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Teorias e Técnicas Descobrindo Crianças Apresentação Seja bem-vinda ao Projeto dos descobridores e apaixonados pelo mundo infantil! Sou Eanes Moreira, psicóloga clínica e diretora do Descobrindo Criança. O Descobrindo Crianças é uma organização com foco no desenvolvimento infantil, tendo como objetivo descomplicar a infância sob o olhar multidisciplinar. O nosso blog é o único composto por uma equipe multidisciplinar da área da saúde, educação e direito. O blog está com 1 ano e 9 meses e já passa de 150 mil visualizações mensais, as nossas redes sociais Instagram e Facebook já passa de 22 mil seguidores, entre eles a maioria são psicólogos. Ah! As crianças do post são as nossas mascotes Malu e Lipe. Quero agradecer a confiança no meu trabalho como psicóloga e diretora do Descobrindo Crianças. Obrigada por aderir este método revolucionário que irá te ajudar a descobrir e descomplicar o mundo infantil e assim poder auxiliar as crianças e sua famílias. Saiba que você traz mais credibilidade ao projeto Descobrindo Crianças. Aspiro amor no que faço!! Para começar bem, venho informar a origem do nome do projeto e da palavra que usei para te cumprimentar. O nome ‘Descobrindo Crianças’ é fruto do livro “Descobrindo Crianças da Violet Oaklanter” e a palavra “descobridora, descobridor ou descobridores” tirei da música do Tim Maia – “Descobridor do sete Mares”. Afinal, somos ou não somos descobridores das crianças? Pois bem, vamos lá para a introdução do nosso conteúdo. O Teoria e Técnicas foi pensado para te ajudar nas descobertas do problema ou queixa do seu paciente ou cliente. O conteúdo está dividido por tema onde trago para você técnicas direcionadas ao trabalho no consultório clínico infantil. Para dar vontade e curiosidade no que vem pelos nas próximas páginas, trago uma reflexão do Jung. “Em todo adulto espreita uma criança – uma criança interna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completo e que solicita cuidado, atenção e educação incessantes”. (Jung) É muito importante que o psicólogo infantil “conheça a si mesmo” e descubra sua criança interior. Pensando nesta frase, faço uma proposta. Como anda a sua descoberta interior? Reflita antes de continuar a leitura! Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Entrevista Inicial Um psicólogo descobridor deve ser capaz de adequar as estratégias de atendimento às necessidades da criança ou da família e adaptar as técnicas/atividades a qualquer abordagem terapêutica que estiver usando. Falando em abordagem, peço uma pausa para responder a pergunta que quase todas as psicólogas me perguntaram: Eanes qual a sua abordagem? Então respondi: Sou da abordagem sistêmica, acredito que o todo é mais do que a soma das partes. Penso que a criança e a família é mais do que qualquer abordagem. Penso que as técnicas servem para nos auxiliarem e assim realizar o diagnóstico de acordo com o nosso embasamento teórico. Por isso, o conteúdo é baseado nas descobertas da infância e assim poder colaborar no seu atendimento. O objetivo do profissional é mover a criança para a frente de uma maneira positiva e construtiva, de modo a ajudá-las a se sentir bem consigo mesma, integrando assim com a família e a escola. Isto é, socializando. É crucial que o psicólogo ou a psicóloga infantil conheça sua criança interna, só assim é possível aceitar o problema da criança ou da família a qual você atende. Terminado a reflexão, vamos para a parte importante do início do atendimento. Entrevista ou anamnese. Eu prefiro chamar entrevista. A entrevista vai de acordo com a abordagem, eu particularmente marco com os pais, caso um deles não possa comparecer busco marcar outro horário com a mãe ou pai e tento com o casal. Caso não seja possível no primeiro momento, busco marcar posteriormente. Antes do início da psicoterapia infantil propriamente dita, ou seja, com a criança. É preciso conhecer os detalhes que o cercam. Saber sobre a família, o histórico da criança, qualquer trauma dentro da família, a definição da queixa inicial ou do problema apresentado pelo cuidador (e também pela criança) a percepção do cuidador quanto à coisa do problema e qualquer solução que já tenha sido tentado ou buscado. A entrevista inicial é importante para saber os detalhes do desenvolvimento da criança até o momento em que chegou até você. Existe caso que é possível realizar a entrevista em uma sessão, porém, ao terminar a sessão surgir dúvidas, por isso o recomendado é de duas a três sessões. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Autorização Vou disponibilizar para você um modelo de autorização para acompanhamento à crianças e adolescentes. Ela é baseada no código de Ética do Psicólogo e na resolução 08/2010 referente à atuação do psicólogo como perito e assistente técnico. É uma forma de prevenir possíveis consequências futura, visto que o psicólogo não pode ser perito e nem assistente técnico da família inserida no contexto da criança. Lembrando que é um modelo, você pode alterar colocando seus dados e da clínica que você atende. A Autorização em anexo que do e-mail que você recebeu. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br http://www.descobrindocriancas.com.br/ • Família Família é a base para a criança, antes era composta tradicionalmente pelo núcleo formado por pai, mãe e filhos. Hoje ela pode ser constituída de várias formas. Pensando nesta mudança, antes o que colava a família era as tradições, atualmente a cola é a confiança entre os membros. Como está a cola da criança com sua família? Famílias que vivem juntas apesar de suas fronteiras nacionais, culturais, étnicas, continuam juntas independentemente de elementos que não se encaixam. Globalização muda instituições como a família. Revolução digital muda a socialização. É importante salientar que as famílias mudam mais rápidos que o nossos modelos terapêuticos. É preciso pensar! É preciso estudar e analisar com cuidado cada caso. O desafio é pararmos de pensar que há uma forma única de família. E, da mesma forma, não há uma identidade ou uma forma certa de ser. Enquanto psicoterapeuta de crianças é preciso tomar consciência do seu próprio estado de ser: - Sua experiência de si mesmo ou dos outros - Seu autoconhecimento - Seus pensamentos e emoções - Como surge o seu julgamento? - Onde/ quando a volição surge? - Como você muda a história e a história lhe muda? • Comunicação Familiar Para entender a família é preciso entender como acontece a comunicação familiar, independente da constituição familiar, ela é a base fundamental para as crianças. Indivíduos que não se sentem ouvidos ou entendidos, que não conseguem expressar seus sentimentos e desejos, que se submetem ou violentam por causa da comunicação, que se pautam mais pelo que não é dito, que não confiam nas palavras, são apenas alguns dos inúmeros exemplos de problemas de comunicação nas relações humanas. Pensando na comunicação segue alguns fatores que interferem na comunicação entre pais e filhos: 1. Em muitas ocasiões ouvimos aquilo que queremos ouvir e não o que realmente está sendo dito. É muito comum na comunicação entre casais, pais, filhose dentro das famílias a ocorrência desse tipo de ruído. As queixas dos filhos podem ser ouvidas de diferentes maneiras, dependendo do contexto e do contato dos pais com eles. Silêncios, choros, isolamento e agressões são mensagens que são recebidas com diferentes significados pelos diferentes membros da família. 