Buscar

Administrativo_-_aula_17_-_Agentes_públicos-_p1

Prévia do material em texto

P
ág
in
a1
 
 
 
P
ág
in
a2
 
DIREITO ADMINISTRATIVO – AULA 17 
AGENTES PÚBLICOS (PARTE 1) 
CONCEITO ................................................................................................................ 4 
ESPÉCIES DE AGENTES PÚBLICOS .............................................................................. 6 
CLASSIFICAÇÃO DE CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO .......................................... 7 
Agentes políticos ......................................................................................................... 7 
Servidores estatais ...................................................................................................... 8 
Particulares em colaboração com o Poder Público .................................................. 10 
CLASSIFICAÇÃO DE HELY LOPES MEIRELLES ................................................................. 11 
Agentes políticos ....................................................................................................... 11 
Agentes administrativos ........................................................................................... 12 
Agentes honoríficos .................................................................................................. 12 
Agentes delegados .................................................................................................... 13 
Agentes credenciados ............................................................................................... 14 
AGENTES PÚBLICOS DE FATO ....................................................................................... 14 
CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS ............................................................ 15 
CARGO PÚBLICO ........................................................................................................... 16 
Cargo público efetivo X cargo público em comissão ................................................ 16 
Classe, carreira e quadro .......................................................................................... 17 
EMPREGO PÚBLICO ...................................................................................................... 18 
FUNÇÃO PÚBLICA ......................................................................................................... 19 
Cargo em comissão X função de confiança .............................................................. 19 
REGIME JURÍDICO ÚNICO ....................................................................................... 20 
INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO ...................................... 22 
ACUMULAÇÃO DE CARGOS E EMPREGOS ................................................................ 24 
COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS ................................................................................ 25 
OBEDIÊNCIA AO TETO REMUNERATÓRIO .................................................................... 27 
HIPÓTESES CONSTITUCIONAIS DE ACUMULAÇÃO ....................................................... 28 
Os casos previstos no art. 37, XVI ............................................................................. 28 
Acumulação para militares (EC 101/19) ................................................................... 31 
 
P
ág
in
a3
 
Outras hipóteses de acumulação previstas na CF/88 ............................................... 33 
CONCURSO PÚBLICO .............................................................................................. 34 
PRAZO DE VALIDADE DO CONCURSO .......................................................................... 39 
Abertura de novo concurso no prazo de validade do anterior ................................ 40 
CASOS EM QUE NÃO SE EXIGE CONCURSO ................................................................. 41 
DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO .............................................................................. 42 
(IN)VALIDADE DOS REQUISITOS DISCRIMINATÓRIOS (IDADE, SEXO, ALTURA, ETC.) .. 46 
Limitação de idade ou altura .................................................................................... 46 
Restrição a candidatos com tatuagem ..................................................................... 47 
Teste de aptidão física .............................................................................................. 48 
Testes psicotécnico ................................................................................................... 49 
Investigação social .................................................................................................... 51 
RESERVA DE VAGAS PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS ........................................ 53 
 
 
 
 
P
ág
in
a4
 
Vamos para a décima sétima aula do curso de Direito Administrativo, a primeira 
do módulo 2. 
Como o assunto “agentes públicos” é bastante extenso, achei por bem dividir o 
tema em duas aulas, nesta primeira veremos alguns conceitos doutrinários 
importantes, tópicos especiais sobre agentes públicos na Constituição Federal e as 
formas de provimento dos cargos públicos. Os demais tópicos ficam para a próxima 
aula. 
É bom esclarecer, desde já, que analisaremos nestas aulas o Estatuto dos 
Servidores Públicos Federais, Lei 8.112/90, isso porque tal lei serve de referência para 
as normas estaduais e municipais que tratam dos respectivos regimes jurídicos. 
Assim, ao acompanhar estas aulas, busque obter uma boa compreensão da Lei 
8.112/90, não se preocupe, agora, com as leis estaduais e municipais. Elas são, em sua 
maior parte, “cópias” da lei federal, de modo que, conhecendo bem o estatuto federal, 
fica fácil estudar a lei local depois de publicado o edital do concurso. 
É isso aí, vamos ao que interessa! 
 
CONCEITO 
 
Para que se possa entender com maior clareza os institutos apresentados pela 
CF/88 e pelas leis que regem as carreiras dos agentes públicos, é essencial 
determinarmos qual o conceito de agente público e suas espécies, especialmente os 
servidores públicos, os agentes políticos e os empregados públicos. 
Da maneira mais simplificada possível, podemos dizer que agente público é 
toda e qualquer pessoa física que exerce, em caráter permanente ou temporário, 
remunerada ou gratuitamente, sob qualquer forma de investidura ou vínculo, função 
pública em nome do Estado. 
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, a expressão agentes públicos: “é a 
 
P
ág
in
a5
 
mais ampla que se pode conceber para designar genérica e indistintamente os sujeitos 
que servem ao Poder Público como instrumentos expressivos de sua vontade ou ação, 
ainda quando o façam apenas ocasional ou episodicamente. Quem quer que 
desempenhe funções estatais, enquanto as exercita, é um agente público. Por isto, a 
noção abarca tanto o Chefe do Poder Executivo (em quaisquer das esferas) como os 
senadores, deputados e vereadores, os ocupantes de cargos ou empregos públicos da 
Administração direta dos três Poderes, os servidores das autarquias, das fundações 
governamentais, das empresas públicas e sociedades de economia mista nas distintas 
órbitas de governo, os concessionários e permissionários de serviço público, os 
delegados de função ou ofício público, os requisitados, os contratados sob locação civil 
de serviços e os gestores de negócios públicos.” 
Assim, o termo “agentes públicos” abrange todas as pessoas que, de qualquer 
modo, estão vinculadas ao Estado, alcançando desde os mais importantes agentes, 
como o Presidente da República e o Governador do Estado, até aqueles que, somente 
em caráter eventual, exercem funções públicas, como é o caso dos mesários eleitorais 
e dos membros do Tribunal do Júri. 
Como se pode notar, a expressão “agente público” é bastante ampla. Como 
aponta Matheus Carvalho: “qualquer pessoa que age em nome do Estado é agente 
público, independentemente de vínculo jurídico, ainda que atue sem remuneração e 
transitoriamente”.Na legislação administrativa, é interessante conhecer a definição de agente 
público apresentada pelo art. 2º da Lei de Improbidade Administrativa (lembrando que 
já o analisamos em detalhes na aula sobre improbidade): 
LEI 8.429/92 
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, 
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou 
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, 
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou 
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas 
 
P
ág
in
a6
 
entidades mencionadas no artigo anterior. 
 
Observe que o Código Penal é igualmente amplo ao definir “funcionário 
público”: 
Código Penal 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos 
penais, quem, embora transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce 
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e 
quem trabalha para empresa prestadora de serviço 
contratada ou conveniada para a execução de atividade 
típica da Administração Pública. 
 
Atenção. A expressão “funcionário público” não é utilizada pela CF/88, na 
legislação penal ainda se encontra este termo, mas você pode considerá-lo sinônimo 
de “agente público”. Não há qualquer relevância prática ou doutrinária em distinguir 
funcionário público de agente público. 
É claro que uma conceituação ampla assim não seria suficiente para explicitar 
todos os detalhes que o tema apresenta, por isso, precisamos “dividir” os agentes 
públicos em espécies, de modo a enquadrá-los conforme o regime jurídico que 
categoria obedece. 
 
ESPÉCIES DE AGENTES PÚBLICOS 
 
Duas classificações doutrinária se destacam na hora de especificar os agentes 
públicos, aquela apresentada por Celso Antônio Bandeira de Mello e a de Hely Lopes 
 
P
ág
in
a7
 
Meirelles, como as duas são cobradas pelas bancas de concursos, vejamos ambas. 
 
CLASSIFICAÇÃO DE CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE 
MELLO 
Segundo o notório professor, os agentes públicos podem ser estudados em três 
categorias distintas: 
 os agentes políticos; 
 os servidores estatais; e 
 os particulares em colaboração com o poder público. 
Agentes políticos 
 
Celso Antônio Bandeira de Mello adota um conceito restritivo de agentes 
políticos: “são os titulares dos cargos estruturais à organização política do país, isto é, 
são os ocupantes dos cargos que compõem o arcabouço constitucional do estado e, 
portanto, o esquema fundamental do poder. Sua função é a de formadores da vontade 
superior do estado”. 
Portanto, seriam agentes políticos somente o Presidente da República, os 
Governadores, os Prefeitos e seus respectivos auxiliares imediatos (Ministros e 
Secretários das diversas pastas), os Senadores, os Deputados e os Vereadores. 
Observe que o doutrinador não elenca os magistrados, membros do Ministério 
Público e dos tribunais de contas neste conceito, isso porque eles não exercem 
funções tipicamente políticas (como criar leis ou traçar programas e diretrizes de 
governo), apesar de exercerem funções constitucionais e de elevada importância. 
É muito importante ficar atento ao fato de que o STF não segue esta 
conceituação do Celso Antônio, para o Supremo, os magistrados e membros do MP 
são agentes políticos: 
 
