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1 A Escola de Milão Curso: Dançando com a Sistêmica Por Rafaela Alban 2 3 Milão 4 Milão, a capital da Lombardia, tem uma população de 1,3 milhões de pessoas. É a maior cidade industrial da Itália, sendo ainda um ponto magnético para designers, artistas, fotógrafos e modelos. O centro antigo da cidade conta com a terceira maior igreja do mundo. 5 O Começo, a Ruptura e o Recomeço De um Grupo ao Grupo de Milão 6 O Começo Mara Selvini-Palazzoli Psiquiatra, formação psicanalítica; Em 1967: Fundou o Centro de Estudo da Família com um grupo de oito psiquiatras: Incluindo Boscolo, Cecchin e Prata; Pesquisa e tratamento inicial: pacientes com distúrbios alimentares; e direcionados a crianças severamente transtornadas; As famílias também eram incluídas no tratamento. 7 A Ruptura Abordagem Psicodinâmica: indivíduo = continente da patologia; Tentativa de integrar as abordagens psicanalíticas e comunicacionais - sem sucesso; "Pergunta: se mudássemos os padrões de interação familiar, poderíamos mudar o problema do comportamento?" Debate entre o Modelo Familiar Sistêmico e Psicanalítico: compatibiliza-los? Em 1971: rompimento do grupo inicial; Surgimento do grupo, que mais tarde seria chamado de Grupo de Milão: Boscolo, Cecchin, Prata e Palazzoli; 8 O Recomeço Descarte do pensar psicanalítico e nova orientação puramente sistêmica; Descarte do pensar psicanalítico e nova orientação puramente sistêmica; Cibernética de 1ª Ordem: observador X observado; A grande influência Adoção da epistemologia cibernética do grupo de Bateson e do MRI (Instituto de Pesquisa Mental); Livro: Pragmática da Comunicação Humana (Paul Watzlawick, Don Jackson e Janet Beavin, 1967); Watzlawick foi o primeiro consultor do grupo. 9 Primeiras ideias do Grupo Teoria da patologia: focalização da modalidade comunicacional do duplo-vínculo* de Bateson. Ex.: pai para o filho: "fique longe... fique perto" Influências contraditórias na abordagem com as famílias e evidentes no primeiro livro do Grupo (Paradoxo e Contraparadoxo, 1975): MRI - abordagem manipulativa Bateson - desconfiava de métodos manipulativos. 10 Próprias formulações do Grupo 1. Família participa de um "jogo"; 2. Cada membro tenta controlar o comportamento dos demais; 3. A tarefa do terapeuta consiste na descoberta e interrupção do jogo. Encontro terapêutico era descrito a partir de termos que lembravam uma "batalha secreta": "coalizões negadas", "ataques", "táticas", "jogadas". Os terapeutas não desafiavam abertamente a família. 11 O Formato de Atendimento O Grupo de Milão 12 Grupo de Milão - Equipe Terapêutica Durante toda a déc. 70 Atendimento de duas famílias por dia; Máximo de 10 sessões; Atendimentos semanais; A equipe dividia-se em pares mistos: casal que entrevistava e casal que observava atrás do espelho. Relação e linguagem terapeutas/clientes = Guerra Fria. A equipe dividia-se em pares mistos: casal que entrevistava e casal que observava atrás do espelho. Relação e linguagem terapeutas/clientes = Guerra Fria. 13 A Entrevista do Grupo de Milão Entrevista dividida em 5 partes: Pré-sessão: elaboração de hipótese inicial; Sessão: validação, alteração da hipótese; Inter-Sessão: discussão das hipóteses e elaboração de uma intervenção; Intervenção/devolução: família deveria ser "paradoxada" com a prescrição: conotação positiva da situação- problema ou prescrição de um ritual; Pós-sessão: análise das reações da família e planejamento para próxima sessão. Prescrição Paradoxada: continue com o problema! " Em um determinado momento, seu filho decidiu ficar em casa, não ter amigos, porque ele acreditava que se saísse e levasse sua própria vida estaria deixando vocês para trás, em um estado intolerável de solidão." " É como se nesta família houvesse a forte crença de que todos os membros devem sempre socorrer alguém que precisar de ajuda. Mas agora que as crianças estão crescidas, há um medo de que a família possa se separar e que esta crença se torne coisa do passado. Por isso todos continuam tendo problemas, como para comprovar que ainda estão uns com os outros. O problema real desta família seria que não tivesse mais problemas." 