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151 
 
 
JUIZADOS ESPECIAIS 
 
 
1. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL 
 
 
 Lei 9.099/95 – É a mais antiga de todas e é a que trata dos juizados especiais estaduais. 
Sempre que a gente se referir a essa lei vamos falar em JEC, que é o Juizado Especial Cível. 
Quando a prova se referir a Juizado Especial Cível estará tratando do juizado especial regulado 
pela Lei 9.099/95. 
 
 Lei 10.259/01 – Cria os Juizados Especiais Federais. Para essa lei, a nomenclatura é 
JEF. 
 
 Lei 12.153/09 – Criou o Juizado Especial da Fazenda Pública Estadual e Municipal. 
A nomenclatura aqui será JEFP. 
 
 
 É praticamente impossível você encontrar posições do STJ e do STF a respeito dos 
juizados. De vez em quando chega uma questão lá. Mas, invariavelmente, não há uma 
jurisprudência nos tribunais superiores sobre juizados. Então, onde eu busco a jurisprudência? 
Aqui, eu vou falar muito de enunciados. Vamos ter os enunciados do FONAJE (do JEC) e os 
enunciados do FONAFEF (dos Juizados Especiais Federais). Serão o nosso norte jurisprudencial. 
O que são esses enunciados? Os presidentes dos colégios recursais dos tribunais recursais 
(turmas recursais) se reúnem todo ano (o Brasil inteiro), e determinam os entendimentos 
majoritários em caráter nacional. É como se fossem súmulas. Então, basicamente, vamos fazer a 
análise dessas três leis e vamos fazer também um aporte de informações referentes ao FONAJE e 
FONAJEF. 
 
 Como vamos fazer? Vamos pegar como base a Lei 9.099. Não é a toa que ela tem mais 
de 50 artigos e as outras leis têm por volta de 20 artigos. A própria Lei 10.259 manda aplicar a 
Lei 9.099. E a Lei 12.135/09 manda aplica a Lei 9.099 e também a 10.259. 
 
 
2. COMPETÊNCIA 
 
 
 O que se julga em cada um desses juizados? 
 
 2.1. COMPETÊNCIA do JEC 
 
 Primeiro, vamos falar da competência do JEC (Juizado Especial Cível). Aqui vamos 
estudar quais as causas de competência dos Juizados Especiais Cíveis. E já vou começar com 
uma informação importante, derivada do Enunciado 01, do FONAJE. Então, imagina o quanto é 
antigo esse entendimento. 
 
 Enunciado 1 - O exercício do direito de ação no Juizado 
Especial Cível é facultativo para o autor. 
 
 
 152 
 O Juizado Especial Estadual é facultativo. É preciso entender bem isso. Mesmo a causa 
sendo de competência do JEC, o autor pode optar pela justiça comum. Se não for de competência 
dos juizados, ele não tem escolha. Vai ter que entrar pela comum. Agora, sendo de competência 
do JEC, o autor tem a escolha entre proceder à demanda no JEC ou propor sua ação perante a 
justiça comum. 
 
 
 a) Causas de Inclusão na competência 
 
 Vamos ao art. 3.º, da Lei 9.099/95, com aquilo que nós chamamos de causas de inclusão 
na competência. O que eu quero dizer com isso? É a primeira análise que você vai ter que fazer. 
Porque é assim: primeiro você inclui as ações e depois eu te dou as causas de exclusão. Então, 
num primeiro momento, mesmo as ações que seriam, não vão ser. Então, o primeiro passo é 
esse: ver o que, em tese, seria. Como é que o art. 3º, da Lei 9.099 trata desse tema? Ele nos traz 
três causas de inclusão: 
 
 Art. 3º - O Juizado Especial Cível tem competência para 
conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor 
complexidade, assim consideradas: 
 I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o 
salário mínimo; 
 II - as enumeradas no Art. 275, inciso II, do Código de 
Processo Civil. 
 III - a ação de despejo para uso próprio; 
 IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não 
excedente ao fixado no inciso I deste artigo. 
 
 1ª Causa de Inclusão: Valor da causa – O valor da causa representa o valor da pretensão. 
Essa é a ideia. E aqui, o teto é 40 salários mínimos. Admite causas de, até, 40 salários mínimos. 
O Enunciado 50 do FONAJE lembra que esse salário mínimio é o nacional. O salário mínimo 
regional é irrelevante, porque a lei é federal. Então, o salário mínimo aqui tem que ser nacional e 
é o valor a ser considerado no momento da propositura da ação. Detalhe: “eu posso ingressar no 
juizado com uma pretensão acima de 40 salários mínimos? A lei cria esse teto, mas eu posso, 
ainda assim, buscar a tutela nessa jurisdição?” Se a sua causa de inclusão é o valor da causa, 
você vai ser obrigado a renunciar o excedente. Se o autor renunciar ao excedente ele vai, na 
realidade, adequar o pedido ao valor da causa. É interessante porque, às vezes, você percebe na 
inicial que o cara merece mais do que 40 salários mínimos, da narrativa dele, fica claro que ele 
merece mais. Mas ao entrar no Judiciário pelo juizado especial, ele está renunciando ao 
excedente, já que terá que se adequar aos 40 salários mínimos. Por isso, muito cuidado quando 
você fizer, no juizado especial, um pedido genérico. Você pode fazer pedido genérico nos 
juizados sem problema nenhum. Se o seu pedido é genérico, o seu valor da causa vai ser 
estimativo. Então, fatalmente, ele vai entrar no juizado, vai ser menor do que 40 salários 
mínimos. O pedido genérico é aquele em que o autor não determina o valor da pretensão. Ele 
deixa para o juiz arbitrar esse valor. É muito comum isso. O sujeito entra com o pedido de dano 
moral e manda o juiz arbitrar. Você pode fazer isso no juizado, mas ao fazer o pedido genérico, 
você mesmo cria um teto para a condenação, que é 40 salários mínimos. É a velha história. Por 
vezes, você, como autor, nem sabe quanto vai dar o valor. Nem você sabe. Imagina que a sua 
pretensão precisa de um ato a ser praticado pelo réu ou mesmo de uma prova pericial não muito 
complexa que possa ser feita no juizado. E aí você não tem muito a noção de quanto seja o valor 
da pretensão. O mais seguro é ir para a justiça comum, porque se depois você descobre que tem 
 
 153 
um direito acima de 40 salários mínimos, você mesmo já se colocou um teto. Isso ocorre quando 
a causa de inclusão é o valor da causa. 
 
 2ª Causa de Inclusão: Matéria – Em outras palavras, o objeto da demanda. Nesse caso, 
o valor da causa é irrelevante, porque aí eu não estou incluindo pelo valor da causa, mas pela 
matéria. Tem até um julgado do STJ, onde isso fica muito claro. Saiu no Informativo 392, um 
julgado da 3ª Turma: 15465. E tem que tomar cuidado com esse julgado porque do meio pra 
frente, ele dá uma despirocada, mas o começo dele fala bem isso, quer dizer, se a sua causa de 
inclusão é a matéria, o valor da causa pode ser 1 milhão de reais. E a condenação do juiz pode 
ser em 1 milhão de reais, porque, neste caso, não estou no juizado pelo valor da causa, mas pela 
matéria. E que matérias são essas? Todas as matérias previstas no art. 275, II, do CPC, que são as 
matérias que na justiça comum seguem o rito sumário. O rito sumário é sempre uma faculdade 
do autor. Ele tanto pode fazer o rito sumário na justiça comum, como pode buscar o rito 
sumaríssimo dos juizados especiais. 
 
 Art. 275 - Observar-se-á o procedimento sumário: 
 II - nas causas, qualquer que seja o valor: 
 a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; 
 b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias 
devidas ao condomínio; 
 c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; 
 d) de ressarcimento por danos causados em acidente de 
veículo de via terrestre; 
 e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos 
causados em acidente de veículo ressalvados os casos de processo 
de execução; 
 f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, 
ressalvado o disposto em legislação especial; 
 g) nos demais casos previstos em lei. 
 g) que versem sobre revogação de doação; (Alterado pela 
L-012.122-2009) 
 h) nos demais casos previstos em lei. (Acrescentado pela L-012.122-2009) 
 Ação de despejo para uso próprio 
 
 Além de todas essas matérias que já seguem o rito sumário, ação de despejo de imóvel 
para uso próprio. O Enunciado 04, do FONAJE, prevê que a única ação de despejo que pode 
seguir nos juizados especiais é essa para uso próprio. É a única ação de despejo admitida em 
sede de juizado. 
 
 Enunciado 4 - Nos Juizados Especiais só se admite a ação 
de despejo prevista no art. 47, inciso III, da Lei 8.245/1991. 
 
 Se você tiver uma ação de despejo por falta de pagamento, mesmo que pelo valor da 
causa fosse possível ir aos juizados, pela matéria já é uma causa de exclusão (o valor pouco 
importa). 
 
 3ª Causa de Inclusão: Valor da Causa + Matéria – A terceira causa de inclusão junta as 
duas anteriores: são as ações possessórias sobre imóveis até 40 salários-mínimos. Aí você 
pode questionar: se é até 40 salários mínimos, por que está prevista na lei especificamente a ação 
possessória sobre bens imóveis? Quer dizer, não daria para colocar na primeira causa de 
 
 154 
inclusão, ou seja, qualquer ação até 40 salários mínimos? Mas tem um probleminha. O 
Enunciado 08 do FONAJE é expresso em dizer que não se admite no juizado especial 
procedimentos especiais. E queira ou não, a ação possessória é prevista como procedimento 
especial pelo CPC. Pode até ser um falso procedimento especial, mas existe previsão legal de 
procedimento especial para possessória. Daí a previsão da Lei 9.099: procedimento especial não 
cabe, mas ações possessórias sobre imóveis no valor de até 40 salários mínimos nós vamos 
admitir. 
 
 Enunciado 8 - As ações cíveis sujeitas aos procedimentos 
especiais não são admissíveis nos Juizados Especiais. 
 
