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Direito Administrativo - 1 - Noções Introdutórias

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DIREITO	
  ADMINISTRATIVO	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
1	
  
 
NOÇÕES	
  INTRODUTÓRIAS	
  
Sumário:	
  
1.	
  Conceitos	
  Importantes	
  
1.1.	
  Noções	
  de	
  Estado	
  	
  
1.2.	
  Noções	
  de	
  Governo	
  	
  
2.	
  Funções	
  dos	
  Poderes	
  do	
  Estado	
  
3.	
  Objeto	
  do	
  Direito	
  Administrativo	
  
3.1.	
  Função/Atividade	
  Administrativa	
  
3.2.	
  Função	
  de	
  governo/função	
  política	
  (Celso	
  Antônio)	
  
4.	
  Direito	
  administrativo	
  dentro	
  do	
  sistema	
  
4.1.	
  Direito	
  Administrativo	
  nas	
  entidades	
  da	
  Federação	
  
5.	
  Conceito	
  de	
  Direito	
  Administrativo	
  
6.	
  Fontes	
  do	
  Direito	
  Administrativo	
  
7.	
  Mecanismos	
  de	
  Controle	
  dos	
  Atos	
  Administrativos	
  
7.1.	
  Sistema	
  Administrativo	
  Brasileiro	
  
	
  
1.	
  Conceitos	
  Importantes	
  	
  
1.1.	
  Noções	
  de	
  Estado	
  
• Estado:	
  É	
  a	
  pessoa	
  jurídica	
  de	
  direito	
  público,	
  ou	
  seja,	
  é	
  quem	
  tem	
  personalidade	
  jurídica	
  
(tem	
  aptidão	
  para	
  ser	
  sujeito	
  de	
  direitos	
  e	
  deveres),	
  e	
  pode	
  assumir	
  responsabilidade	
  civil.	
  	
  
Quem	
  paga	
  a	
  indenização	
  por	
  danos	
  causados	
  pela	
  Administração	
  Pública	
  é	
  o	
  Estado,	
  
pois	
  ele	
  é	
  a	
  pessoa	
  jurídica,	
  aquele	
  que	
  tem	
  aptidão	
  para	
  ser	
  sujeito	
  de	
  obrigações.	
  
Da	
  mesma	
  forma,	
  quem	
  assina	
  contrato	
  é	
  o	
  Estado	
  e	
  não	
  a	
  Administração	
  Pública.	
  
	
  
QUESTÃO:	
  O	
  Estado	
  Brasileiro	
  está	
  sujeito	
  à	
  teoria	
  da	
  dupla	
  personalidade.	
  Falso.	
  	
  
Essa	
   teoria	
   diz	
   que	
   o	
   Estado	
   assume	
   a	
   qualidade	
   de	
   pessoa	
   pública	
   se	
   estiver	
   exercendo	
   a	
  
função	
  pública;	
  e	
  de	
  pessoa	
  privada	
  quando	
  estiver	
  exercendo	
  atividade	
  privada.	
  Essa	
  teoria	
  
não	
  é	
  adotada	
  pelo	
  Brasil,	
  porque	
  o	
  Estado	
  é	
  pessoa	
  jurídica	
  de	
  direito	
  público	
  sempre.	
  
	
  
QUESTÃO:	
  A	
  responsabilidade	
  civil	
  da	
  Administração	
  no	
  Brasil	
  está	
  prevista	
  no	
  art.	
  37	
  §6º	
  da	
  
CF?	
   Não,	
   porque	
   a	
   responsabilidade	
   civil	
   é	
   do	
   Estado	
   (da	
   pessoa	
   jurídica)	
   e	
   não	
   da	
  
Administração.	
  
	
  
QUESTÃO	
   (UnB):	
   A	
   responsabilidade	
   civil	
   da	
   Administração,	
   no	
   Brasil,	
   segue,	
   em	
   regra,	
   a	
  
responsabilidade	
   objetiva.	
   FALSO.	
   A	
   responsabilidade	
   não	
   é	
   da	
   administração,	
   mas	
   do	
  
ESTADO.	
  
	
  
• Poderes	
   de	
   Estado	
   X	
   Poderes	
   da	
   Administração:	
   Pela	
   tripartição	
   de	
   Montesquieu	
   dos	
  
Poderes	
  do	
  Estado,	
  eles	
  são	
  Executivo,	
  Legislativo,	
  Judiciário,	
  criados	
  para	
  a	
  realização	
  de	
  
certas	
  funções.	
  Já	
  os	
  poderes	
  da	
  Administração	
  são	
  disciplinar,	
  de	
  polícia,	
  regulamentar	
  (ou	
  
normativo),	
  hierárquico.	
  
Os	
  Poderes	
  de	
  Estado	
  integram	
  a	
  organização	
  política	
  do	
  Estado,	
  representando	
  uma	
  divisão	
  
estrutural	
   internam	
  visando,	
  ao	
  mesmo	
  tempo,	
  (i)	
  à	
  especialização	
  no	
  exercício	
  das	
  funções	
  
estatais	
  e	
   (ii)	
   a	
   impedir	
  a	
  concentração	
  de	
   todo	
  o	
  poder	
  do	
  Estado	
  nas	
  mãos	
  de	
  uma	
  única	
  
pessoa	
  ou	
  órgão.	
  
Na	
  história	
  do	
  constitucionalismo,	
  a	
  idéia	
  inicial	
  de	
  uma	
  separação	
  rígida	
  entre	
  os	
  poderes	
  foi	
  
sendo	
  substituída	
  por	
  uma	
  separação	
  flexível	
  das	
  funções	
  estatais,	
  possibilitando	
  uma	
  maior	
  
interpenetração,	
   coordenação	
   e	
   harmonia	
   entre	
   eles,	
   de	
   modo	
   que	
   cada	
   Poder	
   termina	
  
exercendo,	
  em	
  certa	
  medida,	
  todas	
  as	
  funções	
  do	
  Estado:	
  uma	
  em	
  caráter	
  predominante	
  (sua	
  
função	
  típica)	
  e	
  outras	
  de	
  natureza	
  acessória	
  (denominadas	
  atípicas).	
  
	
  
• Forma	
  de	
  Estado:	
  O	
  Estado	
  pode	
  ser	
  unitário	
  ou	
  federado	
  (complexo	
  ou	
  composto).	
  	
  
	
  
DIREITO	
  ADMINISTRATIVO	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
2	
  
 
Formas	
  de	
  Estado	
  
Estado	
  Unitário	
   Estado	
  Federado	
  
Quando	
  tiver	
  somente	
  um	
  poder	
  político	
  central	
  
que	
  irradia	
  sua	
  competência	
  de	
  modo	
  exclusivo	
  
sobre	
  todo	
  o	
  território	
  nacional	
  e	
  população.	
  	
  
Marcado	
  pela	
  centralização	
  política.	
  	
  
Ex:	
  Uruguai.	
  
Quando	
   no	
   mesmo	
   território	
   coexistirem	
   poderes	
  
políticos	
  distintos.	
  
Marcado	
  pela	
  descentralização	
  política	
  (convivência	
  
de	
  entidades	
  políticas	
  autônomas	
  diversas).	
  	
  
Ex:	
  Brasil.	
  
	
  
• Autonomia:	
   significa	
   ter	
   a	
   entidade	
   integrante	
   da	
   federação	
   CAPACIDADE	
   DE	
   AUTO-­‐
ORGANIZAÇÃO	
  (criar	
  seu	
  diploma	
  constitutivo)	
  +	
  AUTOGOVERNO	
  (organizar	
  seu	
  governo	
  e	
  
eleger	
  seus	
  dirigentes)	
  +	
  AUTO-­‐ADMINISTRAÇÃO	
  (organizar	
  seus	
  próprios	
  serviços).	
  
	
  
OBS:	
  Forma	
  de	
  Estado	
  e	
  Poderes	
  do	
  Estado	
  X	
  Administração	
  Pública	
  
	
   A	
  Constituição	
  de	
  88	
   adotou	
   a	
   forma	
  de	
   Estado	
   Federação1	
   (integrado	
  por	
  diferentes	
   centros	
  de	
  
poder	
   político).	
   A	
   União	
   exerce	
   o	
   poder	
   político	
   central,	
   sendo	
   acompanhada	
   pelos	
   poderes	
   políticos	
  
regionais	
  (Estados)	
  e	
  locais	
  (Municípios).	
  
Porque	
   não	
   existe	
   hierarquia	
   entre	
   os	
   diversos	
   entes	
   federados	
   no	
   Brasil	
   (sua	
   relação	
   é	
  
caracterizada	
  pela	
  coordenação	
  tendo,	
  cada	
  um,	
  autonomia	
  política,	
  administrativa	
  e	
  financeira)	
  e	
  a	
  divisão	
  
entre	
  os	
   Poderes	
  do	
   Estado	
   (Legislativo,	
   Executivo	
   e	
   Judiciário)	
   é	
   flexível,	
   e	
   não	
   rígida	
   (realizando	
   todos,	
  
típica	
  ou	
  atipicamente,	
  a	
  função	
  administrativa),	
  há	
  Administrações	
  Públicas	
  autônomas	
  em	
  cada	
  um	
  dos	
  
entes	
  da	
  Federação,	
  em	
  todos	
  os	
  Poderes	
  do	
  Estado.	
  
Seja	
   qual	
   for	
   o	
   órgão	
   que	
   a	
   exerça.	
   A	
   atividade	
   administrativa	
   sempre	
   estará	
   sujeita	
   às	
   regras	
   e	
  
princípios	
  norteadores	
  do	
  Direito	
  Administrativo.	
  
	
  
• Elementos	
   do	
   Estado:	
   o	
   povo	
   (as	
   pessoas	
   que	
   compõe	
   a	
   pessoa	
   jurídica	
   Estado),	
   o	
  
território	
  (espaço	
  físico	
  onde	
  esse	
  povo	
  está	
  situado),	
  e	
  o	
  governo	
  soberano	
  (o	
  comando,	
  a	
  
direção	
  do	
  Estado).	
  
