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Estados Gerais da Psicanálise - História

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Considerações sobre o conceito de mobilidade na cultura 
brasileira e seu papel na introdução da psicanálise no Brasil
Jeremias 
Ferraz Lima
1:00: Introdução
Visto de um vértice brasileiro, 
o progressivo desenvolvimento das teorias em psicanálise a partir de Freud criou 
um campo de idéias tal que se assemelha a um emaranhado confuso em que conceitos 
se misturam, fenômenos clínicos de mesma natureza são tratados com nomenclaturas 
diversas, novos conceitos são formulados sem que se articulem com aqueles já 
estabelecidos, gerando, assim, várias decorrências. A primeira delas é 
desencadear nos alunos que se iniciam no processo de transmissão um estado de 
verdadeira perplexidade ao entrarem em contato com o grande manancial de idéias 
com os consequentes posicionamentos técnicos observados no campo. Uma outra, é 
produzir um engajamento dos analistas em uma ou outra teoria principalmente a 
partir de resíduos transferenciais para com o seu analista ou supervisor 
possibilitando, com muita fequência, o aparecimento de um posicionamento rígido 
chegando perigosamente às portas do dogmatismo que obstrui a curiosidade 
científica e a capacidade de formular questões, contribuindo para o avanço da 
ciência. Finalmente, surge com muita frequência a questão posta à psicanálise 
brasileira de imitação dos modelos estrangeiros ou criação de produção 
original.
Assim, apesar de reconhecermos no campo da psicanálise atual a 
existência de pontos de contato entre os conceitos, as várias tendências que 
coexistem hoje apontam no sentido de uma grande diversidade do ato de 
psicanalizar. A ausência de delimitação destes campos teóricos nos coloca a 
necessidade de criar um instrumento epistemológico que nos permita organizar o 
campo teórico da psicanálise procurando diferenciar as várias teorias, 
estabelecendo os elementos que sustentam sua coerência interna e desenvolvendo 
um método que nos possibilite compará-las entre si, observando suas aproximações 
e seus afastamentos. 
Neste sentido, uma primeira pergunta se impõe: como 
se desenvolve a psicanálise? Uma das reflexões iniciais, e que representa a 
forma através da qual propomos uma entrada no problema, foi formulada quando 
consideramos que a América Latina comporta-se principalmente como uma 
"importadora de teorias psicanalíticas", num trabalho apresentado em 1984, 
juntamente com outros co-autores, ao XV Congresso Psicanalítico da FEPAL, em 
Buenos Aires, a respeito das correntes atuantes no pensamento psicanalítico na 
América Latina. Posteriormente, em 1993, numa monografia apresentada ao XIV 
Congresso Brasileiro de Psicanálise, no Rio de Janeiro, ao examinarmos as 
relações da psicanálise com a filosofia trabalhamos com a hipótese de que 
determinadas formas de concepção do indivíduo sustentam a produção teórica em 
psicanálise, influindo de forma decisiva na sua prática. 
Uma 
contribuição que parece-nos excepcionalmente rica em argumentos e sugestões é 
aquela desenvolvida pelo psicanalista uruguaio Ricardo Bernardi que, partindo 
exatamente de uma proposta de pensar o desenvolvimento da psicanálise na América 
Latina, sugere o emprego do conceito de paradigma proposto por Thomas S. Kuhn 
para caracterizar as distintas formas de ver e pensar a psicanálise em seu 
desenvolvimento (XXXV Congresso Internacional de Psicanálise, julho de 1987, 
Montreal). 
Kuhn, por sua vez, propõe, dentro de uma perspectiva 
histórica, pensar o desenvolvimento das ciências a partir da estrutura das 
revoluções desencadeadas na pesquisa científica pela ação do que ele denominou 
paradigmas. Para ele, as ciências não têm um desenvolvimento linear, com um 
crescimento por acumulação, conforme parece constar dos compêndios acadêmicos, 
mas, sim por rupturas paradigmáticas e, a princípio, conceituou como sendo 
"paradigmas, as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante 
algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de 
praticantes de uma ciência" . Porém, um exame mais minucioso da obra de Kuhn nos 
coloca diante da questão de abordagens mais amplas ou abordagens mais restritas 
do emprego deste conceito, por si mesmo, paradigmático no campo 
epistemológico.