 Então, nesses casos, a demanda pode ser nos juizados. Aí vêm as causas de exclusão da 
competência. 
 
 
 b) Causas de exclusão da competência 
 
 Causas objetivas de exclusão - Algumas matérias não podem ser tratadas nos juizados. 
Chamo a atenção para o Enunciado 32, do FONAJE, que fala na inadmissibilidade de ações 
coletivas tramitarem nos juizados especiais. Então, perceba, direito individual homogêneo, 
direito coletivo, direito difuso, nada disso vai poder ser objeto de ação nos juizados especiais. 
 
 Enunciado 32 - Não são admissíveis as ações coletivas nos 
Juizados Especiais Cíveis. 
 
 Agora, a maioria das causas de exclusão são subjetivas porque estão ligadas a 
determinados sujeitos que não podem participar do processo nos juizados especiais. São 
determinados sujeitos que estão excluídos da participação. Mesmo que o valor seja adequado, 
mesmo que a matéria seja adequada, se você tiver esse sujeito na relação jurídica processual, a 
demanda não vai poder seguir no juizado. 
 
 Como funcionam essas exclusões? 
 
 Exclusões absolutas - Primeiro você tem as chamadas exclusões absolutas. São sujeitos 
que não podem ser nem autores e nem réus. Vamos ao art. 8º, caput, da Lei 9.099, que traz as 
exclusões absolutas. Se o sujeito aí citado for autor ou réu, não pode ser no juizado: 
 
 Art. 8º - Não poderão ser partes, no processo instituído por 
esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito 
público, as empresas públicas da União, a massa falida e o 
insolvente civil. 
 
 Exclusões parciais – Aqui a exclusão é apenas quanto ao sujeito ser autor. O sujeito não 
pode ser autor. Qual é a vedação ao autor? É a pessoa jurídica. A pessoa jurídica não pode ser 
autora na ação dos juizados especiais. Aí você pode pensar que só sobra a pessoa natural. Só que 
aqui tem que tomar cuidado porque microempresa e empresa de pequeno porte são admitidas. Só 
vai ter uma exigência nesse caso, que é a exigência do enunciado 110, do FONAJE: na audiência 
tem que comparecer o empresário individual ou o sócio gerente. Essa é a condição para que esses 
sujeitos sejam admitidos como autores nos juizados especiais. Aqui não vai funcionar a figura do 
preposto. 
 
 
 155 
 Enunciado 110 - A microempresa e a empresa de pequeno 
porte, quando autoras, devem ser representadas em audiência pelo 
empresário individual ou pelo sócio dirigente. 
 
 O condomínio tem legitimidade para ingressar com ação no juizado. Enunciado 9: 
 
 Enunciado 9 - O condomínio residencial poderá propor 
ação no Juizado Especial, nas hipóteses do art. 275, inciso II, item 
b, do Código de Processo Civil. 
 
 Só tem um detalhe aqui: Enunciado 111: 
 
 Enunciado 111- O condomínio, se admitido como autor, 
deve ser representado em audiência pelo síndico, ressalvado o 
disposto no § 2° do art. 1.348 do Código Civil. 
 
 Então, quando o condomínio participa como autor na ação, o síndico tem que comparecer 
à audiência, tanto na de conciliação, como na de instrução. 
 
 E, finalmente, o Enunciado 72, do JONAJE que diz que o espólio pode ser autor nos 
juizados. Só que aqui tem uma condição: desde que não haja interesse de incapaz. Como a lei 
veda a presença de incapaz, não haveria sentido em permitir o espólio quando há interesse de 
incapaz. Então, a lei acaba excluindo. 
 
 Enunciado 72 - Inexistindo interesse de incapazes, o 
Espólio pode ser autor nos Juizados Especiais Cíveis. 
 
 Todo caminho que você vai fazer para achar a competência do juizado é primeiro ver se 
pela matéria e pelo valor dá para seguir no juizado. Daí você tem que descobrir quem são os 
sujeitos processuais, porque, a depender de quem esteja lá no processo, na relação jurídica 
processual, você vai ser obrigado a seguir na justiça comum. Você não vai poder entrar com ação 
no juizado especial. Isso é, basicamente, o juizado especial estadual. 
 
 
 2.2. COMPETÊNCIA do JEF 
 
 As ações de competência dos juizados especiais federais são determinadas: 
 
 
 a) Causas de Inclusão na competência 
 
 Pelo valor da causa – 60 salários mínimos. Mas não basta o valor da causa. Além 
disso, a competência do JEF é determinada 
 
 Também pelos sujeitos processuais – É o art. 5.º, da Lei 10.259: 
 
 Art. 6º Podem ser partes no Juizado Especial Federal 
Cível: 
 I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e 
empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei no 9.317, de 5 
de dezembro de 1996; 
 
 156 
 II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas 
públicas federais. 
 
 Esse artigo já diz expressamente quem pode ser autor: 
 
o Pessoa física 
o Microempresa 
o Empresas de pequeno porte 
 
 E, como réus, a lei coloca: 
 
o União 
o Autarquias 
o Fundações 
o Empresas públicas federais. 
 
 Então, sempre que você tiver uma ação na qual figure no polo passivo uma dessas 
pessoas e não supere 60 salários mínimos, competência do JEF. Só que aí, também no JEF, você 
vai encontrar as causas de exclusão. 
 
 b) Causas de exclusão na competência – Art. 3º, § 1º 
 
 No art. 3º, § 1º, da Lei 10.259, há uma série de matérias que são excluídas do juizado 
especial federal. 
 
 § 1º Não se incluem na competência do Juizado Especial 
Cível as causas: 
 I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição 
Federal, as ações de mandado de segurança, de desapropriação, 
de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por 
improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou 
interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos; 
 
CF Art. 109 - Aos juízes federais compete processar e 
julgar: II - as causas entre Estado estrangeiro ou 
organismo internacional e Município ou pessoa 
domiciliada ou residente no País; III - as causas 
fundadas em tratado ou contrato da União com 
Estado estrangeiro ou organismo internacional; XI - 
a disputa sobre direitos indígenas.II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações 
públicas federais; 
 III - para a anulação ou cancelamento de ato 
administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de 
lançamento fiscal; 
 IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de 
demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções 
disciplinares aplicadas a militares. 
 
 
 157 
 E uma observação final sobre o Juizado Especial Federal, com relação a essa questão da 
competência. O art. 3º, § 3º cria para o JEF uma competência absoluta. Isso significa que estando 
presentes as razões de competência do JEF, a competência do JEF é obrigatória. Você não pode 
optar entre o JEF e a justiça comum federal. Presentes as condições, você é obrigado a litigar no 
JEF. Bem diferente do JEC. Lá eu escolho. Aqui, não há escolha alguma. 
 
 § 3º No foro onde estiver instalada Vara do Juizado 
Especial, a sua competência é absoluta. 
 
 
 2.3. COMPETÊNCIA do JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA 
 
 
 Tanto o JEF, quanto o JEPF são ações contra a Fazenda Pública no nível federal. Os 
juizados estaduais novos que criaram é a Fazenda Pública no nível estadual e municipal. Numa 
lei, a ação é contra entes federais e na outra a ação é contra entes estaduais e municipais. Então, é 
óbvio que haverá uma proximidade muito grande da lei do JEF para essa lei do juizado especial 
da FP. Quer ver? 
 
 
 a) Causas de inclusão na competência – Art. 5º, da Lei 12.156/09 
 
 Qual é a competência do juizado especial da fazenda pública? Começa com o valor da 
causa. Adivinha qual é? 60 salários mínimos. 
 
 Art. 2º É de competência dos Juizados Especiais da 
Fazenda Pública processar, conciliar e julgar causas cíveis de 
interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos. 
 
 Mas não basta o valor da causa. Você também tem que analisar os sujeitos processuais. É 
o art. 5.º, da Lei 12.156. Adivinha o que você vai encontrar lá? Quem pode ser autor desse 
juizado especial? 
 
 Art. 5º Podem ser partes no Juizado Especial da Fazenda 
Pública: 
 I - como autores, as pessoas físicas e as microempresas e 
empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei Complementar 
nº 123, de 14 de dezembro de 2006; 
 II - como réus, os Estados, o Distrito Federal, os 
Territórios e os Municípios, bem como autarquias, fundações e 
empresas públicas a eles vinculadas. 
 
 Quem pode ser autor (é igualzinho) 
 
o Pessoa física 
o Microempresa 
o Empresas de pequeno porte 
 
 
 158 
 A essa altura do campeonato, você já percebeu que a pessoa jurídica não é bem-vinda no 
juizado como autora. Nem no cível, nem no federal, nem no da fazenda pública. Ela é bem-vinda 
como ré. 
 E, como réus, a lei coloca: 
 Quem pode ser réu nesse novo juizado que criaram? 
 
o Estado 
o Municípios 
o Distrito Federal 
o Territórios 
o Autarquias municipais e estaduais 
o Fundações municipais e estaduais 
o Empresas públicas municipais e estaduais 
 
 Nível estadual e municipal. Além de todas as autarquias, fundações e empresas públicas 
municipais e estaduais. Então, o que eu fiz? Foi só transportar a ideia de entes federais, 
administração e indireta pros âmbitos estadual e municipal. Aí, adivinha: qualquer causa contra o 
município e as suas respectivas autarquias, funções, empresas públicas que não superem os 60 
salários mínimos já estão no juizado novo que criaram? Não, porque aqui haverá também causas 
de exclusão. 
 
 b) Causas de exclusão na competência – Art. 2º, § 1º, da Lei 12.153/09 
 
 O art. 2º, § 1º trata das matérias que não seguirão no juizado especial da FP, mesmo o 
valor da causa não superando os 60 salários mínimos: 
 
 § 1º Não se incluem na competência do Juizado Especial da 
Fazenda Pública: 
 I - as ações de mandado de segurança, de desapropriação, 
de divisão e demarcação, populares, por improbidade 
administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou 
interesses difusos e coletivos; 
 II - as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito 
Federal, Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas 
a eles vinculadas; 
 III - as causas que tenham como objeto a impugnação da 
pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções 
disciplinares aplicadas a militares. 
 
