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Caso clínico - aula estrutural

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CASO CLÍNICO - AULA 4
Mariana tem 30 anos, casada com Paulo, de 34 anos. Os dois são administradores, ele trabalha na direção das duas lojas da família e ela não trabalha desde o nascimento do segundo filho, Marcos, de dois anos. Eles têm um filho mais velho de 10 anos, Guto. 
A mãe de Mariana tem uma depressão que a faz ser inadequada em todos os contextos e isso envergonha a filha, que passa a não aceitar a doença da mãe. Seu irmão, José, aceitou acompanhar a mãe no psiquiatra e, por isso, aprendeu a tolerar melhor os comportamentos inapropriados dela. 
O pai deles faleceu de câncer quando ela tinha 13 anos, período de adolescência. A mãe passou a trabalhar mais e tornou-se ausente, enquanto o irmão se posicionou como um pai que precisava impor limites e ter as rédeas, embora de maneira agressiva e invasiva, o extremo oposto de seu pai que era permissivo e tratava Mariana como uma princesa.
Ela enxerga isso como tendo sido danoso para a sua vida, já que se acostumou a ter tudo o que desejou, além de ter um poder sobre como as coisas funcionavam ao seu redor. Isso traz uma consequência grave para a Mariana adulta, pois ela está claramente na recusa de aceitar a realidade como ela é de fato. Por exemplo, ela não aceita a doença da mãe, assim como não vem aceitando a passividade de Paulo.
Paulo é muito ligado à família de origem, tendo inclusive ido morar no mesmo prédio de seus pais. Sua mãe (Ligia) é muito ativa e possui uma voz de comando em casa, frente ao marido e aos filhos. Por sua vez, este formato implica num comportamento invasivo na vida de Paulo e, consequentemente, na vida da nora e dos netos, como uma extensão de seu núcleo familiar. Quando limitada por Mariana, Ligia se vitimiza e chama a atenção de todos para si, como para criar uma imagem de algoz sobre sua nora.
Mariana e Paulo brigam muito e costumam se exceder nas palavras e nas agressões, que se tornam físicas, algo que já aconteceu na frente dos filhos. Para cooperar no cuidado dos filhos, Paulo arca com um verdadeiro mutirão de babás e funcionárias para que a casa sempre esteja em ordem e, de fato, a estrutura da casa sempre está arrumada, mas quase nunca existe harmonia e paz dentro dela.
Os filhos do casal são muito diferentes entre si, tendo o mais velho o perfil calmo e obediente, enquanto Marcos comanda a casa e impõe novas regras na medida em que se desequilibra e chora ou agride fisicamente. Eles se acostumaram a dividir as atenções porque Marcos não permite que os quatro se reúnam, se colocando sempre na exclusividade da atenção do pai ou da mãe.
Mariana é muito ciumenta e, ao menor sinal de estresse, faz um escândalo grandioso. Ela passa o dia tentando controlar Marcos, seu caçula tirano, que demanda praticamente toda a sua atenção e isso provoca um distanciamento dela em relação a Guto. Este consegue expressar melhor o que sente e o que pensa e, num momento, convocou uma tia bastante próxima para pedir ajuda e autorização para se defender das agressões físicas acometidas pelo irmão mais novo. Quando chora (sempre chora), Marcos enlouquece a todos ao seu redor, tendo sido estabelecido um resultado que lhe favorece, ou seja, todos se movimentam em prol de fazê-lo parar, oferecendo o que quer que ele deseje, até mesmo a exclusão do mais velho para que ele possua exclusividade de atenção.
Num determinado momento, a mãe de Mariana teve um surto psicótico severo e ela e José foram acionados. Eles estavam rompidos há bastante tempo, mas conseguiram se unir para resolver o problema mais urgente, tanto de internação quanto a respeito do futuro desta mãe. Por vergonha, Mariana não participou seu esposo de todos os acontecimentos, se limitando a relatar apenas o essencial, mas não os diversos comportamentos que sua mãe apresentava antes do surto. 
Enquanto resolvia a situação com a equipe médica da clínica, pediu ao marido que ficasse em casa cuidando dos filhos. Este, por sua vez, recorreu a própria mãe, reclamando por ter se sentido excluído, como se não fosse importante para a esposa. Ligia intercedeu e ligou para a nora fazendo as reclamações que achava que lhes cabia fazer, além de provocar Mariana ao dizer: “Quando chegar, se prepare, pois você tem mais um probleminha para resolver.”. Isso provocou imediatamente o desequilíbrio de Mariana, que xingou a sogra e chegou em casa pronta para batalhar contra Paulo.
Mariana é quem procura terapia de casal, propondo uma alternativa para rever os seus desajustes e para buscar a compreensão de Paulo sobre sua dificuldade em se controlar emocionalmente, especialmente quando sofre tamanha interferência da família dele.