ao passo que é mero trabalho de rotina quando feito no curso da operação de um negócio; 
No fluxo circular, o empresário não aufere nem lucro nem prejuízo, por isso não desempenha nenhuma função especial. 
Capítulo 2: O Fenômeno Fundamental do Desenvolvimento Econômico
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Portanto para o autor, a condição de empresário não é permanente e nem chega a corresponder a uma profissão;
Um individuo só mantem a posição de empresário quando e enquanto estiver inovando;
Os empresários são detentores de uma posição de liderança em decorrência de suas inovações, de um lado porque abrem caminhos ainda não percorrido, de outro porque atraem imitadores.
Capítulo 2: O Fenômeno Fundamental do Desenvolvimento Econômico
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Assim, nesse processo de concorrência desaparece os lucros fruto das inovações;
Os lucros são uma modalidade específica de remuneração;
São um prêmio decorrente da redução de custos e/ou aumento de produtividade que os empresários obtêm através de suas inovações;
Portanto, não há desenvolvimento sem lucros e não existem lucros sem que haja desenvolvimento. 
Capítulo 2: O Fenômeno Fundamental do Desenvolvimento Econômico
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