 Observação: O art. 2.º, § 4º, da Lei 12.153, determina que a competência desses juizados 
é uma competência absoluta. O que faz com que, do mesmo jeito que é o JEF, seja o juizado 
especial obrigatório. 
 
 § 4º No foro onde estiver instalado Juizado Especial da 
Fazenda Pública, a sua competência é absoluta. 
 
 Eu até imagino que tenha ficado um pouco repetitivo, mas o objetivo é esse mesmo. Na 
verdade, é para que você perceba que, pelo menos em termos de competência, esse novo juizado 
é a cópia exata ou muito próxima do juizado especial federal. É o mesmo propósito, a mesma 
ideia, a mesma estrutura de competência. 
 
 
 159 
 E uma consideração que eu deixei para o fim e que diz respeito, tanto ao juizado especial 
federal, quanto ao juizado da Fazenda Pública. A ideia aqui é a seguinte: você tem um limite de 
valor, que é 60 salários mínimos. Então, é óbvio que você entrar com uma ação pedindo mais do 
que isso já não vai ser admitido. Você vai ter que renunciar ao excedente para se adequar. Aqui, 
se você tiver um pedido determinado acima de 60 salários mínimos, só poderá ajuizar com a 
renúncia do excedente. Pedido determinado é aquele que tem o valor. Se você abrir o jogo logo 
de cara que você quer mais, que o bem da vida que você pretende é superior a esses 60 salários 
mínimos, você só vai ser admitido nesse juizado, se se adequar. Até aqui é igualzinho ao do JEC. 
A novidade é o pedido genérico. Quando você faz um pedido genérico nesse juizado, é 
plenamente admissível uma sentença condenatória de valor superior a 60 salários mínimos. Nos 
JEF e JEFP não há renúncia prévia ao valor que exceda os 60 salários mínimos da condenação. 
No JEC, a parte excedente é ineficaz. Ele é obrigado a ficar com os 40 salários. Então, se você 
entra no JEF com uma ação previdenciária, em que não há a certeza de quanto é o valor da 
dívida, você faz a perícia e descobre que a dívida monta 100 salários mínimos. Não há problema 
algum. O juiz condena a FP em 100 salários mínimos. É uma decisão absolutamente válida e 
eficaz. Eu só não posso partir de um valor superior. Eu só não posso pedir mais. Mas se eu faço 
um pedido sem valor e o valor, ao final, é maior, ótimo. Eu ganho tudo o que eu tenho direito. 
No JEF eu só ganho até 40 salários mínimos. 
 
 Agora, vista essa questão da competência, eu queria falar dos sujeitos processuais que 
participam no processo no juizado, como eles atuam no juizado e tal. 
 
 
3. SUJEITOS PROCESSUAIS 
 
 
 3.1. O juiz togado 
 
 Todo processo nos juizados precisa contar com um juiz togado. Ele é indispensável. Às 
vezes você não vê, mas ele, obrigatoriamente, participa. É que toda ação vai precisar de uma 
sentença e essa sentença só pode ser dada por dois sujeitos: que é o juiz togado e o juiz leigo. 
Quando o juiz leigo sentencia, essa sentença só tem validade jurídica se for homologada pelo 
juiz togado. Mesmo quando você tem todo o processo sob os cuidados do juiz leigo, você não 
pode prescindir do juiz togado. Ele sempre vai ter que falar. 
 
 Vamos imaginar: o conciliador concede a transação. Não foi o juiz leigo que decidiu. O 
conciliador conseguiu a transação. Você vai precisar do quê? Da homologação do juiz togado. 
De três uma: ou o juiz togado decide, ou o juiz togado homologa a sentença do juiz leigo ouo 
juiz togado homologa a transação conduzida pelo conciliador. Não tem como fugir. 
 
 O dado interessante que pode gerar confusão com relação ao juiz togado, é a previsão 
contida no art. 6º da Lei 9.099/95: 
 
 Art. 6º - O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar 
mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às 
exigências do bem comum. 
 
 Praticamente um conceito do paraíso. Mais justa e equânime, fins sociais, exigência do 
bem comum, seja lá o que isso significa. Essa previsão pode levar o mais incauto a crer que 
vigore no juizado especial um juízo de equidade, o que não é verdade. Apesar desse artigo, 
vigora nos juizados especiais o princípio da legalidade. Se pode dizer que é um princípio da 
 
 160 
legalidade social, com uma preocupação mais social, mais voltada ao bem comum, mas não 
deixa de ser princípio da legalidade. Ou seja, o juiz deve aplicar a lei. E é claro que ao fazer isso, 
deve interpretá-la à luz dos valores constitucionais, dos princípios de justiça. Mas isso não 
precisava estar no juizado. O art. 6º é mais panfletário do que a realidade. É mais oba-oba do que 
a realidade. Ele não pode escolher uma solução mais oportuna em detrimento do que diz a lei. 
Isso não existe. O juízo de equidade está na jurisdição voluntária e olhe lá. 
 
 
 3.2. O juiz leigo 
 
 O segundo sujeito que já foi mencionado aqui é o juiz leigo, que tem uma participação 
bastante efetiva dentro do processo. No JEC, o juiz leigo será alguém escolhido entre os 
advogados com, no mínimo, 5 anos de experiência. A escolha do juiz leigo é determinada em 
cada caso. Às vezes é concurso público, às vezes é indicação. O ideal é que fosse concurso 
público sempre que houvesse mais interessados do que o número de vagas. 
 
 Mas na Lei do JEFP, no art. 15, § 1º, exige-se para que o juiz leigo atue uma experiência 
mínima de 2 anos. 
 
 No JEF, como se aplica a Lei 9.099 subsidiariamente, já que não há previsão, é, no 
mínimo, 5 anos também. 
 
 O juiz leigo, no processo, pode fazer praticamente tudo: 
 
 Conduzir a tentativa de transação (que também pode ser feita pelo conciliador) 
 Conduzir a produção de provas – Ele vai inquirir a testemunha, faz o depoimento 
pessoal, etc. 
 Conduzir a AIJ 
 Proferir sentença – É claro que o juiz leigo não está investigo de jurisdição. Então, 
depende de homologação pelo juiz togado que, quando recebe essa sentença do juiz 
leigo tem, praticamente, três opções: 
o Pode mandar o juiz leigo refazer 
o Pode mandar o juiz leigo produzir novas provas e decidir de 
novo 
o Pode simplesmente homologar. 
 
 Observação interessante – O art. 25, da Lei 9.099 prevê o que eu imagino ser uma 
pseudo-arbitragem porque as partes, na audiência de conciliação, podem escolher pela 
arbitragem. E é pseudo-arbitragem porque a escolha do árbitro é dirigida, já que só pode ser 
árbitro no juizado quem for juiz leigo. Então, terão que escolher, entre os juízes leigos, alguém 
para atuar no seu processo. É uma limitação da vontade. O pior de tudo é que esse “árbitro” não 
resolve o processo por uma sentença arbitral, mas por um laudo arbitral que, inclusive, pela 
previsão do art. 25, pode ser fundamentado em juízo de equidade. Aqui, sim. O árbitro escolhido 
pelas partes poderá resolver o processo por juízo de equidade. Ele, sim, poderá dar a decisão que 
lhe pareça mais oportuna, conveniente. Olha só como é uma pseudo-arbitragem: esse laudo 
arbitral, para ter eficácia jurídica, tem que ser homologado pelo juiz togado. Que arbitragem é 
essa? Esse laudo arbitral depende de homologação judicial. Então, de fato, é uma arbitragem 
muito esquisita, para dizer o mínimo. Até se compreende. A lei dos juizados é de 95 e a lei de 
arbitragem é de 96. 
 
 
 161 
 Art. 25 - O árbitro conduzirá o processo com os mesmos 
critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta Lei, podendo 
decidir por eqüidade. 
 
 
 3.3. O conciliador 
 
 Esse conciliador (art. 7º, da Lei 9.099) deverá ser, preferencialmente (não há uma 
obrigatoriedade), bacharel em direito. A realidade mostra que a maioria dos conciliadores são 
estudantes de direito e não bacharéis. Não precisa nem ser vinculado à área jurídica. O 
conciliador não precisa ter conhecimento jurídico algum. Ele precisa ser uma pessoa habilidosa 
para desarmar as partes para que a conciliação seja obtida. Então, eu posso colocar como 
conciliador um humanista, um sociólogo. Não há problema algum. Se eu percebo que o cara é 
bom de conversa, basta. 
 
 Art. 7º - Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da 
Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os 
bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de 
cinco anos de experiência. 
 
 Parágrafo único - Os Juízes leigos ficarão impedidos de 
exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no 
desempenho de suas funções. 
 
 Qual é a função do conciliador? No juizado especial cível a função do conciliador é tentar 
a transação. Ele participa daquela primeira audiência, que é a audiência de conciliação, para 
tentar a transação. Obtida a transação, o juiz homologa, não obtida, vamos para a AIJ. 
 
 No art. 16, da Lei do Juizado Especial da Fazenda Pública a função do conciliador passa 
a ser bem mais significativa porque a lei permite a ele fixar os contornos fáticos da demanda 
(isso é algo que seu sempre defendi) porque quanto mais claros estiverem os fatos, mais claro 
fazer o acordo. Quanto mais próximas as partes estejam da verdade, mais elas saberão se vão 
ganhar ou vão perder. Fica mais fácil tratar um acordo assim. E para se obter esses contornos 
fáticos o conciliador poderá produzir prova oral. Ouvir as partes e ouvir testemunhas. 
 
 Art. 16. Cabe ao conciliador, sob a supervisão do juiz, 
conduzir a audiência de conciliação. 
 
