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Infecção Hospitalar: Prevenção e Controle

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Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 1 
Capítulo I - Infecção Hospitalar 
1. Introdução 
A infecção hospitalar é um tema que cada vez 
mais preocupa a comunidade da saúde, devido às suas 
enumeras implicações: 
-aumento do tempo de internamento dos doentes e do seu 
sofrimento; 
-despesas acrescidas para a instituição; 
-aumento do número de horas necessárias de cuidados 
para os profissionais de Saúde. 
Por isso, há uma preocupação constante nas 
instituições de saúde devido as infecções 
hospitalares. 
Evidentemente, o profissional de saúde ou o 
hospital não contamina voluntariamente seus pacientes, 
mas a inobservância de princípios básicos do controle das infecções hospitalares 
pode ter conseqüências drásticas. 
No entanto, a Enfermagem tem consciência da importância do seu papel no que 
tange à prevenção e ao controle da infecção hospitalar, por isso, é bom lembrar que 
o paciente hospitalizado, em geral, fica mais exposto à grande variedade de 
microorganismos, num momento em que se encontra menos preparado para combatê-los. O 
estresse da doença e o fato da internação constituem por si fatores de 
desestabilização, acrescidos pela diminuição dos mecanismos de defesa, bem como do 
tratamento invasivo que compromete a integridade da pele. Estes fatores exigem 
atenção e compromisso redobrado de toda a equipe de saúde. 
Assim, é importante ter profissionais conscientes, trabalhando em equipe, 
respeitando cada um dentro de suas funções, atualizando-se com freqüência e com 
capacidade de auto avaliarem-se. 
A ocorrência das infecções hospitalares e suas práticas de controle têm uma 
estreita relação com a história. Desde o surgimento dos hospitais, as infecções 
hospitalares existem. 
O início das preocupações com a infecção hospitalar no Brasil acompanhou o 
processo de industrialização acelerado que se iniciou no governo de Juscelino 
Kubischek e também a ocorrência de surtos por estafilococo resistentes a 
penicilina, pelos relatos vindos de países com medicina tecnologicamente avançada. 
Porém, somente em 1997 com a Lei Federal 9.431 de 06/01/97, que foi 
instituído a obrigatoriedade da existência da Comissão de Controle de Infecção 
Hospitalar (CCIH) e de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH), 
definido como um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, 
tendo como objetivo a redução máxima possível da incidência e gravidade das 
infecções nosocomiais. 
Em 13/05/98, o Ministério da Saúde editou a Portaria 2.616/98, com diretrizes 
e normas para a execução destas ações, adequando-as à nova legislação. 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 2 
É neste contexto que as instituições tentam investir na prevenção de forma a 
diminuir as despesas humanas e materiais apostando fortemente na sua prevenção. 
 
2. Definições 
Segundo o Ministério da Saúde 2004: 
Infecção é a resposta inflamatória provocada pela 
invasão ou presença de microorganismos em tecidos 
orgânicos. 
Infecção Hospitalar é qualquer infecção adquirida 
após a internação do paciente e que se manifesta 
durante a internação ou mesmo após a alta, quando 
puder ser relacionada com a internação ou 
procedimentos hospitalares. Usa-se como critérios gerais: 
1. Quando na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária 
for isolado um germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do 
paciente, o caso deverá ser considerado como hospitalar. 
2. Quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver 
evidência clínica e/ou dado laboratorial de infecção no momento da admissão, 
considera-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se 
apresentar 72 horas após a admissão. Também são consideradas hospitalares aquelas 
infecções manifestadas antes de se completar 72 horas da internação, quando 
associadas a procedimentos invasivos diagnósticos e/ou terapêuticos, realizados 
previamente. 
3. As infecções no recém-nascido são hospitalares, com exceção das 
transmitidas de forma transplacentária e aquelas associadas a bolsa rota superior a 
24 horas. 
Infecção Comunitária é a infecção constatada ou em 
incubação no ato da admissão do paciente, desde que 
não relacionado com internação anterior no mesmo 
hospital. São também consideradas infecções 
comunitárias: 
1. As infecções associadas a complicações ou 
extensão da infecção já presente na admissão, a 
menos que haja troca de microrganismo ou sinais ou 
sintomas fortemente sugestivo da aquisição de nova 
infecção. 
2. Infecção em recém-nascido, cuja aquisição 
por via transplacentária é conhecida ou foi 
comprovada e que tornou-se evidente logo após o nascimento (ex: Herpes simples, 
toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis e AIDS). Adicionalmente, são 
também consideradas comunitárias todas as infecções de recém-nascidos associadas 
com bolsa rota superior a 24 horas. 
Tempo ou período de incubação de uma doença infecciosa é o intervalo de tempo 
que transcorre entre a exposição a um agente infeccioso e a aparição do primeiro 
sinal ou sintoma da doença de que se trate. 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 3 
Desta forma, quando se conhece o tempo de incubação de uma infecção 
específica, 
deve-se considerar como infecção hospitalar todos os casos de pacientes 
internados que manifestaram a referida infecção num intervalo de tempo, contado 
desde a admissão do paciente até a primeira manifestação clínica, superior ao tempo 
de incubação da doença. 
Para saber mais sobre as diferenças conceituais entre a infecção comunitária 
e hospitalar, observe o quadro do MS (2002): 
CARACTERÍSTICA INFECÇÃO COMUNITÁRIA INFECÇÃO HOSPITALAR 
Diagnóstico Antes da admissão hospitalar. 
A partir de 48 horas 
após a internação. 
Admissão 
hospitalar 
A infecção constatada ou em 
incubação no ato da admissão 
hospitalar, desde que não 
relacionada a internamento 
anterior. 
Não se identifica 
presença ou incubação 
de infecção na 
admissão hospitalar. 
Complicações ou 
extensão da 
infecção 
Associadas à infecção já 
existente. Na presença de sinais e 
sintomas fortemente sugestivos de 
nova infecção, trata-se de 
infecção hospitalar. 
Associadas à nova 
infecção, adquirida 
durante a 
hospitalização. 
Recém-nascidos 
Infecções com aquisição por via 
transplacentária e que se tornou 
evidente logo após o nascimento 
(exemplo: herpes simples, 
toxoplasmose, rubéola, 
citomegalovirose, sífilis, HIV). 
Adquiridas no pré-
parto e parto, bem 
como pela colonização 
do RN com os micro-
organismos 
hospitalares. 
 
É fato que as infecções 
hospitalares aumentam o tempo de 
hospitalização do cliente e, como 
decorrência, elevam o custo dos 
tratamentos. Falhas nas práticas da 
assistência aumentam o risco de aquisição 
de infecções para os pacientes, tais como: 
falhas no processo de esterilização do 
material, no preparo de medicamentos parenterais, bem como na execução de 
procedimentos invasivos, entre outras. 
Nesse sentido, é necessário evidenciar que as infecções hospitalares estão 
situadas entre as principais causas de óbito no Brasil, ao lado das doenças 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 4 
neoplásicas, respiratórias, infecciosas e cardiovasculares. Portanto, mostra-se 
relevante ampliar os programas de orientações para prevenção e controle das 
infecções hospitalares.Podemos constatar que no ambiente hospitalar a proliferação de 
microorganismos é muito grande e, quando aliada ao enfraquecimento dos mecanismos 
de defesa do cliente, propicia, sem dúvida, o aumento das condições inerentes ao 
acometimento das infecções hospitalares. Portanto, precisamos ficar atentos. 
Teoricamente a infecção hospitalar pode ocorrer em qualquer pessoa que esteja 
no hospital: pacientes, funcionários e até visitantes. Na prática constata-se que 
todo o ambiente hospitalar é passível de acometimento de infecção. 
Podemos assegurar que os índices de cada hospital variam de acordo com o tipo 
de paciente atendido. As maternidades, por exemplo, apresentam um índice de 
infecção hospitalar mais baixo por ser menos frequente que pacientes saudáveis 
contraiam infecção. 
Situação inversa ocorre nas unidades de transplantes, de quimioterapia e 
hospitais de oncologia que apresentam altos índices de infecção hospitalar devido à 
gravidade dos pacientes ali atendidos e à agressividade dos procedimentos 
realizados nessas clínicas. 
A transmissão de microorganismos no hospital se dá, com maior freqüência, 
através das mãos dos profissionais de saúde que normalmente carregam os agentes de 
um paciente para outro. A maneira mais eficaz da não transmissão é a higienização 
das mãos antes e depois de qualquer contato com o paciente. 
Embora grande parte das infecções hospitalares seja de origem endógena e 
portanto de difícil prevenção, é considerável o número de infecções hospitalares 
que podem ser evitadas. 
 