P
ág
in
a8
 
JURISPRUDÊNCIA: 
2. Responsabilidade exclusiva do Estado. A autoridade judiciária não tem 
responsabilidade civil pelos atos jurisdicionais praticados. Os magistrados enquadram-
se na espécie agente político, investidos para o exercício de atribuições 
constitucionais, sendo dotados de plena liberdade funcional no desempenho de suas 
funções, com prerrogativas próprias e legislação específica. (...) 
(RE 228977, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, Segunda Turma, julgado em 
05/03/2002, DJ 12-04-2002 PP-00066 EMENT VOL-02064-04 PP-00829) 
 
 
Contudo, de modo um tanto quanto contraditório, o mesmo STF entende que 
os membros dos tribunais de contas não são agentes políticos: 
JURISPRUDÊNCIA: 
I - A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática, uma 
vez que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da Constituição 
Federal. II - O cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná 
reveste-se, à primeira vista, de natureza administrativa, uma vez que exerce a função 
de auxiliar do Legislativo no controle da Administração Pública. (...) 
(Rcl 6702 MC-AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado 
em 04/03/2009, DJe-079 DIVULG 29-04-2009 PUBLIC 30-04-2009 EMENT VOL-02358-
02 PP-00333 RSJADV jun., 2009, p. 31-34 LEXSTF v. 31, n, 364, 2009, p. 139-150) 
 
 
Assim, aplica-se às nomeações para conselheiros de tribunais de contas a 
Súmula Vinculante 13 (vedação ao nepotismo), o que não se aplica aos agentes 
políticos. 
Servidores estatais 
 
P
ág
in
a9
 
 
Ainda conforme Celso Antônio, servidores estatais são todos aqueles que 
mantêm com o Estado ou suas entidades da Administração Indireta, 
independentemente de serem regidas pelo direito público ou direito privado, relação 
de trabalho de natureza profissional e caráter não eventual sob vínculo de 
dependência, são classificados em: 
 servidores estatutários, sujeitos ao regime estatutário estabelecido em 
lei e ocupantes de cargos públicos; 
Por se tratar de lei e não de contrato, essa relação jurídica poderá ser 
unilateralmente modificada pelo Estado, em face de sua competência para editar leis, 
respeitados, é claro, os direitos adquiridos pelo servidor. 
No mais, as atividades típicas de Estado devem ser desempenhadas 
necessariamente por servidores públicos estatutários, face a garantia expressamente 
estampada no art. 247, da CF/88: 
Constituição Federal 
Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 e 
no § 7º do art. 169 estabelecerão critérios e garantias 
especiais para a perda do cargo pelo servidor público 
estável que, em decorrência das atribuições de seu cargo 
efetivo, desenvolva atividades exclusivas de Estado. 
 
Dessa forma, os membros da Advocacia-Geral da União (advogados da União, 
procuradores da Fazenda Nacional e procuradores federais), além dos procuradores de 
Estado e dos municípios, devem ocupar cargos públicos e possuir uma relação 
estatutária com o ente federativo que representam. 
 servidores empregados das empresas públicas, sociedades de 
economia mista e fundações públicas de direito privado, contratados 
sob o regime da legislação trabalhista e ocupantes de emprego público 
 
P
ág
in
a1
0
 
(também conhecidos como empregados públicos); 
Os empregados públicos não são regidos por um estatuto (e, portanto, não 
podem ser chamados de estatutários), mas sim pela Consolidação das Leis Trabalhistas 
(CLT), que lhes assegura os mesmos direitos previstos para os trabalhadores da 
iniciativa privada, tais como aviso prévio, FGTS, seguro desemprego, entre outros 
estabelecidos no art. 7º da CF/88 (que não são garantidos aos servidores públicos na 
totalidade). 
 servidores temporários, contratados por tempo determinado para 
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 
37, IX, da CF/88), que exercem funções públicas sem estarem vinculados 
a cargo ou emprego público. 
Para os servidores temporários, a lei de cada ente federativo estabelecerá os 
prazos máximos de duração dos contratos e as situações que podem ser consideradas 
de necessidade temporária, veremos o tema com mais detalhes ainda nesta aula. 
Particulares em colaboração com o Poder Público 
 
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, “esta categoria de agentes é 
composta por sujeitos que, sem perderem sua qualidade de particulares – portanto, de 
pessoas alheias à intimidade do aparelho estatal (com exceção única dos recrutados 
para serviço militar) – exercem função pública, ainda que às vezes apenas em caráter 
episódico”. O vínculo que possuemcom o Estado ocorre através dos seguintes 
instrumentos: 
 delegação do poder público, como se dá com os empregados das 
empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos e os 
que exercem serviços notariais e de registro (art. 236 da CF/88); 
 requisição do poder público, como acontece com os jurados, mesários 
eleitorais durante o período eleitoral e os recrutados para o serviços 
militar obrigatório, que, em geral, não possuem vínculo empregatício e 
não recebem remuneração (lembre-se que os recrutas do exército 
 
P
ág
in
a1
1
 
recebem soldo); 
 gestores de negócios, que por vontade própria assumem 
espontaneamente determinada função pública em momento de 
emergência, como no combate a uma epidemia, incêndio, enchente, 
etc. 
 contrato para locação civil de serviços (como ocorre na contratação de 
um advogado altamente especializado para a sustentação oral perante 
Tribunais). 
 
CLASSIFICAÇÃO DE HELY LOPES MEIRELLES 
Para Hely Lopes, os agentes públicos podem ser classificados em agentes 
políticos, agentes administrativos, agentes honoríficos, agentes delegados e agentes 
credenciados. 
Agentes políticos 
 
Segundo Hely Lopes Meirelles, agentes políticos são “os componentes do 
Governo nos seus primeiros escalões, investidos em cargos, funções, mandatos ou 
comissões, por nomeação, eleição, designação ou delegação, para o exercício de 
atribuições constitucionais”. 
Diferentemente de Celso Antônio Bandeira de Mello, que exclui os membros da 
Magistratura, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas do conceito de “agentes 
políticos”, Hely Lopes Meirelles afirma que em razão de gozarem de independência 
funcional e possuírem suas competências previstas diretamente no texto 
constitucional, tais agentes devem sim ser considerados políticos. 
Assim, podemos afirmar que o conceito de agentes políticos para Hely Lopes é 
o mais amplo que se tem na doutrina, incluindo até mesmo os diplomatas. 
É interessante notar que a natureza política, ou não, do cargo de embaixador 
certamente será tema de debate nos próximos meses, isso por causa da intenção do 
 
P
ág
in
a1
2
 
Presidente da República em nomear seu filho para o cargo de embaixador do Brasil 
nos Estados Unidos. 
A Controladoria Geral da União – CGU – já se manifestou pela natureza política 
do cargo de embaixador e consequente inaplicabilidade da Súmula Vinculante 13 
(vedação ao nepotismo), veja: “há várias decisões do próprio Supremo que 
excepcionam a vedação prevista na Súmula para cargos estritamente políticos. Este é o 
caso do cargo de embaixador. Não só o direito administrativo considera que 
diplomatas em geral são agentes políticos (FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Direito 
Administrativo, p. 914; citando Hely Lopes Meirelles), como também o cargo de 
embaixador tem as seguintes outras características que permitem o entendimento de 
que ele não se enquadra nas vedações da Súmula nº 13 do STF”. 
O debate ainda não se encerrou e é possível que seja judicializado nos 
próximos meses, mas, até o momento, o mais seguro para concursos é afirma que não 
se deve falar em nepotismo para nomeações de embaixadores. 
Agentes administrativos 
 
Agentes administrativos são todos aqueles que exercem um cargo, emprego ou 
função pública perante à Administração, mediante remuneração e sujeitos à hierarquia 
funcional instituída no órgão ou entidade ao qual estão vinculados. São divididos em: 
 Servidores públicos titulares de cargos efetivos ou em comissão; 
 Empregados públicos; 
 Servidores contratados temporariamente em virtude de necessidade 
temporária de excepcional interesse público. 
Como você pode notar, os agentes administrativos para Hely Lopes Meirelles 
são os mesmos servidores estatais de Celso Antônio Bandeira de Mello. 
Agentes honoríficos 
 
Agentes honoríficos são cidadãos convocados, requisitados, designados ou 
 
P
ág
in
a1
3
 
nomeados para prestar, em caráter temporário, serviços públicos de caráter 
relevante, a título de munus público (colaboração cívica), sem qualquer vínculo 
profissional com o Estado, e, geralmente, sem remuneração. 
Como exemplos temos: os mesários eleitorais, os recrutas do serviço militar, 
jurados e os comissários de menores. 
Fique atento que, apesar de não possuírem vínculo permanente com o Estado, 
os agentes honoríficos são considerados “funcionários públicos” para fins penais e de 
improbidade administrativa e sobre eles não incidem as regras sobre acumulação de 
cargos, empregos e funções públicas, previstas no inciso XVI, do art. 37, da CF/88 
(falaremos mais sobre a acumulação de cargos). 
Agentes delegados 
 
