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14 - ADOÇÃO

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1 
UNIDADE VII – 3ª PARTE - DA ADOÇÃO 
1. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA 
Adoção é o ato jurídico solene pelo qual alguém recebe em sua família, NA QUALIDADE 
DE FILHO, pessoa a ela estranha. 
MARIA HELENA DINIZ, por sua vez, apresenta extenso conceito baseado nas definições 
formuladas por diversos autores: 
“Adoção é o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece, 
independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim, um vínculo fictício de 
filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha”. 
Deve ser destacado no atual conceito de adoção a observância do princípio do melhor 
interesse da criança, uma vez que o parágrafo único do art. 100 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente proclama que são também princípios que regem a aplicação das medidas de 
proteção, dentre outros, o “IV — interesse superior da criança e do adolescente”, reiterando o 
conteúdo do revogado art. 1.625 do Código Civil de 2002, no sentido de que “somente será admitida a 
adoção que constituir efetivo benefício para o adotando”. O art. 43 do referido Estatuto se refere a 
“reais vantagens para o adotando”. 
É controvertida a natureza jurídica da adoção. No sistema do Código de 1916, era nítido o 
caráter contratual do instituto. Tratava-se de negócio jurídico bilateral e solene, uma vez 
que se realizava por escritura pública, mediante o consentimento das duas partes. Se o 
adotado era maior e capaz, comparecia em pessoa; se incapaz, era representado pelo pai, ou 
tutor, ou curador. Admitia-se a dissolução do vínculo, sendo as partes maiores, pelo acordo 
de vontades (arts. 372 a 375). 
A partir da Constituição de 1988, todavia, a adoção passou a constituir-se por ato complexo 
e a exigir sentença judicial, prevendo-a expressamente o art. 47 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente e o art. 1.619 do Código Civil de 2002, com a redação dada pela Lei n. 12.010, 
de 3-8-2009. 
O art. 227, § 5º, da CF, ao determinar que “a adoção será assistida pelo Poder Público, na forma 
da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros”, demonstra que 
a matéria refoge dos contornos de simples apreciação juscivilista, passando a ser matéria 
de interesse geral, de ordem pública. 
2. ANTECEDENTES HISTÓRICOS 
O instituto da adoção tem sua origem mais remota na necessidade de dar continuidade à 
família, no caso de pessoas sem filhos. 
A adoção surgiu como forma de perpetuar o culto familiar. Aquele cuja família se extingue 
não terá quem lhe cultue a memória e a de seus ancestrais. Assim, a mesma religião que 
obrigava o homem a casar-se para ter filhos que cultuassem a memória dos antepassados 
comuns, a mesma religião que impunha o divórcio em caso de esterilidade e que substituía 
o marido impotente, no leito conjugal, por um seu parente capaz de ter filhos, vinha 
oferecer, por meio da adoção, um último recurso para evitar a desgraça tão temida da 
extinção pela morte sem descendentes: esse recurso era o direito de adotar. 
►►Há notícia, nos Códigos Hamurábi e de Manu, da utilização da adoção entre os povos 
orientais. 
Todavia, foi no direito romano, em que encontrou disciplina e ordenamento sistemático, 
que ela se expandiu de maneira notória. 
 
2 
►►Na Idade Média, caiu em desuso, sendo ignorada pelo direito canônico, tendo em 
vista que a família cristã repousa no sacramento do matrimônio. Foi retirada do 
esquecimento pelo Código de Napoleão de 1804, tendo-se irradiado para quase todas as 
legislações modernas. 
►►No Brasil, o direito pré-codificado, embora não tivesse sistematizado o instituto da 
adoção, fazia-lhe, no entanto, especialmente as Ordenações Filipinas, numerosas 
referências, permitindo, assim, a sua utilização. 
O Código Civil de 1916 disciplinou a adoção com base nos princípios romanos, como 
instituição destinada a proporcionar a continuidade da família, dando aos casais estéreis 
os filhos que a natureza lhes negara. 
Por essa razão, a adoção só era permitida aos maiores de 50 anos, sem prole legítima ou 
legitimada, pressupondo-se que, nessa idade, era grande a probabilidade de não virem a tê-
la. 
Com a evolução do instituto da adoção, passou ela a desempenhar papel de inegável 
importância, transformando-se em instituto filantrópico, de caráter acentuadamente 
humanitário, destinado não apenas a dar filhos a casais impossibilitados pela natureza de 
tê-los, mas também a possibilitar que um maior número de menores desamparados, 
sendo adotado, pudesse ter em um novo lar. 
Essa modificação nos fins e na aplicação do instituto ocorreu com a entrada em vigor da Lei 
n. 3.133, de 8 de maio de 1957, que permitiu a adoção por pessoas de 30 anos de idade, 
tivessem ou não prole natural. 