3. Aspectos Históricos das Infecções Hospitalares 
Se considerarmos a infecção 
hospitalar como toda a infecção 
transmitida ou adquirida no espaço 
hospitalar, podemos mencionar que seu 
surgimento ocorreu no período medieval, 
época em que foram criadas as instituições 
concebidas como alojamento dos doentes ou 
não, peregrinos, pobres e inválidos. 
Dessa forma, percebemos que estas 
instituições abrigavam os excluídos, e, 
por conseguinte, a disseminação de doenças 
infecciosas era promovida por esta condição. Surgiram nessa época as epidemias de 
cólera e peste por exemplo. 
No século XVIII, iniciou-se a transformação dessas instituições de abrigo em 
hospitais, como um local de assistência aos pobres, onde as pessoas eram internadas 
para cura, medicalização e morte. Somente na primeira metade do século XIX, a 
infecção hospitalar começou a ser mencionada pelos profissionais de saúde. 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 5 
O inglês James Young Simpson (1811-
1870), professor de cirurgia da Universidade 
de Edimburg, observou em 1830 o aumento na 
taxa de mortes pós-amputação, que ocorria 
justamente em pacientes internados. Empregou 
para este fato o termo ―hospitalismo‖, sempre 
que se referia aos riscos ligados à 
assistência hospitalar. 
O médico Ignaz Philip Semmelweis em 
1847 indicou a lavagem das mãos com ―água 
clorada‖ para todo examinador, antes de tocar a mulher em trabalho de parto. Com 
esta medida, conseguiu reduzir, satisfatoriamente, a taxa de mortalidade de 22 para 
3% em apenas 7 meses. 
Neste contexto, a enfermagem participou 
ativamente em 1856 quando a enfermeira Florence 
Nightingale padronizou os procedimentos de cuidados 
de enfermagem, e focou a atenção nas questões de 
higiene e limpeza do hospital. Além disso, Florence 
apresentava sua preocupação com as doenças epidêmicas 
e com as infecções hospitalares e suas repercussões. 
Isso faz parte de nossa prática até hoje. 
Outro destaque significativo foi de Joseph 
Lister que publicou, em 1867, um trabalho importante: 
o resultado de suas experiências sobre assepsia e antissepsia, e trouxe à luz o 
conceito de cirurgia asséptica. Os resultados desses trabalhos abriram uma nova 
fase na história da cirurgia – a chamada medicina antisséptica – que reduziu 
consideravelmente a incidência das infecções cirúrgicas e pós-operatórias. 
Apesar dos avanços históricos, alguns fatores contribuíram para a 
disseminação das infecções: as enfermarias superlotadas, a permanência prolongada 
dos pacientes, além dos cuidados precários prestados aos mesmos. Esta situação 
marcou a primeira metade do séc. XIX. 
Em contraponto, citamos na segunda metade do século XIX a incorporação de 
novos conhecimentos como assepsia, antissepsia, desinfecção, esterilização e 
antibioticoterapia. No entanto, estes foram incorporados na prática hospitalar no 
começo do século XX, com o advento dos antibióticos. 
Em 1928, o cientista Alexandre Fleming descobriu a penicilina, mas somente, 
em 1939, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, dois cientistas, Howard Florey e 
Ernst Chain, retomaram as pesquisas e conseguiram reproduzir penicilina em escala 
industrial. Assim, iniciava-se uma nova fase para a medicina – a era dos 
antibióticos. 
A penicilina salvou muitas vidas durante a guerra, mas somente em 1942 
observou-se significativa redução das infecções estreptocócicas nos pacientes 
hospitalizados. 
Na década de 1950, houve um significativo aumento das infecções hospitalares 
com o surgimento de cepas de Staphylococcus resistentes à penicilina, provocando 
surtos de infecção nos berçários, com taxa de mortalidade muito alta. Com isto, 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 6 
deflagraram-se eventos científicos internacionais e nacionais relacionados às 
infecções hospitalares e ao seu controle. 
Entre os eventos de maior repercussão destaca-se: 
 1958 - a Conferência Nacional sobre Doenças Estafilocócicas de Aquisição 
Hospitalar, realizada em Atlanta nos Estados Unidos; 
 1962 - o Simpósio sobre Epidemiologia e Controle das Infecções Hospitalares; 
 1970 - a Conferência Internacional das Infecções Hospitalares. 
Em 1965, nos Estados Unidos, um hospital foi obrigado a pagar indenização a 
um cliente pelos danos causados em consequência de uma infecção hospitalar. Foi 
então, o momento de se criar os Commiltthecs on Infections, e, dessa forma, 
programar estudos sobre infecções hospitalares, procurando métodos mais efetivos de 
vigilância dos hospitais. 
Assim, ainda na década de 1960, houve o reconhecimento das infecções 
hospitalares como problema de saúde pública. O Centers for Dieases Control (CDC), 
recomendou a vigilância epidemiológica das infecções hospitalares de forma 
sistemática para todos os hospitais. 
Em 1976, um Grupo de Trabalho promovido pela Oficina Regional da Organização 
Mundial da Saúde - OMS se reuniu para discutir os problemas e os tipos de 
investigações conduzidas para o controle das infecções hospitalares na Europa. 
Essas discussões resultaram na concepção de que as infecções hospitalares estão 
relacionadas a quatro fatores: paciente, microorganismos, meio ambiente e 
administração, e que seu manejo depende de atuação multiprofissional. 
Diante da importância de atuação multiprofissional, em 1979, um grupo 
composto pelas diversas profissões da saúde se reuniu na Guatemala para preparar um 
informe que refletisse os avanços na elaboração de um Programa de Controle de 
Infecções Hospitalares na América Latina e Caribe. 
Em 1996, a Organização Mundial de Saúde apresentou um guia prático sobre 
controle de infecção hospitalar. 
Com isso consideramos que o controle das infecções hospitalares está 
relacionado à adoção de medidas curativas e individuais e que é de suma importância 
a atuação multiprofissional, caracterizando a enfermagem como fundamental. 
No Brasil 
 Entre 1950 e 1967 a área da 
saúde no Brasil teve influências do 
desenvolvimento do capitalismo e a 
urbanização acelerada,com a 
priorização da assistência médica 
curativa e previdenciária. Ocorre a 
sedimentação do sistema capitalista, 
relacionada ao desenvolvimento 
econômico no processo de 
industrialização e o estabelecimento 
de um governo autoritário, sob 
ditadura militar. 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 7 
Foi desta época em que se tem relatado os primeiros casos de infecções 
hospitalares. Após, iniciou-se a época que corresponde à primeira fase da ditadura 
militar, na fase do milagre brasileiro. a saúde teve grande expansão na assistência 
médica previdenciária, a qual entrou em crise diante de suas fragilidades. 
Do período final da ditadura militar à transição democrática e a primeira 
eleição direta para presidente, o qual foi conhecido como a ‗década perdida‘. Na 
saúde ocorreram importantes mudanças, culminando com a institucionalização do 
Sistema Único de Saúde - SUS. 
Nessa década, ainda se atribuía a ocorrência de infecção aos hospitais, com a 
preocupação relacionada a duas concepções: a ambiental e a procedimental. A maior 
preocupação da primeira foi com estrutura física hospitalar (organização dos 
serviços, medidas de higiene e saneamento, cuidados com lixo e esgoto), e a 
concepção procedimental mencionava as técnicas de assepsia, antissepsia, 
desinfecção e esterilização. 
Na década de 50, a enfermagem participou ativamente do movimento que deu 
origem a criação das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), por meio 
da publicação de estudos e pesquisas voltados para o ambiente, ao processamento de 
materiais e aos procedimentos de antissepsia. 
Entre 1972 e 1976, foram elaboradas portarias, que determinavam a criação e 
organização das comissões de controle de infecção. Momento esse, em que se 
iniciaram estudos em hospitais brasileiros. 
Com isso, percebemos que a década de 1970 foi marcada pelo estabelecimento de 
iniciativas concretas para o controle das infecções hospitalares. 
A década de 1980 foi marcada pela constatação generalizada da gravidade do 
problema, com repercussões na mídia impressa, televisão entre outras, com 
apontamentos de usuários, profissionais e representantes dos hospitais. 
Atente para a evolução dos instrumentos legais que normatizam a prática de 
controle das Infecções Hospitalares: 
INSTRUMENTO 
LEGAL 
DETERMINAÇÃO LEGAL 
Portaria MS 
n° 196/83 
Determina que ―todo hospital, independente da entidade 
mantenedora, porte ou especialidade, deve constituir comissão 
de controle de infecção‖. 
Portaria MS 
n° 930/92 
Estabelece normas práticas de controle das Infecções 
Hospitalares e estabelece que ―todos os hospitais do país, 
além de Comissões, deveriam também constituir Serviços de 
Controle de Infecções Hospitalares, compreendendo, pelo menos 
um médico e um enfermeiro para cada 200 leitos‖. 
Lei n° 
9431/97 
Estabelece em seu artigo 1° a obrigatoriedade dos hospitais 
manterem um Programa de Controle das Infecções Hospitalares 
(PCIH). E em seu artigo 2° preconiza a constituição de 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 8 
Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) para 
execução adequada do programa. 
Portaria MS 
n° 2616 
Revoga a Portaria n° 930/92 e estabelece em seu artigo 1° 
diretrizes e normas para a prevenção e o controle das infecções 
hospitalares. /e em seu artigo 2° define as ações mínimas 
necessárias com vistas à redução máxima possível da incidência 
das infecções hospitalares, que compõem o Programa de Controle 
de Infecções Hospitalares. 
 
A década de 1980 foi assinalada por processos de proporções, principalmente 
aqueles relacionados às medidas de biossegurança, voltados para o surgimento da 
infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (Human Immunodeficiency Vírus - 
HIV) e a hospitalização dos infectados. Este é um evento que não pode cair no 
esquecimento. 
Um profissional informado do processo histórico das infecções hospitalares, é 
capaz de atuar com mais afinco na prevenção e controle dessas infecções. 
Nesse contexto, o CDC, a partir da década de 90, procurou ampliar o termo 
―precauções‖, denominando-o Precauções Universais, visando também ao uso de 
Equipamentos de Proteção Individual - EPI (máscara, luvas, avental e óculos 
protetores) a serem usados sempre que houver a possibilidade de contaminação por 
materiais biológicos. 
 
4. Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH 
 
 É um órgão de assessoria à autoridade máxima da 
instituição de planejamento das ações de controle de infecção 
hospitalar, que serão executadas pelo Serviço de Controle de 
Infecção Hospitalar (SCIH). 
O controle da infecção hospitalar está regulamentado 
desde 1982 pelo Ministério da Saúde, quando da criação do 
Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar. Contudo, só passou a 
desenvolver estudos mais sérios e normas de controle mais rígidas nos hospitais a 
partir da comoção popular provocada pela morte de Tancredo Neves — a infecção 
hospitalar passou a ser temida pelos pacientes, aumentando os cuidados para evitá-
la. 
O controle das infecções hospitalares passa, 
portanto, por um conjunto de ações que ao serem 
implementadas repercutem diretamente na melhoria da 
qualidade dos serviços prestados pelos hospitais. 
Esse conjunto de ações constitui o Programa de 
Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) deve ser 
implantado em nível hospitalar, municipal/distrital, 
servindo como base de uma pirâmide, em cujo topo 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 9 
está o Programa Nacional de Controle de Infecções Hospitalares. Daí, se conclui que 
o PCIH a nível central só será realmente efetivo quando contar com uma base forte e 
bem estruturada. 
As ações e serviços voltados para a prevenção e o controle de infecções 
hospitalares devem ser organizados de maneira a obedecer os princípios, diretrizes 
e normas de organização, direção e gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) definidos 
através da lei 8080 de 19 de setembro de 1990. Assim cada nível de organização 
político administrativa do país está encarregado de desenvolver suas ações de 
Controle de Infecção Hospitalar com abrangência sobre sua população. 
Para reduzir os riscos de ocorrência de infecção hospitalar, um hospital deve 
constituir uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que é 
responsável por uma série de medidas como o incentivo da correta higienização das 
mãos dos profissionais de saúde; o controle do uso de antimicrobianos, a 
fiscalização da limpeza e desinfecção de artigos e superfícies, etc. 
Essa comissão deve: 
-Desenvolver ações na busca ativa 
das infecções hospitalares. 
-Avaliar e orientar as técnicas 
relacionadas com procedimentos 
invasivos. 
-Participar da equipe de 
padronização de medicamentos. 
-Prevenção e controle das infecções 
hospitalares. 
-Controle de limpeza da caixa de 
água. 
-Controle no uso de antibiótico. 
-Implantar e manter o sistema de vigilância epidemiológica das infecções 
hospitalares. 
-Elaborar treinamentos periódicos das rotinas do CCIH. 
-Manter pasta atualizada das rotinas nas unidades. 
-Busca ativa aos pacientes com Infecção. 
-Fazer analise microbiológica da água. 
A CCIH é composta por membros executores e consultores. Os executores devem 
oferecer o respaldo científico para toda a comunidade hospitalar e, portanto, são 
encarregados da execução das ações programadas de controle de IH, que representa o 
SCIH. 
Os membros consultores são responsáveispor instituir as diretrizes para o 
Programa de Controle de Infecção Hospitalar, no que se refere aos serviços médicos, 
de enfermagem, de farmácia, de microbiologia que são os serviços mínimos que 
compõem uma CCIH. 
O Programa de Controle de Infecção Hospitalar é responsável pela coleta de 
dados e pela identificação dos pacientes com infecções hospitalares. Em resumo, os 
administradores determinarão a gravidade das mesmas para as devidas providências. 
Uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) possui profissionais 
que deverão executar as seguintes tarefas: 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 10 
 -Detectar casos de infecção hospitalar, 
seguindo critérios de diagnósticos 
previamente estabelecidos. 
-Conhecer as principais infecções 
hospitalares detectadas no serviço e definir 
se a ocorrência destes episódios de infecção 
está dentro de parâmetros aceitáveis. 
-Elaborar normas de padronização para que os 
procedimentos realizados na instituição sigam 
uma técnica asséptica (sem a penetração de 
microrganismos), diminuindo o risco do 
paciente em adquirir uma infecção. 
-Colaborar no treinamento de todos os 
profissionais da saúde no que se refere à prevenção e controle das infecções 
hospitalares. 
-Realizar controle da prescrição de antibióticos, evitando que os mesmos sejam 
utilizados de maneira descontrolada no hospital. 
-Recomendar as medidas de isolamento de doenças transmissíveis, quando se trata de 
pacientes hospitalizados. 
-Oferecer apoio técnico à administração hospitalar para a aquisição correta de 
materiais e equipamentos e para o planejamento adequado da área física das unidades 
de saúde. 
Os profissionais que participam da CCIH devem possuir um treinamento para a 
atuação nesta área. Há exigência legal para manutenção de pelo menos um médico e 
uma enfermeira na CCIH de cada hospital. Isto está regulamentado em portaria do 
Ministério da Saúde. Outros profissionais do hospital também devem participar da 
CCIH. Eles contribuem para a padronização correta dos procedimentos a serem 
executados. Estes profissionais devem possuir formação de nível superior e são 
farmacêuticos, microbiologistas, epidemiologistas, representantes médicos da área 
cirúrgica, clínica e obstétrica. Representantes da administração do hospital também 
devem atuar também na CCIH para colaborar na implantação das recomendações. 
 
5. Vigilância Epidemiológica 
Segundo a Lei n° 8080 de 1990, que instituiu 
o Sistema Único de Saúde (SUS), Vigilância 
Epidemiológica ―é o conjunto de ações que 
propiciam o conhecimento, a detecção ou prevenção 
de qualquer mudança nos fatores determinantes e 
condicionantes de saúde individual ou coletiva, 
com a finalidade de recomendar e adotar medidas de 
prevenção e controle das doenças ou agravos‖. 
Se a definição oficial registra que esta atividade é o conjunto de ações, já 
nos mostra que toda a equipe de saúde e, em especial, a equipe de enfermagem 
participa dela ativamente. 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 11 
Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares é a ―observação ativa, 
sistemática e contínua da ocorrência e da distribuição dessas infecções entre os 
pacientes, hospitalizados ou não, e dos eventos e condições que afetam o risco de 
suas ocorrências com vistas à execução oportuna de ações de prevenção e controle‖. 
A vigilância epidemiológica tem sobre a saúde individual e coletiva grande 
alcance e deverá ser feita de acordo com as características da instituição, da 
população atendida, com grande abrangência e, principalmente, voltando sua atenção 
para os procedimentos realizados. 
Diante disso, é necessário estabelecer objetivos que orientem as ações da 
equipe de enfermagem, por exemplo: 
 Detectar os surtos de Infecção Hospitalar; 
 Comparar as taxas de Infecção Hospitalar; 
 Incentivar a equipe para ações de Vigilância Epidemiológica; 
 Determinar os fatores de risco para atuar em Vigilância Epidemiológica. 
Dessa forma, a Vigilância Epidemiológica é 
alicerçada pela coleta de dados que devem compor um 
formulário padronizado, com variáveis e indicadores 
bem definidos, assim como conceitos e critérios. Para 
a produção de conhecimentos, a busca ativa de dados 
deve ser efetiva e contínua. 
Tendo em vista essa afirmação, os dados 
coletados não podem conter erros para não comprometer o andamento de todo o 
processo da Vigilância. A coleta de dados deve, também, obedecer a um rigor maior, 
quando estes são oriundos de unidades de atendimentos de maior gravidade, por 
exemplo, UTI neonatal, onde a vigilância deverá ser diária. 
Faremos a seguir alguns comentários sobre os métodos. 
Vigilância global 
Tem como meta a vigilância de todos os pacientes, ou seja, de todas as 
unidades hospitalares. Dessa forma, avalia todo e qualquer episódio e como 
vantagem, mostra a situação geral do hospital e dos vários setores e, como 
desvantagem, gera indicadores limitados nas comparações inter-hospitalares. Por 
isso, não permite avaliar riscos decorrentes das internações, dos diagnósticos e 
das terapêuticas. Apresenta, também, custo elevado e mais tempo despendido pelos 
profissionais. 
Esses indicadores dificultam a atuação da equipe na análise dos dados de 
vigilância no que diz respeito às ações de investigação e educação. 
Vigilância dirigida 
Esta é uma opção útil para os hospitais de poucos recursos. Reúne esforços 
na solução de problemas próprios da instituição, limita-se a sítios e unidades 
específicas, vigilância de surtos e rotatória. Vejamos suas características: 
A vigilância por unidade específica facilita o desenvolvimento de ações de 
vigilância epidemiológica por reunir pacientes dos mesmos setores, com riscos 
análogos, por exemplo: pacientes cirúrgicos, oncológicos, de terapia intensiva 
etc.. 
A vigilância de surtos exige o trabalho simultâneo com o laboratório de 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 12 
microbiologia e obedece a uma revisão diária dos resultados de conclusão. 
A vigilância rotatória como o próprio nome sugere, é aquela realizada no 
revezamento dos setores sob vigilância, detecta, assim, surtos ou qualquer outra 
situação. Neste caso, a intervenção deve ser rápida, apesar da dificuldade, pois, 
nem todos os setores estarão sob vigilância. 
Vigilância por objetivos 
O nome desta vigilância estabelece, antecipadamente, a definição dos 
objetivos a serem alcançados na consecução das metas estabelecidas Não é muito 
comum que os hospitais definam claramente as ações, porque ao final de qualquer 
vigilância é a prevenção e o controle das infecções que interessam. 
 