2. Temos a tendência de ignorar informações – principalmente as novas – que entram em conflito com nossas crenças, opiniões e precondições. Um exemplo é algum membro da família que foge do script ou tradição familiar. Fato que pode prejudicar a comunicação se não souber ouvir. 3. Quando nos comunicamos, não estamos isentos de avaliar a fonte de onde vem a mensagem e também para quem vamos transmitir. Crianças e adolescentes sabem avaliar a fonte comunicadora quando se trata de obedecer a ordens. Sabem se o pedido é mesmo “para valer” ou se vai ser esquecido logo mais como tantos outros. Sabe aquelas promessas que nunca se cumprem, os segredos que não são guardados? Estão nessa forma de comunicar. 4. Um mesmo fato pode comunicar coisas diferentes para diferentes pessoas. A expressão sorrir, cantar, chorar, gritar entre outros pode significar coisas diferentes para pais, mães, irmãos, avós e amigos 5. Palavras iguais podem ter significados diferentes para as pessoas. A palavra “logo” pode ter o sentido de alguns minutos, algumas horas ou de algumas semanas, dependendo de quem a diz. A expressão “me deixa sozinho” dita pelo filho, pode significar “Quero um abraço”. A comunicação é a mais poderosa conexão familiar que reflete a saúde emocional das crianças. Portanto, pais, educadores e profissionais fiquem atentos a forma de se comunicar com nossas crianças, ela pode gerar emoções negativas, conflitos internos e externos e até mesmo traumas. • Subejtividade Familiar Seguindo mais o tema de comunicação familiar, no entanto, com foco no desenvolvimento da subjetividade infantil. A comunicação familiar foi tomada como fonte de compreensão do desenvolvimento da subjetividade da criança, de sua forma de se reconhecer no mundo, de seus movimentos de ida para a rua ou do fenômeno de ruptura entre ela e sua família. Moreno refletiu sobre a importância do contexto familiar como um espaço social que promove a co-existência, a co-ação e a co-experiência no processo de desenvolvimento da criança. Há de se pensar que enquanto adultos, assumimos a valorização da negociação dos significados da experiência no contexto familiar. Sendo assim, a criança é influenciada de diferentes formas pela família, podendo ressignificar as sugestões culturais oferecidas por ela. É importante levar em consideração os sentidos subjetivos constituídos pelas suas experiências com a família, só assim é possível entender a criança, relacionando-os à sua ação social ou à sua atuação singular nesse contexto. A psiquê é um processo do sujeito ativo, em que o social e o individual são inter-relacionados dinamicamente. Assim, define a subjetividade como um sistema de significações e de sentidos constituídos pelo sujeito, desenvolvendo- se de acordo com suas necessidades e com seus movimentos na vida social. As emoções são essenciais em tudo, no desenvolvimento da criança então é fundamental. As emoções e as necessidades que se relacionam dinamicamente e recursivamente são geradas pelo sujeito na sua vida social, e são elas que permitem constituir uma história peculiar de seu desenvolvimento. As descobertas das emoções devem ser iniciadas na família, por meio da comunicação entre os membros. Fato muito importante a ser avaliado pelo psicólogo no momento da primeira avaliação e no decorrer da psicoterapia. Cada família tem sua particularidade de gerar emoções nas crianças sejam elas de forma positiva ou negativa. Seja como for a constituição familiar, é lá que é o espaço genuíno da construção inicial do sujeito psicológico, devendo ser atuante na educação dos filhos e na transformação da sociedade. Os papeis iniciais possibilitados pela família vão sendo gradualmente diferenciados ou singularizados pela criança que o desempenha. Sendo assim, a criança elabora um significado particular dos papeis apreendidos na família. Alguns autores, diferentemente de Freud, relatam que a criança desenvolve de acordo com a subjetivação que se manterão paralelos ao longo do seu desenvolvimento. Deste modo, a família é um espaço privilegiado de produção de subjetividades individuais, possibilitando a transformação dos papéis ideológicos da cultura na qual ela está inserida. A qualidade relacional da família depende do seu sistema de comunicação familiar que possibilita a cada membro expressar suas emoções e sentimentos. No entanto, em algumas famílias é difícil conseguir o dialogo e a comunicação dos sentimentos, tendo como exemplo as famílias. O processo de estudo da família é essencial para observação dos processos de desenvolvimento humano, indicando a existência de um caráter humano. Independentemente da abordagem, um fator importantíssimo na avaliação da criança, é olhar da dinâmica da família e como ela está interferindo na subjetividade da criança. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Agressividade Após refletir a comunicação e subjetividade familiar, vamos falar um pouco sobre um assunto muito real e presente na realidade das crianças, as quais são atendidas por nós. Começo a reflexão com a frase da Clara Thompson. A agressão não é necessariamente destrutiva. Ela se origina de uma tendência inata para crescer e dominar a vida. Somente quando essa força vital é destruída em seu desenvolvimento é que os ingredientes da ira, raiva ou ódio passam a ser ligados. Sendo assim, vamos analisar um pouco do desenvolvimento positivo da agressão. Os recém-nascidos têm impulsos agressivos, a despeito do fato de não poder penetrar diretamente no seu mundo de fantasia. A frustração do bebê pode aparecer, por exemplo, no momento da retirada da mamadeira e a chegada do choro. O bebê para chegar ao estágio da agressão propriamente dita ele passa por três níveis: O primeiro nível, ‘O Poder de Ser’ caracterizado pela compreensão do problema, considerando assim um aspecto básico. O segundo nível, ‘A Autoafirmação’, que nada mais é do que a busca do seu ser, de se auto afirmar. Nesse nível é importante observar que tem uma grande influência da família. Por exemplo, a autoafirmação pode ser bloqueada nos momentos de confusão entre os pais, brigas ou até mesmo separações. E o terceiro nível, ‘A Auto-inserção’, forma