A aludida Lei n. 3.133/57, embora permitisse a adoção por casais que já tivessem filhos 
legítimos, legitimados ou reconhecidos, não equiparava a estes os adotivos, pois, nesta 
hipótese, segundo prescrevia o art. 377, a relação de adoção não envolvia a de sucessão 
hereditária. 
Essa situação perdurou até o advento da Constituição de 1988, cujo art. 227, § 6º, proclama 
que “os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e 
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”. 
►►A adoção disciplinada no Código de 1916 não integrava o adotado, totalmente, na nova 
família. Permanecia ele ligado aos parentes consanguíneos, pois o art. 378 do mencionado 
diploma dispunha que “os direitos e deveres que resultam do parentesco natural não se extinguem 
pela adoção, exceto o pátrio poder, que será transferido do natural para o adotivo”. 
►►A Lei n. 4.655, de 2 de junho de 1965, introduziu no ordenamento brasileiro a 
“legitimação adotiva”, como proteção ao menor abandonado, com a vantagem de 
estabelecer um vínculo de parentesco de primeiro grau, em linha reta, entre adotante e 
adotado, desligando-o dos laços que o prendiam à família de sangue mediante a inscrição 
da sentença concessiva da legitimação, por mandado, no Registro Civil, como se os 
adotantes tivessem realmente tido um filho natural e se tratasse de registro fora do prazo 
(art. 6º). 
►►A Lei n. 6.697, de 10 de outubro de 1979, que dispôs sobre o Código de Menores, 
revogou a lei da legitimação adotiva, substituindo-a pela “adoção plena”, praticamente 
com as mesmas características da constante da lei revogada e também visando proporcionar 
a integração da criança ou adolescente adotado na família adotiva. 
Ao lado da forma tradicional do Código Civil, denominada “adoção simples”, passou a 
existir, com o advento do mencionado Código de Menores de 1979, a “adoção plena”, mais 
abrangente, mas aplicável somente ao menor em “situação irregular”. 
 
3 
Enquanto a adoção simples dava origem a um parentesco civil somente entre adotante e 
adotado sem desvincular o último da sua família de sangue, era revogável pela vontade das 
partes e não extinguia os direitos e deveres resultantes do parentesco natural, como foi dito, 
a adoção plena, ao contrário, possibilitava que o adotado ingressasse na família do adotante 
como se fosse filho de sangue, modificando-se o seu assento de nascimento para esse fim, 
de modo a apagar o anterior parentesco com a família natural. 
►►Finalmente, com a entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 
8.069, de 13-7-1990), o instituto da adoção passou por nova regulamentação, trazendo como 
principal inovação a regra de que a ADOÇÃO SERIA SEMPRE PLENA para os menores 
de 18 anos. A ADOÇÃO SIMPLES, por outro lado, ficaria restrita aos adotandos que já 
houvessem completado essa idade. 
Passaram a ser distinguidas, assim, duas espécies legais de adoção: a civil e a estatutária. 
A ADOÇÃO CIVIL era a tradicional, regulada no Código Civilde 1916, também chamada 
de restrita porque não integrava o menor totalmente na família do adotante, permanecendo 
o adotado ligado aos seus parentes consanguíneos, exceto no tocante ao poder familiar, que 
passava para o adotante, modalidade esta limitada aos maiores de 18 anos. 
A ADOÇÃO ESTATUTÁRIA era a prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente para 
os menores de 18 anos. Era chamada, também, de adoção plena, porque promovia a 
absoluta integração do adotado na família do adotante, desligando-o completamente de 
seus parentes naturais, exceto no tocante aos impedimentos para o casamento. 
►►Há, ainda, a adoção simulada ou à brasileira, que é uma criação da jurisprudência. A 
expressão “adoção simulada” foi empregada pelo Supremo Tribunal Federal ao se referir a 
casais que registram filho alheio, recém-nascido, como próprio, com a intenção de dar-lhe 
um lar, de comum acordo com a mãe e não com a intenção de tomar-lhe o filho. 
Embora tal fato constitua, em tese, uma das modalidades do crime de falsidade ideológica, 
na esfera criminal tais casais eram absolvidos pela inexistência do dolo específico. 
Atualmente, dispõe o Código Penal que, nesse caso, o juiz deixará de aplicar a pena. 
No cível, a aludida Corte manteve o mesmo entendimento, não determinando o 
cancelamento do registro de nascimento, afirmando tratar-se de uma adoção simulada. 
3. A ATUAL DISCIPLINA DA ADOÇÃO 
A adoção de crianças e adolescentes rege-se, na atualidade, pela Lei n. 12.010, de 3 de 
agosto de 2009. 