 § 1º Poderá o conciliador, para fins de encaminhamento da 
composição amigável, ouvir as partes e testemunhas sobre os 
contornos fáticos da controvérsia. 
 
 § 2º Não obtida a conciliação, caberá ao juiz presidir a 
instrução do processo, podendo dispensar novos depoimentos, se 
entender suficientes para o julgamento da causa os 
esclarecimentos já constantes dos autos, e não houver impugnação 
das partes. 
 
 E mais: se o juiz entender que essa produção da prova conduzida pelo conciliador é 
suficiente e não houver impugnação das partes (são duas condições: primeiro o juiz entender 
como suficiente essa prova e, segundo, não haver impugnação das partes), o juiz pode 
 
 162 
fundamentar sua sentença com base nessa prova colhida pelo conciliador. Embora num primeiro 
momento, seja usada para definir os contornos fáticos na tentativa da transação, se não sair a 
transação e o juiz achar que aquela prova é suficiente e as partes não reclamarem, o juiz nem vai 
precisar de ir para a AIJ. Ele não vai precisar ouvir as testemunhas de novo, não vai precisar 
ouvir as partes. Já aproveita tudo. Art. 26, da Lei dos JEFP, expressamente manda você aplicar 
essa regra para os Juizados Especiais da Fazenda Pública. 
 
 Art. 26. O disposto no art. 16 aplica-se aos Juizados 
Especiais Federais instituídos pela Lei nº 10.259, de 12 de julho de 
2001. 
 
 A Lei 12.153 cria esse conciliador mais ativo para o JEFP municipal e estadual e 
expressamente diz: tem que aplicar isso também no JEF. O conciliador ganhou moral aí. 
 
 
 3.4. O advogado 
 
 O advogado, na verdade, não é bem um sujeito processual, mas um representante da 
parte. Mas aqui é sujeito processual entendido lato sensu. 
 
 No JEC, você tem a dispensa do advogado, a dispensa da capacidade postulatória até 20 
salários mínimos,o que significa dizer que no juizado especial entre 20 salários mínimos e 40, a 
presença do advogado é indispensável. O legislador entendeu por bem estabelecer que até a 
metade do valor não precisa de advogado e passada a metade até o teto você vai precisar. 
 
 No JEF, a opção adotada foi outra. No JEF, a dispensa é até o teto. Então, aqui, a 
dispensa é até 60 salários mínimos. Não há essa divisão. No JEF não precisa de advogado nunca. 
O advogado é sempre dispensado em qualquer ação no JEF. Você pode ter certeza que essa 
mesma regar vai ser aplicada no JEFP. As premissas são as mesmas de ambos os juizados. 
 
 
 3.5. O preposto 
 
 O preposto representa a pessoa jurídica em audiência. Então, ao invés de você exigir a 
presença do representante legal, o preposto representa a pessoa jurídica em audiência. Ele não 
precisa ter vínculo empregatício com a empresa. Isso está expresso na lei. 
 
 O Estatuto de Ética e Disciplina OAB (não é o Estatuto da OAB), no art. 23, proíbe a 
condição simultânea de advogado e preposto. O sujeito não pode funcionar simultaneamente 
como advogado e preposto. É vedado. O enunciado 98 do FONAJE confirma essa vedação. 
 
 Enunciado 98 - Substitui o Enunciado 17 - É vedada a 
acumulação SIMULTÂNEA das condições de preposto e advogado 
na mesma pessoa (art. 35, I e 36, II da Lei 8906/1994 combinado 
com o art. 23 do Código de Ética e Disciplina da OAB) 
 
 Quando o preposto do réu comparece na AIJ, o que se espera da parte numa AIJ? O 
depoimento pessoal. Então, o preposto vai ser chamado a fazer o depoimento pessoal porque ele 
é a pessoa jurídica na audiência. Só que o que acontece? Como ele não precisa ter vinculo 
empregatício, muitas vezes, a pessoa jurídica manda para a audiência alguém que não tem a 
mínima ideia do que está acontecendo no processo. O juiz faz perguntas com relação aos fatos 
 
 163 
daquele processo e o preposto simplesmente não faz a mínima ideia do que o juiz está falando. 
Os prepostos dos meus processos são os estagiários do meu escritório. Mas eu tenho o cuidado 
de falar para eles entrarem em contato com o cliente (normalmente banco) para tentar ajudar a 
esclarecer. O que muito juiz faz? Se no depoimento pessoal o preposto mostrar desconhecimento 
dos fatos, o juiz aplica a pena da revelia. Não interessa só estar o preposto de alguém. Ele tem 
que ter condições de, efetivamente, representar a empresa. Se ele não pode responder as 
perguntas, não estará representando. 
 
 
 3.6. O Ministério Público 
 
 O MP pode participar de um processo no juizado especial. Está previsto expressamente 
na lei. É o art. 11, da Lei 9.099, só que é de uma raridade colossal. 
 
 Art. 11 - O Ministério Público intervirá nos casos previstos 
em lei. 
 
 Ele vai participar nos casos do art. 82, do CPC, que traz as justificativas que intervenção 
do MP como fiscal da lei. E essas causas dificilmente se aplicam ao juizado especial. É muito 
raro. 
 
 Art. 82 - Compete ao Ministério Público intervir: 
 I - nas causas em que há interesses de incapazes; 
 II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio 
poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de 
ausência e disposições de última vontade; 
 III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da 
terra rural e nas demais causas em que há interesse público 
evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. 
 
 
4. PROCEDIMENTO 
 
 
 O procedimento nos juizados especiais é chamado de procedimento sumaríssimo. 
 
 
 4.1. Provocação do Interessado 
 
 Vigora nos juizados especiais o princípio da inércia da jurisdição, da mesma forma que 
vigora na justiça comum. O procedimento só tem início com a provocação do interessado. Mas 
aqui há uma diferença fundamental, porque na justiça comum, onde você vai aplicar o CPC, essa 
provocação do interessado se dá por uma petição inicial que precisa preencher os requisitos do 
art. 282 e do art. 283, do CPC. A petição inicial é um ato judicial solene. É cheio de requisitos 
formais. E lá na justiça comum você precisa dar início ao processo por uma petição inicial. 
 
 Não existe petição inicial nos juizados especiais. Nos juizados especiais, nós vamos 
aplicar o art. 14, da Lei 9.099/95, que não é nem muito técnico, mas afirma que a provocação 
inicial se dará por meio de pedido. O nome que o legislador deu a essa provocação inicial é 
“pedido” que, inclusive, pode ser feito oralmente na sede do juízo. No final, ele é materializado 
 
 164 
por escrito essa reclamação inicial oral, ou então você já apresenta por escrito. É algo simples. 
Não tem nada das formalidades da inicial. 
 
 Art. 14 - O processo instaurar-se-á com a apresentação do 
pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado. 
 § 1º - Do pedido constarão, de forma simples e em 
linguagem acessível: 
 I - o nome, a qualificação e o endereço das partes; 
 II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; 
 III - o objeto e seu valor. 
 § 2º - É lícito formular pedido genérico quando não for 
possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação. 
 § 3º - O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria 
do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou 
formulários impressos. 
 
 Fundamentalmente, o que você vai precisar fazer no seu pedido inicial? Primeiro, ele vai 
pedir o nome, qualificação e endereço das partes. Não precisa seguir o art. 282, II (requisitos da 
qualificação: nome, prenome, profissão..). Aqui, é o mínimo para identificar as partes. Já está 
bom. 
 
 No inciso II, o legislador fala em fatos e fundamentos do pedido – Ele até fala em forma 
sucinta. Só toma cuidado pelo seguinte: se você, de fato, abre a possibilidade de pessoas 
litigarem sem advogado, é evidente que você tem que permitir que a alegação contida na inicial 
seja somente fática. Você não pode exigir fundamento jurídico. Então, aqui, mais do que nunca, 
você vai aplicar o princípio do iuria novit curia (dá-me os fatos que te dou o direito). Ou seja, a 
única coisa que ele vai precisar narrar nessa petição é o fato que fundamenta a sua pretensão. É 
contar uma historinha. Não vai exigir do cara o fundamento jurídico. 
 
 O inciso III fala em objeto e valor. Na verdade, é para o sujeito indicar o bem da vida que 
ele pretende. Objeto e valor é o pedido, até para que o réu saiba o que o autor está querendo: “eu 
quero que ele corte a árvore que suja o meu terreno”, “eu quero que ele pague o prejuízo que 
tive”, tem que pedir algum tipo de providência. É muito simples, escandalosamente simples. 
 
 Com relação a essa provocação inicial, só uma observação: é bastante raro, eu nunca vi, 
mas como há previsão, é bom saber, que é o art. 17, da Lei 9.099/95: 
 
 Art. 17 - Comparecendo inicialmente ambas as partes, 
instaurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o 
registro prévio de pedido e a citação. 
 
 Parágrafo único - Havendo pedidos contrapostos, poderá 
ser dispensada a contestação formal e ambos serão apreciados na 
mesma sentença. 
 
 É possível que ambas as partes, em conjunto, compareçam perante o juizado especial. 
Imagine o comparecimento simultâneo das partes envolvidas no conflito. Nesse caso, não haverá 
o pedido inicial. Nesse caso, você, diretamente, instaura uma sessão de conciliação para resolver, 
aí descobre o teor da reivindicação de lado a lado e isso acaba dispensando o pedido inicial. É 
raro, mas há previsão. 
 
 
 165 
 
 4.2. Posturas do juiz diante do pedido 
 
 É verdade que, muitas vezes, o juiz só vai ver esse pedido na audiência de instrução. Mas 
é independentemente do momento que isso ocorra, há alguns desdobramentosque podem 
interessar. 
 
 É possível o indeferimento liminar do pedido? É possível, mas você pode ter certeza que 
nunca será por inépcia. É possível o indeferimento liminar em especial pela incompetência 
absoluta do juizado especial. Imagina que eu já percebo de cara que há um sujeito que, de cara, 
não poderia figurar. Ou que a matéria é uma das matérias excluídas. Aí, indefere de cara. 
 
