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Vocação Hereditária

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Ordem da Vocação Hereditária
 Introdução:
Ao se extinguir o maior de todos os bens, o da vida, sobrevive, entretanto, outra questão: o que fazer ou a quem destinar os bens acumulados durante a vida? A legislação brasileira contempla várias possibilidades, porém, sempre tendo como conceito básico da presunção do afeto, ou seja, dos laços familiares criados durante a vida. Assim, a herança terá como destino prioritário inicial os parentes do de cujus. 
Entretanto, ressalte-se que a partilha de uma herança pode ser feita ainda em vida, em forma de testamento, que, entretanto, também precisa observar um enquadramento legal, sob pena de tornar-se inválido.
 Conceitos:
Para melhor se entender a matéria faz-se necessário observar a conceituação jurídica sobre o tema:
Herdeiros Legítimos: são todos aqueles que têm parentesco até o quarto grau;
Herdeiros Necessários: são os parentes em linha reta (cônjuge ou companheiro), os descendentes e os ascendentes. Observe-se que, para a legislação vigente, os herdeiros necessários também fazem parte do grupo dos herdeiros legítimos, mas como um grupo destacado, ao qual caberá a prioridade.
Herança Legítima: é a parte que compreende a metade da herança destinada compulsoriamente aos herdeiros necessários;
O Testamento:
A lei faculta a qualquer pessoa a possibilidade de, após a sua morte, dispor de seus bens como bem lhe aprouver, desde que observadas algumas ressalvas. Uma dessas – e talvez a mais importante delas – ressalvas diz respeito à herança legítima, que corresponde à metade do patrimônio total, cuja destinação será obrigatoriamente para os herdeiros necessários. Em outras palavras, somente a metade do legado estará disponível para ser distribuída por via testamentária.
A distribuição dessa metade disponível é de exclusiva competência do testador, podendo ser cedida no todo ou em partes, sem qualquer princípio de equilíbrio entre os quinhões, a qualquer pessoa, seja ela herdeiro legítimo, ou necessário, ou mesmo outra pessoa sem vínculo familiar. Entretanto, qualquer parcela que exceder o limite disponível, não terá efeito. 
Ordem hereditária:
A lei estabelece ordem de precedência para os herdeiros em dois sentidos: reto e colateral. No sentido reto, situam-se descendentes e ascendentes e, no sentido colateral, estão o conjugue e demais pessoas até o quarto grau de parentesco, excetuando-se, logicamente, descendentes e ascendentes. 
No estrito caso do conjugue, há que se observar, em caráter preliminar, o conceito da meação, que lhe garante, de ofício, a metade da herança, sem prejuízo da sua condição de concorrente à cota parte restante. A meação, entretanto, também pede observância ao regime de comunhão e exclui o patrimônio pré-existente à união. 
Como exemplo clássico, podemos descrever um determinado sujeito, que possuía um patrimônio avaliado em R$ 100.000,00, construído ao longo da sua vida conjugal. Pelo critério de meação do casal, a metade deste patrimônio pertence à esposa, mesmo antes de sua morte. Ao falecer, portanto, o sujeito em tela deixa uma herança de R$ 50.000,00, que é a metade que lhe pertencia ainda em vida, posto que a outra metade já pertencia à esposa que, com a morte do sujeito se transforma em viúva. A metade desta herança, ou seja, o valor de R$ 25.000,00 será considerada a Legítima e é obrigatoriamente destinado aos herdeiros necessários, entre os quais se inclui a própria viúva. Se o sujeito em questão houver feito testamento, este documento só terá validade se o valor a ser distribuído não ultrapassar a R$ 25.000,00, que é a parte disponível. Caso não haja o testamento, a Legítima incorporará as duas metades da sua herança. 
O primeiro grau da ordem sucessória contempla, além do conjugue viúvo, os descendentes (filhos, netos, bisnetos e assim sucessivamente), sempre privilegiando os parentes mais próximos em detrimento dos mais distantes. Assim, se houver filhos vivos, a parte da herança remanescente será distribuída entre estes, desprezada a existência dos demais descendentes. 
Há uma interessante exceção que se convencionou chamar de direito de representação, que ocorre somente na linha sucessória descendente e quando um ou mais herdeiros necessários também são falecidos ou, por algum impedimento legal, estão impossibilitados de receber sua parte. Neste caso, são chamados parentes de graus diferentes para repartir a herança, uns por cabeça, outros por estirpe. Por exemplo: o de cujos tinha quatro filhos e um destes já está morto quando da partilha; os filhos deste filho falecido – e, por conseguinte, netos do de cujos – repartem a parcela herdada pelo pai pela condição de herdeiros por estirpe. Neste exemplo, a herança será distribuída à razão de 25% para cada filho vivo do de cujos e os outros 25% (que corresponderia ao quarto filho se este estivesse vivo) serão divididos, em partes iguais, pelos filhos deste. 
O segundo grau da ordem sucessória é composto pelos ascendentes e só acontece quando não existem herdeiros descendentes. Por esta ótica, só estarão habilitados a receber a herança os ascendentes dos falecidos que não tenham filhos, netos ou bisnetos. Tal como nos descendentes, o critério da convocação para a herança privilegiará os parentes mais próximos, desprezando os mais remotos. Assim, pais têm a preferência sobre avós e estes por bisavós. Como não há o direito de representação na linha ascendente, os herdeiros vivos repartem as parcelas proporcionais, assimilando as cotas dos respectivos conjugues falecidos. Assim, não havendo descendentes, a herança ficará, em partes iguais, para os pais do autor e, na eventual falta de algum deles, o sobrevivente recebe a cota integral. 
O terceiro grau da ordem sucessória é composto pelo conjugue do autor da herança e, na falta de descendentes ou ascendentes, recebe a herança integral. Reforce-se aqui a tese de que a herança em questão é independente da meação. 
O cônjuge e o regime de casamento:
O Código Civil brasileiro permite vários tipos de regime de união entre casais, dentre os quais destacam-se:
Regime universal de bens (arts. 1.667 a 1.671) – todos os bens do casal compõem o patrimônio e, por conseguinte, considera-se que cada um é dono da metade desse patrimônio; 
Regime de separação de bens (arts. 1.687 a 1.688) – cada cônjuge tem o seu próprio patrimônio e, neste caso, por não existirem bens comuns, não há meação;
Regime de comunhão parcial (arts. 1.658 a 1.666) – desprezam-se os bens adquiridos antes da união e somente entram no cálculo da herança os bens adquiridos ao longo da vida conjugal; 
Regime de participação final dos aquestos (arts. 1.672 a 1.686) – tido como apêndice ao regime de separação de bens, este regime garante a meação do acervo adquirido com ônus durante a união.
 
