Buscar

Entomologia médica. vol 1. Forattini. 1962_XEROX

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 664 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 664 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 664 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ENTOMOLOGIA 
MtiDICA 
OSWALD0 PAUL0 FORATTINI 
l 
0 ramo da entomologia apli- 
cada a medicina, constitui sem 
dlivida, preocupacao constante e 
cada vez maior nas atividades sa- 
nitarias. As conseqtiencias sobre 
a vida humana, decorrentes da 
presenca dos artropodes, quanto 
mais estudadas, mais complexas 
se revelam. Se 15 verdade que 
alguns dbses problemas se enca- 
minham para soluc5.0 satisfatoria, 
nao e menos real que outros 
surgem concomitantemente. Dai a 
necessidade crescente de investi- 
gadores que se dediquem a tais 
estudos. Este livro pretende con- 
tribuir nesse sentido, isto 6, faci- 
litar a forma@0 de especialistas. 
0 piano de separaciio da obra 
em mais de urn volume tern por 
objetivo atender, Go sbmente a 
complexidade do assunto coma 
tambern 5 finalidade de maior 
presteza na divulgacio. A inten- 
sidade corn que as investigaGbes 
OSWALD0 PAUL0 FORATTINI 
Professor P.dlunlo do Deparfamenfo de Parasifologla da Facu!- 
dade de Higlene e Satide Ptiblica da Universidade de SSro Paulo 
EntomoIogia Mbdica 
1.O V.OLUME 
Parte Geral, Dipfera, Anophelini. 
FACULDADE DEHIGIENE E SArjDE PTjBLICA 
Departamento de Parasitologia 
SftO PAUL0 
1962 
A 
JOHN LANE 
PREIUCIO 
0 aparecimenfo e utilizac6o em massa, no final da riltima con- 
flagra@io mundial, dos inseticidas de efeito residual, principalmente 
dos clorogenados, despertaram nos hornens de saride priblica, exage- 
rado otimismo, em rela@o ds doencas transmitidas por artrdpodes. 
Sentia-se naquela e’poca, estarem superados OS problemas de profila- 
xia da makiria e de outras endemias transmitidas por insetos. 
Z?sse estado de euforia, entretanto, deixou de contaminar alguns 
pesquisadores, que mesmo em face da grande eficn’cia do DDT, do 
BHC ou mesmo dos compostos organo-fosforados, continuaram em 
seus laboratdrios cuidando da sistemdtica e da biologia dos artrd- 
podes. A t?sse grupo de estudiosos, agregou-se OSWALD0 PAUL0 
FORATTINI, no Departamento de Parasitologia da Faculdade de 
Higiene e Satide Ptiblica da Universidade de S6o Paulo e aqui temos 
o coroamento de seu trabalho fecundo. 
A partir de 1949, MARCH e METCALF, seguidos por numero- 
SOS investigadores, em todo o mundo, trouxeram o fruto de suas 
observa@es e experimentago”es, mostrando o aparecimento do fenii- 
meno da resistgncia pelos artrdpodes aos tdxicos empregados no seu 
combate. 
Observou-se primeiro a resistgncia da Musca domestica aos dife- 
rentes inseticidas. Desde 1953, que se vem constatando a ineficn’cia 
do DDT nas populag6es de Anopheles sacharovi, na Grdcia; nume- 
rosas outras espe’cies de anofelinos e de outros culicineos t$m impe- 
dido o born 6xito das campanhas de profilaxia, a certas doencas de 
massa. Hoje, mais de 50 espkcies de artrdpodes em vn’rias partes do 
mundo, n6o sofrem OS efeitos de urn ou mais tdxicos empregados para 
sua destruif6o; diante da evidgncia dos fates, voltaram-se OS sakta- 
ristas a exigir novamente novos e mais aprofundados estudos, no cam- 
po da Entomologia. 
,?Zste primeiro volume da “Entomologia Me’dica”, ester’ dentro disse 
ciclo dos novos conhecimcntos entomoldgicos e constitui o resultado 
de uma pesquisa, orientada nara atender as mais prementes necessi- 
_ dades da Salide Priblica. 
Existe atualmente, mimer0 reduzido de publica@es nesse campo 
da Entomologia, que venha atender aos estudiosos da fauna da Regii?o 
6 ENTOMOLOGIA MIZDICA 
Neo trdpica. I?ste livro, da ao estudante de medicina, ao de saride 
publica ou de outros ramos das ciencias medicas, a grande oportuni- 
dade de se inteirar dos conhecimentos atualizados, de que tanto 
necessitam. 
OSWALD0 PAUL0 FORATTINI neste primeiro tomo de sua 
“Entomologia Medica”, procura oferecer tam hem ao especialista, co- 
nhecimentos atualixados da materia. 
Divide o seu livro em varies capitulos, 
magoes gerais aplicadas a entomologia. 
iniciando-o corn as infor- 
Estuda o filo Arthropoda caracterizando-o e informando corn 
precisa’o, OS detalhes relacionados corn a morfologia e a biologia d&se 
grande agrupamento zooldgico. 
Destina Este primeiro tomo, ao estudo dos Diptera, focalixando 
cm particular a tribo Anophelini. 