A referida lei introduziu inúmeras alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente e 
revogou expressamente 10 artigos do Código Civil concernentes à adoção (arts. 1.620 a 
1.629), dando ainda nova redação a outros dois (arts. 1.618 e 1.619). 
A Lei conferiu, também, nova redação ao art. 1.734 do Código Civil e acrescentou dois 
parágrafos à Lei n. 8.560, de 29 de dezembro de 1992, que regula a investigação da 
paternidade dos filhos havidos fora do casamento. 
A referida Lei Nacional da Adoção estabelece: 
� prazos para dar mais rapidez aos processos de adoção, 
� cria um cadastro nacional para facilitar o encontro de crianças e adolescentes em 
condições de serem adotados por pessoas habilitadas 
� e limita em dois anos, prorrogáveis em caso de necessidade, a permanência de 
criança e jovem em abrigo. 
 
4 
A transitoriedade da medida de abrigamento é ressaltada na nova redação dada ao art. 19 
do ECA, que fixa o prazo de seis meses para a reavaliação de toda criança ou adolescente 
que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional. 
O cadastro nacional foi definido em resolução do Conselho Nacional de Justiça. 
A lei em apreço fixa em 18 anos a idade mínima para que uma pessoa possa adotar uma 
criança. Foi, porém, suprimido do projeto o artigo que permitia a adoção de crianças e 
adolescentes por casal formado por pessoas de mesmo sexo, ou seja, a adoção 
homoparental. 
Dispõe, efetivamente, o § 2º do art. 42 do Estatuto da Criança e do Adolescente, com a 
redação dada pela aludida lei da adoção, que, 
“para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham 
união estável, comprovada a estabilidade da família”. 
Tal redação reitera o entendimento do legislador brasileiro de não admitir a adoção por 
pessoas do mesmo sexo (casais homoafetivos) figurando como pai e como mãe. 
Argumenta-se que a Constituição Federal reconhece como união estável somente aquela 
constituída por homem e mulher (art. 226, § 3º). 
►►Segundo o texto em vigor, a decretação da perda do poder familiar terá de ser feita no 
máximo em 120 dias após o encaminhamento do processo à autoridade judicial. 
►►Quando houver recurso nos procedimentos de adoção, o processo terá de ser julgado 
no prazo máximo de 60 dias. 
O adotado terá o direito de conhecer sua origem biológica e acesso irrestrito ao processo 
que resultou em sua adoção, caso tenha interesse. Esse direito é estendido aos seus 
descendentes que queiram conhecer a história familiar. 
A lei em questão trata também das crianças indígenas que, por prática cultural de sua tribo, 
algumas vezes acabam sendo rejeitadas. Nesses casos, a Fundação Nacional do Índio 
(FUNAI) promoverá a colocação da criança em outra família. 
►►O texto deixa claro que a preferência de adoção é por brasileiros. A adoção por 
estrangeiros está condicionada à inexistência de brasileiros habilitados interessados, 
exigindo-se um prazo mínimo de convivência de 30 dias, independentemente da idade da 
criança ou adolescente, estágio a ser cumprido no Brasil. 
►►A lei reforça o direito da criança de ser criada por sua família biológica, sendo a adoção 
considerada medida excepcional, à qual deve se recorrer apenas quando esgotados os 
recursos de sua manutenção na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do 
art. 25 (ECA, art. 39, nova redação). 
A Lei Nacional de Adoção estabelece o conceito de família extensa ou ampliada, que se 
estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes 
próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e 
afetividade. 
►►No art. 1º, § 1º, a referida lei proclama que a intervenção estatal, “em observância ao 
disposto no caput do art. 226 da Constituição Federal, será prioritariamente voltada à 
orientação, apoio e promoção social da família natural, junto à qual a criança e o adolescente 
devem permanecer, ressalvada absoluta impossibilidade, demonstrada por decisão judicial 
fundamentada”. E, no art. 1º, § 2º, deixa claro que somente em caso de absoluta 
impossibilidade serão colocados em família substituta, sob as formas de adoção, tutela ou 
guarda. 
 
5 
As mudanças introduzidas pela nova lei, com as adequações no Estatuto da Criança e do 
Adolescente, visam agilizar a adoção de menores no país e também possibilitar o rápido 
retorno às suas famílias das crianças que estejam em programa de acolhimento familiar ou 
institucional. 
►►No sistema da Lei n. 12.010, de 3 de agosto de 2009, o instituto da adoção compreende 
tanto a de crianças e adolescentes como a de maiores, exigindo procedimento judicial em 
ambos os casos (ECA, art. 47; CC, art. 1.619, com a redação dada pela Lei n. 12.010/2009). 
O novo Código Civil modificou sensivelmente o regime de adoção para maiores de 18 
anos. Antes, poderia ser realizada conforme vontade das partes, por meio de escritura 
pública. 
