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Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 1 CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA ASPECTOS AMBIENTAIS DE UMA REFINARIA E RESPECTIVAS FORMAS DE CONTROLE 2 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 3 CURITIBA 2002 ASPECTOS AMBIENTAIS DE UMA REFINARIA E RESPECTIVAS FORMAS DE CONTROLE ELOISIA B. A. P. COELHO Equipe Petrobras Petrobras / Abastecimento UN´s: Repar, Regap, Replan, Refap, RPBC, Recap, SIX, Revap 4 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 333.72 Coelho, Eloisia B. A. P. C672 Curso de formação de operadores de refinaria: aspectos ambientais de uma refinaria e respectivas formas de controle / Eloisia B. A. P. Coelho. – Curitiba : PETROBRAS : UnicenP, 2002. 46 p. : il. color. ; 30 cm. Financiado pelas UN: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC, RECAP, SIX, REVAP. 1. Meio ambiente. 2. Refinaria. 3. Resíduos. 4. Controle. I. Título. Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 5 Apresentação É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você. Para continuarmos buscando excelência em resultados, dife- renciação em serviços e competência tecnológica, precisamos de você e de seu perfil empreendedor. Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre o Centro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representada pela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicos que auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria. Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planos de aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc- nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po- dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como um processo contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizado pela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades da Petrobras. Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outras fontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundar seu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão na Petrobras. Nome: Cidade: Estado: Unidade: Escreva uma frase para acompanhá-lo durante todo o módulo. 6 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle Sumário 1 ASPECTOS AMBIENTAIS DE UMA REFINARIA DE PETRÓLEO, FORMAS DE CONTROLE E ATUAÇÃO DO OPERADOR .................................................................... 7 1.1 Introdução ..................................................................................................................... 7 1.2 Evolução dos conceitos sobre proteção ambiental ........................................................ 7 1.3 O Planeta Terra e seus Recursos Ambientais (Naturais) .............................................. 8 1.4 Poluição Ambiental ..................................................................................................... 13 1.4.1 Poluição química .............................................................................................. 13 1.4.2 Poluição Térmica ............................................................................................. 14 1.4.3 Poluição Radiativa ........................................................................................... 14 1.4.4 Poluição Sonora ............................................................................................... 15 1.4.5 Poluição Biológica ........................................................................................... 15 1.5 Legislação Ambiental ................................................................................................. 15 1.6 Monitoramento Ambiental .......................................................................................... 18 1.7 Efluentes Atmosféricos ............................................................................................... 18 1.7.1 Sistema de Contaminação do ar ......................................................................... 18 1.7.2 Contaminantes Atmosféricos ........................................................................... 19 1.7.3 Aspectos atmosféricos da contaminação do ar ................................................ 20 1.7.4 Os efeitos da contaminação do ar .................................................................... 22 1.8 Efluentes Hídricos....................................................................................................... 24 1.8.1 Principais fontes de poluição hídrica em uma refinaria ................................... 24 1.8.2 Principais contaminantes encontrados nos efluentes hídricos de uma refinaria ............................................................................................... 25 1.8.3 Segregação de efluentes hídricos ..................................................................... 26 1.8.4 Tratamentos Localizados ................................................................................. 26 1.8.5 Estação de Tratamento de Efluentes Hídricos – ETEH ................................... 27 1.8.6 Tratamentos Secundários/Terciários ................................................................ 29 1.9 Resíduos Sólidos ......................................................................................................... 32 1.9.1 Introdução ........................................................................................................ 32 1.9.2 Resíduos Sólidos .............................................................................................. 33 1.9.3 Gerenciamento de resíduos sólidos .................................................................. 33 1.9.4 Alternativas de Disposição .............................................................................. 34 1.10 Atuação do Operador .................................................................................................. 40 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 7 1Aspectos Ambientais de umaRefinaria de Petróleo, Formasde Controle e Atuação doOperador 1.1 Introdução O homem, hoje, mais do que nunca, deve estar atento às alterações por ele provocadas no meio ambiente. Deve preocupar-se efeti- vamente, quando constatar qualquer rompi- mento, do equilíbrio, com a natureza, perse- guindo, então, soluções criativas e exeqüíveis. Assim é necessário ter sempre em mente que toda ação inteligente deve ser pensada e pla- nejada antes de ser praticada. Toda atividade humana deve, portanto, buscar, como finali- dade, o bem estar da comunidade, e, desta for- ma, torna-se óbvio que o conhecimento minu- cioso do ambiente em que vivemos constitui matéria de relevante interesse. Surge, então, à necessidade do respeito e culto à Ecologia, que deve ser posta entre as primeiras áreas no ramo das ciências. A Ecologia estuda, entre outros assuntos, a estrutura e o desenvolvimento das comuni- dades em suas relações com o meio ambiente e sua conseqüente adaptação a ele. Estuda, ain- da, os aspectos a partir dos quais os processos tecnológicos ou os sistemas de organização social interagem com as condições de vida do homem. A experiência constatou que a capacidade do homem em prever as conseqüências de um empreendimento em relação ao meio ambien- te, até há pouco tempo, era muito limitada. Al- gumas vezes, esta preocupação era relegada a um plano secundário. Como conseqüência, o avanço tecnológico, sem preocupação ecoló- gica provocou, muito freqüentemente, a alte- ração dos elementos naturais, atingindo, por vezes, situações irreversíveis, aniquilando- se bens essenciaisà preservação da espécie. A sociedade, estruturada sobre o conceito de que os valores econômicos predominavam sobre todos os demais, começa a se modificar pela própria conscientização do homem, no sentido de que toda alteração do meio ambien- te deve sempre concorrer para a melhoria das condições de vida presente e das gerações futuras. Torna-se assim imperiosa, a qualquer cus- to, a manutenção do equilíbrio entre o homem e a natureza, como condição única de preser- vação e melhoria da qualidade de vida. Para tanto, deve-se agir de forma ordenada, visan- do controlar ou eliminar os agentes modifica- dores do meio ambiente. Esta filosofia de ação traduz a convicção de que a atividade indus- trial, bem equacionada, não é incompatível com a preservação do meio ambiente. A in- dústria será uma contribuição à qualidade de vida do homem, desde que orientada para tal. Tendo em vista as presentes considerações, é primordial que o homem exercite seus co- nhecimentos técnicos imensos para aplicá-los em benefício de sua própria sobrevivência, pois como a natureza não é uma fonte inesgo- tável de riquezas, deve ser preservada perma- nentemente. 