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Resumo do Rubin - Cap 1, 2, 3 e 5

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Capítulo 1 - A era do capital mercantil
A era do capital mercantil abrange os séculos XVI e XVII tendo sido uma era de enormes transformações na vida econômica da Europa Ocidental, com o desenvolvimento do comércio marítmo e o predomínio do capital comercial.
A economia da Idade Média tardia (entre séc. XII e XV) pode ser caracterizada como regional. Cada centro urbano, juntamente com o distrito agrícola em seu entorno, formava uma região econômica única, onde ocorriam todas as trocas entre a cidade e o campo. Uma porção substancial daquilo que os camponeses produziam em suas terras era destinada ao seu consumo, uma parte ao pagamento das obrigações com seu senhor e o pouco que restava era vendido no mercado para se adquirir bens produzidos pelos artesãos. 
Além disso, o Senhor produzia em suas próprias terras utilizando-se ao trabalho compulsório dos camponeses (corveia)e ficava com a produção inteira para si, utilizando para consumo e para venda. As receitas eram utilizadas para compra de produtos por artesãos locais e artigos de luxo importados, na maioria das vezes dos países do Oriente. Assim, o que caracterizava a economia rural feudal era seu caráter predominantemente natural e o fraco desenvolvimento da troca monetária.
Enquanto a economia rural estava organizada em torno do manso senhorial, a indústria das grandes cidades se organizava em guildas, onde a produção era realizada por mestres artesãos, sem concorrência. Assim, os artesãos podiam comercalizar suas mercadorias a preços altos e assim garantir uma vida relativamente próspera.
No final da Idade Média, essa economia regional estava em declínio. Porém, apenas na época do capital mercantil (séculos XVI e XVII) que desapareceu e criou-se uma economia nacional mais ampla. Como a economia regional era formada por 2 elementos: manso senhorial e guildas urbanas, sua desintegração só poderia ocorrer com a decomposição deles. Em ambos os casos, a decomposição se deu pelo mesmo conjunto de causas básicas: o rápido desenvolvimento de uma economia monetária, a expansão do mercado e a força crescente do capital mercantil.
Com o fim das cruzadas na idade média, o comércio se expandiu entre os países da Europa Ocidental e o Oriente. Mesmo com as conquistas militares dos turcos(queda de Constantinopla), o comércio entre a Europa e o Oriente não parou, com o desbravamento de novas rotas oceânicas. Assim, descobriram-se as Américas e o comércio expandiu-se para Oeste também. A hegemonia do comercio mundial passou das mãos das cidades italianas e hanseáticas(norte da Alemanha) para Espanha e Portugal, depois Holanda e por fim, Inglaterra.
 O comércio colonial trouxe enomes lucros aos mercadores europeus e permitiu-lhes acumular consideráveis capitais monetários, adquirindo matérias-primas colonais a preços irrisórios e vendendo-as na Europa a um preço muito maior. Cada governo possuia o monopólio do comércio com suas colônias, eram os únicos compradores e vendedores. Também como consequencia, enormes quantidades de metais preciosos eram embarcadas para a Europa, aumentando assim a quantidade de moeda em circulação. Como os países coloniais eram "atrasados" usavam boa parte dessas riquezas adquirindo bens industriais, escoando esses metais preciosos, principalmente para Inglaterra e Holanda.
Dada essa maior quantidade de metais preciosos em circulação, houve um aumento nas trocas comerciais e o estabelecimento de uma troca monetária. Também houve uma forte inflação, não seguida por aumentos compensatórios nos salários reais. O rápido enriquecimento da burguesia comercial foi acompanhado de um drástico declínio do padrão de vida das classes mais pobres.
O crescimento da economia monetária aumentou a demanda dos senhores feudais por dinheiro e abriu a possibilidade de formação de um extenso mercado de produtos agrícolas, já que esses mesmos senhores começaram a substituir as obrigações in natura de seus camponeses por dinheiro. Os servos foram gradualmente se tornando arrendatários que exploravam a terra, mas com o tempo os senhores passaram a arrendar suas terras para grandes camponeses prósperos que tinham recursos para melhorar sua propriedade.