Segundo o próprio Hely Lopes Meirelles, “agentes delegados são particulares 
que recebem a incumbência da execução de determinada atividade, obra ou serviço 
público e o realizam em nome próprio, por sua conta e risco, mas segundo as normas 
do Estado e sob a permanente fiscalização do delegante. Esses agentes não são 
servidores públicos, nem honoríficos, nem representantes do Estado; todavia, 
constituem uma categoria à parte de colaboradores do Poder Público. Nesta categoria 
se encontram os concessionários e permissionários de obras e serviços públicos, os 
tabeliães e serventuários de Ofícios ou Cartórios não estatizados, os leiloeiros, os 
tradutores e intérpretes públicos, e demais pessoas que recebam delegação para a 
prática de alguma atividade estatal ou serviço de interesse coletivo”. 
Não custa lembrar o que vimos na aula 08 deste curso, embora atividades 
públicas em nome próprio, por sua conta e risco, os agentes delegados estão sujeitos 
às regras de responsabilização civil previstas no § 6º, do art. 37, da CF/88. Os tabeliães, 
inclusive, respondem apenas de forma regressiva: 
JURISPRUDÊNCIA: 
O Estado responde objetivamente pelos atos dos tabeliões registradores oficiais que, 
 
P
ág
in
a1
4
 
no exercício de suas funções, causem danos a terceiros, assentado o dever de 
regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade 
administrativa. 
(STF. RE 842.846/SC. Plenário. Relator Ministro Luiz Fux. Repercussão Geral. 
Julgamento em 27/02/2019) 
 
Agentes credenciados 
 
Por fim, Hely Lopes distingue ainda os agentes credenciados, sendo aqueles 
que têm a incumbência de representar a Administração Pública em algum evento 
específico (uma Conferência na ONU, por exemplo) ou na prática de algum ato 
determinado, mediante remuneração e sem vínculo profissional. 
Por terem apenas um vínculo transitório, os agentes credenciados somente são 
considerados agentes públicos enquanto estiverem exercendo as funções públicas 
para as quais foram credenciados, encerradas as atividades, encerra-se também o 
vínculo. 
 
AGENTES PÚBLICOS DE FATO 
Além das duas classificações estudadas, é importante que você conheça o 
conceito de agentes públicos de fato: são particulares que, apesar de não possuírem 
vínculos jurídicos válidos com o Estado, desempenham funções públicas com a 
intenção de satisfazer o interesse público. 
Em outras palavras, são os particulares que exercem a função pública sem a 
investidura prévia e válida. 
Segundo Rafael Carvalho Rezende Oliveira, os agentes públicos de fato são 
divididos em duas categorias: 
 agentes de fato putativos: exercem a função pública em situação de 
 
P
ág
in
a1
5
 
normalidade e possuem a aparência de servidor público (ex.: agentes 
públicos que desempenham a função pública sem a aprovação em 
concurso público válido); e 
 agentes de fato necessários: exercem a função pública em situações de 
calamidade ou de emergência (ex.: particulares que, espontaneamente, 
auxiliam vítimas em desastres naturais). 
A distinção entre essas duas espécies é importante para definir a 
responsabilidade civil do Estado por eventuais danos causados por estes agentes. Com 
efeito, por força da teoria da aparência e da boa-fé dos administrados, os atosdos 
agentes putativos ensejarão a responsabilidade do Estado pelos danos causados. 
Quanto aos agentes de fato necessários, não se tem admitido a 
responsabilidade civil do Estado pelos danos causados por estes agentes, isso porque 
não se pode invocar, aqui, a teoria da aparência. 
Além disso, os agentes de fato putativos, desde que de boa-fé, fazem jus à 
remuneração da função que ocupam, de modo que a remuneração percebida pelo 
exercício da função não deverá ser devolvida ao Estado, sob pena de enriquecimento 
sem causa do Poder Público e desrespeito à boa-fé do agente. 
Por fim, note que o conceito de agente de fato não se confunde com a de 
usurpador de função pública, uma vez que este último atua com má-fé para se 
beneficiar do exercício irregular da função pública e sua conduta é tipificada como 
crime pelo art. 328 do CP. 
Assim, o usurpador atua com má-fé, comete crime ao fingir ocupar função 
pública e seus “atos administrativos” são considerados inexistentes, o agente putativo, 
por sua vez, está de boa-fé, não comete crime, terá direito à remuneração e os atos 
administrativos praticados são considerados válidos perante os administrados. 
 
CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS 
 
P
ág
in
a1
6
 
Antes de adentrarmos nos demais assuntos referentes aos agentes públicos, é 
bom distinguirmos os cargos, empregos e funções públicas. 
 
CARGO PÚBLICO 
Entende-se cargo público o local criado por lei dentro da organização interna 
da Administração direta e das entidades administrativas de Direito Público, provido 
por servidor público estatutário, com denominação, direitos, deveres e sistemas de 
remuneração previstos em lei. 
Cargo público efetivo X cargo público em comissão 
 
Os cargos públicos se subdividem em cargos efetivos e cargos em comissão: 
 Cargo efetivo: aquele cujo provimento decorre de prévia aprovação em 
concurso público de provas ou de provas e títulos. 
 Cargo em comissão: aquele de livre provimento e exoneração. São os 
cargos em comissão que, segundo o art. 37, V, da CF/88, devem ser 
criados por lei apenas para desempenho das atribuições de direção, 
chefia e assessoramento. 
Constituição Federal 
Art. 37. (...) 
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por 
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em 
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira 
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em 
lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia 
e assessoramento; 
 
É bom esclarecer que o regime estatutário abrange tanto os cargos de 
 
P
ág
in
a1
7
 
provimento efetivo quanto os cargos de provimento em comissão. A dúvida é muito 
comum porque aqueles que exercem exclusivamente cargos em comissão contribuem 
para o regime geral de previdência social (RGPS), apesar da obrigatoriedade de se 
submeterem aos deveres e proibições previstos nos respectivos estatutos. 
Constituição Federal 
Art. 37. (...) 
§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em 
comissão declarado em lei de livre nomeação e 
exoneração bem como de outro cargo temporário ou de 
emprego público, aplica-se o regime geral de previdência 
social. 
 
Classe, carreira e quadro 
 
No mais, o cargo público é definido legalmente (art. 2º da Lei 8.112/90) como o 
“conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional e 
que devem ser cometidas a um servidor”, possuindo as seguintes características: 
1) são acessíveis a todos os brasileiros natos e naturalizados que 
preencham os requisitos previstos na lei, bem como aos estrangeiros, 
na forma da lei; 
2) são criados por lei; 
3) possuem denominação própria; 
4) os vencimentos são pagos pelos cofres públicos; e 
5) as funções inerentes ao cargo público somente podem ser exercidas 
mediante remuneração, salvo nos casos previstos em lei. 
Os cargos distribuem-se em classes e carreiras e, excepcionalmente, criam-se 
isolados. 
 Classe é a reunião de cargos da mesma instituição pública, com 
 
P
ág
in
a1
8
 
identidade de atribuições, responsabilidade e vencimentos. Conforme 
Hely Lopes Meirelles, “as classes constituem os degraus de acesso na 
carreira”. 
 Carreira é o agrupamento de classes da mesma instituição pública, 
dispostas hierarquicamente. A classe superior será reservada aos 
ocupantes da classe inferior e proporcionará ao agente o aumento de 
suas responsabilidades e da sua remuneração. Os integrantes da 
carreira sobem de classe através da promoção. 
Inclusive, há interessante precedente declarando a inconstitucionalidade de lei 
que preveja a possibilidade de o indivíduo aprovado no concurso público ingressar 
imediatamente no último padrão da classe mais elevada da carreira: 
JURISPRUDÊNCIA: 
É inconstitucional lei que preveja a possibilidade de o indivíduo aprovado no 
concurso público ingressar imediatamente no último padrão da classe mais elevada 
da carreira. Essa disposição afronta os princípios da igualdade e da impessoalidade, os 
quais regem o concurso público. 
Por essa razão, o STF declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 18 da Lei nº 
8.691/93. 
STF. Plenário. ADI 1240/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/2/2019 (Info 932). 
 
 Quadro, por sua vez, é o conjunto de carreiras, cargos isolados e 
funções de um mesmo Poder ou entidade da Administração. Assim, 
podemos falar em quadro do Poder Judiciário Federal ou quadro do 
INSS. 
 
EMPREGO PÚBLICO 
O emprego público, por sua vez, é o vínculo contratual estabelecido entre os 
servidores celetistas e as entidades administrativas de direito privado (empresas 
 
P
ág
in
a1
9
 
estatais e fundações públicas de direito privado). Assim, não se pode falar em cargo 
pública na Petrobrás ou no Banco do Brasil, mas sim em emprego público. 
Da mesma forma que os cargos, os empregos públicos também são locais no 
serviço público, criados por lei, com atribuições, nomenclaturas e remunerações 
próprias. Em regra, os empregos públicos também são providos mediante concursos 
públicos. 
Portanto, a diferença fundamental entre os cargos e empregos públicos está no 
regime jurídico a qual se submetem. Os cargos são regimes por estatutos próprios (por 
exemplo: Lei 8.112/90 e Lei Orgânica da Magistratura Nacional – LC 35/79); já os 
empregos públicos são regidos pela CLT, por isso se pode afirmar que os empregados 
públicos são celetistas enquanto os servidores públicos são estatutários. 
 
