Buscar

Petições Penais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 119 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 119 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 119 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1
1. REQUERIMENTO DE INSTAURAÇÃO DE INQUÉ-
RITO POLICIAL
ILUSTRÍSSIMO SENHOR DOUTOR DELEGADO DE POLÍCIA DA
_____DELEGACIA DE POLÍCIA DE ________
 ___________(Nome), nacionalidade, estado civil, profis-
são, RG_____ CPF______, residente e domiciliado na _______,
bairro, cidade, Estado, vem por meio do seu procurador infra-assi-
nado, conforme procuração em anexo, com fundamento no artigo
5°, II do CPP apresentar a presente
NOTITIA CRIMINIS
Em desfavor de___________ (Nome), nacionalidade, es-
tado civil, profissão, RG_____ CPF______, residente e domiciliado
na _______, bairro, cidade, Estado, pelas razões que seguem:
DOS FATOS:
 Na exposição fática deve-se colocar todos os elementos
qualificadores do suposto crime, como por exemplo, a data, o lo-
cal, quem é o autor e a vítima, como também, qual foi o crime pra-
ticado pelo agente.
DO PEDIDO:
2
Diante do Exposto Requer,
a) o conhecimento do presente requerimento e a instaura-
ção de inquérito policial para apurar o fato descrito nesta exordial.
b) Inquirição de testemunhas(o artigo 10 do CPP prevê
que aquelas que não forem ouvidas devem ser mencionadas no
relatório policial).
c) a realização de prova pericial(pode pedir outras dili-
gências).
 Nestes Termos
Pede Deferimento
(Local, Data)
__________________
Advogado OAB n°
3
2. QUEIXA-CRIME
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA
____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE_______
______________(Nome), nacionalidade, estado civil, pro-
fissão, RG_____ CPF______, residente e domiciliado na _______,
bairro, cidade, Estado, vem por meio do seu procurador infra-assi-
nado, conforme procuração em anexo, com fundamento no artigo
30, 41 E 44 do CPP apresentar a presente
QUEIXA-CRIME
 Em desfavor de___________ (Nome), nacionalidade,
estado civil, profissão, RG_____ CPF______, residente e
domiciliado na _______, bairro, cidade, Estado, pelas razões que
seguem:
DOS FATOS:
Na exposição fática deve-se colocar todos os elementos
qualificadores do suposto crime, como por exemplo, a data, o lo-
cal, quem é o autor e a vítima, como também, qual foi o crime pra-
ticado pelo agente. Note que, no caso o autor se chama querelante
e o réu querelado.
4
DOS PEDIDOS:
Diante do Exposto
Requer,
a) Seja conhecida a presente queixa-crime e citado o que-
relado para querendo contestar a presente ação.
b) a intimação do Ministério Público para participar do
processo.
c) a utilização de todos os tipos de provas, inclusive tes-
temunhal para provar o alegado.
d) a condenação do querelante nas penas previstas no
artigo ___ do Código Penal pelo crime de __________.
Dá-se à causa o valor de ________________
Nestes Termos
Pede Deferimento
(Local, Data)
__________________
 Advogado OAB n°
Rol de Testemunhas
5
3. REPRESENTAÇÃO
ILUSTRÍSSIMO SENHOR DOUTOR DELEGADO DE POLÍCIA
DA___DELEGACIA DE POLÍCIA DE_______
______________(Nome), nacionalidade, estado civil,
profissão, RG_____ CPF______, residente e domiciliado na
_______, bairro, cidade, Estado, vem por meio do seu procura-
dor infra-assinado, conforme procuração em anexo, com funda-
mento no artigo 39 do CPP apresentar a presente
REPRESENTAÇÃO
em face de___________ (Nome), nacionalidade, estado
civil, profissão, RG_____ CPF______, residente e domiciliado na
_______, bairro, cidade, Estado, pelas razões que seguem:
OS FATOS:
Na exposição fática deve-se colocar todos os elementos
qualificadores do suposto crime, como por exemplo, a data, o lo-
cal, quem é o autor e a vítima, como também, qual foi o crime pra-
ticado pelo agente. O nome do autor é representante e do réu se
chama representado.
DOS FUNDAMENTOS:
6
Deve-se colocar toda fundamentação que expõe o fato
como um tipo penal incriminador. Neste sentido, deve-se utilizar
a jurisprudência pertinente ao tema para que seja efetuada a
representação de forma mais técnica, arrazoada e convincente.
DOS PEDIDOS
Pelo Exposto Requer,
a) a instauração do respectivo inquérito policial para apu-
rar o fato de sua autoria, em conformidade com o que determina
o artigo 5°, parágrafo 4°, do Código de Processo Penal;
b) Inquirição de testemunhas(o artigo 10 do CPP prevê
que aquelas que não forem ouvidas devem ser mencionadas no
relatório policial).
c) a realização de prova pericial(pode pedir outras dili-
gências).
 Nestes Termos
Pede Deferimento
(Local, Data)
__________________
Advogado OAB n°
Rol de Testemunhas
7
4. RESPOSTA À ACUSAÇÃO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA
________VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ____________.
Ação Penal nº: _______________
Autor: Ministério Público Estadual
Réu: _______________________
_____________________, já qualificado nos autos de
Ação Penal, que lhe move o Ministério Público desta comarca, vêm,
respeitosamente, através de seu procurador judicial ao final assi-
nado, perante vossa Excelência, apresentar
RESPOSTA À ACUSAÇÃO,
com fundamento no artigo 394 § 4º e 396-A do Código de
Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:
Imputa-lhe a denúncia de que o acusado, depois de in-
gerir bebida alcoólica passou a dirigir o veiculo ___________, pla-
ca ___________, por vias públicas em alta velocidade, nesta ci-
dade e comarca, expondo a dano potencial a incolumidade de
8
outrem, como também, que, ao tentar efetuar manobra tendente a
adentrar na Rua __________, colidiu contra um muro, despertan-
do a atenção dos policiais que estavam patrulhando nas imedia-
ções e constataram que o réu estava embriagado e sem a carteira
de motorista.
Após, os policiais tentaram realizar o exame do bafômetro,
mas não lograram êxito devido à negativa do acusado. Assim, o
conduziram até a delegacia de polícia, onde foi lavrado o termo
circunstancial fl______e Boletim de Ocorrência fl________. O
denunciado, contudo, não compareceu à audiência designada
perante o _________ Juizado Especial Criminal, dando ensejo à
remessa do feito à Justiça Comum.
Excelência, o denunciado, na noite dos fatos, tinha saído
para buscar sua esposa, quando um carro atravessou a pista em
sua direção, compelindo-o, a frear bruscamente, o seu carro(não
houve colisão no muro). Desta forma, os policiais que estavam
na proximidade ao perceberem o barulho partiram em direção ao
carro do denunciado e sinalizaram para que parasse o veículo.
Contudo, ao parar o carro os policiais, não deram chance
do denunciado explicar o ocorrido, e, renderam o denunciado
como se fosse um “consumidor de entorpecentes”, como tam-
bém, o abordaram de forma ríspida e grosseira sem ter encon-
trado nada que maculasse a conduta ilibada do denunciado.
 Assim, ao notarem que o denunciado não se encontrava
9
com o documento de habilitação(por ter esquecido de levar junto
consigo) tentaram coagir o denunciado a realizar o teste do
bafômetro. Contudo, o denunciado não se sentiu à vontade de
realizar o teste, pois o tratamento agressivo recebido pelos poli-
ciais ocasionou a negativa de realizar o teste sem a presença do
advogado.
Indubitavelmente, o acusado esqueceu de levar consigo
a CNH, mas esta estava em sua posse desde ___________(data
da 1ª habilitação), isto é, o denunciado tinha a permissão para
dirigir(CNH) dois meses antes do fato ocorrido.
Vale ressaltar que, em ____________, o denunciado
conseguiu emitir o seu passaporte italiano e foi trabalhar na Itá-
lia, e, por conseguinte não tem possibilidade financeira de man-
ter-se na Itália(trabalhando) e no Brasil(participando dos atos
deste processo) de forma simultânea, sob o risco de ficar de-
sempregado e, perder a paz e tranqüilidade que tanto almejou
para sua esposa e sua filha.
Desta forma, verifica-se que, o denunciado não é pes-
soa afeta ao ócio e tem uma vida familiar estruturada, pois só
ostenta o desejo de poder construir uma vida feliz ao lado de sua
esposae sua filha recém-nascida(conforme documento em ane-
xo). Contudo, se o processo prosseguir poderá desencadear a
ruptura da harmonia familiar, pois a esposa e a filha recém-nasci-
da irão sofrer com as constantes idas para o Brasil do denuncia-
do, como também, pelo medo de o mesmo perder a única fonte de
10
sustento da família, qual seja, o seu emprego na Itália.
No caso em tela, o denunciado não cometeu nenhum cri-
me, pois sua conduta(freada brusca) não foi gerada por imprudên-
cia ou ingestão de álcool, mas por outro carro que atravessou em
sua frente.
Assim, não tem foro de procedência a incriminação impu-
tada ao denunciado, pois este, no dia dos fatos, não estava embri-
agado e só tinha o desejo de cumprir seu papel de marido, ao ir
buscar sua amada esposa de carro.
Excelência, cumpre destacar que, o denunciado é casa-
do, tem filhos, e, mais do que isso, é uma pessoa de ilibada con-
duta e cumpridora dos deveres de um cidadão comum. Isto por-
que, nunca teve problemas com acidentes de carro, alcoolismo,
direção perigosa ou qualquer outra situação que ferisse sua re-
putação.
Por fim cumpre ressaltar, que o denunciado tem bons
antecedentes(conforme documento em anexo) e boa estrutura
familiar e, por isso, merece ser abarcado pelo instituto da transa-
ção penal (291 parágrafo único da Lei 9.503/97 e o artigo 76 da
Lei 9.099/95) para que seja concedido o privilégio da pena
restritiva de direitos, pois é medida de extrema urgência, tendo
em vista que, o denunciado trabalha e reside com sua família na
Itália.