1.2 Evolução dos conceitos sobre proteção ambiental No período pós-guerra, a maior preocu- pação era a retomada do crescimento econô- mico, a reconstrução dos países que sofreram grandes perdas e o suprimento de toda uma demanda reprimida de consumo da população economicamente ativa dos Estados Unidos. A consciência ecológica era ainda incipiente, priorizava-se a construção de novas indústrias. Os aspectos ambientais podem ser dividos em quatro fases distintas. O primeiro movimento na formação de uma consciência ambiental foi a preocupação sobre os recursos hídricos e o saneamento bási- co. Este estágio foi denominado de conscienti- zação. Somente nos anos 70, com o aumento sig- nificativo de indústrias poluidoras do ar e da água e com contaminações acidentais, o mun- do começou a se preocupar com os efeitos danosos da poluição. A Conferência de Estocolmo (1972) tra- tou, basicamente, do controle da poluição do 8 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle ar e da água. Nesta época, surgiram, também, os primeiros organismos oficiais de controle da poluição. Já no final da década, verificou-se que, apenas com o controle da poluição, os impactos ambientais não conseguiriam ser evitados. Na década de 80, iniciou-se a fase de pla- nejamento ambiental, pois somente o controle da poluição gerada não era mais aceito como alternativa tecnicamente viável e acreditava- se que, com um planejamento adequado, os impactos poderiam ser minimizados. Esta dé- cada foi marcada por grandes desastres ecoló- gicos como o acidente da Union Carbide (em 84, na Índia), a explosão nuclear em Chénobil (em 86), o grande derramamento de óleo pro- vocado pelo navio Exxon Valdez (no Alasca, em 89) e pela identificação da degradação da camada de ozônio. O CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) passou a exigir o EIA (Estu- do de Impacto Ambiental), como instrumento obrigatório para o licenciamento ambiental de atividades poluidoras ou modificadoras do meio ambiente, em 1986. A indústria ainda adotava, em sua maioria, uma postura reativa em todo o mundo. Começaram a surgir as ONG`s (Organizações Não Governamentais) e os partidos verdes, que levantaram a bandei- ra ecológica e demonstraram ao mundo que somente o planejamento ambiental também não era suficiente para se prevenir impactos ambientais danosos à humanidade. Os anos 90 trouxeram a globalização da economia e, por conseguinte, dos conceitos de gestão (por exemplo, a adoção mundial da sé- rie ISO 9000) e também a globalização dos conceitos relativos ao meio ambiente uma vez que, os aspectos ambientais podem ser globais e não apenas locais. Iniciou-se a fase do cha- mado gerenciamento ambiental, ou seja, da consideração da satisfação da parte interessa- da da sociedade, como integrante da gestão em- presarial. A conferência do Rio de Janeiro (ECO 92) trouxe o compromisso com o desenvolvimen- to sustentável, o tratado da Biodiversidade e o acordo para a eliminação gradual dos CFC`s. Posteriormente, foi editada a primeira nor- ma sobre gestão ambiental, a BS-7750, de ori- gem britânica. Em 1993, surgiu o Sistema Europeu de Ecogestão e Auditorias (EMAS – Environment Management Audit Scheme) e, finalmente, em 1996, foram aprovadas no Rio de Janeiro as normas ISO 14000, representando o consenso mundial sobre gestão ambiental. Nos dias atuais, não se admite mais que uma empresa seja administrada sem que a questão ambiental seja considerada. Quanto maior o potencial poluidor ou extrativista das atividades da organização, maior ênfase deve ser dada à questão ambiental. O mundo vive hoje grandes problemas ambientais, que precisam ser revertidos ou contidos: – Degradação da camada de ozônio; – Efeito estufa (devido a CO2, CH4 e NOx); – Perda da biodiversidade (flora e fauna); – Poluição do ar (CO, SO2, NOx); – Poluição das águas (superficiais e sub- terrâneas); – Disposição inadequada de resíduos tó- xicos e nucleares; – Esgotamento de recursos naturais (combustíveis fósseis, água, florestas); – Lixo urbano; – Aumento do consumo de energia. Como elementos formadores de grupos de pressão para resolução dos problemas podem ser citados: – Clientes (já se preocupam com o po- tencial de danos dos produtos ao meio ambiente); – Investidores (desejam saber onde estão aplicando seus recursos); – Agentes financeiros (exigem avaliação ambiental para liberar recursos); – Seguradoras; – Público em geral (cada vez mais cons- ciente); – Leis e Regulamentos (cada vez mais restritivos); – ONG`s (Organizações não governa- mentais). 1.3 O Planeta Terra e seus Recursos Ambientais (Naturais) De uma forma geral, o Planeta Terra pode ser dividido nas seguintes partes: núcleo (in- terno e externo), biosfera, litosfera, hidrosfera e atmosfera. Crosta consiste nos continentes e nas bacias oceânicas Núcleo interno Manto superior Manto inferior Núcleo externo líquido Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 9 Admite-se que o núcleo do planeta é cons- tituído de uma esfera de material sólido, mui- to denso e muito quente, possivelmente uma liga metálica formada por níquel (Ni) e ferro (Fe). Seu centro está a 6.350 km de profundi- dade (no centro do planeta) e tem raio de cer- ca de 1.225 km. Nesta região, é impossível a existência de qualquer vida conhecida atual- mente. Saindo um pouco do centro, encontra- se o núcleo externo, material líquido constituí- do de ferro (Fe) e Sulfeto de ferro II (FeS), ainda muito denso e quente. Esta região tem uma espessura de aproximadamente 2.260 km. No núcleo externo, também não há possibilida- de de existir vida de acordo com o que se conhe- ce até o presente. A massa total do núcleo (inter- no e externo) é estimada em 1,94 x 1024 kg, o que corresponde a cerca de 32,4% da massa do planeta. Indo em direção à superfície da terra, encontra-se o manto, cuja espessura cor- responde a cerca de 2.875 km. É constituído, principalmente, de silicatos de ferro e magné- sio, mas apresenta também pequena quantida- de de silicatos de cálcio, de alumínio e de sódio. A massa do manto é estimada em 4 x 1024 kg, o correspondente a 67,2% da massa do planeta. Também não existe vida no manto terrestre, pois não há água e a temperatura ain- da é elevada. A crosta terrestre é uma fina camada de no máximo 90 km de espessura, que apresen- ta grande variedade de materiais. Sua massa é estimada em 2,4 x 1022 kg, ou seja, 0,4% de toda a massa do planeta. A crosta terrestre, ou litosfera, é constituída de rochas, minerais, matérias fossilizados e, na parte mais superfi- cial, o solo, formado da mistura de minerais, materiais orgânicos,tendo como característi- ca a existência de vida. Muitas vezes, os mi- nerais e matérias fossilizados podem ser en- contrados na formação de jazidas em quanti- dades suficientes para serem extraídos a cus- tos economicamente viáveis, e, nesse caso, são chamados minérios. São exemplos de jazidas: – Jazidas de carvão mineral – Também conhecido como hulha, o carvão mine- ral é um dos produtos de fossilização da madeira. Sólido, preto, opaco, in- flamável, seu constituinte principal é o carbono. As jazidas de carvão distribuem- se por todo o planeta e têm diferentes usos, como a siderurgia e a geração de energia; – Jazidas de Petróleo – Em algumas regiões do planeta e a diferentes profundidades, concentra-se em porosidades de certas rochas um líquido viscoso, quase ne- gro: o petróleo. No passado, possuia pouca utilidade, era usado para ilumi- nação e impermeabilização de alguns materiais. Sem ele, o mundo, hoje, qua- se pararia de funcionar: praticamente, depende dele toda frota mundial de veículos, assim como grande parte das indústrias. Há várias hipóteses sobre como o petróleo se formou. As mais aceitas sugerem que tenha se formado, em um processo muito lento (centenas de milhares de anos), a partir da decom- posição de diversos organismos mor- tos, associada a continuas mudanças do ambiente terrestre. Por isso, não se pode esperar, em curto prazo , a reposição das jazidas que hoje vêm sendo explo- radas com rapidez muito maior do que aquela com que os processos geológi- cos naturais conseguem repor. O petró- leo é constituído, principalmente, por hidrocarbonetos, que podem ser repre- sentados por CxHy. Alguns exemplos de tais substâncias são o Butano (C4H10), um dos constituintes do gás liqüefeito de petróleo (GLP) e o isocotano (C8H18), um dos constituintes da gaso- lina automotiva. É pelo fato de serem constituídos por compostos de carbo- no e hidrogênio, que os componentes do petróleo são bons combustíveis; – Jazidas de Minerais de Ferro – Estas jazidas são constituídas de rochas que contêm teores elevados de minerais de ferro, como a hematita (Fe2O3) e a magnetita (Fe3O4). Misturados a estes minerais, há outros constituintes das rochas, como, por exemplo, silicatos diversos, sílica e alumínio. O ferro, tem grande importância industrial, pois além de seu uso em diversos equipa- mentos pesados, é matéria-prima para a produção de vários tipos de aço; – Jazidas de Ouro – O ouro é um ele- mento químico elementar, isto é, encon- tra-se na natureza sob forma não com- binada com outros elementos químicos. Na verdade, não é encontrado totalmente puro, mas sim misturado, em várias pro- porções, com prata, ferro, cobre, chum- bo e zinco. Em estado puro, o ouro é um sólido amarelo, resistente à corro- são atmosférica e insolúvel em água; 10 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle Jazidas de Argila – Componente de granulação mais fina do solo, a argila é formada por uma mistura heterogênea de muitos materiais em proporções va- riáveis. Seus principais componentes são misturas de diversos silicatos e óxi- dos (de alumínio, magnésio, zinco, cál- cio, potássio). Pode apresentar-se nas cores cinza, preta, vermelha, rosa, ama- rela, marrom, verde e branca. Utiliza- da para a produção de tijolos, telhas, ladrilhos, pisos cerâmicos e porcelanas. A hidrosfera é constituída pelas águas do planeta que podem ser subterrâneas e super- ficiais. Partindo-se do núcleo em direção a su- perfície, antes de chegar a esta, são encontra- das (águas subterrâneas), formando os len- çóis freáticos e preenchendo os poros de ro- chas que dão origem aos aqüíferos subterrâ- neos. Dos lençóis e aqüíferos subterrâneos, as águas podem caminhar