	
  
1.2.	
  Noções	
  de	
  Governo	
  
• Governo:	
  é	
  a	
  FUNÇÃO	
  POLÍTICAde	
  direção,	
  comando	
  e	
  de	
  fixação	
  de	
  planos	
  e	
  diretrizes	
  de	
  
atuação	
  do	
  Estado	
  (denominadas	
  políticas	
  públicas).	
  Representa	
  uma	
  atividade	
  política	
  de	
  
índole/natureza	
   discricionária.	
   Para	
   que	
   o	
   Estado	
   seja	
   independente,	
   é	
   preciso	
   que	
   o	
  
Governo	
  seja	
  soberano.	
  
ATENÇÃO:	
  A	
  noção	
  de	
  governo	
  não	
  se	
  confunde	
  com	
  a	
  Administração	
  Pública	
  (que	
  é	
  
a	
   execução	
   do	
   governo,	
   ou	
   seja,	
   o	
   aparelhamento	
   de	
   que	
   dispõe	
   o	
   Estado	
   para	
   a	
  
execução	
  das	
  políticas	
  públicas	
  de	
  governo).	
  
	
  
• Soberania:	
  significa	
  INDEPENDÊNCIA/AUTONOMIA	
  na	
  ordem	
  internacional	
  +	
  SUPREMACIA	
  
na	
  ordem	
  interna.	
  O	
  governo	
  brasileiro	
  é	
  soberano	
  porque	
  é	
  independente	
  externamente	
  
e	
  supremo	
  internamente.	
  	
  
	
  
• Forma	
   de	
   Governo:	
   é	
   o	
   modo	
   como	
   se	
   dá	
   a	
   instituição	
   e	
   a	
   transmissão	
   do	
   poder	
   na	
  
Sociedade.	
  
 
1	
  A	
  forma	
  federativa	
  de	
  Estado	
  constitui	
  cláusula	
  pétrea,	
  insuscetível	
  de	
  abolição.	
  
DIREITO	
  ADMINISTRATIVO	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
3	
  
 
Formas	
  de	
  Governo	
  
República	
   Monarquia	
  
Caracteriza-­‐se	
   pela	
   eletividade	
   e	
   pela	
  
temporalidade	
  dos	
  mandatos.	
  	
  
Responsabilidade	
  do	
  governante	
  (dever	
  de	
  prestar	
  
contas).	
  
Caracteriza-­‐se	
  pela	
  hereditariedade	
  e	
  vitaliciedade	
  
do	
  mandato.	
  
Irresponsabilidade	
   do	
   monarca	
   (ausência	
   de	
  
prestação	
  de	
  contas).	
  
	
  
• Sistema	
  de	
  Governo:	
  É	
  o	
  modo	
  como	
  se	
  dá	
  a	
  relação	
  entre	
  o	
  Poder	
  Legislativo	
  e	
  o	
  Poder	
  
Executivo	
   no	
   exercício	
   das	
   funções	
   governamentais.	
   A	
   depender	
   da	
   maior	
   ou	
   menor	
  
colaboração	
   entre	
   eles,	
   teremos	
   os	
   sistemas	
   de	
   governo	
   presidencialista	
   ou	
  
parlamentarista.	
  
	
  
Sistemas	
  de	
  Governo	
  
Presidencialista	
   Parlamentarista	
  
Predomina	
   o	
   princípio	
   da	
   divisão	
   de	
  
Poderes	
  (devem	
  ser	
  independentes	
  e	
  
harmônicos	
  entre	
  si).	
  
O	
  Presidente	
  acumula	
  as	
   funções	
  de	
  
Chefe	
   de	
   Estado	
   e	
   de	
   Chefe	
   de	
  
Governo.	
  
O	
   Presidente	
   cumpre	
   mandato	
   fixo,	
  
independente	
  da	
  confiança	
  do	
  Poder	
  
Legislativo.	
  
Ex:	
  Brasil	
  
Predomina	
   a	
   colaboração	
   entre	
   os	
   Poderes	
   Legislativo	
   e	
  
Executivo.	
  
O	
  Presidente/Monarca	
  é	
  Chefe	
  de	
  Estado.	
  O	
  Primeiro	
  Ministro	
  
ou	
  o	
  Conselho	
  de	
  Ministros	
  atuam	
  como	
  Chefe	
  de	
  Governo.	
  
Os	
  membros	
   do	
   governo	
   não	
   possuem	
  mandato	
   ou	
   investidura	
   por	
  
prazo	
  certo,	
  mas	
  sim	
  investidura	
  de	
  confiança:	
  
O	
  Primeiro	
  Ministro	
  é	
  indicado	
  pelo	
  Presidente	
  e	
  sua	
  permanência	
  na	
  função	
  
de	
  Chefe	
  de	
  Estado	
  depende	
  da	
  confiança	
  do	
  Parlamento.	
  Da	
  mesma	
  forma,	
  
se	
   o	
   Parlamento	
   perder	
   a	
   confiança	
   do	
   povo,	
   o	
   Primeiro	
   Ministro	
   pode	
  
dissolvê-­‐lo	
   e	
   convocar	
   eleições	
   extraordinárias	
   para	
   a	
   formação	
   de	
   outro	
  
Parlamento	
  que	
  lhe	
  dê	
  sustentação.	
  	
  
Ex.	
  Inglaterra.	
  
	
  
	
  
2.	
  Funções	
  dos	
  Poderes	
  do	
  Estado	
  	
  
Função	
  significa	
  exercer	
  uma	
  atividade	
  em	
  nome	
  ou	
  interesse	
  de	
  outrem.	
  	
  
Função	
   pública	
   é	
   a	
   atividade	
   exercida	
   em	
   nome	
   e	
   no	
   interesse	
   do	
   povo,	
   o	
   que	
   significa	
  
dizer	
  que	
  o	
  administrador	
  existe	
  para	
  representar	
  os	
  interesses	
  do	
  povo	
  (interesse	
  público).	
  	
  
Cada	
  Poder	
  do	
  Estado	
  realiza	
  uma	
  função	
  típica/precípua	
  para	
  a	
  qual	
  foi	
  criado,	
  e	
  também	
  
funções	
  atípicas,	
  que	
  materialmente	
  deveriam	
  pertencer	
  a	
  Poder	
  diverso.	
  As	
  linhas	
  definidoras	
  das	
  
funções	
  exercidas	
  pelos	
  Poderes	
  têm	
  caráter	
  político	
  e	
  figuram	
  na	
  Constituição.	
  
São	
   dois	
   os	
   critérios	
   utilizados	
   para	
   caracterizar	
   as	
   funções	
   do	
   Estado:	
   orgânico	
   (ou	
  
subjetivo)	
  e	
  material	
  (objetivo).	
  O	
  primeiro	
  procura	
  identificar	
  a	
  função	
  através	
  de	
  quem	
  a	
  produz.	
  
O	
  segundo,	
  por	
  seu	
  turno,	
  toma	
  em	
  conta	
  a	
  atividade,	
  ou	
  seja,	
  um	
  dado	
  objeto.	
  
O	
  critério	
  objetivo	
  subdivide-­‐se	
  em	
  objetivo-­‐material	
  e	
  objetivo-­‐formal.	
  O	
  primeiro	
  busca	
  
reconhecer	
  a	
  função	
  a	
  partir	
  de	
  elementos	
  intrínsecos	
  a	
  ela.	
  Já	
  o	
  critério	
  objetivo-­‐formal	
  se	
  apega	
  
essencialmente	
  em	
  características	
  “de	
  direito”	
  (regime	
  jurídico)	
  da	
  atividade.	
  
Para	
  Celso	
  Antônio,	
  o	
  critério	
  adequado	
  para	
   identificar	
  as	
  funções	
  do	
  Estado	
  é	
  o	
  critério	
  
formal,	
  chegando	
  à	
  seguinte	
  conclusão:	
  os	
  três	
  poderes	
  são:	
  
DIREITO	
  ADMINISTRATIVO	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
4	
  
 
a. Poder	
   Judiciário:	
   sua	
   função	
   típica	
   é	
   a	
   JURISDICIONAL	
   (aplicar	
   coativamente	
   o	
  
ordenamento	
   jurídico	
   para	
   solucionar	
   lides).	
   Suas	
   funções	
   atípicas	
   são	
   administrativa	
  
(quando	
  realiza	
  concurso)	
  e	
  legislativa	
  (elaboração	
  de	
  regimento	
  interno	
  dos	
  tribunais).	
  
LEGISLATIVA:	
  
Art.	
  96	
  da	
  CF.	
  Compete	
  privativamente:	
  
I	
  -­‐	
  aos	
  tribunais:	
  
a)	
  eleger	
   seus	
  órgãos	
  diretivos	
  e	
  elaborar	
   seus	
   regimentos	
   internos,	
   com	
  observância	
  das	
  normas	
  de	
  
processo	
  e	
  das	
  garantias	
  processuais	
  das	
  partes,	
  dispondo	
  sobre	
  a	
  competência	
  e	
  o	
  funcionamento	
  dos	
  
respectivos	
  órgãos	
  jurisdicionais	
  e	
  administrativos;	
  
	
  
ADMINISTRATIVA:	
  
Art.	
  96	
  da	
  CF.	
  Compete	
  privativamente:	
  
I	
  -­‐	
  aos	
  tribunais:	
  
a)	
  eleger	
   seus	
  órgãos	
  diretivos	
  e	
  elaborar	
   seus	
   regimentos	
   internos,	
   com	
  observância	
  das	
  normas	
  de	
  
processo	
  e	
  das	
  garantias	
  processuais	
  das	
  partes,	
  dispondo	
  sobre	
  a	
  competência	
  e	
  o	
  funcionamento	
  dos	
  
respectivos	
  órgãos	
  jurisdicionais	
  e	
  administrativos;	
  
b)	
  organizar	
   suas	
   secretarias	
   e	
   serviços	
   auxiliares	
   e	
   os	
   dos	
   juízos	
   que	
   lhes	
   forem	
   vinculados,	
   velando	
  
pelo	
  exercício	
  da	
  atividadecorreicional	
  respectiva;	
  
c)	
  prover,	
  na	
  forma	
  prevista	
  nesta	
  Constituição,	
  os	
  cargos	
  de	
  juiz	
  de	
  carreira	
  da	
  respectiva	
  jurisdição;	
  
II	
   -­‐	
   ao	
  Supremo	
  Tribunal	
  Federal,	
  aos	
  Tribunais	
  Superiores	
  e	
  aos	
  Tribunais	
  de	
   Justiça	
  propor	
  ao	
  Poder	
  