 É possível a emenda do pedido (já que não há petição inicial)? Sim. É possível. Só que 
aqui nesse caso a emenda do pedido pode ser feita até a audiência de instrução e julgamento, 
inclusive. Quando o pedido é incompreensível, o juiz, na AIJ, pode pedir ao sujeito para explicar 
o que quer. E esse esclarecimento na audiência serve como emenda da inicial. O enunciado 101, 
do FONAJE permite a aplicação doa RT. 285-A, do CPC (julgamento liminar de improcedência, 
aquele julgamento das causas repetitivas). 
 
 Enunciado 101 - Aplica-se ao Juizado Especial o disposto 
no art. 285, a, do CPC 
 
 Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente 
de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total 
improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a 
citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da 
anteriormente prolatada. (Acrescentado pela L-011.277-2006) 
 
 Geralmente, o que o juiz faz? Determina a citação do réu. A regra é essa: que o juiz, 
diante do pedido, manda citar o réu. 
 
 
 4.3. Citação do réu 
 
 A citação no juizado especial será feita, em regra, por correio. A citação por oficial de 
justiça é excepcional. Apenas excepcionalmente, haverá um oficial de justiça participando da 
citação. E a prova maior disso é a previsão do art. 18, III, da Lei 9.099/95: 
 
 Art. 18 - A citação far-se-á: III - sendo necessário, por 
oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta 
precatória. 
 
 Então, somente havendo necessidade, a citação se dará por oficial. 
 
 E, detalhe: é proibida a citação por edital. Não há citação por edital em sede de juizado. 
 
 O juizado especial aplica o princípio da aparência no tocante à citação da pessoa jurídica. 
E o art. 18, II, da Lei 9.099, diz que a citação da pessoa jurídica ocorrerá na pessoa do 
encarregado da recepção, não deixando dúvida alguma sobre a teoria da aparência. E é uma 
teoria da aparência vitaminada porque esse funcionário da recepção, nem aparentemente 
representa a empresa, mas ele tem responsabilidade de receber as correspondências, então, vai 
 
 166 
ser responsável, tanto por receber o A.R., quando para receber a citação por mandado, por 
oficial. 
 
 Art. 18 - A citação far-se-á: II - tratando-se de pessoa 
jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da 
recepção, que será obrigatoriamente identificado; 
 
 Agora, na citação da pessoa física, algumas coisas são meio esquisitas porque aqui, você 
tem uma divergência entre a lei e a jurisprudência. O art. 18, I, da Lei 9.099 prevê que, sendo a 
pessoa física ré, a citação se fará em mão própria. Fala em aviso de recebimento em mão própria. 
Na verdade, consagra-se aqui entendimento pacífico de que a pessoa física só é citada 
pessoalmente. Só pode ser citada por A.R. quando ela assinar o A.R. 
 Art. 18 - A citação far-se-á: I - por correspondência, com 
aviso de recebimento em mão própria; 
 
 Só que acontece o seguinte: o Enunciado 5, um enunciado muito antigo do FONAJE, que 
diz o seguinte: na citação da pessoa física, basta que qualquer sujeito, desde que identificado, 
localizado no endereço do réu receba citação. 
 
 Enunciado 5 - A correspondência ou contra-fé recebida no 
endereço da parte é eficaz para efeito de citação, desde que 
identificado o seu recebedor. 
 
 Essa é uma situação de bastante insegurança jurídica porque esse endereço é o indicado 
pelo autor e não há garantia nenhuma de que ele indique o endereço do réu. Mas o juizado 
especial com essa ideia de celeridade, informalidade e simplicidade acaba admitindo uma citação 
realizada na pessoa de terceiro. E não se confunde com a citação por hora certa que tem todo 
aquele procedimento. Neste caso, é citação pura e simples em nome de terceiro. O cara chega lá: 
“fulano está?” Não, não está. “Então você assina pra mim.” Tá valendo. É claro que aqui haverá 
uma presunção relativa de ciência da demanda. É óbvio que é possível que esse réu mais tarde 
apareça e prove que não estava sabendo do processo. 
 
 No caso do JEF e do JEFP, como o réu é sempre pessoa jurídica de direito público, você 
não vai ter grandes mistérios a respeito da citação. Será sempre realizada nos moldes da citação 
da pessoa jurídica de direito público. 
 
 Eu queria fazer duas observações nesse tema citação. 
 
 1ª Observação: Enunciado 53 do FONAJE – Houve muita discussão na justiça 
comum a respeito do melhor momento para fazer isso e o Enunciado 53 diz que nas ações 
consumeristas (ele não é expresso sobre as ações consumeristas, mas é para lá que vai ser 
aplicado) o juiz já deve citar o réu informando o réu sobre a possibilidade de inversão do ônus da 
prova. 
 
 Enunciado 53 - Deverá constar da citação a advertência, 
em termos claros, da possibilidade de inversão do ônus da prova. 
 
 Há uma discussão grande sobre isso. Para uns tem que ser feito na decisão de saneadura, 
para outros, só na sentença. O momento da inversão, portanto, é um tema muito polêmico. Lá 
nos juizados, o réu já é citado com essa indicação. É mais ou menos dizer para o réu o seguinte: 
“não venha depois dizer que eu não avisei, não venha depois dizer que você foi surpreendido 
 
 167 
com essa inversão. Eu já estou te avisando que ela é possível.” Isso é para evitar futura alegação 
de vício referente ao contraditório. É para evitar que o réu diga: “eu fui surpreendido, como é 
que você vai inverter esse ônus, assim, sem avisar?” 
 
 
 2ª Observação: Essa observação é mais importante. É sobre a intimação. Então, 
abra uma janelinha aí para falar de intimação, já que não vou ter outro momento mais oportuno 
para falar disso. 
 
 INTIMAÇÃO – No juizado especial, a regra é que a intimação ocorra sempre nas 
audiências porque os atos são concentrados nas audiências. As intimações, em regra, devem 
acontecer na audiência. Na audiência de conciliação, eu sou intimado da data da audiência de 
instrução. Na audiência de instrução, eu sou intimado da sentença que, às vezes, o juiz já profere 
na própria audiência. E aí, vale a regra: a parte devidamente intimada, mesmo ausente, sai da 
audiência intimada dos atos praticados. É regra do CPC. A parte intimada, mas ausente da 
audiência, sai intimada de qualquer maneira, mesmo que não esteja lá. 
 
 Às vezes (e eu vejo isso como exceção, pelo menos uma exceção acadêmica porque, na 
prática acaba se tornando a regra), você tem atos praticados fora da audiência. É comum, por 
exemplo, o juiz não sentenciar na audiência, chamar os autos à conclusão, o que contraria o 
próprio espírito dos juizados. Aí não vai pode intimar na audiência porque o ato não foi praticado 
na audiência. E como faz nesse caso? Aí depende. Se a parte tiver advogado constituído, você 
faz por publicação no diário oficial. Por outro lado, sem advogado, a intimação tem que ser 
pessoal, através de qualquer meio idôneo. O enunciado 73 do FONAFEJ (que pode ser aplicado 
aos juizados especiais tranquilamente), diz que essa intimação pode ser feita, até mesmo, por 
telefone. Seria um meio idôneo porque o serventuário tem fé pública. Se ele certificar que fez a 
ligação e conversou com a parte, informando do teor do ato, não haverá nada em contra. 
 
 Enunciado nº. 73 - A intimação telefônica, desde que 
realizada diretamentecom a parte e devidamente certificada pelo 
servidor responsável, atende plenamente aos princípios 
constitucionais aplicáveis à comunicação dos atos processuais. 
 
 A Fazenda Pública Federal tem algumas prerrogativas de intimação, que é a intimação 
pessoal. Você tem que fazer a intimação pessoal do procurador. Isso não existe no juizado 
especial. O Enunciado 07, do FONAJEF diz isso. Nos juizados especiais federais não há 
intimação pessoal. 
 
 Enunciado nº. 7 – Nos Juizados Especiais Federais o 
procurador federal não tem a prerrogativa de intimação pessoal. 
 
 A fim de dar efetividade ao procedimento, a intimação da pessoa jurídica de direito 
público é sempre feita na pessoa do procurador por publicação no diário oficial. Então, mesmo 
naqueles casos em que na justiça comum você tem que fazer a intimação pessoal, aqui isso não 
existe. No juizado a ideia de facilitar impede essa citação pessoal. 
 
 Fechado esse parêntese sobre a intimação, vamos voltar para o procedimento. Citamos o 
réu. E agora? Agora, segundo a Lei 9.099, será realizada uma sessão de conciliação. 
 
 
 4.4. Sessão de conciliação 
 
 168 
 
 Perceba que a lei não chama nem de audiência. Chama de sessão de conciliação. Como 
vimos, e isso é confirmado pelo Enunciado 06 do FONAJE, nessa sessão de conciliação não 
precisam estar presentes nem o juiz togado e nem o juiz leigo. 
 
 Enunciado 6 - Não é necessária a presença do Juiz Togado 
ou Leigo na Sessão de Conciliação. 
 
 Aí é a velha história: quem pode o mais, pode o menos. Tanto o juiz leigo, quanto o 
togado podem conduzir uma sessão de conciliação. Mas o fato é que invariavelmente ela é 
conduzida por um conciliador. E aí, o que acontece? A presença das partes nessa audiência é 
considerada um ônus processual perfeito. O que é um ônus perfeito? É aquele que se a parte 
não se desincumbir, automaticamente é gerada a situação de desvantagem. Aqui, a ideia é: se a 
parte não se desincumbir do ônus, automaticamente é gerada a situação de desvantagem. Se o 
autor deixa de comparecer, haverá extinção do processo por abandono. A ausência do autor 
nessa audiência leva o processo à extinção por abandono. E, perceba, o enunciado 90, do 
FONAJE determina que, neste caso, é dispensada a intimação do réu para ele concordar ou não. 
Na ação comum, o réu tem que concordar com o abandono depois de ele já ter sido citado. Aqui 
isso não existe. Quando o autor não comparece à audiência, o juiz extingue por abandono 
independentemente na anuência do réu. O réu não tem o que dizer nesse caso. 
 