11
Isto posto requer:
a) Que possa acolher a presente resposta à acusação,
nos termos do artigo 394 § 4º e 396-A do Código de Processo
Penal.
b) Que o denunciado possa ser abarcado pelo instituto
da transação penal, previsto nos artigos 291 parágrafo único da
Lei 9.503/97 e o artigo 76 da Lei 9.099/95, pois não há nenhum
impedimento para que o acusado configure o privilégio da pena
restritiva de direitos.
c) Se assim não entender, que possa abarcá-lo no artigo
89 da Lei 9.099/95 e conceder a suspensão do processo. Contu-
do, devido à impossibilidade de comparecer ao juízo mensalmente
(artigo 89 §1º, IV da Lei 9.099), o denunciado requer a supres-
são ou substituição desta condição, por ser a decisão mais
consentânea com a realidade do acusado e ser uma premissa
legal permitida pelo § 2º do artigo 89 da Lei 9.099/95.
 d) Caso prossiga a ação penal, que a denúncia seja
julgada improcedente e o denunciado possa ser absolvido
sumariamente(artigo 397, CPP) das incriminações a ele impos-
tas, por ser o critério mais consentâneo com a razoabilidade.
e) Requer, ainda, a juntada de todas as provas e docu-
mentos cabíveis para sustentar e fundamentar a defesa do denun-
ciado.
12
f) Seja feita a oitiva das testemunhas arroladas, ao final,
nesta defesa.
Nestes Termos,
P.Deferimento.
(local, Data)
 ______________________
ADVOGADO -OAB n°
Rol de Testemunhas:
13
5.DEFESA PRELIMINAR
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA
_____VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ___________
Ação Penal nº: _______________
Autor: Ministério Público Estadual
Réu: _______________________
_____________________, já qualificado nos autos da
Ação Penal, que lhe move o Ministério Público desta comarca,
vêm, respeitosamente, através de seu procurador judicial ao fi-
nal assinado, perante vossa Excelência, apresentar
DEFESA PRELIMINAR,
com fundamento no artigo 55 “caput” e § 1º, da Lei 11.343/
06, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:
DOS FATOS:
O denunciado no dia______ foi preso em flagrante nos
termos do artigo 33, caput da Lei 11.343/06, por ter sido encon-
14
trado em seu carro a quantidade de um kilograma de _______(dro-
ga) que seria segundo a polícia destinada à
comercialização.(colocar todos os fatos caracterizados na denún-
cia).
Contudo, a quantidade encontrada não pertencia ao de-
nunciado, pois o carro que dirigia emprestado e, por conseguinte,
não tem qualquer ligação com o tráfico de drogas ou
comercialização de entorpecentes.
Assim, a presente denúncia deve ser rejeitada, pois não
existe prova concreta da materialidade e da autoria do crime
capíyulado na peça da denúncia.
Segundo a doutrina de__________ (colocar doutrina so-
bre o tema específico).
A jurisprudência do STJ já admite__________(colocar
jurisprudência sobre o tema).
DOS PEDIDOS:
 Diante do exposto requer,
a)O conhecimento da presente defesa preliminar e a
concomitante juntada de documentos nos autos, para após ser
declarada inepta e rejeitada a denúncia.
15
b) a produção de todas as provas admitidas em direito e a
inquirição das testemunhas abaixo arroladas.
Nestes Termos,
P.Deferimento.
(local, Data)
______________________
ADVOGADO
OAB n°
Rol de Testemunhas:
16
5.1 DEFESA PRELIMINAR EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DA VARA CÍVEL DA
COMARCA DE _________________.
Autos nº:
Nome, qualificação, portador do RG sob nº ________ e
do CPF/MF sob nº____________, residente e domiciliado à
__________________________, na cidade e comarca de
__________________;
DEFESA PRELIMINAR
Consoante o que aduz o artigo 17, § 7º, da Lei nº 8.429/
1992, pelos fatos e motivos de direito que se expõe:
DA PRESCRIÇÃO
Dentre tantas divergências doutrinárias ao derredor da
Lei de Improbidade Administrativa, a prescrição assume uma fei-
ção mais crítica dos pontos controvertidos, admitindo, não só, a
doutrina, como também, a jurisprudência critérios dos mais vari-
ados. O problema surge com a determinação do artigo 37, § 5º,
17
da Constituição Federal, que impõe alguns prazos determinados
por lei, ressalvados as ações de ressarcimento.
Art. 37. (...)
§ 5º. A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou
não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as
respectivas ações de ressarcimento.
A lei de que a Constituição fala foi editada (Lei nº 8.429/
92), regulando os prazos prescricionais, em seu artigo 23 e incisos,
para o exercício da Ação de Improbidade Administrativa, estipu-
lando o interregno de 5 (cinco) anos, para a sua veiculação. Sabe-
se que o ressarcimento de dano é uma das conseqüências jurídi-
cas da Ação de Improbidade Administrativa, prevista no seu arti-
go 12 e incisos.
Assim, não se aplicando as Ações de Ressarcimento de
Dano os prazos prescricionais previsto na Lei de Improbidade
Administrativa, seria tal ação de natureza imprescritível?
Pensamos que não. Quando a Constituição Federal quis
estabelecê-la, fez expressamente, a guisa de exemplo, pode-se
citar o artigo 5º, incisos XLII e XLIV.
Art. 5º. (...)
Inciso XLII. a prática de racismo constitui crime
inafiançável e imprescritível.
Inciso XLIV. constitui crime inafiançável e imprescritível
18
a ação de grupos armados.
A prescrição atinge todas as pretensões e ações, quer se
trate de direitos pessoais, quer de direitos reais, ou privados ou
públicos.
A Prescrição é um instituto que preza pelo princípio da
segurança jurídica, ou seja, o seu baldrame está no anseio da
sociedade em não permitir que demandas fiquem indefinidamente
em aberto, no interesse social em estabelecer um clima de segu-
rança e harmonia, pondo termo a situações litigiosas e evitando
que, passados anos e anos, venham a ser propostas ações re-
clamando direitos cuja prova de constituição se perdeu no tem-
po.
Sem a prescrição o litígio baseado em relações de há
muito transcorridas, de prova custosa e difícil, porque não só a
documentação de sua constituição poderia haver-se extraviado,
como a própria memória da maneira como se estabeleceu esta-
ria perdida. “O direito não socorre a quem dorme”.
Segundo o escólio do eminente jurista Fabio Medina
Osório (Improbidade administrativa, 2ªed. Porto Alegre: Síntese,
1998)apregoa que:
A linha interpretativa da imprescritibilidade do ressarcimen-
to de danos decorrente de ato de improbidade frente ao princípio
19
da segurança jurídica. É caso de questionar essa idéia, pois a que-
bra e a violação da segurança jurídica não é um bom caminho de
combate as praticas nefastas ao patrimônio público. Entendo que
um larguíssimo prazo prescricional deveria ser criado para as hi-
póteses de lesão ao erário, mas não se poderia aceitar a total
imprescritibilidade.
No entanto, vale lembrar, que as Ações Civis Públicas de
Ressarcimento de Dano não ficaram a mercê de serem regula-
mentadas, pois, se o conteúdo da pretensão veiculada possui na-
tureza civil, os seus pressupostos coadunam-se, também, com o
da responsabilidade civil prevista pelo artigo 927, caput e pará-
grafo único, do Código Civil deve-se, por regra, de hermenêutica
aplicar às respectivas Ações de Ressarcimento o Instituto da Pres-
crição, regulado pelo Código Civil.
Na mesma esteira de entendimento acima esposado o
Superior Tribunal de Justiça acolhe a prescrição adotada pelo
Código Civil, senão veja-se,
Processo: REsp 960926/MG – Recurso Especial 2007/
0066794-2
Relator: Ministro Castro Meira
Órgão Julgador: T2 – Segunda Turma
Data do Julgamento: 18/03/2008
Data de Publicação: DJ 01.04.2008 p. 1
ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATI-
20
VA. DANO AO ERÁRIO. MULTA CIVIL. DANO MORAL. POS-
SIBILIDADE. PRESCRIÇÃO. 1. Afastada a multa civil com
fundamento no princípio da proporcionalidade, não cabe se
alegar violação do artigo 12, II, da LIA por deficiência de fun-
damentação, sem que a tese tenha sido anteriormente sus-
citada. Ocorrência do óbice das Súmulas 7 e 211/STJ. 2. “A
norma constante do art. 23 da Lei nº 8.429 regulamentou
especificamente a primeira parte do § 5º do art. 37 da Cons-
tituição Federal. À segunda parte, que diz respeito às ações
de ressarcimento ao erário, por carecer de regulamenta-
ção, aplica-se a prescrição vintenária preceituada no Códi-
go Civil (art. 177 do CC de 1916)” – REsp 601.961/MG, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, DJU de 21.08.07. 3. Não há
vedação legal ao entendimento de que cabem danos mo-
rais em ações que discutam improbidade administrativa seja
pela frustração trazida pelo ato ímprobo na comunidade,
seja pelo desprestígio efetivo causado à entidade pública
que dificulte a ação estatal. 4. A aferição de tal dano deve
ser feita no caso concreto com base em análise detida das
provas dos autos que comprovem efetivo dano à coletivida-
de, os quais ultrapassam a mera insatisfação com a ativi-
dade administrativa. 5. Superado o tema da prescrição,
devem os autos retornar à origem para julgamento do mé-
rito da apelação referente ao recorrido Selmi José Rodrigues
e quanto à ocorrência e mensuração de eventual dano moral
causado por ato de improbidade administrativa. 6. Recurso
especial conhecido em parte e provido também em parte.
O Tribunal de Justiça do Paraná andou bem, adotando o
mesmo entendimento, senão veja-se:
21
Número do Acórdão: 26688
Órgão Julgador: 4ª Câmara Cível
Tipo de Documento: Acórdão
Comarca: Ibaiti
Processo: 0341906-9
Recurso: Agravo de Instrumento
Relator: Anny Mary Kuss
Julgamento: 24/10/2006 17:00
Ramo do Direito: Cível
Decisão: Unânime
Dados da Publicação: DJ: 7259
EMENTA: DECISÃO: ACORDAM os Desembargadores in-
tegrantes da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça
do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em dar
provimento parcial ao recurso. EMENTA: AÇÃO CIVIL PÚ-
BLICA CUMULADA COM RESSARCIMENTO DE DANO AO
PATRIMÔNIO PÚBLICO E IMPOSIÇÃO DE SANÇÕES
POR ATO DE IMPROBIDADE - PRELIMINARES DE PRES-
CRIÇÃO E ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM - ESTA
CORTE ENTENDE QUE, APLICADO O ART. 37, § 5º, DA
CARTA MAGNA, A LEI QUE DETERMINA O LAPSO
PRESCRICIONAL NO CASO É O CÓDIGO CIVIL E NÃO A
LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE PREVÊ
LAPSO QÜINQÜENAL - A LEGITIMIDADE PASSIVA NÃO
RESTA FERIDA PELO FATO DE A ADMINISTRAÇÃO ES-
TAR ORGANIZADA DE FORMA HIERÁRQUICA - HAVEN-
22
DO INDÍCIOS DE PROVAS SUFICIENTES PARA FUNDAR
O PEDIDO, DEVE SER DEFERIDA A MEDIDA - LIBERA-
ÇÃO DAS VERBAS DE CARÁTER ALIMENTAR PERCE-
BIDAS - AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE.
