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Aula de revisão para a p1 CLÍNICA COM CRIANÇAS

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Aula de revisão para a p1
Clínica com crianças
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SUMÁRIO
1- Freud: a sexualidade da criança
- a pulsão e o autoerotismo infantil;
- o caráter perverso;
- as fases da libido;
- as fantasias infantis
2- O conceito edipiano da obra de Freud
- O complexo de Castração;
- O complexo de Édipo;
- O Édipo na menina e no menino;
- O conceito de falo. 
- dissolução do complexo de Édipo;
- os três tempos do Édipo;
- alienação e separação.
3- Lacan referente ao período pré-edipiano e edipiano.
Posição do estágio do espelho na teoria lacaniana do imaginário;
O Nome-do-Pai
Metáfora Paterna
4- O caso clínico “O Tombo do Sonhador”
A função do significante na construção do caso clínico
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A SEXUALIDADE INFANTIL
É NO SEGUNDO DOS TRÊS ENSAIOS SOBRE A SEXUALIDADE QUE FREUD DESENVOLVE A TEORIA DA SEXUALIDADE INFANTIL
A SEXUALIDADE INFANTIL ERA ATÉ FREUD NEGADA PELA SOCIEDADE REPRESENTANDO UMA AMEAÇA
A SEXUALIDADE INFANTIL POSSUI UMA AMNÉSIA QUE INCIDE SOBRE OS PRIMEIROS ANOS DE NOSSA INFÂNCIA
O “ESQUECIMENTO” POR PARTE DO SABER DA SEXUALIDADE INFANTIL É UMA DAS FORMAS PELAS QUAIS SE MANIFESTA A RECUSA DE NOSSA PRÓPRIA INFÂNCIA PERVERSA
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A PULSÃO
A pulsão sexual tem por objetivo atingir o prazer. A pulsão está relacionada a realidade psíquica, aos traços das experiências deixadas no inconsciente. A pulsão é um impulso que Freud traduziu como desejo. As fantasias são movidas pelo desejo, portanto, pela pulsão e que não tem um único objeto a ser atingido.
Freud transforma o corpo biológico em corpo erógeno. Onde era instinto (puramente biológico) surge a pulsão. Quando falamos de desejo e pulsão, não temos mais um objeto preestabelecido que satisfaça a pulsão. 
ESTÁ RELACIONADA COM A REALIDADE PSÍQUICA
É SEMPRE PARCIAL E POSSUI REPRESENTAÇÃO DE LINGUAGEM NO INCONSCIENTE
É UM IMPULSO QUE FREUD TRADUZIU COMO DESEJO. 
		A diferença fundamental entre a pulsão (Trieb) e o instinto (Insitink!)
	
		Instinto
		Pulsão
		Visa à reprodução da espécie
designar um comportamento hereditariamente fixado
possui um objeto específico
		Visa ao prazer
a pulsão não implica comportamento pré-formado
não tem um objeto específico
variedade nos objetivos
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O AUTOEROTISMO
“AUTOEROTISMO” – UTILIZADO POR FREUD PELA PRIMEIRA VEZ EM CARTA A FLISS, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1899
O TERMO É RETOMADO NOS TRÊS ENSAIOS DE 1905 PARA CARACTERIZAR UM ESTADO ORIGINAL DA SEXUALIDADE INFANTIL ANTERIOR AO NARCISISMO, NO QUAL A PULSÃO SEXUAL, LIGADA A UM ÓRGÃO OU À EXCITAÇÃO DE UMA ZONA ERÓGENA, ENCONTRA SATISFAÇÃO SEM RECORRER A UM OBJETO EXTERNO
EX.:ATO DE SUGAR O DEDO
Antes de surgir o prazer autoerótico de sugar o dedo, por exemplo, a pulsão se apoia em funções somáticas vitais de autoconservação, como a alimentação, o leite. Assim, como não possui nenhum objeto sexual é autoerótica e seu objetivo sexual é dominado por uma zona erógena como a oral e a anal (Freud, Três Ensaios, p. 187)
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O CARÁTER PERVERSO
SE O INSTINTO NÃO É “PERVERSO” POR TRATAR-SE DE UMA CONDUTA CUJOS PADRÕES SÃO FIXADOS HEREDITARIAMENTE, ISSO SE TORNA EXTREMAMENTE COMPLEXO EM SE TRATANDO DA PULSÃO, ELA MESMA, É UM DESVIO DO INSTINTO. 