de comportamento mais forte. “Aqui estou e exijo ser levado em conta” Chegando assim, o estágio da agressão, forma mais enérgica de reação. Ela é um movimento de penetração nas posições de poder ou prestígio, ou no território do outro e por sua posse. Quando os esforços dirigidos à agressão são ineficazes, se produz a explosão primária, que se conhece como violência. Sua forma principal é a física, já que em outras fases pode intervir o raciocínio ou a persuasão. Podemos analisar com essa reflexão que a agressão pode estar ligada a uma emoção. Penso que a agressão precisa ser compreendida internamente assim como as emoções. Sendo assim, nem toda agressividade é violência, mas toda violência é, sim agressividade. Mas como desenvolve a violência? O índice de violência só cresce e um dos fatores do crescimento deste comportamento pode estar na família. Uma vez que tal instituição é um lugar de muitas contradições, pois ela organiza a vida emocional de seus membros, sendo unidade básica de desenvolvimento e experiência da criança e ao mesmo tempo,pode configurar um ambiente de maus-tratos aos seus componentes. Por ser a matriz da personalidade do indivíduo, a família também forma a identidade que se assume ao longo de nossa existência. Existe uma grande lacuna entre a experiência real de violência e agressão na infância, sua ação em fantasia. A divergência entre fantasia e realidade pode ser vista com bastante clareza se examinarmos atentamente os mitos e os contos de fada, com os quais a maioria foi criada. Muitos desse contos contém atos de violência que, se tomados literalmente, assustariam os mais robustos. Haverá agressão e violência enquanto as pessoas se virem obrigadas a permanecer em um estado semi-humano. Ela se torna uma provável via com a qual contam para liberar uma tensão insuportável e alcançar a sensação de significação. O fato das influências socias operarem muito cedo na vida da criança, sugere que uma atenção especial deve ser focalizada no processo de seu desenvolvimento. Valores morais, atitudes sociais e estabilidade emocional podem ser afetados pela experiência social precoce. Uma criança educada em um ambiente onde existe auto índice de agressividade e violência, pode ter seus próprios impulsos agressivos reforçados. Elas necessitam de todo potencial agressivo que podem reunir para proteger e fazer velar sua individualidade em desenvolvimento. Quatro fatores caracterizam a violência familiar: abuso físico, emocional, sexual e abandono. Fatores estes que são registrados no inconsciente pela sua expressão por meio de sintomas, sonhos, fracassos e fantasias. A criança, em sua vulnerabilidade, pode ser vítima do adulto. Já que o adulto pode encontrar nela uma vítima fácil, que lhe permite saciar sua agressividade. Muitas famílias ainda vivem respondendo a violência com violência. Cabe a nós psicólogos buscar a prevenção da violência e orientar as famílias. E um caminho para ajudar essas famílias a buscar a resiliência. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br http://www.descobrindocriancas.com.br/ • Avaliação e observação inicial É preciso fazer uma reflexão referente a avaliação e observação inicial da criança. O primeiro contato com a criança traz muitas informações para o psicólogo infantil. Atitudes e manifestação da criança devem ser minuciosamente observadas, pois, são elementos indispensáveis ao conhecimento mais profundo da personalidade. O psicólogo deve observar o modo como a criança cumprimenta, se é tímida ou não, sua sociabilidade, imaginação, linguagem, compreensão e conhecimentos gerais. Se é atenta ou dispersa, se é espontânea ou fechada. Se é alegre ou triste, etc. Sabe-se que em geral os adultos reagem de modo intelectualizado diante das reações da criança, explicando-as de modo muito abstrato e básico, o que impede a boa compreensão essencial. Por isso, para o psicólogo compreender a criança não basta, por exemplo, saber teoricamente, que o pensamento infantil é pré-lógico. Estas noções ficam esquemáticas quando encaradas abstrata e teoricamente, em vez de compreendidas. Zulliger atenta para a necessidade de se compreender o pensamento simbólico pré-lógico da criança e cita um exemplo: Uma criança brinca com um pedaço de madeira envolto num trapo velho; fala com ele e, dando ela mesma, uma resposta, que quer ouvir. Dialogando, oferece à madeira comida, refrescos, coloca-a numa caixa de papelão, que é o berço, etc. Sorrindo, o adulto dirá: “A criança toma a madeira por boneca”; imagina que a madeira é uma boneca, brinca com ela, e isto corresponde ao pensamento pré-lógico da criança. Estaria errado. A madeira não está em lugar da boneca, não é apenas a boneca, mas é o filho da criança. O que se passa com a madeira representa muito mais para a criança, do que para nós adultos que significa um jogo. O pedaço da madeira, que consideramos brinquedo, é o filho da criança e, para ela tem vida. Somente depois de termos compreendido este fato, seremos capazes de nos transpormos à criança que brinca, certos de que ela é capaz de chorar amargamente pela madeira, como também experimentar, por ela, as mais profundas alegrias. Profundo? A criança transforma a realidade externa. Em todas as técnicas de observação psicológica, o essencial é sermos capazes de compreender a criança no seu mundo. Dentre as técnicas de observação psicológica, buscamos inicialmente uma verbalização com a criança, procurando colocá-la á vontade; e usamos, também como recurso, os desenhos, brinquedos, recursos lúdicos e posteriormente se houver necessidade os testes. Particularmente só utilizo teste ou encaminho para uma neuropsicólogo em último caso. Sabemos que a verbalização para a criança constitui uma dificuldade, pois ela se exprime mais naturalmente através de projeções, no brinquedo, nos desenhos e nos testes. Esta dificuldade é ainda maior quando a criança é muito pequena. Para a criança verbalizar melhor eu utilizo a técnica dos “3 desejos”, muito útil nas entrevistas iniciais. Pergunta se a criança gosta de histórias de fadas e solicito que faça 3 pedidos a uma fada, que ela irá aparecer e realizar seus desejos. Crianças inseguras e com sentimento de culpa, frequentemente pedem: “ que eu seja bom” “que eu seja feliz” “Que meus pais me queiram bem” “Que meus pais voltem a morar junto” “Que eu não tenha medo”. Avalia cada pedido da criança que você irá atender. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Técnica o meu mundo Temos uma parte importante das descobertas da infância, mas quero frisar que as técnicas sugeridas são recursos extras e não transformarão você em uma psicóloga ou um psicólogo infantil. O que é importante é a sua capacidade como terapeuta que transformará estas ideias em ferramentas terapêuticas úteis. A técnica que será trabalhada pode ser aplicada na avaliação incial e também no decorrer do seu atendimento, depende da queixa e pode para te ajudar na avaliação inicial da criança e do adolescente. Recebi depoimento que ela foi aplicada em adulto. Como estamos trabalhando com crianças, mencionarei criança. O meu mundo azul ou cor de rosa 1. Objetivo Estabelecer uma relação de confiança, oferecer a oportunidade para que a criança pratique falar sobre si mesma de uma maneira não-ameaçadora, obter informação sobre a criança como uma pessoa autônoma e ajudá-la a ter um sentimento positivo em relação a si própria. Isto deve ser feito antes de abordar problemas emocionais. 2. Materiais Papel A3 ou A4, canetas e lápis coloridos e, talvez uma pequena placa redonda, ou algo semelhante, para desenhar em volta 3. Método A maioria das crianças de 7 anos e acima poderá ter mais facilidade desta versão da atividade. Crianças menores gostarão de usar a variação. Diga a criança que vocês realizarão uma brincadeira juntos para que você possa conhecer um pouquinho mais sobre ela. Pergunte-lhe se ela sabe desenhar um mundo, porque vocês podem trabalhar com uma figura mais ou menos como essa. Dependendo da idade a criança poderá apresentar dificuldade. Se observar que a criança é capaz de realizar a atividade peça para ela escrever o título “O meu mundo” e diga que escreva o seu nome. Após a escrita do nome peça que desenhe ela mesma. Converse com a criança sobre como ela vê o seu próprio mundo, as pessoas com quem ela gosta de estar, as coisas que gosta de fazer. Durante esse momento, mantenha seu olhar terapêutico sempre atento à realidade atual da criança. Incentive-a a te contar sobre o mundo dela.As perguntas irão ajudar a criança. Busque se ater a aspectos positivos nesta tarefa inicial. • Qual é a sua comida favorita? • Quem é o seu melhor amigo? • O que você gosta de fazer depois da escola? • Você tem algum bichinho de estimação? • Você é bom em quê? • Quais são as suas roupas preferidas? • Que programa de televisão você gosta de ver? • Onde você gosta de ir aos fins de semana/feriados? Dica: Procure adaptar as perguntas à idade e história da criança, fazendo uso do seu conhecimento com respeito à formulação de questão. Na medida em que a criança vai respondendo às perguntas, dependendo das respostas, você pode formular mais para entender o que ela fala. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Desenho Conseguiu imaginar o quanto é divertido realizar a atividade anterior? As crianças desenham ou escrevem seu mundo da forma que ela visualiza. E é muito bom fazer essa descoberta. Hoje quero trazer a técnica do desenho. Particularmente eu amo os desenhos, ele pode ser feito na avaliação inicial, no processo terapêutico e até na despedida. O desenho pode transformar histórias de vida, pois ao desenhar, a criança, o adolescente e até o adulto constrói e reconstrói uma nova história. Desenhar significa exatamente ver e tornar visíveis proximidades e distâncias, geometrias antes obscuras, ou seja, ver os problemas e encontrar soluções. Para a criança o desenho se encontra e se mostra, e depois isso mesmo é transformado por suas soluções curativas, se tomado no contexto adequado que pode permitir a cura. A ideia do desenho para criar e transformar relações. Para a criança, o êxito está em transformar também os papéis de quem está à sua volta: pais, professores e companheiros, e redesenhar novos equilíbrios, porque esse é o efeito da criatividade. Os desenhos podem ser examinados a partir de variadas perspectivas – evolutiva, projetiva, narrativa, artística etc., todas elas presentes em cada produto. Por meio do desenho a criança nos fala, nos informa, nos solicita e nos responde. Assim também todo artista, de acordo com Leonardo da Vinci, quando representa uma figura humana, apresenta a si mesmo. No desenho, a criança nos fala de seus problemas, de suas descobertas, de suas ansiedades. Pode-se considerar o desenho com o duplo significado de formador e revelador de personalidade. Para que possa ser também revelador da vivência interior, é necessário que seja colocado, reconhecido e interpretado num setting terapêutico. Essa técnica é tão valiosa que merece mais um dia. Então prossigamos com mais descobertas do desenho. • Desenho (parte 2) Nesta segunda parte do desenho, trago o método criado por uma terapeuta Italiana Vanna Puviani, no qual tive o prazer de conhecer e realizar o curso com ela. No primeiro encontro, faz-se à criança o pedido de dois desenhos livres, um a lápis e um em cores. É muito importante esta primeira declaração de quem abre o diálogo terapêutico: nós oferecemos à criança o espaço de uma folha, ela concorda e decide narrar aquele problema a alguém, com o lápis e com as cores. Após o término do desenho: Pergunte para a criança se ela está satisfeita com o desenho. Se sim, comece as perguntas de análise. Por exemplo: Se ela desenhou uma pessoa, faça as seguintes perguntas: Você nos traz uma pessoa? O que nos mostra? Qual é a sua história? Observação: Realize perguntas de acordo com o que ela traz no seu desenho e na sua fala. Construa um diálogo a partir do que ela traz no seu desenho. A comunicação por meio do desenho passa principalmente pelas emoções: as emoções que suscita na criança e as emoções que suscita em nós enquanto psicoterapeuta. É como se o resultado fosse um grande envolvimento e grande aproximação emotiva. O trabalho com o desenho é uma relação, trata-se de fazer alguma coisa em um jogo de perguntas e respostas, em atmosfera de grande expectativa recíproca, governada pela imprevisibilidade que sempre suscita grande maravilha. A comunicação eficaz é aquela que ajuda a criança a realizar a narrativa de si mesmo, do modo mais ricos e mais seu, e nos ajuda a aprender como fazê-lo. O desenho traz o símbolo, assim carregado de significado, possui grande poder transformador. Por meio do desenho, de fato, são expressas partes do mundo criativo interior e é estimulada a identificação com novos símbolos, a fim de dar novos estímulos e novas oportunidades à criatividade da criança para estimular seu crescimento. Portanto, utilize o desenho, mas com olhar diferente da análise propriamente dita e sim na história da criança. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Escala dos sentimentos Para criança com mais de 6 anos de idade 1. Objetivo Avaliar a percepção que a criança tem de si mesma numa variedade de áreas de problema potenciais. Visa proporcionar um meio fácil e visualmente acessível de avaliação que pode ser usado em vários pontos ao longo da psicoterapia para monitorar o progresso. 