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Aula 4 - Verificação e classificação dos créditos

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VERIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS 
Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi
 
A partir da publicação da sentença constitutiva de Falência, juntamente com a relação de credores fornecida pelo falido, tem os credores um prazo de 15 dias para apresentar ao Administrador Judicial as habilitações ou divergências quanto aos créditos relacionados, arts. 7º, § 1º, 52, § 1º e 99, LFR.
O Administrador Judicial providenciará, com base nos livros e documentos arrecadados e na relação de credores fornecida pelo falido, e mais nas provas colhidas junto aos credores pelo prazo de 45 dias para publicação de outro edital, igualmente demonstrando a relação de credores, quando será dada a oportunidade tanto aos credores, como ao devedor ou ao Ministério Público para, no prazo de 10 dias da publicação, apresentar ao Juiz impugnação contra a ausência de algum crédito ou mesmo, contra legitimidade, importância ou classificação daqueles.
Não havendo impugnação, o Juiz homologará a relação dos credores efetuado pelo Administrador Judicial, como Quadro Geral de Credores, art. 14, LFR.
Até o encerramento da Falência, o Administrador Judicial, o Comitê de Credores, qualquer credor ou o representante do Ministério Público pode pleitear ao juízo exclusão, reclassificação ou retificação de qualquer crédito, quando descoberta falsidade, dolo, simulação, fraude ou erro essencial, ou, mesmo, documentos ignorados na época da feitura do Quadro Geral de Credores, art. 19, LFR.
Na Falência, os créditos retardatários não podem participar de rateio eventualmente realizado e ficam sujeitos ao pagamento de custas. 
Também os Títulos por esses créditos perdem o direito de voto na Assembléia Geral de Credores, salvo se, à época da reunião, já houver sido homologado o Quadro Geral de Credores contendo o respectivo crédito retardatário, art. 10, LFR.
Os juros e acessórios só podem ser cobrados até a data correta da habilitação e não no momento da efetiva habilitação para os retardatários.
O art. 84, LFR dispôs, inclusive,
ordem a ser obedecida para eles:
 
remunerações devidas ao Administrador Judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da relação de trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência;
quantias fornecidas à massa pelos credores;
despesas com arrecadações, administração, realização do ativo e distribuição de seu produto, bem como custas do processo de falência;
custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida;
obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a Recuperação Judicial, nos termos do art. 67, LFR, ou após a decretação da Falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da Falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83, LFR.
Diferente dos créditos fiscais ou trabalhistas, que concorrem com os restantes na ordem de classificação estipulada pelo art. 83, LFR, embora dispensando a habilitação, os extraconcursais não entram nessa competição, pois devem ser quitados antes de todos os outros. 
Isso é lógico, pois esses são credores de massa, não originários do falido e, nessa, qualidade, indispensáveis ao prosseguimento do processo. 
Ainda que outra lei civil enquadre-os em qualquer categoria de créditos prevista no art. 83, LFR, prevalece o disposto no art. 84, LFR.
A LFR traz uma ordem preferencial de
pagamento dos créditos de acordo com sua natureza e a origem da relação com o falido, art. 83, LFR, sendo:
 
Créditos derivados da Legislação do Trabalho até o limite de 150 salários mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes do trabalho.
	Exemplo: 200 salários mínimos – 150 salários mínimos recebem primeiro e, os outros 50 salários mínimos receberão junto com os créditos quirografários.
 
	Se for extraconcursal pode ser de qualquer valor.
 
Créditos com Garantia Real até o limite do bem gravado.
	
	Exemplo: empréstimo de mútuo de R$ 300.000,00 com hipoteca, Penhor ou Anticrese de R$ 100.000,00. Só garante o valor de R$ 100.000,00. A diferença será considerada crédito quirografário.
Créditos Tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias que serão consideradas como créditos quirografários.
 
	A ordem de preferências é: União, Estados e Municípios, art. 29, parágrafo único da Lei de Execução Fiscal, Lei 6.830/80.
Créditos com Privilégio Especial, que
	compreende os bens sujeitos, por expressa disposição de lei, ao pagamento do crédito que ele favorece, quais sejam:
 
os relacionados ao art. 964, CC, a exemplo do credor de custas e despesas judiciais com a coisa arrecadada sobre o mesmo bem, ou do credor de aluguéis sobre as alfaias e utensílios de uso domésticos, ou ainda, o credor por sementes, instrumentos e serviços à colheita sobre os frutos agrícolas;
os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta lei;
aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em garantia.
 