O prazo de cinco anos, previsto na lei especial que veio
regulamentar os ilícitos praticados nas chamadas atuações
ímprobas dos administradores, atendendo à determinação
constitucional não alcança aos pleitos de ressarcimento
porque o legislador constituinte ressalvou estas ações, as
quais, por conseguinte não passaram a ser imprescritíveis,
mácula à segurança jurídica, como alegado pelo recorren-
te, porém passam a ser disciplinadas pela regra geral pre-
vista no Código Civil. A Administração Pública é organizada
com a formação de escalonamentos funcionais, informa-
dos pelo princípio da hierarquia, devendo o superior hierár-
quico exercer função fiscalizatória da atividade exercida por
seu subordinado, porém, a este incumbe o dever funcional
de denunciar irregularidades que verificar no âmbito da
Administração, sob pena de incorrer em ilícito penal/funci-
onal. Desta forma, sendo conivente com atos de
improbidade praticados pelo superior hierárquico deve in-
tegrar o pólo passivo da ação de ressarcimento, na qual
será delimitada sua participação e responsabilização pelos
fatos quando restar analisado o mérito da ação. À exceção
dos proventos de aposentadoria percebidos pelo agravan-
te, a decretação da indisponibilidade de seus bens é medi-
da coerente e adequada, haja vista os inúmeros documen-
tos que instruem a inicial, amealhados pelo Ministério Pú-
blico no inquérito civil, demonstrando a probabilidade da atu-
ação dos gestores da coisa pública em prejuízo ao erário,
estando sempre presente a possibilidade de movimenta-
23
ção patrimonial tendente a dilapidação do patrimônio pes-
soal com vistas a burlar futura condenação à reparação
dos danos causados à Administração.
Proveitoso é, ainda, para a correta aplicação sistemática
do Instituto da Prescrição, o que reza o Código Civil no seu artigo
2.028, caput, concebendo como regra de transição, o que impli-
ca, necessariamente, na redução do prazo prescricional das Ações
Civis Públicas de Reparação de Dano ao Erário.
Antes da entrada em vigor do atual Código Civil, o prazo
de PRESCRIÇÃO das obrigações pessoais era de 20 (vinte) anos,
segundo preceituava o artigo 177 do Código Civil de 1916.
Entrementes, o novo Código Civil reduziu consideravel-
mente o referido prazo prescricional, passando para 10 (dez) anos,
como regra geral, e em casos específicos, para 5, 4, 3, 2 e até 1
ano o prazo prescricional das obrigações pessoais, segundo pre-
ceituado pelos art. 205 e 206 do Código Civil de 2002.
O artigo 2.028, caput, do atual Código Civil, trazendo re-
gra de transição, determinou que serão os da lei anterior os pra-
zos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua
entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tem-
po estabelecido na lei revogada.
Art. 2028. Serão os da lei anterior os prazos, quando
reduzidos, por este código, e se, na data de sua en-
24
trada em vigor, já houver transcorrido mais da meta-
de do tempo estabelecido na lei revogada.
Da leitura do referido dispositivo legal, pode-se constatar
que o mesmo previu apenas a situação em que o prazo
prescricional ínsito no Código de 1916 já tenha transcorrido mais
da metade, desde que diminuído pelo atual Código Civil. Entre-
tanto, não disciplinou como convinha ao dispositivo que está in-
serido nas disposições finais e transitórias, os casos em que o
prazo não tenha se escoado pela metade, nem aqueles que fora,
aumentados, muito menos os prazos que permaneceram iguais
na vigência do atual Código.
Nada obsta a que se diga também que o próprio Superi-
or Tribunal de Justiça, por analogia aplica as Ações Civis Públi-
cas de Ressarcimentode Dano ao Erário, o prazo prescricional
previsto para a Ação Popular, e, que se diga de passagem, em
recentíssima decisão, senão veja-se,
Processo: REsp 727131 / SP – Recurso Especial 2005/
0029322-9
Relator: Ministro Luiz Fux
Órgão Julgador: T1 – Primeira Turma
Data do Julgamento: 11/03/2008
Data de Publicação: DJ 23.04.2008 p. 1
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CI-
VIL PÚBLICA. RESSARCIMENTO DE DANOS AO
25
PATRIMÔNIO PÚBLICO. PRAZO PRESCRICIONAL DA
AÇÃO POPULAR. ANALOGIA (UBI EADEM RATIO IBI
EADEM LEGIS DISPOSITIO). PRESCRIÇÃO RECONHE-
CIDA. 1. A Ação Civil Pública e a Ação Popular veiculam
pretensões relevantes para a coletividade. 2. Destarte,
hodiernamente ambas as ações fazem parte de um
microssistema de tutela dos direitos difusos onde se
encartam a moralidade administrativa sob seus vários ân-
gulos e facetas. Assim, à míngua de previsão do prazo
prescricional para a propositura da Ação Civil Pública,
inafastável a incidência da analogia legis, recomendando o
prazo quinquenal para a prescrição das Ações Civis Públi-
cas, tal como ocorre com a prescritibilidade da Ação Popu-
lar, porquanto ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositio.
Precedentes do STJ:REsp 890552/MG, Relator Ministro
José Delgado, DJ de 22.03.2007 e REsp 406.545/SP,
Relator Ministro Luiz Fux, DJ 09.12.2002. 3. Ação Civil Pú-
blica ajuizada pelo Ministério Público Estadual em face de
ex-prefeito e co-réu, por ato de improbidade administrativa,
causador de lesão ao erário público e atentatório dos prin-
cípios da Administração Pública, consistente na permuta
de 04 (quatro) imóveis públicos, situados no perímetro cen-
tral de São Bernardo do Campo-SP, por imóvel localizado
na zona rural do mesmo município, de propriedade de do
co-réu, objetivando a declaração de nulidade da menciona-
da permuta, bem como a condenação dos requeridos, de
forma solidária, ao ressarcimento ao erário do prejuízo cau-
sado ao município no valor Cz$ 114.425.391,01 (cento e
quatorze milhões, quatrocentos e vinte e cinco mil cruzei-
ros e trezentos e noventa e um centavos), que, atualizado
pelo Parquet Estadual por ocasião do recurso de apelação,
26
equivale a R$ 1.760.448,32 (um milhão, setecentos e ses-
senta mil, quatrocentos e quarenta e oito reais e trinta e
dois centavos) (fls. 1121/1135). 4. A Medida Provisória 2.180-
35 editada em 24/08/2001, no afã de dirimir dúvidas sobre
o tema, introduziu o art. 1º- C na Lei nº 9.494/97 (que alte-
rou a Lei 7.347/85), estabelecendo o prazo prescricional de
cinco anos para ações que visam a obter indenização por
danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direi-
to público e privado prestadores de serviço público, senão
vejamos: “Art. 4o A Lei no 9.494, de 10 de setembro de
1997, passa a vigorar acrescida dos seguintes artigos: “Art.