ASSIM, É PERVERSA TODA CONDUTA SEXUAL QUE NÃO CONDUZA À REPRODUÇÃO, JÁ QUE ELA COLOCARIA EM RISCO A PRESERVAÇÃO DA ESPÉCIE. MAS DO PONTO DE VISTA PSICANALÍTICO, O FUNDAMENTAL É O PRAZER E NÃO A REPRODUÇÃO.
FREUD DECLARA QUE NENHUMA PESSOA SADIA PODE DEIXAR DE ACRESCENTAR ALGO DE PERVERSO AO OBJETIVO SEXUAL NORMAL. O GRAU DE PERVERSÃO PERMITIDO POR CADA PESSOA ESTÁ NA DEPENDÊNCIA DA MAIOR OU MENOR RESISTÊNCIA OFERECIDA PELAS “FORÇAS PSÍQUICAS”, SOBRETUDO A VERGONHA E A REPUGNÂNCIA. ESSAS FORÇAS PSÍQUICAS VÃO SER RESPONSÁVEIS PELA TRANSFORMAÇÃO DESSES IMPULSOS EM SINTOMAS NEURÓTICOS, DE MODO QUE PODEMOS CONSIDERAR A NEUROSE COMO O NEGATIVO DAS PERVERSÕES E OS SINTOMAS COMO A ATIVIDADE SEXUAL DO INDIVÍDUO NEURÓTICO.
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ZONAS ERÓGENAS
As organizações pré-genitais são organizações da vida sexual nas quais as zonas genitais não assumiram ainda seu papel preponderante, isto é, nas quais a busca de prazer ainda não está dominada pela função reprodutora sob a primazia da zona genital.
Atenção!!! Freud, sem dúvida, elaborou a noção de zonas erógenas segundo um referencial anatomofisiológico, mas é evidente que o corpo tratado pela psicanálise é um corpo fantasmático. É para a fantasia que se dirige o desejo; 
é no nível da representação que se passa a psicanálise
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AS FASES DA ORGANIZAÇÃO DA LIBIDO
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AS FASES PRÉ-GENITAIS
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SOBRE AS TEORIAS SEXUAIS DAS CRIANÇAS (1908).
A FÁBULA DA CEGONHA É UMA DAS TEORIAS SEXUAIS DA CRIANÇA?
NÃO! CLARO QUE NÃO! A CRIANÇA NÃO ACREDITA NESSA BESTEIRA QUE CONTAM PARA ELA E OBSERVA OS BICHOS E PERCEBE QUE TEM ALGUMA SEMELHANÇA. TENDO DESCOBERTO QUE OS BEBÊS CRESCEM NA BARRIGA DAS MÃES, A CRIANÇA ESTARIA PERTO DE SOLUCIONAR O PROBLEMA. NO ENTANTO, NÃO CHEGA A DESCOBRIR PORQUE FALSAS TEORIAS SÃO IMPOSTAS POR SUA PRÓPRIA SEXUALIDADE.
PRIMEIRA TEORIA – SE REFERE A UNIVERSALIDADE DO PÊNIS. ELA DÁ ORIGEM AO COMPLEXO DE CASTRAÇÃO NA OCASIÃO DA PERCEPÇÃO DOS ÓRGÃOS GENITAIS FEMININOS.
TERCEIRA TEORIA – A CONCEPÇÃO SÁDICA DO COITO – O ATO SEXUAL É CONCEBIDO COMO UMA VIOLÊNCIA E ESTÁ RELACIONADA AO SADISMO INFANTIL.
SEGUNDA TEORIA – O NASCIMENTO PELA CLOACA. A IGNORÂNCIA A RESPEITO DA VAGINA LEVA A CRIANÇA A IMAGINAR QUE OS BEBÊS SERIAM EVACUADOS COMO EXCREMENTOS.
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O COMPLEXO DE CASTRAÇÃO
O complexo de castração – masculino e feminino – é o efeito dessa eleição do pênis como órgão cuja função simbólica é o preenchimento da falta. A criança pequena acredita que todo mundo possui um pênis, até que descobre que não. Essa descoberta os leva a pensar que o pênis foi cortado, pois considera um elemento essencial. A castração passa a ser uma ameaça e o agente dessa ameaça é o pai. É essa representação imaginária da falta que vai ser completada com o falo imaginário. O falo vem a ser, pois, qualquer coisa que preencha essa falta a nível do imaginário, o bebê, o pênis, são no nível imaginário o complemento fálico daquilo que a mãe não tem.