e chegar à superfície (águas superficiais), se encontrarem falhas, poros ou fraturas em rochas (fontes) ou sendo captadas artificialmente através de poços. Che- gando à superfície terrestre, as águas ocupam três quartos desta e formam os oceanos, ma- res, rios, lagos e geleiras. As águas dos oceanos e mares são salga- das, geralmente transparentes e, às vezes, com odor peculiar (maresia). As águas de rios e lagos são chamadas de “águas doces”, ou seja, possuem baixa salini- dade, que se define como a massa de sais dis- solvidos por quilograma de água. As geleiras existentes nos pólos e nos picos das montanhas são formadas por água em esta- do sólido, praticamente pura, pois apresentam quantidades muito pequenas de sais. Tal como a litosfera, a hidrosfera também é fonte importante de materiais para a sobrevivên- cia humana, dentre os quais o principal é a própria água potável, obtida das águas doces. Outros com- postos importantes também são extraídos da hi- drosfera, como, por exemplo, o sal marinho. A maior parte da superfície do planeta, cer- ca de 71%, é coberta de água. Cerca de 97% desta água está nos oceanos e não pode ser prontamente utilizada pelos seres humanos para consumo. Apenas 0,0092% da água do planeta faz parte de lagos, e 0,0001%, dos rios. A água em nosso planeta age de forma marcante, transportando substâncias, atuando na constituição de paisagens, na formação de diver- sos materiais e também sofrendo transformações. A água muda de forma, isto é, passa de um estado de agregação para outro, e ocupa não apenas a hidrosfera, mas também a litos- fera, a biosfera e a atmosfera. É importante ressaltar a diferença entre o processo de condensação e o de precipitação. A água na atmosfera provém da evaporação das superfícies líquidas, do solo e da vegeta- ção. Quando o ar úmido sobe para as camadas mais altas da atmosfera, onde a temperatura é mais baixa, a água se condensa na forma de gotículas. As nuvens são grandes aglomera- dos dessas partículas líquidas em suspensão. A precipitação ocorre quando gotículas de água em suspensão (névoa) começam a se juntar umas com as outras, dando origem a gotas maiores que caem na forma de chuva. As chu- vas são o resultado da evaporação de uma gran- de quantidade de água e de sua posterior con- densação e precipitação. A água que chega ao solo pode se infiltrar ou correr pela superfície, atingindo rios, lagos ou diretamente os ocea- nos, que são, em qualquer caso, o destino fi- nal de toda a água de chuva, seja pelo subsolo ou pelos rios. As principais transformações químicas na natureza envolvendo a água são: fotossíntese, na qual a água é reagente, e a res- piração, em que ela é sintetizada. A superfície terrestre está envolvida por uma camada gasosa, sem contornos definidos, mas que se estende por vários quilômetros de altitude: a atmosfera. O ar que respiramos é um fluido, geral- mente sem cheiro, incolor e compressível. É essencial à vida da superfície terrestre, onde se encontram diversos seres vivos, entre eles, Uma maneira de compreender o papel des- ta substância na natureza é por meio do ciclo da água, ou ciclo hidrológico. As transforma- ções que ocorrem em maior escala no ciclo hidrológico são: a evaporação, a condensação, o congelamento e a fusão. Precipitação Condensação Enxuradas Vegetação Rios Infiltração Oceanos Descarga Solo Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 11 aqueles de formas microscópicas. Na tropos- fera (região mais baixa da atmosfera, que che- ga a cerca de 18 km de altitude), a atmosfera é formada por misturas de gases: nitrogênio (N2), constituinte mais abundante, oxigênio (O2), argônio (Ar), neônio (Ne), hélio (He), criptônio (Kr), xenônio (Xe), gás carbônico (CO2), além de quantidades variáveis de água (H2O), a umidade do ar. Dependendo da região, podem ser encontradas também partículas sólidas (poei- ra), gotículas de materiais líquidos como a água, formando a neblina, por exemplo; e ga- ses como o dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3), metano(CH4) e muitos outros. Com o aumento da altitude, o ar vai ficando cada vez mais rarefeito, pois diminui a quantidade total dos gases componentes. Entretanto a quantidade de certos gases aumen- ta. Na estratosfera (região seguinte à tropos- fera), a quantidade de ozônio, por exemplo, aumenta muito em relação à que existe na su- perfície. Com o aumento da altitude, a homo- geneidade aumenta, pois deixam de existir as partículas sólidas e líquidas. Torna-se mistura de uma só fase, a gasosa, enquanto que, na tro- posfera, o sistema é trifásico, com sólidos, como a poeira, líquidos, como as nuvens e gases constituintes do ar. O ar atmosférico tam- bém é fonte de materiais para a utilização hu- mana, entre os quais o oxigênio, o nitrogênio e os gases nobres. O oxigênio está presente no ar em con- centrações da ordem de 20% em volume. O oxigênio combina-se com a grande maioria dos elementos químicos conhecidos, formando óxidos, e é o elemento mais abundante do pla- neta – está presente na hidrosfera, litosfera e atmosfera. Nas condições ambientais, é parcial- mente solúvel em água, o suficiente para man- ter toda a vida aquática aeróbica, ou seja, que depende de oxigênio. O oxigênio puro tem grande importância na siderurgia (fabricação de aço). Na medicina (uso hospitalar) e em pro- cessos de soldas, como o realizado com os maçaricos oxi-acetileno. O nitrogênio é o componente mais abun- dante no ar atmosférico. Nas condições do am- biente, é relativamente pouco reativo quando comparado com o oxigênio. Essa é uma caracte- rística importante para a vida no planeta, pois se sua interação com o oxigênio, nessas condi- ções, resultasse em transformação química, não existiria oxigênio na atmosfera. Em tempera- turas mais altas, tais transformações ocorrem mais facilmente, e essa é a principal razão da queima de combustíveis em veículos emitir óxidos de nitrogênio, poluentes do ar. O nitro- gênio atmosférico é essencial à vida, pois é fonte de compostos nitrogenados indispensáveis a todos os seres vivos. Por interação com a ele- tricidade, proveniente dos raios durante chuvas, esse gás, água e oxigênio transformam-se em amônia e óxidos de nitrogênio, que por sua vez, arrastados pela água das chuvas e interagindo com os componentes do solo, originam com- postos como nitratos e sais de amônio, todos indispensáveis para que os vegetais possam pro- duzir aminoácidos e proteínas e conseqüente- mente, os animais possam dispor dessas subs- tâncias, por meio da cadeia alimentar. Com o crescimento populacional huma- no, a quantidade de compostos nitrogenados obtidos por esse processo natural tornou-se in- suficiente, e sua produção industrial passou a ser necessária para utilização como fertilizan- tes na agricultura. O nitrogênio, quando puro, no estado líquido, é amplamente utilizado em processos criogênicos, ou seja, resfriamento a baixíssimas temperaturas. Os gases nobres, hélio, neônio, argônio, xenônio, criptônio e radônio são assim cha- mados porque se acreditava que eram elemen- tos químicos inertes. Hoje, tal visão não mais é aceita. Todos os gases nobres existem na at- mosfera em baixas concentrações. Na superfície terrestre, há várias formas de vida na litosfera, na hidrosfera e na atmos- fera. Estas três regiões do planeta estão inti- mamente relacionadas entre si, constituindo a biosfera, a região em que há vida. Aceita-se hoje que, entre as condições planetárias bási- cas para que possa existir vida , seja essencial: – presença de água, no estado líquido, em quantidade suficiente; – energia solar em quantidade adequada, fornecendo luz e calor; – ocorrência de interações e transforma- ções entre materiais sólidos, líquidos e gasosos. Tais condições são essenciais para que os seres vivos possam se desenvolver e se repro- duzir, utilizando, transformando e produzin- do grande número e variedade de materiais dos quais dependem para sobreviver. Em seguida, alguns desses materiais serão exemplificados: – Carboidratos: Os vegetais produzem, a partir da fotossíntese, os chamados carboidratos ou hidratos de carbono: açúcares, amido e celulose. Têm como 12 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle função fornecer parte da energia para a sobrevivência dos seres vivos, ou seja, função energética; – Óleos e gorduras: Têm como função armazenar energia para os organismos vegetais e animais; – Proteínas: As proteínas, misturas de composição variável, compõem um grupo de substâncias de fundamental importância na constituição da matéria viva. As proteínas, nos seres vivos, apresentam diversas funções, dentre as quais pode-se ressaltar: estruturação de tecidos e recuperação de lesões, atua- ção como catalizadores das relações biológicas (enzimas), funções hormo- nais, ação como anticorpos e composi- ção sangüínea. São polímeros (substân- cias formadas por muitos monômeros) resultantes da união de aminoácidos. De acordo com a visão sistêmica, a teia da vida consiste em redes dentro de redes. A tendência é de arranjar cada elo dentro do ou- tro, de forma hierárquica, de modo que os sis- temas menores estejam dentro dos maiores, conforme abaixo: Macromoléculas – Células – Tecidos – Órgãos – Sistemas – Indivíduos – Populações – Co- munidades – Ecossistema – Biosfera. Na verdade, não há “acima” ou “abaixo”, somente redes alinhadas dentro de outras re- des. As redes de seres vivos têm a capacidade de manter-se em equilíbrio, desde uma célula até a biosfera. Toda comunidade tem