1.º-C. Prescreverá em cinco anos o direito de obter indeni-
zação dos danos causados por agentes de pessoas jurídi-
cas de direito público e de pessoas jurídicas de direito pri-
vado prestadoras de serviços públicos.” (NR) 5. A Lei 8.429/
92, que regula o ajuizamento das ações civis de
improbidade administrativa em face de agentes públicos,
dispõe em seu art. 23: “Art. 23. As ações destinadas a levar
a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propos-
tas: I - até cinco anos após o término do exercício de man-
dato, de cargo em comissão ou de função de confiança; II -
dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para
faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do servi-
ço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou em-
prego. 6. A doutrina do tema assenta que: “Trata o art. 23
da prescrição das ações civis de improbidade
administrativa.(...).O prazo prescricional é de 5 anos para
serem ajuizadas contra agentes públicos eleitos ou ocu-
pantes de cargo de comissão ou de função de confiança,
contados a partir do término do mandato ou do exercício
funcional (inciso I).O prazo prescricional em relação aos
27
demais agentes públicos que exerçam cargo efetivo ou
emprego público, é o estabelecido em lei específica para
as faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do
serviço público (inciso II).No âmbito da União, é de 5 anos
e começa a correr da data em que o fato tornou-se conhe-
cido, não pendendo causa interruptiva ou suspensiva, e dos
Estados ou Municípios, no prazo previsto nas leis por eles
editadas sobre essa matéria. No caso de particulares acio-
nados por ato de improbidade administrativa, por serem
coniventes com o agente público improbo, tendo induzido-
os ou concorrendo para a sua prática, entendo eu, que ob-
serva a regra dos incisos I ou II, conforme a qualificação do
agente público envolvido. (...)” Marino Pazzaglini Filho, in
Lei de Improbidade Administrativa Comentada, Atlas, 2007,
p. 228-229. 7. Sob esse enfoque também é assente que:
“(...)No entanto, não se pode deixar de trazer à baila, dis-
posições a respeito da Ação Civil Pública trazidas pela Lei
8.429/92, que visa o controle da probidade administrativa,
quando o ato de improbidade é cometido por agente públi-
co que exerça mandato, ou cargo em comissão com atri-
buições de direção, chefia e assessoramento, ou função
de confiança. O art. 23 da Lei 8.429/92 dispõe: “Art. 23. As
ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas
nesta lei podem ser propostas: I - até cinco anos após o
término do exercício de mandato, de cargo em comissão
ou de função de confiança;II - dentro do prazo prescricional
previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis
com demissão a bem do serviço público, nos casos de exer-
cício de cargo efetivo ou emprego. Nota-se que simples-
mente limitar-se a dizer que as ações civis públicas não
prescrevem, não nos parece cientificamente correto afir-
28
mar, haja vista que o inc. I do art. 23 se refere ao prazo
prescricional da Ação Civil Pública, quando o ato de
improbidade administrativa tiver sido cometido por agente
político, exercente dos cargos públicos e funções discipli-
nadas na citada lei. Em relação aos casos não previstos no
artigo acima citado, Mateus Eduardo Siqueira Nunes, ci-
tando Hely Lopes Meirelles, que entende que diante da
ausência de previsão específica, estariam na falta de lei
fixadora do prazo prescricional, não pode o servidor públi-
co ou o particular ficar perpetuamente sujeito a sanção ad-
ministrativa por ato ou fato praticado há muito tempo. A
esse propósito, O STF já decidiu que “a regra é a da
prescritibilidade”. Entendemos que, quando a lei não fixa o
prazo da prescrição administrativa, esta deve ocorrer em
cinco anos, à semelhança da prescrição das ações pesso-
ais contra a Fazenda Pública (Dec. 20.910/32), das puni-
ções dos profissionais liberais (lei 6.838/80 e para a co-
brança do crédito tributário (CTN, art. 174)” Fábio Lemos
Zanão in Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo,
RT, 2006, p 33-34 8. A exegese dos dispositivos legais
atinentes à questão sub examine conduz à conclusão de
que o ajuizamento das ações de improbidade em face de
agentes públicos eleitos, ocupantes de cargo em comissão
ou de função de confiança, submetem-se ao prazo
prescricional de 5 anos, cujo termo a quo é o término do
mandato ou do exercício funcional, consoante a ratio essendi
do art. 23, inciso I, da Lei 8429/92. 9. In casu, o mandato do
co-réu, à época Prefeito do Município de São Bernardo do
Campo, expirou em 31.12.1988 (fl. 1117), a lavratura da
escritura pública relativa à permuta de 04 (quatro) imóveis
públicos, situados no perímetro central de São Bernardo do
29
Campo-SP, por imóvel localizado na zona rural do mesmo
município, efetivou-se em 23.10.1988 (fls. 1114) e Ação Ci-
vil Pública foi ajuizada em 28.05.1999 (fl. 33/56), o que re-
vela a inarredável ocorrência da prescrição. 10. A conduta
antijurídica imputada ao requerido, ora recorrente, foi exa-
minada pelo Tribunal local, litteris: “Possível,desde já, o jul-
gamento pelo mérito principal (§ 3° do artigo 515 do Código
de Processo Civil, por aplicação analógica, já versar causa
a não se trata de que exclusivamente questão de direito). É
que a matéria de fato foi suficientemente discutida; desne-
cessária a prova requerida pelo réu Aron (ff. 1.000/1.001),
além de que cabia a ele fazer a juntada do documento pre-
tendido, que ele mesmo poderia ter requerido junto à Câ-
mara (artigos 396 e 397, ambos do Código de Processo
Civil) e o réu José Roberto requereu expressamente esse
julgamento, com o que ficou sem efeito o pedido de prova
pericial que anteriormente fizera (f. 998). Ainda que a notí-
cia do fato tenha sido levada ao conhecimento do Ministério
Público por repulsivo espírito oportunismo e de vingança de
lojistas prejudicados com a permuta, não se pode afastar a
necessidade de se verificar se realmente houve dano tam-
bém ao erário. A prova não permite dúvida a respeito de que
os réus causaram dano ao patrimônio de municipal e que a
permuta decorreu de improbidade. O laudo extrajudicial com
que o autor instruiu a inicial foi elaborado mediante pesqui-
sa de ofertas feitas em jornais da época da permuta (f.520),
o que não foi contraditado pelos réus, e mostrou o prejuízo
sofrido pela Municipalidade. Nem se pode falar em critérios
de oportunidade e conveniência (artigo 2° da Constituição
da República). O desvio de finalidade aparece cristalino
quando se vê que a alegada justificativa para a permuta
30
(um clube náutico para advogados, que prestigiaria o Muni-
cípio) nem foi tentada, e que inicialmente outro seria o des-
tino da gleba rural (f. 354: parque municipal do trabalhador),
quando de primeira remessa de projeto de aprovação da
permuta à Câmara Municipal. Nem afasta a certeza do des-
vio de finalidade, permuta no interesse do particular, a có-
pia de f. 388, que dá notícia de comparecimento da Dra
Presidente da 39ª Subsecção de São Paulo da Ordem dos
Advogados do Brasil. Não aprovada a permuta em benefí-
cio do parque do trabalhador, tentou-se, com êxito, fazê-la
para outro destino, mas que não foi dado à gleba, ocupada
por arrendatários. Todavia, declarada a nulidade da permu-
ta, como pedido, o prejuízo do patrimônio público, em face
do pedido, será só da quantia que a Municipalidade voltou
ao particular, e não da soma dessa quantia mais a diferen-
ça de valor.” (fls. 1330/1331). 11. O elemento subjetivo cons-
tante no dolo é imperioso nos delitos de improbidade, por
isso que a autorização legislativa obtida, in casu, o afasta,
conjurando a fortiori o ilícito imputado. 12. Recurso Especi-
al provido para acolher a prescrição qüinqüenal da Ação
Civil Pública, mercê da inexistência de prova de dolo, res-
tando prejudicada a apreciação das demais questões sus-
citadas.
Prezando pela melhor exegese do texto legal, imprescin-
dível a adoção da prescrição, aplicando-se, tanto o prazo do
Código Civil, segundo sua regra de transição, quanto à analogia
da Ação Popular.
Conforme consta dos autos,o _____________
(cargo)exerceu o mandato de _________ (outro cargo que exer-
31
ceu) no período de ____________________, onde se constata
com clarividência que da data do término do seu mandato até o
inicio da vigência do novo Código Civil, passaram, exatamente,
06 (seis) anos, o que determina a aplicação do prazo prescricional
do atual Código Civil, isto é, de 10 (dez) anos.
Com efeito, o reconhecimento da prescrição é medida
salutar, tendo em vista, que do término do mandato daquela ges-
tão, que data de _______________, até o presente átimo trans-
correu-se 12 anos, e o prazo máximo aplicado pelo Código Civil
são de 10 anos.
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA
 A Ação Civil Pública regulada pela Lei nº 7.347/1985 veio
como proteção e garantia aos direitos do meio ambiente, do con-
sumidor, dos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico ou qualquer outro interesse difuso ou co-
letivo.
Perlustrando as boas idéias, tem-se que a Lei nº 8.429/
92 elenca no capítulo III – Das Penas, em seu artigo 12 e incisos
o objeto da ação de improbidade administrativa, elencando, en-
tre outros, o ressarcimento do dano.
Art. 12. (...)
I. (...) ressarcimento integral dos danos.
É oportuno dizer agora, que as duas espécies de ação
32
não se misturam, uma vez que a Lei nº 7.347/85 estabelece proce-
dimento próprio e específico para as ações de responsabilidade
do ato de improbidade administrativa, ou seja, tem um momento
processual inicial processual inicial especial, com oportunidade de
apresentação de defesa previa, a possibilitar o prévio juízo de
admissibilidade da ação, para somente, após ser adotado o rito
ordinário. A Lei de Ação Civil Pública, por outro lado, não contém
tal previsão relevante, e se diga de passagem, não traz em seu
bojo qualquer medida liminar.
Preciosa é a contribuição do eminente jurista Vicente Greco
Filho (O procedimento próprio das ações de responsabilidade por
ato de improbidade administrativa, Revista de Direito Administra-
tivo, maio/2006, v.1, nº 5, p. 214):
Uma questão um pouco mais técnica, e já há um acórdão
relatado pelo Des. Sérgio Pitombo, em que ele não
admite, tem razão, de cumular com a ação civil pública.
Ou seja, a ação de improbidade administrativa é uma
sancionatória que tem por finalidade a aplicação das
sanções previstas na Lei de Improbidade, não é ação
civil pública, da Lei nº 7.347. Aliás, não é de lugar ne-
nhum, é ação de improbidade. E este é um defeito que
tenho constatado em todas as ações de improbidade
que tenho visto; elas são fundamentadas, também na
Lei nº 7.347/85, Lei de Ação Civil Pública, e se pede
muitas vezes a nulidade do ato ou do contrato cumulado
com a aplicação das sanções. Com o perdão da pala-
vra, fica simplesmente uma “zorra”, porque não se sabe
quem é o réu. Por quê? Se eu estou propondo uma ação,
visando a nulidade de um contrato, quem é réu? [...] Réu
33
são aquelas pessoas que teriam praticado o ato impu-
tado de improbidade. Esse acórdão relatado pelo Des.
Pitombo declarou o pedido juridicamente impossível,
quando cumulado com a ação civil publica, de nulidade
de ato administrativo ou do contrato, e de outro lado, a
aplicação das sanções da Lei de Improbidade.
Na mesma esteira de entendimento é o escólio do emi-
nente professor Toshio Mukai (O procedimento pró-
prio das ações de responsabilidade por ato de
improbidade administrativa, Revista de Direito Admi-
nistrativo, maio/2006, v.1, nº 5, p. 215):
Como se sabe, as ações atinentes à espécie que dizem
à aplicação da Lei de Improbidade Administrativa são fundadas
na Lei de Ação civil Pública combinada com a Lei de Improbidade
Administrativa. Ao estudarmos para contestações, apelações etc.,
essa nova lei, nos deparamos com diversos defeitos; é uma lei
desastrosa, na sua formação e na sua aplicação. Esses pontos
criticáveis da lei a meu ver são seis: inconstitucionalidade mate-
rial e formal da Lei nº 8.429/92, nulidade do conseqüente proce-
dimento judicial; impossibilidade da cumulação da ação civil pú-
blica com a Lei nº 8.429/92, decorrente disso, impossibilidade
jurídica do pedido. Outros dois aspectos fundamentais, que eu
gostaria de salientar: a concessão de liminar no bojo da ação
civil pública, o que absolutamente ilegal, e finalmente, a questão
do bloqueio de bens e outras sanções.
Imperativo se torna explicitar agora, que o objeto a Ação
Civil Pública são, segundo a inteligência do artigo 3º, caput, a con-
34
denação em dinheiro ou o cumprimento da obrigação de fazer ou
não fazer, que além do mais, será revertido para o fundo gerido
por um Conselho Federal ou Conselhos Estaduais, consoante aduz
o capitulado no artigo 13, caput, da Lei nº 7.347/85.