Coleta de dados 
A coleta de dados para a vigilância das 
infecções hospitalares pode ser feita de maneira 
ativa ou passiva. 
 A ativa permite a identificação precoce das 
infecções, sendo, portanto, de maior eficácia. 
Propicia análises de fatores de risco e, 
consequentemente, medidas de controle durante a 
internação, assim como, a constante interação entre 
os profissionais da CCIH com os das unidades hospitalares. Esta coleta é feita pelo 
profissional enfermeiro da comissão de controle de infecção hospitalar que 
normalmente visita as unidades de alto risco diariamente. 
A forma passiva ocorre por meio da notificação dos casos. Essa forma é 
prevista como a mais frequente, pois se espera que sejam notificados todos os casos 
de doenças notificáveis atendidos pelos serviços de saúde, dependendo, então, da 
iniciativa e conscientização dosprofissionais que estão diretamente em contato com 
esses casos. 
As fontes de informação para a vigilância das infecções hospitalares são os 
prontuários dos pacientes, os relatórios de enfermagem, os laudos radiológicos e 
laboratoriais, as informações médicas e de enfermagem. 
Exceto as unidades de alto risco que já citamos, a periodicidade da coleta 
deve considerar a gravidade dos casos, o número e a complexidade dos procedimentos 
realizados e a duração da internação. 
Ressaltamos que pacientes com culturas positivas, com procedimento invasivo 
em uso de antimicrobianos, com febre e tempo de permanência no hospital acima do 
período normalmente estabelecido, podem constituir pistas para racionalizar o tempo 
utilizado na coleta, sem, no entanto, prejudicar a sensibilidade do método 
empregado. 
Após a observação ativa, sistemática e contínua da ocorrência das infecções 
hospitalares entre os pacientes, é necessário que os principais dados colhidos 
sejam devidamente registrados pela equipe de enfermagem, com vistas à execução 
oportuna de ações de controle, por exemplo: 
 Identificação do paciente (nome, sexo, data do 
nascimento, peso em RN etc); 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 13 
 Dados da hospitalização (data da admissão, registro, número do leito, clínica ou 
serviço rede em que o paciente recebeu o tratamento, alta ou óbito); 
 Informações sobre a infecção (data do início, sítio corporal: trato cirúrgico, 
pulmonar, urinário etc); 
 Microorganismos isolados das culturas e antibiograma; 
 Fatores de risco (doença de base e procedimentos invasivos); 
 Antimicrobianos utilizados (nome, dose, via de aplicação e o tempo de uso). 
 
6. Cadeia Epidemiológica 
Atualmente, a grande maioria das infecções 
hospitalares é causada por um desequilíbrio da 
relação existente entre a microbiota humana normal e 
os mecanismos de defesa do hospedeiro. Isto pode 
ocorrer devido à própria patologia de base do 
paciente, procedimentos invasivos e alterações da 
população microbiana, geralmente induzida pelo uso de 
antibióticos. 
Por serem doenças transmissíveis, as infecções hospitalares apresentam uma 
cadeia epidemiológica que pode ser definida a partir de seus seis elos: organismo 
etiológico; reservatórios ou fontes; vias de eliminação; vias de transmissão; via 
de penetração; e hospedeiro susceptível. A cadeia epidemiológica das infecções 
hospitalares será descrita de acordo com os seus elos. 
Organismo etiológico 
São os microorganismo que provocam a infecção. 
Exemplo: vírus, bactérias, protozoários ou fungos. 
Reservatório 
Termo utilizado para qualquer pessoa, vegetal, animal que forneça nutrição 
para os microorganismos e possibilite a sua dispersão. As infecções podem ser 
evitar eliminando o organismo etiológico do reservatório. 
Exemplo: Pessoas, água, equipamentos. 
Via de eliminação 
O organismo deve ter uma forma de saída a partir do reservatório, fazendo com 
que o hospedeiro infectado dissemine o organismo para outro hospedeiro ou para um 
ambiente. 
Exemplo: Excreções, secreções, pele, gotículas. 
Via de transmissão 
A via de transmissão é importante para ligar a fonte infecciosa ao seu novo 
hospedeiro. Os microrganismos são transmitidos no hospital por vários meios: por 
contato, por gotículas, por via aérea. 
Exemplo: Contato direto, ingestão, fomitos, transmissão pelo ar. 
Hospedeiro suscetível 
É aquele onde o hospedeiro não possui imunidade para determinado patógeno. 
Pacientes no ambiente hospitalar possuem fatores que os tornam mais susceptíveis 
aos microrganismos. 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 14 
Exemplo: Imunossupressão, diabetes, cirurgia, queimadura, idosos, recém-
nascidos. 
Via de penetração 
Apresenta-se como meio do organismo entrar no hospedeiro. 
Exemplo: mucosa, trato GI, trato GU, trato respiratório, ruptura cultânea. 
 
 
7. Higienização das Mãos 
Reconhecida como uma das medidas mais 
eficientes na prevenção de infecção hospitalares, a 
higienização das mãos é um procedimento simples que 
merece muita atenção e sua eficácia depende da 
duração e da técnica empregada. 
A higienização das mãos para todos 
profissionais envolvidos no atendimento ao paciente é 
imprescindível. Porém, é conveniente que você a eleja 
também a mais importante, garantindo desta forma, a sua participação técnica, 
consciente, eficaz e altamente profissional. 
Iremos diferenciar higienização das mãos de antissepsia das mãos 
Higienização das mãos: É a remoção mecânica da sujidade e redução da microbiota 
resistente. Nesta, utiliza-se água e sabão comum. 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 15 
Antissepsia das mãos: é a redução da microbiota resistente e eliminação da 
microbiota transitória com a ajuda de solução com propriedade germicida denominada 
antisséptico. Nesta, utiliza-se água e sabão antisséptico e no caso de fricção 
higiênica das mãos, utiliza-se um produto à base de álcool, normalmente em gel. 
O tempo que se recomenda para a realização destes procedimentos é de 30 
segundos e o volume a ser utilizado de sabão é de 3 mL. Não se esqueça de que a 
técnica exige para a correta higienização, que o produto seja, inicialmente, 
massageado na palma da mão e em seguida, distribuído em todas as suas faces com 
atenção especial aos interdígitos e as articulações. 
 
No que diz respeito à lavagem das mãos e antissepsia, o guia do CDC, de 
outubro de 2002, faz as seguintes recomendações: 
1. lavagem das mãos com água e sabão comum ou sabão 
antisséptico sempre que estiverem visivelmente sujas ou 
contaminadas com material protéico; ao iniciar o turno de 
trabalho, após ir ao banheiro, antes e depois das 
refeições, antes do preparo de alimentos, da manipulação 
de medicamentos e nas situações descritas a seguir para 
preparação alcoólica. 
2. usar fricção das mãos com produto a base de álcool 
para descontaminação rotineira das mãos, quando estas não estiverem visivelmente 
sujas, nas seguintes situações clínicas: 
-antes de contato direto com paciente; 
-após a remoção das luvas; 
-após contato com a pele intacta do paciente; 
-após o contato com objetos inanimados ao redor do paciente; 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 16 
-antes das refeições e após utilizar o banheiro lavar as mãos com água e 
sabão comum. 
3. Como alternativa para a descontaminação das 
mãos nestas situações clínicas citadas acima, 
é recomendada a lavagem das mãos com água e 
sabão antisséptico: 
-antes de calçar luvas estéreis; 
-antes da inserção de cateter urinário, 
cateter vascular periférico ou outro 
dispositivo invasivo que não exija 
procedimento cirúrgico; 
-após contato com fluídos corporais ou excreções, membrana mucosa, pele não intacta 
ou troca de vestimenta, mesmo que as mãos não estejam visivelmente sujas; 
-ao cuidar do paciente, durante a mudança de manipulação de um sítio contaminado 
para um sítio limpo. 
As técnicas fundamentais de higienização das mãos, as quais podem variar 
dependendo do objetivo ao qual se destinam. São divididas em: 
 Higienização simples das mãos. 
 Higienização anti-séptica das mãos. 
 Fricção de anti-séptico nas mãos. 
 Anti-sepsia cirúrgica ou preparo pré-operatório das mãos. 
 
Técnica para higienização das mãos 
A eficácia da higienização das mãos depende da duração e da técnica 
empregada. Para isto devemos realizar este procedimento durante40 a 60 segundos. 
Antes de iniciar a técnica é necessário retirar jóias (anéis, pulseiras, 
relógio), pois sob tais objetos podem acumular microorganismos. 
 
 
 
 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 17 
 
 
 
 
 
 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 18 
8. Antissepsia X Assepsia 
Assepsia foi definida pelo Ministério da Saúde 
como conjunto de medidas utilizadas para impedir a 
penetração de microorganismos em local que não os 
continha. 
Conforme a definição, a prática da assepsia se 
utiliza de meios apropriados para impedir a introdução 
de microorganismos no organismo. Ela difere da 
antissepsia, pelo fato de não empregar agentes 
terapêuticos. 
Neste contexto, os profissionais de saúde utilizam medidas de assepsia para 
evitar, direta ou indiretamente, a transmissão de microorganismos. 
Antissepsia consiste na utilização 
de produtos (microbicidas ou 
microbiostáticos) sobre a pele ou mucosa 
com o objetivo de reduzir os 
microorganismos em sua superfície. 
(ANVISA). 
Os conceitos parecem simples, mas se 
pararmos para pensar nas atividades 
desenvolvidas no dia-a-dia com nossos 
pacientes percebemos em quais a 
antissepsia precisa estar presente. 
Vários são os produtos utilizados, dentre eles destacamos o iodo povidona 
PVPI, o qual é muito utilizado na antissepsia e degermação. Porém, os diferentes 
tipos de PVPI são utilizados em diferentes superfícies. 
 