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ATÉ 1923, QUANDO ESCREVEU A “SEGUNDA TÓPICA” FREUD ACREDITAVA EM UMA SIMETRIA ENTRE OS SEXO NO COMPLEXO DE ÉDIPO.
MENINOS= DESEJO PELA MÃE E rivalidade com o PAI.
MENINAS= DESEJO PELO PAI E rivalidade com a MÃE
Após a “segunda tópica” em “O eu e o isso” (1923) Freud teve elementos para descrever a dissimetria entre o Édipo masculino e o Édipo feminino.
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A SEXUALIDADE E A FEMINILIDADE NÃO SÃO ESSENCIALMENTE BIOLÓGICAS, MAS, SOBRETUDO POSIÇÕES RESULTANTES DE UMA ORGANIZAÇÃO PSÍQUICA QUE TEM POR BASE O COMPLEXO DE ÉDIPO
APÓS A SEGUNDA TÓPICA DO APARELHO PSÍQUICO
OS DESTINOS DO COMPLEXO DE CASTRAÇÃO SÃO DIFERENCIADOS NO MENINO E NA MENINA.
A BISSEXUALIDADE CONSTITUCIONAL
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O MENINO ENTRA NO ÉDIPO E COMEÇA A MANIPULAR SEU PÊNIS, ENTREGANDO-SE A FANTASIAS LIGADAS À MÃE.
SOB O EFEITO DE AMEAÇA DE CASTRAÇÃO PELO PAI OU PELA MÃE SURGE A ANGÚSTIA PROVOCADA PELA PERCEPÇÃO DO CORPO FEMININO PRIVADO DE FALO
RENUNCIA A POSSUIR SEU OBETJO DE AMOR - A MÃE.
A ANGÚSTIA DE CASTRAÇÃO BARRA O CAMINHO DO MENINO EM DIREÇÃO AO AMOR PELO PAI, FANZENDO COM QUE RENUNCIE AO PAI COMO OBJETO DE AMOR E SE IDENTIFIQUE A ELE
IDENTIFICA-SE COM AS INSÍGNIAS DO PODER PATERNO - PASSA DE TER O PAI COMO OBJETO DE AMOR PARA SER COMO ELE
O COMPLEXO DE ÉDIPO NO MENINO
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DISSOLUÇÃO DO COMPLEXO DE ÉDIPO NO MENINO
A ANGÚSTIA DE CASTRAÇÃO PÕE FIM TANTO À LIGAÇÃO ERÓTICA COM A MÃE QUANTO À LIGAÇÃO AMOROSA COM O PAI.
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O ÉDIPO NA MENINA
INTENSA VINCULAÇÃO PRÉ-EDIPIANA COM A MÃE DE GRANDE IMPORTÂNCIA PARA O FUTURO DA MULHER
NA FASE FÁLICA CONSIDERA-SE VÍTIMA DE UMA CASTRAÇÃO E SE APROXIMA DO PAI PARA RECEBER O EQUIVALENTE SIMBÓLICO DO PÊNIS
O PAI NEGA ESSA GRATIFICAÇÃO O QUE LEVA A UM ABANDONO PROGRESSIVO DO COMPLEXO DE ÉDIPO
ESSA RELAÇÃO COM O PAI, EMBORA DECEPCIONANTE É O QUE ESTRUTURA A MENINA COMO SUJEITO, POIS GARANTE UMA IDENTIFICAÇÃO MASCULINA, EMBORA NÃO UMA IDENTIFICAÇÃO FEMININA
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AS TRÊS VIAS DO ÉDIPO FEMININO
PRIMEIRA
SEGUNDA
TERCEIRA
ACEITAR
QUE SUA DEMANDA NÃO PODE SER ATENDIDA, ACEITAR SUA FALTA, VERDADEIRA SAÍDA FEMININA SEGUNDO FREUD.
SAÍDA NEURÓTICA. MANTÉM A ESPERANÇA DE RECEBER UM REPRESENTANTE QUE A IGUALE AO HOMEM. 
UMA RECUSA POR ACEITAR A FALTA.