Legislativo	
  respectivo,	
  observado	
  o	
  disposto	
  no	
  art.	
  169:	
  
a)	
  a	
  alteração	
  do	
  número	
  de	
  membros	
  dos	
  tribunais	
  inferiores;	
  
b)	
  a	
  criação	
  e	
  a	
  extinção	
  de	
  cargos	
  e	
  a	
  remuneração	
  dos	
  seus	
  serviços	
  auxiliares	
  e	
  dos	
   juízos	
  que	
   lhes	
  
forem	
  vinculados,	
  bem	
  como	
  a	
  fixação	
  do	
  subsídio	
  de	
  seus	
  membros	
  e	
  dos	
  juízes,	
  inclusive	
  dos	
  tribunais	
  
inferiores,	
  onde	
  houver;	
  
	
  
OBS:	
  O	
  princípio	
  da	
  motivação	
  é	
  implícito	
  na	
  Constituição	
  e	
  expresso	
  na	
  lei	
  9.784,	
  no	
  que	
  diz	
  respeito	
  à	
  
Administração	
  Pública.	
  Já	
  no	
  que	
  diz	
  respeito	
  à	
  atividade	
  administrativa	
  realizada	
  pelo	
  Poder	
  Judiciário,	
  
ele	
  é	
  expresso	
  na	
  Constituição:	
  
	
  
Art.	
  93,	
  X	
  da	
  CF.	
  As	
  decisões	
  administrativas	
  dos	
  tribunais	
  serão	
  motivadas	
  e	
  em	
  sessão	
  pública,	
  sendo	
  
as	
  disciplinares	
  tomadas	
  pelo	
  voto	
  da	
  maioria	
  absoluta	
  de	
  seus	
  membros;	
  
	
   	
  
A	
   função	
   jurisdicional	
   é	
   uma	
   função	
   CONCRETA,	
   em	
   regra	
   (o	
   controle	
   de	
  
constitucionalidade,	
  que	
  tem	
  efeitos	
  erga	
  omnes,	
  é	
  uma	
  exceção2),	
  e	
  INDIRETA,	
  eis	
  que	
  depende	
  
de	
  provocação.	
  A	
  função	
  jurisdicional	
  é	
  a	
  única	
  que	
  produz	
  a	
  INTANGIBILIDADE	
  ou	
  imutabilidade	
  
jurídica,	
  pelos	
  efeitos	
  da	
  coisa	
  julgada.	
  
Obs:	
  Eu	
  entendo	
  que	
  a	
  função	
  jurisdicional	
  também	
  tem	
  o	
  poder	
  de	
  inovar	
  a	
  ordem	
  jurídica,	
  
ao	
  criar	
  as	
  normas	
  jurídicas	
  gerais	
  e	
  individualizadas.	
  
	
  
b. Poder	
  Legislativo:	
  sua	
  função	
  típica	
  é	
  LEGIFERANTE,	
  ou	
  seja,	
  legislar.	
  Alguns	
  doutrinadores	
  
apontam	
  como	
  função	
  típica	
  do	
  Legislativo,	
  a	
  função	
  de	
  fiscalizar	
  (por	
  meio	
  das	
  CPI’s	
  e	
  dos	
  
Tribunais	
  de	
  Contas),	
  mas	
  esse	
  não	
  é	
  o	
  entendimento	
  majoritário.	
  O	
  Poder	
  Legislativo	
  tem	
  
como	
   funções	
   atípicas:	
   jurisdicional	
   (quando	
   julga	
   o	
   Presidente	
   da	
   República,	
   v.g.),	
   e	
  
administrativa	
   (quando	
   organiza	
   seus	
   serviços	
   internos	
   fazendo	
   licitação	
   para	
   comprar	
  
computadores).	
  
JURISDICIONAL:	
  	
  
Art.	
  52	
  da	
  CF.	
  Compete	
  privativamente	
  ao	
  Senado	
  Federal:	
  
I	
  -­‐	
  processar	
  e	
  julgar	
  o	
  Presidente	
  e	
  o	
  Vice-­‐Presidente	
  da	
  República	
  nos	
  crimes	
  de	
  responsabilidade,	
  bem	
  
como	
  os	
  Ministros	
  de	
  Estado	
  e	
  os	
  Comandantes	
  da	
  Marinha,	
  do	
  Exército	
  e	
  da	
  Aeronáutica	
  nos	
  crimes	
  da	
  
mesma	
  natureza	
  conexos	
  com	
  aqueles;	
  	
  
II	
  processar	
  e	
   julgar	
  os	
  Ministros	
  do	
  Supremo	
  Tribunal	
  Federal,	
  os	
  membros	
  do	
  Conselho	
  Nacional	
  de	
  
Justiça	
  e	
  do	
  Conselho	
  Nacional	
  do	
  Ministério	
  Público,	
  o	
  Procurador-­‐Geral	
  da	
  República	
  e	
  o	
  Advogado-­‐
Geral	
  da	
  União	
  nos	
  crimes	
  de	
  responsabilidade;	
  
	
  
 
2	
   Na	
   verdade,	
   segundo	
   Didier,	
   ainda	
   na	
   ADI	
   a	
   atividade	
   é	
   concreta,	
   pois	
   há	
   a	
   submissão	
   de	
   uma	
   norma	
   específica	
   para	
   análise	
   de	
   sua	
  
constitucionalidade	
  (não	
  é	
  feita	
  a	
  análise	
  abstratamente,	
  de	
  todas	
  as	
  normas).	
  
DIREITO	
  ADMINISTRATIVO	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
5	
  
 
ADMINISTRATIVA:	
  	
  
Art.	
  51	
  da	
  CF.	
  Compete	
  privativamente	
  à	
  Câmara	
  dos	
  Deputados:	
  
IV	
   -­‐	
   dispor	
   sobre	
   sua	
   organização,	
   funcionamento,	
   polícia,	
   criação,	
   transformação	
   ou	
   extinção	
   dos	
  
cargos,	
   empregos	
   e	
   funções	
   de	
   seus	
   serviços,	
   e	
   a	
   iniciativa	
   de	
   lei	
   para	
   fixação	
   da	
   respectiva	
  
remuneração,	
  observados	
  os	
  parâmetros	
  estabelecidos	
  na	
  lei	
  de	
  diretrizes	
  orçamentárias;	
  
Art.	
  52	
  da	
  CF.	
  Compete	
  privativamente	
  ao	
  Senado	
  Federal:	
  
XIII	
   -­‐	
   dispor	
   sobre	
   sua	
   organização,	
   funcionamento,	
   polícia,	
   criação,	
   transformação	
   ou	
   extinção	
   dos	
  
cargos,	
   empregos	
   e	
   funções	
   de	
   seus	
   serviços,	
   e	
   a	
   iniciativa	
   de	
   lei	
   para	
   fixação	
   da	
   respectiva	
  
remuneração,	
  observados	
  os	
  parâmetros	
  estabelecidos	
  na	
  lei	
  de	
  diretrizes	
  orçamentárias;	
  
	
  
A	
   função	
   legislativa	
  é	
  ABSTRATA,	
  em	
  regra	
   (temos	
   leis	
  de	
  efeitos	
  concretos,	
  em	
  exceção,	
  
como	
  exemplo	
  da	
  lei	
  que	
  desapropria	
  um	
  imóvel),	
  DIRETA	
  (realizada	
  sem	
  provocação),	
  GERAL	
  (é	
  
aplicável	
  erga	
  omnes),	
  e	
  tem	
  o	
  poder	
  de	
  INOVAR	
  o	
  Ordenamento	
  Jurídico.	
  
c. Poder	
  Executivo:	
   sua	
   função	
   típica	
  é	
  a	
  ADMINISTRATIVA.	
  Atipicamente,	
  o	
  Poder	
  Público	
  
realiza	
   função	
   legislativa	
   (quando	
   o	
   Presidente	
   edita	
   uma	
   medida	
   provisória),	
   havendo	
  
controvérsia	
   quanto	
   à	
   realização	
   da	
   função	
   jurisdicional	
   (já	
   que	
   suas	
   decisões	
   não	
   são	
  
aptas	
  à	
  definitividade).	
  
LEGISLATIVA:	
  
Art.	
  84	
  do	
  CF.	
  Compete	
  privativamente	
  ao	
  Presidente	
  da	
  República:	
  
IV	
  -­‐	
  sancionar,	
  promulgar	
  e	
  fazer	
  publicar	
  as	
  leis,	
  bem	
  como	
  expedir	
  decretos	
  e	
  regulamentos	
  para	
  sua	
  
fiel	
  execução;	
  
Art.	
   62	
   do	
   CF.	
   Em	
   caso	
   de	
   relevância	
   e	
   urgência,	
   o	
   Presidente	
   da	
   República	
   poderá	
   adotar	
   medidas	
  
provisórias,	
  com	
  força	
  de	
  lei,	
  devendo	
  submetê-­‐las	
  de	
  imediato	
  ao	
  Congresso	
  Nacional.	
  
	
  
José	
  Carvalho	
  dos	
  Santos	
  Filho	
  pontua	
  que	
  o	
  sistema	
  constitucional	
  pátrio	
  vigente	
  não	
  deu	
  
margem	
  a	
  que	
  pudesse	
  ser	
  exercida	
  a	
  função	
  jurisdicional	
  pelo	
  Poder	
  Executivo	
  (porque,	
  quando	
  
este	
  decide	
  conflitos,	
  o	
  faz	
  sem	
  cunho	
  de	
  definitividade,	
  que	
  caracteriza	
  a	
  função	
  jurisdicional).	
  	
  
João	
   Paulo,	
   contudo,	
   disse	
   que	
   a	
   doutrina	
   majoritária	
   entende	
   que	
   o	
   Poder	
   Executivo	
  
exerce,atipicamente,	
  a	
   função	
  de	
   julgar,	
   apesar	
  de	
  não	
   ser	
   jurisdição	
   (aplicar	
  normas	
  gerais	
  ao	
  
caso	
  concreto).	
  	