No entanto, vale lembrar, que a Ação Civil Pública de Res-
sarcimento de Dano ao Erário possui outra conotação, não
tendo como objetoa condenação em dinheiro, mas sim, a sua
restituição, ademais, essa restituição tem como destinatário final
os cofres da pessoa jurídica de direito público lesada, no caso
em tela, o Município de ___________, não para o Conselho Fe-
deral ou Estadual.
Como remate é importante frisar e transcorrer o
ensinamento do professor Arnoldo Wald (Ação de improbidade
administrativa e ação civil pública, fonte: site Direito Administrati-
vo - doutrina Jus):
Como se sabe, a Lei nº 7.347/85 se destina a defesa
do meio ambiente, do consumidor, dos bens e direitos
de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico, dos direitos difusos e coletivos e da or-
dem econômica (artigo 1º). A Lei de Ação Civil Públi-
ca, portanto, não trata especificamente de improbidade
administrativa, que é justamente o foco da Lei nº 8.429/
92. Assim, deve ser reconhecido que, pela regra da
especialidade, a Lei nº 7.347/85 não se aplica aos
casos em que se alega improbidade administrativa e/
ou se pede cominação das penas previstas na Lei nº
8.492/92.
35
Por derradeiro cumpre dizer, que a Lei nº 8.429/92 regu-
lou, inteiramente, toda a matéria, não só, como também, foi edita-
da posteriormente, incidindo a regra do artigo 2º, § 1º, da Lei de
Introdução ao Código Civil.
Art. 2º. Não se destinando a vigência temporária, a lei
terá vigor até que outra modifique ou revogue.
§ 1º. A lei posterior revoga a anterior quando expres-
samente o declare, quando seja por ele incompatível
ou quando regule toda a matéria de que tratava a lei
anterior.
DA MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA SEM A OBSER-
VÂNCIA DOS DITAMES LEGAIS
A Lei nº 8.429/92 dispõe no seu artigo 16, § 1º, que o
pedido de seqüestro será efetivado conforme os ditames legais
do disposto no artigo 822 e 825 do Código de Processo Civil.
Indubitável a lesão ao princípio da “Indisponibilidade do
Procedimento”, que não pode ser relegado em segundo plano.
Mister se faz ressaltar que, embora haja decisões admitindo a
decretação de indisponibilidade de bens na própria ação princi-
pal de improbidade administrativa ou de ressarcimento de dano,
o ordenamento jurídico processual não permite a tramitação da
medida cautelar no bojo da ação de procedimento ordinário. As-
sim, imperioso se torna, o processamento da Ação Cautelar, em
sede autônoma, como determina o Código de Processo Civil.
36
Insta salientar, ademais, que o ordenamento jurídico brasi-
leiro, não permite a Indisponibilidade de Bens que não poderão
ser penhorados para satisfazer futuro ressarcimento do ente le-
sado. A Lei nº 8.009/90, no seu artigo 3º, inciso VI, dispõe quais
são as únicas exceções em que o bem de família responde por
eventuais dívidas.
Art. 3º. A impenhorabilidade é oponível em qualquer
processo de execução civil, fiscal, previdenciária, tra-
balhista ou de outra natureza, salvo se movido:
I – em razão dos créditos trabalhistas da própria resi-
dência e das respectivas contribuições
previdenciárias;
II – pelo titular de crédito decorrente de financiamen-
to destinado à construção ou à aquisição do imóvel,
no limite dos créditos e acréscimos constituídos em
função do respectivo contrato;
III – pelo credor de pensão alimentícia;
IV – para a cobrança de impostos, predial ou territorial,
taxas ou contribuições devidas em função do imóvel
familiar;
V – para a execução de hipoteca sobre o imóvel ofe-
recido como garantia real pelo casal ou pela entidade
familiar;
VI – por ter sido adquirido com o produto do crime ou
para a execução de sentença penal condenatória a
ressarcimento, indenização ou perdimento de bens;
VII – por obrigação decorrente de fiança concedida
em contrato de locação.
Adotando-a esteira entendimento o Tribunal de Justiça do
37
Paraná, senão veja-se:
Número do Acórdão: 25760
Órgão Julgador: 4ª Câmara Cível
Tipo de Documento: Acórdão
Comarca: Pérola
Processo: 0308711-6
Recurso: Agravo de Instrumento
Relator: Luís Espíndola
Parecer: Dado Provimento – Unânime
Julgamento: 25/04/2006 17:00
Ramo do Direito: Cível
Decisão: Unânime
Dados da Publicação: DJ: 7127
Ementa: DECISÃO: ACORDAM os Excelentíssimos Senho-
res Desembargadores integrantes da Quarta Câmara Cível
deste Egrégio Tribunal de Justiça do Paraná, por unanimi-
dade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos
do voto. EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO COM
PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO - AÇÃO CIVIL PÚBLI-
CA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA -
INDISPONIBILIDADE DE BENS - APLICAÇÃO ANALÓGICA
DO ART. 649 DO CPC - CRÉDITO DECORRENTE DE
DIFERENÇAS DE SUBSÍDIO - NATUREZA ALIMENTAR
EXCLUSÃO - AGRAVO PROVIDO. O art. 7º da Lei nº 8.429/
38
92 autoriza, em casos de atos de improbidade que causem
lesão ao erário público, que sejam indisponibilizados os bens
do indiciado, para assegurar o integral ressarcimento do
dano. Porém, diante da finalidade dessa norma de garantir
que a lesão ao erário será indenizada, a indisponibilidade
não pode ser ampla e irrestrita, não podendo atingir os bens
impenhoráveis, pois os mesmos, pela proteção especial
que recebem, não servirão ao ressarcimento do dano. Apli-
cável, portanto, analogicamente, o art. 649 do CPC, de modo
que se afigura indevida a decretação de indisponibilidade
sobre bens impenhoráveis. Este dispositivo estabelece se-
rem absolutamente impenhoráveis, dentre outros, “IV - os
vencimentos dos magistrados, professores e dos funcio-
nários públicos, o soldo e os salários, salvo para pagamen-
to de pensão alimentícia”. Inadmissível, por conseqüência,
que tais verbas sejam indisponibilizadas. O subsídio dos
agentes políticos enquadra-se na vedação do art. 649, IV
do CPC, consistindo, indiscutivelmente, em verba de cará-
ter alimentar, e, portanto, impenhorável.
No caput, do artigo 3º, da referida lei consta entre outras
ações, aquelas também que advierem de outra natureza. No caso
em tela, a referida lei deve ser obedecida, afastando a “Constrição
da Indisponibilidade” sobre os bens que são impenhoráveis por
sua natureza.
Não se pode olvidar que a “Indisponibilidade de Bens” é
restringida, não só, pelo alcance do Bem de Família, como tam-
bém sobre os bens de pessoa casada pelo regime de comunhão
universal e parcial de bens.
39
Os bens do cônjuge meeiro só respondem por dívidas con-
traídas ou por eventual ressarcimento, quando for revertido em seu
favor ou em favor da economia doméstica, fixando o artigo 1644,
caput, combinado com o artigo 1677 e 1686, todos, do Código
Civil, os seus delineamentos.
Art. 1644. As dívidas contraídas para fim do artigo an-
tecedente obrigam solidariamente ambos os cônju-
ges.
Art. 1677. Pelas dívidas posteriores ao casamento,
contraídas por um dos cônjuges, somente este res-
ponderá, salvo prova de terem revertido, parcial ou
totalmente, em benefício do outro.
Art. 1686. As dívidas de um dos cônjuges, quando
superiores à sua meação, não obrigam ao outro, ou a
seus herdeiros.
Comprava-se facilmente que os cônjuges meeiros não
obtiveram benefícios algum, da prática de um suposto ato de
improbidade administrativa, tendo em vista, que os bens foram
adquiridos, anteriormente, a data do fato.
Tal responsabilidade erige de um princípio basilar de que
os bens, e, somente os bens, do causador do dano responderá
pelo ressarcimento.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
No mesmo diapasão se insere os bens dos herdeiros.
40
Caso entenda Vossa Excelência de forma contrária, não reconsi-
derando a decisão exarada às fls. _______, necessário será o
manejo da Ação de Embargos de Terceiro, conforme dispõe o
estatuto processual civil no seu artigo 1046.
Art. 1046. Quem não sendo parte no processo, sofrer
turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato
de apreensão judicial, em casos como o de penhora,
depósito, arresto, seqüestro, alienaçãojudicial, arre-
cadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá
requerer que lhe sejam manutenidos ou restituídos
por meio de embargos.
§ 1º. (...)
§ 2º. (...)
§ 3º. Considera-se também terceiro o cônjuge quan-
do defende a posse de bens dotais, próprios, reser-
vados ou de sua nomeação.
Em última análise, o momento em que foi concedida a
medida liminar de Indisponibilidade dos bens e o bloqueio de
contas correntes, fere o princípio da inocência dos indiciados,
sendo que deve provar que houve a prática de ato de Improbidade
Administrativa, para, em átimo posterior, avaliar ou não a proce-
dência da concessão de medida liminar.
Esse também é o entendimento esposado por Gina
Copola (O procedimento próprio das ações de responsabilidade
por ato de improbidade administrativa, Revista de Direito Admi-
nistrativo, Maio/2006, v.1, nº 5, p. 213):
(...) é possível qualquer aplicação de penalidade ao
41
requerido dentre eles a indisponibilidade de bens –
somente após o oferecimento das razões de defesa
preliminar, momento em que o juiz, se convencido do
cabimento da ação, poderá recebê-la e determinar as
providências necessárias.
Ademais, o alcance da medida deve-se restringir aos bens
adquiridos após a prática do suposto ato de improbidade admi-
nistrativa, sendo imprescindível uma relação de causa e efeito
entre este e a aquisição daqueles.
O Superior Tribunal de Justiça já decidiu da mesma for-
ma, senão, veja-se:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTERIO PÚBLICO. LEGITI-
MIDADE. RESSARCIMENTO DO DANO AO ERÁRIO. SE-
QUESTRO DO BEM ADQUIRIDO ANTES DO FATO ILÍCI-
TO. IMPOSSIBILIDADE. Tem o Ministério Público legitimi-
dade para propor a ação civil pública visando o ressarci-
mento de dano ao erário. A Lei nº 8.429/92, que tem cará-
ter geral, não pode ser aplicada retroativamente para al-
cançar os bens adquiridos antes de sua vigência, e a
indisponibilidade dos bens só pode atingir os bens adquiri-
dos após o ato tido como criminoso. Recurso parcialmente
provido. (STJ, 1ª Turma, REsp. nº 196.932/SP, rel. Ministro
Garcia Vieira, j. em 18.03.99, unânime, DJ de 11.05.99).