Hoje, contudo, dada a importância da matéria e as consequências decorrentes da adoção, 
não apenas para o adotante e adotado, mas também para terceiros, faz-se necessário o 
controle jurisdicional que se dá pelo preenchimento de diversos requisitos, verificados em 
processo judicial próprio. 
O art. 1.618 do Código Civil, com a redação dada pela Lei n. 12.010, de 3 de agosto de 2009, 
dispõe que a 
“adoção de crianças e adolescentes será deferida na forma prevista pela Lei n. 8.069, de 13 de julho de 
1990 — Estatuto da Criança e do Adolescente”. 
O art. 1.619 do Código Civil, com a redação dada pela referida Lei Nacional da Adoção (art. 
4º), aduz, em atenção ao comando constitucional de que a adoção será sempre assistida 
pelo Poder Público (CF, art. 227, § 5º), 
A adoção “de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência efetiva do poder 
público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais da Lei n. 
8.069, de 13 de julho de 1990 — Estatuto da Criança e do Adolescente”. 
Competirá aos juízes de varas de família a CONCESSÃO DA MEDIDA AOS 
ADOTANDOS QUE JÁ ATINGIRAM A MAIORIDADE, ressalvada a competência 
exclusiva do juízo da infância e da juventude para concedê-la às crianças e adolescentes, 
bem como aos que completaram 18 anos de idade e já estavam sob a guarda ou tutela dos 
adotantes, como prevê o art. 40do mencionado Estatuto (ECA, art. 148, III). 
Ressalvadas as alterações e adaptações efetivadas pela citada Lei n. 12.010/2009, ainda 
subsistem as normas do ECA que estabelecem: 
� a) a vedação de adoção por procuração (art. 39, parágrafo único); 
� b) o estágio de convivência (art. 46); 
� c) a irrevogabilidade da adoção (art. 48); 
� d) a restrição à adoção de ascendentes e irmãos do adotando (art. 42, § 1º); 
� e) os critérios para a expedição de mandado e respectivo registro no termo de 
nascimento do adotado (art. 47 e parágrafos); 
� f) critérios para a adoção internacional (arts. 31, 51 e 52); g) a manutenção de 
cadastro de adotantes e adotados junto ao juízo da infância e da juventude e a 
prévia consulta aos órgãos técnicos competentes (art. 50, caput e § 1º)15. 
4. QUEM PODE ADOTAR 
Podem adotar todas as pessoas maiores de 18 anos. 
Preceitua o art. 42 do ECA, com a nova redação dada pela Lei n. 12.010/2009: “Podem adotar 
os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil”. 
 
6 
A adoção é ato pessoal do adotante, uma vez que a lei a veda por procuração (ECA, art. 39, 
§ 2º). 
O estado civil, o sexo e a nacionalidade não influem na capacidade ativa de adoção. Está 
implícito, no entanto, que o adotante deve estar em condições morais e materiais de 
desempenhar a função, de elevada sensibilidade, de verdadeiro pai de uma criança carente, 
cujo destino e felicidade lhe são entregues. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente não permite seja deferida a colocação em família 
substituta “a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou 
não ofereça ambiente familiar adequado” (art. 29). 
O § 2º do art. 42, por sua vez, exige, na adoção por ambos os cônjuges ou companheiros, a 
comprovação da “estabilidade da família”. 
Tratando-se de ato jurídico, a adoção exige capacidade. Assim, não podem adotar os 
maiores de 18 anos que sejam absoluta ou relativamente incapazes. 
►►►A adoção por homossexual, individualmente, tem sido admitida, mediante 
cuidadoso estudo psicossocial por equipe interdisciplinar que possa identificar na 
relação o melhor interesse do adotando. 
A Lei Nacional da Adoção não prevê a adoção por casais homossexuais porque a união 
estável só é permitida entre homem e mulher (CC, art. 1.723; CF, art. 226, § 3º). 
OBSERVAÇÃO: Os estudos especializados não apontam qualquer inconveniente em que 
crianças sejam adotadas por casais homossexuais, mais importando a qualidade do vínculo 
e do afeto que permeia o meio familiar em que serão inseridas e que as liga aos seus 
cuidadores. 
Não estão legitimados a adotar seus pupilos e curatelados os tutores e curadores 
enquanto não prestarem “contas de sua administração” e saldarem o alcance, se houver 
(ECA, art. 44). 
►►O adotante pode adotar quantos filhos quiser, simultânea ou sucessivamente, ao 
contrário do que sucedia no regime do Código Civil de 1916, pelo qual só podiam adotar 
casais com mais de 50 anos de idade e sem filhos. 
Por outro lado, o direito brasileiro não contém qualquer dispositivo que vede a 
possibilidade de os cônjuges ou companheiros adotarem separadamente. 