Créditos com Privilégio Geral, que abrangem todos os outros bens não sujeitos a créditos com garantia real ou privilégio especial, a saber:
Os previstos no art. 965, CC;
Debenturistas, na Falência da SA emissora – art. 58, § 1º, LSA;
Advogado em relação aos honorários – art. 24, Lei 8.906/94;
Art. 67, parágrafo único, LFR – reclassificação de crédito.
 
Créditos Quirografários, que não gozam de nenhuma preferência, privilégio ou garantia atribuída aos demais. 
aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;
os saldos dos créditos não-cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados ao seu pagamento;
os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho, que excederem o limite de 150 salários mínimos.
 
Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários. Na mesma condição, encontram-se os créditos decorrentes de acidente de trabalho.
 
Multas Contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias, trata-se de crédito quirografário. 
 
Créditos Subordinados, constituem os créditos cujo pagamento somente pode se dar após a satisfação integral dos credores da massa falida. São: 
os assim previstos em lei, em contrato, a exemplo das debêntures subordinadas, previstas no art. 58, § 4º, da Lei nº 6.404/76;
os diretores ou administradores da massa falida sem vinculo empregatício;
sócios da sociedade limitada ou acionista da anônima por créditos de qualquer natureza.
EFEITOS JURÍDICOS DA SENTENÇA DE FALÊNCIA
 
A sentença constitutiva da Falência introduz o sujeito passivo em um sistema jurídico delimitado pela LFR.
QUANTO AOS DIREITOS DOS CREDORES
 
O juízo da Falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta lei, em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo, art. 76, LFR.
A decretação da Falência:
 
sujeita os credores aos termos da LFR;
suspende todas as ações e execuções em face do devedor e a prescrição, art. 6º, LFR;
determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, art. 77, LFR;
não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, art. 124, LFR.
O parágrafo único do art. 124, LFR excetua dessa regra os juros das debêntures e dos créditos com garantia real, desde que os encargos não ultrapassem o produto dos bens que constituem a garantia.
QUANTO À PESSOA DO FALIDO
 
Os efeitos em relação ao falido são:
 
o falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial até a sentença que extingue suas obrigações;
perde o direito de administrar seus bens ou deles dispor;
poderá fiscalizar a administração da falência, requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens
arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte interessada.
 
Impõe inúmeras obrigações - art. 104, LFR.
QUANTO AOS BENS DO FALIDO – SOCIEDADE FALIDA
 
Desde a declaração da Falência ou do sequestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor, art. 103, caput, LFR.
A lei prescreve a indisponibilidade dos bens do falido como consequencia imediata à sentença, art. 108, LFR.
Art. 140, LFR.
O art. 141 da LFR previu que o objetivo da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidente de trabalho.
Tais encargos permanecem compondo as obrigações de massa.
 
A liberalidade retratada não se aplica, contudo, quando o arrematante for:
 
sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido;
parente, em linha reta ou colateral, até o quarto grau, consanguíneo ou afim, do falido ou do sócio da sociedade falida;
identificado como agente do falido, com o objetivo de fraudar a sucessão.
Compete ao Juiz, ouvido o Administrador Judicial e atendendo à orientação do Comitê de Credores, a escolha da forma de alienação, sendo:
 
leilão, por lances orais;
propostas fechadas;
pregão.
 
Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público será intimado pessoalmente, sob pena de nulidade, art. 142, § 7º, LFR.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
Arrecadam-se todos os bens, sejam os destinados ao exercício do negócio, ou não.
Perde a disponibilidade sobre todo o seu patrimônio, que passará a compor a massa falida.
Excetuam-se apenas os bens absolutamente impenhoráveis (são tratados no Direito Civil, art. 649 CPC), assim como os dotais e os particulares da mulher e dos filhos do devedor.
SOCIEDADE ANÔNIMA OU LIMITADA 
Apenas os bens sociais é que serão objeto da arrecadação judicial, preservando-se o patrimônio particular dos sócios, mesmo na hipótese de o capital social não se encontrar totalmente integralizado.
Nesta hipótese, o sócio remisso ficará passível de uma ação de integralização pela sua participação no capital ainda não satisfeito. 
Julgada procedente a ação, poderá haver a penhora de tantos bens particulares quantos bastem à integralização do capital social, lembrando a solidariedade presente quando se tratar sociedade limitada.
Além da obrigação pela parcela não-realizada do capital social, o art. 82, LFR reforçou a aptidão atrativa do juízo falimentar para apurar a responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, controladoras e dos administradores da sociedade falida.
Nestes casos, pode o Juiz, de ofício ou a requerimento das partes, ordenar a indisponibilidade de bens particulares dos réus, em quantidade compatível com o dano provocado, até o julgamento da ação de responsabilização.
DEMAIS TIPOS SOCIETÁRIOS
A Falência de uma:
Sociedade em Nome Coletivo provoca a indisponibilidade tanto dos bens sociais como dos sócios (menos aqueles indisponíveis).
Sociedade em Comandita Simples, a indisponibilidade alcança apenas os bens dos sócios comanditados, claro, além dos da sociedade.
Comandita por Ações, o efeito recai sobre os sócios-gerentes.
QUANTO AOS CONTRATOS DO FALIDO 
 
Uma consequencia desse poder constitutivo da sentença é a possibilidade de se modificarem os vínculos constituídos sob a tutela de outros regimentos de direito, como o Código de Defesa do Consumidor - CDC e o Código Civil - CC.
A regra geral disposta no art.117, LFR, relativamente aos Contratos Bilaterais, evidencia que eles não se resolvem pela Falência e podem ser cumpridos normalmente pelo Administrador Judicial,
 
se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida,
 
se for necessário à manutenção e preservação de seus ativos,
mediante autorização do Comitê de Credores.
Se o Administrador, ouvido o Comitê
de Credores, não quiser continuar pagando as respectivas prestações, deverá entregar os bens que o falido adquiriu com reserva de domínio, art. 119, IV, LFR, pois a propriedade, embora resolúvel, é do credor; o mesmo se aplica à alienação fiduciária.
Também no caso de leasing – arrendamento mercantil -, a propriedade do bem não é do arrendatário, e a coisa deve ser devolvida se as prestações não continuarem sendo pagas, salvo na hipótese do art. 199, § 1º, LFR.
Para os Contratos Unilaterais, a regra é similar, podendo o Administrador Judicial, mediante autorização do Comitê de Credores, realizar o pagamento da prestação pela qual está obrigado, quando isso:
contribuir para reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida,
for necessário à manutenção e preservação de seus ativos,
realizando o pagamento da prestação pela qual está obrigado, art. 118, LFR.
No art. 119, LFR há uma série de disposições específicas a respeito de algumas peculiaridades envolvendo tanto os contratos de compra e venda como outras, a exemplo da locação empresarial ou de contas correntes. 
 
Vejamos algumas.
Coisa Comprada pelo falido, já
despachada, mas em trânsito
 
O inciso I do art. 119, LFR estipula que aquele que vender produtos a outrem, posteriormente declarado falido, não pode obstar a entrega das coisas já saídas do estabelecimento, mas ainda em trânsito, se o comprador, antes do requerimento da Falência, as tiver revendido, sem fraude.
Não havendo ainda a revenda por parte do comprador, é possível barrar a entrega, tomando-se conhecimento da Falência.
Não o fazendo, compete ao vendedor reivindicar, via Pedido de Restituição, previsto no art. 85, LFR a devolução da coisa, antes que aconteça a venda judicial do bem. 
Coisa Comprada pelo falido, entregue
15 dias antes do pedido
 
Essa hipótese, prevista no art. 85, parágrafo único, LFR, é similar à anterior.
A diferença é que a coisa já fora entregue ao falido, nos 15 dias que antecederam o requerimento da falência.
Não tendo sido ainda realizada a alienação judicial do bem, cabe restituição ao vendedor.
A venda aqui referida não é uma operação comum entre vendedor e comprador, esta tem a ver com a realização do ativo processada judicialmente no curso da Falência.
Coisas Compostas vendidas pelo falido
 
São aquelas cuja utilidade desejada depende do todo.
Pois bem, na hipótese de o Administrador Judicial decidir cancelar contrato no qual aparece o devedor falido como vendedor, já tendo procedido à entrega parcial dos produtos alienados, faculta-se ao comprador devolver a parte recebida, requerendo perdas e danos, cuja importância constituirá crédito quirografário, art. 119, II, combinado com art. 117, § 2°, LFR.
Coisa Móvel vendida pelo falido a prazo
 