LESÃO AO PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
42
Imperioso se torna o combate ao item II da decisão exarada
às fls. 403/407, tendo em vista que a decisão causa lesão os inte-
resses individuais, e, sobretudo, aos princípios da ordem econô-
mica, prevista no artigo 170 e incisos.
Cumpre examinarmos nesse passo uma correlação entre
as prerrogativas deferidas ao fisco e a responsabilidade civil, que
fundamenta a Ação de Ressarcimento de Dano ao Erário, utilizan-
do como instrumento norteador o “Princípio da Proporcionalidade”.
Ao fisco é proibido inviabilizar a atividade empresarial
segundo os valores sociais do trabalho e a livre iniciativa. Se não
é dado ao fisco o poder de obstaculizar a atividade empresarial,
quanto mais será quando se funda a ação em responsabilidade
civil.
 O instrumento utilizado pelo fisco para carrear aos co-
fres públicos uma gama elevada de recursos financeiros supri-
mindo as garantias constitucionais são as chamadas “Sanções
Administrativas”, ou como querem alguns, “Sanções Políticas”.
Apesar dos privilégios previstos em lei para a Fazenda Pública
satisfazer seus créditos, lançam mão de alguns mecanismos
inconstitucionais, acarretando, lesão, sobretudo, ao princípio do
“Devido Processo Legal”, entre outros.
Schubert Farias Machado (Sanções Tributárias. In: MA-
CHADO, Hugo de Brito (Coord.). Sanções Administrativas Tribu-
43
tárias. São Paulo: Dialética, 2004, p. 450) expõe de forma clara
quais lesões a atuação do fisco causa ao particular:
[...] implicam indevida restrição ao direito de exercer
atividade econômica, independentemente de autori-
zação de órgãos públicos, assegurado pelo art. 170, §
único da Constituição Federal, configurando cobran-
ça sem o devido processo legal, com grave violação
do direito de defesa do contribuinte.
Da mesma opinião comunga Hugo de Brito Machado
Segundo (Sanções Tributárias. In: MACHADO, Hugo de Brito
(Coord.). Sanções Administrativas Tributárias. São Paulo:
Dialética, 2004, p. 218):
[...] tais medidas são da mais flagrante
inconstitucionalidade. Os bens do sujeito passivo não
podem ser confiscados como forma de execução indi-
reta, pois, isso, implica grave cerceamento de defesa.
Estiola também as liberdades profissional e econômi-
ca, consagradas nos arts. 5º, XIII, e 170, § único, da
Constituição Federal, na medida em que o contribuin-
te tem a continuação de suas atividades previamente
condicionada ao pagamento de tributos.
As Sanções Políticas, em regra, objetivam prevenir a
consumação de um dano ao Erário e desempenham tal tarefa
mediante técnicas de intimidação ou ressarcimento.
44
Nesse diapasão, as sanções administrativas não se com-
padecem com os princípios norteadores do exercício da ativida-
de econômica, e da liberdade de trabalho. Assim, desde que os
contribuintes atendam aos requisitos básicos para o desempe-
nho de suas atividades societárias e profissionais, tais como, a
habilitação, atividade lícita, locais próprios, etc, não são válidas
as medidas de restrição de direitos, sem a observância do devi-
do processo legal.
Transportando as premissas básicas para a seara da res-
ponsabilidade civil, a Medida de Indisponibilidade de Bens, inclu-
sive de Contas Correntes e Aplicações Financeiras concedida
em não nada difere das Sanções Administrativas, tendo em vista
que a decisão não respeitou os mesmos delineamentos constitu-
cionais não observados pelo fisco.
Tem-se que é medida abusiva o bloqueio de contas cor-
rentes tanto de Pessoa Física como de Pessoa Jurídica, não ten-
do o magistrado o poder de presumir os indiciados culpados, por
ferir, não só, o “Princípio da Inocência”, estampado no artigo 5º,
inciso LVII, como também, os princípios da “Ordem Econômica”.
E como baluarte de todo arcabouço jurídico, principal-
mente, na interpretação e aplicação do direito pelo Poder Judiciá-
rio, deve-se nortear pelo Princípio da Proporcionalidade.
Em rápidas pinceladas, o princípio se divide em três ver-
45
tentes: a) adequação; b) necessidade; c) proporcionalidade em
sentido estrito.
O primeiro critério analisa se a decisão é adequada, ou
seja, se foi alcançada o seu objetivo pela medida. É uma relação
de meio e fim. Como se vê, a medida é adequada. No entanto,
por outro lado, o critério da necessidade consubstancia na regra
da menor limitação possível, ou do meio menos lesivo. A limita-
ção imposta à esfera do indivíduo deve ser estritamente indis-
pensável ao atingimento do interesse público que justifica tal res-
trição. O terceiro critério se fixa na comparação entre a importân-
cia da realização do fim e a intensidade da restrição dos direitos
fundamentais.
É por intermédio desse segundo aspecto “Necessidade”
que integra o “Princípio da Proporcionalidade” que a Medida de
Indisponibilidade das Contas Correntes e Aplicações Financei-
ras, sejam de Pessoa Física ou de Pessoa Jurídica, é eivada de
vício insanável, infringindo os ditames constitucionais, devendo
ser declarada nula de pleno direito.
Na mesma esteira de entendimento acima o Superior
Tribunal de Justiça vem decidindo, senão veja-se:
Processo: AgRg no REsp 422583/PR - AGRAVO REGI-
MENTAL NO RECURSO ESPECIAL - 2002/0035457-5
Relator: Ministro JOSÉ DELGADO (1122)
Órgão Julgador: T1 - PRIMEIRA TURMA
46
Data do Julgamento: 20/06/2002
Data da Publicação: DJ 09.09.2002 p. 175 RSTJ vol. 161 p.
54
EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.
AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RESPON-
SABILIDADE POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRA-
TIVA. FRAUDE EM CONTRATOS DE LEASING. SÓCIO.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DECRETAÇÃO DE
INDISPONIBILIDADE E SEQÜESTRO DE BENS. CONSI-
DERAÇÕES GENÉRICAS. AUSÊNCIA DE FUNDAMEN-
TAÇÃO.
1. Acórdão “a quo” que denegou agravo de instrumentocujo
objetivo foi a concessão de efeito suspensivo à liminar que
decretou a indisponibilidade e seqüestro dos bens do re-
corrente em Ação Civil Pública de Responsabilidade por
Ato de Improbidade Administrativa, a qual objetivou apurar
fraudes no âmbito de contratos de leasing. 2. Chamamento
do recorrente para integrar o pólo passivo da demanda sus-
tentado no fato de ser ele o sócio principal da empresa e ter
assumido responsabilidade referente aos contratos firma-
dos. 3. Decisum recorrido que deixou de avaliar a extensão
e as conseqüências graves da medida tomada, além de
não ter tido o cuidado de considerar a caracterização da
provisoriedade das alegações iniciais do Ministério Públi-
co; não se elencam os fatos que demonstram os fortes
indícios de responsabilidade, além de não expor em que
consistem os riscos determinantes da decretação estatuída.
4. A indisponibilidade de bens, para os efeitos da Lei nº 8.429/
92, só pode ser efetivada sobre os adquiridos posteriormente
aos atos supostamente de improbidade. 5. A decretação da
47
indisponibilidade e o seqüestro de bens, por ser medida ex-
trema, há de ser devida e juridicamente fundamentada, com
apoio nas regras impostas pelo devido processo legal, sob
pena de se tornar nula. 6. Inocorrência de verificação dos
pressupostos materiais para decretação da medida, quais
sejam, existência de fundada caracterização da fraude e o
difícil ou impossível ressarcimento do dano, caso compro-
vado. 7. Enquanto os bens financiados em garantia ao con-
trato não forem buscados e executados, em caso de
inadimplência, para sustentar, com as suas vendas, as pres-
tações assumidas, é impossível, juridicamente, falar-se em
prejuízo patrimonial decorrente do referido negócio jurídico.
Os bens financiados são da empresa arrendadora; são
apenas entregues ao financiado que, após o término do con-
trato, poderá optar pela sua compra.
8. Inobservância do Princípio da Proporcionalidade (“man-
damento da proibição de excesso”), tendo em vista que
não foi verificada a correspondência entre o fim a ser al-
cançado por uma disposição normativa e o meio emprega-
do, a qual deve ser juridicamente a melhor possível. 9. A
desconsideração da pessoa jurídica é medida excepcional
que só pode ser decretada após o devido processo legal, o
que torna a sua ocorrência em sede liminar, mesmo de
forma implícita, passível de anulação. 10. Agravo regimen-
tal provido. Recurso especial provido, para cassar os efei-
tos da indisponibilidade e do seqüestro dos bens do recor-
rente.
Apesar de não encontrar nos autos medida de bloqueio
de contas correntes dos indiciados, e, em havendo deve proce-
der a sua imediata liberação. A guisa de exemplo, pode-se utili-
zar o bloqueio efetuado em nome de MANOEL LOPES BARBON
– fls. 512, proveniente da conta do Banco Itaú no valor de R$
48
20,17 (vinte reais e dezessete centavos), o que se presume ser
uma conta salário, pelo baixo valor ali encontrado.