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O CONCEITO DE FALO
Nas sociedades patriarcais do Ocidente, o falo foi transformado em símbolo de poder e de completude. O fato de cada homem possuir um pênis não faz dele o possuidor do falo. Este é da ordem simbólica. Ninguém é possuidor do falo. Freud concebe o ser humano como sendo marcado por uma incompletude fundamental que o lança numa procura infindável. O símbolo desta falta é, portanto, do preenchimento do vazio que ela produz, o falo. É dessa concepção do ser humano como um ser incompleto que nos fala Freud ao nos apresentar sua teoria do Complexo de Castração.
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O FALO PARA LACAN
SIGNIFICANTE PRIVILEGIADO, SIGNIFICANTE DA FALTA
ELEMENTO TERCEIRO NA RELAÇÃO DA CRIANÇA COM A MÃE
O FALO É O ELEMENTO ENTRAL NA ORGANIZAÇÃO DA SEXUALIDADE HUMANA.
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MAS A CRIANÇA A ENTENDE INICIALMENTE COMO UMA PRIVAÇÃO REAL DO PÊNIS - ASSIM O FALO ADQUIRE NESSE MOMENTO UMA CONSISTÊNCIA IMAGINÁRIA
MAS O FALO É UM SIGNIFICANTE DA FALTA, É UMA REFERÊNCIA AO PAI, A UMA FUNÇÃO QUE MEDIATIZA A RELAÇÃO DA CRIANÇA COM A MÃE.
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ALIENAÇÃO E SEPARAÇÃO
Alienação no conceito de Lacan é a escolha forçada da criança de se sujeitar a entrada na linguagem. Ou seja, passamos a ser representados por palavras. A criança é causada pelo desejo do Outro materno que antecede seu nascimento, por um desejo que não partiu da criança mas é fundamental para seja aceita no laço social. 
Separação - envolve o confronto da criança alienada ao desejo do Outro. A criança ao alcançar o simbólico e o Édipo deve deixar de tentar atender os desejos maternos, deixar de tentar completar a mãe nessa tentativa de ser o único objeto de desejo da mãe. O Outro materno deve mostrar que é um sujeito desejante e liberar a criança desse lugar de objeto fálico. Os porquês intermináveis da criança não são, na opinião de Lacan, o sinal de curiosidade com relação ao funcionamento das coisas mas mostram uma preocupação com o lugar em que elas ocupam no desejo de seus pais. 
Nesse processo de alienação e separação, é a Lei do Pai que deverá vir em seu auxílio para frear esse poder absoluto do Outro materno e evitar que a mãe faça da criança o centro de sua vida. Por outro lado, a função do pai também impedirá que a criança permaneça para sempre nessa posição de objeto da fantasia materna.
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POSIÇÃO DO ESTÁGIO DO ESPELHO NA TEORIA LACANIANA DO IMAGINÁRIO
Designa um momento na história do indivíduo que tem início por volta dos 6 meses de idade e termina em torno dos 18 meses, na qual a criança forma uma representação de sua identidade corporal por identificação com a imagem do outro. É nessa época que a criança percebe sua imagem num espelho, experiência fundamental para a constituição do Eu, pois, a criança irá identificar-se com aquela imagem que vê no espelho. Essa fase é dominada pelo imaginário produzindo um Eu especular. Ao reconhecer sua imagem no espelho a criança é tomada de euforia. Apesar do nome “estágio do espelho” não se refere à experiência concreta da criança frente ao espelho. O que ela assinala é um tipo de relação da criança com seu semelhante pois marca a construção de uma Gestalt, um corpo integrado e completo.
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ESTÁGIO DO ESPELHO
IDENTIFICAÇÃO COM O OUTRO RIVAL QUE LHE TOMOU O OBJETO DE DESEJO, O SEIO MATERNO.
A CAPTAÇÃO DA IMAGEM DO BEBÊ NO ESPELHO É O MOMENTO INAUGURAL DA CONSTITUIÇÃO DO EU. O SUJEITO PASSA A EXISTIR, A PARTIR DE UMA FORMA QUE LHE VEM DE FORA.
CONSTITUI UMA UNIDADE CORPORAL 
O ESTÁGIO DO ESPELHO É O JÚBILO DA CRIANÇA DIANTE DE SUA IMAGEM NO ESPELHO - IMAGEM QUE A FAZ IDENTIFICAR-SE COM O SEMELHANTE - MOMENTO DAS RELAÇÕES IMAGINÁRIAS.
