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Fenomenologia 9,10,11,12

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A fenomenologia é uma escola filosófica inaugurada por Edmundo Husserl no início deste século (1900), mas sua influência no campo da psicologia e das ciências humanas se limita, sobretudo ao uso do método fenomenológico nas suas pesquisas, mas entendem a fenomenologia num sentido amplo. 
O método fenomenológico é o método de investigação que permite conhecer a experiência individual.
Influenciou filósofos importantes que seguiram percursos autônomos, entre eles, Martin Heidegger, Maurice Merleau-Ponty e Jean-Paul Sartre.
A fenomenologia crítica o empirismo e sua expressão positivista do século XIX e procura resolver a contradição corpo e sujeito-objeto, utilizada desde Descartes. Nesse sentindo Hursserl entende Fenomenologia como processo pelo qual se examina o fluxo da consciência.
Compreendendo a palavra fenônemo, que é de origem grega e que significa "o que aparece" compreendemos melhor que fenômenologia aborda os objetos do conhecimento como aparecem, como se apresentam à consciência.
Em outras palavras a fenomenologia crítica uma ciência determinista onde o observável é tido com verdade absoluta e um conceito de pragmatismo, carregado pelo olhar do observador, pelos seus conceitos, crenças e idéias. A fenomenologia busca a compreensão dos fenômenos em si, buscando libertar-se de qualquer conceito pré-concebido. 
Seu postulado básico é a noção de "intencionalidade", que significa "dirigir-se para", "visar alguma coisa". Desse modo, toda consciência é intencional por sempre "visar" a algo para fora de si, por sempre "tender" para algo. Contrariando o que afirmam os racionalistas, não há pura consciência, separada do mundo, por que toda consciência é a consciência de alguma coisa. Preconiza que não há um objeto em si, pois o objeto é sempre para o sujeito que lhe dá significado.
Em outras palavras intencionalidade quer dizer que não há significado em si, mas sim, o significado que a pessoa lhe atribui, “a verdade do outro, reside no outro”.
Por meio do conceito de intencionalidade a fenomenologia se contrapõe à filosofia positivista do século XIX, presa à visão objetiva do mundo, se baseando na crença de um conhecimento científico cada vez mais neutro e despojado de subjetividade. Por isso propõe a "humanização" da ciência a partir de uma nova relação entre sujeito e objeto, ser humano e mundo, considerados pólos inseparáveis.
Dessa forma, consciência e objeto são unificados – a mente está sempre em relação, nega-se a pura objetividade e a pura subjetividade. Dá-se início ao estudo da intencionalidade – do ato de dar sentido. Sabendo-se, contudo, que “nunca se chega ao sentido último porque nunca se esclarece totalmente o conjunto de significados e valores dentro do qual a experiência se constitui”.
Cada consciência é, portanto doadora de sentido, fonte de significado. Conhecer é um processo que não acaba nunca, é uma exploração exaustiva do mundo. Vale lembrar que a "consciência do mundo", não se reduz ao conhecimento intelectual, pois a consciência é fonte de intencionalidade não só cognitivas, mas afetivas e práticas. O nosso olhar é o ato pela qual a "experiência é vivida" da realidade, percebendo, imaginando, julgando, amando, temendo entre outro. Nesse sentido a fenomenologia é uma filosofia da vivência.
Husserl cria então um método para ter acesso ao fenômeno: a ‘redução fenomenológica’, a qual consiste em suspender todos os preconceitos, valores, teorias científicas e crenças pré-existentes. Fenomenologia nos convida a “suspender” nossos próprios valores e ir ao encontro do fenômeno – da verdade. Não devemos apreender o mundo como imposto à consciência, mas sim por meio de uma análise intencional, buscando-se a essência do fenômeno, abstraída de opiniões, crenças, preconceitos ou valores que possam vir a influenciá-la.
A reflexão fenomenológica vai em direção ao ‘mundo da vida’, ao mundo da vivência cotidiana imediata, no qual todos nós vivemos, temos aspirações e agimos. Sendo assim, a fenomenologia propõe-se a ser uma ciência descritiva das essências das vivências. Ao invés de fatos, temos fenômenos. Fatos somente são obtidos por abstração, os Fenômenos são vividos.
As abordagens existenciais em psicologia e psicopatologia implicam a consideração prévia de quatro princípios fundamentais (Brennan,1994):
- A pessoa é conceitualizada como um indivíduo que existe como um ser-no-mundo, o que quer dizer que a existência de cada pessoa é única e reflete percepções, atitudes e valores individuais.
- O indivíduo é considerado como resultado do seu desenvolvimento pessoal, pelo que a sua experiência psicológica individual é a chave para a compreensão da sua existência.
- O indivíduo move-se numa trajetória vital na qual luta contra a despersonalização da sua existência que pode ser levada a cabo pela sociedade, que o pode conduzir à alienação e à solidão.
- O indivíduo (o ser) está sempre em situação (no-mundo), o que limita as suas respostas possíveis, implica uma liberdade situada e escolhas em situação.
ASPECTOS GERAIS DAS ABORDAGENS EXISTENCIAIS EM PSICOPATOLOGIA
Não é possível individualizar uma posição teórica comum às variadas e multifacetadas abordagens existenciais. No entanto, a posição teórica predominante é a que relaciona os fenômenos psicopatológicos com a estranheza e o afastamento do indivíduo em relação a si mesmo. Isto é, os fenômenos psicopatológicos são relacionados com inautenticidade e alienação de si. As perturbações (psicopatologia) teriam relação com o fracasso do indivíduo em relacionar-se de forma significativa consigo mesmo, com o seu mundo interno. Sem o si-mesmo (inautenticidade), o sujeito não poderia experimentar o ser-no-mundo, a existência. Incapaz de aceder ao seu mundo interno, seria também incapaz de aceder ao mundo interno dos outros, pelo que não lhe seria possível o encontro (estar-com) nem as interações significativas. Teria lugar assim uma redução importante da experiência, com bloqueio do desenvolvimento pessoal. Finalmente, surgiria a angústia relacionada com o afastamento de si-mesmo e o vazio associado à falta de sentido.
O Homem perturbado encontra-se freqüentemente num impasse em relação a certos projetos e modos de ser: não consegue realizá-los nem consegue abandoná-los. Está assim limitado na sua tarefa de descoberta, de posicionamento e de dar sentido à sua própria existência. Esse impasse tem caráter de emprisionamento, de enclausuramento ou de perda de liberdade, na medida em que afasta o Homem perturbado da liberdade de ser e de vir-a-ser e pode distanciá-lo da sua responsabilidade existencial de encontrar e desenvolver alternativas. Essa perda de liberdade é, essencialmente, perda da liberdade de escolha, da possibilidade de fazer uma escolha e de se comprometer com uma decisão, compromisso que faz referência à sua responsabilidade e posicionamento ativo perante o mundo, conferindo à experiência uma dimensão de superficialidade, vazio e falta de sentido.
FIM

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