a capaci- dade de auto-regulação dinâmica, isto é, deve manter seu estado de equilíbrio e recuperá-lo logo, se houver alguma perturbação no seu habitat. Contudo, o homem pode provocar al- terações drásticas a ponto de afetar essa capa- cidade de equilíbrio. Para a ecologia, é muito importante ver a natureza como uma rede. Desequilíbrios ambientais localizados podem afetar todo o equilíbrio da rede. É interessante lembrar que, de acordo com a hipótese de Gaia, a própria terra comporta- se como um ser vivo e faz parte desta rede. Em uma comunidade, é a diversidade de seres vivos que fornece indicações do equilíbrio em que ela se encontra. Porém, para atingir esse estágio de maior equilíbrio, chamado de comuni- dade clímax, ela passa por estágios sucessivos. Quando atinge o último, é possível afirmar que esta passou a estável, compatível com as con- dições da região, mantendo a diversidade bio- lógica, conservando o mesmo tipo e número de espécies. Quanto maior o número de espé- cies, maior diversidade tem a comunidade. O termo biodiversidade começou a ser usa- do, na metade dos anos 80, pelos naturalistas que estavam preocupados com a rápida des- truição dos ambientes naturais e, conseqüen- temente, das espécies que neles viviam. A bio- diversidade ou diversidade biológica tem sido, então, relacionada somente ao número de es- pécies de um local. Os recursos biológicos são os próprios organismos ou mesmo elementos deles que tenham valor para a humanidade. Daí a importância que essa biodiversidade tem, sendo uma delas, o fornecimento de matéria prima para a fabricação de medicamentos. A biodiversidade regula o equilíbrio da natureza e o ciclo hidrológico, portanto contribui para a fertilidade e proteção dos solos, absorvendo e decompondo diversos poluentes orgânicos e minerais. Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 13 A população mundial está crescendo apro- ximadamente 1,8% ao ano. Isto significa que são introduzidas na população mundial 96 milhões de pessoas a cada ano. Entretanto, em relação às espécies de outros seres vivos, o panorama é de desaparecimento de 8 a 28 mil espécies por ano. Para satisfazer suas necessidades, o ser humano baseia-se em propriedades para ex- trair, purificar, misturar e/ou sintetizar materiais utilizando recursos do mundo físico.Com es- tes procedimentos, obtém, a cada dia, maior variedade e quantidade de materiais. Para isso, interfere no mundo físico, extraindo cada vez mais recursos naturais. Os alimentos de origem vegetal podem ser obtidos sazonalmente, entretanto, a produção é limitada por zonas de superfície terrestre onde há condições apropriadas (basicamente tipo de solo, água, energia, clima adequado). Alimentos de origem animal, para serem obti- dos, também dependem de condições apropria- das (espaço, alimento, água) para criação dos animais. Ambos são considerados recursos naturais renováveis. Minerais e combustíveis fósseis são considerados recursos naturais não renováveis, pois o planeta os contêm em quantidades fixas e, como vêm sendo extraí- dos e consumidos pelos seres humanos de for- ma ininterrupta ao longo dos anos, seus esto- ques, conseqüentemente, estão diminuindo, o que pode, no futuro próximo, exaurí-los, caso o consumo continue nos níveis atuais. 1.4 Poluição Ambiental Há dois tipos de perturbações no ambien- te: as naturais e as decorrentes de atividades humanas : antrópica. As naturais, ou aconte- cem no decorrer do tempo geológico, ou re- sultam de cataclismos como vulcanismo, fu- racões, enchentes e terremotos, tais perturba- ções podem até ser previstas, mas não são con- troláveis. Já as perturbações decorrentes de atividades humanas podem ser previstas e con- troladas. O ser humano depende de materiais para a sua sobrevivência, utilizando-os con- forme as propriedades que apresentam, para isso, interfere no ambiente basicamente de duas formas: extraindo certos materiais (renováveis ou não) e lançando outros. Dessa interferên- cia podem decorrer problemas quanto à escas- sez de recursos naturais, caso a extração seja predatória e de poluição, se o lançamento de materiais no ambiente for feito sem controle. Esse controle adquire cada vez mais impor- tância quando se pretende garantir um ambien- te de qualidade para as futuras gerações. Nes- se sentido, há necessidade de ações individuais, coletivas e governamentais, que envolvam di- ferentes interesses econômicos, políticos e sociais. Considerando-se a conceituação genérica de poluição como a introdução de agentes perturbadores ou modificadores nos quatro ambientes (atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera), têm-se, basicamente, os seguintes tipos de poluição: – poluição química – introdução de agen- tes químicos; – poluição térmica – aumento excessivo de temperatura do ambiente; – poluição radiativa – introdução de agentes radiativos; – poluição sonora – aumento excessivo de ruído no ambiente; – poluição biológica – aumento excessi- vo de carga orgânica e nutrientes, e in- trodução de agentes patogênicos. 1.4.1 Poluição química Serão considerados, a seguir, dois exem- plos de atividades do ser humano que acarre- taram e vêm acarretando perturbações sérias no meio ambiente: uso do praguicida DDT (Diclodifenilcloroetano) e a produção de ener- gia por combustão. Com estes exemplos, pode- se ter uma idéia da extensão dos problemas ligados à introdução de agentes químicos no ambiente. A combustão O fenômeno da combustão, normalmente incompleta, que se dá nas fontes emissoras pode ser representado por: Combustível + ar Óxidos de Carbono + Dióxido de Enxofre + Óxi- dos de Nitrogênio + Água + Fuligem + Hidrocar- bonetos + Energia Térmica Entre os óxidos de carbono, o CO2 (Dió- xido de Carbono), também conhecido como gás carbônico, vai para a atmosfera. Parte é absorvida pela hidrosfera, biosfera e litosfera, onde participa, por exemplo, do processo de fotossíntese e da formação de carbonato de cálcio, constituinte dos calcários e da carapa- ça de certos seres vivos. Parte permanece na 14 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle atmosfera. Embora tenha baixa toxicidade, apresenta perigo potencial para os seres vivos, pois está relacionado ao aumento da tempera- tura média da atmosfera terrestre. Isto ocorre porque o aumento de sua concentração inten- sifica o chamado “efeito estufa”. O efeito es- tufa é um fenômeno natural; sem ele as condi- ções de vida no planeta Terra seriam difíceis, pois é um dos principais responsáveis pela manutenção da temperatura terrestre em níveis apropriados à vida. O problema é decorrente da intensificação de tal efeito, provocada pelo aumento da concentração do gás carbônico na atmosfera e não da existência dele. O monóxido de carbono também vai para a atmosfera, onde pode permanecer por alguns dias. Entretanto é muito tóxico por ser facil- mente absorvido pela hemoglobina do sangue, prejudicando no organismo humano sua fun- ção de transportar oxigênio a todas as células. O dióxido de enxofre (SO2), gás irritante aos seres vivos vai para a atmosfera, interage com o oxigênio e com a água e pode gerar ácido sulfú- rico, um dos responsáveis pela chuva ácida. O ácido sulfúrico é um poluente secundário. O dióxido de nitrogênio (NO2) também vai para a atmosfera e nela chega a permanecer por cerca de 150 anos. Seus principais sorve- douros são suas interações com outras espécies químicas presentes na atmosfera, gerando po- luentes secundários como o ácido nítrico, ou- tro dos responsáveis pela chuva ácida. A fuligem (fumaça negra) é formada por partículas sólidas de carbono e é um dos prin- cipais constituintes da poeira, chamada de material particulado (MP). Permanece por al- gum tempo no ar e seus principais sorvedou- ros são o solo e os seres vivos. Um dos principais problemas das grandes metrópoles, decorrente da queima de com- bustíveis, é a dificuldade de dispersão dos po- luentes em certos períodos do ano, principal- mente no outono e inverno. Isto porque, nesta época, são freqüentes os eventos conhecidos como inversões térmicas. A inversão térmica é um fenômeno natural em que, nas proximi- dades da superfície terrestre, o ar fica mais frio do que em altitudes mais elevadas, o que dificulta sua circulação. Em outras palavras, o ar frio não sobe por ser mais denso que o ar quente. O praguicida DDT O DDT foi considerado, durante muito tempo, como muito eficaz para combater o mosquito da malária, piolhos e pragas agríco- las. Entretanto, o uso indiscriminado mostrou que ele pode, por seu baixo potencial de de- gradação, permanecer muitos anos no solo bem como ser acumulado nos tecidos gordurosos dos seres vivos, pois apresenta solubilidade em meios apolares, como gordura. Como este praguicida não tem especifici- dade (não é absorvido apenas por determina- dos seres vivos), também contribui para ma- tar vários membros da cadeia alimentar e cau- sar danos a quase toda a cadeia. O solo, a água e os seres vivos são alguns dos sorvedouros para o praguicida. A toxicidade aguda pode ocorrer pela inalação, pela absorção pela pele ou pela ingestão de sementes ou vegetais. A toxicidade também por ser crônica, ou seja, pode provir da adsorção continuada de pequenas quantidades do praguicida, que se vão acumulando nos organismos. 