Bernardi, examina em seu artigo a interpretação do sonho 
do Homem dos Lobos na abordagem original de Freud, e compara-a com as 
observações de Melanie Klein, no capítulo 9 de sua Psicanálise da Criança, e com 
as de Leclaire, num artigo de 1958 sobre um episódio psicótico vivido pelo 
paciente em 1923. Conclui em favor de uma posição que acentua a descontinuidade 
e a ruptura das diversas abordagens, considerando cada uma delas como 
paradigmática. Argumenta neste sentido, ressaltando a existência de muitos 
termos comuns nestas três observações, designando, entretanto, conceitos 
díspares (instinto, pulsão, inconsciente, repressão, Ego, Édipo, etc.), além de 
conceitos que não encontram correspondência de uma teoria para outra 
(significante, Outro, nome do pai, posição, continente, etc.). Neste sentido, 
consideramos que Bernardi utiliza uma abordagem restrita do conceito de 
paradigma. A discussão sobre a adequabilidade ou não do emprego do conceito de 
paradigma às idéias psicanalíticas merece, contudo um exame mais aprofundado que 
será feito oportunamente.
O fato é que hoje podemos francamente 
estabelecer diferenças nítidas entre algumas tendências do desenvolvimento da 
psicanálise pós freudiana. Não temos dúvidas em atribuir a Freud a autoria de 
criação do que chamamos "campo da psicanálise", e que determinados conceitos 
fundadores deste campo são definitivos além de condição para reconhecê-la como 
ciência com objetos próprios. Entre estes conceitos, destacam-se aqueles que 
constituem a sua Metapsicologia e que obedecem às vertentes econômicas, 
topográficas e dinâmicas. Pretendo que fique claro, muito embora não possua 
pretensão de discutir este assunto nos limites desta monografia, que considero 
como "mito fundador" a idéia que Freud elaborou os conceitos psicanalíticos no 
seu "esplêndido isolamento" e que estes conceitos são "universais". O fato é que 
o desenvolvimento da teoria pulsional determina uma diferença entre Freud e os 
demais e marca uma característica de sua obra que proponho ser compreendida 
dentro de um Paradigma Pulsional. sendo impossível desvincular a emergência 
deste paradigma da concepção de indivíduo vigorando ainda na cultura 
austrio-alemã nos finais do século XIX que é o Romantismo alemão. 
A 
questão pulsional também está presente no pensamento de Melanie Klein, porém, a 
nosso ver, com formulação bem diferente daquela feita por Freud. A reflexão 
sobre as relações de objeto e o conceito de Posição na obra kleiniana determinam 
uma diferenciação e dão identidade a esta formulação. Da mesma forma, o 
desenvolvimento das idéias de Melanie Klein principalmente na Inglaterra, 
deve-se às características culturais próprias deste pais, como nos assinala 
Sérvulo Augusto Figueira quando diz que "...a psicanálise britânica traz no seu 
cerne a marca de valores britânicos típicos e historicamente muito fortes como o 
empirismo, a privacidade e a valorização da infância como chave da vida adulta" 
Este desenvolvimento configurará um paradigma que denominarei 
Pulsional-relacional.
O desenvolvimento proposto por Hartmann e sua 
Psicologia do Ego tem seu eixo na forma peculiar pela qual ele toma o conceito 
de narcisismo introduzido por Freud, passando assim a estabelecer uma formulação 
original a partir das relações de objetos no Ego. O solo fértil para a acolhida 
das idéias de Hartman e seus colaboradores é o contexto do ambiente científico e 
cultural dos Estados Unidos no qual o positivismo constitui a filosofia 
predominante, sendo a postura oficial universitária e do ambiente científico em 
geral. Apesar das primeira contribuições da
Psicologia do Ego terem sido feitas 
na sua fase européia, o contato com a cultura americana representou uma 
influência muito grande no desenvolvimento destas idéias em virtude do interesse 
destes psicanalistas em encontrar uma linguagem que pudesse ser compreendida 
neste contexto cultural do positivismo pragmático, desenvolvendo o que eu 
proponho denominar Paradigma relacional.
Finalmente, a proposta de Lacan 
surge na França, como uma possibilidade da psicanálise vencer a longa oposição 
da cultura francesa à sua introdução, de uma forma bastante peculiar: Lacan 
propõe um retorno a Freud e, neste sentido, ele se confessa freudiano; porém lê 
um Freud alemão com as lentes do estruturalismo linguístico de Saussure e do 
estruturalismo cultural de Levy-Strauss, retornando de Freud "à francesa" e 
definindo um paradigma bastante particular e original no campo psicanalítico que 
eu denomino Paradigma da estruturação do sujeito.
Assim, o Paradigma 
Pulsional, ao se difundir na Europa e Estados Unidos sofre modificações 
significativas em sua estrutura determinando a formação de novos paradigmas que 
vão guardar relações profundas com as concepções de indivíduo predominantes em 
cada uma destas culturas.