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O NOME-DO-PAI
O Nome-do-Pai é um termo bíblico que Lacan utiliza para confirmar sua função significante. O significante Nome-do-Pai não é o pai biológico. O pai é instituído enquanto tal pela palavra da mãe. Lacan prefere chamar o complexo de Édipo de Nome-do-Pai. É um nome em que a perfeita homofonia em francês das palavras Nom/Non=Nome/Não permite a Lacan apontar para duas funções importantes na constituição do sujeito: a de transmitir o Não da interdição do incesto e a de nomeação do filho, introduzindo-o na série das gerações. O pai dá ao filho o seu Nome e, ao mesmo tempo, diz um Não ao desejo da mãe de ter a criança como falo. É, portanto, pelos efeitos da presença no inconsciente do significante Nome-do-Pai, que ele intervém no complexo de Édipo, ou seja, introduz para a criança a norma fálica. A estrutura familiar de que fala a psicanálise é a estrutura mítica edípica, aquela que organiza a relação entre a mãe, a criança e a função paterna.
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METÁFORA PATERNA
Nome – do-Pai.
Enigma sobre o desejo da mãe.
A resposta é o falo, significante do desejo do Outro.
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A FUNÇÃO DO SIGNIFICANTE NA CONSTRUÇÃO DO CASO CLÍNICO Jean-Louis – Tombos de um sonhador
Local de endereçamento da mensagem
Significante recalcado
Nuvem: “coisa de menina”
Guerra: “coisa de menino”
Na oposição significante nuvem X guerra , o sujeito se coloca como sexuado para o analista, trazendo a diferença dos sexos.
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Sobre as teorias sexuais das crianças (1908).
A fábula da cegonha é uma das teorias sexuais da criança?
Não! claro que não! A criança não acredita nessa besteira que contam para ela e observa os bichos e percebe que tem alguma semelhança. Tendo descoberto que os bebês crescem na barriga das mães, a criança estaria perto de solucionar o problema. No entanto, não chega a descobrir porque falsas teorias são impostas por sua própria sexualidade.
Quais as características curiosas que Freud encontrou nas teorias sexuais falsas criadas pelas crianças?
 Embora as crianças cometam erros grosseiros, cada teoria contém um pedaço de verdade, parecido com os adultos que inventam teorias para decifrar os mistérios do universo. A parte correta dessas teorias ocorre por causa dos componentes da pulsão sexual que atua no organismo da criança. Por isso as teorias são as mesmas para todas as crianças.
A partir desse momento, a criança passa a construir teorias sexuais que, embora sejam falsas em relação à realidade material, têm um núcleo de verdade correspondente às correntes pulsionais, ou seja, estão de acordo com as características da sexualidade infantil. 
Primeira teoria – se refere à universalidade do pênis. Ela dá origem ao complexo de castração na ocasião da percepção dos órgãos genitais femininos: a fantasia da mulher como um ser mutilado gera no menino a ameaça de castração e, na menina, a inveja do pênis. Dessa teoria resultam outras duas.
Segunda teoria – o nascimento pela cloaca. A ignorância a respeito da vagina leva a criança a imaginar que os bebês seriam evacuados como excrementos.
Terceira teoria – a concepção sádica do coito, ou seja, o ato sexual é concebido como uma violência e relacionado ao sadismo infantil.
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Nesse momento da teorização de Freud, o complexo de Édipo do menino é descrito apenas em seu polo positivo, ou seja, desejo em relação à mãe e ódio ao pai. Com relação ao complexo de Édipo na menina, tudo se passa exatamente da mesma forma, ou seja, com uma afetuosa ligação ao pai e uma necessidade de eliminar a mãe por julgá-la supérflua e considerar que pode substituí-la. 
Anos mais tarde, Freud se apercebeu da falta de simetria no relacionamento edipiano de ambos os sexos, ou seja, o complexo de Édipo não se dá da mesma maneira na menina e no menino. Essa descoberta só se tornou possível a partir da conceituação, em 1923, da fase fálica da sexualidade infantil. 