►►O adotante casado, por sua vez, não depende do consentimento do outro cônjuge 
para efetuar a adoção, pois tal exigência não consta do art. 1.647 do Código Civil, que 
especifica os atos que um cônjuge não pode praticar sem a vênia do outro. 
Se a adoção se efetuar por pessoa solteira ou que não tenha companheiro, constituir-se-á a 
entidade familiar denominada família monoparental. 
Sendo a adoção e o reconhecimento de filhos institutos diversos, de efeitos diferentes, não 
há empeço a que se adotem filhos havidos fora do casamento. 
Tem-se entendido, com efeito, que nada impede o pai, quando não queira reconhecer seu 
filho nascido das relações extramatrimoniais, de se utilizar da adoção para lhe dar a 
qualidade de filho adotivo, como se ele fora um terceiro e estranho. Tal circunstância não 
impede o filho de não aceitar a adoção e pleitear o reconhecimento judicial da 
paternidade. 
Dispõe o art. 42, § 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90): 
 
7 
“Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando”. 
Desse modo, por total incompatibilidade com o instituto da adoção, não pode o avô 
adotar o neto, nem o homem solteiro, ou um casal sem filhos, adotar um irmão de um dos 
cônjuges. 
O avô, por exemplo, pode ser detentor da guarda do neto, pode ser seu tutor, mas não pode 
adotá-lo como filho. Na hipótese de irmãos, haveria uma confusão de parentesco tão 
próximo, pois o adotado seria irmão e filho, ao mesmo tempo. 
►►Não há impedimento, todavia, nem na lei, nem na natureza da adoção, que impeça os 
tios de adotar os sobrinhos, ou os sogros de adotar a nora ou o genro, naturalmente 
depois do falecimento do filho ou da filha, uma vez que a restrição não alcança os 
parentes colaterais de terceiro grau, nem os parentes por afinidade. 
Para que o cônjuge ou companheiro também possa adotar, 
conjuntamente com o outro, é necessário que fique comprovada a “estabilidade da 
família”, ou seja, que o casal tenha um lar onde reina a harmonia no relacionamento e 
exista segurança material. 
Acresce o § 4º que “os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros 
podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas 
e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de 
convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com 
aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. 
A inovação, introduzida pela Lei Nacional da Adoção, encontra-se na parte em que o 
dispositivo torna explícita a necessidade de afinidade e afetividade, que devem ser 
demonstradas para que a situação descrita na parte inicial se efetive. 
►►O art. 45, caput, do Estatuto da Criança e do Adolescente exige o “consentimento dos 
pais ou representante legal do adotando” para a adoção. 
►►O § 1º, todavia, dispensa tal consentimento se os pais forem desconhecidos ou 
tiverem sido destituídos do poder familiar. 
Por seu turno, o § 1º do art. 28 do aludido diploma recomenda: 
“Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe 
interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as 
implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada”. 
Prescreve, por sua vez, o § 2º do referido dispositivo que, 
em se tratando de “maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em 
audiência”. 
A expressão “colhido em audiência” constitui inovação, que obriga a realização de ato 
específico de oitiva do adotando pelo juiz, com a presença do representante do Ministério 
Público. 
A nova Lei da Adoção acrescentou os §§ 3º e 4º ao art. 102 do ECA. Dispõe o primeiro: 
 “Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado procedimento específico destinado à sua 
averiguação, conforme previsto pela Lei n. 8.560, de 29 de dezembro de 1992. 
Por sua vez, prescreve o novel § 4º: 
 
8 
 “Nas hipóteses previstas no § 3º deste artigo, é dispensável o ajuizamento de ação de investigação de 
paternidade pelo Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto pai em 
assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para adoção”. 
Como a adoção cria direitos e deveres recíprocos, inclusive a mudança de estado familiar 
do filho, com ingresso deste numa família que lhe é estranha, só se sujeitará ele a tais 
contingências se houver consentido no ato, sendo maior e capaz, ou se, sendo menor, 
contar mais de 12 anos e houver manifestado sua concordância, em conjunto com os pais. 
Quando os pais do adotando forem conhecidose detiverem o poder familiar, o 
consentimento de ambos será indispensável, pois o de um não supõe o do outro (ECA, art. 
45, caput). 
A recusa de qualquer dos pais impede a adoção do menor por terceiro. Haverá dispensa do 
consentimento dos pais que tiverem perdido o poder familiar. 
O consentimento de pais adolescentes deve ser recebido com reservas, por ser dado 
muitas vezes por interesse e ainda por não terem eles perfeita noção da dimensão do ato 
que estão praticando, sendo por isso conveniente a sua oitiva pessoal pelo juiz. 
A adoção “post mortem” foi introduzida no nosso ordenamento pelo § 5º do art. 42 (atual § 
6º) do Estatuto da Criança e do Adolescente, com a seguinte redação: 
 “A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a 
falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença”. 