No campo, a ordem feudal estava em processo de decomposição. O crescimento do capital mercantil causava um simultâneo declínio das guildas. Com o crescimento do comércio internacional, ocorria também o desenvolvimento do comércio entre as diferentes regiões e cidades de um mesmo país, fazendo com que determinadas cidades se especializassem na produção de determinados itens, que eram produzidos em quantidades grandes demais para que sua venda se limitasse a uma região delimitada; daí a necessidade de buscar mercados no exterior. As guildas independentes, que antes haviam dominado a economia das cidades deram lugar ao rápido crescimento da indústria caseira.
Assim, o que ocorreu na era do capital mercantil foi a acumulação de enormes quantias de capital nas mãos da burguesia comercial e um processo de separação dos produtores diretos em relação aos meios de produção - isto é, a formação de uma classe de trabalhadores assalariados. Uma vez obtido o domínio no campo do comércio exterior, a burguesia penetrou naqueles ramos da indústria voltados a exportação.
Essa transição da economia feudal para a capitalista obteve o apoio ativo das autoridades estatais, cuja centralização corria paralelamente a força cada vez maior do capital mercantil. Para quebrar os privilégios dos prioprietários e das cidades era essencial uma monarquia forte e a burguesia também precisava de um Estado poderoso para proteger seu comércio internacional, conquistas colônias e lutar pela hegemonia sobre o mercado mundial.
A coroa também tinha suas razões para alimentar e desenvolver a florescente economia capitalista. Em primeiro lugar, a manutenção de uma burocracia e um exército demandava gastos enormes e somente uma burguesia rica poderia cobrí-los com tributos. Em segundo lugar, a coroa necessitava do apoio do "terceiro Estado" na luta contra os senhores feudais. Portanto, formou-se uma forte aliança entre Estado e a burguesia, que encontrou sua expressão na política mercantilista.
A característica básica da política mercantilista é a de que o Estado usa ativamente seus poderes para ajudar a implantar e a desenvolver os incipientes comércio e indústria capitalistas e mediante o uso de medidas protecionistas defende-o da concorrência estrangeira.
Capítulo 2 - Capital Mercantil e Política Mercantilista na Inglaterra nos séculos XVI e XVII
Comparada a algumas outras nações europeias, a Inglaterra foi relativamente tardia na busca por colônias e no desenvolvimento de sua indústria. No começo do século XVI ela ainda era subdesenvolvida na agricultura e no comércio. Suas exportações eram basicamente de matérias-primas e ela importava artigos manufaturados. Como esse comércio exterior estava na mão dos comerciantes italianos e da Liga Hanseática e eles que faziam todo o transporte de mercadorias, a frota inglesa era impedida de se desenvolver.
Sob essas condições, inexistia uma rica classe mercante e o país era pobre em capital monetário. O governo inglês via o comércio exterior com uma perspectiva unicamente fiscal, ou seja, potencial de cobrança de tributos de importação e exportação, para assegurar que o tesouro receberia os impostos apropriados e que nenhuma soma de dinheiro seria enviada para fora do país. Com o governo sempre em situação de escassez de capital monetário, a evasão de metais preciosos era uma fonte de grande temor. Isso fazia com que os mercadores estrangeiros que traziam produtos para a Inglaterra fossem obrigados a gastar todos os seus ganhos na compra de produtos ingleses.
Mas não bastava estabelecer um embargo à exportação de metais preciosos da Inglaterra. Ainda era preciso atrair esses metais do estrangeiro para dentro do país. Então, a lei obrigava os comerciantes exportadores a repatriarem uma parte de seus ganhos.
A política mercantilista primitiva era assim, fundamentalmente fiscal, cujoobjetivo era enriquecer o tesouro, seja diretamente, por meio da coleta de impostos de importação e exportação, ou indiretamente, aumentando a quantidade de metais preciosos presentes no país. 
À medida que o comércio a indústria se desenvolveram, essa política foi se transformando num entrave às transformações econômicas. Os controles que ela exercia só podiam ser mantidos enquanto as transações comerciais com o exterior não fossem tão numerosas. O desenvolvimento futuro do mercado e da indústria ingleses nos séculos XVI e XVII levou inevitavelmente a um rompimento com esse sistema monetário obsoleto e sua substituição por uma política mercantilista mais avançada, o chamado sistema de equilíbrio comercial.
