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PROF. ROGÉRIO SANCHES DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 1 Direito Penal – Rogério Sanches Conteúdo Direito Penal – Rogério Sanches ............................................................................................................ 1 Teoria Geral da Pena .............................................................................................................................. 7 a) Princípio da Reserva Legal: .............................................................................................................. 11 b) Princípio da Anterioridade: .............................................................................................................. 11 c) Princípio da Personalidade ou Intransmissibilidade da pena (art. 5°, XLV, CRFB/88): .................. 11 d) Princípio da Individualização da Pena (art. 5°, XLVII, CRFB/88): .................................................... 12 e) Princípio da Proporcionalidade (é um princípio constitucional implícito): .................................... 13 f) Princípio da Inderrogabilidade ou Inevitabilidade da pena: ........................................................... 13 g) Princípio da Humanidade ou Humanização das penas (art. 5°, XLIX, CRFB/88): ........................... 14 h) Princípio da Proibição da Pena Indigna: .......................................................................................... 14 Aula 4 – 7/2/2011 .................................................................................................................................. 43 Observações: ........................................................................................................................................ 45 Súmula 693, STF – exclusiva para multa. .................................................................................. 47 Súmula 171, STJ ........................................................................................................................... 52 I – condenação definitiva por crime doloso; ....................................................................................... 57 I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; ..................................................... 58 III – descumpre a condição do §1º do artigo 78 do CP; ....................................................................... 59 I – descumprimento injustificado de quaisquer outras condições impostas; .................................... 59 CONCURSOS DE CRIMES ....................................................................................................................... 63 Comum cair como discursiva! .............................................................................................................. 63 Súmula 497......................................................................................................................................... 71 Súmula 497......................................................................................................................................... 71 QUADRO COMPARATIVO - IMPORTANTE ........................................................................................... 77 MEDIDA DE SEGURANÇA ....................................................................................................................... 78 1. Conceito: ................................................................................................................................... 78 DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 2 2. Finalidade .................................................................................................................................. 79 3. Princípios da Medida de Segurança .......................................................................................... 79 3.1 Princípios da Pena ............................................................................................................. 79 3.2 Observações ...................................................................................................................... 79 3.2.1 Princípio da legalidade .............................................................................................. 79 3.2.2 Princípio da proporcionalidade ................................................................................. 80 4. Pressupostos da Medida de Segurança .................................................................................... 80 4.1 Prática de fato previsto como crime (fato típico + ilícito/antijurídico) ............................. 80 MS: pós-delituais ....................................................................................................................... 80 4.2 Periculosidade do agente .................................................................................................. 81 - Existe Medida de Segurança preventiva? ............................................................................... 81 5. Espécies de Medida de Segurança ............................................................................................ 83 5.1 Detentiva ........................................................................................................................... 83 5.2 Restritiva ........................................................................................................................... 83 6. Duração da Medida de Segurança ............................................................................................ 84 Lei: ................................................................................................................................................. 84 Prazo Mínimo: 1 a 3 anos .................................................................................................. 84 É possível detração? Sim. ...................................................................................................... 84 Prazo Máximo .................................................................................................................... 84 7. Perícia Médica ........................................................................................................................... 85 Admite-se médico particular para acompanhar a MS? ................................................................ 85 Pode o juiz se valer de laudo psiquiátrico de interdição do cível? ............................................... 85 8. Desinternação ou Liberação do Agente: ................................................................................... 85 9. Superveniência de Doença Mental na fase de execução .......................................................... 86 CP 41 – Enfermidade passageira – transferência de estabelecimento ......................................... 87 LEP 183 – Enfermidade duradoura – Substituição Pena-> MS ...................................................... 87 EFEITOS DA CONDENAÇÃO ................................................................................................................... 88 1. Efeitos penais ............................................................................................................................ 88 1.1 Principal: ............................................................................................................................ 88 DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 3 - execução forçada da pena imposta;....................................................................................... 88 1.2 Secundários: ...................................................................................................................... 88 - reincidência; ............................................................................................................................ 88 - interrupção da prescrição; ...................................................................................................... 88 - revogação de sursis ................................................................................................................. 88 - revogação de livramento condicional ..................................................................................... 88 - etc; ........................................................................................................................................... 