  
	
  
3.	
  Objeto	
  do	
  direito	
  administrativo	
  
	
   O	
   objeto	
   do	
   direito	
   administrativo	
   abrange	
   todas	
   as	
   relações	
   internas	
   da	
   Administração	
  
Pública,	
  todas	
  as	
  relações	
  entre	
  a	
  administração	
  e	
  os	
  administrados,	
  regidas	
  predominantemente	
  
pelo	
  direito	
  público	
  ou	
  pelo	
  direito	
  privado,	
  bem	
  como	
  atividades	
  de	
  Administração	
  Pública	
  em	
  
sentido	
  material	
  exercidas	
  por	
  particulares	
  sob	
  regime	
  de	
  direito	
  público,	
  a	
  exemplo	
  da	
  prestação	
  
de	
  serviços	
  públicos	
  mediante	
  contratos	
  de	
  concessão	
  e	
  permissão.	
  
	
  
3.1.	
  Função/Atividade	
  Administrativa	
  
Vários	
  critérios	
  foram	
  utilizados	
  pelos	
  estudiosos	
  para	
  conceituar	
  a	
  função	
  administrativa,	
  
mas	
   nenhum	
   deles	
   é	
   suficiente,	
   isoladamente.	
   Unindo	
   a	
   conceituação	
   oferecida	
   por	
   esses	
  
critérios,	
  José	
  dos	
  Santos	
  Carvalho	
  Filho	
  assim	
  conceitua	
  a	
  função	
  administrativa:	
  
Função	
   administrativa	
   é	
   aquela	
   exercida	
   pelo	
   Estado	
   ou	
   por	
   seus	
   delegados	
   (critério	
  
subjetivo	
   ou	
   orgânico,	
   que	
   realça	
   o	
   sujeito	
   ou	
   agente	
   da	
   função),	
   subjacentemente	
   à	
   ordem	
  
constitucional	
   e	
   legal,	
   sob	
   o	
   regime	
   de	
   direito	
   público	
   (critério	
   objetivo	
   formal,	
   que	
   explica	
   a	
  
função	
   pelo	
   regime	
   jurídico	
   em	
   que	
   se	
   situa	
   sua	
   disciplina),	
   com	
   vistas	
   a	
   alcançar	
   os	
   fins	
  
colimados	
   pela	
   ordem	
   jurídica	
   (critério	
  objetivo	
  material,	
   pelo	
   qual	
   se	
   examina	
   o	
   conteúdo	
   da	
  
atividade).	
  
DIREITO	
  ADMINISTRATIVO	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
6	
  
 
José	
  Carvalho	
  define	
  a	
  função	
  administrativa	
  pelo	
  caráter	
  residual	
  (ou	
  negativo):	
  onde	
  não	
  
há	
   criação	
   de	
   direito	
   novo	
   (legislativa)	
   ou	
   solução	
   de	
   conflitos	
   de	
   interesses	
   (judicial),	
   a	
   função	
  
exercida,	
  sob	
  o	
  aspecto	
  material,	
  será	
  a	
  administrativa	
  !	
  gestão	
  de	
  interesses	
  coletivos.	
  
A	
  função	
  administrativa	
  é	
  CONCRETA	
  (tem	
  destinatário	
  certo),	
  DIRETA	
  (porque	
  não	
  precisa	
  
de	
  provocação),	
  GERAL	
  (tem	
  eficácia	
  erga	
  omnes),	
  NÃO	
  INOVA	
  o	
  ordenamento	
  jurídico	
  (a	
  medida	
  
provisória,	
  que	
  inova	
  o	
  ordenamento	
  jurídico,	
  constitui	
  uma	
  exceção)	
  e	
  é	
  REVISÍVEL	
  (não	
  produz	
  
intangibilidade	
  jurídica).	
  
Todos	
   os	
   Poderes	
   da	
   República	
   exercem	
   a	
   função	
   administrativa,	
  mas	
   somente	
   o	
   Poder	
  
Executivo	
  o	
  faz	
  tipicamente.	
  
OBS:	
   Coisa	
   julgada	
   administrativa	
   é	
   a	
   impossibilidade	
   de	
   mudança	
   da	
   decisão	
   na	
   via	
   administrativa	
  
quando	
  não	
  couber	
  mais	
  recurso	
  administrativo.	
  Só	
  produz	
  a	
  intangibilidade	
  administrativamente.	
  Nada	
  
impede	
  que	
  esta	
  decisão	
  seja	
  revista	
  e	
  modificada	
  pelo	
  Poder	
  Judiciário,	
  já	
  que	
  adotamos	
  o	
  sistema	
  de	
  
controle	
  da	
  Jurisdição	
  Única.	
  
	
  
3.2.	
  Função	
  de	
  governo/função	
  política	
  (Celso	
  Antonio	
  Bandeira	
  de	
  Melo).	
  
Segundo	
   Celso	
   Antônio	
   Bandeira	
   de	
   Melo,	
   alguns	
   atos	
   não	
   se	
   enquadram	
   nas	
   funções	
  
clássicas	
   do	
   Estado	
   (de	
   legislar,	
   administrar	
   ou	
   julgar),	
   mas	
   em	
   uma	
   quarta	
   função	
   do	
   Estado,	
  
denominada	
  FUNÇÃO	
  POLÍTICA	
  ou	
  FUNÇÃO	
  DE	
  GOVERNO.	
  	
  
Ex.:	
   veto	
  administrativo,	
  decretação	
  de	
  guerra,	
   celebração	
  de	
  paz,	
   estado	
  de	
  defesa	
  e	
  estado	
  de	
   sítio	
  
(fogem	
  das	
  atividades	
  do	
  dia-­‐a-­‐dia).	
  
A	
   função	
   de	
   governo,	
   de	
   cunho	
   político,	
   traduz	
   a	
   atividade	
   de	
   elaboração	
   de	
   políticas	
  
públicas,	
   de	
   determinação	
   das	
   diretrizes	
   de	
   atuação	
   da	
   Administração	
   Pública,	
   e	
   não	
   a	
   mera	
  
execução	
  dessas	
  diretrizes	
  e	
  políticas.	
  A	
  função	
  política	
  de	
  governo	
  não	
  constitui	
  objeto	
  de	
  estudo	
  
do	
  direito	
  administrativo.	
  
O	
   autor	
   destaca	
   que	
   tais	
   atividades	
   diferem	
   da	
   função	
   executiva	
   sob	
   o	
   ponto	
   de	
   vista	
  
material	
   (pois	
  fogem	
  da	
  gestão	
  rotineira	
  dos	
  assuntos	
  da	
  sociedade),	
  bem	
  como	
  sob	
  o	
  ponto	
  de	
  
vista	
   formal	
   (por	
   não	
   estarem	
   em	
   pauta	
   comportamentos	
   infralegais	
   ou	
   infraconstitucionais	
  
expedidos	
   na	
   intimidade	
   de	
   uma	
   relação	
   hierárquica,	
   suscetíveis	
   de	
   revisão	
   quanto	
   à	
  
legitimidade).	
  
A	
  função	
  administrativa	
  não	
  se	
  confunde	
  com	
  função	
  política,	
  porque	
  está	
  sujeita	
  a	
  regras	
  
jurídicas	
  superiores,	
  enquanto	
  a	
  função	
  política	
  não	
  apresenta	
  subordinação	
  jurídica	
  direta.	
  
QUESTÃO:	
  Quando	
  um	
  Presidente	
  da	
  República	
  sanciona	
  ou	
  veta	
  um	
  projeto	
  de	
  Lei,	
  que	
  função	
  ele	
  
está	
  realizando?	
  Função	
  de	
  governo.	
  
	
   Segundo	
  Dirley	
   da	
   Cunha,	
   as	
   funções	
   de	
   governo	
   são	
   aquelas	
   que	
   se	
   relacionam	
   com	
   a	
  
superior	
  gestão	
  da	
  vida	
  política	
  do	
  Estado	
  e	
  indispensáveis	
  à	
  sua	
  própria	
  existência.	
  
	
  
4.	
  Direito	
  Administrativo	
  dentro	
  do	
  sistema	
  
Para	
  fins	
  didáticos,	
  o	
  direito	
  foi	
  subdividido	
  em	
  vários	
  ramos.	
  	
  
• Direito	
  Privado:	
  Ramo	
  do	
  direito	
  que	
  tem	
  por	
  escopo	
  principal	
  a	
  regulação	
  dos	
  interesses	
  
particulares,	
   como	
   forma	
   de	
   possibilitar	
   o	
   convívio	
   das	
   pessoas	
   em	
   sociedade	
   e	
   uma	
  
harmoniosa	
   fruição	
   de	
   seus	
   bens.	
   Característica:	
   igualdade	
   entre	
   administrados	
   e	
  
administrador.	
  
O	
   Direito	
   Privado	
   se	
   preocupa	
   com	
   os	
   interesses	
   dos	
   particulares	
   e	
   com	
   a	
   atuação	
   do	
  
Estado	
  no	
  âmbito	
  privado.	
  
DIREITO	
  ADMINISTRATIVO	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
7	
  
 
• Direito	
  Público:	
  Ramo	
  do	
  direito	
  que	
  tem	
  por	
  objetivo	
  principal	
  a	
  regulação	
  dos	
  interesses	
  
da	
  sociedade	
  como	
  um	
  todo,	
  a	
  disciplina	
  das	
  relações	
  entre	
  esta	
  e	
  o	
  Estado	
  e	
  das	
  relaçõesdas	
   entidades	
   e	
   órgãos	
   estatais	
   entre	
   si.	
   Tutela	
   o	
   interesse	
   público,	
   só	
   alcançando	
   os	
  
interesses	
   particulares	
   de	
   forma	
   indireta	
   ou	
   reflexa.	
   Característica:	
   desigualdade	
   entre	
  
administrados	
  e	
  administrador.	
  
O	
  Direito	
  Público	
  se	
  preocupa	
  com	
  a	
  atuação	
  do	
  Estado	
  na	
  satisfação	
  do	
  interesse	
  público.	
  
Dentro	
  do	
  Direito	
  Público	
  encontram-­‐se	
  Direito	
  Penal,	
  Administrativo,	
  Tributário	
  etc.	
  
	
   Não	
  é	
  possível	
  o	
  total	
  afastamento	
  das	
  normas	
  de	
  direito	
  público	
  na	
  atuação	
  do	
  Estado.	
  
	
  
QUESTÃO:	
  Regra/norma	
  de	
  direito	
  público	
  é	
  sinônimo	
  de	
  regra	
  de	
  ordem	
  pública?	
  