 Enunciado 6 - Não é necessária a presença do Juiz Togado 
ou Leigo na Sessão de Conciliação. 
 
 Se o réu não comparecer a essa audiência, revelia. Art. 20, da Lei 9.099/95: 
 
 Art. 20 - Não comparecendo o demandado à sessão de 
conciliação ou à audiência de instrução e julgamento, reputar-se-
ão verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial, salvo se o 
contrário resultar da convicção do Juiz. 
 
 De uma sessão de conciliação, das duas uma: 
 
 O conciliador obtém a transação que será homologada pelo juiz e o processo acaba. 
 
 Sem transação, acontece um negocio interessante. Quando não há a transação, pela Lei 
9.099/95, o que vai acontecer? O juiz vai designar uma audiência de instrução e julgamento. Pela 
lei, sessão de conciliação frustrada, leva à AIJ. Mas, na praxe forense, no dia a dia forense, 
apesar de não ter previsão nenhuma na lei, você percebe o julgamento antecipado da lide nos 
termos do art. 330, do CPC. Se o juiz entender que não há prova a produzir, ele não vai designar 
AIJ só para sentenciar ou tentar uma última transação. A pauta está lotada. Se não há prova a 
produzir nessa audiência, por que não permitir que a sentença seja proferida em cartório? Isso 
faz ganhar muito tempo no processo. A lei é interessante porque ela meio que condiciona: se não 
houver conciliação, vai para a AIJ. Mas, na praxe, você acaba percebendo a possibilidade desse 
julgamento antecipado da lide. De qualquer forma, vamos seguir a lei. E vamos, portanto à AIJ. 
 
 
 4.5. Audiência de Instrução e Julgamento 
 
 Essa audiência deve ser fixada no prazo máximo de 15 dias após a sessão de conciliação 
frustrada (art. 27, § único, da Lei 9.099). Esse é um prazo impróprio. Invariavelmente é fixado 
 
 169 
um prazo muito maior do que 15 dias. É um prazo que, se não for respeitado, não gera 
consequência processual alguma. 
 
 Parágrafo único - Não sendo possível a sua realização 
imediata, será a audiência designada para um dos quinze dias 
subseqüentes, cientes, desde logo, as partes e testemunhas 
eventualmente presentes. 
 
 Mas o prazo que você precisa respeitar e que não está na lei é o prazo mínimo de 10 dias 
de antecedência. Aplicação por analogia, subsidiária, do art. 277, do CPC. É o artigo que 
determina o prazo mínimo de 10 dias para a audiência de instrução no sumário. 
 
 Art. 277 - O juiz designará a audiência de conciliação a ser 
realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu com a 
antecedência mínima de dez dias e sob a advertência prevista no § 
2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo 
ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro. (Alterado 
pela L-009.245-1995) 
 
 Por que se exige esse prazo mínimo de 10 dias? Porque como bem observado pelo 
enunciado 10 do FONAJE, o momento de apresentação de defesa do réu é a audiência de 
instrução. 
 
 Enunciado 10 - A contestação poderá ser apresentada até 
a audiência de Instrução e Julgamento. 
 
 Mas não é comum ouvi: “mas aqui na minha cidade, eles mandam você levar a 
contestação na audiência de conciliação.” Esses enunciados são diretrizes que os juizados 
deveriam seguir. Mas cada um faz o que quer. Eu sei que há lugares que mandam você levar na 
sessão de conciliação. Minha dica: leiam o mandado de citação porque é lá que vai estar escrito 
isso. Se estiver escrito que você tem que levar defesa na sessão de conciliação, não vai depois 
falar que o Enunciado 10 diz outra coisa porque o enunciado é uma diretriz. Não há vinculação 
obrigatória. Mas esse prazo mínimo de 10 dias é, justamente, para você preparar a defesa. O juiz 
não pede a defesa na sessão de conciliação (é o correto), se ele designa a audiência para o dia 
seguinte, o réu terá menos de 24 horas para fazer a defesa. Isso não se coaduna com a ampla 
defesa e com o contraditório. 
 
 Chegou na AIJ. Também na audiência de instrução, a ausência do autor gera extinção e a 
ausência do réu leva à revelia. É a mesma ideia da sessão de conciliação. Nessa audiência de 
instrução, o primeiro ato é a tentativa de conciliação. Vamos, de novo, tentar conciliar porque a 
conciliação é um dos princípios do juizados. 
 
 Não deu, não saiu a transação, aí você tem a apresentação da defesa do réu, que pode ser 
feita, tanto de maneira oral, quanto de maneira escrita. O réu tem, fundamentalmente, duas peças 
de defesa, que é a contestação e as exceções de suspeição e impedimento do juiz. O que significa 
dizer o seguinte: nessa contestação, além da defesa do réu (e aí vale tudo: matéria processual, 
matéria de mérito, etc.), você vai incluir outras reações que, na justiça comum seriam feitas por 
peça autônoma. Então, é uma contestação vitaminada. Até mais ampla do que da justiça comum. 
Você vai ter reações que na justiça comum exigiriam uma peça autônoma e, nos juizados 
especiais, você faz na própria contestação. Se você quiser alegar incompetência relativa, você vai 
alegar por meio de preliminar da contestação. Se você tivesse na justiça comum, seria via 
 
 170 
exceção de incompetência, peça autônoma e tudo o mais. Aqui, você alega por simplespreliminar de contestação. 
 
 Incompetência relativa é a incompetência territorial por natureza. Falar de incompetência 
relativa é falar da incompetência territorial. Mas nos juizados especiais, o Enunciado 89, do 
FONAJE, permite que o juiz, de ofício, reconheça a incompetência territorial. 
 
 Enunciado 89 - A incompetência territorial pode ser 
reconhecida de ofício no sistema de juizados especiais cíveis 
(Aprovado no XVI Encontro – Rio de Janeiro/RJ). 
 
 Bem diferente do tratamento que você tem na justiça comum. Lá o juiz não pode 
reconhecer a incompetência relativa. Tem até súmula, que é a súmula 33, do STJ. Há uma 
hipótese que ele pode conhecer, que é aquela hipótese do art. 112, § único. Mas a regra está 
sumulada. Mas aqui no juizado especial, o juiz pode. O art. 51, III, da Lei 9.099 diz que acolhida 
a incompetência territorial (o sujeito alegou lá, como preliminar, a incompetência territorial), o 
juiz extingue o processo. Quer dizer, a incompetência territorial dos juizados é caso de extinção 
do processo. Quando o juiz reconhece a incompetência relativa, na justiça comum, ele manda 
para o juízo competente. Por isso que se fala que a incompetência tem natureza dilatória. Ela não 
põe fim ao processo, apenas faz com que ele demore um pouco mais. Nos juizados especiais, a 
incompetência territorial tem natureza peremptória, porque ela leva o processo à extinção. Então, 
ela tem natureza peremptória. 
 
 Art. 51 - Extingue-se o processo, além dos casos previstos 
em lei: III - quando for reconhecida a incompetência territorial; 
 
 Além da incompetência relativa, o que mais você pode alegar em contestação que, em 
tese, na justiça comum, você teria que alegar por peça autônoma? Impugnação ao valor da causa. 
Se você impugnar o valor da causa e provar que está acima do teto, isso leva à extinção do 
processo. É claro que você pode impugnar e manter dentro do teto. Ou seja, o cara fala que é mil 
reais, você diz que é dez mil reais. Aí, permanece no teto. Mas a depender do acolhimento e da 
sua alegação, transposto o teto, o juiz vai extinguir. 
 
 No caso da exceção de suspeição ou impedimento, que é quando você indica a 
parcialidade do juiz, isso vai para o Colégio Recursal. Quem resolve é o Colégio Recursal. Por 
isso, não pode fazer na mesma peça. Tem que fazer em peça autônoma porque os autos vão 
continuar perante o juízo monocrático e a exceção de suspeição e impedimento vai subir para o 
Colégio Recursal. 
 
 O art. 31, da Lei 9.099 proíbe a reconvenção. Reconvenção não existe no juizado 
especial. É proibido. O artigo é bem claro. Mas o que o art. 31 permite é o chamado pedido 
contraposto. 
 
 Art. 31 - Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na 
contestação, formular pedido em seu favor, nos limites do Art. 3º 
desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem 
objeto da controvérsia. 
 
 O pedido contraposto também é um ataque do réu, mas é um ataque do réu feito na 
própria contestação. A hipótese de cabimento do pedido contraposto é mais restritiva do que a 
reconvenção. É bem mais restritiva. Não é só uma questão de dizer: uma é peça autônoma e a 
 
 171 
outra vai na contestação. Não é só isso não. A hipótese de cabimento do pedido contraposto é 
mais restrita do que as hipóteses de cabimento da reconvenção. O que você precisa para admitir 
o pedido contraposto? Que o pedido do réu contra o autor seja fundamentado na mesma situação 
fática narrada pelo autor. Perceba. Não é nos mesmos fatos narrados pelo autor, porque se você 
for obrigado a fazer pedido contraposto baseado nos mesmos fatos narrados pelo autor, você está 
desgraçado porque os fatos que o autor alega são os fatos constitutivos do direito dele. Então, 
imagina você numa ação de batida de carro. O cara alega que você estava bêbado na contramão. 
Se você faz o pedido contraposto dizendo que você estava bêbado na contramão, como é que 
você acha que vai ganhar? É óbvio que você vai dizer que ele passou no farol vermelho. É um 
fato que não foi alegado pelo autor, mas que pertence à mesma situação fática, que o acidente 
automobilístico. É o mesmo episódio da vida. O pedido contraposto exige que o réu utilize o 
mesmo episódio da vida. Bateu o carro. No dia seguinte, eu cruzo com você na rua e você me 
encheu de porrada. Você ficou tão alucinado com a batida do dia anterior que me encheu de 
porrada. Eu mereço um dano estético, dano moral porque pessoas da minha família 
presenciaram. Eu nunca poderia pedir como pedido contraposto esse dano moral e esse dano 
estético. A agressão física é um outro episódio da vida. Mas se essa fosse uma ação ordinária, 
com certeza eu poderia reconvir. Mas não é. Então, aqui só cabe o pedido contraposto. 
 