88 2. Efeitos extrapenais: ................................................................................................................... 88 2.1 Genéricos: ......................................................................................................................... 88 2.2 Específicos: ........................................................................................................................ 88 I – perda de cargo ou função pública ........................................................................................ 89 II – incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela .................................. 89 III – inabilitação para dirigir veículo .......................................................................................... 90 REABILITAÇÃO ....................................................................................................................................... 90 1. Previsão Legal: CP 93 ................................................................................................................. 90 2. Conceito .................................................................................................................................... 91 3. Requisitos: ................................................................................................................................. 91 I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; ............................................................. 92 4. Reabilitação X Pluralidade de penas ......................................................................................... 92 5. Revogação da Reabilitação ........................................................................................................ 93 6. Legitimados ............................................................................................................................... 93 6.1 Juiz ..................................................................................................................................... 93 6.2 MP ..................................................................................................................................... 93 6.3 Requisitos .......................................................................................................................... 93 a) Condenado .................................................................................................................... 93 b) Reincidente.................................................................................................................... 93 c) Pena =/= Multa .............................................................................................................. 93 6.4 A doutrina admite reabilitação para o semi-imputável com Medida de Segurança. ....... 94 7. Competência: Juiz da condenação ............................................................................................ 94 DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 4 PARTE ESPECIAL .................................................................................................................................... 95 Crimes Contra a Pessoa ......................................................................................................................... 95 crimes contra a vida .............................................................................................................................. 95 1. Homicídio .................................................................................................................................. 95 1.1 Conceito ............................................................................................................................ 95 1.2 Homicídio Simples (art. 121, caput) .................................................................................. 95 1.3 Homicídio Privilegiado (art. 121, §1º) ............................................................................... 97 1.3.1 Impelido por motivo de relevante valor social ......................................................... 98 1.3.2 Impelido por motivo de relevante valor moral ......................................................... 98 1.3.3 Homicídio emocional ................................................................................................. 98 - domínio de violenta emoção .............................................................................................. 98 - imediatidade da reação....................................................................................................... 98 - injusta provocação da vítima .............................................................................................. 99 Preenchidos os requisitos, o privilégio é um direito subjetivo do réu. ............................. 99 Incomunicabilidade das privilegiadoras: ........................................................................... 99 1.4 Homicídio Qualificado – sempre Hediondo (art. 121, §2º) ............................................. 100 1.4.1 Motivo Torpe (art. 121, §2º, I) ................................................................................ 100 1.4.2 Motivo Fútil (art. 121, §2º, II) .................................................................................. 101 1.4.3 Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel ou de que possa resultar perigo comum (Art. 121, § 2º, III) .......................................... 102 1.4.4 Traição, emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (Art.121, § 2º, IV) ...................................................... 102 1.4.5 Assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime (Art. 121, § 2º, V) ..................................................................................................................... 103 1.5 Homicídio culposo (art. 121,§ 3º) ................................................................................... 105 1.6 Majorantes do homicídio Culposo(art. 121, § 4º, 1ª parte) ............................................ 107 1.6.1 Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: .................................. 107 1.6.2 Omissão de socorro ................................................................................................. 107 1.6.3 O agente não procura diminuir as consequências do seu ato ................................ 108 DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 5 1.6.4 Fuga para evitar o flagrante ....................................................................................108 1.7 Majorantes do homicídio Doloso(art. 121, §4º, 2ª parte) .............................................. 109 1.7.1 Praticado contra pessoa menor de 14 anos e maior de 60 anos ............................ 109 1.8 Perdão judicial (art. 121, §5º) ......................................................................................... 109 - natureza jurídica da sentença concessiva do perdão judicial: .............................................. 110 2. Infanticídio (art. 123 do CP) .................................................................................................... 112 2.1 Hipótese elementar que torna um tipo geral um tipo especial: Especializantes ............ 112 2.2 Sujeito Ativo Próprio ....................................................................................................... 113 2.3 Sujeito Passivo Próprio .................................................................................................... 114 2.4 Tipo Objetivo (elementares) ........................................................................................... 114 2.4.1 Crime de execução livre .......................................................................................... 114 2.4.2 Circunstância Elementar de Tempo: Estado Puerperal ........................................... 115 2.4.3 Crime doloso ........................................................................................................... 116 2.4.4 Crime material: consumação com a morte ............................................................. 116 2.4.5 Tentativa: possível ................................................................................................... 116 2.4.6 Infanticídio X Abandono de recém nascido com resultado morte ......................... 116 3. Aborto ..................................................................................................................................... 