Entre nós, no Brasil, a difusão da psicanálise 
se deu de forma diferente. Encontramos aqui a coexistência dos quatro paradigmas 
que ainda hoje são cultivados (ou "cultuados", se quiserem) sem que haja a 
produção de um paradigma local. Seguindo a linha de raciocínio esboçada 
anteriormente, a produção de um novo paradigma está relacionada a uma reação da 
cultura local ao paradigma que está sendo difundido. Neste sentido, a cultura 
brasileira não teria reagido à entrada de nenhum dos paradigmas psicanalíticos, 
mas à todos acolhido generosamente. A questão que proponho examinar na presente 
monografia indaga sobre a constituição e especificidade da cultura brasileira e 
as relações que esta estabelece com a difusão da psicanálise entre nós. Que 
particularidades culturais irão permitir uma difusão como a observada no 
Brasil?
Destacarei o conceito de mobilidade que, ao lado de outros 
aspectos que não tratarei aqui, me parece significativo e útil para estabelecer 
uma aproximação entre cultura e psicanálise brasileira na obra de autores 
consagrados que nos ensinam a refletir o Brasil: Gilberto Freire em Casa Grande 
& Senzala e Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil e Caminhos e 
Fronteiras. 
2:00 - A Mobilidade.
A Mobilidade destacada por 
Gilberto Freire no caráter português é uma categoria central em sua análise em 
Casa Grande & Senzala. Ela constitui um dos elementos do "luxo de 
antagonismos" deste caráter que se expressa, no geral, pela idéia de "vago 
impreciso, - como um rio que vai correndo muito calmo e de repente se precipita 
em quedas de água" - no pensar do crítico e historiador inglês Audrey Bell. O 
outro elemento que estabelece com a mobilidade o par antagônico é exatamente a 
estabilidade que vai ser encontrada na própria fixação do português na 
casa-grande de engenho e na criação da face original e surpreendente do seu 
imperialismo nos trópicos: sua atividade agrária e sedentária, em oposição à sua 
presença mercantil na Ásia e na África, e o desenvolvimento do patriarcalismo 
rural e da monocultura latifundiária e escravocrata. É nesta casa-grande - e na 
senzala como um de seus apêndices não só arquitetônico como também cultural - 
bem como na cultura que se desenvolveu em torno dela que vamos encontrar a 
melhor expressão do caráter brasileiro no seu início de formação. Isto evidencia 
o fato de que, ao apontarmos para a mobilidade como um dos elementos centrais de 
Gilberto Freire em sua análise, estamos considerando a sua importância face à 
estabilidade, de tal maneira que a ênfase sempre irá recair no antagonismo 
inerente e constituinte desta análise.
A gênese desta mobilidade entre os 
lusos, Gilberto Freire vai encontrá-la na sua indecisa formação étnica e 
cultural, como um povo indefinido entre a Europa e a África: 
Nem 
intransigentemente de uma nem de outra, mas das duas. A influência africana 
fervendo sob a européia e dando um acre requeime à vida sexual, à alimentação, à 
religião; o sangue mouro ou negro correndo por uma grande população brancarana 
quando não predominando em regiões ainda hoje de gente escura, o ar da África um 
ar quente, oleoso, amolecendo nas instituições e nas formas de cultura as 
durezas germânicas; corrompendo a rigidez moral e doutrinária da Igreja 
medieval; tirando os ossos ao Cristianismo, ao feudalismo, à arquitetura gótica, 
à disciplina canônica, ao direito visigótico, ao latim, ao próprio caráter do 
povo. A Europa reinando mas sem governar; governando antes a África. 
É 
esta indecisão étnica e cultural que irá dotar o caráter português, não de um 
tipo determinado, mas do "luxo de antagonismos", tornando a gente portuguesa de 
uma mobilidade, de uma plasticidade, de uma adaptabilidade tanto social quanto 
geográfica estupenda, que irá ser identificada nestes grandes navegadores e 
cosmopolitas do século XV. Esta característica será, na análise de Gilberto 
Freire, o segredo da vitória portuguesa, suprindo com extremos de mobilidade e 
miscibilidade a escassez de pessoas, dominando espaços imensos quer na África, 
Ásia ou América.
Uma outra manifestação da pujança e força colonizadora 
da mobilidade dos portugueses, bandeirantes e missionários, iremos encontrar nas 
reflexões de Sérgio Buarque de Holanda em Caminhos e Fronteiras, quando aponta 
para a vocação dos habitantes do planalto da capitania de Martim Afonso para o 
"caminho que convida ao movimento" . Não podendo contar com o negro africano, em 
virtude das grandes distâncias, o recurso destes portugueses foi embrenhar pelos 
sertões inóspitos e desconhecidos em busca de braços indígenas que pudessem 
atender às demandas de trabalho escravo, ou de gentios à espera da catequese. 
Iniciou-se, assim, uma nova dimensão desta mobilidade na conquista e colonização 
do interior do país. Uma dimensão que, ao lado daquela já descrita nos 
portugueses pela sua própria condição ibérica, poderia ser denominada mobilidade 
horizontal, dada suas características geográficas e atendendo a uma demanda de 
expansão territorial.