O § 1º do art. 41 do Estatuto da Criança e do Adolescente trata da situação bastante comum 
do cônjuge ou companheiro que traz para a nova união familiar filho havido em outro 
relacionamento. 
Dispõe o aludido dispositivo: 
“Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o 
adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes” (onde está escrito 
“concubino” ou “concubinos” deve-se ler “companheiro” ou “companheiros”). 
Trata-se da espécie conhecida como “adoção unilateral”, em que o cônjuge ou companheiro 
do adotante não perde o poder familiar, exercendo-o em conformidade com o art. 1.631 do 
Código Civil. 
Tal modalidade de adoção somente é possível se não constarem do registro do nascimento 
os nomes de ambos os pais, salvo se houver consentimento do pai registrado ou este 
perder o poder familiar. 
Depois de efetuada, não se alteram as relações de parentesco que já havia entre o filho e o 
pai ou mãe e os parentes deste. 
 Como a igualdade de direitos é total, “a mesma situação ocorreria se o filho do cônjuge não 
fosse biológico, mas adotado; a nova adoção em nada alteraria as relações de parentesco já 
constituídas entre o filho, o cônjuge ou companheiro e os parentes destes”. 
►►O art. 43 do Estatuto da Criança e do Adolescente só admite a adoção que “apresentar 
reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos”. 
Tal exigência apoia-se no princípio do “melhor interesse da criança”, referido na cláusula 3.1 
da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, ratificada pelo Brasil por intermédio 
do Decreto n. 99.710/9033. 
5. QUEM PODE SER ADOTADO 
 
9 
O Estatuto da Criança e do Adolescente o instituto da adoção compreende tanto a de 
crianças e adolescentes como a de maiores, exigindo procedimento judicial em ambos os 
casos. 
 O art. 1.619 do Código Civil, com a redação dada pela Lei Nacional da Adoção (art. 4º), 
prescreve que a adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência efetiva do 
poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no 
Instituiu-se um sistema de ADOÇÃO PLENA, deixando de existir a adoção simples, 
efetivada mediante escritura pública, prevista no Código de 1916 e no ECA. 
Podem ser adotadas, portanto, todas as pessoas cuja diferença mínima de idade para com o 
adotante seja de 16 (dezesseis) anos, uma vez que o art. 42, § 3º, do Estatuto da Criança e 
do Adolescente exige que o adotante seja, “pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o 
adotando”. 
Anote-se que nenhuma influência exerce na capacidade passiva da adoção a qualidade da 
filiação. Não importa se o adotado é filho havido do casamento dos pais ou não, tenha ou 
não pais conhecidos. 
►►O § 4º do art. 28, introduzido pela Lei Nacional da Adoção, explicita a necessidade de 
manter unidos os irmãos sujeitos a adoção, estatuindo: 
“Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, 
ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a 
excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo 
dos vínculos fraternais”. 
6. REQUISITOS DA ADOÇÃO 
Os principais requisitos exigidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente para a adoção 
são: 
� a) idade mínima de 18 anos para o adotante (ECA, art. 42, caput); 
� b) diferença de 16 (dezesseis) anos entre adotante e adotado (art. 42, § 3º); 
� c) consentimento dos pais ou dos representantes legais de quem se deseja adotar; 
� d) concordância do adotando, se contar mais de 12 anos (art. 28, § 2º); 
� e) processo judicial (art. 47, caput); 
� f) efetivo benefício para o adotando (art. 43). 
Trata-se de ato personalíssimo e exclusivo, como já foi dito. 
 Destarte, não pode, por exemplo, uma pessoa, que tenha sido criada desde tenra idade por 
outra, exigir o reconhecimento, por sentença, de sua condição de filho adotivo. 
Por sua natureza contratual, ao lado da institucional, a adoção exige convergência das 
vontades do adotante e do adotado, não podendo operar-se pela vontade de uma só pessoa. 
►►O art. 165, I, do Estatuto da Criança e do Adolescente requer a anuência do cônjuge 
ou companheiro do adotante. 
A diferença de dezesseis anos entre adotante e adotado é exigida no art. 42, § 3º, do Estatuto 
da Criança e do Adolescente porque a adoção imita a natureza. É imprescindível que o 
adotante seja mais velho para que possa desempenhar eficientemente o poder familiar. 
Exigindo a aludida diferença, “quer a lei instituir no lar ambiente de respeito e 
austeridade, resultante da natural ascendência de pessoa mais idosa sobre outra mais 
jovem, como acontece na família natural, entre pais e filhos. Com mais forte razão, não se 
admite que o adotado seja mais velho que o adotante. 
 
10 
►►O consentimento dos pais ou dos representantes legais de quem se deseja adotar, 
mencionado como terceiro requisito (letra c), é condição fundamental à concessão da 
medida. 