117 3.1 Classificação doutrinária: ................................................................................................ 117 3.1.1 Aborto natural ......................................................................................................... 117 3.1.2 Aborto acidental ...................................................................................................... 117 3.1.3 Aborto criminoso ..................................................................................................... 118 3.1.4 Aborto permitido..................................................................................................... 118 3.1.5 Aborto miserável/econômico-social ....................................................................... 118 3.1.6 Aborto “honoris causa” ........................................................................................... 118 3.1.7 Aborto eugênico (eugenésico) ................................................................................ 118 3.2 Formas criminosas do aborto .......................................................................................... 118 3.2.1 Artigo 124: autoaborto ou aborto com consentimento para que outrem lhe provoque 119 3.2.2 Artigo 125: aborto provocado por terceiro ............................................................. 121 DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 6 3.2.3 Artigo 126: aborto provocado por terceiro com consentimento válido da gestante 123 3.2.4 Artigo 127: aborto majorado .................................................................................. 125 3.2.5 Artigo 128: aborto legal / permitido ....................................................................... 127 QUADRO CASUÍSTICO ......................................................................................................................... 155 CRIMES CONTRA A HONRA ................................................................................................................ 157 CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL ..................................................................................... 178 III – se a privação da liberdade dura mais de 15 dias; ....................................................................... 181 IV – se o crime é praticado contra menor de 18 anos; ...................................................................... 182 V – se o crime é praticado com fins libidinosos; ............................................................................... 182 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ...................................................................................................... 185 Observação: ........................................................................................................................................ 193 CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL ............................................................................................. 255 III – metade, se do crime resultar gravidez; ...................................................................................... 278 CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................................. 278 Obs.: ambas as modalidades admitem tentativa; .............................................................................. 284 OUTROS CRIMES ................................................................................................................................. 296 FIM ............................................................................................................. Erro! Indicador não definido. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 7 Aula 1 – 28/01/2011 Bibliografia: Coleção de Ciências Criminais. Editora RT. Coordenadores LFG e Rogério Sanches. 6 volumes. Cesar Roberto Bittencourt. Editora Saraiva. 5 Volumes. Curso de direito Penal. Rogério Grecco. 4 Volumes. a) TEORIA GERAL DA PENA Art. 32 ao 99, CP Dissertação do MP SP 1. Conceito de Pena: - Espécie de sanção penal (existem outras sanções, ex. medida de segurança); - Resposta estatal consistente na privação ou restrição de um bem jurídico ao autor de um fato punível não atingido por causa extintiva da punibilidade; 2. Finalidades: 2.1 Teoria Absoluta / Retribucionista: Pune-se alguém pelo simples fato de haver delinqüido. A pena era considerada uma majestade sem fins. Apesar de sermos ensinados a criticar essa teoria, ela tem um ponto importante – caiu exatamente isso em concurso: aqui nasce a idéia de proporcionalidade (Lei de Talião: olho por olho, dente por dente). A pena serve apenas para retribuir, com um mal, o mal causado. É importante observar que essa teoria respeita a proporcionalidade, portanto, a pena considera a gravidade do crime. 2.2 Teoria Preventiva / Utilitarista: A pena passa a ser algo instrumental: meio de combate (evitar) à ocorrência e reincidência de crimes. Perigo: a pena tem finalidade preventiva; não se considera mais a gravidade do delito, a pena deixa de ser proporcional à gravidade do fato praticado. Vou aplicar uma pena só pensando em você, sem pensar no fato que você praticou. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 8 Obs.: essa teoria traz um perigo, uma vez que pode redundar em penas indefinidas. 2.3 Teoria Mista / Eclética: Essa teoria juntou em uma só teoria as finalidades das duas teorias anteriores. Assim, a pena visa, ao mesmo tempo, retribuiçãoe prevenção. 2.4 No Brasil, Pena tem tríplice finalidade / Polifuncionalidade da Pena (STF): Informativo 604 2.4.1 Prevenção: - Geral: visa a sociedade - Especial: visa o delinqüente 2.4.2 Retribuição 2.4.3 Ressocialização Obs.: a pena tem essa tríplice finalidade, mas as finalidades não se operam simultaneamente. Como exemplo, podemos citar: 3 fases da pena: - a pena em abstrato (anterior ao crime) tem finalidade de prevenção geral (visa a sociedade, a servir de exemplo para a sociedade)– divide-se em: Prevenção Geral Positiva e Prevenção Geral Negativa. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 9 A Prevenção geral positiva afirma a validade da norma definida afirma a validade da norma desafiada pela prática criminosa. A Prevenção geral negativa busca evitar que o cidadão venha a delinqüir. - a pena em concreto pressupõe o crime, surgindo daí duas finalidades: Prevenção Especial: visa o delinqüente; visa evitar a reincidência. Retribuição: retribuir, com o mal, o mal causado. Para alguns, aqui também deveria estar a prevenção geral. A doutrina moderna discorda, entende que a prevenção geral só existe na pena em abstrato. Obs.: Nesta fase (Aplicação da Pena), não se tem a pretensão de fazer da decisão um exemplo para outros possíveis infratores, em nome da prevenção geral, sob pena de violação do Princípio da Proporcionalidade e Individualização da Pena. Recorrer à prevenção geral na fase da individualização da pena seria tomar o sentenciado como puro instrumento a serviço de outros. Gera um desrespeito à proporcionalidade. - a execução da pena concretiza as disposições da sentença (concretizar a prevenção especial + a retribuição) e trabalha a ressocialização (reintegrar o condenado ao convívio social). DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 10 Finalidades preventiva e retributiva e tem também a finalidade de ressocialização. Ressocialização é o ingresso do delinqüente no convívio social (ver artigo 1° da LEP – lei 7.210). Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. Comum perguntar em concursos: justiça retributiva X justiça restaurativa. Defensoria Pública Atualmente a doutrina alerta que o Brasil está saindo da fase de justiça retributiva (é a que ainda prepondera) e está passando para uma etapa de justiça restaurativa (ex. Lei 9.099/95). JUSTIÇA RETRIBUTIVA JUSTIÇA RESTAURATIVA 1 - o crime é ato contra a sociedade representada pelo Estado; - o crime é ato contra a comunidade e contra a própria vítima; 2 - o interesse na punição é público; - o interesse em punir ou reparar o dano é das pessoas envolvidas no caso; 3 - a responsabilidade do agente é individual; - há responsabilidade social pelo ocorrido; 4 - predomina a indisponibilidade da ação penal; - predomina a disponibilidade da ação penal; 5 - a concentração do foco punitivo volta-se ao infrator; - há concentração de foco conciliador; 6 - há predomínio de penas privativas de liberdade; - há o predomínio da reparação do dano e das penas alternativas; 7 - existem penas cruéis e humilhantes; - as penas são proporcionais e humanizadas; DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 11 8 - consagra-se a pouca assistência à vítima; - o foco da assistência é voltado à vítima = preocupa-se com a assistência à vítima; 9 Exemplo Lei 8.072/90 - Exemplos de Lei que demonstram essa transição: - lei 9.099/95 (marco inicial da transição de uma justiça retributiva para uma justiça restaurativa); - lei 11.719/08 (alterou o rito permitindo desde logo, ao juiz penal, antecipar a reparação do dano); 3. Princípios informadores da Pena: 3.1 Princípio da Reserva Legal: Já explicado no Intensivo I. 3.2 Princípio da Anterioridade: Já explicado no Intensivo I. 3.3 Princípio da Pessoalidade / Personalidade / Intranscendência / Intransmissibilidade da pena (art. 5°, XLV, CRFB/88): Art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; - nenhuma pena passará da pessoa do condenado; - Absoluto ou Relativo? DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 12 - 1ª Corrente: o princípio da personalidade da pena é relativo, admitindo uma exceção prevista na própria CF: a pena de confisco. Flávio Monteiro de Barros. Art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; Confisco é pena, e como pena, pode ser estendida aos sucessores. - 2ª Corrente: o princípio da personalidade da pena é absoluto, não admitindo exceções. Confisco não é pena, mas efeito (obrigação) da sentença. PREVALECE. Luiz Flávio Gomes. Multa é executada como dívida ativa, mas não perde o caráter penal e, por isso, não posse passar da pessoa do condenado. 3.4 Princípio da Individualização da Pena (art. 5°, XLVII, CRFB/88): XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras (o legislador ordinário pode criar outras penas), as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; - a pena deve ser individualizada considerando o fato e seu agente; - esse princípio não é dirigido exclusivamente ao juiz da condenação, mas também deve ser observado pelo legislador e pelo juiz da execução; Portanto, deve ser observado em 3 momentos: Cominação da pena (Legislador) Aplicação da Pena (Juiz da Condenação) Execução da Pena (Juiz da Execução) DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 13 * Esse foi um dos princípios norteadores da declaração de inconstitucionalidade do regime integralmente fechado, pelo STF. - Sistemas de Penas: - Sistema de Penas Relativamente Indeterminadas: há variação de penas mínimas e máximas, e essa variação deve ser considerável, permitindo a individualização de penas – ADOTADO; - Sistema de Penas Fixas: não há penas mínimas nem penas máximas, a pena é fixa, não havendo obediência ao princípio da individualização da pena; 3.5 Princípio da Proporcionalidade (é um princípio constitucional implícito): - a pena deve ser proporcional à gravidade da infração, deve ser meio proporcional ao fim perseguido (prevenção + retribuição) com a aplicação da pena; - um desdobramento lógico do Princípio da Proporcionalidade é o Princípio da Suficiência da pena alternativa: se a pena alternativa é suficientepara prevenção e retribuição, deve-se aplicar esta. O STF vem utilizando muito este princípio. - a proporcionalidade tem 2 enfoques: - evitar a hipertrofia da punição (excesso) – art. 273, §1°-b, CP; - nesse caso o juiz pode aplicar uma outra pena, uma vez que a pena vai ser menor do que a prevista na lei. - evitar a insuficiência da intervenção estatal (impunidade) – art. 319-A, CP; - nesse caso o juiz não pode aplicar uma outra pena maior do que a prevista em lei, uma vez que estaria ferindo o princípio da reserva legal. 3.6 Princípio da Inderrogabilidade / Inevitabilidade da pena: - desde que presentes seus pressupostos, a pena deve ser aplicada e fielmente cumprida. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 14 - uma exceção a esse princípio é o instituto do perdão judicial; na justiça restaurativa esse princípio tende a ter cada vez mais exceções; - no MS, o examinador perguntou sobre a diferença entre os princípios: P. da Bagatela Própria P. da Bagatela Imprópria O fato não causa relevante lesão ao bem jurídico. É hipótese de atipicidade. Apesar de o fato causar relevante lesão ao bem jurídico, a pena é desnecessária. Falta de interesse de punir. 3.7 Princípio da Humanidade ou Humanização das penas (art. 5°, XLIX, CRFB/88): - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral, sendo proibidas as penas de caráter cruel, degradante, desumano; - o Brasil é um Estado Constitucional e Humanista; - desdobramento lógico do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana; 3.8 Princípio da Proibição da Pena Indigna: - desdobramento lógico do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana; - a ninguém pode ser imposta pena ofensiva à dignidade da pessoa humana; - se, por um lado, o crime jamais deixará de existir no atual estágio da Humanidade, por outro, há formas humanizadas de garantir a eficiência do Estado para punir o infrator, corrigindo-o sem humilhação, com a perspectiva de pacificação social. Esse é um lema de justiça restaurativa. 23:03 4. Tipos de Pena: 4.1 Penas proibidas no Brasil (art. 5°, XLVII, CRFB/88): XLVII - NÃO haverá penas: a) de morte, em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 15 Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; - de morte (salvo em caso de regra declarada nos termos do artigo 84); Obs. 1: Zaffarroni diz que pena de morte não é pena, pois falta-lhe cumprir as finalidades de prevenção e de ressocialização. Em caso de guerra declarada, admite-se, vez que nessa hipótese, fracassou o Direito, merecendo resposta especial, caso de inexigibilidade de conduta diversa. No Brasil mata-se por meio de fuzilamento. Obs. 2: Lei do Abate: Lei 7.565/86, artigo 303, § 2º. Isso não seria uma pena de morte? Obs. 3: Lei 9.605/98, art. 24 – Lei dos Crimes Ambientais. Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. É uma verdadeira pena de morte para a PJ em tem gente questionando a constitucionalidade. Apesar disso, o art. 5º traz garantias para a pessoa física, não para a PJ. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 16 - de caráter perpétuo Obs. 1: art. 75, CP. Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade (reclusão e detenção) não pode ser superior a 30 (trinta) anos. Obs. 1: Estatuto de Roma – art. 77, § 1º, “b” – criou o TPI e admite a pena de caráter perpétuo. O Brasil ratificou o tratado. Há um conflito entre a CF e o Estatuto de Roma? O conflito é apenas aparente. A Constituição Federal, quando prevê a vedação da pena de caráter perpétuo, está direcionando seu comando tão-somente para o legislador interno, não alcançando os legisladores estrangeiros e tampouco os legisladores internacionais. - no que se refere ao prazo indeterminado de medida de segurança no Brasil, teria sido ele recepcionado pela CRFB/88? - 1ª Corrente: a medida de segurança, em sua projeção no tempo, deve se limitar ao prazo de 30 anos, vedado o caráter de perpetuidade; a indeterminação do prazo da medida de segurança não foi recepcionada pela constituição federal – nesse sentido Luiz Flávio Gomes e STF; - 2ª Corrente: a constituição proíbe “pena” de caráter perpétuo, não medida de segurança, que não se confunde com “pena”. A medida de segurança não tem finalidade punitiva, mas sim curativa, devendo permanecer enquanto o tratamento for necessário – nesse sentido, algumas decisões do STJ; - de trabalho forçado; - de banimento; DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 17 - cruéis; 5. Penas Permitidas no Brasil: 5.1 Penas Privativas de Liberdade: 5.1 Reclusão; 5.2 Detenção; 5.3 Prisão Simples (prevista na LCP); É a privativa de liberdade para as Contravenções Penais. Em concurso cai muito a diferença da Reclusão para a Detenção. Principais diferenças: Regime Inicial de cumprimento de pena Medida de Segurança Interceptação telefônica Reclusão F SA A Internação Hoje, a tendência é uma política antimanicomial. Admite Detenção Regra: F SA A Pode ser tratamento ambulatorial Não se admite. STF: realizada a interceptação telefônica de forma fundamentada, legal e legítima, as informações e provas coletadas na diligência podem subsidiar denúncia para crime punido com detenção, desde que conexo ao delito punido com reclusão, objeto da interceptação. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 18 5.4 Penas Restritivas de Direito: - Prestação de Serviços Comunitários; - Limitação de Fim de Semana; - Interdição Temporária de Direitos; - Prestação Pecuniária; - Perda de Bens e Valores; Obs.: a lei 11.343/06 criou outras espécies de penas restritivas de direitos: advertência sobre os efeitos das drogas; prestação de serviços à comunidade; medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 5.5 Pena Pecuniária: - Multa; Obs.: o artigo 17 da Lei 11.340/06 diz que no caso de violência doméstica familiar contra mulher é vedada a aplicação de penas de cestas básicas bem como outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. Ou seja, não pode ser aplicada somente pena de naturezareal, devendo ser aplicada também pena de natureza pessoal, salvo se o crime for punível apenas com multa. - Diferenças entre Detenção e Reclusão: DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 19 TIPO DE PENA PROCEDIMENTO MEDIDA DE SEGURANÇA REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA RECLUSÃO Rito Ordinário Internação Fechado; Semi- aberto; aberto Admite DETENÇÃO Rito Sumário ou Rito Especial Pode ser tratamento ambulatorial Semi-aberto e aberto Não Admite OBSERVAÇÕES: Atualmente, depois da lei 11.719, o que importa é o quantum da pena, e não a qualidade Há exceções Há uma exceção de questionável constitucionalidade Obs.: no HC 83.515 o STF admitiu a denúncia amparada em provas conseguidas por interceptação telefônica de crime de Detenção em interceptação autorizada em razão de crime de Reclusão, desde que os crimes sejam conexos. 6. Aplicação da Pena: 1ª etapa: o juiz deve calcular a pena O cálculo da pena, de acordo com o artigo 68 do CP, segue um critério trifásico1/Nelson Hungria: - sobre a pena simples (ex.: 121 – 6 a 20 anos) / pena qualificada (ex.: 121 - ???): 1 O preceito sancionador simples ou qualificado serve como norte para a aplicação do critério trifásico, ou seja, o tipo penal se dá antes do critério trifásico, não entrando nele, mas sim servindo de norte. Esse critério foi criado por Nélson Hungria, e como tributo à ele, o critério também é chamado de “Critério Nélson Hungria”. Tal critério é o que melhor viabiliza o direito de defesa. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 20 - 1ª fase - fixar a pena base (com fundamento nas circunstâncias judiciais - art. 59, CP); - 2ª fase – fixar a pena intermediária (agravantes e atenuantes); - 3ª fase – fixar a pena definitiva (causas de diminuição e de aumento de pena); - A qualificadora não entra no critério trifásico, é ponto de partida. - Tal método procura viabilizar o exercício do direito de defesa, colocando o réu inteiramente a par de todas as etapas de individualização da pena, bem como passa a conhecer que valor atribuiu o juiz às circunstâncias legais que reconheceu presentes. 2ª etapa: depois do cálculo da pena, surgem mais duas fases: - 1ª fase: fixar do regime inicial; - 2ª fase: analisar a possibilidade de substituição por penas alternativas ou de “sursis”; - Cálculo da Pena (Sistema Trifásico) - 1ª Fase de Aplicação da Pena: - Finalidade/Objetivo: - fixar a pena base; - ponto de partida: pena simples ou qualificada - ferramenta: art. 59 – circunstâncias judiciais Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos (tudo isso se refere ao criminoso), às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 21 I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos (PENA- BASE); III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. - sobre o preceito secundário (simples ou qualificado) será fixada a pena base que varia de um mínimo até o máximo nos termos do artigo 68 do CP, sendo o mínimo e máximo definido de acordo com os mandamentos do artigo 59 do CP; - existe uma crítica em relação as circunstância subjetivas do artigo 59 do CP que deve ser usada em prova de defensoria pública: adotando a CRFB/88 um direito penal garantista, compatível, unicamente, com o direito penal do fato, temos doutrinadores criticando as circunstâncias subjetivas constantes no artigo 59 (hipóteses de direito penal do autor) – nesse sentido: Ferrajoli; Salo de Carvalho. Rebatendo essa crítica, autores fundamentam que o princípio da individualização da pena diz que devemos considerar o fato e o agente, somente assim sendo possível a individualização da pena de forma precisa e justa. - como o MP rebate isso? No princípio da individualização da pena, ela deve ser fixada considerando a gravidade do fato e o agente. O próprio princípio exige do juiz essa postura. Assim, prevalece, que as circunstâncias subjetivas devem ser consideradas para se alcançar a justa individualização da pena. Aqui terminou a aula de 28/01/2011 - Circunstâncias Judiciais do artigo 59: DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 22 - culpabilidade: grau maior ou menor de reprovabilidade da conduta (não pode ser confundida tal culpabilidade com a culpabilidade substrato do crime). Aqui analisa-se o agente frente ao bem jurídico. - antecedentes: é a vida pregressa do agente. É aqui que se encontram as “testemunhas de beatificação”, sendo aquelas que têm a função de atestar bons antecedentes. Os antecedentes podem ser bons ou ruins. - inquérito policial arquivado: não gera maus antecedentes, embora alguns doutrinadores dizem que depende do motivo do arquivamento; - inquérito policial em andamento: não gera maus antecedentes também em princípio da presunção de não-culpa; - ação pena com absolvição definitiva: não gera maus antecedentes, embora haja doutrina que diga que depende do motivo da absolvição; - ação penal em andamento: não gera maus antecedentes, também em decorrência do princípio da presunção de não-culpa; - passagem na vara da infância e juventude: não gera maus antecedentes – é a posição que prevalece em nosso ordenamento; - No Brasil, só gera maus antecedentes condenação definitiva incapaz de configurar a reincidência. - conduta social do agente: o comportamento do réu no seu ambiente de trabalho, familiar e convivência com os outros; - personalidade do agente: é o retrato psíquico do delinqüente; DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 23 Obs.: Rogério Sanches considera a passagem na vara de infância e juventude em ralação às circunstâncias judiciais a “conduta social do agente” e a “personalidade do agente”. De acordo com o STJ, a personalidade do agente não pode ser considerada de forma imprecisa, vaga, insuscetível de controle, sob pena de se restaurar o direito penal do autor. - motivos do crime: é a razão da prática da infração penal; - circunstâncias do crime: o juiz considera a maior ou menor gravidade do crime espelhada pelo modo de execução; - conseqüências do crime: são os efeitos decorrentes do crime para a vítima ou seus familiares; - comportamento da vítima: exemplo clássico está no trânsito, quando a culpa concorrente do pedestre atenua a pena do motorista (lembrando que no Direito Penal não há compensação de culpas); - Obs.: a pena base não pode ficar inferior ao mínimo nem superiorao máximo, devendo ela sempre ficar dentro dos limites legais (art. 59, II, CP). Na prática, o juiz parte do mínimo, aumentando a cada vez que se verifica uma circunstância judicial desfavorável, e havendo redução aproximando-se do mínimo cada vez que estiver presente uma circunstância judicial desfavorável. Há jurisprudência sugerindo que o aumento ou a diminuição se dê em 1/6 para cada circunstância, há doutrina que sugere 1/8. Porém, o mais importante é fundamentar bem o aumento ou a diminuição. Quando o juiz não fundamentar, em regra o Tribunal vai devolver os autos para que o juiz fixe nova pena, DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 24 ou seja, o Tribunal anula apenas a parte do cálculo da pena. Porém, se a pena base não fundamentada estiver no mínimo, não há prejuízo para o acusado, uma vez que ela não poderia ficar menor que o mínimo, sendo esse tipo de aplicação tolerado. - Obs.