Não,	
   regras	
   de	
   ordem	
  pública	
   são	
   aquelas	
   que	
   não	
   podem	
   ser	
   afastadas,	
  modificadas	
   pela	
  
vontade	
   das	
   partes,	
   por	
   serem	
   cogentes.	
   Elas	
   se	
   encontram	
   tanto	
   em	
   ramos	
   do	
   direito	
  
público	
   como	
   privado.	
   Ex:	
   são	
   de	
   ordem	
   públicas	
   as	
   regras	
   referentes	
   ao	
   pagamento	
   de	
  
imposto,	
   ao	
   concurso	
   (direito	
   público)	
   e	
   normas	
   relacionadas	
   à	
   capacidade	
   civil	
   e	
  
impedimentos	
  para	
  o	
  casamento	
  (direito	
  privado).	
  
Por	
   isso,	
  “regra	
  de	
  ordem	
  pública”	
  tem	
  conceito	
  mais	
  amplo	
  que	
  “regra	
  de	
  direito	
  público”,	
  
abrangendo-­‐a	
  (se	
  caísse	
  na	
  prova	
  “regra	
  de	
  direito	
  público	
  é	
  de	
  ordem	
  pública”,	
  estaria	
  certo)	
  
e	
  com	
  ela	
  não	
  se	
  confundindo.	
  
	
   O	
  Direito	
  Administrativo	
  é	
  um	
  ramo	
  do	
  direito	
   interno,	
  que	
  se	
  preocupa	
  com	
  as	
  relações	
  
dentro	
   do	
   território	
   nacional.	
   O	
   Direito	
   internacional	
   tem	
   como	
   objeto	
   as	
   relações	
   entre	
   as	
  
pessoas	
  estrangeiras.	
  
	
  
4.1.	
  Direito	
  Administrativo	
  nas	
  entidades	
  da	
  Federação	
  
A	
   federação	
   é	
   uma	
   forma	
   de	
   Estado	
   que	
   permite	
   a	
   conjugação	
   das	
   vantagens	
   da	
  
autonomia	
  política	
   com	
  as	
  defluentes	
  da	
  existência	
  de	
  um	
  poder	
   central.	
  No	
  Brasil	
   adotamos	
  o	
  
federalismo	
  centrífugo	
  (por	
  segregação).	
  	
  
São	
  entes	
  da	
  federação	
  brasileira:	
  União,	
  Estados,	
  Municípios	
  e	
  DF.	
   	
  
Territórios	
  
Os	
  territórios	
  não	
  fazem	
  parte	
  da	
  federação	
  nem	
  possuem	
  autonomia	
  política.	
  Apesar	
  disso,	
  
são	
   pessoas	
   jurídicas	
   de	
   direito	
   público.	
   São	
   pessoas	
   administrativas	
   descentralizadas	
   (para	
  
alguns	
   com	
   natureza	
   de	
   autarquia	
   territorial),	
   integrantes	
   da	
   União	
   e	
   reguladas	
   por	
   lei	
  
complementar	
  federal.	
  
Art.	
  18,	
  §	
  2º	
  da	
  CF	
  -­‐	
  Os	
  Territórios	
  Federais	
  integram	
  a	
  União,	
  e	
  sua	
  criação,	
  transformação	
  em	
  Estado	
  ou	
  
reintegração	
  ao	
  Estado	
  de	
  origem	
  serão	
  reguladas	
  em	
  lei	
  complementar.	
  	
  
	
  
As	
  principais	
  características	
  da	
  federação	
  são:	
  	
  
a. Sistema	
   de	
   repartição	
   de	
   competências:	
   com	
   base	
   no	
   qual	
   se	
   dimensiona	
   o	
   poder	
  
político	
  dos	
  entes	
  federativos.	
  
b. Participação	
  da	
  vontade	
  dos	
  Estados	
  na	
  vontade	
  nacional:	
  por	
  meio	
  da	
  representação	
  
do	
  Senado.	
  
c. Poder	
   de	
   Auto-­‐Constituição:	
   para	
   os	
   Estados.	
   Os	
   Municípios	
   podem	
   fazer	
   sua	
   lei	
  
orgânica.	
  Todos	
  têm	
  que	
  seguir	
  o	
  princípio	
  da	
  simetria	
  com	
  a	
  Constituição	
  Federal.	
  
d. Descentralização	
  política:	
  com	
  criação	
  de	
  outros	
  círculos	
  de	
  poder	
  além	
  do	
  central.	
  Ela	
  
gera	
   a	
   AUTONOMIA	
   dos	
   entes	
   que	
   a	
   compõem.	
   Autonomia	
   envolve	
   as	
   seguintes	
  
capacidades:	
  
DIREITO	
  ADMINISTRATIVO	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
8	
  
 
" Auto-­‐organização:	
  pode	
  cada	
  entidade	
  criar	
  seu	
  próprio	
  diploma	
  constitutivo.	
  
" Autogoverno:	
  pode	
  cada	
  entidade	
  organizar	
  seu	
  governo	
  e	
  eleger	
  seus	
  dirigentes.	
  
" Auto-­‐administração:	
  pode	
  cada	
  entidade	
  organizar	
  seus	
  próprios	
  serviços.	
  
	
   Dotadas	
   de	
   autonomia	
   e,	
   pois,	
   de	
   capacidade	
   de	
   auto-­‐administração,	
   as	
   entidades	
  
federativas	
  terão,	
  por	
  via	
  de	
  conseqüência,	
  as	
  suas	
  próprias	
  Administrações,	
  ou	
  seja,	
  sua	
  própria	
  
organização	
  e	
  seus	
  próprios	
  serviços,	
  inconfundíveis	
  com	
  as	
  outras	
  entidades.	
  
	
  
5.	
  Conceito	
  de	
  Direito	
  Administrativo	
   	
  
Como	
   a	
   definição	
   do	
   objeto	
   do	
   direito	
   administrativo	
   é	
   assunto	
   difícil,	
   diversas	
   teorias	
  
surgiram	
  para	
  explicar	
  seu	
  conceito:	
  
a. Teoria	
  Legalista	
  ou	
  Exegética	
  –	
  O	
  direito	
  administrativo	
  representaria	
  um	
  estudo	
  de	
  lei,	
  
para	
   verificar	
   o	
   que	
   determinado	
   em	
   lei.	
   Essa	
   foi	
   uma	
   das	
   primeiras	
   teorias	
   criadas.	
  
Essa	
  teoria	
  não	
  prosperou	
  no	
  Brasil,	
  pois	
  sabemos	
  que	
  o	
  direito	
  administrativo	
  abarca,	
  
além	
  da	
  lei,	
  a	
  análise	
  de	
  princípios.	
  
A	
  idéia	
  de	
  que	
  o	
  direito	
  não	
  se	
  funda	
  apenas	
  em	
  lei,	
  mas	
  também	
  em	
  princípios,	
  deu	
  
margem	
  ao	
  surgimento	
  das	
  Teorias	
  seguintes.	
  
	
  
b. Escola	
   do	
   Serviço	
   Público	
   –	
   Foi	
   criada	
   após	
   afastada	
   a	
   teoria	
   legalista.	
   O	
   direito	
  
administrativo	
  teria	
  como	
  objeto	
  o	
  estudo	
  do	
  serviço	
  público.	
  O	
  problema	
  dessa	
  teoria	
  
estava	
   em	
   sua	
   conceituação	
   de	
   serviço	
   público:	
   para	
   essa	
   Escola,	
   serviço	
   público	
  
representaria	
  toda	
  atuação	
  do	
  Estado.	
  	
  
Essa	
   teoria	
   não	
   foi	
   adotada	
   pelo	
   Brasil	
   por	
   ser	
   ampla	
   demais.	
   Claro	
   que	
   o	
   direito	
  
administrativo	
  não	
  estuda	
  tudo	
  que	
  é	
  feito	
  pelo	
  Estado,	
  senão	
  esvaziaria	
  os	
  demais	
  
ramos	
  do	
  Direito	
  Público	
  (tributário,	
  constitucional,	
  penal	
  etc.).	
  
	
  
c. Critério	
   do	
   Poder	
   Executivo	
   –	
   Segundo	
   esse	
   critério,	
   o	
   Direito	
   Administrativo	
   se	
  
preocuparia	
   com	
   a	
   atuação	
   do	
   Poder	
   Executivo,	
   não	
   se	
   ocupando	
   de	
   qualquer	
   coisa	
  
feita	
  pelo	
  Poder	
  Legislativo	
  ou	
  pelo	
  Poder	
  Judiciário.	
  	
  
Esse	
  critério	
  é	
  muito	
  restrito.	
  Ele	
  não	
  serveao	
  sistema	
  brasileiro,	
  pois	
  ouvida	
  que	
  os	
  
demais	
  Poderes,	
  e	
  até	
  particulares	
  (a	
  exemplo	
  dos	
  concessionários	
  e	
  permissionários	
  
de	
   serviço	
   público),	
   também	
   realizam	
   a	
   atividade	
   administrativa.	
   O	
   direito	
  
administrativo	
  estuda	
  a	
  atividade	
  administrativa,	
   independentemente	
  do	
  Poder	
  que	
  
a	
  exerça3.	
  
Esse	
  é	
  o	
  critério	
  que	
  mais	
  aparece	
  em	
  prova!	
  	
  	
  
	
  
d. Critério	
  das	
  Relações	
  Jurídicas	
  –	
  O	
  direito	
  administrativo	
  se	
  preocuparia	
  com	
  todas	
  as	
  
relações	
  jurídicas	
  estabelecidas	
  entre	
  o	
  Estado	
  e	
  seus	
  administrados.	
  	
  
Esse	
   critério	
   é	
   amplo	
   demais:	
   Existem	
   relações	
   travadas	
   pelo	
   Estado	
   em	
   regime	
   de	
   direito	
  
privado	
  (ex:	
  as	
  relações	
  jurídicas	
  do	
  Estado	
  na	
  indústria	
  e	
  no	
  comércio	
  não	
  são	
  reguladas	
  pelo	
  
direito	
  administrativo).	
  
Além	
   disso,	
   se	
   o	
   direito	
   administrativo	
   tratar	
   de	
   todas	
   as	
   relações	
   travadas	
   pelo	
   Estado,	
  
esvaziará	
  os	
  demais	
  ramos	
  do	
  Direito	
  Público.	
  
 
3	
  Exemplo:	
  quando	
  o	
  Poder	
  Judiciário	
  realiza	
  concurso	
  público;	
  quando	
  o	
  Congresso	
  Nacional	
  faz	
  licitação	
  para	
  comprar	
  papel	
  e	
  caneta.	
  