Todavia, o art. 166 do ECA o dispensa, dentre outras hipóteses, se os pais foram “destituídos 
do poder familiar”. 
Tal destituição só pode ser feita com rigorosa observância de procedimento contraditório 
(ECA, art. 24). 
Se, por exemplo, a mãe deixa o filho em total abandono, sendo desconhecido o pai, o 
processo de adoção deve ser precedido, obrigatoriamente, da destituição. Esta pode ser 
requerida cumulativamente ao pedido de adoção, como pressuposto lógico de seu 
deferimento. 
Quando os titulares do poder familiar não são localizados, devem ser citados por edital. 
Cumpridas todas as formalidades legais, “e decretada a destituição por sentença passada em 
julgado, a autoridade judiciária, ao deferir a adoção, suprirá o consentimento paterno”. 
A adoção, seja a de menor ou a de maior de idade, deve sempre obedecer a processo 
judicial (ECA, art. 47; CC, art. 1.619). 
►►O ECA prevê procedimentos próprios para a adoção de menores de 18 anos (arts. 165 
a 170), sob a competência do Juiz da Infância e da Juventude (art. 148, III). 
Tendo em vista o entendimento que continuam em vigor as normas do ECA que não 
conflitam com o novo Código Civil, a adoção dos referidos menores requer o 
preenchimento ainda de outro requisito: O estágio de convivência, a ser promovido 
obrigatoriamente, só podendo ser dispensado “se o adotando já estiver sob a tutela ou 
guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a 
conveniência da constituição do vínculo” (ECA, art. 46, § 1º, com a redação dada pela Lei n. 
12.010/2009). 
A finalidade do estágio de convivência é “comprovar a compatibilidade entre as partes e a 
probabilidade de sucesso na adoção. Daí determinar a lei a sua dispensa, quando o 
adotando já estiver na companhia do adotante durante tempo suficiente para se poder 
avaliar a conveniência da constituição do vínculo. 
A prova do estágio de convivência é, entretanto,indispensável na adoção por estrangeiro: 
de no mínimo 30 (trinta) dias, qualquer que seja a idade do adotando, cumprido no 
território nacional (ECA, art. 46, § 3º, com a redação dada pela Lei n. 12.010/2009). 
►►Sendo o adotado maior, será competente o Juízo de Família para a apreciação e 
deferimento da medida, não se dispensando a efetiva assistência do Poder Público. 
O juiz da Vara de Família averiguará se foram ou não cumpridos os requisitos legais e se 
a adoção é conveniente para o adotado. Não há limite de idade para o adotando. 
A adoção pode ser judicialmente anulada, desde que ofendidas as prescrições legais (CC, 
art. 166, V e VI). 
A adoção pode ser declarada NULA se: 
� a) o adotante não tiver mais de 18 anos (ECA, art. 42); 
� b) o adotante não for pelo menos dezesseis anos mais velho que o adotado (art. 42, 
§ 3º); 
� c) duas pessoas, sem serem marido e mulher ou conviventes, adotarem a mesma 
pessoa (art. 42, § 2º); 
� d) o tutor ou o curador não tiver prestado contas (art. 44); 
 
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� e) houver vício resultante de simulação ou de fraude à lei (arts. 167 e 166, VI). 
A adoção poderá ser anulável: 
� a) na falta de assistência do pai, tutor ou curador, ao consentimento do adotado 
relativamente incapaz (CC, art. 171, I); 
� b) na ocorrência de vício de consentimento do adotante, do adotado e do 
representante legal deste, proveniente de erro, dolo, coação, lesão e estado de 
perigo (art. 171, II). 
7. EFEITOS DA ADOÇÃO 
Os principais efeitos da adoção podem ser de ordem pessoal e patrimonial. 
� Os de ORDEM PESSOAL dizem respeito ao parentesco, ao poder familiar e ao 
nome. 
� Os de ORDEM PATRIMONIAL concernem aos alimentos e ao direito sucessório. 
7.1. EFEITOS DE ORDEM PESSOAL 
Os efeitos de ordem pessoal, como foi dito, dizem respeito ao: 
A) PARENTESCO — A adoção gera um parentesco entre adotante e adotado, chamado de 
civil, mas em tudo equiparado ao consanguíneo (CF, art. 227, § 6º). Preceitua, com efeito, o 
art. 41, caput, do Estatuto da Criança e do Adolescente, que “a adoção atribui a condição de 
filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer 
vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais”. 
Para efeito da verificação de impedimentos para o casamento, o juiz autorizará o 
fornecimento de certidão, processando-se a oposição do impedimento em segredo de 
justiça. 