14 Conotação Positiva Mensagem através da qual o terapeuta indica para família que o problema é lógico dentro do seu contexto, sugerindo um bom motivo para um comportamento negativo; Termo evoluiu a partir da técnica de prescrição do sintoma dos terapeutas de Palo Alto; Com o tempo... Passou-se a a avaliar que o sintoma tem uma função na família, e que por vezes pode ser necessário: Identificar isso para a família é mais eficaz para libertá-la para novas escolhas, novas alternativas para lidar com o sintoma de maneira menos destrutiva. 15 Rituais É um ordenamento do comportamento da família segundo dias ou horários/momentos determinados: Tipo 1: ampliar a interação para explodi-la. Ex.: na hora do jantar todos agradeceriam ao membro sintomático por É um ordenamento do comportamento da família segundo dias ou horários/momentos determinados: Tipo 1: ampliar a interação para explodi-la. Ex.: na hora do jantar todos agradeceriam ao membro sintomático por ser o problema e citariam o benefício individual que obtém dessa generosidade. - Não é mais utilizado. Tipo 2: sequência de diretivas simultâneas e conflitantes. Ex.: pede-se a mãe que seja somente mãe em dias pares e somente esposa em suas ímpares e que escolha um dia para ser espontânea. 16 "As intervenções, seja como ritual, comentário final ou processo de entrevista em si mesmo, não estão direcionados a nenhum resultado particular, mas agem empurrando o sistema em direção a resultados imprevisíveis. Cecchin observa que o paraíso da Primeira Cibernética terminou quando se pensou ser possível colocar no sistema uma "bomba" que atingiria o alvo preciso que os terapeutas desejavam atingir; no entanto, não há bombas, não há alvos, não há nada "externo", somente um grande sistema observado." (p. 33) 17 Formulação de Hipóteses, Circularidade e Neutralidade: os três guias condutores de sessão Hypothezing - Circularity - Neutrality: The Guidelines for the Conductor of the Session (Palazzoli, Boscolo, Cecchin, Prata, 1980) 18 Os três Guias Condutores 1. Hipóteses: processo de avaliação 2. Circularidade: entrevista 3. Neutralidade: postura do terapeuta 19 Formulação de Hipóteses Grande salto do grupo: de hipótese linear para hipótese sistêmica; A hipótese precisa ser SISTÊMICA - deve englobar todos os elementos de uma situação problema e a forma como eles se ligam; Mais importante que averiguar a hipótese como verdadeira ou falsa, é compreender que a mesma pode ser útil para abrir novas conversações - e novas hipóteses. Mais importante que averiguar a hipótese como verdadeira ou falsa, é compreender que a mesma pode ser útil para abrir novas conversações - e novas hipóteses. 20 "As hipóteses emergem da interação recursiva entre terapeutas e clientes. Neste sentido, ser 'realmente batesoniano' significa não atribuí-las nem ao terapeuta, nem ao cliente, mas a ambos [...] Nos anos 70 a hipótese pertencia à mente do terapeuta, enquanto que hoje, ela pertence, sem sombra de dúvidas, ao contexto de interação." (p. 90) BOSCOLO, L; BERTRANDO, P. Terapia Sistemica Individuale. Milano: Raffaello Cortina, 1996 21 Circularidade Esta forma de entrevista está baseada na crença de que os sistemas vivos são caracterizados por formações em círculos em vez de sequências lineares de causas e efeitos; A circularidade consiste na capacidade do terapeuta conduzir uma investigação com base no feed-back dado pela família a respeito de relacionamentos, fazendo cada membro pensar não em termos de fatos, mas sim de relações - verificando as hipóteses criadas. 