Um outro tipo de mobilidade, que poderíamos 
denominar de mobilidade vertical (ou mobilidade cultural, ou ainda mobilidade 
social) vai estar implícita no conceito de fronteira que este autor nos 
traz:
"Fronteira, bem entendido, entre paisagens, populações, hábitos, 
instituições, técnicas, até idiomas heterogêneos que aqui se defrontavam, ora a 
esbater-se para deixar lugar à formação de produtos mistos ou simbióticos, ora a 
afirmar-se ao menos enquanto não a superasse a vitória final dos elementos que 
se tivessem revelados mais ativos, mais robustos ou melhor equipados. 
Este tipo de mobilidade, levou Sérgio Buarque de Holanda a destacar a 
grande flexibilidade e adaptabilidade dos portugueses comparando-as com "a 
consistência do couro, não do ferro ou do bronze, dobrando-se, ajustando-se, 
amoldando-se a todas as asperezas do meio" Isto se faz notar, como demostra 
extensamente Sérgio Buarque de Holanda na adoção, por parte dos portugueses, de 
elementos e técnicas utilizadas pelas populações nativas, tais como técnicas 
agrícolas (uso do pilão, do chuço) hábitos alimentares (mandioca, milho, caça e 
pesca, bebidas), hábitos culturais (o uso da rede; uso das trilhas indígenas em 
suas primeiras incursões à pés descalços pelo interior; uso de utensílios , como 
samburá, jacá, xuã;) e a adoção da língua geral, durante todo o século, XVII e 
inícios do século XVIII que resultou na incorporação pela língua portuguesa 
praticada no Brasil de um rico vocabulário de origem indígena.
Esta 
mobilidade cultural, como nos informa Gilberto Freire, vai estar também presente 
no contato dos portugueses com os negros
africanos, através, não somente da 
miscigenação, como também pelas influências, principalmente oriunda de elementos 
bantos e sudaneses, da língua, hábitos religião, agricultura, atividade pastoril 
e arte. Por outro lado, deve-se registrar a mobilidade dos negros dentro do 
sistema casa-grande/senzala na medida que subiam para prestar serviços na 
casa-grande um vasta gama de indivíduos - amas de criar, mucamas, malungos, 
muleques de criação - ao lado das mães-pretas que ocupavam lugar de destaque não 
só no seio das famílias por suas funções de substitutas das mães, incapazes, por 
tão novas, de atender às exigências da maternidade, mas como agente de 
transmissão cultural e de constituição da brasilidade.
Uma outra 
expressão desta mobilidade, evidenciada na ordem das idéias e das classe 
sociais, vai operar ao lado da ação persistente do sadismo do conquistador em 
relação ao conquistado, Ela vai se manifestar nos interstícios das classes 
sociais e nas diferenças que vão marcar as elites das classes populares. Esta 
relação esta está expressa, como analisa Gilberto Freire, na tradição 
conservadora no Brasil, pelo sadismo do mando, disfarçado em "princípio de 
Autoridade" ou "defesa da Ordem". Este mando, mantido a ferro e fogo pelas 
elites dominantes, é quem determina este equilíbrio, que entre nós , emoldura a 
vida política, científica e cultural. No entendimento de Gilberto Freire, 
... o equilíbrio continua a ser entre as realidades tradicionais e 
profundas: sadistas e masoquistas, senhores e escravos, doutores e analfabetos, 
indivíduos de cultura predominantemente européia e outros de cultura 
principalmente americana e ameríndia. E não sem certas vantagens, as de uma 
dualidade não de todo prejudicial à nossa cultura em formação, enriquecida de um 
lado pela espontaneidade, pelo frescor de imaginação e emoção do grande número 
e, de outro lado, pelo contato, através das elites, com a ciência, com a 
técnica, e o pensamento adiantado da Europa 
Este tipo de mobilidade, 
correndo paralela à estabilidade das relações sociais, coloca a elite brasileira 
em permanente disponibilidade para com a cultura européia, resultando naquilo 
que, na reflexão de Sérgio Buarque de Holanda, se traduz num sentimento de 
"sermos desterrados em nossa própria terra" . Saudosa de um passado que não 
viveu, e submissa a uma ordem diante da qual sempre se sente inferior, terceiro 
mundista, ou "caipira", esta elite procura nas identificações, nos 
comportamentos e nas idéias, algo que pareça "culto", que, para ela significa 
"europeu". Esta questão será de grande importância para nós ao analisarmos, na 
próxima sessão, a introdução da psicanálise no Brasil. Estas características da 
elite brasileira foram percebidas com muita sagacidade pelo Conde de Gobineau, 
ministro da legação diplomática francesa no Brasil em 1869. O Conde, que tinha 
seus poucos momentos de alegria e descontração entre nós nas conversas informais 
com o imperador Pedro II, disse certa vez, ao ser indagado por seu interlocutor 
imperial sobre o que pensava dos brasileiros: "O brasileiro é um homem que sonha 
viver em Paris" . 