PVPI aquoso 
Composto orgânico de iodo, não age na presença de materiais 
orgânicos e eleva o nível sérico de iodo; 
PVPI 
degermante 
Utilizado somente em pele íntegra, com a finalidade de 
remover sujidade e reduzir a flora transitória e residente. 
Deve ser retirado após o uso. 
Tem indicação também na degermação da pele, mãos, área 
cirúrgica e procedimentos invasivos. 
PVPI 
alcoólico 
Indicado para uso em pele íntegra, após degermação das mãos, 
com a finalidade de fazer luva química e demarcar a área 
operatória, reduzindo a flora da pele; 
 
Relação de alguns procedimentos em que a antissepsia é muito importante: 
PROCEDIMENTOS SOLUÇÃO 
UTILIZADA 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 19 
Antissepsia da mucosa: 
Antissepsia das mucosas bucal, ocular, vaginal e 
intestinal, ou dos locais em que pode haver lesão. 
PVPI AQUOSO 
Remoção de sujidade e redução da flora residual e 
transitória: 
Degermação
2
 da pele, principalmente na área cirúrgica e 
procedimentos invasivos. Deve ser retirado após o uso. 
PVPI 
DEGERMANTE 
Cuidados pré-operatórios: 
Luva química, anti-sepsia de campo operatório após PVPI 
degermante, demarcação da área cirúrgica. 
PVPI 
ALCOÓLICO 
 
O antisséptico clorexidine aquoso faz a antissepsia, antes de procedimentos 
invasivos, com um tempo de ação residual de 5 a 6 horas. Já o álcool a 70% 
glicerinado tem ação imediata e faz a antissepsia de procedimentos que não 
necessitam de efeito residual por serem de curta duração. 
A antissepsia das mãos: em unidades de terapia intensiva, berçário de alto 
risco, unidades de transplantes, hematologia e na realização de pré e de pós-
procedimentos e exames invasivos deve ser realizada utilizando-se a mesma técnica 
de higienização das mãos, incluindo os antebraços, porém, usando os antissépticos 
acima citados. 
Observação: 
Ao utilizar PVPI ou clorexidine não utilizar álcool a 70% imediatamente após, 
pois este inativa a ação residual dos mesmos. O uso do PVPI é contra indicado em 
recém-natos e grandes queimados devido a sua absorção transcutânea de iodo, podendo 
acarretar hipertireoidismo. A clorexidine deve ser utilizada em caso de pacientes 
ou funcionários alérgicos ao iodo. 
 
9. Biossegurança e Equipamentos de Proteção 
Individual – EPI 
A biossegurança é uma ciência que surgiu para 
controlar e diminuir os riscos quando se praticam 
diferentes tecnologias, tanto aquelas desenvolvidas em 
laboratórios, ambulatórios como as que envolvem o meio 
ambiente. Também aparece em: indústrias, hospitais, 
clínicas, laboratórios de saúde pública, laboratórios de 
análises clínicas, hemocentros, universidades, etc. 
É um termo que se aplica ao conjunto de ações 
voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de 
riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, 
ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de 
serviços. Estes riscos podem comprometer a saúde do 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 20 
Homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. 
No caso dos profissionais de enfermagem, o foco principal desta disciplina 
está na prática assistencial da profissão. Durante o desenvolvimento desta, o 
profissional de saúde entra em contato com material biológico (sangue, secreções e 
excreções tipo vômito, urina, fezes, sêmen, leite materno, escarro, saliva e outros 
fluidos corporais). 
Estes materiais biológicos podem estar alojando microrganismos, por isso 
consideramos estes fluidos de pacientes ou os equipamentos e ambiente que tiveram 
contato com eles, como potencialmente contaminados por germes transmissíveis de 
doenças. Por não sabermos se os germes estão ou não presentes nestes equipamentos, 
vamos sempre considerá-los contaminados. Desta forma, na nossa rotina de trabalho 
sempre devemos estar conscientes da importância de nos protegermos ao manipularmos 
materiais, artigos, resíduos e ambiente sujos de sangue e/ou secreções. 
Ao profissional de enfermagem cabe, sobretudo, a consciência de sua 
responsabilidade quanto à prática da biossegurança em todos os seus procedimentos 
de trabalho e também junto aos seus pacientes para que, protegendo-se, possa 
garantir suas boas condições de saúde para, assim, estar apto ao cuidado com o 
próximo. 
As metas específicas são: 
 Reduzir o número de microrganismos patogênicos 
encontrados no ambiente de tratamento; 
 Reduzir o risco de contaminação cruzada no 
ambiente de tratamento; 
 Proteger a saúde dos pacientes e da equipe de 
saúde; 
 Conscientizar a equipe de saúde da importância de, 
consistentemente, aplicar as técnicas adequadas de 
controle de infecção; 
 Difundir entre todos os membros da equipe de saúde 
o conceito de precauções universais, que assume que qualquer contato com fluidos do 
corpo é infeccioso e requer que todo 
profissional sujeito ao contato direto com 
eles se proteja, como se eles apresentassem 
o vírus da imunodeficiência adquirida ou da 
hepatite B, C ou D; 
 Estudar e atender às exigências dos 
regulamentos governamentais locais, 
estaduais e federais. 
Como sabemos, pela nossa prática 
diária, a transmissão de agentes biológicos 
relacionados com os profissionais de saúde 
ocorre por meio de diferentes materiais e 
vias de aquisição como a percutânea, 
cutânea, mucosa, sangue, fluidos 
corpóreos, secreções, fezes, aerossóis 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 21 
primários e gotículas, que propiciam grande comprometimento para esses 
profissionais. 
As medidas de biossegurança não devem seguir a linha do exagero, porém não 
devem ser desprezadas. As ações que contribuem para a segurança de vida no dia-a-
dia do profissional são genericamente consideradas medidas de biossegurança. 
Esse argumento deixou bem clara a necessidade de motivar os profissionais que 
atuam diretamente na assistência hospitalar a utilizaremos Equipamentos de 
Proteção Individual (EPI) e seguirem as medidas preventivas na sua rotina diária, 
mesmo que os assistidos não sejam portadores de doenças infecciosas. Além dos EPIs, 
existem outras medidas que possibilitam a redução da probabilidade de adoecimento 
para o profissional, como imunização ativa e/ou passiva: a quimioprofilaxia. 
Dessa forma, precisamos compreender biossegurança como uma garantia de 
direitos que direcionam e afirmam a saúde humana, a proteção do meio ambiente e o 
desenvolvimento sustentável. Os procedimentos de biossegurança terão que ser 
assegurados como instrumentos fundamentais no cotidiano dos profissionais de saúde. 
Como sabemos todas as pessoas que trabalham em serviços de saúde estão 
altamente expostas a vários agentes desencadeadores de doenças de ordem física, 
química e biológica. 
Entre os cuidados que os profissionais devem ter com relação à aquisição de 
infecção ou transmissão de agentes desencadeadores de doenças de ordem física, 
química e biológica está a atenção para com os materiais perfuro-cortantes. Para 
estes, o Ministério da Saúde tem recomendações específicas de procedimentos, são 
elas: 
 Máxima atenção; 
 Jamais utilizar os dedos como anteparo; 
 Agulhas não devem ser reencapadas, entortadas, quebradas ou retiradas da seringa 
com as mãos; 
 Não utilizar agulhas para fixar papéis; 
 Todo material perfuro-cortante: agulhas, scalpes, lâminas de bisturi, vidrarias 
etc., mesmo estéreis, devem ser desprezados em 
recipiente resistente à perfuração e ruptura, e com 
tampa. 
Os recipientes específicos para descarte de 
material não devem ser preenchidos acima do limite 
de 2/3 de sua capacidade total e devem ser 
colocados sempre próximos do local onde é realizado 
o procedimento. 
As normas estabelecidas pelo Ministério de 
Saúde apontam para a importância de os 
profissionais tomarem os devidos cuidados com o intuito de evitar as taxas de 
infecção ocupacional pelo HIV que são relativamente baixas em comparação com as 
taxas dos vírus das hepatites B e C. Portanto, é conveniente que, no caso de 
exposição a materiais biológicos, os procedimentos preconizados pelo Ministério da 
Saúde, sejam devidamente considerados: 
 Cuidados locais na área exposta; 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 22 
 Quimioprofilaxia antirretroviral; 
 Acompanhamento sorológico. 
Todo profissional que atua em instituições de saúde está exposto a 
contaminações, mesmo aqueles que trabalham em setores administrativos. 
Toda a atenção e profissionalismo devem ser concentrados no desempenho das 
atividades na área de saúde, principalmente, no que se refere aos materiais 
orgânicos de contato diário, como fezes, secreções e sangue. 
Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) destinam-se a proteger a 
integridade física dos profissionais. Sua adequação está diretamente ligada à 
atividade que se vai desenvolver e tem como objetivo a proteção do profissional ou 
paciente exposto a substâncias perigosas, seja por absorção, inalação ou contato 
físico. 
Os EPIs incluem: protetores ou máscaras faciais, óculos protetores, luvas, 
jalecos, avental emborrachado e calçados. 
Máscaras 
Fazem a proteção da mucosa nasal e 
protegem dos aerosóis primários e perdigotos 
contaminados (Gotículas minúsculas de saliva 
que saem pela boca durante a fala de uma 
pessoa). Este equipamento é considerado 
eficiente se apresentar um mínimo de 
filtração bacteriana de 95%, segundo as 
entidades normativas. 
Máscaras, protetores faciais e oculares ajudam a proteger as mucosas dos 
olhos, nariz e boca, pois os líquidos corporais podem borrifar, respingar ou 
pulverizar seu rosto. 
 