DIREITO	
  ADMINISTRATIVO	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
9	
  
 
Por	
  fim,	
  esse	
  critério	
  é	
  amplo	
  em	
  razão	
  de	
  que	
  nem	
  toda	
  atuação	
  do	
  Estado	
  será	
  pautada	
  em	
  
relação	
   jurídica.	
   Existem	
   pontos/temas	
   do	
   direito	
   administrativo	
   que	
   não	
   geram	
   relações	
  
jurídicas.	
  	
  
	
  
e. Critério	
  Teleológico	
  –	
  O	
  direito	
  administrativo	
  seria	
  um	
  conjunto	
  de	
  regras	
  e	
  princípios.	
  
Esse	
   critério	
   foi	
   ADOTADO	
   pelo	
   Brasil,	
   mas	
   não	
   é	
   completo,	
   pois	
   insuficiente	
   à	
  
delimitação	
  do	
  objeto	
  do	
  direito	
  administrativo.	
  	
  
QUESTÃO:	
   O	
   critério	
   teleológico	
   foi	
   acolhido	
   pela	
   doutrina	
   brasileira.	
   Verdade,	
   só	
   que	
   ele	
   não	
   é	
  
completo.	
  
	
  
f. Critério	
  Residual	
  ou	
  Negativo	
  –	
  Foi	
  desenvolvido	
  com	
  o	
  intuito	
  de	
  completar	
  o	
  critério	
  
teleológico.	
   A	
   definição	
   do	
   direito	
   administrativo	
   é	
   feita	
   por	
   exclusão:	
   retirando	
   as	
  
funções	
   jurisdicional	
   e	
   legislativa	
   do	
   Estado,	
   o	
   que	
   sobrar	
   seria	
   o	
   objeto	
   do	
   Direito	
  
Administrativo.	
  Essa	
  teoria	
  foi	
  ADOTADA	
  pelo	
  Brasil.	
  
De	
  fato,	
  a	
  exclusão	
  acontece	
  na	
  definição	
  do	
  direito	
  administrativo,	
  pois	
  não	
  estuda	
  
as	
  funções	
  legislativa	
  e	
  jurisdicional.	
  Por	
  isso,	
  essa	
  teoria	
  foi	
  ACEITA	
  pelo	
  Brasil,	
  mas	
  
ainda	
  foi	
  considerada	
  incompleta.	
  	
  
Até	
  hoje,	
  como	
  nossa	
  doutrina	
  ainda	
  não	
  conseguiu	
  definir	
  de	
  forma	
  adequada	
  o	
  que	
  
é	
  atividade	
  administrativa,	
  normalmente	
  a	
  define	
  por	
  exclusão.	
  
Essa	
  teoria	
  é	
  cobrada	
  em	
  provas.	
  
	
  
g. Critério	
   de	
   Distinção	
   –	
   Procura	
   distinguir	
   a	
   atividade	
   jurídica	
   da	
   atividade	
   social	
   do	
  
Estado,	
  uma	
  vez	
  que	
  o	
  direito	
  administrativo	
  não	
  visa	
  estudar	
  políticas	
  sociais.	
  O	
  direito	
  
administrativo	
  somente	
  estudaria	
  a	
  atividade	
  jurídica	
  do	
  Estado.	
  Ou	
  seja,	
  afastamos	
  o	
  
Estado	
  social	
  e	
  estudamos	
  apenas	
  o	
  Estado	
  jurídico.	
  	
  
EXEMPLO:	
  Quem	
  vai	
  escolher	
  a	
  política	
  pública	
  realizada	
  pelo	
  Estado	
  (Fome	
  Zero,	
  o	
  bolsa	
  família,	
  auxílio	
  
gás	
  etc.)	
  será	
  a	
  sociologia.	
  O	
  direito	
  administrativo	
  vai	
  estudar	
  apenas	
  a	
   implementação	
  dessa	
  política	
  
pública	
  escolhida	
  pela	
  sociologia.	
  	
  
Esse	
   critério	
   também	
   foi	
   ADOTADO	
   pela	
   doutrina	
   brasileira,	
   mas	
   considerado	
  
insuficiente,	
  pois	
  o	
  direito	
  administrativo	
  não	
  visa	
  a	
  estudar	
  todo	
  o	
  Estado	
  jurídico.	
  
	
  
h. Critério	
   da	
   Administração	
   Pública	
   –	
   Desenvolvido	
   por	
   Hely	
   Lopes,	
   buscou	
   unir	
   os	
  
conceitos	
   dos	
   três	
   critérios	
   aceitos,	
   mas	
   insuficientes	
   à	
   completa	
   conceituação	
   de	
  
direito	
  administrativo:	
  critérios	
  TELEOLÓGICO,	
  RESIDUAL	
  e	
  da	
  DISTINÇÃO.	
  Diz	
  que:	
  
Direito	
  administrativo	
  é	
  um	
  conjunto	
  harmônico	
  de	
  regras	
  e	
  princípios	
  (critério	
  teleológico)	
  que	
  
regem	
   os	
   agentes,	
   órgãos	
   e	
   entidades	
   públicas,	
   desde	
   que	
   exerçam	
   atividade	
   administrativa	
  
realizando,	
  de	
  forma	
  direta	
  (critério	
  residual),	
  concreta	
  (critério	
  residual4)	
  e	
  imediata	
  (critério	
  de	
  
distinção),	
  os	
  fins	
  desejados	
  pelo	
  Estado.	
  
	
  
Ou	
  seja:	
  
• Regime	
   jurídico	
  administrativo	
  é	
  o	
  CONJUNTO	
  HARMÔNICO	
  DE	
  REGRAS	
  E	
  PRINCÍPIOS	
  
que	
  regem	
  o	
  direito	
  administrativo.	
  #	
  Critério	
  Teleológico	
  
• A	
  menção	
   à	
   necessidade	
   de	
   que	
   EXERÇAM	
   ATIVIDADE	
   ADMINISTRATIVA	
   decorre	
   do	
  
fato	
   de	
   que	
   não	
   só	
   o	
   Poder	
   Executivo,	
   mas	
   todos	
   os	
   Poderes	
   exercem	
   função	
  
administrativa	
   (típica,	
   no	
   caso	
   do	
   Poder	
   Executivo,	
   ou	
   atipicamente,	
   no	
   caso	
   dos	
  
Poderes	
   Legislativo	
   e	
   Judiciário).	
   Todos	
   os	
   Poderes	
   do	
   Estado	
   estarão	
   no	
   âmbito	
   do	
  
 
4	
  Realizar	
  de	
  forma	
  direta	
  e	
  concreta	
  refere-­‐se	
  ao	
  critério	
  residual	
  porque	
  afasta	
  as	
  funções	
  jurisdicional	
  e	
  legislativa.	
  
DIREITO	
  ADMINISTRATIVO	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
10	
  
 
Direito	
  Administrativo	
   sempre	
  que	
   estiverem	
  exercendo	
   a	
   função	
   administrativa.	
   Por	
  
outro	
   lado,	
   quando	
   o	
   Poder	
   Executivo	
   estiver	
   exercendo	
   outras	
   funções	
   (função	
  
política),	
   estará	
   fora	
   do	
   Direito	
   Administrativo.	
  #	
   Superação	
   do	
   critério	
   do	
   Poder	
  
Executivo.	
  
• A	
   atuação	
   administrativa	
   do	
   Estado	
   deve	
   ser	
   DIRETA,	
   independentemente	
   de	
  
provocação,	
   diferenciando-­‐se	
   da	
   atuação	
   indireta	
   do	
   Estado	
   que	
   realiza	
   a	
   função	
  
jurisdicional	
  (pois	
  a	
  jurisdição	
  é	
  inerte).	
  #	
  Critério	
  negativo	
  
Função	
  administrativa	
  !	
  diretaFunção	
  jurisdicional	
  !	
  indireta	
  (por	
  provocação)	
  
	
  
• A	
   atuação	
   administrativa	
   do	
   Estado	
   tem	
   que	
   ser	
   CONCRETA,	
   com	
   destinatário	
  
determinado	
  e	
  produzindo	
  efeitos	
   concretos,	
  para	
   se	
  diferenciar	
  da	
  atuação	
  abstrata	
  
do	
   Estado,	
   qual	
   seja,	
   o	
   exercício	
   da	
   função	
   legislativa.	
   Ex.	
   de	
   atuação	
   concreta:	
   a	
  
nomeação	
   de	
   alguém	
   a	
   um	
   cargo	
   público	
   tem	
   destinatário	
   determinado	
   e	
   produz	
  
efeitos	
  concretos;	
  a	
  desapropriação	
  do	
  imóvel	
  de	
  alguém.	
  #	
  Critério	
  negativo	
  
Função	
  administrativa	
  !	
  Concreta	
  
Função	
  legislativa	
  !	
  Abstrata	
  
	
  
• A	
   atuação	
   administrativa	
   do	
   Estado	
   tem	
   que	
   ser	
   IMEDIATA,	
   diferenciando-­‐se	
   da	
  
atividade	
   mediata.	
   Função	
   imediata	
   do	
   Estado	
   significa	
   atuação	
   jurídica	
   do	
   Estado,	
  
diferenciando-­‐se	
  da	
  atividade	
  social	
  (escolha	
  de	
  políticas	
  públicas).	
  Isso	
  define	
  que	
  não	
  
estamos	
   estudando,	
   no	
   Direito	
   Administrativo,	
   o	
   Estado	
   Social,	
   de	
   políticas	
   públicas,	
  
mas	
  sim	
  o	
  Estado	
  de	
  Direito.	
  #	
  Critério	
  da	
  distinção	
  
• OS	
   FINS/OBJETIVOS	
   DESEJADOS	
   PELO	
   ESTADO	
   são	
   traçados/definidos	
   pelo	
   Direito	
  
Constitucional.	
   O	
   Direito	
   Administrativo	
   estará	
   sempre	
   interligado	
   ao	
   Direito	
  
Constitucional,	
   implementando	
   os	
   fins	
   do	
   Estado	
   por	
   ele	
   definidos.	
   Ex:	
   o	
   Direito	
  
Constitucional	
  definirá	
  se	
  o	
  idoso	
  merece	
  proteção	
  de	
  transporte	
  gratuito	
  ou	
  não,	
  e	
  o	
  
Direito	
   administrativo	
   fará	
   o	
   contrato	
   de	
   concessão	
   do	
   serviço	
   público	
   com	
   cláusula	
  
definindo	
  o	
  transporta	
  gratuito	
  para	
  idosos.	
  
