Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Evelyn Nagaoka KALECKI, Michal. Teoria Dinâmica Econômica: ensaio sobre as mudanças cíclicas a longo prazo da economia capitalista - Capítulo 5: Determinação da Renda Nacional e do Consumo. São Paulo: 1977. Principais Assuntos / Idéias Pág.79 Y é a renda bruta “real” do setor privado. O coeficiente α é positivo e < 1 e a constante B, que está sujeita a modificações a longo prazo, também é positiva. Π representa os lucros líquidos antes da dedução dos impostos. Pág.80 A diferença entre o produto nacional bruto e a renda bruta do setor privado consiste nos pagamentos aos empregados do Governo e dos impostos indiretos. Uma vez que o rendimento dos impostos é desprezível, podemos tomar como idênticos os lucros antes e depois da dedução dos impostos. Tomando o pagamento dos empregados do Governo e os impostos indiretos são desprezíveis, calculamos o Produto Naciona Bruto por: e Pág.81 A renda bruta, Yt , se desloca até um ponto em que os lucros sobre ela, determinados pelos “fatores de distribuição”, correspondem ao nível de investimento It – ω. O papel dos “fatores de distribuição” é de determinar Y com base nos lucros, que por sua vez são determinados pelo investimento, ou seja, as modificações na distribuição da renda ocorrem não por meio de uma modificação dos lucros, P, mas através de uma mudança na renda bruta ou produto, Y. Pág.81-82 Qualquer modificação do investimento provoca uma nítida modificação da renda. Uma elevação do investimento em ∆It – ω provoca, com um hiato temporal, uma elevação dos lucros em . Essa elevação provoca uma elevação da renda bruta: , que substituindo é , onde q é o coeficiente que indica a parte de ∆P, o incremento dos lucros, que será dedicada ao consumo; α é o coeficiente que indica a parte de ∆Y, o incremento da renda bruta, que vai para salários e ordenados. Tanto 1 – q como 1 – α são < 1, de modo que ∆Yt > ∆It – ω. Em outras palavras, a renda bruta ou produto aumenta mais que o investimento, devido ao efeito da elevação do investimento sobre o consumo dos capitalistas (fator 1/1 – q ) e sobre a renda dos trabalhadores (fator 1/1 – α ). Numa economia socialista, lucro é igual ao investimento. Se os trabalhadores fossem alocados em indústrias de bens de consumo, a oferta desse setor aumentaria e reduziria os preços, que reduziriam os lucros e, consequentemente, o investimento. Em outras palavras, o pleno emprego seria mantido através da redução dos preços com relação aos custos, fazendo a flexibilidade dos preços ser uma característica própria da economia socialista Pág.84 Considerando o caso genérico, Π não é mais igual a P. onde as constantes α e B não dependem simplesmente dos fatores subjacentes à distribuição da renda nacional, mas são influenciadas também pelo efeito do sistema tributário sobre os lucros. ∆Y aqui é mais uma vez maior que ∆I. Isso, contudo, é explicado não só pelo aumento do consumo dos capitalistas e dos trabalhadores subseqüente ao acréscimo do investimento, mas também pelo maior volume de impostos diretos que pagam sobre a renda acrescida. No caso genérico, o consumo é a diferença entre o total da renda depois dos impostos e a poupança. Agora a poupança é igual a I′, a soma do investimento, do saldo da balança comercial e do déficit or- çamentário. O montante da renda depois dos impostos aqui não é igual a Y. Pág.87 Produto Bruto do Setor Privado: O = Y + E, em que O é o produto ou produção bruta “real” do setor privado E é o valor “real” do total dos impostos indiretos. As flutuações relativas de E no decurso do ciclo econômico são geralmente muito menores que as da renda bruta, Y, pelas seguintes razões: (a) os impostos indiretos são freqüentemente aplicados a gêneros de primeira necessidade ou quase de primeira necessidade, cujo consumo flutua muito menos que Y; (b) as taxas são muitas vezes fixadas em dinheiro e não ad valorem, de forma que o valor real dessas taxas aumenta quando os preços caem. Pág.88 Um incremento de I′t – ω determina um incremento de Ot: Supondo-se que E seja uma constante, O demonstrará modificações proporcionais menores que Y. O produto bruto do setor privado O flutua menos que o investimento I. A discrepância nas flutuações de I′ e Y ou O no decurso do ciclo econômico depende principalmente de dois fatores: (a) que o consumo dos capitalistas flutue menos que os lucros; e (b) que os salários mais ordenados flutuem menos que a renda bruta, Y. Contudo, o consumo dos capitalistas não tem que aumentar mais lentamente que os lucros no decurso do crescimento a longo prazo de uma economia. Na verdade, a parte estável do consumo dos capitalistas, A, pode, a longo prazo, subir proporcionalmente aos lucros, P. Da mesma maneira, a parte estável dos salários e ordenados, B, que reflete o elemento de custos indiretos presente na composição dos salários, pode também elevar-se a longo prazo proporcionalmente à renda, Y. Assim, a longo prazo, o investimento e a renda podem não demonstrar modificações desproporcionais como as que apresentam no decorrer do ciclo econômico.
Compartilhar