1.4.2 Poluição Térmica A chamada poluição térmica decorre da elevação da temperatura de um ambiente aci- ma dos níveis considerados normais, de for- ma que acarretam perturbações nesse ambien- te. Hoje estão bem estudados os efeitos em ambientes aquáticos próximos a usinas gera- doras de eletricidade – termelétricas e nuclea- res. Tais usinas retiram água destes ambientes e devolvem aquecida. A operação de tais usi- nas acarreta diferentes tipos de perturbações, que podem afetar a flora e a fauna. Algumas dessas perturbações são mecânicas, provoca- das pela própria movimentação das águas nas proximidades das usinas. O arraste de sedimen- tos, por exemplo, torna as águas turvas e, con- seqüentemente, dificulta a fotossíntese e a ali- mentação dos seres vivos. Essa movimenta- ção também faz com que voltem, às águas, os poluentesque, anteriormente, estavam sedi- mentados no fundo do ambiente aquático. Outro tipo de perturbação é que a água fica aquecida e, com isso, parte dos gases nela dis- solvidos, como oxigênio e gás carbônico, es- capa para o ar, comprometendo os processos de respiração e fotossíntese. 1.4.3 Poluição Radiativa Há diversos materiais, naturais ou sinteti- zados pelo ser humano, que são radiativos, isto é emitem radiações. As radiações conhecidas como alfa, beta e gama têm várias caracterís- ticas , como por exemplo, o poder de penetração Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 15 em diferentes tecidos vivos e objetos. Fala-se em poluição radiativa quando atividades hu- manas ou acidentes, delas decorrentes, intro- duzem materiais radiativos no ambiente, e pro- vocam um aumento nos índices de radiação. Estas atividades estão relacionadas à extração e processamento de materiais radiativos; pro- dução, armazenamento e transporte de com- bustível nuclear, produção, uso e testes de ar- mas nucleares, operação de reatores nuclea- res; e uso de materiais radiativos na medicina, na indústria e na pesquisa. Os efeitos da radia- ção nos organismos vivos são, entre outros, mutações genéticas, câncer, necroses e altera- ções de metabolismo. Conforme a intensida- de e a natureza da radiação, ela pode ser fatal. 1.4.4 Poluição Sonora O som é um fenômeno físico ondulatório periódico, resultante de variações da pressão em meio elástico que se sucedem com regula- ridade. Pode ser representado por uma série de compressões e rarefações do meio em que se propaga, a partir da fonte sonora. Não há deslocamento permanente de moléculas, ou seja, não há transferência de matéria, apenas de energia. Ruído é “qualquer sensação sono- ra indesejável”. Há quem considere o ruído como “um som indesejável que invade o am- biente e ameaça nossa saúde, produtividade, conforto e bem estar”. A ação perturbadora do som depende de suas características, como in- tensidade/duração, bem como da sensibilida- de auditiva, um parâmetro variável de pessoa para pessoa. O trânsito é o grande causador do ruído na vida das grandes cidades. As característi- cas dos veículos barulhentos são o escapamen- to furado ou enferrujado, as alterações no si- lencioso ou no cano de descarga, as alterações no motor e os maus hábitos ao dirigir, como acelerações e freadas bruscas e o uso excessi- vo de buzina. A partida e a chegada de aviões a jato são acompanhadas de ruídos de grande intensidade, que perturbam, sobremaneira, os moradores das imediações. O ruído gerado pelas indústrias também pode atingir as comunidades vizinhas e preci- sa ser controlado. Normalmente, é feito o enclausuramento das grandes máquinas. A Resolução CONAMA Nº 001, de 08 de março de 1990 estabelece os padrões para con- trole de ruído. 1.4.5 Poluição Biológica Devido à precariedade da rede de esgotos sanitários em nosso país, grandes volumes de água contaminada com fezes humanas, restos de alimentos e detergentes são diariamente despejados sem tratamento em córregos, rios e mares, atingindo as formas de vida nesses ecossistemas aquáticos, além de comprome- ter seriamente a saúde humana. Os esgotos domésticos provocam três tipos de contami- nação das águas: – contaminação por bactérias: principal- mente por coliformes presentes nas fe- zes humanas, responsáveis pela gran- de incidência de diarréias e infecções. Porcentagem considerável da mortali- dade infantil no país é atribuída a doen- ças transmitidas através de água conta- minada; – contaminação por substâncias orgâni- cas recalcitrantes, ou de difícil degra- dação. Como exemplo, pode-se citar, os detergentes sulfônicos, cuja ação tóxica não é muito acentuada, mas os efeitos secundários são graves. Des- troem as células dos microorganismos aquáticos, o que impede a oxidação microbiológica dos materiais biodegra- dáveis contidos nos esgotos. Reduzem, também, a taxa de absorção de oxigê- nio, diminuindo a velocidade de auto- depuração dos rios; – eutrofização de lagos e lagoas, devido ao excesso de nutrientes, com cresci- mento excessivo de espécies não de- sejáveis em detrimento de outras espé- cies (desequilíbrio do ecossistema). 1.5 Legislação Ambiental No Brasil, a legislação ambiental teve iní- cio em 1934, através de dois decretos, um apro- vando o Código Florestal e o outro relativo ao Código da água. Relacionam-se, abaixo, os principais mar- cos da evolução da legislação ambiental bra- sileira. – 1973 – Criação, no âmbito do Ministé- rio do Interior, da Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA. – 1981 – Política Nacional do Meio Ambiente, Constituição do Sistema Na- cional do Meio Ambiente (SISNAMA), Criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). 16 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle – 1985 – Criação do Ministério do Desen- volvimento Urbano e Meio Ambiente. – 1988 – A Constituição Federal aborda a questão do Meio Ambiente, o con- trole da poluição e a disposição final de resíduos sólidos, de maneira abrangente definindo: Art. 225 – Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Parágrafo 1 – Para assegurar a efetivi- dade desse direito, incumbe ao Poder Público: V– controlar a produção, a comerciali- zação e o emprego de técnicas, méto- dos e substâncias que comportem ris- co para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. – 1989 – Extinção da SEMA e criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambi- ente e dos Recursos Naturais Renová- veis (IBAMA), vinculado ao Ministé- rio do Interior, criação do Fundo Nacio- nal do Meio Ambiente (FNMA). – 1990 – Criação da SEMAM/PR (Se- cretaria do Meio Ambiente da Presidên- cia da República). – 1992 – Transformação da SEMAM/ PR em Ministério do Meio Ambiente (MMA). – 1993 – Criação, mediante transforma- ção, do Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal. – 1997 – Instituição da Política Nacio- nal de Recursos Hídricos e criação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, criação do Conse- lho Nacional de Recursos Hídricos. – 1998 – Lei nº 9.605, de 12 de feverei- ro – Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Medida Pro- visória nº 1.710, de 07 de agosto - Acrescenta dispositivo à Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrati- vas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. – 1999 – Transformação do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal em Ministério do Meio Ambiente. Integram a estrutura básica do Minis- tério do Meio Ambiente, o Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conse- lho Nacional da Amazônia Legal, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, o Comitê do Fundo Nacional do Meio Ambiente, o Instituto de Pes- quisas Jardim Botânico do Rio de Ja- neiro e até cinco Secretarias. Constitui área de competência do Ministério do Meio Ambiente, a política nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos; política de preservação, conservação e utilização sustentável de ecossistemas, e biodiversidade de florestas; proposi- ção de estratégias, mecanismos e ins- trumentos econômicos e sociais para a melhoria da qualidade ambiental e do uso sustentável dos recursos naturais; políticas para integração do meio am- biente e produção; políticas e progra- mas ambientais para a Amazônia Legal; e zoneamento ecológico-econômico. – 2000 – Criação da Agência Nacional de Águas (ANA), entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricose de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Conforme pode ser verificado, a política nacional do Meio Ambiente está estabelecida legalmente desde 1981. O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) é constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Esta- dos, do Distrito Federal, dos Municípios e pe- las Fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qua- lidade ambiental. O SISNAMA apresenta a seguinte composição: Conselho do Governo: Representado pe- los Ministros de Estado. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA): 25 membros dos ministérios. O presidente é o Ministro de Meio Ambiente. É o órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA e tem, através de resoluções, estabelecido nor- mas e padrões ambientais, destacando-se a classificação das águas doces, salobras e sali- nas do território nacional, padrões de qualida- de do ar, padrões de emissões atmosféricas; o Programa Nacional de Controle da Qualidade Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 17 do Ar (PRONAR), os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação do Impacto Ambiental e o Progra- ma de Controle da Poluição por veículos Automotores (PROCONVE). Órgão Central: Ministério do Meio Am- biente. Órgão Executor: Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re- nováveis – IBAMA. Órgãos Seccionais: Órgãos Ambientais Estaduais. Órgãos Locais: Órgãos ambientais Mu- nicipais. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recu- peração da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos inte- resses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os se- guintes princípios: – Equilíbrio ecológico; racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; proteção dos ecossistemas; controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamen- te poluidoras; acompanhamento do es- tado da qualidade ambiental; recupe- ração de áreas degradadas; proteção de áreas ameaçadas de degradação e edu- cação ambiental em todos os níveis de ensino. Tem como objetivos: a compatibilização do desenvolvimento econômico social, com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; subsidiar a atuação institucional para o cumprimento das prescri- ções constitucionais relativas ao princípio de que a defesa e preservação do Meio Ambiente cabem ao poder público e à sociedade civil; assessorar as ações governamentais para a priorização de programas e projetos; promo- ver a captação de recursos internos e exter- nos; financiar atividades pioneiras no desen- volvimento de pesquisas. Em relação à Lei Federal Nº 9.605, de fe- vereiro de 1998, denominada “Lei dos Crimes Ambientais”, tomando como base a indústria, é importante ressaltar os seguintes itens: – esta lei trata das sanções penais e ad- ministrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente; – quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da con- duta criminosa de outrem, deixar de im- pedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la;. – as pessoas jurídicas serão responsabi- lizadas administrativa, civil e penal- mente, conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja co- metida por decisão de seu representan- te legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade; – a responsabilidade das pessoas jurídi- cas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato; – Penalidades. Causar poluição de qualquer natureza, em níveis tais, que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição sig- nificativa da flora (Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa). Tomar uma área, urbana ou rural, impró- pria para a ocupação humana. Causar poluição atmosférica que provo- que a retirada, ainda que momentânea, dos ha- bitantes das áreas afetadas, ou que cause da- nos diretos à saúde da população. Causar poluição hídrica que torne neces- sária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade. Dificultar ou impedir o uso público das praias. Lançar resíduos sólidos, líquidos ou ga- sosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleo- sas, em desacordo com as exigências estabe- lecidas em leis ou regulamentos (Pena – re- clusão, de um a cinco anos). Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competen- te, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. Produzir, processar, embalar, importar, ex- portar, comercializar, fornecer, transportar, ar- mazenar, guardar, ter em depósito ou usar pro- duto ou substância tóxica, perigosa ou nociva 18 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos (pena – reclu- são, de um a quatro anos, e multa). Nas mesmas penas, incorre quem aban- dona os produtos ou substâncias referidos, ou os utiliza em desacordo com as normas de se- gurança. Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sex- to a um terço. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do territó- rio nacional, estabelecimentos, obras ou ser- viços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais compe- tentes, ou contrariando as normas legais e re- gulamentares pertinentes (pena – detenção, de um a seis meses ou multa, ou ambas as penas cumulativamente). É importante ressaltar que os órgãos de controle ambiental estadual possuem legisla- ção ambiental própria baseada nas leis fede- rais. A legislação ambiental estadual pode ser igual ou mais restritiva que a federal, nunca mais permissiva. Com o processo de descen- tralização do controle ambiental, alguns mu- nicípios também possuem legislação própria e seguem a mesma hierarquia, ou seja, fede- ral, estadual, municipal. 1.6 Monitoramento Ambiental O monitoramento ambiental está relacio- nado com os aspectos ambientais significati- vos e com o atendimento à legislação ambien- tal vigente. São realizadas análises de labora- tório para verificar se os aspectos ambientais estão controlados e se os padrões estabeleci- dos pela legislação estão sendo atendidos. O monitoramento também pode ser realizado por analisadores contínuos. Em uma refinaria, de uma forma geral, são realizados os seguintes monitoramentos: – efluentes hídricos gerados nas unida- des de processo; – entrada e saída das unidades de trata- mento de efluentes hídricos específicos; – entrada e saída das diversas etapas da Estação de Tratamento de Efluente Hídrico – ETEH; – qualidade do efluente final; – qualidade da água do corpo receptor; – qualidade das águas subterrâneas; – gases de combustão dos equipamentos de combustão; – condições operacionais dos equipa- mentos de combustão; – qualidade do combustível e da maté- ria-prima; – qualidade do ar; – caracterização de resíduos sólidos. Em relação à qualidade do efluente final e do corpo receptor, são realizadas além das aná- lises físico-químicas, análises biológicas e de toxicidade crônica. Dependendo do tipo de indústria, pode ser necessário o monitoramento ambientaldas coberturas vegetais e da fauna. 1.7 Efluentes Atmosféricos 1.7.1 Sistema de Contaminação do ar A contaminação do ar pode ser definida como qualquer condição atmosférica em que certas substâncias alcancem concentração su- ficientemente elevada, acima do nível normal, aceita pela legislação, produzindo efeitos no homem, em animais, na vegetação e materiais. Por substância, entende-se qualquer elemento ou composto químico capaz de permanecer ou ser arrastado pelo ar. Estas podem existir na atmosfera em forma de gases, de gotas líqui- das ou de partículas sólidas. A contaminação do ar pode ser represen- tada como um sistema integrado de 3 compo- nentes básicos: Fontes de Emissão Atmosfera Receptores Contaminantes Mistura ou Transformação Química Existe uma certa dificuldade de se de- monstrar claramente a relação entre os níveis de emissão e as concentrações atmosféricas, e entre as concentrações atmosféricas e os efei- tos desfavoráveis (principalmente à saúde hu- mana) dos contaminantes do ar. O estudo das fontes de emissão, tais como motores de combustão e queima de óleo em fornos e caldeiras, requer conhecimento tanto do funcionamento da máquina, quanto da en- genharia de projeto destes equipamentos. En- tender o comportamento físico e químico dos contaminantes na atmosfera exige conhecimen- tos de meteorologia, mecânica de fluidos, quí- mica, e física de aerossóis. Por último, a evolu- ção dos efeitos dos contaminantes nas pessoas, nos animais e nas plantas requer noções de fisiolo- gia, bioquímica, medicina e patologia vegetal. Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 19 A contaminação do ar é um problema mundial, e os contaminantes chegam a disper- sar em toda a atmosfera. A origem da contaminação do ar é a fonte de emissão. As fontes de emissão mais impor- tantes são: – os veículos; – a incineração de resíduos; – consumo de combustíveis industriais; – os processos industriais. Entre os controle típicos de fonte, encon- tram-se os equipamentos de lavagem de ga- ses, a substituição de combustíveis por outro que cause menor contaminação, assim como modificações do próprio processo. Os conta- minantes são emitidos para a atmosfera, que serve como meio de transporte, diluição e transformação física e química. A melhor ma- neira de se combater a poluição do ar, é im- pedir que os contaminantes cheguem à atmos- fera. 1.7.2 Contaminantes Atmosféricos Existe uma variedade tão grande das subs- tâncias capazes de permanecerem no ar, que fica difícil estabelecer uma classificação or- denada. Entretanto, os contaminantes atmos- féricos podem ser divididos em dois grandes grupos: – contaminantes primários: proceden- tes diretamente das fontes de emissão. – contaminantes secundários: origina- dos por interação química entre os con- taminantes primários e os componen- tes normais da atmosfera. Principais produtores de CFC Principal emissão de carbono pelo desflorestamento tropical Emissões relativas de carbono pela queima de combustíveis fósseis As substâncias consideradas, normalmen- te, como contaminantes atmosféricos, podem ser classificadas conforme tabela a seguir: Tipo ContaminantesPrimários Contaminantes Secundários Fontes de emissão artificial Compostos de Enxofre SO2, SO3 H2SO4 NO NO2 Compostos Cl – C3 Queima de Com- bustíveis que con- tenham enxofre CO, CO2 HF, HCI Industrias metalúrgica Queima de combustíveis Queima de com- bustíveis e proces- sos em altas tem- peraturas Queima de com- bustíveis, uso de solventes Compostos de Halogênios Óxidos de Carbono Compostos de Carbono Compostos de Nitrogênio — — Aldeídos, cetonas, ácidos Como representação dos óxidos de nitro- gênio, NO e NO2, é comum utilizar a fórmula abreviada NOx. Do mesmo modo, emprega-se a fórmula SOx para designar os óxidos de en- xofre SO2 e SO3. Tanto o CO (monóxido de carbono) quanto o CO2 (dióxido de carbono) são provenientes da combustão de produtos de carbono, especi- ficamente de sua combustão incompleta e com- pleta, respectivamente. Não se considera o CO2 como um contaminante, entretanto, a