2. Materiais e método Planilha de sentimentos: Coloca os sentimentos e pede para numerar de 1 a 5, sendo 1 para “Nem um Pouco” e 5 para “Muito” Como eu me senti na semana passada? Feliz, sociável, preocupado, cheio de energia, mal-humorado, assustado, irritado, preguiçoso, diferente dos outros, autoconfiante. (Você pode utilizar carinhas representando as emoções.) Não é recomendado utilizar mais de dez conceitos, se a criança conseguir responder 5 já está em um bom nível bom. Faça a lista de sentimentos de acordo com os estados de humor que você percebeu no primeiro encontro com a criança. Por exemplo, se a criança tiver agressiva, questione-a sobre o sentimento de raiva. Se optar pela planilha em formato de escala, peça para a criança circular em cada linha o número que reflita o quanto ela sentiu cada um dos conceitos/sentimentos durante a semana. Certifique-se de que ela tenha entendido bem como funciona a escala. Examine as respostas dela, pedindo-lhe que explique cada uma (por que se sente assim, o que a faz mudar esse estado de humor, por quanto tempo se sentiu assim). Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br http://www.descobrindocriancas.com.br/ • Técnica avaliativa com desenho Peça a criança que faça dois desenhos, um desenho de figura humana inicialmente e depois um desenho de sua família. Após o desenho faça as seguintes perguntas: 1. Alguém nesta família bebe muita cerveja, pinga etc.? 2. Quem nesta família briga muito? 3. Quem nesta família bate muito? 4. Quem nesta família tem pesadelo? 5. Quem nesta família tem sonhos ruins ou assustadores? 6. Quem nesta família conversa ou grita durante o sono? 7. Quem nesta família tem dificuldade para conseguir dormir? 8. Alguém nesta família tem medo de dormir? 9. Alguém nesta família faz xixi na cama? 10. Alguém nesta família sente culpado por tudo que acontece com ela? 11. Alguém nesta família está sempre ficando de castigo? 12. Alguém nesta família tem um bom comportamento sempre? 13. Alguém nesta família é muito agarrado aos pais? 14. Alguém nesta família não consegue ficar só? 15. Alguém nesta família pede atenção o tempo todo? 16. Alguém nesta família age como bebê? 17. Alguém nesta família tem medo? 18. Alguém nesta família tem medo de ruídos altos, movimentos súbitos, de ser tocado? 19. Alguém nesta família tem medo de ficar só? 20. Alguém nesta família tem medo de estranho?21. Alguém nesta família está sempre machucado, com roxos, marcas? Porque? Esse questionário pode ser utilizado na avaliação inicial ou no processo terapêutico, sempre com foco no momento da criança. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • A família para a criança Agora trago algo que iremos sempre trabalhar: técnicas voltadas para investigar a visão da criança frente a sua família. E para começar gosto de uma técnica simples e que traz muitas informações importantes referente ao olhar da criança na família. O objetivo é perceber como a criança traz a família. Os materiais são lápis, lápis de cor e papel. Você pedirá a criança para desenhar cada membro da família em forma de um animal. Assim que a criança disser que terminou, pergunte se ela está satisfeita com o desenho. Às vezes, a criança volta a fazer o desenho e o completa com mais detalhes. Atenção nesse momento! Após o término, pergunte quem é cada membro, e vai investigando sobre cada animal e sua representação. Por exemplo: A figura de um leão, o que é o leão? Ele representa quem da sua família? Como ele é visto na natureza? Como ele cuida do seu filho? No momento das perguntas, pode perguntar se o animal se parece com o membro representado. PS: Nem sempre o leão é o pai, o leão pode ser a mãe ou outro membro familiar. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Arvoré da família Essa técnica pode ser aplicada com crianças a partir de 3 anos. Ela irá ajudar o psicoterapeuta a descobrir e conceituar a família da criança. Ela é particularmente útil para formações familiares mais complexas, como quando existe adoção, padrastos ou madrastas, avós que criam e meio irmãos. Você pode utilizar uma folha de papel A3 ou cartolina, canetas ou lápis colorido. Peça para a criança desenhar a família, que assim ela irá te ajudar a entender como é sua família. É necessário que ela desenhe em forma de árvore todos os membros da sua família, que reside com você, parentes distantes, animais de estimação, pessoas que morreram, entre outras que você observar relevante durante o atendimento. Caso a criança não desenhe alguém, pergunte para ela o que aconteceu. Neste momento, o psicólogo pode escrever e buscar entender a negação de não colocar aquele membro. Na técnica avaliativa tem mais perguntas que podem te auxiliar no momento da aplicação desta técnica. Segue a lista de mais algumas: • Quem na sua família lhe dá mais abraços? • Quem na sua família te ajuda a fazer as tarefas de casa? • Quem na sua família te leva na escola? • Quem na sua família lê mais? • Quem na sua família te busca na escola? • Quem na sua família te ensinar a ler? • Quem na sua família gosta de animais? • Quem na sua família mantém o quarto arrumado? • Quem na sua família cozinha as comidas mais gostosa? • Quem na sua família vê mais televisão? • Quem na sua família brinca com você? • Quem na sua família é mais bravo? • Quem na sua família é mais calmo? Essa atividade é muito reveladora, mostra como a criança percebe sua família. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br http://www.descobrindocriancas.com.br/ • Diálogo com objetos Esta pode ser usada com crianças que estão com pais em processo de separação ou em fase de adaptação da realidade dos pais. Por exemplo, o pai ou a mãe que já tem um outro relacionamento. Vamos pensar em um caso onde a criança não aceita o novo marido da mãe ou a nova mulher do pai. Para representar a sua não aceitação muda o comportamento frente ao pai ou a mãe e passa a brigar com a madrasta/padrasto. Isto acontece quando a criança passa a conviver com um dos pais. Importante pensar que é um comportamento da criança que pode estar sendo recorrente. Essa técnica é dialogada com o pai ou com a mãe que estão em outro relacionamento e a criança não aceita ou tem algum impasse com o padrasto/madrasta. Material três lápis coloridos, antes do diálogo peça para a criança representar em cada cor uma pessoa. Por exemplo: A criança, mãe/pai e madrasta/padrasto. Comece o diálogo com os três lápis baseado na queixa. Como foi o seu final de semana com seu pai ou sua mãe? A partir daí, a criança vai falando e o terapeuta vai interagindo, quando houver fala da criança referente a briga peça para ela apresentar a figura. É importante analisar o contexto familiar e aceitação da criança por parte do padrasto ou madrasta. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Contrato com a criança Há uma técnica que gosto de aplicá-la com criança que apresenta dificuldade de relacionamento com os pais ou desobediência aos pais. Faço um contrato com a criança, o qual a criança e a terapeuta assinam. Você deverá fazê-lo em duas vias, ficando com uma e pedindo para a criança levar a outra. Segue o exemplo de um contrato realizado: • Eu vou obedecer a minha avó e meu tio. • Eu vou respeitar as pessoas mais velhas. • Não vou xingar e nem sair sem avisar. • Vou ouvir o meu tio e minha avó. • Vou fazer as tarefas de casa e da escola. • Respeitar na aula de reforço e a professora escola • Eu vou arrumar a casa com a minha avó. O contrato foi escrito pela criança, a ordem de obediência é dela. Há de se perceber que ela morava com a avó, nesse caso o relacionamento familiar é mais complexo, pois não é tarefa fácil avó criar netos. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Emoção segundo Vigotski Emoções, como é importante falar delas, então vamos refleti um pouco das olhar do Vigostski. Ele abandonou a temática, para dedicar ao desenvolvimento infantil, à aprendizagem da linguagem e ao pensamento, no entanto, deixou contribuições importantes sobre o tema. Mesmo não tendo se dedicado propriamente ao tema emoções, ela se encontra em todas as suas obras. No processo de mediação ligada as categorias constitutivas do psiquismo humano, as emoções estão relacionadas à Afetividade como uma das categorias fundamentais, ao lado da Consciência e da Atividade. Para Vigotski, as representações afetivas supõem um ato emotivo. A imaginação e fantasia estão a serviço da esfera emocional. Mesmo que sua expressão apareça muitas vezes como pensamento lógico, a finalidade e a direção são dadas pela emoção. A atividade da imaginação representa uma descarga de afetos, do mesmo modo que os sentimentos se resolvem em movimentos. Ao avaliar a criança no aspecto emocional, é importante observar como ela busca eliminar as descargas emotivas imediatas que são próprias da primeira infância. Anteriormente a emoção era vista somente pelo aspecto biológico, demonstrando falha pois não explicava a existência dos sentimentos tidos como “superiores” no homem. Tais como: sentimentos religiosos, o amor, a emoção estética, entre outros e sem levar em consideração uma parte significativa da vida psíquica. Descobriu-se então que as emoções podem se classificar em inferiores e superiores. As inferiores seriam herdadas e de origem orgânica pelo homem por antepassados animais e as emoções superiores teriam outra natureza que não foi explicada.A contribuição importante de Vigotski reflete na forma como as emoções são entendidas e estudadas, principalmente no aspecto infantil. A evolução das emoções “Consistia no fato que enquanto o desenvolvimento da psiquê humana ia em frente, as emoções retrocediam”. No entanto, hoje vejo que com a contribuição de Vigotski e outros autores as emoções evoluiriam, o que tornou possível mais estudos sobre o assunto, definindo didaticamente cinco emoções principais: medo, raiva, tristeza, nojo e alegria. A emoção passa a ser relacionada à formação da personalidade, isto é, ao processo de construção e de formação da estrutura psicológica do caráter. A emoção não poderia ser estudada isoladamente, mas através das relações que estabelece com as outras funções psíquicas, formando um sistema funcional como um conjunto dinâmico. O desenvolvimento histórico dos afetos ou das emoções consiste fundamentalmente nas conexões iniciais em que se produzem e surge uma nova ordem e novas conexões. Por isso a importância de avaliar com cuidado os aspectos emocionais da criança inserida no seu contexto familiar. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Descobrindo as emoções Outro assunto importante para estudarmos são as emoções. Em um baú ou uma caixinha você coloca carinhas que representam as emoções, existe um baralho que se chama “Baralho das emoções”, nele contém todos as emoções, as primárias e secundárias. Essa técnica pode ser aplicada em grupo ou individualmente e é recomendada para que as crianças conheçam e denominem as emoções. Com o baú fechado, comece a contar a história da “caixa de pandora”. Você conhece? Envio a história em anexo em formato de foto. Procure contar a história de forma bem poética, em algumas partes da história tem momento de interação com a criança. Segue: História a caixa de Pandora Há muito tempo atrás, as pessoas acreditavam na existência de diferentes deuses. Existia o deus do mar que se chamava Netuno, o deus da guerra, cujo nome era Marte, a deusa da sabedoria que era chamada de Minerva e assim por diante. Os deuses, segundo se acreditava, viam em um lugar chamado Olimpo e apareciam frequentemente aos homens. Conta-se que um desses deuses entregou a uma jovem chamada Pandora, uma caixa fechada para ela guardar, semelhante a esta que eu tenho na mãe. Aquele deus disse que o conteúdo da caixa não podia se revelado a ninguém e que cabia a ela a tarefa de proteger a caixa com muito cuidado. Pandora, então, guardou a caixa e nada disse para suas amigas, nem para seus familiares. Com o passar dos dias, Pandora foi ficando cada vez mais curiosa para saber o que continha aquela caixinha misteriosa. Ela não se cansava de examiná-la. Apertava, balançava, colocava junto aos ouvidos, de um lado, de outro e nada ouvia. Por fim, chegou à conclusão de que só poderia descobrir o mistério se abrisse a caixa. Mas a recomendação recebida era que a caixa não deveria ser aberta. Nesse momento é importante perguntar: O que vocês fariam se recebessem uma caixa para guardar sem saber o conteúdo dela? Pandora foi ficando cada vez mais desesperada. Até que um dia: adivinhem o que ela fez? Não resistindo mais, Pandora abriu a caixa! Vocês nem podem imaginar o que aconteceu! (Pausa). De repente, pularam da caixa umas coisas estranhas, com diferentes cores, difícil de saber o que eram. Essas coisas se multiplicavam rapidamente e entravam nas pessoas. Foi aí que todo mundo, todo mundo mesmo, ficou com sentimentos de medo, alegria, surpresa, raiva, amor, ódio e tantos outros. Alguns desses sentimentos traziam felicidade, bem-estar; outros traziam descontentamento, infelicidade. Ela percebeu que faltava um único sentimento para sair e então fechou a caixa rapidamente impedindo que ele saltasse para fora. Aquele deus logo ficou sabendo o que Pandora havia feito e veio voando muito zangado. Ao chegar, foi logo perguntando: Pandora, o que você fez? (voz grossa e alta). Nesse momento você pode perguntar: Quando o deus fez essa pergunta, qual sentimento de Pandora? Pandora tremeu, a boca secou, os olhos se abriram bastante e ela pensou em se esconder, mas viu que isso era impossível. Então resolveu enfrentar a situação, porque enganar as pessoas com mentiras, isso ela não fazia. Ela respondeu à pergunta do deus: - Olha, de fato eu errei ao abrir a caixa. Minha curiosidade foi muito grande. Mas acho que teve um lado positivo, porque todo mundo precisa ter sentimentos. Para compensar minha falta, disponho-me a ajudar as pessoas a identificarem seus sentimentos. Logo de cara todo mundo deve saber que bem lá no fundo do nosso cérebro existe uma caixinha de sentimento. Além disso, o último sentimento que não saiu é o da esperança. Assim, quando todos os sentimentos forem vividos pelas pessoas, nada mis restando, elas podem abrir a caixa e deixar que a esperança tome conta delas. Desse dia em diante todas as pessoas do mundo inteiro passaram a ter diferentes sentimentos e, de vez em quando, dependendo da situação que estão vivendo, os sentimentos saem lá da caixinha e se refletem no corpo todo delas. É por isso que adivinhamos, olhando o rosto e os olhos de cada pessoa, o medo, a raiva, o amor e todos os outros sentimentos também. Após o término da história apresente as emoções, dependendo da idade pode ficar apenas com as emoções primárias (Amor, Alegria, tristeza, raiva e Nojo). Esse é um momento muito revelador durante a sessão, observa a fisionomia e reações da criança durante a história. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Emoção alegria A primeira emoção a ser estudada é a alegria. Como diz o nosso amigo Willian Shakespeare “A alegria evita mil males e prolonga a vida” . Podemos pensar que a criança consegue conhecer a emoção alegria facilmente, mas nem sempre isso acontece. Para identificar a emoção alegria, você pergunta à criança como ela sente se alegre. Para ajudar essa identificação, fale uma manifestação que demonstra a emoção alegria e peça para a criança ir nomeando. Caso queira, pode pedir para ela desenhar a sua maior alegria. ✓ Possíveis manifestações da alegria 1. Amor/ ternura 2. Curiosidade 3. Entusiasmo, expectativa 4. Sorriso, riso, gargalhada 5. Diversão 6. Felicidade 7. Frio gostoso na barriga 8. Vontade de brincar muito 9. Vontade de compartilhar 10. Criação de vínculos e ter mais amigos 11. Vontade de se comunicar 12. Vontade de cantar e dançar 13. Leveza Como sabemos a emoção alegria não chega no consultório como queixa, ela vai aparecendo no decorrer da psicoterapia, você pode trabalhar a emoção alegria para avaliar o andamento psicoterápico e como essa está desenvolvendo emocionalmente. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br http://www.descobrindocriancas.com.br/ • Emoção Tristeza Vamos falar da temida e necessária tristeza, a criança precisa entender o lado positivo de ficar triste e o lado negativo. A tristeza aparece em forma de recolhimento e de tendência à introversão. Sua expressão pode ser sinalizada por choro, lágrimas. A expressão facial demonstra preocupação e seriedade, as sobrancelhas se erguem no centro, franzindo a testa, os lábios se curvam para baixo, chegam a tremer. Para ajudar a criança nomear as emoções e descobrir o que deixa ela triste. Organizar revista ou imagem que tenha cores frias:azul, verde e cinza. E também imagens com cores quentes (vermelho, amarelo e laranja), papel e cola. No primeiro momento peça para escolher imagens com as cores frias e vai colando no papel. Neste momento, observe as escolhas da criança e depois da colagem realizada faça perguntas para verificar as revelações da criança. Satisfeita com as respostas da criança e verificando as possíveis revelações de tristeza dela, comece a colagem com as cores quentes e faça as perguntas. Observando mais choro na criança você pode utilizar uma garrafa ou um pote e pedir para a criança depositar seu choro nela. Assim a criança chora tudo e não corta o choro. Depois você pode mostrar para a criança como ela pode lidar com a tristeza. • Ouvir a sua música favorita • Lembrar de algo que a deixa feliz • Refletir sobre o que a deixou triste • Conversar com um amigo ou com sua família sobre o motivo que a deixou triste • Perguntar para uma pessoa importante, o que ela faz quando fica triste? • Brincar com o seu brinquedo favorito, até a tristeza passar. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Emoção raiva Como é bom trabalhar as emoções! Agora vamos falar da emoção raiva. Na primeira semana trabalhamos a agressão que pode gerar violência, esse tema está bem ligado a emoção raiva. Por isso, é muito importante ensinar a criança a lidar com essa emoção. Peça para a criança iaginar coisas que a deixa com raiva, com muita raiva, depois entregue para ela uma folha de papel e peça para escolher um cor de lápis que pode ser normal ou de giz de cera. Normalmente elas escolhem cores escuras, principalmente preta e vermelha. Fale para ela riscar a folha com toda a sua raiva, até que sinta a raiva passar ou esteja satisfeita. Após ela jogar toda a raiva no papel, faça uma pequena reflexão ou uma respiração com ela. Entregue outra folha com lápis e giz de cera e peça para ela desenhar alguma coisa que apresenta a natureza. Converse com ela sobre o desenho e no final reflita com a criança, as formas de lidar com a raiva. Mostre que quando olhamos as cores com raiva elas ficam escuras e apresentam dificuldade de enxergar, no entanto, quando olhamos com cores brandas como da natureza podemos parar e acalmar para enxergar as coisas diferentes. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Emoção Medo Chegamos na emoção que se caracteriza por uma sensação desagradável e intensa que surge frente à percepção de um perigo real ou imaginário, o medo. A energia se retrai para dentro do corpo, e algo de fora assombra a criança a ponto de sentir a sensação de ameaça e perseguição. Material para as técnicas: canudos, tintas coloridas, papel, caneta, lupa, cola e tesouras. Peça para a criança ficar de olhos fechados (se for necessário pode colocar uma venda) depois peça para ela imaginar seus medos, o maior e o menor. Neste momento conte à ela que o medo não vive fora, ele está dentro da cabeça. Após explicar a emoção medo e a criança ter falado o seu medo, faça um exercício de imaginação. Fale para ela imaginar o que é preciso para combater o medo. Solicite da criança ideias para mandar o medo para fora e focar na coragem. Depois das ideias dela você pode utilizar e entender como fazer. Após ouvir você pede para assoprar tintas com canudos. Jogue fora o medo e traz coragem. Você pode também construir com a criança monstros, peça para ela desenhar e depois utiliza a lupa e mostre que quando estamos com medo enxergamos as coisas grandes ou maiores do que realmente são. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Três emoções Depois de um conteúdo tão emocionante, nada melhor do que descobrirmos se estamos alegre, triste ou zangado. Objetivo: Descobrir as questões emocionais e possibilitar discutir seus sentimentos. Para essa técnica você pode utilizar canetas coloridas, lápis e papel. Peça para a criança desenhar três rostos que represente estar alegre, triste e zangado. Oriente a criança para desenhar num pequeno espaço da folha que o restante será utilizado para escrita. Cada carinha você pede a criança para fazer um balão sobre ela, deixando espaço para escrever. Comece pela emoção positiva. Na carinha de alegre pergunte para criança “O que faz você sentir alegre?” “O que deixa você alegre?” e discuta cada exemplo. Você faz a pergunta para cada carinha. Quando terminar todas as emoções volte na emoção positiva para finalizar no aspecto positivo. Essa técnica é bem reveladora no que se refere às emoções e aos sentimentos da crianças. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Luto Infantil Para fechar essas nossas descobertas iremos falar da importância de conversar sobre o luto e irei trazer técnicas para ajudar a criança a enfrentar perdas e reduzir o estresse. Infelizmente nós, profissionais, não somos preparados para lidar com o luto e com todo esse sofrimento e essa dor, principalmente vindo das crianças. Pensar a morte é repensar a vida! Por isso é importante falarmos de morte. Enquanto profissionais da saúde emocional precisamos trabalhar com o luto e com a prevenção da morte, ou seja, falar dela com mais frequência a assim nos prepararmos e ajudar a crianças a entender esse fato que nos incomoda, mas que de alguma forma acontecerá conosco. Penso que o preparo para a morte precisa acontecer durante a vida. Enquanto psicóloga infantil nos deparamos com crianças que perdem seus pais e nem sabem o motivo, os familiares não falam para elas. Mas claro que precisa ser dito de acordo com a sua idade e seu modo de entender. Eu acredito que ao adentrarmos nas descobertas infantis com abertura para o acolhimento, poderemos repensar aspectos pertinentes a morte, perdas e luto, exercendo reflexões e partilhando experiências no momento de convivência. É importante repensar a forma de lidar com a morte. A criança que passa por alguma perda na vida precisa ser auxiliada para ter boas lembranças do membro da sua família, do seu amigo ou do animal de estimação. Material que será utilizado papel, lápis, canetas coloridas, tinta, giz de cera ou figura e cola/fita adesiva. Pergunte à criança qual a sua melhor lembrança ou lembranças da pessoa ou animal que morreu. Converse com ela como pode recriar essa lembrança visualmente ou em forma de desenho. Durante ou depois o desenho, converse com a criança sobre a imagem. • Essa é sua melhor lembrança? Por que? • Qual lembrança esse desenho traz mais? • O que você vai fazer com esse desenho? • O que a pessoa/animal pensaria desse desenho? Você pode perguntar a medida em que a conversa for evoluindo. A criança costuma pedir para desenhar outras lembranças, deixe ela desenhar, faça perguntas relevantes para o desenho e assim poderá descobrir mais sobre essa perda. Para ajudar a criança a lidar com as perdas, ensine ela a realizar corretamente a respiração, caso ela encontre dificuldade, não a force. Algumas crianças conseguem controlar a respiração, outras apresentam dificuldades. Pegue uma vela, peça para encher o pulmão de ar e assoprar, quantas vezes ela quiser e você perceber que ela está mais aliviada. Encontre uma boneca, preferencialmente parecida com fada e peça a criança para realizar três pedidos para a fada, lembrandoque são referentes a perdas. Você pode pedir para ela pedir que a fada leve um recado para a pessoa que a criança perdeu. A cada pedido, acenda a vela e peça para a criança apagá- la. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Visita escolar Outro assunto importante que devemos falar um pouco é a visita escolar. Você já fez? Dependendo da queixa na qual a criança foi encaminhada ou se foi por livre espontaneidade dos próprios pais, não é preciso realizar a visita na escola. No entanto, quando o atendimento é direcionado para criança, raras as vezes que não será preciso a psicóloga realizar a visita escolar. Antes de realizar a visita na escola, é importante entrar em contato com a professora e assim marcar um horário que a escola estiver disponível para te receber. A maioria das vezes, o professor marca uma pequena reunião com a coordenação, direção e demais professores que acompanham a criança. Procure marcar o horário que a criança esteja na escola, assim você aproveita e realiza uma observação. É importante ressaltar que as visitas sejam marcadas após a segunda ou terceira sessão realizada com a criança, assim você já descobriu um pouco sobre a criança e não ficará contaminada apenas com as observações da escola. Durante a conversa ou reunião, priorize observar se a escola formou algum rótulo para aquela criança ou se estão expressando dificuldade de lidar ou ainda se estão com vontade ajudar essa criança. Busque descobrir também a relação pais e escola. Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br • Técnica para despedida Na psicoterapia infantil encontramos vários motivos para a desistência da terapia, ou os pais tiram as crianças por conta própria, ou por situação financeira, ou mudança de cidade, entre outros. O fato é que é importante realizar uma despedida do processo terapêutico com a criança. Coloque próxima da criança, folha de papel, lápis de cor, tinta, massinha, o que tiver no consultório que achar necessário. Peça para a criança realizar os passos seguintes: • Uma recordação para a minha psicóloga • Aqui estou em uma de minhas sessões de terapia (Escrever os motivos pelos quais venho para a terapia) • O que mais gostei nas minhas sessões • O que aprendi com a minha terapeuta • O que menos gostei nas minhas sessões • O que sinto com a minha despedida O que a terapeuta faz para a criança • Uma recordação da minha psicóloga • O que a minha terapeuta sente ao despedir-se de mim Uma dica é escrever o que você sente como terapeuta durante o final da terapia. Lembrando que é importante ser sincera nos seus sentimentos. Observação: Você fica com a cópia do livrinho e entrega o original para a criança ou pode registrar em forma de foto. • Referência O conteúdo que trouxe para você, foi baseado nas minhas descobertas durante a trajetória profissional. Para teoria e técnica tive algumas referências que utilizei como base. • Distúrbios psiquiátricos da criança – Haim Grunspun – 3 edição – Livraria Atheneu - 1981 • Artigo: Contribuição de Vigostski para o estudo das emoções – Silvia Lane e Denise Camargo • Terapia Criativa: Atividades com crianças e adolescentes – Angela Hobday e Kate Olier – Edições Loyola - 2014 • O uso do desenho no trabalho clínico com crianças: Teoria e técnica – Vanna Puviani – Editora Artesã – 2013 • Diario das emoções – Anna Llenas – Benvirá – 2015 Gostaria do seu feedback referente ao curso “Contéudo Gratidão pelo seu “Sim” ao meu contéudo! Muito sucesso para você! Estarei por aqui sempre a disposição! Eanes Moreira dos Santos Maciel Psicóloga e Diretora da Organização Descobrindo Crianças CRP 09/5798 www.descobrindocriancas.com.br
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