FUNÇÃO PÚBLICA 
Já a função pública é a atribuição ou o conjunto de atribuições conferidas aos 
cargos isolados ou organizados em carreira ou, ainda, aos que desempenham função 
pública em caráter excepcional e transitório. 
Como nos lembra Rafael Oliveira: “todos os ocupantes de cargos e empregos 
públicos exercem, necessariamente, funções administrativas. Todavia, admite-se, 
excepcionalmente, o exercício de função pública independentemente da investidura em 
cargos ou empregos, tal como ocorre, por exemplo, nos casos dos servidores 
temporários (art. 37, IX, da CRFB) e dos particulares em colaboração (ex.: jurados, 
mesários eleitorais)”. 
Cargo em comissão X função de confiança 
 
Como dispõe o já citado inciso V do art. 37 da CF/88, os cargos em comissão e 
as funções de confiança são possíveis apenas para atribuições de direção, chefia e 
assessoramento. Embora cumpram essa mesma função em comum, cargos em 
comissão são diferentes de funções de confiança. 
 
P
ág
in
a2
0
 
Isso porque a função não é um “local” na Administração Pública, ou seja, não 
se pode colocar uma pessoa em uma função sem que ela esteja ocupando um cargo 
efetivo. 
Em outras palavras, enquanto o cargo em comissão é uma “vaga” a ser 
ocupada na Administração, a função de confiança é apenas uma nova gama de 
atribuição para alguém que já está ocupando uma “vaga”. 
Por isso que, enquanto as funções de confiança são exercidas apenas por 
servidores estatutários, ocupantes de cargos efetivos,os cargos em comissão podem 
ser ocupados por qualquer pessoa, servidor público ou não, cabendo à legislação 
ordinária estabelecer os casos, condições e percentuais mínimos de cargos 
comissionados destinados aos servidores de carreira. 
 
REGIME JURÍDICO ÚNICO 
 
A redação original do art. 39 da CF/88 estabelecia que os entes federados 
deveriam instituir o denominado Regime Jurídico Único (RJU) para os servidores da 
administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. Tal redação foi 
alterada pela EC 19/98, estabelecendo o fim da obrigatoriedade do regime jurídico 
único. 
Contudo, em virtude de um vício formal na tramitação da EC 19/98, o STF 
concedeu medida cautelar (liminar) na ADI 2.135 suspendendo as alterações efetuadas 
no caput do art. 39 da CF/88, voltando a vigorar então a obrigatoriedade de adoção de 
regime jurídico único. 
Portanto, atualmente, vale a seguinte redação: 
Constituição Federal 
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os 
 
P
ág
in
a2
1
 
Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, 
regime jurídico único e planos de carreira para os 
servidores da administração pública direta, das autarquias 
e das fundações públicas. 
 
Em sendo assim, chegamos a um novo questionamento: qual regime jurídico 
deve ser considerado como o “único”? Duas correntes doutrinárias disputam este 
tema: 
 Posição majoritária: o regime jurídico único é, obrigatoriamente, o 
regime estatutário. Doutrinadores que defendem este entendimento: 
Marçal Justen Filho, Diógenes Gasparini, Dirley da Cunha Júnior, Diogo 
de Figueiredo Moreira Neto e Rafael Carvalho Rezende Oliveira. 
 Posição minoritária: cada ente federativo pode optar entre o regime 
estatutário e o celetista como o regime único para toda a Administração 
Direta, autarquias e fundações de direito público. Doutrinador que 
defende este entendimento: José dos Santos Carvalho Filho. 
Assim, você pode levar para suas provas de concurso que, após a decisão 
liminar do STF na ADI 2.135, em razão do retorno do regime único, o regime de 
pessoal das pessoas jurídicas de direito público deve ser o estatutário, com exceção 
dos celetistas foram contratados enquanto vigorava a redação da EC 19/98 para o art. 
39. 
Por fim, fique atento que este regime jurídico único não é “tão único assim”, 
isso porque algumas carreiras têm regras especiais estabelecidas por suas leis 
orgânicas, este é o caso dos magistrados, dos membros do MP, dos advogados 
públicos e dos militares, entre outros. 
Assim, embora se diga que vigora a regra do regime jurídico único, saiba que 
cada carreira pode ter normas especiais dentro deste regime. 
 
 
P
ág
in
a2
2
 
INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME 
JURÍDICO 
Tema interessante e que merece algumas considerações é a possibilidade de 
alteração das normas que regem o regime jurídico dos servidores. Em outras palavras, 
é possível que uma lei altere o estatuto jurídico do servidor alterando/suprimindo seus 
direitos? 
Sim, é possível. 
O STF possui entendimento consolidado no sentido de que o servidor público 
não tem direito adquirido de manter o regime jurídico existente no momento em que 
ingressou no serviço público. Assim, o servidor não pode alegar direito adquirido para 
evitar que uma mudança determinada por lei na carreira que ocupa lhe atinja. 
Contudo, por força do princípio da irredutibilidade salarial, eventuais alterações 
no regime jurídico não podem acarretar a diminuição do valor global da remuneração. 
Veja, é plenamente possível que uma parcela da remuneração seja suprimida, o que 
não se permite é a diminuição do valor total da remuneração. 
JURISPRUDÊNCIA: 
(...) Não há direito adquirido do servidor público a regime jurídico pertinente à 
composição dos vencimentos, desde que a eventual modificação introduzida por ato 
legislativo superveniente preserve o montante global da remuneração e, em 
consequência, não provoque decesso de caráter pecuniário (...) 
STF. 2ª Turma. ARE 772833 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 
11/02/2014. 
 
Ainda na trilha da jurisprudência do STF, saiba que foi declara a impossibilidade 
de ampliação de jornada de trabalho sem alteração da remuneração do servidor, ou 
seja, caso a Administração Pública queira aumentar a carga horária dos servidores, 
precisará aumentar, proporcionalmente, remuneração do cargo: 
 
P
ág
in
a2
3
 
JURISPRUDÊNCIA: 
O STF possui entendimento consolidado no sentido de que o servidor público não 
tem direito adquirido de manter o regime jurídico existente no momento em que 
ingressou no serviço público. No entanto, as mudanças no regime jurídico do 
servidor não podem reduzir a sua remuneração, considerando que o art. 37, XV, da 
CF/88 assegura o princípio da irredutibilidade dos vencimentos. 
No caso concreto, os servidores de determinado órgão público tinham jornada de 
trabalho de 20 horas semanais. Foi editada, então, uma Lei aumentando a jornada de 
trabalho para 40 horas semanais, sem, contudo, majorar a remuneração paga. 
O STF entendeu que a lei que alterou a jornada de trabalho não poderia ser aplicada 
aos servidores que, antes de sua edição, já estivessem legitimamente subordinados à 
carga horária inferior. Isso porque, se fossem obrigados a trabalhar mais sem aumento 
da remuneração, haveria uma redução proporcional dos vencimentos recebidos. 
Assim, nas hipóteses em que houver aumento de carga horária dos servidores, essa 
só será válida se houver formal elevação proporcional da remuneração; caso 
contrário, a regra será inconstitucional, por violação da norma constitucional da 
irredutibilidade vencimental. 
STF. Plenário. ARE 660010/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/10/2014 
(repercussão geral) (Info 762). 
 
A lei também pode alterar os requisitos para ingresso em determinada carreira, 
não há nada que impeça um cargo que antes exigia apenas o nível médio de 
escolaridade para ingresso, passe a exigir o nível superior: 
JURISPRUDÊNCIA: 
É constitucional lei estadual que passa a exigir nível superior para determinado cargo 
público (que antes era de ensino médio), determinando ainda o aumento da 
remuneração paga para os ocupantes desse cargo, que irão agora receber como 
servidores de nível superior. 
 
P
ág
in
a2
4
 
STF. Plenário. ADI 4303/RN, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/2/2014 (Info 734). 
 
 
ACUMULAÇÃO DE CARGOS E EMPREGOS 
 
Em regra, a CF/88 proíbe a acumulação remunerada de cargos ou empregos 
públicos. Esta vedação incide sobre a Administração direta, a Administração indireta 
(autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e 
fundações) e as sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder Público. 
Importante observar que o art. 37, XVI, proíbe a acumulação remunerada. Por 
essa razão, não existe vedação para acumulação não remunerada de cargos, empregos 
e funções. Em tese, é lícito ao servidor acumular dois cargos e receber a remuneração 
relativa a apenas um deles. Portanto, o que se veda é a percepção de duas 
remunerações. 
Rafael Oliveira faz o alerta que: “mesmo na acumulação não remunerada, deve 
haver compatibilidade de horários entre os cargos, sob pena de admitir o exercício 
ineficiente da função pública, o que violaria o princípio constitucional da eficiência e as 
exigências legais de desempenho inerentes à função exercida”. 
A própria CF/88 prevê as hipóteses em que se pode acumular cargos e 
remunerações. Vejamos o que dispõe o art. 37, XVI: 
Constituição Federal 
Art. 37. (...) 
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos 
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de 
horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso 
XI: 
 
P
ág
in
a2
5
 
a) a de dois cargos de professor; 
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou 
científico; 
c) a de dois cargos ou empregos privativos deprofissionais de saúde, com profissões regulamentadas; 
 
Assim, podemos notar que, para a correta acumulação, é necessário cumprir 
três requisitos: compatibilidade de horários, obediência ao teto remuneratório e 
autorização expressa na Constituição. Vejamos cada um deles. 
 
COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS 
Para que seja lícito o acúmulo de cargos e/ou empregos públicos é essencial 
que haja compatibilidade de horários entre as atividades. Por evidente, não se pode 
admitir que determinado profissional perceba duas remunerações públicas sem 
cumprir a carga horária devida em cada uma das funções. 
Questão interessante é possibilidade de se acumular mais de 60 horas 
semanais em cargos públicos. 
Considerando que o servidor estaria muito cansado e isso atrapalharia seu 
desempenho funcional, em prejuízo ao princípio constitucional da eficiência, a AGU 
chegou a emitir parecer vinculante pela impossibilidade de se acumular mais de 60 
horas (Parecer-AGU nº GQ-145/98 – já revogado). 
Contudo, para fins de concursos públicos deve prevalecer a posição do STF, que 
entende pela possibilidade de cumulação acima de 60 horas semanais, devendo a 
compatibilidade de horários ser analisada caso a caso: 
JURISPRUDÊNCIA: 
AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DECISÃO AGRAVADA EM 
 
P
ág
in
a2
6
 
CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. Nestes 
autos, o Superior Tribunal de Justiça aplicou entendimento de sua 1ª Seção no sentido 
da (a) “impossibilidade de cumulação de cargos de profissionais da área de saúde 
quando a jornada de trabalho for superior a 60 horas semanais” e (b) validade do 
“limite de 60 (sessenta) horas semanais estabelecido no Parecer GQ-145/98 da AGU 
nas hipóteses de acumulação de cargos públicos, não havendo o esvaziamento da 
garantia prevista no art. 37, XVI, da Constituição Federal”. 2. O SUPREMO TRIBUNAL 
FEDERAL tem entendimento consolidado no sentido de que, havendo 
compatibilidade de horários, verificada no caso concreto, a existência de norma 
infraconstitucional limitadora de jornada semanal de trabalho não constitui óbice ao 
reconhecimento da cumulação de cargos. 
(RE 1176440 AgR, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado 
em 09/04/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-098 DIVULG 10-05-2019 PUBLIC 13-05-
2019) 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. 
PARECER GQ 145/1998/AGU. LIMITE MÁXIMO DE 60 HORAS SEMANAIS EM CASOS DE 
ACUMULAÇÃO DE CARGOS OU EMPREGOS PÚBLICOS. IMPOSSIBILIDADE. 
PRECEDENTES. COMPATIBILIDADE DAS JORNADAS DE TRABALHO DA IMPETRANTE. 
COMPROVAÇÃO. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO, COM APLICAÇÃO DE MULTA. 
I – A existência de norma infraconstitucional que estipula limitação de jornada 
semanal não constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação prevista no 
art. 37, XVI, c, da Constituição, desde que haja compatibilidade de horários para o 
exercício dos cargos a serem acumulados. Precedentes. II - Agravo regimental a que se 
nega provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4°, do CPC. 
(RMS 34257 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado 
em 29/06/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-157 DIVULG 03-08-2018 PUBLIC 06-08-
2018) 
 
Assim, a questão da incompatibilidade de horários entre os cargos acumuláveis 
deve ser estudada caso a caso, sem a limitação objetiva de 60 horas semanais. 
 
P
ág
in
a2
7
 
 
OBEDIÊNCIA AO TETO REMUNERATÓRIO 
Segundo o entendimento já pacificado pelo STF, nas hipóteses em que a CF/88 
autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é considerado em relação à 
remuneração de cada um deles, e não ao somatório das remunerações. 
Assim, um Juiz de Direito que também seja Professor na Universidade Federal 
poderá perceber remuneração total (soma dos dois cargos) superior à de um Ministro 
do STF. 
JURISPRUDÊNCIA: 
Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e 
funções, a incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de 
cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório 
quanto ao somatório dos ganhos do agente público. 
STF. Plenário. RE 612975/MT e RE 602043/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 
26 e 27/4/2017 (repercussão geral) (Info 862). 
 
De fato, a incidência do teto sobre os dois cargos geraria enriquecimento sem 
causa do Poder Público porque o servidor iria trabalhar e não teria direito à 
remuneração integral de um dos cargos. 
Além disso, a aplicação do teto ao somatório provocaria situações contrárias ao 
princípio da isonomia, já que poderia conferir tratamento desigual entre servidores 
públicos que exerçam idênticas funções. Por exemplo: um Procurador do Estado que 
fosse professor em uma universidade pública receberia menos pela função de 
professor do que um advogado privado que também fosse professor na mesma 
instituição, com a mesma carga horária. 
 
 
P
ág
in
a2
8
 
HIPÓTESES CONSTITUCIONAIS DE ACUMULAÇÃO 
Primeiramente, é bom deixar claro que não qualquer hipótese em que se 
autorize a acumulação de três cargos/empregos públicos, todas os casos de 
autorização constitucional são para apenas dois cargos/empregos. 
Os casos previstos no art. 37, XVI 
 
O já citado art. 37, XVI, apresenta a três hipóteses básicas de acumulação de 
cargos ou empregos públicos: 
 dois cargos de professor; 
 um cargo de professor com outro técnico ou científico; 
 dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com 
profissões regulamentadas; 
Embora a redação constitucional seja razoavelmente clara, alguns termos 
merecem maior detalhamento. 
Primeiro, o conceito de "cargo técnico ou científico" não exige, 
necessariamente, que se trate de um cargo de nível superior. O STJ entende que cargo 
técnico ou científico, para fins de acumulação com o de professor, é aquele para cujo 
exercício sejam exigidos conhecimentos técnicos específicos e habilitação legal, não 
necessariamente de nível superior. 
JURISPRUDÊNCIA: 
3. Conforme a jurisprudência desta Corte: "Cargo científico é o conjunto de 
atribuições cuja execução tem por finalidade investigação coordenada e 
sistematizada de fatos, predominantemente de especulação, visando a ampliar o 
conhecimento humano. Cargo técnico é o conjunto de atribuições cuja execução 
reclama conhecimento específico de uma área do saber." 
4. O cargo de Oficial da Polícia Civil do Estado do Amapá não tem natureza técnica ou 
científica, de modo que mostra-se inviável sua cumulação com o de Professora 
 
P
ág
in
a2
9
 
daquela Unidade Federativa, na forma prescrita no art. 37, inciso XVI, alínea b, da 
Constituição Federal. 
STJ. RMS 28.644/AP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 
06/12/2011, DJe 19/12/2011. 
Somente se pode considerar que um cargo tem natureza técnica se ele exigir, no 
desempenho de suas atribuições, a aplicação de conhecimentos especializados de 
alguma área do saber. 
Não podem ser considerados cargos técnicos aqueles que impliquem a prática de 
atividades meramente burocráticas, de caráter repetitivo e que não exijam formação 
específica. 
Nesse sentido, atividades de agente administrativo, descritas como atividades de 
nível médio, não se enquadram no conceito constitucional. 
STF.1ª Turma.RMS 28497/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red.p/ o acórdão Min. Cármen 
Lúcia, julgado em 20/5/2014 (Info 747). 
 
 Em um precedente bastante específico, o STJ já decidiu que tradutor de libras 
pode acumular com cargo de professor: 
JURISPRUDÊNCIA: 
2. Na exceção prevista na alínea "b" do inciso XVI do art. 37 da CF, o conceito de 
"cargo técnico ou científico" não remete, essencialmente, a um cargo de nível 
superior, mas pela análise da atividade desenvolvida, em atenção ao nível de 
especificação, capacidade e técnica necessários para o correto exercício do trabalho. 
3. A legislação brasileira reconhece aLíngua Brasileira de Sinais - Libras como um 
sistema linguístico de comunicação, cuja formação profissional deve ser fomentada 
pelo poder público para fins de viabilizar a comunicação com a pessoa portadora de 
deficiência e, consequentemente, promover sua inclusão nas esferas sociais. 
4. As disposições do Decreto 5.626/05 somam-se aos preceitos da Lei 12.319/10 para 
evidenciar que o exercício da profissão de tradutor e intérprete de Libras exige 
conhecimentos técnicos e específicos relativos a um sistema linguístico próprio, 
 
P
ág
in
a3
0
 
totalmente diferente da Língua Portuguesa, mas a esta associada para fins de viabilizar 
a comunicação com pessoas portadoras de deficiência, conduzindo à inexistência de 
vedação para cumulação do cargo de professor com a de tradutor e intérprete de 
Libras, dada a natureza técnica do cargo. 
STJ. REsp 1569547/RN, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado 
em 15/12/2015, DJe 02/02/2016. 
 