 O Enunciado 31, do FONAJE, ou seja, Juizado Especial Estadual, permite que a pessoa 
jurídica faça pedido contraposto. E no pedido contraposto, o réu vira autor, mas o juizado 
estadual admite. Diferente do juizado especial federal. O Enunciado 12, do FONAJEF diz que 
não cabe pedido contraposto no juizado especial federal, porque lá haverá pessoa jurídica da 
Administração Direta ou Indireta (União, autarquia, empresa pública ou fundação federal). 
 
 FONAJE - Enunciado 31 - É admissível pedido 
contraposto no caso de ser a parte ré pessoa jurídica. 
 
 FONAJEF - Enunciado nº. 12 - No Juizado Especial 
Federal, não é cabível o pedido contraposto formulado pela União 
Federal, autarquia, fundação ou empresa pública federal. 
 
 Tudo leva a crer que essa vedação ao pedido contraposto seja estendido aos juizados 
especiais da fazenda pública municipal ou estadual. É uma projeção minha, porque a lei acabou 
de sair. 
 
 Depois da defesa do réu, o que vamos ter? A instrução, em outras palavras, a produção da 
prova. 
 
 
 4.6. Produção da prova 
 
 Aqui eu já adianto: qualquer que seja o juizado (estadual, federal, Fazenda Pública), 
todos os meios em prova admitidos em direito são cabíveis. Não há, a priori, uma limitação. 
Todos podem ser usados. Eu vou trazer os meios de prova mais relevantes com algumas 
singularidades dos juizados. 
 
 Depoimento pessoal – Qual é a grande particularidade do depoimento pessoal? Na 
justiça comum, o depoimento pessoal depende de pedido da parte contrária. Mas o juiz não pode, 
de ofício, determinar a presença da parte para fazer perguntas? Pode. Mas aí não é depoimento 
pessoal. É interrogatório. Se o juiz determina de ofício a presença da parte, você vai ter o 
interrogatório e não o depoimento pessoal. No juizado especial, não há essa distinção. No 
 
 172 
juizado especial o depoimento pessoal é feito, por pedido ou pelo juiz, de ofício. É uma distinção 
bastante acadêmica essa entre depoimento pessoal e interrogatório. Até porque o CPC inclui o 
interrogatório dentro do depoimento pessoal e tem muita gente que acha que nem existe 
interrogatório na esfera cível. Fala em interrogatório, o sujeito já lembra do penal. Existe 
também no cível. Mas no juizado não, só tem depoimento pessoal. E muita gente pensa que não 
tem diferença. Mas tem. É que o objetivo do depoimento pessoal é a confissão. O objetivo do 
interrogatório é o esclarecimento dos fatos. Se eu chamo a parte em depoimento pessoal e ela 
não comparece, pena de confissão. Se o juiz chama a parte para interrogatório e ela não 
comparece, não há confissão, porque não é esse o objetivo do interrogatório. No juizado, o que é 
importante na prática? Se a parte contrária chamou o juiz determinou de ofício, já tem confissão, 
se a parte não comparecer. É tudo tratado como depoimento pessoal. 
 
 Prova testemunhal – Aqui eu tenho, pelo menos, duas diferenças significativas: 
 
 Na justiça comum, no CPC, o númeromáximo de testemunhas é de 10, sendo que, 
três por fato. 
 No juizado especial, o número máximo é de três. Diminui-se o número total de 
testemunhas admitidas por cada parte na audiência de instrução. 
 
 Outra diferença muito importante: 
 
 Na justiça comum (art. 47, do CPC), toda testemunha tem que ser arrolada antes da 
audiência. Se você não arrolar testemunha, ela não será ouvida. Princípio do 
contraditório. Você tem que informar à parte contrária, a testemunha que você vai 
levar ao juiz. 
 
 No juizado especial, depende porque no juizado você só precisa arrolar se for 
necessária a intimação da testemunha, daí você ter o prazo máximo de 5 dias antes da 
audiência para arrolar a sua testemunha. 
 
 Esse entendimento se coaduna com a simplicidade e celeridade do juizado. Estou fazendo 
esse comentário porque se você fizer uma interpretação literal do art. 34, da Lei 9.099, você vai 
chegar à conclusão que precisa arrolar mesmo, ou seja, que você precisa arrolar, mesmo as 
testemunhas que você vai levar independentemente de intimação. Mas a doutrina é bastante 
tranquila em admitir essa dispensa do arrolamento prévio caso não seja necessária a intimação. 
 
 Art. 34 - As testemunhas, até o máximo de três para cada 
parte, comparecerão à audiência de instrução e julgamento 
levadas pela parte que as tenha arrolado, independentemente de 
intimação, ou mediante esta, se assim for requerido. 
 
 Prova documental – Na verdade, só há uma diferença com relação à prova documental, 
que é o momento adequado para a produção da prova documental. Pelo CPC, o momento 
adequado é a petição inicial e a contestação. Nos juizados especiais, você pode juntar o 
documento até a AIJ. Para o réu, no final das contas, você estará aplicando a regra do CPC, 
porque o réu vai apresentar contestação em audiência. Mas, para o autor é uma mudança 
significativa. Você pode, como autor, levar documentos na AIJ. Os documentos serão admitidos 
sem maiores traumas 
 
 
 173 
 Prova pericial – Aqui está a maior diferença que você encontra entre os juizados. No 
JEC, o art. 35, da Lei 9.099/95, admite a chamada perícia informal. É um erro você dizer que não 
cabe perícia no juizado. Cabe sim. A perícia informal. Só que tem um detalhe: perícia informal é 
a perícia simples, aquela feita na própria AIJ. 
 
 Art. 35 - Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá 
inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a 
apresentação de parecer técnico. 
 
 Se essa prova pericial se mostrar complexa, o lugar desse 
processo não é o juizado especial. Interessante é que no Juizado 
Especial Federal, o art. 12, da Lei 10.259, prevê a perícia normal. A 
prova pericial, o exame técnico necessário é normal. Por isso, o 
STJ já teve a oportunidade de decidir (Informativo 391, julgamento 
da 1ª Seção 103084/SC) que mesmo as questões complexas, 
faticamente são de competência do Juizado Especial Federal. A 
complexidade no JEC retira o processo do juizado. No JEF isso não 
existe. O que o STJ quis dizer é o seguinte: se o valor da causa está 
dentro da lei, se a matéria está dentro da lei, a perícia pode ser a 
mais complexa possível que a competência continua no juizado. É 
um tratamento bem diferente da conferida no âmbito do JEC. 
 
 Inspeção judicial – E uma última consideração que é a seguinte: é cabível no juizado, 
tanto no Federal quanto no estadual, que é a inspeção judicial. A inspeção judicial ocorre quando 
o juiz, pessoalmente, faz o exame de uma pessoa, de uma coisa ou de um lugar. É o melhor meio 
de prova que existe porque ele retira os intermediários. A testemunha leva para o juiz uma 
informação. O documento idem, a perícia idem. Na inspeção é o juiz diretamente perante a fonte 
da prova. No juizado especial está liberado. Pode fazer. Eu só quero que vocês tomem cuidado 
com a previsão do art. 35, § único, da Lei 9.099, quando fala que o juiz pode indicar pessoa de 
sua confiança para fazer a inspeção. 
 
 Parágrafo único - No curso da audiência, poderá o Juiz, de 
ofício ou a requerimento das partes, realizar inspeção em pessoas 
ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que 
lhe relatará informalmente o verificado. 
 
 Não há empecilho algum quanto ao juiz chamar alguém de sua confiança para fazer a 
inspeção. O problema é o seguinte: se ele chamar alguém de sua confiança, isso não é mais 
inspeção judicial, pois a inspeção judicial exige o contato direto do juiz. Então, ela é uma espécie 
de prova atípica, sem maiores problemas. 
 
 Terminada a instrução, se você estivesse na justiça comum, você passaria aos debates 
orais, que são as alegações finais feitas oralmente. Só que, olha só: o Enunciado 35, do FONAJE 
diz que não há debates orais nos juizados. Não há alegações finais oralmente feitas nos juizados. 
Então, quando acaba a instrução, imediatamente, nós já passamos para o quarto momento da 
audiência que é a sentença. 
 
 
 4.7. Sentença 
 
 
 174 
 O juiz não é obrigado a proferir a sentença em audiência. Ele pode fazer isso oralmente 
na audiência ou pode proferir por escrito. E a lei dá um prazo de 10 dias para ele fazer isso. É um 
prazo impróprio. 
 
 O que tem de peculiar a sentença no juizado especial? O primeiro dado interessante é o 
do art. 38, da Lei 9.099, dizendo que no juizado especial não há relatório na sentença. A sentença 
de mérito no juizado é composta de fundamentação e dispositivo. 
 
 Art. 38 - A sentença mencionará os elementos de convicção 
do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em 
audiência, dispensado o relatório. 
 
 O Enunciado 46, do FONAJE diz que a fundamentação pode ser gravada em fita 
magnética. E tem todo um procedimento para você fazer uma cópia dessa fita para você poder 
recorrer dessa sentença porque, afinal de contas, sentença é impugnada pela fundamentação. O 
que o Enunciado 46 diz é o seguinte: escrito, só obrigatoriamente o dispositivo. É engraçado que, 
na prática, é tudo escrito. É rara a utilização das fitas. Mas o que o enunciado quer dizer é que só 
precisa ser escrito o dispositivo. O resto você pode gravar em fita magnética. 
 
