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A presente resenha crítica pretende apresentar meu ponto de vista sobre o artigo “Limite Penal – Questões Polêmicas sobre o Acordo de Não Persecução Penal”, escrito por Aury Lopes Jr. e Higyna Josita. Os autores relatam e discutem os principais pontos de controvérsia em relação à aplicação do acordo de não persecução penal brasileiro, particularmente seus impactos para o funcionamento da justiça criminal. A análise se concentra nos riscos e benefícios que essas medidas podem trazer, abordando questões como requisitos, potenciais e efeitos, nos cuidados processuais e desafios enfrentados pelo Ministério Público. O artigo começa situando o leitor no contexto de todo o acordo de não persecução penal (ANPP) no ordenamento jurídico brasileiro, por meio da Lei nº 13.964/2019, conhecida como o "Pacote Anticrime". Essa ferramenta processual surgiu como uma proposta de tornar a justiça mais célere e eficiente, evitando desgastes com processos penais longos, especialmente em casos de menor gravidade. Além disso, também destaca que o ANPP acarreta riscos a importantes princípios, como a legalidade e a isonomia penal. Os autores mostram que esse mecanismo, que veio com o pacote anticrime, quer acelerar a resolução dos casos, mas, ao mesmo tempo, levanta dúvidas sobre até onde ele pode ir e se pode acabar sendo usado de forma errada. Tudo isso nos faz entender e refletir sobre os verdadeiros limites do poder punitivo estatal. Os escritores nos advertem sobre o risco do ANPP se tornar um caminho arriscado, especialmente quando não existe um controle eficaz sobre sua utilização. Em uma nação marcada pela seletividade criminal histórica, essa flexibilidade pode favorecer os mais vulneráveis, prejudicando a promoção de uma justiça eficaz e equitativa. Durante o texto, eles falam que as leis precisam ser muito bem-feitas para que a justiça funcione direito, sem erros que prejudiquem as pessoas. Eu concordo demais com isso, porque qualquer deslize pode causar problemas sérios, tanto para a sociedade quanto para quem está envolvido no processo. Além disso, quando falamos de leis mal elaboradas ou mal interpretadas, entramos em um terreno perigoso, onde decisões importantes podem ser tomadas com base em critérios subjetivos ou pouco claros. A justiça penal precisa ser previsível, coerente e, principalmente, segura para todos. Quando a legislação é dúbia, o risco de arbitrariedade aumenta, e isso fragiliza a confiança no sistema como um todo. O artigo defende que o acordo de não persecução penal deve ser utilizado, sobretudo, para crimes mais leves, a fim de evitar que aqueles que cometeram atos de extrema gravidade sejam punidos. Acho isso muito importante, porque liberar alguém que cometeu um roubo, por exemplo, pode fazer a pessoa cometer o crime de novo, já que a punição não cumpriu seu papel. Mas também entendo que cada caso é diferente, não dá para comparar um furto de comida com um roubo de carro ou banco, que são crimes muito mais sérios. Essa diferenciação é essencial, pois o contexto do crime deve ser sempre levado em consideração. O princípio da individualização da pena existe justamente para isso: permitir que a resposta penal seja proporcional, levando em conta não apenas o fato em si, mas também as circunstâncias pessoais e sociais do acusado. Ignorar esses fatores pode levar tanto a injustiças quanto ao descrédito das políticas de justiça restaurativa, como o ANPP. Outra questão que os autores levantam é sobre a igualdade diante da lei. Quem possui maior formação acadêmica ou acesso a um advogado pode se beneficiar mais deste acordo, enquanto aqueles com menos recursos ficam em desvantagem. Eu vejo isso com preocupação, porque pode aumentar a desigualdade no sistema penal e enfraquecer o princípio de que todos devem ser tratados da mesma forma. Isso reforça a importância de políticas públicas voltadas ao acesso à justiça. Se o ANPP for um privilégio acessível apenas a quem pode pagar por uma boa defesa, ele deixa de ser um instrumento democrático e se transforma em mais um fator de exclusão social. A justiça penal não pode aprofundar desigualdades, isso fere o princípio da isonomia, ela deve ser um espaço de correção, e não de injustiças. Também concordo que o Ministério Público acaba com muita responsabilidade, o que pode deixar tudo mais lento, igual ao que já acontece com o Judiciário, onde os processos demoram demais para andar. Isso prejudica a eficiência da justiça, e o acordo de não persecução penal, que deveria acelerar tudo, pode não funcionar direito se quem tem que aplicá-lo não estiver preparado. Os autores ressaltam ainda que o preparo técnico do Ministério Público é fundamental para que o acordo funcione de forma justa. Não se trata apenas de ter conhecimento jurídico, mas de estar atento às consequências sociais de cada decisão. O uso indiscriminado do ANPP, sem a devida análise crítica e ética, pode banalizar sua aplicação e minar sua credibilidade junto à sociedade. Além disso, acredito que muitas pessoas que não têm muita instrução podem aceitar o acordo sem entender bem o que ele significa, por pressão ou falta de orientação. Isso mostra como é importante garantir que todo mundo tenha um acompanhamento justo e transparente. No fim, vejo que o acordo de não persecução penal pode ajudar a desafogar o sistema, mas se for usado demais, pode causar mais problemas do que soluções. Sem regras claras e fiscalização rigorosa, esse mecanismo pode acabar sendo mal-usado e prejudicar a confiança da população na justiça. Em resumo, o artigo nos faz pensar nos riscos e benefícios do acordo de não persecução penal. É uma ferramenta importante, sim, mas precisa ser usada com muito cuidado, seguindo a lei, com transparência e justiça, para ajudar de verdade o sistema penal brasileiro.