Ao longo dos séculos XVI e XVII, a base das exportações inglesas mudou gradualmente de matérias-primas (lã) à exportação de produtos acabados (tecido). A indústria têxtil inglesa teve um rápido desenvolvimento por causa da imigração dos tecelões de Flandres que não queriam ser incorporados como trabalhadores nas guildas do próprio país. Em pouco tempo, a Inglaterra assumiu a liderança na produção de tecido.
A exportação do tecido inglês tornou-se exclusividade de uma companhia comecial especial: a Merchant Adventurers, cuja atividade foi se expandindo e avançando para novos mercados estrangeiros. Para dominar o mercado mundial, os comerciantes ingleses abandonaram seu papel passivo no comércio e assumiram um papel ativo - começando por transportar suas mercadorias para mercados distantes. Como os mercadores ingleses se aventuravam pelos mercados do mundo, o país foi forçado a buscar uma política colonial ativa, entretanto, as colônias mais ricas já haviam sido tomadas por outros Estados. 
A história inteira da Inglaterra do século XVI até o XVII é uma história de luta pela superioridade comercial e colonial. Suas armas nessa luta foram a fundação de suas próprias colônias, os tratados comerciais e as guerras. Os ingleses foram a Índia, onde estabeleceram fábricas que marcaram o início da sua dominação sobre aquele país. Ao final do século XVI fundaram colônias na América que mais tarde se tornariam os EUA. Ela também forçou o acesso a colônias controladas por outros países, seja pelo contrabando ou por acordos comerciais. Com seus adversários mais perigosos, a Inglaterra travou sangrentas guerras, como por exemplo contra a Espanha, onde eles destruiram a icônica Armada espanhola e se tornaram o mais poderoso poder marítmo, colonial e comercial do mundo.
A prosperidade vivida pelo comércio exterior foi acompanhada pelo incremento dos transportes e da indústria, uma vez que a indústria caseira substituiu as guildas. Comparado ao comércio, no entanto, o capital industrial era extremamente modesto: ainda não superara a forma primitiva do capital do mercados-empreendedor e sua penetração era muito baixa. A burguesia procurou cada vez mais estender sua influência sobre o Estado e usá-lo para acelerar a transição da economia feudal para a economia capitalista. De sua parte, o Estado tinha um interesse no rápido desenvolvimento do comércio e da indústria como um meio de aumentar o seu próprio poder e de enriquecer o tesouro.
E assim, o sistema de equilíbrio monetário deu gradualmente lugar à intervenção estatal numa ampla frente, bem como alimentou o crescimento do comércio capitalista, dos transportes e da indústria de exportação com o objetivo de consolidar a Inglaterra no mercado mundial, eliminando seu competidores. O mercantilismo maduro foi, acima de tudo, uma política de protecionismo para estimular o crescimento da indústria nativa. Foi o protecionismo que acelerou a transformação da Inglaterra, inicialmente agrícola numa nação comercial e industrial.
Os mercantilistas desse período começaram a entender que o fluxo de entrada e saída de moeda de uma país a outro é a consequência da troca de mercadorias entre eles e passaram a focar em uma balança comercial positiva ao invés de impor restrições ao comércio. O sistema protecionista inteiro se voltava a melhoria desse saldo comercial, limitando importações e fazendo da indústria uma força competitiva no mercado.
Embora essa transição do mercantilismo primitivo para o sistema baseado no equilíbrio comercial ateste o crescimento do capital comercial e industrial, este ainda não era forte o suficiente para se desvencilhar da tutela do Estado e subsistir sem sua assistência. A política mercantilista andava de mãos dadas com a regulação estatal de todos os aspectos da vida econômica nacional. O Estado interferia no comércio e na indústria com uma barreira de medidas concebidas para guiá-los na direção desejada. Mais tarde, no fim do século XVIII, essa lógica de regulação econômica acabaria por enfrentar uma violenta oposição da emergente e recém consolidada burguesia industrial, mas, durante a época do capitalismo primitivo, quando ela correspondia aos interesses da burguesia comercial, tal política encontrou apoio completo e total entre os ideólogos daquela classe - os mercantilistas.