É importante salientar esta questão, pois que, a depender da opção do regime adotado pelo casal, o cônjuge viúvo participará proporcionalmente da herança. Entretanto, havendo ou não o direito à meação, o cônjuge sobrevivente sempre concorrerá com os demais herdeiros pelo direito ao legado. 
Imperioso se torna notar que o cônjuge perderá a sua condição de herdeiro necessário no caso do regime de separação de bens, entrando somente na sucessão como herdeiro de terceiro grau. Entretanto, ao cônjuge é assegurado o direito à moradia na residência do casal.
Se houver descendentes, o viúvo concorrerá em igualdade de condições com estes, dependendo, obviamente do regime de casamento adotado. No caso de concorrer com os ascendentes, o cônjuge terá direito à sua cota parte, independente do regime de bens do casal. 
Uma condição essencial também se refere ao fato dos cônjuges conviverem até a morte de um deles. Se, ao contrário, houve uma separação de fato e o casal já não permanecia em união conjugal, o cônjuge sobrevivente perderá a condição de herdeiro.
 
As garantias oferecidas ao cônjuge sobrevivente, entretanto, não se estendem, pela Lei, aocompanheiro, cujos direitos são sensivelmente menores. Entretanto, a jurisprudência brasileira tem corrigido essa distorção, auferindo, na maioria das decisões, direitos proporcionalmente equivalentes aos cônjuges remanescentes em uniões civis oficiais.
Herdeiros Colaterais:
Os parentes colaterais constituem o quarto e último grau da ordem sucessória. Considerados como herdeiros legítimos, porém fora do grupo dos herdeiros necessários, os colaterais terão direito à herança somente na ausência dos herdeiros necessários. 
Parentes colaterais, como a Lei define, são aquelas pessoas provenientes de um tronco familiar comum. Irmãos, sobrinhos e tios, sobrinhos-netos e tios-avós, herdam, pela ordem, na ausência dos herdeiros necessários e na falta do parente imediatamente antecedente. 
Uma grave confusão legal se observa em face ao art. 1.840 que determina que os irmãos bilaterais (filhos do mesmo pai e da mesma mãe) terão privilégios sobre os irmãos unilaterais (filho somente de um dos cônjuges). Essa condição é obstada pela Lei Maior, a Constituição Federal de 1988, que determina no parágrafo 6º. do art. 227 que não poderá haver distinção entre os filhos. Admitamos, por exemplo, que um casal sem filhos, com patrimônio avaliado em R$ 500.000,00, que viajavam com os pais de ambos, morram todos num acidente de avião. Pela linha sucessória estabelecida, não há herdeiros de primeiro grau (descendentes: filhos, netos ou bisnetos), nem de segundo grau (pais e avós) e obviamente nem de terceiro grau (cônjuge). Sequencialmente, vamos para os herdeiros de quarto grau (irmãos, sobrinhos, tios, etc.). Um dos cônjuges falecidos teria, por exemplo, dois irmãos, sendo um destes, bilateral (filho do mesmo pai e da mesma mãe do de cujos) e o outro irmão unilateral, filho de um relacionamento anterior do pai do falecido. De acordo com a lei, o irmão bilateral herdaria uma parcela maior do que o outro, num entendimento que tem sido alvo de discussões doutrinárias e judiciais.
 
O Estado
No final da cadeia sucessória, está o Estado, que herda o patrimônio total na ausências dos herdeiros legítimos. 
 
Bibliografia: Manual das Sucessões

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