A adoção, no sistema do ECA, produz seus efeitos “a partir do trânsito em julgado da 
sentença” que a deferiu, exceto no caso de adoção “post mortem”, “caso em que terá força 
retroativa à data do óbito” (ECA, art. 47, § 7º). 
A sentença será inscrita no registro civil mediante mandado. 
Estatui o art. 47, §§ 1º e 2º, do Estatuto da Criança e do Adolescente que a inscrição da 
sentença de adoção consignará os nomes dos adotantes como pais, bem como o nome de 
seus ascendentes, sendo que o mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro 
original do adotado. 
OBSERVAÇÃO: Nenhuma observação sobre a origem da adoção poderá constar das 
certidões de registro (art. 47, § 4º). O intuito é fazer com que caia no esquecimento a 
paternidade biológica e haja uma integração total do adotado na família do adotante. 
►►O § 3º do aludido art. 47 do ECA, introduzido pela Lei n. 12.010/2009, dispõe que, “a 
pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do município de 
sua residência”. 
 A inovação é importante porque evita que o adotante tenha que explicar para a criança ou 
adolescente o motivo pelo qual seu registro foi feito em cidade diversa daquela em que tem 
residência. 
O art. 29, caput, inciso VIII, da Lei dos Registros Públicos (Lei n.6.015/73) determina que 
sejam registradas “as sentenças que deferirem a legitimação adotiva”, consignando, no § 1º, e, 
que serão averbadas as “escrituras de adoção e os atos que a dissolverem”. 
 
12 
PODER FAMILIAR — Com a adoção, o filho adotivo é equiparado ao consanguíneo sob 
todos os aspectos, ficando sujeito ao poder familiar, transferido do pai natural para o 
adotante com todos os direitos e deveres que lhe são inerentes, especificados no art. 1.634 
do Código Civil, inclusive administração e usufruto de bens (art. 1.689). 
Como a adoção extingue o poder familiar dos pais biológicos (art. 1.635, IV) e atribui a 
situação de filho ao adotado, “desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo 
os impedimentos matrimoniais” (ECA, art. 41, caput), deverá o menor ser colocado sob 
tutela em caso de morte do adotante, uma vez que o aludido poder não se restaura. 
NOME — No tocante ao nome, prescreve o art. 47, § 5º, do ECA, com a redação que lhe foi 
dada pela Lei n. 12.010/2009: 
 “A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá 
determinar a modificação do prenome”. 
Acrescenta ainda o § 6º: 
“Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, 
observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei”. 
Nesse caso, são observados, ainda, o estágio de desenvolvimento da criança ou 
adolescente e seu grau de compreensão sobre as implicações da medida, bem como seu 
consentimento em audiência se se tratar de maior de doze anos. 
O sobrenome dos pais adotantes é direito do adotando. Mais se acentua a correta finalidade 
da norma em apreço quando os adotantes já têm outros filhos, biológicos ou adotados. 
Neste caso, o sobrenome deve ser comum, para não gerar discriminação, vedada 
constitucionalmente. 
OBSERVAÇÃO: O pedido de mudança do prenome deve ser formulado desde logo, na 
petição inicial. Tal alteração constitui exceção à regra sobre a imutabilidade de prenome (Lei 
n. 6.015/73, art. 58). 
Geralmente é solicitada quando o adotado é de tenra idade e ainda não atende pelo 
prenome original. 
7.2. EFEITOS DE ORDEM PATRIMONIAL 
Os efeitos de ordem patrimonial concernem a: 
A) ALIMENTOS — São devidos alimentos, reciprocamente, entre adotante e adotado, pois 
tornam-se parentes. A prestação de alimentos é decorrência normal do parentesco que então 
se estabelece. São devidos alimentos pelo adotante nos casos em que o são pelo pai ao filho 
biológico. 
 O adotante, enquanto no exercício do poder familiar, é usufrutuário e administrador dos 
bens do adotado (CC, art. 1.689, I e II), como compensação pelas despesas com sua 
educação e manutenção, em substituição ao pai natural. 
B) DIREITO SUCESSÓRIO — Com relação ao direito sucessório, o filho adotivo concorre, 
hoje, em igualdade de condições com os filhos de sangue, em face da paridade estabelecida 
pelo art. 227, § 6º, da Constituição e do disposto no art.1.628 do Código Civil. 
O filho adotado, do mesmo modo como sucede com os filhos consanguíneos, pode ser 
deserdado nas hipóteses legais, elencadas no art. 1.962 do Código Civil, quais sejam: 
� a) ofensa física; 
� b) injúria grave, 
 
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� c) relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; 
� d) desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. 
Além destas, também autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes as 
causas de exclusão da sucessão por indignidade relacionadas no art. 1.814 do mesmo 
diploma e que consistem, em síntese, em atentado contra a vida, contra a honra e contra a 
liberdade de testar do de cujus.

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