É de entendimento unívoco as decisões abaixo catalo-
gadas, respectivamente, do Tribunal de Justiça do Paraná e do
Superior Tribunal de Justiça, decidindo de forma consentânea
com os princípios constitucionais individuais e da ordem econô-
mica, senão veja-se:
Número do Acórdão: 19107
Órgão Julgador: 5ª Câmara Cível
Tipo de Documento: Acórdão
Comarca: Londrina
Processo: 0329099-5
Recurso: Agravo de Instrumento
Relator: José Marcos de Moura
Julgamento: 06/11/2007 17:00
Ramo do Direito: Cível
Decisão: Unânime
Dados da Publicação: DJ: 7502
EMENTA: DECISÃO: ACORDAM os Desembargadores in-
tegrantes da Quinta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do
Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em conhe-
cer e dar provimento ao recurso de agravo de instrumento,
nos termos do voto. EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMEN-
49
TO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESSARCIMENTO DE
DANO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E DE IMPOSIÇÃO DE
SANÇÕES POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATI-
VA - INDISPONIBILIDADE DE BENS - CONTAS-CORREN-
TES - INVIABILIDADE - PESSOA JURÍDICA - CONTA UTI-
LIZADA PARA O EXERCÍCIO DE SUAS ATIVIDADES PRO-
FISSIONAIS - POSSIBILIDADE DE FALÊNCIA DA EMPRE-
SA - PESSOA FÍSICA - CONTA BANCÁRIA DESTINADA AO
CUMPRIMENTO DE SUAS OBRIGAÇÕES DE NAUREZA
PESSOAL - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. A
indisponibilidade de bens decretada em ação civil pública
por ato de improbidade administrativa não pode alcançar a
conta-corrente de pessoa jurídica e física, pois se destina,
respectivamente, ao exercício de suas atividades profissio-
nais e ao cumprimento de obrigações pessoais e necessá-
rias à sua subsistência.
Processo: MC 1804 / SP - MEDIDA CAUTELAR 1999/
0059284-0
Relator: Ministra ELIANA CALMON (1114)
Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA
Data do Julgamento: 18/09/2001
Data da Publicação/Fonte: DJ 10.06.2002 p. 167
EMENTA:
PROCESSO CIVIL - MEDIDA CAUTELAR - AÇÃO CIVIL
POR
 ATO DEIMPROBIDADE - BLOQUEIO DE BENS.
1. Bloqueio dos bens de ex-prefeito municipal processado
50
por ato de improbidade, como medida cautelar para res-
sarcimento de dano ao erário. 2. Prudência na manuten-
ção da cautela, a fim de não inviabilizar a atividade dos
negócios empresariais do réu. 3. Bloqueio dos bens imó-
veis, com liberação dos demais. 4. Medida cautelar proce-
dente em parte.
Como remate, torna-se imperioso, que o magistrado
Reexamine sua Decisão, prolatada às fls. ________, utilizando
como parâmetros para a eventual concessão da Medida Liminar
de Indisponibilidade os seguintes critérios: a) a observância da
meação dos bens cônjuge; b) a impenhorabilidade dos bens,
elencados pela lei nº 8.009/90; c) o momento em que for deferida
a medida liminar; d) a observância do Devido Processo Legal; e)
a Presunção de Inocência que milita em favor dos indiciados,
bem como, da Inversão do Ônus da Prova.
DA NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO DANO AO
ERÁRIO COMO CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADADE DA
AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESSARCIMENTO
Os requisitos previstos para a assunção ou imputação
de qualquer responsabilidade civil aos indiciados devem obede-
cer aos critérios legais, tais como: a ação ou omissão, a conduta
dolosa ou culposa, o nexo causal e o dano.
O dano no caso em comento não existe, ou seja, não hou-
51
ve por parte dos indiciados a aferição de qualquer vantagem
indevida que ocasionasse prejuízo ao erário.
Segundo consta dos depoimentos das fls _______ exis-
te a negativa de negociação com o Município de
_______________, havendo apenas a destinação de receitas
destinadas ao erário municipal por deficiência financeira, realiza-
das por intermédio de empréstimos bancários, onde figurava como
avalista o ____________
Consoante o ensinamento de Ricardo Lobo Torres (Cur-
so de direito financeiro e tributário, 13ªed. Rio de Janeiro: Reno-
var, p. 185) a receita caracteriza-se como: “a soma de dinheiro
percebida pelo Estado para fazer face à realização dos gastos
públicos”.
Imperativo se torna explicitar agora as regras atinentes
ao aferimento de empréstimo ou operação de crédito pelo poder
público municipal, tendo em vista que, é perfeitamente, viável e
legal tal conduta.
E tal conduta está prevista no artigo 165, § 8º, da Cons-
tituição Federal.
Art. 165. (...)
§ 8. A lei orçamentária anual não conterá dispositivo
estranho à previsão da receita e à fixação da despe-
sa, não se incluindo na proibição a autorização para
52
a abertura de créditos suplementares e contratação
de operações de crédito, ainda que por antecipação
de receita, nos termos da lei.
A Lei de Responsabilidade Fiscal nº 101/2000, no seu
artigo 29, inciso III, define o que seja operação de crédito e no
artigo 32, inciso II, a forma como deve proceder tal operação. A
operação de crédito é a obrigação financeira assumida pelo Mu-
nicípio em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite
de título, aquisição financiada de bens, recepção antecipadade
valores provenientes de venda a termo de bens e serviços, ar-
rendamento mercantil, reconhecimento ou confissão de dívida e
outros negócios.
Art. 29. (...)
Inciso III. Operação de crédito: compromisso finan-
ceiro assumido em razão de mútuo, abertura de cré-
dito, emissão e aceite de título, aquisição financiada
de bens, recebimento antecipado de valores proveni-
entes da venda a termo de bens e serviços, arrenda-
mento mercantil e outras operações assemelhadas,
inclusive com o uso de derivativos financeiros.
Art. 32. (...)
Inciso I. existência de prévia e expressa autorização
para contratação, no texto da lei orçamentária, em
créditos adicionais ou lei específica.
Inciso II. Inclusão no orçamento ou em créditos adici-
onais dos recursos provenientes da operação, exceto,
no caso de operações de antecipação de receita.
Na dicção dos artigos supra transcritos extrai-se que é
53
permitido ao poder público realizar empréstimos de curto prazo,
que são alçadas a dívida do tesouro e não do Estado, e que
devem ser saldados por recursos provenientes do próprio ente,
no mesmo exercício financeiro.
Nada obsta que o _______(Função) contraia emprésti-
mos, entretanto, não fica ao seu livre talante a prática de tal con-
duta, sendo necessária a autorização da Câmara de Vereadores
por intermédio de lei. Ademais, tal empréstimo é transmudado
para a seara da despesa pública municipal e pode ser liquidada
pela amortização.
Prezando pela melhor exegese do texto legal, necessá-
ria a transcrição abaixo do ensinamento do ilustre professor
Ricardo Lobo Torres (Curso de direito financeiro e tributário, 13ªed.
Rio de Janeiro: Renovar, p. 217): “dívida pública abrange os
empréstimos captados no mercado financeiro interno e externo,
através de contratos assinados com os bancos e instituições fi-
nanceiras ou de oferecimento de títulos ao público em geral”.
E conclui (p. 220):
“A amortização é a forma escorreita de extinção dos
empréstimos. Pode ser feita por compra no mercado, por sorteio
ou diretamente junto ao credor”.
Transportando para o caso em tela, se tem configurada
essa infração, em virtude, da não autorização legislativa para a
54
contratação de créditos junto a órgãos oficiais credenciados. A
empresa contratada “____________” procedeu de forma teme-
rária, sem a devida cautela na elaboração dos relatórios, verifi-
cando somente a saída de receitas públicas para a conta de par-
ticulares, cujo objetivo dessas retiradas foram para liquidar os
empréstimos obtidos pelo o Município em nome de terceiros.
Nada mais normal, na regra do direito, a quem se deve,
deve-se pagar. Apesar dos predicamentos que goza a Adminis-
tração Pública, não é licito enriquecer ilicitamente.
A conduta praticada pelo _________(função) na época
de sua gestão de___________, feriu os princípios da Adminis-
tração Pública elencado no artigo 11, da Lei nº 8.429/92, em es-
pecial, o Princípio da Legalidade, não tendo como pressuposto o
dano. Insta salientar, que não havendo dano, e sendo um dos
requisitos imprescindíveis para a configuração da responsabili-
dade prevista pelo Código Civil, a Ação Civil Pública vê-se sem
suporte, em razão da perda de seu objeto.
No mesmo diapasão é o escólio do eminente jurista Carlos
Roberto Gonçalves (Responsabilidade Civil, 8ªed. São Paulo:
Saraiva, 2003, p. 33, asseverando que “a inexistência do dano é
óbice a pretensão de uma reparação, aliás, sem objeto”.
Na mesma esteira de entendimento decidiu o Superior
Tribunal de Justiça, senão veja-se,
55
Processo: REsp 717375/PR RECURSO ESPECIAL 2005/
0009480-6
Relator: Ministro Castro Meira
Órgão julgador: T2 – Segunda Turma
Data de Julgamento: 25/04/2006
Data da Publicação: DJ: 08/05/2006
EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RE-
CURSO ESPECIAL. PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS
282 E 356/STF. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LESÃO
A PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS. AUSÊNCIA DE DANO
AO ERÁRIO.
1. Mostra-se ausente o prequestionamento no tocante à
suposta contrariedade aos arts. 84 da Lei nº 10.628/02; 2º,
81, 128, 131 e 230 todos do CPC e 1º da Lei nº 9.637/98.
Incidência das Súmulas 282 e 356 do STF. 2. A lesão a
princípios administrativos contida no art. 11 da Lei nº 8.429/
92 não exige dolo ou culpa na conduta do agente, nem
prova da lesão ao erário público. Basta a simples ilicitude
ou imoralidade administrativa para restar configurado o ato
de improbidade. Caso reste demonstrada a lesão, e so-
mente neste caso, o inciso III, do art. 12 da Lei n.º 8.429/92
autoriza seja o agente público condenado a ressarcir o erá-
rio. 3. Se não houver lesão, ou se esta não restar demons-
trada, o agente poderá ser condenado às demais sanções
previstas no dispositivo como a perda da função pública, a
suspensão dos direitos políticos, a impossibilidade de con-
tratar com a administração pública por determinado perío-
do de tempo, dentre outras. 4. In casu, face à inexistência
56
de lesividade ao erário público, é incabível a incidência da
pena de multa, bem como de ressarcimento aos cofres
públicos, sob pena de enriquecimento ilícito da
municipalidade. 5. Recurso especial conhecido em parte e
provido.
DA CIRCULARIDADE DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Uma das características peculiar aos títulos de crédito é
a sua circularidade, isto é, passa de mão em mão sem limite
para o número de portadores.
Se o título de crédito fosse um documento privativo entre
devedor e credor não teria ele a importância que possuiu
hodiernamente, tendo contribuído, de sobremaneira para a me-
lhor distribuição, circulação, bem como, o desenvolvimento das
atividades empresariais.