Todavia, é nas classes populares, que poderemos 
observar o produto da cultura européia em interação com a indígena, amaciada 
pelo azeite da mediação africana, sem a qual dificilmente teriam se entendido 
tão bem. Aí, de uma forma diferente, vamos encontrar os efeitos desta mobilidade 
vertical, nos fáceis e frequentes acessos a cargos e a elevadas posições 
políticas e sociais de mestiços e filhos naturais, bem como a grande dispersão 
das heranças, e a grandes possibilidades de mudança de profissão e 
residência.
Procuramos demonstrar, portanto como a mobilidade contida no 
caráter português, forjada que foi pelo passado étnico-cultural ibérico, 
transplantada para o Brasil irá se constituir num dos principais elementos de 
uma nova ordem cultural. Passemos agora, à tarefa de identificar, na introdução 
da psicanálise no Brasil, a ação desta mobilidade como elemento propiciador, 
facilitador, e responsável por uma forma original de difusão. 
3:00 - A 
mobilidade na introdução da psicanálise no Brasil
As notícias sobre as 
pesquisas e o método terapêutico desenvolvido pelo médico vienense Sigmund Freud 
chega ao Brasil nos fins do século XIX. Tem-se informações que Juliano Moreira, 
inovador da psiquiatria brasileira, em 1899, faz uma conferência em sua cátedra 
na Faculdade de Medicina da Bahia em que se refere às idéias de Freud. No Rio de 
Janeiro, Genserico Aragão de Souza Pinto escreve e defende uma tese de doutorado 
em 1914 intitulada Da Psicanálise-A sexualidade das neuroses, constituindo-se no 
primeiro trabalho escrito sobre psicanálise em língua portuguesa. Em São Paulo, 
Franco da Rocha faz, em 1919, uma preleção intitulada O delírio em geral, em sua 
cátedra na Faculdade de Medicina, onde dedica grande espaço aos comentários 
sobre as idéias de Freud para a compreensão do delírio, dos sonhos e da criação 
artística, e em 1920 lança o seu livro O Pan-sexualismo na doutrina de Freud. 
Assim, em vários pontos do Brasil, a psicanálise passa a ser tema 
referido por professores de medicina e psiquiatras durante a década de 10 e de 
20. Podemos citar, no Rio de Janeiro, Antônio Austregésilo, José Joaquim de 
Campos da Costa Medeiros e Albuquerque, que era jornalista e político além de 
membro e presidente da Academia Brasileira de Letras, Maurício Campos de 
Medeiros, Júlio Pires Porto-Carrero, Deodato de Morais, Carneiro Ayrosa, Murilo 
de Campos, Gastão Pereira da Silva; em São Paulo, Franco da Rocha, Durval 
Marcondes,, Osório Cesar; Em Salvador, Artur Ramos de Araújo Pereira, Hosannah 
de Oliveira, Lages Netto, Estácio de Lima e Luiz Rogério; em Porto Alegre, João 
Cesar de Castro e Martin Gomes; em Recife, Ulisses Pernambucano.
Existem 
notícias de um início de clínica psicanalítica desenvolvida por alguns 
precursores do movimento psicanalítico brasileiro, como por exemplo a Clínica 
Psicanalítica da Liga Brasileira de Higiene Mental, fundada em 1924 por Júlio 
Pires Porto-Carrero no Rio de Janeiro, ou de Durval Bellegarde Marcondes que em 
1925 inicia sua clínica psicanalítica privada em São Paulo. Todavia, a maioria 
destes precursores limitaram-se à divulgação e comentários das teses 
psicanalíticas sem estabelecerem vínculos com a instituição que, a partir de 
1910, data de fundação da Associação Internacional de Psicanálise (IPA), passou 
a coordenar o movimento psicanalítico internacional. Entre todos os precursores, 
o único a se tornar pioneiro da psicanálise brasileira foi Durval 
Marcondes.
O início da burocratização do movimento psicanalítico 
internacional promovido pela criação da IPA terá importância fundamental na 
profissionalização dos analistas brasileiros influindo decisivamente nos rumos 
que ela passa a tomar entre nós. Em 1925, no congresso da IPA de Homburgo 
estabeleceu-se as condições da formação de analistas através da adoção pela IPA 
da "formação tripartida" adotada no Instituto Psicanalítico de Berlim, onde foi 
introduzida por Max Eitingon em 1920. Esta formação constituía-se da análise 
pessoal do aluno, participação nos cursos onde tomavam contato com a incipiente 
produção teórica psicanalítica e a condução de duas análises supervisionadas por 
analistas mais experientes. A exigência da análise pessoal e na supervisão de 
casos, será decisiva para promover no Brasil uma grande movimentação de 
psiquiatras e outros interessados de acordo com as normas internacionais 
definidas pela IPA. Identifico neste momento uma primeira manifestação da 
mobilidade, como constituinte da tradição brasileira, na instalação da 
profissionalização da psicanálise entre nós. Esta mobilidade (mobilidade 
horizontal) é expressa não somente pela mudança de psiquiatras brasileiros para 
o exterior na busca de formação bem como nas idas e vindas de analistas,
além da 
trocas de correspondência entre analistas e membros da direção da IPA, 
estabelecendo gestões no sentido de conseguirem a imigração de analistas 
europeus para o Brasil com a finalidade de procederem à formação dos 
interessados.