As teorizações abordadas até esse momento referem-se ao período de elaboração da metapsicologia freudiana, denominado “primeira tópica”, onde a explicação do funcionamento do aparelho psíquico pressupõe três instâncias: consciente, pré-consciente e inconsciente. Nesse modelo, Freud situará o desejo como pertencente ao sistema inconsciente, e o objetivo da análise
será tornar consciente os conteúdos inconscientes. Mas a primeira tópica não era suficiente para explicar o funcionamento psíquico dos sexos. Assim, em 1923, em “O eu e o isso”, Freud formulou a segunda tópica do funcionamento psíquico, a partir da qual teve elementos para responder à constatação da dessimetria entre o Édipo masculino e o feminino.
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Nesses três textos de 1923,1924 e 1925, Freud retoma as teorizações dos “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” de 1905, enfatizando que os destinos do complexo de castração são diferenciados na menina e no menino. A tese da bissexualidade constitucional marca o postulado de que a sexualidade e a feminilidade não são essencialmente biológicas, mas, sobretudo, posições resultantes de uma organização psíquica que tem por base o complexo de Édipo. Todos os seres humanos, em função de sua constituição bissexual, possuem, ao mesmo tempo, características masculinas e femininas. Entretanto, a assunção de uma posição subjetiva masculina ou feminina é tributária do que acontece na infância do sujeito na sua passagem pelo Édipo. Cada criança deve percorrer um caminho para chegar à realização de uma identificação sexual. No decurso desse processo de subjetivação do sexo, a anatomia e a referência ao corpo têm o seu peso, mas estas, por si mesmas, são insuficientes para determinar a constituição do ser sexuado do sujeito homem ou mulher.
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O menino entra no Édipo e começa a manipular seu pênis, entregando-se a fantasias ligadas à mãe. Depois, sob o efeito conjunto da ameaça de castração proferida pelo pai - ou pela mãe e seus substitutos - e a angústia provocada pela percepção do corpo feminino, privado de falo, renuncia a possuir o seu objeto de amor - a mãe. O afeto em torno do qual o complexo de Édipo masculino se inicia e chega a uma desenlace é a angústia, ou seja, é o medo de ser privado daquela parte do corpo que, nessa idade, o menino tem como objeto mais estimável - seu pênis.
Portanto é a angústia de castração que barra o caminho do menino em direção ao amor pelo pai, fazendo com que ele renuncie ao pai como objeto de amor e se identifique com ele. Essa identificação se torna então possível porque o menino o amou e renunciou a esse amor. Ao se identificar com as insígnias do poder paterno, o menino efetua uma passagem do ter- ter o pai como objeto de amor - ao ser como ele. 
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O complexo de Édipo é dissolvido na medida em que a angústia de castração põe fim tanto à ligação erótica com a mãe quanto à ligação amorosa com o pai. No final desse processo, o menino entra no período de latência. Freud afirma que há uma vinculação entre a organização fálica, o complexo de Édipo, a ameaça de castração, a formação do supereu e o período de latência. É devido a essa vinculação que podemos afirmar que a destruição do complexo de Édipo é ocasionada pela ameaça de castração, ou seja, pelo interesse narcísico nos órgãos genitais.
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No menino soluciona o complexo de Édipo optando por preservar o pênis, que está investido de grande interesse narcísico e substituir o investimento objetal no pai, por uma identificação com ele. No caso normal, o complexo de Édipo não é somente recalcado, mas, sim, “literalmente feito em pedaços pelo choque da ameaça de castração”. Na menina, existe um período pré-edipiano de intensa vinculação com a mãe que é de grande importância para o futuro da mulher. Na fase fálica, ao considerar que foi vítima de uma castração, ela sai do apego pré-edípico com a mãe e se aproxima do pai, com a finalidade de obter o pênis que a mãe lhe negou. É nesse momento que tem início o seu complexo de Édipo. Em seguida, essa busca é substituída pelo desejo de ter filho, que seria o equivalente simbólico do pênis; posteriormente, a decepção frente ao pai, que se nega a atender a essa gratificação, é o que a conduz ao abandono progressivo do complexo de Édipo. Desde 1924, Freud dá-se conta de que a menina não aceita sem hesitação o fato da castração, mas aceitar ou não a castração depende o futuro da feminilidade de uma mulher. Em a “Significação do falo”, Lacan situa bem a mãe como primeiro agente da privação da menina, o pai sucedendo esse lugar. Busca o pai para receber o que não tem, mas se decepciona. No entanto, a relação de uma menina com o pai lhe dá estrutura como sujeito. Portanto, é fundamental compreender a maneira pela qual Freud elabora a incidência da figura paterna na subjetividade de uma filha. A identificação viril, resultante da ligação da menina com o pai, não leva a uma completa resolução do Édipo feminino, mas é estruturante, mas garante apenas uma identificação masculina, e não uma identificação feminina. É preciso trilhar o caminho aberto por Freud na vertente do Édipo para chegar-se a considerar, a importância do resto que a relação da menina com o pai deixa em seu complexo de Édipo. Nesse resto, reside a especificidade da relação mãe-filha, em um campo em que um mais-além do Édipo se constitui.