concen- tração de CO2 tem aumentado progressivamen- te, e seu possível efeito na meteorologia tem se transformado em um tema de inquietude. Alguns compostos de halogênios, tais como HF (ácido fluorídrico) e HCl (ácido clo- rídrico), originam-se em certas operações in- dustriais, entre elas, as metalúrgicas. Os com- postos de fluor são perigosos e irritantes para as pessoas, animais e plantas, mesmo quando presentes em concentrações muito baixas. Por partículas, entende-se qualquer subs- tância, com exceção da água pura, presente na atmosfera em estado sólido ou líquido, cujo tamanho é microscópio. Utilizam-se vários termos em relação às partículas no ar. Os contaminantes secundários resultam das reações químicas na atmosfera. Vários ti- pos de reações podem ocorrer: reações térmi- cas em fase gasosa, reações fotoquímicas em fase gasosa, reações térmicas em fase líquida. As reações térmicas em fase gasosa pro- vêm da colisão de duas moléculas com níveis de energia apropriados e constituem o tipo normal de reações químicas. As reações fotoquímicas implicam na dissociação e na excitação de uma molécula após absorção de certa radiação. As reações de fase líquida, geralmente de natureza iônica, 20 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle podem ser catalisadas pelas substâncias pre- sentes no líquido. A tabela a seguir mostra as diferenças de concentração típicas entre o ar limpo e o ar contaminado para os principais contaminan- tes atmosféricos. Comparação dos níveis de concentração entre o ar limpo e o ar contaminado Componentes Ar limpo Ar contaminado SO2 0,001 – 0,01 ppm 0,02 – 2 ppm CO 310 – 330 ppm 350 – 700 ppm CO2 1 ppm 5 – 200 ppm NO 0,001 – 0,01 ppm 0,01 – 0,5 ppm Hidrocarbonetos 1 ppm 1 – 20 ppm Partículas 10 – 20ug/m³ 70 – 700ug/m³ 1.7. 3 Aspectos atmosféricos da contaminação do ar Logo que são introduzidos na atmosfera, os contaminantes são submetidos ao processo de dispersão. Simultaneamente, seu transpor- te pelo vento e a formação de uma mistura tur- bulenta dão origem a uma série de reações químicas que transformam os contaminantes primários em secundários. Os aspectos atmosféricos da contamina- ção do ar podem ser divididos de acordo com os seguintes tópicos: – a química do ar; – a meteorologia; – o transporte e a dispersão dos contami- nantes. A química do ar compreende o estudo dos processos de transformação exercidos sobre os contaminantes atmosféricos. A duração des- tes processos pode variar desde alguns segun- dos até várias semanas. A meteorologia é o estudo da dinâmica, em particular, em relação à quantidade de movimento e de energia. As escalas meteoro- lógicas de movimento podem classificar-se da seguinte forma: Macroescala: fenômenos que ocorrem so- bre milhares de quilômetros, tais como as zo- nas de alta e baixa pressão, situadas sobre os oceanos e os continentes. Mesoescala: fenômenos que ocorrem so- bre centenas de quilômetros, tais como as bri- sas entre a terra e o mar, os ventos entre as montanhas e vales e as frentes migratórias de baixa e alta pressão. Microescala: fenômenos que ocorrem so- bre distâncias inferiores a 10 quilômetros, tais como a dispersão da fumaça de uma chaminé. Cada uma destas escalas de movimento desempenha um papel na contaminação do ar. Os efeitos micrometeorológicos ocorrem em questão de minutos e horas. Os mesome- teorológicos em horas ou dias e os macrome- teorológicos em dias ou várias semanas. Prever o transporte e a dispersão dos con- taminantes requer conhecimento dos efeitos dos ventos e da turbulência sobre o movimento das partículas ou moléculasde gás na atmosfera. Fundamentos de meteorologia A energia expendida nos processos atmos- féricos é derivada originalmente do sol. Esta transferência de energia do sol para a terra é feita por radiação do calor através das ondas eletromagnéticas. Uma parte desta radiação é refletida pelo topo das nuvens e pelas superfí- cies do solo e água da terra. A terra irradia energia em proporção à sua temperatura. Devido a essa temperatura, a emissão corresponde à região infravermelho do espectro. O dióxido de carbono (CO2), é um dos gases de maior importância, presentes na atmosfera, pois é invisível à radiação solar, mas absorve a maior parte da radiação infra- vermelho emitida pela terra, onde a energia calorífica é conservada. Este CO2, presente na atmosfera, é reciclado através dos oceanos e plantas, mas o desmatamento indiscriminado e a queima de cada vez mais combustíveis fosseis está au- mentando em muito as concentrações de CO2 na atmosfera. Respiração Fotossíntese CO2 da respiração O2 Fitóplancton Carvão mineral e petróleo CO2 da queima de combustivel CO2 Sedimentos Ca lcár io Matéria orgânica morta e decompositora Luz solar Sol 20% são absorvidos pela atmosfera 22% são refletidos pela atmosfera Gases do efeito estufa 17% escapam para a atmosfera 9% são refletidos pela superfície ou poeira e neblina 83% são seguros e reemitidos Radiação infravermelha 49% são absorvidos pela superfície Radiação infravermelha emitida por nuvens e gotas Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 21 Para manter o balanço de calor da atmos- fera, existe a constante transferência de calor entre o Equador e os Pólos. Esta força de ba- lanço térmico é a principal causa do movimen- to atmosférico na terra. A porção da terra próxima ao Equador age como uma fonte de calor e, nos Pólos, como um absorvedor. Associados a esta circulação principal, existem os movimentos do ar provocados pela existência do gradiente de pressão. Existe uma força que empurra o ar das pressões mais altas (frio) para a mais baixa. O vento nada mais é do que o ar em movimento. Na camada inferior da atmosfera, esten- dendo da superfície até 2 km, a distribuição de temperatura varia consideravelmente, de- pendendo das características da superfície. Esta região, denominada baixa troposfera, é a de maior interesse na meteorologia da poluição do ar, uma vez que dentro dessa camada é onde ocorrem os fenômenos que interferem na dis- persão das poluentes atmosféricos. Na tropos- fera (0 a 18 km de altitude), existe uma varia- ção de temperatura com a altitude, mas, na baixa troposfera, esta taxa de variação não é observada e inversões de temperatura podem ocorrer. Uma vez que a atmosfera tem a tendência de aumentar ou diminuir os movimentos de ar através dos processos atmosféricos, seus efei- tos na poluição do ar são extremamente im- portantes. A estabilidade atmosférica é altamente dependente da distribuição vertical da tempe- ratura em função da altitude. Devido ao decréscimo de pressão com a altura, um volume de ar elevado a uma altitu- de maior, encontrará a pressão decrescida, ex- pandirá, e devido a esta expansão, resfriará. Se esta expansão se der sem perda ou ganho de calor, a troca é adiabática. Similarmente, um volume de ar forçado para baixo encontra- rá pressões altas, contrairá e aquecerá. A curva que fornece a taxa de aquecimen- to ou resfriamento é chamada curva adiabática seca, e não deve ser confundida com a varia- ção da temperatura com a altura num determi- nado momento, que é chamada de curva am- biente (real). A curva adiabática é função, prin- cipalmente, da temperatura do ar e da superfí- cie, sobre a qual ele está se movendo, e a troca de calor entre os dois. Se a temperatura decresce mais rapida- mente com a altura do que a adiabática seca, o ar é instável, se decresce mais lentamente é estável e se a variação permanece igual a cur- va adiabática seca, a atmosfera está em equilí- brio estável (neutro). A velocidade do vento é responsável pela diluição dos poluentes, ou seja, a concentra- ção de poluentes no ar é inversamente propor- cional à velocidade do vento. Devido à rugosidade do solo, a velocida- de do vento varia com a altura, é menor na superfície e cresce à medida que se afasta do solo. 10°C –55°C –35°C –1°C 100°C O3 NO+, O2+ NO+, O2+ , O + N2, O2, CO2, H2O ⇑ Termos fera Mesosf era Estrato sfera Tropos fera Nível do mar 18 km 37 km 55 km 74 km 93 km 111 km Ionosfera Altitude Regiões da atmosfera Algumas importantes espécies químicas Densidade do ar Veículos de vôo Temperaturas médias 22 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle A dispersão vertical de poluentes do ar está relacionada diretamente, às variações da tem- peratura com a altura, que condiciona o grau de estabilidade atmosférica e por sua vez, a concentração e dispersão dos poluentes através dos movimentos verticais das camadas de ar. Maior decréscimo de temperatura com a altura implica em melhor dispersão e menor decréscimo em pior dispersão. O caso extre- mo é a inversão de temperatura, que confina os poluentes numa camada próxima ao solo, aumentando em muito a concentração. As plumas, emitidas por uma chaminé, tomam diferentes formas segundo a variação vertical de temperatura, quando comparada com a curva adiabática seca. Um dos principais objetivos da meteoro- logia, aplicada à contaminação do ar, é a pre- visão da dispersão dos contaminantes. Esta dispersão depende dos seguintes fatores: na- tureza física dos contaminantes (gás, partícu- la), velocidade e dispersão dos ventos, estabi- lidade atmosférica, nível de turbulência, con- dições de emissão (velocidade de saída), tem- peratura. 