²: o artigo 59 é usado não só na parte da fixação da pena base, mas em muitas outras ocasiões: Francisco de Assis Toledo dizia que o artigo 59 é o coração da fixação da pena. Usa-se ele por exemplo: fixação do Licial; substituição da pena por multa, etc. - 2ª Fase da Aplicação da Pena: - Finalidade: - encontrar a pena intermediária; - Ferramentas: - agravantes (art. 61 e art. 62 do CP) e atenuantes (art. 65 e art. 66 do CP); a lei especial pode prever outras causas; - o que se agrava ou atenua é a pena base fixada na primeira fase de aplicação da pena; - Questão de Concurso: - As agravantes sempre agravam a pena? - RESPOSTA: Em regra sim, mas há exceções: quando constituem ou qualificam o crime (razão de evitar o bis in idem)2; quando a pena base foi fixada no máximo3; quando a atenuante for preponderante4. - As atenuantes sempre atenuam a pena? 22 Exemplo: a agravante de “crime cometido contra mulher grávida” não incide sobre o crime de aborto, porque essa agravante constitui o crime do artigo 125 e do artigo 126. Outro exemplo: a agravante do “motivo fútil” não incide no homicídio qualificado pela futilidade, pois a mesma causa já constitui a qualificadora do artigo 121 do CP. 3 Na segunda fase de aplicação da pena o juiz também está atrelado aos limites legais. 4 O artigo 67 do Código Penal diz que no concurso de agravante e atenuante, deve-se observar a regra da preponderância. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 25 - RESPOSTA: Em regra sim, mas há exceções: quando constituem ou privilegiam o crime (para Zaffaroni trata-se de analogia “in malam partem”); quando a pena base foi fixada no mínimo legal (o juiz está atrelado aos limites legais – Súmula 231 do STJ5); quando a agravante for preponderante. Para saber qual é a circunstância preponderante, é interessante ver a seguinte orientação em ordem de preponderância: 1ª – Atenuante da menoridade6; 2ª – Agravante da reincidência; 3ª – Atenuantes e agravantes subjetivas7; 4ª – Atenuantes ou agravantes objetivas8; Obs.: agravantes ou atenuantes não se atenuam: se elas forem ambas subjetivas ou ambas objetivas admite-se compensação. Se elas forem de degraus diferentes, deve-se aplicar a preponderante. - o aumento de uma agravante e a diminuição de uma atenuante fica ao critério do juiz, uma vez que não há previsão legal, embora a jurisprudência sugira 1/6. - As agravantes e atenuantes incidem e todo e qualquer crime? - RESPOSTA: AGRAVANTES ATENUANTES - doloso; - doloso; 55 Tal súmula é questionável: há um ex-ministro do STJ que vivia dizendo que a tal súmula é inconstitucional (isso quando fazia parte do STJ) por ferir o princípio da isonomia, ferir o princípio da individualização da pena e também o princípio da legalidade (por falta de previsão legal da regra contida na súmula). Embora existam essas críticas, o STF ratificou recentemente a orientação dessa súmula. 6 A selinidade (mais de setenta anos na data da reincidência), em razão do Estatuto do Idoso, passou a preponderar sobre todas. 7 Ligadas ao motivo do crime, personalidade do agente, estado anímico. 8 Por exemplo, quando ligadas ao meio e modo de execução. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 26 - somente a agravante da reincidência pode incidir em qualquer crime (doloso/culposo/preterdoloso); - culposo; - preterdoloso; - reincidência: é repetir o fato punível, estando descrita no artigo 63 do CP, verificando-se quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que no país ou no estrangeiro o tenha condenado por crime anterior. - pressupostos da reincidência: - trânsito em julgado de sentença penal condenatória por crime anterior; - cometimento de um novo crime; - reincidente no Brasil: PASSADO PRESENTE - condenação definitiva por crime no Brasil ou estrangeiro; - comete novo crime; - condenação definitiva por contravenção penal praticada no Brasil; - comete nova contravenção; - condenação definitiva por crime no Brasil ou estrangeiro; - comete contravenção penal; - somente será considerado reincidente se praticar um crime depois de transitar em julgado a sentença de DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 27 condenação por crime anterior; se praticado o fato no dia em que transitou em julgado não há reincidência, devendo tal fato ser praticado depois, ou seja, um dia subseqüente. - a sentença condenatória estrangeira, para gerar reincidência não depende de homologação pelo STJ. - se o crime praticado no estrangeiro é atípico no Brasil (ex.: perjúrio – réu mentir) não gera reincidência. - no primeiro crime, basta a condenação definitiva, não exigindo o art. 63 do CP aplicação de pena privativa de liberdade nesse crime, bastando a simples condenação (é a posição que prevalece); há doutrina minoritária dizendo que multa não gera reincidência. - se o primeiro crime foi atingido por uma causa extintiva da punibilidade, ele perde força para gerar reincidência de um novo crime dependendo da causa extintiva da punibilidade que tenha incidido sobre o caso concreto: Anterior ao Trânsito em Julgado Posterior ao Trânsito em Julgado - se a causa extintiva da punibilidade é anterior ao trânsito em julgado, não gera reincidência, porque evita o próprio trânsito em julgado (prescrição punitiva); - se a causa extintiva da punibilidade é posterior ao trânsito em julgado, em regra, gera reincidência (ex.: prescrição executória); - exceção à regra: a) anistia; b) abolitio criminis; DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 28 *essas causas, mesmo posteriores ao trânsito em julgado, não geram reincidência; - segundo o artigo 120 do CP, a sentença que conceder o perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência; - sistema da temporariedade da reincidência (art. 64, I, CP): - o trânsito em julgado é pressupostoda reincidência, sendo o cumprimento ou a extinção da pena um marco. O próximo marco é o prazo de 5 anos posterior à esse último. Assim, cinco anos depois do cumprimento ou extinção da pena, não será mais o condenado reincidente. No prazo de 5 anos (prazo de caducidade), computa-se o período de prova do sursis ou do livramento. - não se consideram para efeitos de reincidência os crimes militares próprios e políticos: - se o crime passado, o definitivamente julgado, é um crime militar próprio, não gera reincidência, mas pode gerar maus antecedentes. Crime militar próprio é aquele que só pode ser praticado por militar (ex.: deserção). - crime militar próprio seguido de crime militar próprio gera reincidência (art. 71 do CPM). DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 29 - não se considera reincidência se o crime cometido no passado é crime político. Com base no art. 2º da lei 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional) baseado em critério objetivo e critério subjetivo, praticado um crime político e depois um crime normal, não configura reincidência. - transação penal: - não gera nada: nem reincidência nem maus antecedentes, pois evita o trânsito em julgado. - suspensão condicional do processo: - não gera nada, nem reincidência nem maus antecedentes, pois evita o trânsito em julgado. - reincidência genérica VS reincidência específica: - reincidência genérica: crimes que não são da mesma espécie (não previstos no mesmo tipo legal); - reincidência específica: crimes da mesma espécie (previstos no mesmo tipo legal). - reincidência real VS reincidência ficta: - reincidência real: ocorre quando o agente comete novo delito depois de já ter efetivamente cumprido pena por crime anterior; - reincidência ficta: ocorre quando o autor comete novo crime depois do trânsito em julgado, mas antes do efetivo cumprimento da pena; - Súmula 241 do STJ; DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 30 - a reincidência penal não pode ser utilizada como circunstância agravante e ao mesmo tempo circunstância judicial desfavorável, devendo nesse caso o juiz desconsiderar os maus antecedentes e considerar apenas a reincidência. - quando o autor já cometeu dois crimes transitados em julgado antes, pode-se usar um crime para considerar como maus antecedentes e o outro crime para usar como reincidência, sendo tal aplicação perfeitamente possível. - A reincidência por si só não seria um bis in idem? - 1ª Corrente: é um bis in idem, pois estaria usando-se duas vezes o mesmo fato para prejudicar o agente, tanto que alguns países nem consideram mais a reincidência (ex.: Colômbia) – nesse sentido: Paulo Queiroz; Paulo Rangel; - 2ª Corrente: o fato de o reincidente ser punido mais gravemente do que o primário não viola a garantia do “ne bis in idem”, pois visa tão somente reconhecer maior reprovabilidade na conduta daquele que é contumaz violador da lei – nesse sentido: STJ, REsp. 984.578/RS; - Circunstâncias agravantes e atenuantes (art. 65 e art. 66 do CP)9: - art. 65, I – agente menor de 21 anos na data do fato e maior de 70 na data da sentença: 9 Não será estudada todas as circunstâncias, uma vez que somente serão estudadas aqui as mais importantes. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 31 - quando se diz que o agente tem de ter 21 anos na data do fato, quer referi-se ao momento da ação ou da omissão que gerou o resultado danoso (Teoria da Atividade – art. 4º do CP); - com o novo código civil, a maioridade civil plena foi reduzida para 18 anos, mas tal preceito não revogou o inciso I do art. 65 do CP. O STF e a jurisprudência confirmaram que tal inciso continua em vigor uma vez que o Direito Penal trabalha com a idade biológica; - no que se refere ao maior de setenta anos, não abrange todos os idosos, uma vez que idoso é aquele de idade igual ou maior à 60 anos. O STF já decidiu que o estatuto do idoso não alterou tal preceito, somente fazendo jus a esse direito o idoso com mais de 70 anos. - no que se refere à data da sentença, o STF já firmou orientação de que é a data da sentença que primeiro condenou; - art. 65, III, “d” – ter o agente confessado espontaneamente perante à autoridade a autoria do crime: - a confissão espontânea tranqüiliza o espírito do julgador, uma vez que ele vai julgar sem medo de estar cometendo uma injustiça; - Requisitos da incidência da atenuante: - espontaneidade da confissão (não é possível que o réu se beneficie de uma circunstância legal para amenizar sua pena se houver agido sem qualquer espontaneidade); - também não se aplica no caso de confissão qualificada ou confissão incompleta – confissão incompleta é aquela que não narra o modo de execução ou a execução do crime; confissão qualificada é aquela em que se confessa a autoria de um fato típico mas nega a ilicitude; - essa atenuante não se aplica para o caso de o agente haver confessado na polícia e posteriormente retratar-se em juízo; DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 32 Obs.: se a confissão policial foi efetivamente utilizada para embasar a sentença condenatória, a atenuante da confissão espontânea deve ser aplicada, mesmo que posteriormente haja retratação em juízo – nesse sentido: STJ-HC 68.010/MS; - Art. 66 do CP – “A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstâncias relevantes, anteriores ou posteriores ao crime, embora não previstas expressamente em lei.” - Tal artigo traz as circunstâncias atenuantes inominadas; - Princípio da co-culpabilidade: o presente princípio nasce da inevitável conclusão de que a sociedade, muitas vezes, é desorganizada, discriminatória, excludente e marginalizadora, criando condições sociais que reduzem o âmbito de determinação e liberdade do agente, contribuindo, portanto, para o delito. Essa postura social deve ser em parte compensada, isto é, a sociedade deve arcar com uma parte da reprovação. - Luiz Flávio Gomes entende que a co-culpabilidade deve ser analisada pelo juiz na fixação da pena base (art. 59); - Para a maioria da doutrina, a co-culpabilidade deve ser analisada no art. 66 do CP (circunstância atenuante inominada); - o artigo 19, IV, da 11.343/06 tem predicados expressos da co- culpabilidade; - Críticas à co-culpabilidade: - parte da premissa que a pobreza é a causa do delito; - pode conduzir à redução de garantias quando se trata de ricos; - continua ignorando a seletividade do poder punitivo; - Teoria da Vulnerabilidade: é a sucessora mais justa da culpabilidade e diz que: quem conta com alta vulnerabilidade de sofrer a incidência do Direito Penal, e este é o caso de quem não tem instrução, nem família estruturada, etc., tem a sua culpabilidade reduzida; DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 33 - o TJ/RS tem atenuado a pena em razão da desobediência ao inciso LXXVIII do art. 5º da CRFB/88, que trata da razoável duração do processo. Portanto, tal tribunal tem dito que aduração não-razoável do processo pode gerar uma circunstância atenuante inominada; - Causas de aumento e de diminuição de pena: - as causas de aumento e diminuição da pena estão na parte geral, parte especial e na legislação extravagante em quantidade fixa ou variável; AGRAVANTES/ATENUANTES CAUSAS DE AUMENTO/DIMINUIÇÃO - consideradas na primeira fase de aplicação da pena; - consideradas na terceira fase de aplicação da pena; - o quantum da majoração ou da atenuação fica a cargo do juiz; - o quantum de aumento ou diminuição é fixado pelo legislador, ainda que de forma variável; - o juiz está adstrito aos limites legais da pena; - o juiz não está adstrito aos limites legais da pena, podendo ela ficar aquém do mínimo e além do máximo; CAUSAS DE AUMENTO/DIMINUIÇÃO QUALIFICADORA - o aumento incide sobre a pena apurada na 2ª fase – pena intermediária; - substitui o preceito simples, servindo de norte para o cálculo da pena; - pena abstrata: 3ª fase incidindo sobre a 2ª; - pena simples abstrata: a qualificadora serve como ponto de partida para incidência do sistema trifásico de cálculo de pena; - Casuística: - uma causa de aumento ou uma causa de diminuição o juiz deve aumentar ou diminuir, conforme a causa seja de aumento ou de diminuição; DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 34 - duas causas de aumento na parte especial aplica-se o art. 68, parágrafo único do CP, onde o juiz pode10: - aplicar um só aumento, prevalecendo a que mais aumenta; - aplicar os dois aumentos11; - duas causas de diminuição, ambas na parte especial aplica-se o artigo 68, parágrafo único do CP, onde o juiz pode: - aplicar uma diminuição, escolhendo a que mais diminua; - aplicar as duas diminuições12; - duas causas de aumento na parte geral o juiz deve aplicar as duas causas de aumento (princípio da incidência isolada); - duas causas de diminuição também na parte geral o juiz deve aplicar as duas causas de diminuição (princípio da incidência cumulativa); - uma causa de aumento na parte geral e uma na parte especial o juiz deve aplicar as duas (princípio da incidência cumulativa – a jurisprudência aqui aplica o que é pior para o réu, mas em 2009 o STJ corrigiu a jurisprudência e passou a utilizar o princípio da incidência isolada); - uma causa de diminuição na parte geral e uma na parte especial o juiz deve aplicar as duas (princípio da incidência cumulativa); 10 Nesse caso, deve-se observar o princípio da suficiência, de forma que deve-se analisar se a incidência de apenas uma causa de aumento é suficiente para cumprir os fins da pena; 11 Resta saber se trata-se de uma incidência isolada ou de uma incidência cumulativa no caso de aplicar os dois aumentos: como a incidência isolada é menor para o réu, prevalece o princípio da incidência isolada; 12 Nesse caso, aplica-se o princípio da incidência cumulativa, uma vez que aplicando-se o princípio da incidência isolada pode levar a pena a zero. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 35 - uma causa de aumento e uma causa de diminuição existem duas correntes: - 1ª Corrente: o juiz primeiro diminui e depois aumenta, uma vez que o artigo 68 do CP fala em causas de diminuição antes de causas de aumento, portanto tal corrente entende que o artigo 68 trouxe os critérios na ordem de utilização; - 2ª Corrente: o juiz primeiro aumenta, e depois diminui, porque é mais favorável ao réu (é a corrente majoritária)13; Curiosidade: o art. 77 do Estatuto de Roma diz que a pessoa condenada deve ter a pena de prisão com número sempre determinado de anos, sendo no máximo de 30 anos. O artigo 78 também regula a matéria. Os juízes do TPI variam a pena de 1 a 30 anos de acordo com a gravidade da infração e condição do agente apenas, ou seja, é altamente subjetivo o critério, portanto, bastante criticado na doutrina. - Fixação do Regime Inicial: - Critérios: - Tipo de Pena: - Reclusão; - Detenção; - Quantidade de Pena; - Reincidência; - Circunstâncias Judiciais; - Fixação de regime inicial em crimes punidos com reclusão: - previsto no artigo 33 do Código Penal; - art. 33, §2º, alínea “a” REGIME FECHADO (pena superior a 8 anos) 13 Na verdade, as correntes só dão resultados diferente se a pena intermediária estiver em dias. Se estiver em meses ou anos cheios, não vai dar diferença. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 36 - art. 33, §2º, alínea “b” REGIME SEMI-ABERTO (pena superior a 4 e igual ou inferior a 8 anos, desde que não reincidente); - se reincidente, o regime inicial será fechado; - art. 33, §2º, alínea “c” REGIME ABERTO (pena não superior a 4 anos, desde que não reincidente); - se reincidente, o regime (segundo a lei) é o fechado; - a súmula 269 do STJ diz que: “É admissível a adoção do regime prisional semi- aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.” - Fixação de regime inicial em crimes punidos com detenção: - previsto no artigo 33 do Código Penal; - não admite regime inicial fechado14; - o regime inicial pode ser aberto ou semi-aberto; - REGIME SEMI-ABERTO: - imposta pena superior a 4 anos (seja reincidente ou não); - REGIME ABERTO: - imposta pena não superior a 4 anos, desde que não reincidente; - se reincidente, o regime inicial é o semi-aberto; - Questões de concurso em relação ao regime de cumprimento de pena: - Súmula 718 do STF: “A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.” - Súmula 719 do STF: “A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea”. 14 Embora não se admita regime inicial fechado, pode o condenado ser levado à regime fechado em caso de “regressão”. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 37 - portanto, gravidade em abstrato não pode alterar regime, mas a gravidade em concreto pode sim. Portanto, a súmula 719 complementa a súmula 718. Cesar Roberto Bittencourt diz que as súmulas se contradizem, mas não é o que parece ser. - pode acontecer em crime punido com reclusão com pena imposta de 10 anos, que o juiz imponha regime inicial aberto: - a lei de Lavagem de Capitais (lei 9.613/98), no art. 1º, §5º diz que “começará a ser cumprida em regime aberto” no caso de delação premiada; - pode acontecer de um crime punido com detenção começar com regime inicial fechado: - o art. 10 da lei 9.034/95 (Lei do Crime Organizado) diz que “[...]os condenados por crime decorrentes de organização criminosa iniciarão o cumprimento da pena em regime fechado.” - a maioria da doutrina diz que tal artigo é inconstitucional por ferir o princípio da individualização da pena; - prisão simples, em contravenção penal, jamais será cumprida no regime fechado,mesmo com intermédio da “regressão”; - Possibilidade das Penas Alternativas: - temos duas espécies de penas alternativas: - restritivas de direitos; - multa; - Penas Restritivas de Direitos: - Conceito: DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 38 - é a sanção imposta em substituição à pena privativa de liberdade, consistente na supressão ou diminuição de um ou mais direitos do condenado; - obs¹.: tendência do direito penal moderno, que busca eliminar a pena privativa de liberdade de curta duração, por não atender satisfatoriamente à finalidade reeducativa da pena; - obs².: espécie de pena alternativa (não se confunde com alternativa às penas); - a pena alternativa pressupõe condenação e evita privativa de liberdade (ex.: restritiva de direitos e multa); - alternativa à pena evita a condenação, sendo medida despenalizadora (ex.: transação penal e suspensão condicional do processo); - Espécies: - Prestação de Serviços a comunidade – natureza pessoal; - Interdição Temporária de Direitos – natureza pessoal; - Limitação de Final de Semana – natureza pessoal; - Prestação Pecuniária – natureza real; - Perda de Bens e Valores – natureza real; - obs.: o artigo 28 da lei de Drogas (11.343/06) prevê outras penas privativas de direitos (ex.: medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo); - Classificação da infração penal de acordo com a sua gravidade: - infração insignificantes fato atípico; - infração de menor potencial ofensivo admite alternativa à pena (transação ou suspensão condicional do processo) e admite penas alternativas; DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 39 - infração de médio potencial ofensivo admite alternativa à pena (só suspensão condicional do processo15) e admite penas alternativas; - infração de grande potencial ofensivo só admite penas alternativas (não admitem alternativas à pena); - infração hedionda excepcionalmente, admite-se penas alternativas (STF); Pena Mínima Pena Máxima Baixo potencial ofensivo Até 2 anos Médio potencial ofensivo Igual ou inferior a 1 ano Alto potencial ofensivo Maior do que 1 ano Maior do que 2 anos - Critérios para aplicação das penas restritivas de direitos: - o artigo 44 do CP regula a matéria: - características das penas restritivas de direito: - autonomia; - não podem ser cumuladas com a pena privativa de liberdade (a regra é essa, mas comporta exceção: art. 78 da lei 8.078/90 (CDC) que traz 3 penas alternativas cumuláveis com penas privativas de liberdade; CTB, onde cumulada com privativa de liberdade, o juiz pode suspender a carteira de habilitação; - substitutividade16; 15 Não admite transação penal. A única infração penal de médio potencial ofensivo que admitia transação penal era a embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) , uma vez que o parágrafo único do artigo 291 dizia que aplicava- se o artigo 76 da 9.099/95 ao crime de embriaguez ao volante. Atualmente, não se aplica mais o art. 76 da lei 9.099/95 ao crime de embriaguez ao volante. Essa mudança é irretroativa, uma vez que os ébrios passados continuam fazendo jus à transação penal. 16 Exceção à essa regra é o art. 28 da lei 11.343/06, onde as restritivas de direito são penas principais. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 40 - primeiro o juiz fixa a pena privativa de liberdade, e depois, na mesma sentença, a substitui por pena restritiva de direitos (essa é a regra, mas comporta exceção: art. 28 da lei 11.343/06; - as penas restritivas de direito, terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída (art. 55 do CP). Essa é a regra, mas comporta exceções: - as restritivas de natureza real (perda de bens e valores e prestação pecuniária); - prestação de serviços à comunidade – o legislador autoriza o cumprimento desse tipo de pena na metade do tempo (art. 55 do CP)17; - Requisitos cumulativos para aplicação das penas restritivas de direito (art. 44 do CP): - crime doloso: - pena aplicada não superior a 4 anos; - sem violência (física ou moral)18; - não reincidência em crime doloso19; - crime culposo: - qualquer pena; - qualquer crime; - requisitos comuns ao crime culposo e doloso: - circunstâncias judiciais favoráveis20; 17 A regra na verdade encontra-se no artigo 46, §4º do CP, que autoriza tal exceção se a pena de prestação de serviços a comunidade for maior que um ano. 18 Somente a violência real impede a concessão do benefício, não se aplicando a restrição na violência presumida. 19 Mesmo nesse caso, é cabível substituição se provado que para aquela pessoa a substituição seja benéfica, ou seja, é mais indicado para o condenado o cumprimento de uma restritiva de direitos do que uma privativa de liberdade e que não seja reincidente específico (ver §3º do art. 44 do CP); DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 41 - questões sobre o tema: - Cabe pena restritiva de direitos em crimes hediondos ou equiparados? ANTES DA LEI 11.464/07 DEPOIS DA LEI 11.464/07 1ª Corrente não cabe pois existe vedação implícita quando se exige regime integralmente fechado; - a lei aboliu o regime integral fechado, portanto, a vedação que a 1ª corrente chamava de implícita, desapareceu do ordenamento; 2 ª Corrente cabe, pois além de inconstitucional, o regime integral trata de privativa de liberdade, não de restritiva de direitos; - prevalece que é possível a aplicação de penas restritivas de direito desde que atendidos os requisitos e suficientes para atingir os fins da pena; - foi nesse clima de discussão que nasceu a lei 11.343/06, que adotou a primeira corrente e expressamente proíbe a aplicação de penas restritivas de direitos; - a lei de drogas continua proibindo expressamente a substituição: há doutrina e decisões do STF21 no sentido de que essa proibição deixou de ser absoluta, onde o juiz vai analisar o caso concreto; - Cabe pena restritiva de direito no crime de ameaça? R: É possível restritiva de direitos mesmo este sendo um crime cometido com ameaça. Embora o artigo 44 do CP esteja proibindo, a lei 9.099/95 incentiva a aplicação de pena restritiva de direito (por se tratar de crime menor potencial ofensivo). Assim, calcado em uma interpretação 20 Nessa parte o juiz vai utilizar o princípio da suficiência, onde analisará se a imposição da pena restritiva de liberdade é hábil a cumprir os fins da pena. 21 Essa parece ser a tendência do STF, mas não foi consolidada tal posição. Embora seja a tendência do STF, em prova de primeira fase, é mais inteligente (ao menos por enquanto) seguir a letra da lei. DIREITO PENAL INTENSIVO II Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 42 sistemática,
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