	
  
6.	
  Fontes	
  do	
  Direito	
  Administrativo	
  
Fonte	
  é	
  uma	
  forma	
  de	
  exteriorização	
  do	
  Direito,	
  ou	
  seja,	
  é	
  aquilo	
  que	
  pode	
  provocar/gerar	
  
a	
  criação	
  de	
  uma	
  regra	
  de	
  direito	
  administrativo.	
  São	
  fontes:	
  
	
  
a. LEI	
  é	
  a	
  primeira	
  fonte	
  de	
  direito	
  administrativo.	
  
O	
  direito	
  administrativo	
  no	
  Brasil	
  não	
  se	
  encontra	
  codificado.	
  
A	
  lei,	
  aqui,	
  é	
  posta	
  em	
  seu	
  sentido	
  amplo,	
  abarcando	
  todo	
  tipo	
  de	
  espécie	
  normativa	
  (que	
  
inclui	
   regras	
   constitucionais,	
   leis	
   ordinárias,	
   leis	
   complementares,	
  medidas	
  provisórias,	
   tratados,	
  
regulamentos,	
  etc.),	
  justamente	
  porque	
  se	
  adota	
  o	
  princípio	
  da	
  legalidade	
  em	
  sentido	
  amplo	
  (que	
  
confere	
  rigidez	
  ao	
  sistema.	
  	
  
No	
  Brasil,	
  as	
  regras	
  estão	
  dispostas	
  em	
  uma	
  estrutura	
  escalonada	
  ou	
  hierarquizada,	
  o	
  que	
  
significa	
  dizer	
  que	
  há	
  uma	
  hierarquia	
  entre	
  as	
  fontes	
  do	
  direito:	
  uma	
  fonte	
  é	
  mais	
  importante	
  que	
  
a	
  outra.	
  
DIREITO	
  ADMINISTRATIVO	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
11	
  
 
	
   No	
   topo	
  da	
  estrutura	
  encontra-­‐se	
  a	
  CF,	
   seguida	
  pelas	
   leis	
  e,	
   somente	
  depois,	
  na	
  base	
  da	
  
pirâmide,	
   encontram-­‐se	
   os	
   atos	
   administrativos.	
   Com	
   as	
   normas	
   inferiores	
   têm	
   que	
   ser	
  
compatíveis	
   com	
   as	
   normas	
   superiores,	
   e	
   todas	
   elas	
   com	
   a	
   Constituição	
   Federal,	
   os	
   atos	
  
administrativos,	
   que	
   estão	
  na	
  base	
  da	
  pirâmide,	
   têm	
  que	
   ser	
   compatíveis	
   com	
  a	
  Constituição	
   e	
  
com	
  as	
  leis.	
  É	
  o	
  que	
  o	
  Supremo	
  chama	
  de	
  relação	
  de	
  compatibilidade	
  vertical:	
  
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
	
   	
   	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  CF	
  
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  Leis	
  
	
  	
  	
  	
  Atos	
  Administrativos	
  
	
  
	
  
Segundo	
  Diógenes	
  Gasparini,	
  o	
  âmbito	
  espacial	
  de	
  validade	
  da	
   lei	
  administrativa	
  é	
   fixado	
  
pelo	
   princípio	
   da	
   territorialidade.	
   Ele	
   afirma,	
   ainda,	
   que	
   as	
   leis	
   estrangeiras,	
   embora	
   possam	
  
servir	
  de	
  inspiração,	
  não	
  são	
  fontes	
  do	
  Direito	
  Administrativo	
  brasileiro.	
  
	
  
b. JURISPRUDÊNCIA	
   é	
   o	
   conjunto	
   de	
   decisões	
   reiteradas	
   consolidando	
   um	
   mesmo	
  
posicionamento	
  do	
  tribunal.	
  Uma	
  única	
  decisão	
  é	
  acórdão.	
  	
  
No	
  direito	
  administrativo,	
   a	
   ausência	
  de	
   codificação	
  e	
  a	
   conseqüente	
  grande	
  divergência	
  
doutrinária	
  encontram	
  solução	
  com	
  a	
  jurisprudência,	
  que	
  exerce	
  papel	
  muito	
  importante.	
  	
  
Segundo	
  Diógenes	
  Gasparini,	
  importante	
  lembrar	
  que	
  dessa	
  jurisprudência	
  não	
  participam	
  
as	
  decisões	
  meramente	
  administrativas,	
  pois	
  não	
  fazem	
  coisa	
  julgada.	
  
	
  
c. SÚMULA	
  é	
  o	
  resultado	
  de	
  uma	
  jurisprudência	
  consolidada.	
  	
  
Até	
   2004,	
   a	
   súmula	
   servia	
   apenas	
   como	
   mecanismo	
   de	
   orientação,	
   não	
   obrigando	
   os	
  
demais	
   órgãos	
   do	
   Poder	
   Judiciário.	
   Com	
   a	
   reforma	
   do	
   Poder	
   Judiciário	
   e	
   criação	
   da	
   súmula	
  
vinculante	
   (EC	
  45/2004),	
   passamos	
   a	
   ter,	
   ao	
   lado	
  da	
   súmula	
  que	
   somente	
  orienta,	
   uma	
   súmula	
  
editada	
  pelo	
  STF	
  que	
  tem	
  procedimento	
  próprio	
  (previsto	
  na	
  Lei	
  11.417),	
  aprovação	
  diferenciada	
  e	
  
obriga	
  os	
  demais	
  órgãos	
  do	
  Judiciário.	
  	
  
QUESTÃO:	
  Somente	
  o	
  STF	
  pode	
  aditar	
  súmula	
  vinculante.	
  Verdade.	
  
QUESTÃO:	
  O	
  STF	
  edita	
  apenas	
  súmulas	
  vinculantes.	
  Falso,	
  pois	
  o	
  STF	
  pode	
  editar	
  súmulas	
  “ordinárias”.	
  
A	
  súmula	
  vinculante,	
  a	
  priori,	
  gera	
  economia	
  por	
  consolidar	
  decisões	
  de	
  processos	
   iguais.	
  
Mas,	
  na	
  prática,	
  estão	
  editando	
  súmula	
  em	
  casos	
  em	
  que	
  só	
  havia	
  um	
  processo	
  discutindo	
  o	
  caso.	
  	
  
OBS:	
   Cuidado	
   com	
   a	
   repercussão	
   geral	
   (julgamento	
   por	
   amostragem	
   do	
   leading	
   case),	
   que	
  
também	
  efeito	
  vinculante,	
  apesar	
  de	
  não	
  alarmar	
  tanto	
  quanto	
  a	
  súmula	
  vinculante.	
  
	
  
d. COSTUME	
   é	
   a	
   prática	
   habitual	
   acreditando	
   ser	
   ela	
   obrigatória.	
   No	
   Brasil,	
   o	
   direito	
  
consuetudinário/costumeiro	
  serve	
  apenas	
  como	
   fonte	
  de	
   interpretação	
  e	
  preenchimento	
  
de	
   lacunas,	
   pois	
   nem	
   cria	
   nem	
   eximeobrigação.	
   Assim,	
   os	
   costume	
   social	
   não	
   é	
   fonte	
  
secundária	
  de	
  direito	
  mas	
  apenas,	
  quando	
  muito,	
   fonte	
   indireta	
   (quando	
   influenciarem	
  a	
  
produção	
  legislativa).	
  
OBS:	
   Os	
   costumes	
   administrativos	
   (praxe	
   administrativa),	
   no	
   caso	
   de	
   lacuna	
   normativa,	
   podem	
  
atuar	
   como	
   fonte	
   secundária	
   de	
   direito	
   administrativo,	
   podendo	
   mesmo	
   gerar	
   direitos	
   para	
   os	
  
RELAÇÃO	
  DE	
  COMPATIBILIDADE	
  VERTICAL	
  
DIREITO	
  ADMINISTRATIVO	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
12	
  
 
administrados,	
   em	
   razão	
   dos	
   princípios	
   da	
   lealdade,	
   boa-­‐fé,	
   moralidade	
   administrativa,	
   entre	
  
outros.	
  
	
  
e. PRINCÍPIOS	
   GERAIS	
   DO	
   DIREITO	
   são	
   vetores	
   normativos	
   que	
   estão	
   no	
   alicerce/base	
   do	
  
Direito.	
  São	
  as	
  vigas	
  mestras	
  do	
  ordenamento	
  jurídico.	
  Não	
  precisam	
  estar	
  escritos,	
  sendo,	
  
em	
  sua	
  maioria,	
  implícitos.	
  
Os	
  princípios	
  gerais	
  são	
  aplicáveis	
  a	
  todos	
  os	
  ramos	
  do	
  Direito,	
  e	
  não	
  somente	
  ao	
  direito	
  
administrativo.	
  Exemplos	
  de	
  princípios	
  gerais	
  do	
  direito:	
  vedação	
  do	
  enriquecimento	
  sem	
  causa;	
  
não	
  se	
  pode	
  beneficiar-­‐se	
  com	
  a	
  própria	
  torpeza;	
  não	
  se	
  pode	
  causar	
  dano	
  a	
  outrem;	
  o	
  dano	
  deve	
  
ser	
  indenizado.	
  
A	
   aplicação	
   dos	
   princípios	
   gerais	
   do	
   direito	
   faz-­‐se	
   ante	
   a	
   lacuna	
   da	
   lei,	
   pois	
   eles	
   não	
  
derrogam	
  a	
  lei.	
  
	
  
f. DOUTRINA	
  é	
  o	
  resultado	
  dos	
  trabalhos	
  dos	
  estudiosos.	
  Não	
  está	
  pacífico	
  entre	
  eles	
  que	
  a	
  
doutrina	
  sirva	
  como	
  fonte	
  de	
  direito.	
  
A	
   doutrina	
   em	
   direito	
   administrativo	
   brasileiro	
   é	
   muito	
   divergente	
   porque	
   não	
   há	
   um	
  
Código	
  que	
  estabeleça	
  harmonia	
  e	
  coerência	
  entre	
  os	
  dispositivos.	
  	
