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ED - Os múltiplos surgimentos da Psi

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ESTUDO DIRIGIDO - EPISTEMOLOGIA
Juliane Fernandes Ferreira - 214024112
Qual é a posição do autor por relação à história da Psicologia?
Na visão do autor, a história da Psicologia não pode ser analisada por um viés cronológico, já que esta além de ser compostas por rupturas, não teria um marco oficial para sua origem, e sim uma multiplicidade de origens que surgiram dentro de um contexto sócio-histórico e que conduziriam a uma nova experiência do sujeito com relação ao mundo. Essa multiplicidade não advém de uma imaturidade por parte do conhecimento psicológico, e sim é fruto de uma diversidade de experiências que se articulam e dão origem a uma base de estudo para a Psicologia. Por causa dessa inter-relação entre as condições exteriores e interiores ao saber psicológico, o autor faz uso de uma dupla abordagem, tanto internalista, buscando apreender suas transformações metodológicas e conceituais, quanto externalista, ao analisar as condições sociais, culturais, econômicas e políticas de um período histórico, que se relacionam para criar um panorama de desenvolvimento da Psicologia. (2,0)
De que modo o autor tematiza as questões relativas ao surgimento da Psicologia como estudo da subjetividade? Que distinções você demarca entre esse campo da psicologia e aquele, descrito pelo autor, como o domínio da individualidade?
A Psicologia como estudo subjetividade remonta a Antiguidade pagã onde essa não se definia pela busca de um conhecimento em si, mas por uma estética da existência, calcada na busca da verdade pelos ensinamentos dos grandes mestres. No séc. II D.C, a partir de uma ética cristã, há certa interioridade individualizada voltada para a verdade e caracterizada pela busca de Deus em seu íntimo. Na Modernidade, já não há uma busca com uma finalidade divina, e sim uma procura de si mesmo, uma afirmação do eu, utilizando para isso instrumentos científicos modernos. Assim, se modifica a forma e o objetivo da subjetividade e para o autor essa mudança se constituiu nas diversas formas do sujeito se relacionar consigo, não só no aspecto religioso, como através dos temas da sexualidade, da separação do público e do privado, dentro outros regiões da subjetividade. As filosofias cartesiana (racionalista) e empirista contribuíram imensamente para a relação do sujeito com si, pois a interioridade, pautada na busca pela verdade, se dicotomizou entre atribuir ora a razão ora a experiência sensível, respectivamente, a via do conhecimento. Kant, também tematizando sobre a busca da verdade, emerge com o sujeito transcendental e o sujeito empírico, sendo ambos responsáveis pelo conhecimento, dissolvendo (não sei se a dissolve, mas certamente opera uma inversão) então a dicotomia antes apresentada. A filosofia kantiana elaborou uma base na qual pode surgir a psicologia wundtiniana. 
Os conceitos de individualidade e subjetividade emergem de formas separadas, sendo o primeiro constituído durante o surgimento dos Estados Modernos e que representa a individualização do coletivo, como o indivíduo se relaciona com a sociedade, enquanto o segundo parte de uma reflexão sobre si. (2,0)
Quais são as principais considerações do autor acerca do surgimento da psicologia como estudo da infância?
O autor propõe que o conceito (e a experiência) de infância não é atemporal, afirmando que este é parte de um processo desenvolvido historicamente, através da constituição da visão moderna da estrutura familiar e da escola. Portanto, não havia uma distinção entre adulto e criança até fins da Idade Média, não existindo barreiras físicas, por exemplo, a ausência de um cômodo próprio para os “miniadultos” e a segregação de classes em uma escola por faixa etária, e barreiras morais, como a inserção de temas sexuais na realidade infantil e a obscuridade das fábulas infantis. Contudo, a partir do que o autor chama de “paparicação”, surge certa proteção à pureza da criança, modificando a estrutura escolar, com a criação dos internados e a emergência dos padres reformadores e do castigo como parte dessa proteção; e a família, que passa a se sentimentalizar, diferenciando os integrantes da família e conjuntamente a casa com a criação de espaços específicos para as crianças. Com a emergência da escola e de uma nova estrutura familiar, se comprova (ou se cria) a necessidade de uma Psicologia voltada para a criança. Essa psicologia só pode emergir quando o critério para divisão das turmas fora modificado, sendo as capacidades intelectuais e não a idade o critério de classificação. A partir desse momento, essa psicologia se volta para a interação da criança com o meio escolar e busca desenvolver sua inteligência e seus interesses. Dessa forma, a infância deixa de ser vista como preservação da pureza e passa a adquirir um caráter de preparação frente à vida adulta. (2,0)
O que você considera relevante destacar nesse texto, tendo por base as discussões acerca da psicologia como ciência?
Esse texto mostra uma nova visão sobre a construção da Psicologia como ciência e como essa se constitui de um campo múltiplo de vertentes, levando em conta os diferentes processos históricos, culturais e sociais ao longo da história, e como eles se configuram no espaço de criação do saber psicológico. Através dessa visão a psicologia adquire um caráter dinâmico e complexo (de múltiplos objetos e emergências), que se atualiza constantemente, inclusive nos tempos atuais. (2,0)
O que significa afirmar que há uma origem da Psicologia ou afirmar que há múltiplos surgimentos da Psicologia? Qual a perspectiva epistemológica que embasa esse texto?
Afirmar que há uma origem da Psicologia implica acreditar em uma visão cronológica e linear dos acontecimentos que constituíram a Psicologia como tal, não admitindo, portanto rupturas e desvios, configurando, portanto, uma história movida por superações, sempre caminhando para frente a fim de alcançar a verdade. Já dizer que a história da Psicologia é constituída por uma multiplicidade de surgimentos que levam a uma multiplicidade de campos psicológicos, é afirmar que essa não pode ser vista como uma linha reta de acontecimentos e sim como uma dispersão de caminhos que levam a diferentes objetos e abordagens dentro de uma mesma ciência, sendo então até interessante admitir não uma Psicologia, mas um plural de Psicologias. É esta segunda visão, de dispersão, que caracteriza a perspectiva epistemológica do Arthur. (2,0)
(Questão Livre)
De que modo a Psicologia, através da cisão entre o domínio humano e o domínio natural, passa a ser tida como um saber híbrido? Como essa característica da Psicologia leva a uma recusa por parte tantos dos cientistas e epistemólogos, quanto por parte dos humanistas?

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