Não tendo o devedor entregue coisa móvel ou prestado serviço que vendera ou contratara a prestações, e resolvendo o Administrador Judicial não executar o contrato, o crédito relativo aos valores já pagos pelo comprador ou pelo tomador do serviço sujeitar-se-ão à habilitação, na classe própria, art.119, III, LFR.
Coisa Móvel comprada pelo falido, com reserva de domínio do vendedor
 
Se o Administrador resolver não continuar a execução do contrato, deve restituir o bem ao vendedor, não sem antes ouvir o Comitê de Credores, exigindo a devolução dos valores pagos, conforme estipulação contratual, art. 119, IV, LFR.
Promessa de Compra e Venda de Imóveis
 
O inciso VI do art. 119, LFR remete o tema à legislação específica.
 
 
Contratos de Locação envolvendo falido
 
Sendo a Falência do locador, mantêm-se os termos do contrato. Vindo a falir o locatário, faculta-se ao Administrador Judicial, a qualquer tempo, denunciar o contrato, art. 119, VII, LFR.
Mandato conferido pelo Devedor,
antes da Falência, para realização de negócios
 
A quebra provoca a cessação de seus efeitos, cabendo ao mandatário prestar contas de sua gestão.
Em se tratando de mandato para representação judicial do devedor, faculta-se ao Administrador Judicial a revogação.
Na hipótese de o falido haver
recebido mandado ou comissão antes da falência, a quebra provocará a cessão, salvo dos que versem sobre matéria estranha à atividade empresarial, art. 120, LFR.
Contrato de Conta Corrente com o devedor
 
É encerrado no momento da decretação da Falência, verificando-se o respectivo saldo, art. 121. LFR.
 
 
Condomínio Indivisível do qual participe o falido
 
O bem deverá ser vendido, e do produto da venda deve ser deduzido o que for devido aos demais condôminos, facultada a estes a compra da quota-parte do falido, nos termos da melhor proposta obtida, art. 123, § 2º, LFR.
QUANTO AO NEGÓCIO DO FALIDO
Pode o representante legal da sociedade falida requerer ao Juiz a continuidade temporária do negócio, sob o fundamento de que a paralisação diminuiria ainda mais as chances de os credores receberem seus créditos.
A iniciativa do pedido não é dos
credores, mas do representante da sociedade falida, que poderá se fundamentar no parágrafo único do art.103, LFR, que permite a ele:
fiscalizar a administração da Falência,
requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou bens arrecadados,
intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis.
Igualmente serve à fundamentação do requerimento o art. 99, XI, LFR, que trata da continuidade provisória das atividades do falido.
Na apreciação da matéria, a autoridade judiciária leva em conta não o interesse do requerente, mas o dos próprios credores, assim como da coletividade.
LACRAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
 
Será lacrado sempre que houver risco para a execução da arrecadação ou para a preservação dos bens da massa falida ou dos interesses dos credores, art. 109, LFR.
QUANTO À INEFICÁCIA E REVOGAÇÃO DE CERTOS ATOS 
A lei relacionou atos considerados ineficazes para a massa, independentemente de haver intenção do devedor de fraudar credores, art.129, LFR.
São ineficazes perante a massa, tenha ou não o contratante conhecido do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não a intenção deste fraudar credores, art. 129, LFR, ineficácia objetiva:
 
PAGAMENTO DE DÍVIDAS NÃO-VENCIDAS – quando realizado pelo falido dentro do Termo Legal da Falência;
PAGAMENTO DE DIVIDAS VENCIDAS – quando realizado dentro do Termo Legal da Falência, desde que efetivada por outra forma distinta da prevista no contrato;
CONSTITUIÇÃO DE DIREITO REAL DE GARANTIA – quando procedido dentro do termo legal de falência, para dívidas contraídas anteriormente;
 
PRÁTICA DE ATOS A TÍTULO GRATUITO – desde 2 anos antes da declaração de Falência;
RENÚNCIA A HERANÇA OU AO LEGADO – desde 2 anos antes da Falência;
ALIENAÇÃO OU TRANSFERÊNCIA DO ESTABELECIMENTO – quando realizada sem o consentimento ou pagamento de todos os credores, salvo se restarem bens suficientes para solver o seu passivo ou se, no prazo de trinta dias da notificação, não houver oposição dos credores;
TRANSFERÊNCIA DE PROPRIEDADE DE IMÓVEL – declaração de falência, exceto quando tenha havido prenotação anterior, no Cartório de Imóveis.
Os atos revogáveis são aqueles praticados pelo falido com a intenção de fraudar credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo à massa falida, art. 130, LFR.
 