Auditor Fiscal do Trabalho, por sua vez, mesmo com especialidade em medicina 
do trabalho, não pode acumular seu cargo com outro da área de saúde: 
JURISPRUDÊNCIA: 
5. As atribuições dos Auditores do Trabalho estão determinadas na MP n. 1.915-
1/1999 e na atual Lei de regência n. 10.593/2002, possuindo natureza distinta em 
relação ao cargo de Médico do Trabalho, não se relacionando as funções do primeiro à 
prestação de serviços médicos à população. 
6. O fato de haver cargo de Auditor Fiscal com exigência de pós-graduação na área de 
medicina do trabalho não significa que seus ocupantes - obrigatoriamente médicos - 
estejam exercendo a medicina propriamente dita e não implicando a alteração da 
natureza da carreira de Auditor Fiscal do Trabalho para a de médico. 
7. Hipótese em que não é possível o enquadramento pretendido no cargo de Auditor 
Fiscal com a cumulação de um segundo vínculo como médico. 
STJ. REsp 1460331/CE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão 
Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/04/2018, DJe 
07/05/2018. 
 
Portanto, o fato de haver cargo de Auditor Fiscal, com exigência de pós-
graduação na área de medicina do trabalho não significa que seus ocupantes – 
obrigatoriamente médicos – estejam exercendo a medicina propriamente dita. O 
simples fato de se exigir essa especialização não faz com que se possa considerar a 
carreira de Auditor como sendo igual à de Médico. 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/48fbab00052197bc8bd943498b89dd71?categoria=2&subcategoria=22&assunto=90
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/48fbab00052197bc8bd943498b89dd71?categoria=2&subcategoria=22&assunto=90
 
P
ág
in
a3
1
 
Acumulação para militares (EC 101/19) 
 
As regras que estudamos até agora se aplicavam (antes da EC 101/19) apenas 
aos servidores civis. Logo, em linhas gerais, os militares não poderiam acumular 
cargos. 
Já existia a possibilidade de o militar das Forças Armadas – Exército, Marinha e 
Aeronáutica –, da área da saúde, acumular um cargo também na área da saúde com 
prioridade para a atividade militar, nos termos do art. 142, § 3º, VIII, da CF/88: 
Constituição Federal 
Art. 142. (...) 
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados 
militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser 
fixadas em lei, as seguintes disposições: 
(...) 
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos 
VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, 
XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da 
atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea "c"; 
 
A jurisprudência do STJ, inclusive, mesmo antes da EC 101/19, já entendia pela 
possibilidade de militares estaduais acumularem cargos de profissionais da saúde: 
JURISPRUDÊNCIA: 
1. A jurisprudência desta Corte admite a acumulação de cargos privativos de médico 
por militares. Precedentes. 
2. A Emenda Constitucional n.° 77/2014 alterou a redação do inciso II do § 3º do art. 
142 da Constituição Federal para permitir, expressamente, a acumulação, por 
militares, de dois cargos públicos privativos de profissionais de saúde, com profissões 
regulamentadas. 
 
P
ág
in
a3
2
 
STJ. RMS 34.239/GO, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 
25/10/2016, DJe 09/11/2016. 
 
Com a EC 101/19, a possibilidade de acumulação de cargos passou a abarcar, 
expressamente, os militares estaduais (policiais militares e bombeiros). Vejamos o que 
diz a nova redação do art. 42, § 3º: 
Constituição Federal 
Art. 42. (...) 
§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Territórios o disposto no inciso XVI do art. 
37. 
 
A redação não ficou das melhores. Isso porque a ideia era que se resolvesse o 
problema da acumulação de cargos por militares e que as regras ficassem claras, mas 
não foi isso que ocorreu. A redação da citada emenda é bastante vaga e deixou uma 
série de interpretações divergentes a serem resolvidas pela jurisprudência. 
Até o momento, prevalece o entendimento doutrinário de que a EC 101/19 
autorizou a acumulação de cargo militar com o de professor (alínea “a” do inciso 
XVI), com cargo técnico ou científico (alínea “b” do inciso XVI) ou com profissional da 
saúde (alínea “c” do inciso XVI). 
PODE ACUMULAR: 
 
MILITAR ESTADUAL + 
 Professor; 
 Cargo técnico ou científico; 
 Profissional da sáude. 
 
Veja que esta é a intenção dos criados da EC, inclusive tal fato foi apontado no 
parecer que analisou na CCJ o projeto que deu origem a esta EC. Na oportunidade, o 
 
P
ág
in
a3
3
 
Relator Senador Acir Gurgacz afirmou o seguinte: “Assim, o que se objetiva, na prática, 
é a possibilidade de os membros das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros 
Militares poderem acumular seus cargos de militares dos Estados com: i) um cargo de 
professor; ii) um cargo técnico ou científico; ou iii) um cargo ou emprego privativo de 
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. Esse é o verdadeiro espírito da 
alteração legislativa pretendida.” 
Com este entendimento se cria uma permissão bem ampla para que policiais 
militares e bombeiros militares possam acumular cargos públicos, justamente por isso, 
é provável que a jurisprudência realize algumas ponderações e delimite melhor essa 
permissão criada pela EC 101/19. 
Particularmente, me parece um tanto quanta absurda esta interpretação pela 
qual os detentores de cargos militares estaduais poderão acumular com cargos de 
professores, técnico ou científicos e ainda de profissionais da saúde. Entretanto, 
teremos que esperar um pouco mais para ver como a doutrina e a jurisprudência se 
posicionarão. 
Outras hipóteses de acumulação previstas na CF/88 
 
Além dos casos já analisados, a CF/88 ainda apresenta outras três 
possibilidades para acumulação de cargos públicos, vejamos: 
 art. 38, III: o servidor pode acumular o seu cargo, emprego ou função 
com o mandato de vereador, desde que haja compatibilidade de 
horários; 
Constituição Federal 
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, 
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, 
aplicam-se as seguintes disposições: 
III - investido no mandato de Vereador, havendo 
compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de 
 
P
ág
in
a3
4
 
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da 
remuneração do cargo eletivo, e, não havendo 
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; 
 
 art. 95, parágrafo único, I: autoriza que juízes acumulem o cargo com 
um de magistério; 
Constituição Federal 
Art. 95. (...) 
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: 
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou 
função, salvo uma de magistério; 
 
 art. 128, § 5º, II, d: autoriza que membros do Ministério Público 
acumulem o cargo com um de magistério; 
Constituição Federal 
Art. 128. (...) 
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja 
iniciativaé facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, 
estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto 
de cada Ministério Público, observadas, relativamente a 
seus membros: 
II - as seguintes vedações: 
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra 
função pública, salvo uma de magistério; 
 
 
CONCURSO PÚBLICO 
 
P
ág
in
a3
5
 
 
Concurso público é o procedimento administrativo por meio do qual a Administração 
Pública seleciona o melhor candidato para ingressar nos cargos e empregos públicos, na forma 
do art. 37, II, da CF/88: 
Constituição Federal 
Art. 37. (...) 
II - a investidura em cargo ou emprego público depende 
de aprovação prévia em concurso público de provas ou de 
provas e títulos, de acordo com a natureza e a 
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em 
lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão 
declarado em lei de livre nomeação e exoneração; 
 
Desse modo, para ocupar emprego ou cargo público de provimento efetivo é 
indispensável que o interessado seja aprovado em concurso público de provas ou de provas e 
títulos, conforme dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira. 
A exigência de concurso público vale para toda a Administração, seja ela direta 
ou indireta, de direito público ou privado. 
A posse em cargos ou empregos públicos sem a prévia aprovação em concurso 
deve ser considerado, em regra, inconstitucional, conforme dispõe a Súmula 
Vinculante 43 do STF: 
SÚMULA VINCULANTE: 
Súmula Vinculante 43: É inconstitucional toda modalidade de provimento que 
propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público 
destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual 
anteriormente investido. 
 
 
P
ág
in
a3
6
 
A posse sem prévio concurso é vício tão grave que não se convalida com o 
tempo, não há que falar-se em fato consumado. É impossível manter servidores 
admitidos sem prévio concurso público após o advento da atual Constituição Federal: 
JURISPRUDÊNCIA: 
Percebe-se que, como assentado pelo Tribunal de origem, a pretensão dos recorrentes 
viola o disposto no art. 37, II, da CF/1988. Com efeito, não há possibilidade de 
servidor admitido para exercício de cargo temporário ser efetivado em cargo 
permanente em razão da natureza jurídica das funções que exerce. 
6. Esse tem sido o entendimento desta Corte que, diante de circunstâncias diversas 
relativas à violação ao art. 37, II, assentou: (i) a vedação de provimento derivado 
(Súmula Vinculante 43); (ii) a manutenção de servidores/empregados públicos 
admitidos sem prévio concurso (...); (iii) a impossibilidade de o passar do tempo sanar 
situações irregulares, rechaçando a tese do fato consumado (...); (iv) a 
impossibilidade de transmudação do regime de cargo temporário para cargo efetivo. 
7. A razão de decidir em todos esses casos é a mesma: impossibilidade de 
manutenção de servidores admitidos sem prévio concurso público após o advento da 
atual Constituição. Desse entendimento não divergiu o acórdão recorrido, sendo 
inviável o provimento da pretensão recursal. 
STF. ARE 800.998 AgR, voto do rel. min. Roberto Barroso, 1ª T, j. 19-4-2016, DJE 89 de 
4-5-2016. 
 