Após se inteirar dos critérios definidos pela IPA no 
tocante ao modelo de formação psicanalítica, Durval Marcondes, inicia uma 
correspondência ininterrupta com os funcionários da IPA no sentido de trazer um 
analista didata para São Paulo. A primeira oportunidade concreta surgida foi em 
1932 com a concordância de René Arpad Spitz de mudar-se da Alemanha, onde era 
membro de DPG, para o Brasil fixando-se em São Paulo. René Spitz, que em 1911 
tinha feito sua análise didática com Freud, aguarda a correspondência com as 
últimas instruções para sua imigração. Todavia, a deflagração da Revolução 
Constitucionalista, toda a correspondência para o exterior é proibida. Em 
virtude da demora da resposta brasileira, Spitz vai para Paris e em 1938 muda-se 
para os Estados Unidos, onde vai trabalhar em sintonia com a Psicologia do 
Ego.
Em 1934, Durval Marcondes recebe uma correspondência do presidente 
da IPA, Abraham Arden Brill na qual informa que alguns psicanalistas judeus ou 
liberais antinazistas, de grande reputação profissional se dispõem a vir para o 
Brasil ou outro país da América do Sul. De posse desta carta, Durval Marcondes 
procura as autoridades educacionais estaduais pensando na possibilidade de 
vincular os possíveis imigrantes a alguma universidade. Não conseguiu, todavia, 
o apoio oficial tão importante para esta oportunidade de iniciar a formação 
psicanalítica em São Paulo.
A insistência obstinada de Durval Marcondes 
em sua correspondência com analistas não foi, contudo, infrutífera. Parece que, 
as aspirações brasileiras sempre eram lembradas tão logo algum analista europeu 
se manifestasse com interesses emigratórios. Assim, no Congresso Psicanalítico 
Internacional de Mariembad, em 1936, Ernest Jones, então presidente da IPA, ao 
se inteirar do desejo da Dra. Adelheid Lucy Koch de emigrar, lembrou-se 
imediatamente das aspirações brasileiras, e, finalmente em 1937 Dra. Koch vem 
para o Brasil, e em 1938, após estudar a língua portuguesa, começa sua atividade 
didática, analisando Durval Marcondes, Virgínia Leone Bicudo, que era professora 
primária e estudante universitária de sociologia, Darcy de Mendonça Uchoa, 
Flávio R. Dias. Em meados dos anos 40, outros candidatos não médicos, 
incorporaram-se ao grupo inicial: Frank Philips, que era engenheiro, Lygia 
Alcântara do Amaral, educadora sanitária, Henrique Mendes, educador sanitário e 
mais tarde médico, além de Isaias Melsohn, que era médico. Na década de 50, 
Paulo Lentino, Waldemar Cardoso e Mário Yan, psiquiatras iniciam sua formação. 
Ainda na década de 50, dois outros analistas-didatas europeus se incorporaram ao 
movimento paulista: o sueco Niels Haagen, que, contudo não se adaptou ao Brasil, 
retornando à Europa e Theon Spanudis, vindo de Viena que no final dos anos 50 
abandona a profissão de psicanalista para se dedica às artes 
plásticas.
No Rio de Janeiro, muitas tentativas foram feitas a fim de 
promover a vinda de analistas didatas para iniciar a formação profissional de 
analistas. Há, como em São Paulo, intensas gestões junto à comunidade 
psicanalítica internacional. José Affonso Netto, como presidente do Centro de 
Estudos Juliano Moreira, criado com finalidade de difundir as idéias 
psicanalíticas, e Danilo Perestrello, como secretário-geral, insistem com 
analistas da Argentina, Estados Unidos e Europa neste sentido.
Em abril 
de 1945, Arnaldo Rascovsky, argentino, membro da APA, ex-analizando de Angel 
Garma, é convidado para residir no Rio e iniciar aqui um novo grupo brasileiro. 