 Enunciado 46 - A fundamentação da sentença ou do 
acórdão poderá ser feita oralmente, com gravação por qualquer 
meio, eletrônico ou digital, consignando-se apenas o dispositivo na 
ata. 
 
 O art. 38, § único, da Lei 9.099 proíbe expressamente a prolação de sentença ilíquida no 
juizado. 
 
 Parágrafo único - Não se admitirá sentença condenatória 
por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido. 
 
 É por isso que no juizado especial não existe liquidação de sentença. Toda sentença do 
juizado tem que ter um valor determinado. O art. 39, da Lei 9.099 fala justamente do valor 
excedente a 40 salários mínimos. E nós já vimos. Aquela sentença que for além dos salários 
mínimos tem uma ineficácia com relação a esse excedente. Ela é ineficaz com relação ao que 
exceder o valor. Para calcular esse valor máximo de 40 salários mínimos, você vai excluir os 
honorários advocatícios (porque é possível haver honorários depois de recurso). Ou seja, além da 
condenação de 40, ganha pelo cliente, mas além disso, há condenação de pagar honorários. 
Então, a condenação vai ser de 40 + 05. Multa por litigância de má-fé também não entra. O 
sujeito pode ser condenado a pagar 40 mais uma multa. E as Astreintes também não entram. Ele 
pode ser condenado a pagar 40 e mais tanto de Astreinte. No JEF e no JEFP o art. 39 é 
inaplicável. 
 
 Art. 39 - É ineficaz a sentença condenatória na parte que 
exceder a alçada estabelecida nesta Lei. 
 
 
5. RECURSOS NO ÂMBITO DOS JUIZADOS 
 
 
 No JEC, Lei 9.099, vocêtem expressamente a previsão só de dois recursos: 
 
 
 175 
 Embargos de declaração 
 Recurso inominado contra sentença 
 
 Nós vamos ver os dois daqui a pouco. De cara, já vamos incluir alguns outros recursos, 
mesmo não previstos expressamente na Lei 9.099. 
 
 Recurso extraordinário – É incontestável o cabimento desse recurso. O próprio 
Enunciado 63, do FONAJE fala que das decisões da Turma Recursal cabe embargos de 
declaração e RE. 
 
 Enunciado 63 - Contra decisões das Turmas Recursais são 
cabíveis somente os embargos declaratórios e o Recurso 
Extraordinário. 
 
 Agravo interno – É outro recurso que vem sendo admitido com facilidade. Agravo 
interno contra decisão monocrática do relator ou do presidente do tribunal, nos termos do art. 
545 e 557, § 1º, do CPC. 
 
 Art. 545 - Da decisão do relator que não admitir o agravo 
de instrumento, negar-lhe provimento ou reformar o acórdão 
recorrido, caberá agravo no prazo de cinco dias, ao órgão 
competente para o julgamento do recurso, observado o disposto 
nos §§ 1º e 2º do Art. 557. 
 
 Art. 557 - O relator negará seguimento a recurso 
manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em 
confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do 
respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal 
Superior. 
 § 1º - Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao 
órgão competente para o julgamento do recurso, e, se não houver 
retratação, o relator apresentará o processo em mesa, proferindo 
voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento. 
 
 É a decisão monocrática. Então, se o relator decide monocraticamente o recurso, ou o 
Presidente do colégio recursal decide monocraticamente a admissibilidade do recurso 
extraordinário de forma negativa, cabe o agravo interno, que é o agravo para o órgão colegiado. 
Então, aí você dá uma olhada nos Enunciados 102 e 103, do FONAJE e nos Enunciados 29 e 31, 
do FONAJEF, que acabam confirmando isso que eu falei (só que o Enunciado 31 consta como 
CANCELADO!!) 
 
 FONAJE - Enunciado 102 - O relator, nas Turmas 
Recursais Cíveis, em decisão monocrática, poderá negar 
seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, 
prejudicado ou em desacordo com Súmula ou jurisprudência 
dominante das Turmas Recursais ou de Tribunal Superior, 
cabendo recurso interno para a Turma Recursal, no prazo de cinco 
dias (aprovado no XIX Encontro – Aracaju/SE) 
 
 FONAJE - Enunciado 103 - O relator, nas Turmas 
Recursais Cíveis, em decisão monocrática, poderá dar provimento 
 
 176 
a recurso se a decisão estiver em manifesto confronto com Súmula 
do Tribunal Superior ou Jurisprudência dominante do próprio 
Juizado, cabendo recurso interno para a Turma Recursal, no prazo 
de cinco dias (aprovado no XIX Encontro – Aracaju/SE) 
 
 FONAJEF - Enunciado nº. 29 - Cabe ao Relator, 
monocraticamente, atribuir efeito suspensivo a recurso, bem assim 
lhe negar seguimento ou dar provimento nas hipóteses tratadas no 
art. 557, caput e § 1-A, do CPC, e quando a matéria estiver 
pacificada em súmula da Turma Nacional de Uniformização, 
enunciado de Turma Regional ou da própria Turma Recursal. 
 
 FONAJEF - Enunciado nº. 31 - O recurso de agravo 
interposto contra decisão que nega seguimento a recurso 
extraordinário pode ser processado nos próprios autos principais, 
dispensando-se a formação de instrumento no âmbito das Turmas 
Recursais. (Cancelado – V FONAJEF) 
 
 Vamos agora para os recursos típicos, depois eu abro a lei do JEF, porque tem novidade. 
 
 
 5.1. Embargos de declaração no juizado especial 
 
 Eu quero destacar três diferenças fundamentais nos embargos de declaração nos juizados 
especiais e na justiça comum: 
 
a) Na justiça comum, há três vícios passíveis de saneamento por embargos de 
declaração: omissão, contradição e obscuridade. Nos juizados especiais, você vai 
usar esses três vícios e inclui mais um, que é a dúvida. No juizado especial cabem 
embargos de declaração fundados em dúvida. Essa é a primeira diferença. 
 
b) Na justiça comum, os embargos de declaração são feitos por escrito. Nos juizados 
especiais existe a opção para o autor, nos casos das decisões proferidas em 
audiência, que é fazer o embargo oral ou por escrito. 
 
c) Na justiça comum, a interposição dos embargos de declaração interrompe o prazo 
para outros recursos. O que significa interromper o prazo? Devolve o prazo 
inteiro. Quando acaba a interrupção, o prazo é devolvido na íntegra. E olha a 
pegadinha aqui: o art. 50, da Lei 9.099, fala o seguinte: no caso de embargo 
interposto contra sentença, haverá suspensão do prazo. 
 
 Art. 50 - Quando interpostos contra sentença, os embargos 
de declaração suspenderão o prazo para recurso. 
 
 A ideia é a seguinte: quando você embarga de declaração contra sentença no juizado, 
você recebe o prazo pelo saldo. Suspender o prazo é isso. É devolver o prazo pelo saldo. Eu 
tenho 10 dias para entrar com recurso inominado. Se eu gastei 5 para fazer o embargo de 
declaração, eu só vou ter mais 5 para fazer o meu recurso inominado. A ideia é essa. 
 
 O STF diz o seguinte: embargos de declaração contra sentença no juizado suspende. Mas 
embargo de declaração contra acórdão não há previsão na lei 9.099. Então, contra acórdão, você 
 
 177 
usa a regra do CPC. Contra acórdão, você é obrigado a entender pela interrupção. Se você quiser 
entrar com RE do acórdão, seu prazo é devolvido na íntegra. No juizado também. Você entra 
com embargos (5 dias), depois tem mais 15 dias para entrar com RE. Sem problema. 
 
 
 5.2. Recurso Inominado 
 
 Como funciona o recurso inominado? O recurso inominado é um recurso cabível contra 
sentença no prazo de 10 dias. Mas não confundam o recurso inominado com apelação porque ele 
é mais amplo do que a apelação. Isso porque, além de impugnar a sentença, o recurso inominado 
vai servir para impugnação de decisões interlocutórias anteriores à sentença. 
 
 Nos juizados especiais, nós trabalhamos com a ideia da irrecorribilidade das decisões 
interlocutórias. Em outras palavras, não cabe agravo. Se eu não posso agravar, em algum 
momento, eu terei direito de impugnar. E o momento é o recurso inominado. Toda decisão 
interlocutória que ficou pelo caminho e te prejudicou, você vai poder impugnar por recurso 
inominado. Com relação à irrecorribilidade das interlocutórias, há duas observações importantes 
a serem feitas: 
 
 1ª Observação: Na Lei 10.259, Juizado Especial Federal, art. 5º, e na Lei do 
Juizado Especial da Fazenda Pública, no art. 4º, há permissivo de recurso contra uma decisão 
interlocutória específica, que é a decisão interlocutória de tutela de urgência: cautelar, liminar, 
tutela antecipada. Então, da decisão da tutela de urgência, o JEF e o JEFP admitem recurso. As 
leis falam em “recurso”. Só pode ser agravo de instrumento. No JEF e no JEFP há uma 
possibilidade de agravo. 
 
 Art. 5º Exceto nos casos do art. 4o, somente será admitido 
recurso de sentença definitiva. Art. 4º O Juiz poderá, de ofício ou a 
requerimento das partes, deferir medidas cautelares no curso do 
processo, para evitar dano de difícil reparação. 
 
 Art. 4º Exceto nos casos do art. 3º, somente será admitido 
recurso contra a sentença. Art. 3º O juiz poderá, de ofício ou a 
requerimento das partes, deferir quaisquer providências cautelares 
e antecipatórias no curso do processo, para evitar dano de difícil 
ou de incerta reparação. 
 
 2ª Observação: Há súmula do STJ tratando do mandado de segurança contra 
decisão interlocutória em sede de juizado. Ainda que excepcionalmente, o STJ sempre disse o 
seguinte: não cabe o

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