No caso em tela, sendo objeto das supostas transferên-
cias por intermédios de cheques, imperativo torna-se conhecer o
seu funcionamento.
O cheque é uma ordem de pagamento à vista que pode
ser transferido a terceiros mediante endosso. O endosso é aposto
no anverso da cártula pelo favorecido, como ocorreram com o Che-
que nº __________ do Banco do Brasil, depositado na conta da
Sociedade ______________ bem como, o Cheque nº
___________ do Banco do Brasil, depositado na conta de José
57
Humberto Rosa, onde o emitente endossou, e se diga de passa-
gem, em branco, não sendo necessário identificar o endossatário,
não configurando qualquer ato de improbidade administrativa.
É o que dispõe o artigo 12, 13 e 14 do Decreto nº 57.663/
66:
Art. 12. O endosso ao portador vale como endosso
em branco.
Art. 13. O endosso pode não designar benefício, ou
consistir simplesmente na assinatura do endossante
(endosso em branco). Neste último caso, o endosso
para ser válido deve ser escrito no verso da letra ou
na folha em anexo.
Art. 14. O endosso transmite todos os direitos emer-
gentes da letra. Se o endosso for em branco, o porta-
dor pode:
1º) preencher o espaço em branco, quer com o seu
nome, quer com o nome de outra pessoa,
2º) endossar de novo a letra em branco ou em favor
de outra pessoa,
3º) remeter a letra a um terceiro, sem preencher um
espaço em branco e sem endossar.
No mesmo diapasão é o escólio do Ilustre professor da
USP Sebastião José Roque (Títulos de Crédito, 2ªed. São Paulo:
Ícone editora Ltda, 2002, p.128):
Se o endosso for em branco poderá transformá-lo em
preto, colocando seu nome ou da outra pessoa; nes-
58
se caso, só poderá transferir o cheque o novo endosso.
Não fazendo constar seu nome, poderá transferi-lo por
simples tradição ou endossá-lo novamente, ainda que
seja em branco. Se endossá-lo, porém, obriga-se
cambiariamente, pois, salvo estipulação em contrário,
o endossante garante o pagamento. Contudo, pode o
endossante proibir novo endosso, nesse caso, não ga-
rante o pagamento a quem seja o cheque posteriormen-
te transferido. Quando um endosso em branco for se-
guido de outro, entende-se que o signatário deste ad-
quiriu o cheque pelo endosso em branco.
No tocanteà Administração Pública Municipal essa regra
não escapa a sua aplicabilidade, sendo que, exigi-se a prática de
alguns atos administrativos, anteriores a sua emissão.
É o que vem definido na Lei nº 4.320/64 nos artigos 60 a
65, na seguinte ordem: empenho, liquidação e pagamento.
Ricardo Lobo Torres (Curso de direito financeiro e tribu-
tário, 13ªed. Rio de Janeiro: Renovar, p. 197) define o que seja
cada instituto.
Empenho da despesa é o ato pelo qual se reserva, do
total da dotação orçamentária, a quantia necessária ao
pagamento. Permite a administração realizar ulterior-
mente o pagamento ao credor a existência de verbas
necessária ao fornecimento ou ao cumprimento de res-
ponsabilidades contratuais.
59
Liquidação da despesa é o estágio seguinte. A admi-
nistração verifica o direito adquirido pelo credor, tendo
por base os documentos comprobatórios dos respec-
tivos títulos. Examina-se se houve a entrega de bens
adquiridos ou a realização da obra. Calcula a impor-
tância exata a pagar e identifica o credor. Torna-se in-
dispensável o confronto entre o contrato, a nota de
empenho e os comprovantes da entrega do material
ou da prestação efetiva do serviço.
Pagamento é o momento final da realização da des-
pesa pública. Efetuam-se na tesourarias ou em esta-
belecimentos bancários autorizados.
Com efeito, “a circulação cambiária resulta da aplicação
principio da “Posse da Boa-Fé vale como título”, bem como, a
sua abstração que faz o título subsistir por si, não se vinculando
as relações que tenham dado origem a sua emissão.
O fato de o cheque ter sido emitido nominal à Tesouraria
e endossado pelo Prefeito e pela Tesoureira, não impõe a tercei-
ros a discussão de sua causa, conforme dito dantes. No entanto,
vale lembrar que o empresário que se recusa a receber paga-
mento a vista, incide na conduta descrita pela Lei de Economia
Popular nº 1.521/1951, no seu artigo 2º, inciso I.
Art. 2º (...)
Inciso I. (omissis) ... sonegar mercadoria ou recusar
vendê-la a quem esteja em condições de comprar a
pronto pagamento.
60
Por derradeiro, não há provas, nos autos, que impute a
transferência direta de renda do Município de ___________, por
intermédio do Cheque nº ____________, no valor de R$
_____________ para as contas de _______________________,
o Cheque nº __________, no valor de R$ __________________,
depositado na conta da __________________, bem como, o
Cheque nº __________ no valor de _______________________,
depositado na conta de _____________________, podendo, os
referidos cheques terem circulados, o que, provavelmente, acon-
teceu, por se ínsito a sua natureza, passado por vários portado-
res.
Com relação aos terceiros, não ocupantes de funções
públicas, porém, impõe-se uma observação. Com muito mais
razão é inaceitável que o terceiro de comprovada boa-fé possa
vir a ser envolvido na ação de improbidade administrativa sem
que tenha agido sequer culposamente. A responsabilidade do
terceiro não pode ser em hipótese alguma objetiva, há de ser
subjetiva.
Teratológico será, pois, qualquer pessoa que receba um
cheque da municipalidade, poderá correr o risco de ser ver pro-
cessado, por, simplesmente, efetuar o depósito em conta de sua
titularidade.
Da mesma opinião comunga Fábio Medina Osório
(Improbidade administrativa. 2ed. Porto Alegre: síntese, 1998, p.
61
117) apontando ser “desarrazoado pretender que o terceiro de boa-
fé seja punido se agiu com diligência e era incapaz de perceber a
ilicitude do agente público que lidou”.
Como remate é importante frisar que resta
descaracterizado o suposto ato de improbidade administrativa,
que importa prejuízo ao erário municipal, bem como, por não existir
com clarividência a comprovação do nexo de causalidade.
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Como dito acima, sobre o principio da “Posse da Boa-Fé
vale como título”, a inversão da presunção legal que milita em
favor dos títulos de crédito e de terceiro de boa-fé, não poderá
sofrer inversão por ato do magistrado por entender presente um
mero indício, imputando aos indiciados o ônus de provar algo
que é presumido por lei em seu favor.
Indício na lição de Fredie Didier Jr, Paula Sarno Braga,
Rafael Oliveira (Curso de direito processual civil, 2ªed. Bahia:
Jus Podivm, 2008, p. 57) como: “a circunstância conhecida e pro-
vada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, con-
cluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias”.
E arremata (p. 59):
Se se trata de presunção legal estamos diante de normas
62
legais que devem ser aplicadas pelo juiz como regras de julga-
mento: ou que invertem o ônus da prova (admitem prova em con-
trário; presunções legais relativas) ou que tornam irrelevante a dis-
cussão sobre o fato presumido (presunções legais absolutas).
Neste momento vale lembrar que a presunção legal im-
porta em regra de julgamento favorável aos indiciados, que no
recebimento da inicial pelo magistrado deve ser analisado a quem
deveria produzir a prova ou de “quem assumiu o risco” caso ela
não venha a ser confeccionada.
O sistema adotado pelo nosso Código de Processo Civil
sobre o ônus da prova é o da distribuição estática, no qual cada
parte que fizer qualquer alegação caberá a ela provar as referi-
das alegações, no entanto, por outro lado, já existe quem adote
a teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova (que imputa a
parte que estiver em melhores condições para provar o fato).
Imperativo se torna a demonstração e aplicação do ônus
da prova, que por sua vez, comporta uma divisão em Inversão
Legal e Inversão Judicial.
Consoante o ensinamento de Fredie Didier Jr, Paula Sarno
Braga, Rafael Oliveira (Curso de direito processual civil, 2ªed.
Bahia: Jus Podivm, 2008, p. 78) configura a Inversão Legal ou
“Ope Legis” quando “é determinada pela lei, aprioristicamente,
isto é, independente do caso concreto e da atuação do juiz. A lei
63
determina que, numa dada situação, haverá uma distribuição do
ônus da prova diferentemente do regramento comum previsto no
art. 333 do CPC.
A guisa de exemplo pode-se citar o Código de Defesa do
Consumidor, no seu artigo 38, onde determina o ônus da prova
da veracidade da informação a quem as patrocina.
 Na Inversão Judicial ou “Opes Judicis” configura a real
inversão do ônus da prova. Nessa ocasião não há exceção legal,
operando a geral insculpida no artigo 333 do Código de Proces-
so Civil. É o que ocorre com artigo 6º, inciso VIII, do Código de
Defesa do Consumidor, onde averiguando o juiz o caso concreto
e constatando a presença dos requisitos legais deverá inverter
os ônus prova.
É oportuno dizer agora que os efeitos produzidos pelo
ônus da prova se encontram em átimos distintos, ademais, en-
contrando doutrinas que sustentam a produção de efeitos, tam-
bém, em momentos diferentes. A primeira configura regra de jul-
gamento, verificável na prolação da sentença, utilizado pelo ma-
gistrado, na falta de provas, julgando contrário a quem assumiu o
risco de produzi-la. A segunda configura regra de atividade e ope-
ra seus efeitos na fase de saneamento, distribuindo o magistrado,
às partes, quais encargos assumirão.
Aqui, não se efetiva a máxima consubstanciada no princí-
64
pio “In dubio pro Societate”, aplicável ao Processo Penal. Entre-
tanto, para haver o recebimento da Ação Civil Pública de Ressar-
cimento ao Erário necessário a presença de todos os requisitos
da responsabilidade civil, sobretudo, o nexo causal bem como, a
prova do dano – lesividade ao erário municipal.
 Acatando o magistrado a inicial, estará invertendo o ônus
da prova – como regra de instrução processual - ferindo de mor-
te a Presunção Relativa (as que a lei estabelece como verdade
até prova em contrário) advinda do Principio da “Posse da Boa-
Fé vale como título”, o princípio da Segurança Jurídica, e, sobre-
tudo a prova da má-fé dos indiciados. Assim, a inversão

Continue navegando