22 Circularidade e Questionamento Circular Convite a ummembro da família a falar de outros dois membros em presença deles. É possível aplicar o questionamento circular a partir da presentificação de um terceiro em TIS; Não deve ser confundido com o conceito de circularidade; Cada membro da família é um observador de pensamentos, emoções e comportamentos do outro, criando uma comunidade de observadores; A informação mediante as perguntas circulares é recursiva - afeta o sistema como um todo; 23 Neutralidade O significado do termo está mais próximo de uma posição múltipla do que de uma não-posição; Se o terapeuta atinge a neutralidade durante a sessão, ninguém da família será capaz de dizer que o terapeuta tomou partido de alguém; Se o terapeuta atinge a neutralidade durante a sessão, ninguém da família será capaz de dizer que o terapeuta tomou partido de alguém; A técnica do questionamento circular é útil por permitir ao terapeuta se movimentar de modo equivalente. 24 Neutralidade e Curiosidade Terapêutica Cecchin faz uma releitura do artigo original dos três guias condutores de sessão, tentando corrigir o conceito de neutralidade, convidando à curiosidade terapêutica; Ao invés de buscar os “porquês” e as causas ligadas aos jogos de poder e controle, o terapeuta curioso se interessa em manobras que continuem aguçando sua curiosidade. 25 "Quando o problema é composto por um emaranhado conjunto de colisões contrárias que lutam por um lugar, a neutralidade significa ser capaz de se mover através destas reivindicações conflitantes como uma pessoa charmosa, mas sem ser seduzida por eles [...]" 26 A Cibernética de 2ª Ordem e o Grupo de Milão Com a Cibernética de Segunda Ordem: não é o sistema que cria o problema, mas é o problema que cria o sistema; O problema não existe independente dos sistemas de observação, que estão definindo o problema; O diagnóstico psiquiátrico existe somente aos olhos do observador. 27 A separação do Grupo de Milão Em 1980: Boscolo e Cecchin separaram-se de Prata e Palazzoli; Eles focalizaram a formação de terapeutas; Elas se dedicaram a pesquisa. 28 Anel Auto-Reflexivo 29 Anel Auto-Reflexivo Relação entre passado, presente e futuro; O terapeuta explora o presente, para então ampliá-lo, resgatando o passado e, em seguida, o futuro, envolvendo todo o horizonte temporal. O terapeuta explora o presente, para então ampliá-lo, resgatando o passado e, em seguida, o futuro, envolvendo todo o horizonte temporal. Presente: queixa, sintomas manifestos e relações estabelecidas no presente. Passado: período em que os sintomas foram detectado. Futuro: perspectivas. 30 O Terapeuta Irreverente 31 Terapeuta Irreverente... A irreverência consiste em uma postura mental do tipo reflexivo; A irreverência pressupõe conhecimento e estudo; Propõe desmanchar as certezas; devendo estar atendo as próprias convicções e crenças; A irreverência é a capacidade de se mover entre modelos, de mudar de opiniões, é uma espécie de elasticidade mental que nos permite abandonar ideias, hipóteses e convicções, que em momentos anteriores eram considerados "verdades". 32 Centro Milanese di Terapia della Famiglia http://www.cmtf.it 33 34 Os atuais Psicoterapeutas do Centro de Terapia Familiar de Milão Peter Beard, Gabriela Gaspari, Enrico Cazzaniga, Massimo Giuliani, Cynthia Jordan, Vincenzo De Bustis, Gianluca Ganda, Humbert Telfener, Jimmy Ciliberto, Federico Ferrari, Fabio Sbattella, Teresa Arcelloni, Wolfgang Ullrich, Roberta Renati, Marilena Tettamanzi . 35 36 Vamos rodar o Pião? Atividade: Hipóteses e Questionamento Circular PALAZZOLI, M. S., BOSCOLO, L., CECCIN, G. et al. Hypothezing - circularity. Neutrality: three guidelines for the conductor of the session. Family Process, 1980. BOSCOLO, Luigi [et al]. A Terapia Familiar Sistêmica de Milão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. BOSCOLO, Luigi [et al]. A Terapia Familiar Sistêmica de Milão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
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