Óculos protetores 
Os olhos são muito susceptíveis a lesões microscópicas 
e macroscópicas face sua limitada vascularização e baixa 
imunidade. 
O profissional que não fizer uso desses equipamentos 
corre maior risco de infecções. Os óculos devem ser lavados 
entre um paciente e outro de forma rotineira. 
 
Luvas 
Devem ser utilizadas nos procedimentos de risco 
ocupacional aos fluidos corporais, tais como punção venosa 
periférica, quando se entra na unidade de paciente infectado 
ou colonizado por microorganismo resistente e deverão ser 
descartadas assim que terminarem o procedimento. 
São indicadas como barreira de proteção aos 
profissionais de saúde, especialmente ao risco biológico. 
 
Aventais 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 23 
Evitam a contaminação das roupas e protegem a pele do 
profissional. Juntamente com os aventais, incluem-se em algumas 
ocasiões, as perneiras, as botas ou os propés, evitando assim 
borrifamentos de fluidos corpóreos. 
A utilização desses equipamentos deve ser seguida rigorosamente 
enquanto o profissional estiver trabalhando, independentemente do 
diagnóstico ou do estado infeccioso do paciente. O objetivo é reduzir, ao máximo, o 
risco de infecções de fontes conhecidas ou não. 
 
Protetores Para Os Membros Inferiores 
 Os membros inferiores devem estar protegidos por calçados 
fechados durante o trabalho em serviços de saúde e laboratórios. 
Evitam acidentes que envolvem derramamento e salpicos de 
substâncias de risco químicos e biológicos, impactos, pérfuro-
cortantes, queimaduras, choques, calor, frio, eletricidade etc. Os 
trabalhadores não devem expor os artelhos, o uso de sandálias ou sapatos de tecido 
é proibido na área de trabalho. O calçado deverá ser ajustado ao tipo de atividade 
desenvolvida como: botas de segurança em couro, botas de PVC, botinas e outros 
calçados de cano curto ou longo, com biqueira de reforço e solado antiderrapante. 
Sapatilhas ou pró-pés descartáveis ou reutilizáveis são, geralmente, usadas em 
áreas estéreis tanto em hospitais, laboratórios, biotérios e na indústria. 
 
Toucas Ou Gorros 
 Nos ambientes de serviços de saúde, laboratoriais, dentre 
outros, os cabelos devem permanecer presos para evitar acidentes 
e contaminações por microorganismos, poeiras e ectoparasitos em 
suspensão. Os cabelos dos trabalhadores, também podem contaminar 
ambientes limpos ou estéreis ou contaminarem pacientes e o 
produto do trabalho, por este motivo as toucas ou gorros devem 
ser usados. Devem ser confeccionados em tecido que permita a 
aeração dos cabelos e do couro cabeludo. Podem ser descartáveis ou reutilizáveis. 
 
 
 
10. Prevenção de Infecção dos Principais Sítios 
Introdução 
As infecções hospitalares mais freqüentes são 
as urinárias, em torno de (40%), as sepses (10%), as 
cirúrgicas (25%) e as pneumonias (10%). As outras 
infecções correspondem a uma proporção de 15%. 
A taxa de mortalidade por infecção hospitalar 
no Brasil mantém-se estável há décadas. A média é de 
45 mil óbitos por ano em cerca de doze milhões de 
internações hospitalares. 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
 Página 24 
A instrumentação do trato urinário representa o fator de risco mais 
importante na aquisição de ITU, especialmente a sondagem vesical precedendo-a em 
mais de 80% dos casos, e outras manipulações em 5 a 10%. Os fatores associados ao 
hospedeiro, que resultam em maior incidência de infecção relacionada ao catéter 
vesical são: idade avançada, sexo feminino, gravidez, puerpério, colonização do 
meato uretral, urina vesical residual, doenças subjacentes graves e uso 
indiscriminado de antimicrobianos. O agente predominante das infecções do trato 
urinário é a Escherichia Coli. 
A segunda topografia de infecção hospitalarem muitas instituições é a ferida 
cirúrgica. O principal fator predisponente é o 
potencial de contaminação da cirurgia, mas a duração do 
procedimento e as condições pré-operatória do paciente 
também têm grande importância. Outros fatores podem 
influir na ocorrência de infecção, como a permanência 
pré-operatória do paciente, predispondo-o a infecção 
por cepas hospitalares mais virulentas e resistentes 
aos antibióticos, a presença de infecção concomitante, 
a utilização de corpos estranhos, como drenos e próteses, o estado nutricional dos 
tecidos operados e principalmente a técnica cirúrgica. 
A infecção do trato respiratório é geralmente a terceira principal topografia 
de infecção hospitalar. Fatores como idade, patologia de base, instrumentação do 
trato respiratório, colonização da orofaringe com flora intestinal favorecida pela 
neutralização do pH do estômago e pelo uso de sondas, endoscopia, equipamentos de 
terapia respiratória, broncoaspiração e biópsia transbrônquica predispõem ao 
aparecimento dessas infecções. 
 
a) Prevenção de Infecção do Trato Urinário 
As infecções do trato urinário (ITU) são 
de muita importância e também as mais frequentes, 
acometem homens e mulheres em qualquer idade, 
porém pessoas do sexo feminino são mais 
suscetíveis pela sua própria condição anatômica. 
É bom lembrar que a vulnerabilidade do 
trato urinário é tão grande que as infecções, que 
ali acontecem, apresentam grande importância, 
mesmo nas doenças infecciosas comunitárias. Essas infecções acarretam muitas 
complicações, bem como o aumento do ônus financeiro da terapêutica devido à 
necessidade de prolongar o período de internação e o uso de medicação apropriada. 
Na maioria dos casos, essas infecções são acompanhadas de bacteriúria. Na 
drenagem pelo sistema fechado, que é a forma indicada, a taxa de aquisição de 
bacteriúria é de 5 a 10 % por dia de cateterização. 
Fatores de risco 
 Pacientes com déficit neurológico; 
 Pacientes que durante uma hospitalização, sejam cateterizados; 
 Gravidez; 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
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 Homens com mais de 50 anos; 
 Diabéticos e transplantados renais etc. 
Medidas preventivas 
 Lavagem das mãos antes e após a manipulação do sistema de drenagem; 
 Usar técnica asséptica de colocação do cateter; 
 Usar sonda com o menor calibre possível; 
 Fixar a sonda evitando desta forma movimentos que tracionam a uretra; 
 Nunca desconectar a sonda do sistema coletor; 
 Trocar todo o sistema, em caso de contaminação; 
 Manter o fluxo livre; 
 Esvaziar sempre a bolsa; 
 Evitar dobra nos tubos; 
 Dar preferência ao sistema coletor fechado; 
 Dar preferência ao sistema com válvula anti-refluxo; 
 Evitar que o sistema coletor de urina toque o chão; 
 Retirar o cateter assim que possível; 
 Manter o meato uretral limpo, destacando-se a higiene perineal; 
 Usar fralda descartável, especialmente em mulheres; 
 Usar condons em homens, como alternativa à cateterização; 
 Dar preferência ao cateterismo intermitente, especialmente em pacientes 
domiciliares. 
O tratamento será baseado nos critérios de diagnóstico e sempre que possível 
em urocultura e antibiograma. 
 