É importante ressaltar que alguns atos objetivamente ineficazes (art. 129, I a IV, LFR) não perderão a eficácia se estiverem previstos no Plano de Recuperação.
O PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E OS EMBARGOS DE TERCEIROS
 
Na Falência, arrecadam-se todos os bens de propriedade do falido, ainda que não estejam em sua posse, bem como os bens em sua posse, mesmo que não sejam de sua propriedade.
Frequentemente, porém, inúmeros bens de
terceiros permanecem em poder do empresário, em consequencia das relações contratuais havidas entre as partes.
Na hipótese de bem de propriedade de terceiro ser arrecadado no processo falimentar, a via processual adequada para obter a devolução do bem é o “pedido de restituição”, arts. 85 a 93, LFR.
O pedido de restituição também pode ser efetuado na hipótese de coisa vendida a crédito e entregue ao devedor nos 15 dias anteriores ao requerimento da Falência, se ainda não alienada.
Assim, pode ser pedido a restituição quando devida
em virtude de:
 
Direito real sobre a coisa;
Adiantamento de Contrato de Câmbio para exportação;
Coisas vendidas a crédito e entregues ao falido nos 15 dias anteriores ao requerimento da Falência, se ainda não alienadas pela massa;
Alienação fiduciária, art. 7º do Decreto-lei 911/69;
Revogação ou ineficácia do contrato, para credor de boa-fé, art. 136, LFR.
O INSS pode reivindicar a Contribuição à Seguridade Social devida pelo empregado do falido e por este retida, art. 51, parágrafo único, Lei 8.212/91.
A lei ainda prevê a restituição em dinheiro.
Isso ocorre quando o objeto do pedido é propriamente dinheiro ou quando o bem a ser restituído se perdeu, art. 86, LFR.
 
O desembolso da massa é realizado de imediato a partir da execução do julgado do pedido de restituição, não concorrendo o crédito do reclamante com os credores do falido.
 
Com relação à sentença que julgar o pedido de restituição, caberá Recurso de Apelação, com efeito devolutivo, art. 90, LFR.
 
Súmula 417, STF – Pode ser objeto de restituição, na Falência, dinheiro em poder do falido, recebido em nome de outrem, ou do qual, por lei ou contrato, não tivesse ele a disponibilidade.
AÇÃO REVOCATÓRIA
 
Instituto exclusivo da Falência, que visa tornar ineficaz, somente em relação à massa falida, determinados atos praticados pelo devedor antes da Falência.
É o instrumento adequado para reaver os bens transferidos a terceiros, devendo ser proposta pelo Administrador Judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público, no prazo de 3 anos contatos da sentença de Falência, art. 132, LFR.
Correrá no juízo falimentar e obedecerá ao procedimento ordinário, podendo ser cominada com medida preventiva de sequestro dos bens, nos termos do CPC. 
Art. 129, LFR.
O art. 130, LFR condiciona a ineficácia à caracterização da fraude, sem relacionar atos identificadores, porque a ineficácia é subjetiva.
Todo e qualquer ato praticado pelo falido com a intenção de prejudicar credores será declarado ineficaz.
A Ação Revocatória será proposta contra, art. 133, LFR:
 
todos os que figuraram no ato ou que por efeito dele foram pagos, garantidos ou beneficiados;
os terceiros adquirentes, se tiveram conhecimento, ao se criar o direito, da intenção do devedor de prejudicar credores;
os herdeiros ou legatários das pessoas acima indicadas.
Reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a Ação Revocatória, as partes retornarão ao estado anterior, e o contratante de boa-fé terá seu direito protegido pela lei, isto é, terá direito à restituição dos bens ou valores entregues ao devedor, art. 136, LFR.
 
Na hipótese de securitização de créditos do devedor, não será declarada a ineficácia ou revogado o ato de cessão em prejuízo dos direitos dos portadores de valores mobiliários emitidos pelo securitizador.
OBRIGADO !
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Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi
www.professorcrepaldi.pro.br
professorcrepaldi@uai.com.br

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