O convite não é aceito, mas Rascovsky dá uma série de conferências no CEJM bem 
como na universidade. Em seguida Angel Garma, analisado em Berlim por Theodor 
Reik e também membro fundador da APA faz conferências e se dispõe em intermediar 
a vinda para o Brasil de Georg Gerö, que residia em Nova York, que, todavia, 
resultou infrutífera. Marie Languer, uma analista austríaca que emigrara para a 
Argentina, tornando-se membro da APA, também foi convidada, tendo sido, contudo 
impossível de conseguir a reavalidação do diploma no Brasil. Gestões semelhantes 
foram feitas com Daniel Lagache em Paris, que também não se 
concretizaram.
Finalmente, em 2 de fevereiro de 1948, chega ao Rio, 
indicado por Ernest Jones o médico polonês Mark Burke, ex-analizando de James 
Strachey, e em 23 de fevereiro inicia as análises didáticas de José Mariz de 
Moraes, Januário Jobim Bittencourt, Sebastião Fontes Lourenço, João José Barbosa 
Quental, Domício Arruda Câmara, Manoel Thomaz Moreira Lyra, João Cortes de 
Barros, Edgard Guimarães de Almeida, Luiz Lacerda Werneck, Pedro Figueiredo, 
Sylvio Grieco e Mário Pacheco de Almeida Prado. Em dezembro de 1948, chega, 
também indicado por Ernest Jones, Werner Kemper, sendo que sua análise iniciaram 
em março de 1949, tendo como analisandos Erika de Almeida, João Marafelli Filho, 
Gerson Bolsoi, Inês Besouchet, Noemi da Silveira Rudolfer, Fábio Leite Lobo, 
Celestino Prunes, Souza Viana, Zenaira Aranha, Inaura Carneiro Leão e Luiz 
Dahlheim. Em consequência da formação destes dois grupo, além de outras 
intercorrências que não trataremos aqui, formam-se no Rio de Janeiro duas 
Sociedades Psicanalíticas filiadas à IPA: a Sociedade Psicanalítica do Rio de 
Janeiro (SPRJ), reconhecida em 1955 e a Sociedade Brasileira de Psicanálise do 
Rio de Janeiro (SBPRJ), reconhecida em 1959.
Uma outra manifestação de 
mobilidade horizontal está expressa nas idas e vindas de analistas que viajam 
para o exterior com finalidades de realizarem formação profissional ou mesmo se 
inteirarem das novas idéias surgidas no movimento psicanalítico internacional, 
residindo por alguns anos no exterior ou indo em viagens mais curtas para 
estudos ou participação em congressos.. Assim temos em São Paulo, em 1945, Frank 
Philips muda-se para Londres onde se re-analisa com Melanie Klein até 1954, e, 
em seguida com Wifred Bion até 1961. A própria Dra. Koch, em 1948 viaja para 
Londres onde frequenta seminários e supervisões com M. Klein e outros do grupo 
kleiniano. Ainda na década de 40, Isaias Melsohn viaja para os Estados Unidos 
onde se re-analisa. Em 1951, Henrique Mendes viaja para Londres onde faz 
re-análise com Eve Rosenfeld, do grupo kleiniano, retornando em 1956 para o 
Brasil fixando-se no Rio de Janeiro. Em 1953, Frank Philips vem ao Rio de 
Janeiro para realizar seminários e supervisões sobre a teoria desenvolvida por 
Klein. Virgínia Bicudo vem ao Rio onde inicia uma análise com Philips. 
Posteriormente, em 1955 muda-se para Londres onde por 5 anos prossegue sua 
análise com Philips e frequenta seminários e supervisões do grupo kleiniano e da 
Tavistock Clinic, retornando ao país em 1960. Em 1956, a Sociedade de São Paulo 
recebe a visita para ministrar seminário e supervisões o Dr. Hans Thorner, 
também analista do grupo kleiniano. Em 1956, Lygia Amaral faz viagem de estudos 
e supervisão com membros do grupo kleiniano em Londres. Sem nos estendermos mais 
com relação à mobilidade em São Paulo, resta registrar a grande influência que 
teve nesta sociedade como também na psicanálise brasileira a vinda de Bion para 
conferências e supervisões tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro na década 
de 70.