b) Prevenção de Infecções Respiratórias 
Pneumonia ―é uma inflamação do parênquima 
pulmonar causada por um agente microbiano‖ 
(ANVISA, 2004). 
Os agentes mais comuns encontrados no 
hospital são: Pseudomonas aeroginosa, 
Staphylococcus aureus, Klebsiela. 
Quando o paciente é imunocomprometido os 
agentes mais envolvidos são: Pseudocystis carini, 
Aspergillus fungicatus e Mycobacterium 
tuberculosis. 
Sabe-se que a penetração da bactéria é feita geralmente pela via aérea 
superior e não causa, necessariamente, a pneumonia se existir um mecanismo de 
defesa eficaz por parte do hospedeiro. No entanto, se a pneumonia se instala, ela 
tem como causa vários agentes patogênicos, inclusive, bactérias, fungos, vírus, 
micobactérias, clamídias, micoplasmas entre outros. 
Fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de pneumonias: 
 Uso de ventilação mecânica; 
 Idade avançada; 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
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 Presença de doença pulmonar crônica; 
 Alteração do nível de consciência; 
 Cirurgia tóraco-abdominal; 
 Trauma bronco-aspiração e outros. 
Nesse processo, a prevenção para evitar fatores de risco é de extrema 
importância. Temos de considerar os fatores predisponentes que são exatamente 
aqueles que aumentam a frequência de aspiração e a quantidade de patógenos 
inoculados que dificultam as defesas locais ou a imunidade do sistema. Os mais 
importantes são a entubação endotraqueal com ventilação mecânica, que aumentam de 
forma considerável o risco de pneumonia. 
Mais de 50% das pneumonias nosocomiais estão associadas à ventilação mecânica 
e 10% delas ocorrem em UTI. Segundo a ANVISA, a ventilação mecânica aumenta o risco 
de aquisição de pneumonia hospitalar em comparação a pacientes não ventilados. 
Medidas preventivas 
Entubação 
No ato da entubação deve-se usar luvas estéreis, máscara e óculos de 
proteção. O avental deve ser utilizado para evitar a possibilidade de sujidade ou 
respingos. Evitar a contaminação da cânula antes da introdução na orofaringe. O fio 
guia deve ter sido desinfetado ou esterilizado e estar com embalagem adequada. 
Traqueostomia 
O procedimento deve ser realizada com técnica asséptica na sala de cirurgia, 
exceto nos casos de urgência. Quando a cânula de traqueostomia necessitar de troca, 
deverá ser substituída por outra esterilizada, usando técnica asséptica com luvas 
estéreis. 
O curativo da traqueostomia deve ser trocado quando necessário ou pelo menos 
diariamente. 
Aspiração 
A aspiração deve ser realizada sempre que houver necessidade e não a 
intervalos pré-fixados. O calibre da sonda de aspiração não deve ser superior à 
metade do diâmetro 
do calibre da cânula endotraqueal ou traqueostomia. Os frascos que 
acondicionam a secreção deverão ser lavados diariamente com solução detergente. As 
extensões dos aspiradores deverão ser lavadas e submetidos a desinfecção de alto 
nível ou à esterilização na saída do paciente. 
Outros Artigos 
Após o uso do ressucitador manual (ambú), máscara ou fio guia, é necessário 
submetê-los à desinfecção de alto nível ou esterilização, antes de serem usados em 
outro paciente. Estes materiais devem ser guardados e mantidos em embalagens 
plásticas fechadas. 
O sistema de nebulização (máscara, circuito e frasco) deve ser trocado a cada 
48 horas. Os inaladores devem ser limpos e desinfetados a cada uso e mantidos em 
embalagem plástica (mesmo junto ao leito). 
 
c) Prevenção da Infecção do Sítio Cirúrgico 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
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Infecções do Sitio Cirúrgico 
(ISC) são infecções que ocorrem 
relacionadas à manipulação cirúrgica 
acometendo tecido subcutâneo, tecidos 
moles profundos (fáscia e músculo), 
órgão e cavidades incisados. Enquadra-
se como aquelas que ocorrem até o 30º 
dia de pós-operatório ou até 01 ano nos 
casos de cirurgias com implante de 
próteses. 
É importante lembrar que o organismo agredido por uma cirurgia responde com 
reações na luta pela sobrevivência como a inflamação, a revascularização e a 
deposição de tecido cicatricial. Como consequência ocorre uma deficiência do 
sistema imunológico, permitindo, desta forma, que com a presença do agente 
patogênico o processo infeccioso se instale no próprio campoou mesmo a distância. 
Os patógenos causadores de ISC podem ser provenientes de três fontes: 
microbiota do próprio paciente, da equipe de saúde (inclui deste item os 
funcionários do Centro Cirúrgico) e também do ambiente inanimado, incluindo 
material cirúrgico. Entretanto, há que se considerar que cada uma dessas fontes têm 
sua ordem de importância, dependendo das próprias condições do paciente e dos 
procedimentos realizados. 
Praticamente qualquer agente infeccioso pode ser responsável por Infecção do 
Sítio Cirúrgico. Em geral, elas são causadas por germes presentes colonizando a 
pele ou as mucosas do próprio paciente, sendo freqüentemente polimicrobianas, em 
especial após cirurgias abdominais. A freqüência relativa dos microorganismos pode 
sofrer influência do antimicrobiano utilizado em esquemas profiláticos. 
As taxas de ISC dependem diretamente do grau de contaminação da operação, 
sendo para cirurgias limpas de 1% a 5%, para as potencialmente contaminadas de 3% a 
11%, para as contaminadas de 10% a 17%e para as infectadas acima de 27 %, segundo o 
Centers for Disease Control (CDC). 
Vários são os fatores de risco relacionados à Infecção do Sítio Cirúrgico. 
Para alguns destes fatores de risco, algumas medidas preventivas podem ser 
preconizadas: 
Fatores relacionados ao paciente 
Idade 
 Os extremos de 
idade têm 
influência na taxa 
de infecção 
(maiores taxas são 
encontradas em 
pacientes com menos 
de 1 ano e mais de 
cinqüenta anos). 
 
Doença preexistente 
 Admite-se que 
pacientes com 
múltiplas doenças 
preexistentes têm 
maior probabilidade 
de contrair 
infecção. 
 
Obesidade 
 A obesidade é um fator de risco 
comprovado para infecções. As razões 
para esta susceptibilidade parecem ser 
a irrigação local do tecido adiposo 
que é comprovadamente pouco 
vascularizada, associada a maior 
duração dos procedimentos cirúrgicos e 
trauma da parede abdominal. Além 
disto, a área exposta do paciente 
obeso à contaminação é bem maior, com 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
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a possível formação de espaços mortos 
e com a utilização de sutura 
subcutânea para fechá-los. 
 
 
d)Infecções fora do sítio operatório 
As infecções em locais afastados do sítio cirúrgico representam importante 
fator de risco. As infecções distantes, especialmente as do trato urinário e do 
acesso vascular são consideradas um fator de risco de infecção pós operatória, 
independentemente de qualquer outro fator, havendo contra-indicação para cirurgias 
eletivas. Pacientes que necessitem realizá-las devem receber antibióticos efetivos 
para o controle do processo infeccioso, mantidos por tempo suficiente para 
completar seu tratamento. 
Diabetes 
Controlar a glicemia em todos os 
pacientes diabéticos, evitando, 
particularmente hiperglicemia no pré-
operatório. 
 
Tabagismo 
Encorajar a suspensão do tabagismo no 
mínimo instruir os pacientes a 
suspender por 30 dias antes da cirurgia 
eletiva o fumo de cigarros, charutos, 
cachimbo ou qualquer consumo de tabaco. 
 
Fatores relacionados à cirurgia 
Antibioticoprofilaxia 
A ausência de antibioticoprofilaxia nos casos em que seu emprego é 
indicado é um fator de risco para ISC. 
Classificação das cirurgias segundo o potencial de contaminação 
Este fator, intrinsicamente relacionado ao tipo de cirurgia realizado, 
reflete que a contaminação endógena é o mais importante fator para o 
desenvolvimento da ISC. 
Retirada de pêlos 
A tricotomia aumenta o risco de ISC devido às lesões que provoca na pele 
e, portanto, só deve ser realizada quando estritamente necessária, num período 
inferior a duas horas antes do ato cirúrgico e, quando realizada nas áreas de 
internação, deve preceder o banho; deve ser limitada a áreas em que o pêlo 
dificulte a visualização ou manipulação do campo operatório. Os aparelhos 
elétricos são menos lesivos à pele que os aparelhos com lâmina. 
Preparo pré-operatório da pele 
Seu objetivo é reduzir o risco de ISC pela contaminação da pele ao redor 
do sítio cirúrgico, num curto espaço de tempo e com irritação mínima do tecido; 
em geral, recomendam-se soluções de amplo espectro, com rápida atividade e que 
possuam ação residual. Os antissépticos mais utilizados são o álcool (que 
constitue em alternativa para procedimentos de curta duração), os iodóforos e a 
clorexidina. A seleção do produto deve considerar a sensibilidade do paciente e 
as condições de sua pele evitando assim, reações adversas às desejadas. 
Degermação 
A degermação deve ser feita com solução degermante de PVP-I ou 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
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clorexidina, seguida por enxagüe com compressa embebida em água estéril ou soro 
fisiológico. Após o enxágüe, a anti-sepsia deve ser feita através da fricção com 
produto de mesmo princípio ativo, em veículo alcoólico e a solução deve secar 
espontaneamente. Para anti-sepsia de mucosas, recomenda-se o uso de soluções 
aquosas de anti-sépticos, realizando-se duas aplicações. Quanto à técnica de 
anti-sepsia, recomenda-se que os movimentos de espalhamento do produto devam 
partir da incisão para as áreas periféricas. 
Em relação ao banho do paciente no pré-operatório, recomenda-se que seja 
realizado na noite anterior à cirurgia, podendo ser repetido no dia da cirurgia; 
para este banho, pode-se usar sabão comum ou anti-séptico, se este for 
disponível. 
Técnica cirúrgica 
A técnica cirúrgica é um importante fator que interfere com a cicatrização 
e a ocorrência de infecções do sítio operatório. Vários aspectos relacionados à 
técnica cirúrgica merecem ser enfatizados: manutenção adequada da hemostasia 
preservando-se uma adequada perfusão tecidual, prevenção da hipotermia, 
manipulação cuidadosa dos tecidos, adoção de cuidados para se evitar quebras de 
técnicas, remoção de tecidos desvitalizados, utilização de materiais de suturas 
e drenos apropriados, erradicação de espaços mortos e lavagem ou irrigação 
tópica da ferida de feridas consideradas sujas ou contaminadas. 
Drenos 
Os drenos representam uma porta de entrada para germes, sendo que a 
decisão para a sua colocação deve ser baseada em um avaliação criteriosa; quando 
utilizados, devem ser retirados tão logo a sua indicação cesse. Cuidados 
rigorosos na sua manipulação, incluindo lavagem das mãos e sistemas fechados 
para drenagem, devem ser adotados nas atividades de rotina com estes pacientes. 
Duração da cirurgia 
Existe uma forte associação entre tempo de cirurgia e risco de ISC. O 
risco de infecção é proporcional à duração do ato operatório, ou seja, quanto 
mais longa a cirurgia, maior a taxa de infecção. A duração da cirurgia varia de 
acordo com a complexidade do procedimento, dificultando a determinação do que 
seria o ―tempo ideal‖. 
Lavagem das mãos e degermação 
Recomenda-se que a duração da escovação antes da primeira cirurgia deva 
ser feita de 3 a 5 minutos e de 2 a 3 minutos para as subseqüentes. Tempos 
superiores são desnecessários, causando lesões abrasivas de pele e risco de 
emergência de organismos das camadas mais inferiores da pele; soluções 
degermantes a base de iodóforos ou clorexidina são aceitas como anti-sépticos 
nesta situação. 
Estes dois procedimentos realizados em conjunto no CC diminui 
acentuadamente as IH. 
Paramentação cirúrgica 
Deve ser feita de forma asséptica. A troca da paramentação deve ocorrer 
quando estiver visivelmente suja com sangue ou outro fluído corpóreo 
potencialmente infectante. 
Instrumentalização CirúrgicaI I 
 