Capítulo 3 – As características gerais da literatura mercantilista
A era do capitalismo primitivo também assistiu ao nascimento da ciência econômica moderna. É verdade que, entre os pensadores da Antiguidade e da Idade Média, podem-se encontrar reflexões sobre uma série de questões econômicas, mas elas são reflexos da antiga economia escravista, assim como aquelas dos escolásticos medievais refletiam a economia do feudalismo. Para ambos, o ideal econômico era uma economia autossuficiente de consumidores, em que a troca estava confinada ao excedente produzido por economias e vendido in natura.
À medida que o capitalismo se desenvolver, essas atitudes medievais em relação a atividade econômica se tornaram obsoletas. O ideal primitivo fora a economia natural autossuficiente e agora a burguesia nascente e a coroa eram tomadas por uma apaixonada sede de dinheiro. Antes o comércio profissional era considerado um pecado, agora o comércio exterior era visto como a principal fonte da riqueza da nação e todas as medidas eram aplicadas no esforço para expandi-lo. Em tempos anteriores, a cobrança de juros fora banida; agora, a necessidade de desenvolver o comércio e o crescimento da economia monetária significava que, ou se encontravam meios para suprimir essas proibições, ou a economia inteira sucumbiria com elas.
A novas concepções econômicas, que correspondiam aos interesses de um capital emergente e de uma burguesia comercial, encontraram seus proponentes nos mercantilistas. Essa designação é aplicada a um vasto número de escritores do século XVI até o XVIII que viveram nos diversos países da Europa e trataram de temas econômicos. Não se pode dizer que eles tenham professado uma “teoria mercantilista”: em primeiro lugar, porque eles não concordavam de modo algum em todas as questões e, em segundo lugar, porque em parte alguma de suas obras se pode encontrar uma teoria unificada que abarque todos os fenômenos econômicos.
O caráter geral da literatura mercantilista era mais prático do que teórico, estando ela preponderantemente devotada as específicas questões que haviam surgido com o desenvolvimento do capitalismo primitivo e que demandavam urgentemente uma solução prática. O cerco as terras comuns e a exportação de lã, os privilégios dos comerciantes estrangeiros e os monopólios garantidos as companhias de comércio, as proibições a exportação de metais preciosos e os limites impostos as taxas de juros, a estabilidade da moeda inglesa em relação as flutuações das taxas de câmbio dos outros países – todas essas questões eram de vital importância prática para a burguesia mercantil inglesa da época e constituía a preocupação central da literatura mercantilista inglesa, a mais avançada na Europa.
Assim como as próprias questões, também as conclusões a que se chegava nos escritos mercantilista eram fundamentalmente práticas em sua orientação. Seus autores participavam ativamente nos negócios práticos, como mercadores, membros de associações e companhias de comércioou como oficiais de comércio ou de alfândega. Abordavam os problemas que lhes interessavam para influenciar o curso da vida econômica com a reinvindicação da assistência ativa do Estado.
Se os mercantilistas queriam fazer da Coroa um ativo aliado da burguesia mercantil, eles não poderiam manter tais esperanças em relação aos proprietários de terra. Sabiam que, ao defender tais medidas, provocavam a insatisfação dos proprietários de terras rurais; no entanto, eles tentavam combater esse descontentamento argumentando que o crescimento do comércio traz consigo um aumento nos preços dos produtos agrícolas e assim, um aumento das rendas e do preço da terra. Apesar disso, era claro que os interesses do comércio e das indústrias de exportação estaria acima dos da agricultura e da produção de matérias-primas. Havia, porém, uma questão sobre a qual os interesses de ambas as classes coincidiam e não mostravam o mínimo sinal de divergência: a exploração da classe trabalhadora.