  
	
  
7.	
  Mecanismos	
  de	
  Controle	
  dos	
  Atos	
  Administrativos	
  
	
   No	
  direito	
  comparado	
  existem	
  dois	
  sistemas	
  administrativos	
  que	
  tratam	
  dos	
  mecanismos	
  
de	
  controle	
  dos	
  atos	
  administrativos:	
  
• Contencioso	
  Administrativo	
  ou	
  Dualidade	
  de	
  Jurisdição	
  (sistema	
  francês)	
  #	
  Foi	
  o	
  sistema	
  
criado	
  na	
  França.	
  O	
   sistema	
  da	
  dualidade	
  de	
   jurisdição	
  veda	
  o	
  conhecimento	
  pelo	
  Poder	
  
Judiciário	
  de	
  atos	
  da	
  Administração	
  Pública.	
  Assim,	
  o	
  controle	
  dos	
  atos	
  administrativos	
  é	
  
realizado	
   apenas	
   pela	
   própria	
   Administração.	
   Os	
   países	
   que	
   adotam	
   o	
   sistema	
   francês	
  
aceitam,	
  excepcionalmente,	
  o	
  controle	
  de	
  atos	
  administrativos	
  pelo	
  Poder	
  Judiciário.	
  	
  
Rol	
   explicativo	
   das	
   situações	
   específicas	
   em	
   que	
   o	
   Judiciário	
   poderá	
   rever	
   os	
   atos:	
  
atividades	
  públicas	
  de	
  caráter	
  privado5;	
  ações	
  que	
  envolvem	
  estado	
  e	
  capacidade	
  das	
  
pessoas;	
  questões	
  que	
  envolvem	
  propriedade	
  privada;	
  questões	
   ligadas	
  à	
  repressão	
  
penal.	
  Esse	
  não	
  é	
  o	
  sistema	
  adotado	
  pelo	
  Brasil.	
  
	
  
• Jurisdição	
   Única	
   ou	
   do	
   Controle	
   Judicial	
   (sistema	
   inglês)6	
  # 	
   Foi	
   o	
   sistema	
   criado	
   pela	
  
Inglaterra.	
  Nesse	
  sistema,	
  a	
  Administração	
  tem	
  o	
  poder	
  de	
  revisão	
  de	
  seus	
  atos,	
  mas	
  sua	
  
decisão	
  pode	
  ser	
  revisada	
  pelo	
  Poder	
  Judiciário,	
  que	
  tem	
  o	
  poder	
  de	
  decisão	
  final	
  (sendo	
  o	
  
único	
  cuja	
  decisão	
  faz	
  coisa	
  julgada).	
  O	
  Brasil	
  adota	
  o	
  sistema	
  de	
  jurisdição	
  única.	
  
	
   A	
  adoção	
  do	
  sistema	
  da	
  unicidade	
  da	
  jurisdição	
  não	
  implica	
  a	
  vedação	
  à	
  solução	
  de	
  litígios	
  
em	
   âmbito	
   administrativo,	
   nem	
   o	
   controle	
   de	
   legalidade	
   pela	
   Administração	
   (que	
   é	
   um	
   poder-­‐
dever	
   de	
   autotutela).	
   Apenas	
   significa	
   que	
   qualquer	
   litígio,	
   ainda	
   que	
   iniciado	
   ou	
   concluído	
   na	
  
esfera	
  administrativa,	
  pode	
  ser	
  levado	
  à	
  apreciação	
  do	
  Poder	
  Judiciário.	
  
A	
  Administração	
  pode	
  controlar	
  seus	
  atos,	
  mas	
  essa	
  decisão	
  é	
  revisível	
  pelo	
  Judiciário.	
  
	
  
 
5	
  É	
  a	
  atividade	
  exercida	
  pelo	
  Estado	
  que	
  segue	
  o	
  regime	
  jurídico	
  privado.	
  Ex:	
  contrato	
  de	
  locação	
  celebrado	
  pelo	
  Estado	
  –	
  não	
  é	
  porque	
  o	
  regime	
  é	
  
privado	
  que	
  não	
  vai	
  precisar	
  de	
  licitação:	
  tem	
  que	
  ter	
  licitação.	
  
6	
  Também	
  é	
  chamado	
  de	
  “sistema	
  da	
  unidade	
  da	
  jurisdição”.	
  
DIREITO	
  ADMINISTRATIVO	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
13	
  
 
7.1.	
  Sistema	
  Administrativo	
  Brasileiro	
  
O	
   Brasil	
   adota	
   o	
   sistema	
   de	
   JURISDIÇÃO	
   ÚNICA	
   (INGLÊS	
   ou	
   de	
   CONTROLE	
   JUDICIAL),	
  
segundo	
  qual,	
  em	
  regra,	
  as	
  decisões	
  administrativas	
  são	
  revisáveis	
  pelo	
  Poder	
  Judiciário.	
  
A	
   diferença	
   entre	
   a	
   decisão	
   da	
   Administração	
   Pública	
   e	
   do	
   Poder	
   Judiciário	
   é	
   que	
   as	
  
decisões	
   dos	
   órgãos	
   administrativos	
   não	
   são	
   dotadas	
   da	
   força	
   e	
   definitividade	
   (aptidão	
   à	
   coisa	
  
julgada)	
  que	
  caracterizam	
  as	
  decisões	
  jurisdicionais.	
  	
  
No	
   Brasil,	
   o	
   administrado	
   tem	
   a	
   opção	
   de	
   resolver	
   seus	
   conflitos	
   com	
   a	
   Administração	
  
Pública	
   instaurando	
   processo	
   perante	
   ela.	
   Ele	
   pode,	
   mesmo	
   após	
   instaurado	
   o	
   processo	
  
administrativo,	
  abandoná-­‐lo	
  em	
  qualquer	
  etapa	
  e	
  recorrer	
  ao	
  Poder	
  Judiciário	
  para	
  ver	
  resolvido	
  
seu	
   litígio.	
  O	
  administrado	
  pode,	
  ainda,	
  em	
  qualquer	
  hipótese,	
  recorrente	
  diretamente	
  ao	
  Poder	
  
Judiciário	
  quando	
  entender	
  que	
  se	
  perpetrou	
  alguma	
  lesão	
  ou	
  ameaça	
  a	
  direito	
  seu.	
  
Existem	
   pelo	
   menos	
   três	
   hipóteses	
   em	
   nosso	
   ordenamento	
   em	
   que	
   se	
   exige	
   o	
   prévio	
  
exaurimento	
  ou	
  utilização	
  inicial	
  da	
  via	
  administrativa,	
  como	
  condição	
  para	
  o	
  acesso	
  ao	
  Poder	
  
Judiciário:	
  
a) Justiça	
  desportiva	
   –	
   Só	
   são	
  admitidas	
  pelo	
  Poder	
   Judiciário	
  ações	
   relativas	
   à	
  disciplina	
  e	
  às	
  
competições	
  desportivas	
  depois	
  de	
  esgotadas	
  as	
  instâncias	
  da	
  justiça	
  desportiva;	
  
b) Reclamaçãoao	
   STF	
   –	
   O	
   ato	
   administrativo	
   ou	
   a	
   omissão	
   da	
   Administração	
   Pública	
   que	
  
contrarie	
   súmula	
  vinculante	
   só	
  pode	
  ser	
  alvo	
  de	
   reclamação	
  ao	
  STF	
  depois	
  de	
  esgotadas	
  as	
  
vias	
  administrativas;	
  
c) Habeas	
  data	
  –	
  É	
  indispensável	
  para	
  caracterizar	
  o	
  interesse	
  de	
  agir	
  no	
  habeas	
  data	
  a	
  prova	
  do	
  
anterior	
   indeferimento	
   do	
   pedido	
   de	
   informação	
   de	
   dados	
   pessoais,	
   ou	
   da	
   omissão	
   em	
  
atendê-­‐lo.	
  Sem	
  que	
  se	
  configure	
  prévia	
  de	
  pretensão,	
  há	
  carência	
  da	
  ação	
  constitucional	
  do	
  
habeas	
  data.	
  
	
  
A	
   EC	
   nº	
   7/1977	
   introduziu	
   no	
   Brasil	
   algumas	
   regras	
   de	
   contencioso	
   administrativo,	
   mas	
  
essas	
   regras	
   foram	
   inoperantes,	
  nunca	
   saíram	
  do	
  papel.	
   Por	
   isso,	
  na	
  prática,	
  o	
   sistema	
  adotado	
  
pelo	
  Brasil	
  sempre	
  foi	
  de	
  Jurisdição	
  Única.	
  	
  
QUESTÃO	
  (FCC):	
  É	
  possível	
  a	
  criação	
  de	
  um	
  sistema	
  misto	
  de	
  controle?	
  	
  
Não,	
  porque	
  a	
  mistura	
  já	
  é	
  natural	
  dos	
  dois	
  regimes.	
  O	
  que	
  distingue	
  um	
  sistema	
  do	
  outro	
  é	
  a	
  
predominância:	
   se	
   prevalece	
   o	
   Judiciário	
   decidindo,	
   será	
   o	
   sistema	
   inglês;	
   se	
   prevalece	
   a	
  
Administração	
  decidindo,	
  será	
  o	
  sistema	
  francês.	
  	
  
	
  
QUESTÃO:	
  Governo	
  e	
  Administração.	
  Faça	
  a	
  distinção.	
  Disserte.	
  
	
  
Impossibilidade	
  de	
  controle	
  judicial	
  de	
  legalidade	
  dos	
  atos	
  políticos	
  
Embora	
   seja	
   certo	
   que	
   todos	
  os	
   atos	
   administrativos	
   podem	
   ser	
   submetidos	
   a	
   controle	
   de	
   legalidade	
  pelo	
  
Poder	
   Judiciário,	
  existem	
  atos	
  ou	
  decisões	
   (não	
  enquadrados	
   como	
  atos	
  administrativos	
  em	
  sentido	
  próprio)	
  que	
  
não	
   se	
   sujeitam	
   a	
   tal	
   apreciação.	
   É	
   o	
   caso	
   dos	
   ATOS	
   POLÍTICOS	
   (ex:	
   sanção	
   e	
   veto;	
   julgamento	
   do	
   processo	
   de	
  
impeachment	
  do	
  Presidente	
  da	
  República,	
  o	
  qual	
  compete	
  ao	
  Senado).

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