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Em 1925, no momento da sua primeira retomada do Édipo feminino, formula três diferentes vias que a menina poderia tomar na resolução de seu complexo edípico a partir da demanda que ela endereçava ao pai. 
A primeira via de resolução da demanda edípica ao pai é a menina aceitar que sua demanda não pode ser atendida e, portanto, aceitar sua falta. Para Freud, esta seria a saída para a verdadeira feminilidade. Nas duas outras soluções, Freud constata mais uma persistência da demanda endereçada ao pai, indicando que a virilidade recalcada, retorna e perturba o desenvolvimento sexual da mulher.
A segunda saída do complexo de Édipo feminino para Freud constituiria uma saída neurótica fundada na “esperança de receber alguma vez, apesar de tudo, um pênis, igualando-se assim ao homem”. Nessa solução a mulher retém a masculinidade que tanto almeja. A fantasia de ser, apesar de tudo, um homem, continua tendo importância considerável em sua existência. A ambiguidade sexual formulada por Freud pela vertente do imaginário torna-se simbólica quando se apresenta como a metáfora do sintoma histérico. É o que acontece no caso da identificação da enurese infantil de Dora com a virilidade impotente de seu pai e traduz uma questão que é básica na histeria: “sou homem ou mulher?”
A terceira via no destino da mulher intriga Freud. Esta apresenta uma reação que se gradua de uma recusa característica da solução anterior “eu não quero ser mulher” para um renegação “eu sou uma mulher num corpo de homem”. É o caso da personagem de Meninos não choram de 1999. 
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Veremos que Lacan retomará o conceito de falo em sua teorização afirmando que o falo é o elemento central em sua teorização afirmando que o falo é o elemento central na organização da sexualidade humana - o significante privilegiado, o significante da falta. Para Lacan, somente a partir do conceito de falo, como elemento terceiro na relação da criança com a mãe, é que podemos compreender a noção de relação de objeto. 
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Inicialmente, a criança vivencia a castração, que é simbólica, como uma privação, ou seja, como uma falta real (ausência de pênis na mulher), o que já implica uma simbolização, pois o real é pleno, a ele nada falta. A castração não é real, não incide sobre os genitais, ela é simbólica, pois incide sobre a ordem fálica. O falo, embora possa adquirir uma consistência imaginária, é, antes de tudo, um significante - significante da falta. A referência ao falo não é, portanto, a castração via pênis, mas a referência ao pai, ou seja, a uma função que mediatiza a relação da criança com a mãe. A função simbólica do pai será desenvolvida mais adiante, ao tratarmos do complexo de Édipo no ensino de Lacan.
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Este é o momento que queremos destacar, qual seja, a passagem da experiência especular, do registro imaginário para o simbólico. Geralmente a mãe desempenha a função de quem fornece aquilo que o bebê precisa no campo dos cuidados e da alimentação, mas também fornece um suporte simbólico. O simbólico é o registro em que se marca a ligação do desejo com a lei e a falta, através do complexo de castração,
operador do complexo de Édipo. Ligado à fase fálica da sexualidade infantil, o Édipo é, portanto, o processo que atua na estruturação de toda a organização psíquica. o complexo de Édipo organiza a relação entre a mãe, a criança e a "imago" paterna, mas não retrata o conceito de família patriarcal onde o pai é idealizado. O papel do pai como terceiro elemento na relação entre a mãe e a criança concebe o pai sem ser o pai da realidade, este não precisa nem mesmo existir para que a operação do nome-do-pai (complexo de Édipo) se estabeleça. a primeira função do pai “Ser ou não ser o falo”. o pai no registro simbólico interdita a mãe e instaura a lei. A lei, funda o desejo. No campo do simbólico a relação entre lei e desejo será denominada de nome-do-pai. Segundo Freud, inicialmente no Édipo, a criança é fusionada à mãe e exclui o pai. Desejo incestuoso pela mãe e assassino pelo pai. Num segundo momento vem a angústia de castração onde o pai é visto como o castrador, ciumento e rival. Ameaçada pela agressividade que pode vir desse pai, a criança é tomada de angústia. Para ela, nesse momento, ainda não existe dois órgãos genitais, masculino e feminino. O pênis na sua fantasia foi arrancado da menina e o seu está para ser arrancado como punição por desejar a mãe e odiar o pai. O terceiro tempo marca a saída do Édipo. A ligação incestuosa e a angústia de castração declinam através da aceitação da castração simbólica. A criança deixa de rivalizar com o pai, para identificar-se com ele e ser como ele no futuro.