O ponto de vista comercial-mercantil da literatura mercantilista inglesa, que emerge tão claramente em sua atitude com as diferentes classes sociais, também deixou suas marcas no conjunto de problemas – e suas soluções – que constituíam seu objeto de interesse. É muito frequente a afirmação de que a doutrina mercantilista seria redutível a ideia de que os metais preciosos são a única forma de riqueza. Adam Smith critica duramente “a noção absurda de que a riqueza consiste na moeda”. E, no entanto, tal caracterização é bastante injusta. Os mercantilistas consideravam o aumento na quantidade de metais preciosos não como uma fonte de riqueza da nação, mas como um dos sinais de que a riqueza estava crescendo. Os teóricos do mercantilismo desenvolvido, com a doutrina do “equilíbrio comercial”, desvelaram a conexão entre o movimento dos metais preciosos e o desenvolvimento geral do comércio e da indústria. Muita coisa ainda restava superficial nessa análise da interconexão entre diferentes fenômenos econômicos, mas ela estava livre das noções ingênuas de seus predecessores e desse modo abria o caminho para o futuro desenvolvimento científico.
Capítulo 5 – A doutrina mercantilista em seu apogeu
Á medida que o comércio e a indústria se desenvolveram, as incômodas restrições do período inicial do mercantilismo foram se mostrando cada vez mais arcaicas e ou foram eliminadas ou preservadas em sua existência meramente formal, desprovidas de todo seu conteúdo prático anterior.
Ainda no fim do século XVII, expressava-se a visão de que “o comércio com as Índias Orientais causará a ruína de grande parte de nossa indústria, caso não se faça algo para evitá-la”. Assim, os partidários do comércio teriam que desenvolver uma crítica àquela visão antiquada dos primeiros mercantilistas. Para se opor ao velho sistema monetário, eles apresentaram uma nova teoria do equilíbrio comercial. Não é contestada a afirmação sobre os benefícios que a aquisição de metais preciosos traz para a nação, mas esses “tesouros” não podem ser multiplicados por meio de medidas coercitivas do próprio Estado para regular diretamente a circulação monetária (proibição da exportação de moeda, taxa de câmbio fixa, mudanças no conteúdo metálico das moedas, etc.). A entrada ou saída de metais precioso é condicionada por uma balança comercial positiva ou negativa. Em outras palavras, o dinheiro fluirá para o país como resultado de uma balança comercial positiva. Dessa premissa, segue-se que, se o objetivo é introduzir dinheiro no país, isso não será obra das regulações excessivas do mercantilismo primitivo, mas o resultado de uma política econômica abrangente, que melhore o equilíbrio comercial por meio da promoção das indústrias orientadas ao transporte e a exportação. Claramente, o equilíbrio comercial pode ser sustentado tanto por cortes na importação, quanto pela expansão das exportações. Os mercantilistas do período inicial defendiam a proibição da exportação e uma redução na importação de mercadorias estrangeiras.
A literatura mercantilista em seu apogeu desemboca numa teoria da determinação dos movimentos monetários e da taxa de câmbio pela balança comercial. Eles não objetam a importância de se trazer dinheiro ao país, mas sustentam que isso só poderia ser realizado de modo profícuo se o desenvolvimento do comércio estrangeiro, o transporte e as indústrias de exportação promovessem uma melhora na balança comercial. Aqui, portanto, o ponto de vista principal do primeiro mercantilismo, segundo o qual a moeda é o principal componente da riqueza da nação, conjuga-se com a noção, própria do mercantilismo posterior, de que o comércio é que constitui a fonte fundamental da riqueza.
Os erros conceituais pelos quais os mercantilistas foram repreendidos pelos livre-cambistas, a começar pelos fisiocratas e por Adam Smith, são, primeiramente, considerar que a verdadeira riqueza de uma nação reside em sua produção e não em sua moeda; e, em segundo lugar, que sua fonte real é a produção e não o comércio exterior.
O valor desproporcional que os mercantilistas conferiram ao comércio exterior não pode ser explicado simplesmente por seu grande potencial para transformar produtos em dinheiro e atrair metais preciosos: os enormes lucros derivados do comércio exterior ajudaram a alimentar a acumulação primitiva de capital pela classe mercantil.
A exagerada importância que os mercantilistas atribuíram a moeda tem suas raízes nas condições de transição de uma economia natural para uma economia de mercadoria-dinheiro.

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