No Rio de Janeiro, observamos também uma intensa movimentação de 
analistas no sentido de realizarem ou aperfeiçoarem suas formações. Em 1945, 
Alcyon Bahia muda-se para Buenos Aires onde realiza sua formação psicanalítica 
na APA. Em 1946, Danilo Perestrello muda-se para Buenos Aires onde inicia sua 
formação analítica com C. E. Cárcamo. Júlio Paternostro muda-se para a Itália, 
onde realiza sua formação analítica. Décio de Souza, gaúcho, irá fixar 
residência
no Rio de Janeiro após sua formação psicanalítica realizada em 
Londres. Edgard Guimarães de Almeida realizou estágios em Paris tendo feito sua 
formação psicanalítica em Londres. Em 1958, vem ao Brasil para uma série de 
conferências seminários e supervisões a Dra. Paula Heimann. Em 1946, Maria 
Alzira Perestrello muda-se para Buenos Aires onde realiza sua formação 
psicanalítica analisando-se com Enrique Pichon Rivière. Em 1953, Pedro de 
Figueiredo Correia, vai para Londres onde realiza supervisões na Sociedade 
Britânica de Psicanálise. Em 1947, Walderedo Ismael de Oliveira se desloca para 
Buenos Aires onde realiza sua formação psicanalítica em análise com Marie 
Languer. Sabe-se que Domício de Arruda Câmara, que havia iniciado sua análise 
com Burke, muda-se para Londres onde se analisa com Bion. Entre os analistas da 
SPRJ, João Marafelli Filho viaja no início dos anos 60 para Londres onde se 
re-analisa com Frank Philips. Inês Besouchet também vai para Paris, nos fins dos 
anos 50 onde efetua uma re-análise com Nacht. Entre os analistas em formação na 
SPRJ viajam para São Paulo onde realizam a segunda supervisão necessária à 
formação. De Porto Alegre, sabe-se que Mário Martins, analisando-se com Angel 
Garma e sua esposa, Zaira Martins, com Arminda Aberastury, terminavam, ambos, 
por volta de 1947, suas formações na Argentina. Ciro Martins também faz sua 
formação em Buenos Aires. Na Bahia, encontramos o psicanalista argentino Emílio 
Rodrigué, que, dissidente da APA, muda-se para o Brasil em 1974.
No que 
diz respeito aos analistas brasileiros formados na França com marcada influência 
de Lacan, verificamos que a tendência geral é procurarem a universidade, 
principalmente nos departamentos de psicologia onde iniciam um movimento 
importante na relação da psicanálise com a universidade. Em 1973, Durval 
Checchinato retorna a Campinas, vindo de Estrasburgo onde realizou sua formação 
com Lucien Israël e Moustapha Safouan. Em 1975, Luiz Carlos Nogueira, de São 
Paulo, Jaques Laberge e Ivan Correia, de Recife, fundam o primeiro centro 
lacaniano no Brasil, o Centro de Estudos Freudiano. Em 1977, Magno Machado Dias, 
que se analisou durante alguns meses com Lacan em Paris, funda com Betty Milan, 
outra analisanda de Lacan o Colégio Freudiano do Rio de Janeiro. A partir desta 
data, notadamente na década de 80, nada menos do que 8 instituições lacanianas 
são fundadas no Rio de Janeiro, sempre com participação de analistas que se 
deslocaram para a França no sentido realizarem sua formação.
Creio que 
deixei claro a grande mobilidade horizontal desenvolvida principalmente pelos 
pioneiros no sentido da introdução da psicanálise no Brasil. É bem verdade que 
esta mobilidade não se limita aos pioneiros. Ainda hoje muitos brasileiros 
procuram centros europeus, principalmente, onde realizam sua formação ou estudos 
de pós-graduação no campo da psicanálise.
Uma mobilidade vertical,- 
conforme já observamos em Gilberto Freire - também vai ser observada, em geral 
associada à mobilidade horizontal. Trata-se da grande receptividade, desde o 
freudismo, de todas as novas teorias que surgem na Europa ou nos Estados Unidos 
no campo da Psicanálise. Desta forma temos a introdução da idéias de Melanie 
Klein que aparecem como algo inovador em relação às idéias de Freud, a 
Psicologia do Ego como uma "evolução" do freudismo e o lacanismo como a 
"redescoberta" do "verdadeiro" Freud. Todas as novas teorias que entre nós 
ganham adeptos, se dizem a "verdadeira" psicanálise. Entre elas trava-se uma 
batalha explícita pela hegemonia no ambiente "psi" e pelo poder institucional e 
intelectual. Todavia, nota-se uma frequente e recorrente repetição de clichês e 
de ausência de reflexões originais, mesmo no sentido de Kuhn, na produção de uma 
"ciência normal". O antagonismo a esta mobilidade vai se estabelecer na maneira 
como as instituições psicanalíticas vão se estruturar no Brasil, o que é um 
assunto para outra oportunidade.
A discussão, entre o que é cópia da 
cultura européia por uma pequena elite enquanto o grosso da população permanece 
inculta, é uma questão que extrapola os nossos limites nesta monografia, mas, 
importantíssima de ser abordada com suficiente vagar e reflexão. Pretendi no 
momento aproximar a idéia de mobilidade, conforme abordada por Gilberto Freire e 
Sérgio Buarque de Hollanda, dos movimentos que vieram propiciar o início da 
difusão da psicanálise entre nós, identificando a sua presença como um dos 
elementos da cultura brasileira facilitadores deste empreendimento. 
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psychanalyse, Paris: Fayard, 
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no divã da história, Tese de mestrado, 
Campinas:UNICAMP,1989
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doutorado em andamento.

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