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A captação da imagem pelo bebê é o momento inaugural da constituição do eu de um sujeito. O sujeito passa a existir, a partir de uma forma que lhe vem de fora. A partir desse episódio, de perceber-se no outro como sendo si mesmo, constitui-se uma unidade corporal que até então não se podia supor na criança. A gestalt corporal crava no sujeito, a forma de uma totalidade para o corpo. Estudos mostraram que ao colocar duas crianças juntas de uma aninho, observa-se que ambas estão identificadas uma a outra, pois, quando uma cai, as duas sentem o tombo e choram, uma bate na outra e sente o seu próprio golpe. Esse fenômeno de si mesmo misturado ao outro, onde não se sabe mais quem é um e quem é o outro, é o primeiro efeito da imago: o acontecimento de alienação, a imagem do outro através do desejo e do desconhecimento: "é no outro que o sujeito se identifica e até se experimenta no princípio". O estágio do espelho, evento que ocorre no complexo de intrusão, fala desta fase arcaica do desenvolvimento humano, quando da assunção triunfante da criança de sua imagem no espelho - imagem do semelhante - levando-a a uma ação identificatória acompanhada de mímicas e gestos frente a tal novidade que a capta. são as relações imaginárias de uma determinada fase do desenvolvimento humano. O imaginário é o modo compensatório para antecipar a forma total do corpo, assim como o próprio nascimento do eu e do outro.
a importância da dimensão simbólica durante o complexo de intrusão se relaciona a agressividade porque a constituição do sujeito se dá pelo encontro com a relação com o outro como rival. Com esse evento surge, além do eu e do outro. nessa rivalidade se um rival deseja um objeto, o outro que está imagináriamente identificado, alienado a esse primeiro, desejará também o objeto que este deseja, assim, o desejo do sujeito é o desejo do outro. Portanto, a agressividade ocorre em consequência do processo de constituição humana, necessariamente alienante, pois o sujeito aliena-se para se constituir.
Lacan entende a agressividade como sendo a pulsão de morte em Freud. Como a agressividade é o que constitui a subjetividade para o sujeito. o sujeito ama e odeia aquele com quem se identifica. Pela confusão entre si mesmo e o outro, este outro se torna a fonte de todo amor e de todo ódio, acorrentado a projeção dessa agressividade. O bebê antes do estágio do espelho entre 6 meses e 18 meses se vê como corpo fragmentado. Sua mãe/seio faz parte dele e a mãe sente o filho como parte dela, seu falo. Ilusóriamente plena, a criança está no lugar do falo imaginário. o desejo da criança é o desejo da mãe. Não há anterioridade do desejo materno. A criança antes de desejar a mãe, de ser o falo dela, é desejada por ela.
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No início da análise, Jean-Louis se põe a desenhar, dizendo que desenhará “coisas de guerra”. Desenha uma nuvem e a risca logo em seguida, dizendo que não vai desenhar coisas de menina, e sim de guerra, e faz um tanque. Durante a execução desse desenho, comenta que seu irmão mais velho fica mexendo com ele afirmando que ele está apaixonado pela menina, mas ele nega e me diz que não é verdade. Nesse primeiro desenho ele escreve o número do consultório do analista (401) situado no quarto andar, inscrevendo assim o local de endereçamento de sua mensagem. A nuvem ao ser riscada, barrada, é paradoxalmente reforçada, mostrando sua importância como significante recalcado. Podemos verificar como, de início, o sujeito se coloca como sexuado para o analista, trazendo a diferença dos sexos representada pelos significantes nuvem e guerra: o significado de nuvem é ‘coisa de menina” e o significante guerra “coisa de menino. A oposição significante nuvem x guerra representa portanto oposição menino X menina.
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