Igualmente, não se aplica a teoria do fato consumado a candidato que assumiu 
o cargo por força de decisão judicial precária (liminar) posteriormente revertida: 
JURISPRUDÊNCIA: 
Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a 
manutenção no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não 
aprovado que nele tomou posse em decorrência de execução provisória de medida 
liminar ou outro provimento judicial de natureza precária, supervenientemente 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28%2843%2ENUME%2E%29%29+E+S%2EFLSV%2E&base=baseSumulasVinculantes&url=http://tinyurl.com/zh8fx9o
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
 
P
ág
in
a3
7
 
revogado ou modificado. Igualmente incabível, em casos tais, invocar o princípio da 
segurança jurídica ou o da proteção da confiança legítima. 
A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial de caráter 
provisório não implica a manutenção, em definitivo, do candidato que não atende a 
exigência de prévia aprovação em concurso público (art. 37, II, da CF/88), valor 
constitucional que prepondera sobre o interesse individual do candidato, que não 
pode invocar, na hipótese, o princípio da proteção da confiança legítima, pois conhece 
a precariedade da medida judicial. 
Em suma, não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos que assumiram 
o cargo público por força de decisão judicial provisória posteriormente revista. 
STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014 
(repercussão geral) (Info 753). 
 
Contudo, não se pode cassar a aposentadoria do servidor que ingressou no 
serviço público por força de provimento judicial precário e se aposentou durante o 
processo, antes da decisão ser reformada: 
JURISPRUDÊNCIA: 
Em regra, não produzem fato consumado a posse e o exercício em cargo público 
decorrentes de decisão judicial tomada à base de cognição não-exauriente. 
A situação é diferente, contudo, se a pessoa, após permanecer vários anos no cargo, 
conseguiu a concessão de aposentadoria. Neste caso, em razão do elevado grau de 
estabilidade da situação jurídica, o princípio da proteção da confiança legítima incide 
com maior intensidade. Trata-se de uma excepcionalidade que autoriza a distinção 
(distinguish) quanto ao leading case do RE 608482/RN (Tema 476). 
STF. 1ª Turma. RE 740029 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
14/8/2018 
 
No mais, viola a ordem constitucional a investidura resultante da 
transformação ou transposição de cargos e funções públicas, especialmente quando se 
 
P
ág
in
a3
8
 
tem a figura a ascensão funcional (mudança de uma carreira para outra): 
JURISPRUDÊNCIA: 
No caso, verifico que o Tribunal de origem, com base nas provas dos autos, consignou 
ter havido provimento derivado de cargo público, o que seria incompatível com a atual 
ordem constitucional. (...) Nesse contexto, vale ressaltar que esta Corte, por meio de 
julgamento da ADI 837, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 25.6.1999, reafirmou o 
entendimento exarado na ADI 231, no sentido de que são inconstitucionais as formas 
de provimento derivado representadas pela ascensão ou acesso, transferência e 
aproveitamento no tocante a cargos ou empregos públicos. (...) O Tribunal de origem, 
portanto, ao assentar a inconstitucionalidade da transposição de cargos no caso, na 
modalidade de provimento derivado mediante acesso, por violação ao princípio do 
concurso público, decidiu em conformidade com a jurisprudência pacificada deste 
Supremo Tribunal Federal ao indeferir a possibilidade de evolução salarial no cargo 
atualmente ocupado. 
STF. ARE 1.183.394, rel. min. Gilmar Mendes, dec. monocrática, j. 1º-2-2019, DJE 23 de 
6-2-2019. 
 
Da mesma forma, não é permitida a figura do “concurso interno”, ou seja, 
concurso público realizado apenas para quem já é servidor público: 
JURISPRUDÊNCIA: 
É inconstitucional a lei estadual que prevê que determinados cargos da 
Administração Pública serão preenchidos mediante concurso do qual somente 
participarão servidores públicos (concurso interno). 
Essa espécie de “promoção interna” viola o princípio da ampla acessibilidade aos 
cargos públicos (art. 37, II, da CF/88). 
STF. Plenário. ADI 917/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Teori 
Zavascki, julgado em 6/11/2013 (Info 727). 
 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=266558
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=266259
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28%28ARE+E+GILMAR+E+DJE%2D023%29%281183394%2ENUME%2E+OU+1183394%2EDMS%2E%29%29+NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/y4vs9mxjP
ág
in
a3
9
 
No mais, o concurso público deve ser realizado por meio “de provas ou de 
provas e títulos”. Assim, não é possível a realização de concurso com fundamento 
exclusivo nos títulos do candidato, nem mesmo fase de títulos com caráter 
eliminatório é admitida pelo STF: 
JURISPRUDÊNCIA: 
As provas de títulos em concurso público para provimento de cargos públicos efetivos 
na Administração Pública, em qualquer dos Poderes e em qualquer nível federativo, 
não podem ter natureza eliminatória. A finalidade da prova de títulos é, unicamente, a 
de classificar os candidatos, sem jamais justificar sua eliminação do certame. 
STF. 1ª Turma. MS 32074/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/9/2014 (Info 757). 
 
Vale lembrar que o STF entende ser válida a “cláusula de barreira” que limita o 
número de candidatos participantes de cada fase da disputa, com o intuito de 
selecionar apenas os concorrentes que tiveram melhor classificação para prosseguir no 
certame. 
JURISPRUDÊNCIA: 
É constitucional a regra inserida no edital de concurso público, denominada cláusula 
de barreira, com o intuito de selecionar apenas os candidatos mais bem classificados 
para prosseguir no certame. 
STF. RE 635739. Relator(a): Min. GILMAR MENDES. Julgamento: 19/02/2014. 
Repercussão Geral n. 376. 
 
 
PRAZO DE VALIDADE DO CONCURSO 
O concurso público terá validade de até dois anos, podendo ser prorrogado 
uma única vez, por igual período. Trata-se de ato discricionário da Administração 
Pública, que não está obrigada a prorrogar o prazo de validade do certame. Todavia, se 
 
P
ág
in
a4
0
 
assim desejar, deverá observar sempre o mesmo prazo inicial. 
Constituição Federal 
Art. 37. (...) 
III - o prazo de validade do concurso público será de até 
dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; 
 
O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados 
em edital, que será publicado no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande 
circulação. Há entendimento dominante na doutrina de que a possibilidade de 
prorrogação deverá estar contemplada expressamente no instrumento convocatório. 
Ausente a previsão em edital, impossível a prorrogação. 
Questão bastante interessante e polêmica é saber se é possível suspender o 
prazo de validade dos concursos. Desde já, adianto que entendo não ser possível, mas, 
como o tema tem várias nuances e pontos de vista diversos, deixo a análise que fiz 
para o canal do RevisãoPGE no YouTube: https://youtu.be/1ZC-XgO5k9A 
Abertura de novo concurso no prazo de validade do 
anterior 
 
A CF/88 não proíbe a abertura de novos concursos enquanto ainda é válido o 
concurso anterior, contudo, o candidato aprovado no primeiro certame tem 
preferencia sobre os aprovados nos posteriores: 
Constituição Federal 
Art. 37. (...) 
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de 
convocação, aquele aprovado em concurso público de 
provas ou de provas e títulos será convocado com 
prioridade sobre novos concursados para assumir cargo 
ou emprego, na carreira; 
https://youtu.be/1ZC-XgO5k9A
 
P
ág
in
a4
1
 
 
Especificamente para a esfera federal temos uma regra especial no art. 12, § 
2º, da Lei 8.112/90: 
Lei 8.112/90 
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver 
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de 
validade não expirado. 
 
Note que o texto legal não contradiz o art. 37, IV, da CF/88. Como a 
Constituição autorizou que a própria Administração decida sobre a realização, ou não, 
de novo concurso público, a Lei 8.112/90 se antecipou e declarou-se expressamente 
pela segunda opção (não realização). 
 
CASOS EM QUE NÃO SE EXIGE CONCURSO 
Como já vimos, a regra é que seja necessária a realização de concurso público 
para o provimento dos cargos e empregos públicos. No entanto, a Constituição (e 
somente ela) pode criar exceções a esta regra, são hipóteses em que é válido o 
provimento que ocorre sem concurso, vejamos: 
a) ocupantes dos cargos em comissão, de livre nomeação e 
exoneração (art. 37, II); 
b) servidores temporários que são contratados por prazo 
determinado para atender a necessidade temporária de 
excepcional interesse público (art. 37, IX); 
No caso dos servidores temporários, embora não se exija concurso público de 
provas ou provas e títulos, se faz necessária alguma forma de processo seletivo que 
garanta o princípio da impessoalidade na Administração Pública. Assim, embora não se 
exija concurso público propriamente dito, o gestor público não está livre para nomear 
 
P
ág
in
a4
2
 
quem bem entender para os cargos temporários. 
c) Ministros dos tribunais superiores que são nomeados pelo 
Presidente da República (arts. 101, parágrafo único, 104, 
parágrafo único, 111-A, 119, II, e 123, parágrafo único); 
d) Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas (arts. 73, §§ 
1.º e 2.º, e 75); 
e) magistrados que ingressam na carreira pelo quinto 
constitucional (art. 94); 
Aqui é válido lembrar que, diferentemente dos tribunais superiores, os 
tribunais de justiça dos estados e os tribunais regionais federais têm a maioria de seus 
membros (4/5) egressos da magistratura, apenas um quinto (daí o nome “quinto 
constitucional) dos membros destes tribunais não são originários da magistratura. 
Somente este quinto configura a exceção que estamos analisando, afinal, os 
magistrados de primeiro grau que passam a compor o tribunal o fazem por promoção, 
não sendo forma de provimento originário. 
f) Juízes dos tribunais regionais eleitorais (art. 120, § 1º); 
g) agentes comunitários de saúde e agentes de combate às 
endemias (art. 198, § 4º); 
Fique atento que os agentes comunitários de saúde e de combate às endemias 
não são de livre nomeação e exoneração, embora se dispense o concurso, é necessário 
que se realize processo seletivo. Assim, os gestores locais do sistema único de saúde 
poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias 
por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de 
suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação. 
 
DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO 
Houve um tempo em que os aprovados em concursos públicos tinham “mera 
expectativa de direito” à nomeação. Contudo, o STJ e o STF reviram seus 
 
P
ág
in
a4
3
 
posicionamentos, de modo que hoje temos um bem consolidado regramento jurídico 
do direito adquirido à nomeação. 
Desse modo, o candidato aprovado dentro do número de vagas previstas no 
edital do concurso público possui direito subjetivo de ser nomeado e empossado 
dentro do período de validade do certame. No entanto, quem escolhe o momento de 
nomear é a Administração Pública. Portanto, o candidato não pode exigir que seja 
imediatamente nomeado, o direito de o candidato exigir a nomeação só surge 
quando o prazo do concurso está expirando ou já expirou sem que ele tenha sido 
nomeado. 
O candidato aprovado fora do número de vagas, em regra, não tem direito subjetivo à 
nomeação. Inclusive, o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o 
mesmo cargo durante o prazo de validade do certame anterior não gera automaticamente o 
direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital. 
Somente haverá direito à nomeação se o candidato conseguir demonstrar que: (I) que 
existe inequívoca necessidade de nomeação de aprovado durante o período de validade do 
certame; e (II) que está havendo preterição arbitrária e imotivada por parte da administração 
ao não nomear os aprovados. 
Em sede de repercussão geral, o STF listou as três hipóteses nas quais existe direito 
subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público: 
a) Quando a aprovação do candidato ocorrer dentro do número de vagas 
dentro do edital; 
b) Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem 
de classificação; 
c) Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concursodurante a 
validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de 
forma arbitrária e imotivada por parte da administração. 
JURISPRUDÊNCIA: 
O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, 
 
P
ág
in
a4
4
 
durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito 
à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas 
as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, 
caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de 
revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de 
validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. 
Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público 
exsurge nas seguintes hipóteses: 
a) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; 
b) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de 
classificação; e 
c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do 
certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e 
imotivada por parte da administração nos termos acima. 
STF. Plenário. RE 837311/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/12/2015 (repercussão 
geral). 
 
O candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas tem direito 
subjetivo à nomeação caso surjam novas vagas durante o prazo de validade do 
certame, haja manifestação inequívoca da administração sobre a necessidade de seu 
provimento e não tenha restrição orçamentária. 
STJ. 1ª Seção. MS 22.813-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/06/2018 (Info 
630). 
 
Interessante observar que, o candidato aprovado fora do número de vagas, 
mas que fique dentro do número de vagas em virtude da desistência de alguém 
melhor colocado, passa a ter direito subjetivo de ser nomeado. 
JURISPRUDÊNCIA: 
 
P
ág
in
a4
5
 
IV - Por outro lado, em relação àqueles candidatos aprovados dentro do número de 
vagas, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n. 
598099/MS, também submetido à sistemática da Repercussão Geral, fixou orientação 
no sentido haver direito à nomeação, salvo exceções pontuais. A partir dessa tese, 
evoluiu para compreender que, havendo desistência de candidatos melhor 
classificados, fazendo com que os seguintes passem a constar dentro do número de 
vagas, a expectativa de direito se convola em direito líquido e certo, garantindo o 
direito a vaga disputada. 
STJ. RMS 53.506/DF, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado 
em 26/09/2017, DJe 29/09/2017 
 
No mais, é especialmente importante saber que a nomeação tardia a cargo 
público em decorrência de decisão judicial não gera direito à promoção retroativa. Ou 
seja, ainda que o candidato tenha direito subjetivo à nomeação, a demora na 
realização deste não enseja direito à indenização ou à promoção retroativa. 
JURISPRUDÊNCIA: 
A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato 
judicial, à qual atribuída eficácia retroativa, não gera direito às promoções ou 
progressões funcionais que alcançariam se houvesse ocorrido, a tempo e modo, a 
nomeação. 
STF. Plenário. RE 629392 RG/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/6/2017 
(repercussão geral) (Info 868). 
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. INVESTIDURA EM CARGO 
PÚBLICO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL. 
1. Tese afirmada em repercussão geral: na hipótese de posse em cargo público 
determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus a indenização, sob 
fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de 
arbitrariedade flagrante. 
STF. RE 724347, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, 
 
P
ág
in
a4
6
 
julgado em 26/02/2015, Repercussão Geral. 
 
 
(IN)VALIDADE DOS REQUISITOS DISCRIMINATÓRIOS 
(IDADE, SEXO, ALTURA, ETC.) 
Os concursos públicos podem estabelecer determinados critérios para a 
escolha do perfil de candidato que a Administração Pública deseja. Lembrando, claro, 
que os requisitos de acesso aos cargos e empregos públicos são estabelecidos por lei, 
de acordo com a natureza e a complexidade das funções. 
Assim, todo e qualquer requisito para acesso a cargos e empregos públicos 
deve estar previsto em lei. 
JURISPRUDÊNCIA: 
4. Comparando-se o texto da Lei Complementar Estadual n° 420/2008 e o edital do 
certame, verifica-se que a exigência de Pós-Graduação não encontra previsão na 
legislação estadual, não podendo ser cobrada para a admissão no referido cargo. 
STJ. 2ª Turma. RMS 33478-RO, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 
21/3/2013 
 
Assim, desde que previstos em lei e no edital e compatíveis com as atribuições 
do cargo, é aceitável que o concurso estabeleça requisitos como: idade mínima ou 
máxima; altura; sexo; etc. 
Limitação de idade ou altura 
 
Desde que coerente com as funções do cargo que se pretende preencher, é 
válido que o edital do concurso apresente limitação de idade para a inscrição em 
concurso público. Essa é a orientação da Súmula 683 do STF: “O limite de idade para a 
inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7.º, XXX, da Constituição, 
 
P
ág
in
a4
7
 
quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido”. 
Por exemplo, é razoável que um concurso para policial militar estabeleça uma 
idade máxima para ingresso no cargo, afinal, espera-se deste profissional que tenha o 
vigor físico necessário para o exercício da função. 
Ao mesmo tempo, a limitação em razão da idade será inconstitucional quando 
não possuir relação necessária com o cargo que será ocupado. O STF decidiu ser 
inconstitucional a fixação da idade mínima de 35 anos para o cargo de Fiscal de 
Tributos Estaduais (STF, Tribunal Pleno, RE 209.714/RS, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 
20.03.1998) e de 45 anos para o cargo de médico municipal (STF. RE 165.305/RS, 1.ª 
Turma, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 16.12.1994). 
Ademais, o STF entende que a comprovação do requisito relativo ao limite de 
idade deve ser comprovada no momento da inscrição do concurso público, e não no 
ato da matrícula do curso de formação ou na posse: 
JURISPRUDÊNCIA: 
O limite de idade, quando regularmente fixado em lei e no edital de determinado 
concurso público, há de ser comprovado no momento da inscrição no certame. 
STF. 1ª Turma. ARE 840.592/CE, Min. Roberto Barroso, julgado em 23/6/2015 (Info 
791). 
 
Restrição a candidatos com tatuagem 
 
Segundo o STF, não é razoável restringir o acesso do candidato a uma função 
pública pelo simples fato de possuir tatuagem. Esta restrição é flagrantemente 
discriminatória e carente de qualquer justificativa racional que a ampare. 
Entretanto, é possível que a Administração Pública impeça o acesso do 
candidato se a tatuagem que ele possui tiver um conteúdo que viole os valores 
previstos na CF/88. É o caso, por exemplo, de tatuagens que contenham 
obscenidades, ideologias terroristas, que sejam discriminatórias, que preguem a 
 
P
ág
in
a4
8
 
violência e a criminalidade, a discriminação de raça, credo, sexo ou origem. Isso 
porque tais temas são, inegavelmente, contrários às instituições democráticas. Se a 
Administração proibir tatuagens como essa, não será uma prática desarrazoada ou 
desproporcional. 
JURISPRUDÊNCIA: 
Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, 
salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais. 
STF. Plenário. RE 898450/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/8/2016 (repercussão 
geral) (Info 835). 
 
Teste de aptidão física 
 
Em relação à exigência de testes físicos, a sua legitimidade depende do 
preenchimento dos seguintes requisitos: 
a) previsão legal; 
b) relação de pertinência com as atividades a serem desenvolvidas; 
c)

Continue navegando

Outros materiais