1.7.4 Os efeitos da contaminação do ar Existe evidência real de que a contamina- ção do ar afeta a saúde das pessoas e dos ani- mais, provoca danos à vegetação, deteriora os materiais, afeta o clima, reduz a visibilidade e a radiação solar. Alguns destes efeitos são mensuráveis, tais como os danos causados aos materiais e a redução de visibilidade, entretan- to a maioria deles é difícil de medir, como os danos causados à saúde humana e aos animais. Efeitos da contaminação do ar sobre as proprie- dades atmosféricas Os contaminantes do ar podem afetar as propriedades atmosféricas das seguintes formas: – redução da visibilidade; – formação de neblina; – redução da radiação solar; – alteração das temperaturas e distribui- ção dos ventos. Talvez o efeito mais visível da contami- nação do ar sobre as propriedades da atmosfe- ra seja a redução da visibilidade que acompa- nha, freqüentemente, o ar contaminado. A re- dução de visibilidade é esteticamente desagra- dável, assim como pode levar à situação de perigo. A visibilidade é reduzida devido aos efei- tos produzidos pelas moléculas gasosas e as partículas sobre a radiação visível: a absorção e a dispersão da luz. A dispersão da luz é a causa principal da falta de visibilidade. Efeitos da contaminação do ar sobre os materiais Os contaminantes atmosféricos podem afetar os materiais de forma a deteriorar sua composição química. As partículas ácidas ou alcalinas, em particular as que contêm enxo- fre, corroem os materiais. Efeitos da contaminação do ar sobre a vegetação Os contaminantes conhecidos como fito- tóxicos (substâncias nocivas para a vegetação) são o dióxido de enxofre e o etileno. O cloro, o cloreto de hidrogênio, o amoníaco e o mer- cúrio são menos tóxicos. Em geral, os conta- minantes gasosos penetram na planta, junto com o ar, durante o processo normal de respi- ração da planta, destruindo a clorofila e inter- rompendo a fotossíntese. Os danos podemvariar desde uma redução na velocidade de crescimento até a morte da planta. Os sinto- mas aparecem nas folhas e, em muitos casos, é possível conhecer os contaminantes por meio dos sintomas específicos. Efeitos da contaminação do ar sobre a saúde hu- mana Considerem-se os mecanismos pelos quais os contaminantes podem afetar o corpo humano. Os contaminantes penetram no corpo hu- mano através do sistema respiratório. O siste- ma respiratório divide-se em sistema respira- tório superior (cavidade nasal e traquéia) e sis- tema inferior (bronquíolos e pulmões). Na en- trada dos pulmões, a traquéia divide-se em, duas árvores de brônquios, formados por uma série de ramificações de diâmetro cada vez mais reduzido. A árvore bronquial completa consta de mais de 20 bifurcações terminadas nos bronquíolos, cujo diâmetro aproximado é de 0,05cm. Nas extremidades dos bronquíolos, encontra-se um grande número de diminutas cavidades chamadas alvéolos. É através das membranas alveolares que o oxigênio do ar contido nas cavidades difunde-se aos vasos capilares do pulmão, enquanto o dióxido de carbono difunde-se em sentido contrário. Ape- sar dos alvéolos terem um diâmetro aproxi- mado de apenas 0,02 cm, apresentam uma su- perfície total para transferência de gás de apro- ximadamente 50 m², devido ao número de al- véolos existentes. Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle 23 Certos contaminantes afetam a resistên- cia dos pulmões.O sistema respiratório tem vários níveis de defesa contra a invasão de corpos estranhos. As partículas grandes são filtradas pelos pêlos do nariz e são retiradas pela mucosa que cobre a cavidade nasal e a traquéia. A maioria das partículas são eficazmente eliminadas pelo sistema respiratório superior. As partículas menores atravessam, geral- mente, o sistema respiratório superior e não são retidas. Dentre essas, algumas partículas muito pequenas depositam-se nas paredes dos brônquios ou podem penetrar profundamente no pulmão. No caso dos gases, a proporção absorvida nas vias respiratórias superiores e a que chega às últimas cavidades dos pulmões é determi- nada pela Lei de solubilidade. Por exemplo, o SO2 é muito solúvel, como conseqüência, será prontamente absorvido pelas vias respiratórias, causando um aumento da resistência destas vias, estimulando a secreção de mucosidade. Por outro lado, o CO (monóxido de carbono) e o NO2 (dióxido de nitrogênio) são relativa- mente insolúveis e podem penetrar profunda- mente no pulmão. É importante notar que um mesmo efeito pode ser provocado por mais de um contaminante. Tanto o dióxido de enxo- fre, quanto o formaldeído, por exemplo, pro- duzem irritação e uma maior resistência das vias do sistema respiratório superior, e tanto o monóxido de carbono, quanto o dióxido de nitrogênio impedem o transporte de oxigênio pela hemoglobina. No caso da presença simultânea de vários contaminantes, os efeitos observados podem ser atribuídos à ação combinada de mais de um contaminante. Um bom exemplo deste fato é o caso do SO2 (dióxido de enxofre) e as par- tículas. Os efeitos sobre a saúde são muito mais graves quando ambos estão presentes do que quando existe apenas um deles. Uma possível explicação deste efeito relaciona-se com o fato do SO2 ser absorvido por partículas muito pe- quenas, que são capazes de alcançar zonas mais profundas dos pulmões. Monóxido de carbono (CO) O monóxido de carbono afeta a capacida- de do sangue de transportar o oxigênio. Du- rante o funcionamento normal, as moléculas de hemoglobina, contidas nos glóbulos verme- lhos do sangue, transportam o oxigênio para ser trocado por dióxido de carbono nos vasos capilares que unem as artérias com as veias. O monóxido de carbono é relativamente insolú- vel e chega facilmente aos alvéolos, junto com o oxigênio. O monóxido de carbono difunde- se através das paredes alveolares e compete com o oxigênio pela ligação com qualquer um dos quatro átomos de ferro da molécula de hemoglobina. A afinidade do átomo de ferro pelo CO é, aproximadamente, 210 vezes maior que pelo oxigênio, o que confere ao CO uma considerável vantagem nesta competição. Quando uma molécula de hemoglobina adquire uma molécula de CO, se converte em Carbo- xihemoglobina (COHb). A presença de carbo- xihemoglobina diminui a capacidade total do sangue de levar oxigênio às células. Os sinto- mas de envenenamento por CO dependem da quantidade de COHb e do tempo de exposição. A formação de COHb é um processo re- versível, com vida média de duas a quatro ho- ras, após exposição a baixas concentrações. Níveis relativamente baixos de COHb po- dem afetar a habilidade para estimar interva- los de tempo e reduzir a sensibilidade visual. Óxidos de enxofre O dióxido de enxofre (SO2) é altamente solúvel e, como conseqüência, é absorvido nos condutos úmidos do sistema respiratório su- perior. Exposição a níveis de SO2 da ordem de 1 ppm produz a constrição das vias respiratórias. Níveis mais elevados de SO2 estão associados com níveis elevados de partículas, favorecen- do o aumento de problemas respiratórios. Óxidos de nitrogênio O dióxido de nitrogênio (NO2) transfor- ma-se nos pulmões em nitrosoaminas, algu- mas delas cancerígenas. O NO2 pode passar para o sangue, forman- do um composto chamado metahemoglobina. Sabe-se que o dióxido de nitrogênio irrita os alvéolos, produzindo sintomas parecidos aos do enfisema, após exposição prolongada a con- centrações da ordem de 1 ppm. Gás sulfídrico O gás sulfídrico é incolor, inflamável e extremamente tóxico. A toxidade do H2S é igual a do HCN e seis vezes a do CO. Exposição à alta concentração de H2S pode causar a morte em pouco tempo. O sulfeto de hidrogênio tem um odor distinto e desagradá- vel (semelhante ao do ovo podre). Em baixas concentrações, pode ser sentido, entretanto al- tas concentrações paralisam os nervos aliáticos. 24 Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle A concentração usualmente permitida para 8 horas de exposição é 20 ppm, e a relação entre toxidade e concentração pode ser obser- vada a seguir: Fadiga após várias horas de exposição 70 – 150 Concentração limite para uma hora de exposição 170 – 300 Condições graves após 30 minutos 400 – 700 Morte em 30 minutos Acima de 600 Toxidade Concentraçãode H2S (ppm) Sabe-se que em determinadas zonas, a concentração de certos contaminantes atmos- féricos tem alcançado níveis excessivamente altos durante várias horas ou vários dias. Por mais terríveis que sejam os resultados de um episódio ocasional de contaminação atmosférica, deve haver uma intensa preocu- pação também com os efeitos produzidos so- bre a população que vive em atmosfera conta- minada. Uma das tarefas mais difíceis é a ob- tenção de uma relação quantitativa da exposi- ção à contaminação atmosférica e seus efeitos sobre a saúde. A dificuldade consiste em se- parar o efeito produzido pela contaminação atmosférica na saúde e aqueles causados por hábitos pessoais tais como: fumar, regimes alimentares, fatores hereditários. As enfermidades do sistema respiratório estão, geralmente, relacionadas com a conta- minação do ar. O sistema respiratório reage de maneira distinta aos contaminantes atmos- féricos, tais como bronquite, bronquite crôni- ca e enfisema. A bronquite é uma enfermida- de, caracterizada por inflamação da árvore bronquial, acompanhada de um aumento da produção de mucosidade e tosse, dificultando o funcionamento das vias respiratórias. O enfisema pulmonar é uma doença em que ocorre a des- truição dos alvéolos de forma progressiva. Os principais contaminantes do ar atmos- férico em uma refinaria são: dióxido de enxo- fre, monóxido de carbono, óxidos de nitrogê- nio, material particulado e hidrocarbonetos. As principais fontes de poluição atmosfé- rica são:
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