Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANUAL NOTURNO Direito Administrativo Celso Spitscovsky Data: 07/10/2011 Aula 12 ANUAL NOTURNO – 2011 Complexo Educacional Damásio de Jesus MATERIAL DE APOIO SUMÁRIO 1) SERVIDORES PÚBLICOS SERVIDORES PÚBLICOS 1 - Ingresso na estrutura da administração pública a) Quem pode ser servidor público? Art. 37, I CF - A legitimidade é dos brasileiros e estrangeiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei. A CF/88 foi a primeira que abriu a possibilidade do ingresso de estrangeiros na administração pública. Antes, só era permitido para professores que lecionassem somente por determinado período. Art. 5º, XIII, CF – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as exigências estabelecidas em lei. Trata-se de direito fundamental. Estrangeiro pode se candidatar para mandato eletivo? Não. Art. 14 § 3º CF - para cargos eletivos, é necessário ser brasileiro (nato ou naturalizado). Art. 12 § 3º CF - Cargos privativos de brasileiros natos: Presidente da República, Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara e do Senado, Ministros do STF, oficiais das Forças Armadas, cargos diplomáticos e Ministro da Defesa. b) Como ocorre a investidura? Regra geral: Art. 37, II, CF - A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão, declarado em lei de livre nomeação e exoneração; investidura é sinônimo de titularização do cargo. Qual investidura depende de aprovação em concurso? Todas; tanto a investidura originária como a derivada. A necessidade de concurso se estende para o provimento de cargos e empregos, valendo para o regime estatutário e para o regime celetista. ANUAL NOTURNO – 2011 Complexo Educacional Damásio de Jesus Investidura Originária é aquela que ocorre quando o indivíduo estiver ingressando pela primeira vez na estrutura da administração pública. Depende sempre de concurso. Investidura Derivada é aquela em que o servidor possui uma relação jurídica anterior com a administração. O indivíduo já está dentro da administração pública; sai de um cargo e passa a titularizar outro. Neste caso, também se exige o concurso público, ao menos interno. A Investidura Derivada pode ser horizontal ou vertical. Será vertical quando o servidor sai de um cargo e passa para outro com “progressão” na carreira. Será horizontal quando ocorrer sem “progressão” na carreira. Em ambos os casos é necessário concurso, no mínimo interno. O concurso deve ser público. Isto significa que todas as informações relacionadas ao concurso têm que ser transparentes, acessíveis para todos os interessados, independentemente de estarem ou não participando do concurso público. Qualquer pessoa pode buscar a ilegalidade do certame, mesmo dele não participando, sendo direito fundamental (art. 5º, XXXIII, CF). A pessoa que fez o concurso tem o direito subjetivo de acesso à prova que fez. Súm. 684, STF: diz que o candidato tem o de conhecer as razões que levaram a sua reprovação. Se a comissão do concurso insistir em não mostrar, restará o auxílio do Judiciário. A jurisprudência entende que o Judiciário pode enfrentar a correção da prova somente quando houver ilegalidade ou contrariedade com as regras fixadas no edital. O concurso deverá ser de provas ou provas e títulos: Não é permitido concurso com base exclusivamente em análise de títulos, pois a prova sempre será obrigatória. A prova e os títulos somente serão legítimos se forem compatíveis com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego. Temos aqui a consagração do princípio da razoabilidade. Provas e títulos estranhos à atribuição do cargo serão desarrazoados e, portanto, inconstitucionais. Súm. 683 STF - fala sobre o limite de idade, que só se justifica quando necessário diante da natureza, complexidade e atribuições do cargo. Na forma prevista em lei: O único instrumento hábil para criar exigências no concurso é a lei (“na forma da lei”), assim, o edital não pode inovar a respeito do concurso. Deficiente Físico (art. 37, VIII CF). Portadores de deficiência poderão titularizar cargo e emprego público, devendo ser submetidos a concurso público. A CF não define o percentual que deve ser reservado, transferindo tal atribuição para a lei. Os portadores de deficiência concorrerão entre si pelo percentual de vagas a eles reservados pelo edital. Terão que demonstrar que sua deficiência não vai interferir nas atribuições do cargo. O ciclo de investidura somente se encerra com a posse do candidato, já que esta ocorre em três etapas: concurso, nomeação e posse. Direito à nomeação: O candidato aprovado em concurso tem direito subjetivo à nomeação? Depende. Se o candidato aprovado em concurso público não foi aprovado dentro do número de vagas ANUAL NOTURNO – 2011 Complexo Educacional Damásio de Jesus previstas no edital, não tem direito subjetivo à nomeação, tendo apenas em relação a ela uma expectativa de direito. Por decisão do STF, a partir do julgamento de um recurso extraordinário de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, de agosto de 2011, o candidato aprovado em concurso dentro do número de vagas previsto no edital, tem direito subjetivo à nomeação. A nomeação passou a ser um ato vinculado da administração. Existe um pouco de discricionariedade quanto à data da nomeação, tendo como prazo a data de validade do concurso. Prazo de Validade do Concurso: é de até 2 anos – no máximo 2 anos (art. 37 III, CF). O prazo pode ser prorrogado uma única vez por igual período. Ex.: 1 + 1 ou 2 + 2. Não pode 1 + 2 ou 2 + 1. A prorrogação não é direito subjetivo dos candidatos, sendo que a administração tem discricionariedade para decidir se vai prorrogar ou não. Cadastro de reserva: é o que a administração vem fazendo atualmente. Os aprovados em concurso para o preenchimento de cadastro de reserva não tem direito subjetivo a nomeação, porém, tem direito à preferência na nomeação. Direito à Posse: O candidato aprovado em concurso público tem direito à posse, entretanto, existem algumas ressalvas. A Lei 8.112/90 traz algumas exigências para tomar posse, entre elas, ser submetida a uma inspeção médica. Entre a nomeação e a posse o candidato, tem prazo de 30 dias para realizar o ato. Se o indivíduo foi nomeado e não tomou posse, qual é o efeito? Como não chegou a titularizar o cargo, não poderá ser exonerado ou demitido. A lei diz que nesse caso, a nomeação fica sem efeito. Os editais cobram a comprovação dos requisitos do concurso no ato de inscrição ou no ato da inscrição definitiva. Essa orientação encontra respaldo em decisões judiciais. Porém, o momento correto é o momento da posse. A Súm. 266, STJ, diz que a cobrança das exigências deve ser feita no ato da posse e não no momento da inscrição. Exercício do Cargo: O servidor que tomou posse tem 15 dias para entrar no exercício de suas atribuições. Se o servidor não entrar em exercício neste prazo, ocorrerá a exoneração. Exceções – próxima aula
Compartilhar