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A máscara cirúrgica deve cobrir totalmente a boca e o nariz, e deve ser 
utilizada ao se entrar na sala cirúrgica se o instrumental estiver exposto ou a 
cirurgia estiver em andamento e todo cabelo devem estar cobertos ao entrar na 
sala cirúrgica. 
Limpeza da sala de cirurgias 
Ocorre um aumento significativo nas IH quando a limpeza da sala cirúrgica 
e dos instrumentais não é feita da maneira correta. 
Duração da hospitalização pré-operatória 
Quanto mais longa a internação antes da cirurgia, maior será a incidência 
de infecção. Nesse sentido, o estímulo às cirurgias ambulatoriais ou a 
internação o mais próximo possível da cirurgia têm se tornado medidas 
desejáveis. 
Ressaltamos que a nossa responsabilidade em relação às infecções do sítio 
cirúrgico não se restringem ao pré e intra-operatório. Destacamos a importância 
do seguimento pós-alta para a obtenção de dados fidedignos sobre as infecções do 
sítio cirúrgico devido à manifestação tardia na maioria dos casos, levando a 
subnotificação quando o seguimento do paciente é realizado somente durante a 
internação. 
 
O diagnóstico para as ISC (infecção de Sítio Cirúrgico) podem ser clínicos, 
laboratoriais e microbiológico. 
• Clínico: 
* Febre: manifesta-se em menos da metade dos pacientes com ISC. 
* Geral: mal-estar, taquicardia, taquipnéia, hipoxemia, coagulopatia, topor e 
coma. 
* Local: dor, celulite (hiperemia, edema, calor e dor), drenagem de secreção 
purulenta ou necrose tecidual. 
• Laboratorial: leucograma infeccioso podem aparecer em aproximadamente 50%, dos 
pacientes com ISC, neutrofilia com desvio para a esquerda, eosinopenia; 
• Microbiológico: na suspeita de ISC, tentar sempre identificar o agente 
infeccioso e sua sensibilidade a antibióticos, para direcionar tratamento 
antimicrobiano eficiente, se necessário. 
 
O tratamento consiste em aplicação de compressas quentes no local, isto pode 
favorecer a resolução das ISC superficial e acelerar a flutuação de abscessos de 
partes moles; a drenagem de coleções infectadas, este procedimento é importante, 
pois permite a remoção de bactérias, piócitos, tecidos desvitalizados e corpos 
estranhos (fios). Os abscessos profundos ou em cavidades podem ser drenados 
cirurgicamente ou por punções; desbridamento de tecidos necróticos e realização de 
curativo de forma asséptica. 
Alguns pacientes cirúrgicos apresentam ISC causadas por microorganismos 
multirresistentes. Considerando a presença de secreções no sitio cirúrgico, a 
necessidade de manipulação diária da ferida cirúrgica e o risco de disseminação de 
infecções, medidas de isolamento precauções devem ser utilizadas de acordo com o 
próximo capítulo precauções e isolamento. 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
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11. Antibioticoprofilaxia Cirúrgica 
A antibioticoprofilaxia permanece sendo uma 
das principais responsáveis pelo uso incorreto de 
antimicrobianos no hospital e a sua realização de 
forma discutida e padronizada um dos pontos mais 
importantes do programa de controle de 
antibióticos. 
A prevenção da infecção de sítio cirúrgico 
(ISC) é constituída por medidas muitas vezes 
complexas e de difícil aplicação, envolvendo 
múltiplos profissionais, revisão de rotinas e mudanças de atitude e comportamento. 
Por esta razão, uma simplificação, através de uma abordagem farmacológica para 
prevenção de ISC é bastante atrativa. Entretanto, depositar toda a responsabilidade 
da prevenção de infecções no uso de um fármaco, embora possa ser uma conduta 
simples e prática para o cirurgião, pode se tornar um risco, caso as demais 
atitudes de prevenção forem negligenciadas. 
A profilaxia visa a prevenção de ISC, não tendo eficácia comprovada na 
prevenção de outras complicações infecciosas, como pneumonia, infecção do trato 
urinário e infecção de cateteres. 
Por ser de eficácia limitada, a profilaxia com antimicrobianos não substitui 
as demais medidas de prevenção. 
A eficácia ou ineficácia de um esquema profilático não é perceptível na 
prática diária. Assim, torna-se necessária uma vigilância sistemática e a 
observação de grande número de casos para se avaliar o real valor do esquema. 
Portanto, casos isolados de ISC ou mesmo taxas elevadas de infecção não podem 
justificar o uso de profilaxia ou ser controladas com a mesma, a não ser que tenha 
sido realizada uma avaliação metodologicamente rigorosa. 
De uma maneira prática, recomenda-se que aplicação seja feita no momento da 
indução anestésica. A dose do antimicrobiano a ser utilizada deve ser a habitual. 
Critérios gerais para a escolha do antimicrobiano 
A seleção de antibióticos para profilaxia cirúrgica depende de sua eficácia e 
segurança. O antibiótico deve: 
- Ter apresentação parenteral; 
- Possuir mínima toxicidade; 
- Ter baixo custo; 
- Ser fraco indutor de resistência; 
- Possuir farmacocinética adequada; 
- Ser dotado de atividade contra a maior parte dos 
patógenos causadores de isc na instituição; 
- Não ser usado no tratamento de infecções nosocomiais 
graves. 
O benefício deve ser avaliado comparativamente aos 
danos possíveis de causar. Por esta razão, drogas de 
baixa toxicidade como as cefalosporinas e as penicilinas 
Instrumentalização Cirúrgica I I 
 
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são, muitas vezes, as drogas de primeira escolha. 
Controle do uso de antimicrobianos 
Os antimicrobianos constituem uma 
categoria única de medicamentos, pois afetam 
não somente o paciente que faz uso, mas também, 
de maneira mais ampla, o ambiente 
microbiológico, interferindo com a flora de 
outros pacientes e das pessoas que direta ou 
indiretamente entram em contato. Os médicos, de 
uma maneira geral, colocam o foco de 
atendimento no paciente individualmente, sem 
pesar as conseqüências ecológicas, sobre outros pacientes, para o hospital, para a 
comunidade. 
O aumento de resistência dos germes aos antimicrobianos e a maior prevalência 
destas cepas no hospital, resultando em prolongamento na permanência, maior consumo 
de antimicrobianos, aumento na morbidade, mortalidade e custo, tem acarretado um 
problema para os médicos assistentes, para o pessoal de controle de infecção 
nosocomial e para os administradores hospitalares. 
A presença de um número cada vez maior de pacientes com diminuição de suas 
defesas, o uso de novos procedimentos invasivos e de instrumentação, o 
reconhecimento de novos organismos responsáveis por infecção, são algumas das 
razões para que os germes multirresistentes tornem-se cada vez mais importantes. O 
controle ou a erradicação de germes resistentes após tornarem-se endêmicos pode ser 
bastante difícil. 
O controle do uso de antimicrobianos, por tudo isso, não é uma opção, mas uma 
necessidade de toda a comunidade que usufrui ou que trabalha nas instituições de 
saúde e que não deveria permanecer restrita a estas, mas ser realizado em todos os 
locais, impedindo ou limitando o consumo e uso incorreto e sem indicação, como a 
venda sem prescrição, o uso para tratamento de infecções virais, a utilização de 
subdoses, a promoção abusiva do produto por companhias inescrupulosas, impedindo a 
prescrição por médicos ansiosos visando a ―cobertura de todos os agentes 
possíveis‖. 
A dose do antimicrobiano deve ser ajustada à intensidade da infecção, à 
topografia da doença, ao peso do paciente e às funções renal e hepática, evitando-
se subdoses ou doses excessivas, que facilitam resistência e aumentam chance de 
efeitos colaterais. 
Desde que possível, deve-se escolher

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