Apresenta urn estudo complete dos anofelinos de Regiao Neo- 
trdpica e destaca corn especial atenctio OS fatos relacionados corn a 
biologia e ecologia dos vetores de malaria no Novo Mundo. 
Dedica o tiltimo capitulo ao estudo da Malaria e presta informa- 
@es atualixadas sobre importantes aspectos da epidemiologia e da 
profilaxia dessa parasitose. 
Procura relatar OS fatos fundamentais, ligados ao fenomeno da 
resistencia dos anofelinos aos inseticidas, atualmente, usados nas cam- 
panhas de profilaxia. Ocupa-se corn precisao dos metodos de erra- 
dicaca’o da malaria, que atualmente estao em desenvolvimento no 
Continente Americano. 
Todo o trabalho e acompanhado de uma farta bibliografia, ade- 
quadamente citada, de forma a facilitar a tarefa do interessado, no estu- 
do da entomologia aplicada as ciencias medrcas. 
Sao Paulo, 3 de Maio de 1962. 
PROF. Jose DE OLIVEIRA COL’TINHO 
Catedrzktico de Parasitologia 
INTRODUtCiiO 
Nasceu este livro da necessidade de oferecer aos nossos alunos 
de Entomologia Medica, fonte de consulta onde pudessem encontrar 
orientacao no aprendizado da especialidade. Essa falta fez-se sentir 
nitidamente, desde a instalacao desses Cursos no Departamento de 
Parasitologia da Faculdade de Higiene e Saude Publica. Ate hoje, 
tal lacuna temo-la precariamente preenchida pela ado@0 do sistema 
de postilas, tanto de nossa lavra coma de especialistas que colaboram 
conosco nos trabalhos didaticos. Em conseqtikrcia, o volume da ma- 
teria mimeografada adquiriu consideravel vulto apontando, desde o 
comeco, a urgencia na elaboracao de texto mais ou menos definitivo. 
Resolvemos pois, iniciar a tarefa. Foi o que fizemos no decorrer 
do Segundo semestre de 1959, completando agora a primeira etapa. 
No historic0 da Entomologia Medica, o Continente Americano 
desempenha papel relevante. Corn efeito, o Brasil foi sede de uma 
das mais antigas observacdes sobre a transmissao de molestias por 
artropodes. Deve-se ela a Gabriel Soares de Souza e esta contida 
no “Tratado Descritivo do Brasil em 1587”. Diz &se autor, no pri- 
meiro paragrafo do capitulo XCIII, que trata dos mosquitos, grilos, 
besouros e brocas da Bahia: 
“Digamos logo dos mosquitos a que chamam NHITINGA, e sao 
muito pequenos e da feicao das moscas, OS quais nao mordem, mas 
sao muito enfadonhos, porque se p6em nos olhos, nas narizes; e 
nao deixam dormir de dia no campo, se r-60 faz vento. l3tes sao 
amigos das chagas, e chupam-lhe a peconha que tern, e se se vao 
p6r em qualquer cossadura de pessoa sZi, deixam-lhe a peconha 
nela, do que se vem muitas pessoas a encher de boubas”. 
Como se v@, referia-se corn t6da a certeza, aos pequenos dipteros 
da Familia Chloropidae, vulgarmente denominados “lambe olhos” e 
que, em alguns lugares, ainda hoje conservam aquela primitiva deno- 
minacao, coma nos mesmos tivemos oportunidade de verificar na 
regiao sul do Estado de Sao Paulo. 
8 ENTOMOLOGIA MtiDICA 
A tais observa@es iniciais, segue-se longo period0 silencioso, 
interrompido apenas pelas teorias de Bancroft em 1769, sabre a 
transmissao da bouba e de Beauperthuy em 1854, responsabilizando 
OS mosquitos pela veiculacao da febre amarela. 
Em fins do seculo XIX e inicio do XX, ocorrem as importantes 
observa@es que levaram a descoberta da transmissao malarica e 
amarilica. A primeira inicia-se corn as verifica@es de Ross em 1897, 
as quais se seguem em 1898 e 1899, as de Manson, MacCallum, 
Bastianelli, Bignani, Grassi e Koch, concluindo corn OS trabalhos de 
Sambon e Low em 1900. No que concerne a febre amarela, it na 
ilha de Cuba que se realizam as observa@es pioneiras de Finlay em 
1881, e as definitivasde Reed, Carrol, Lazear e Agramonte em 1900. 
Corn o surgir do s&u10 XX, OS estudos entomologicos aplicados 
a medicina, adquirem maior incremento, revelando problemas e fatos 
novos a requerer solucao. Tal estado atingiu o seu maxim0 em in- 
tensidade, por ocasiao da segunda conflagracao mundial, de 1939 a 
1945. 0 fim d$ste period0 marca tambem o inicio da era do DDT 
e demais inseticidas dotados de poder de acao residual. Corn 0 
advent0 de tais poderosos e eficientes compostos quimicos, as auto- 
ridades sanitarias foram tomadas de grande otimismo que Ievava a 
suposicao da rapida solucao dos problemas constituidos pelas moles- 
tias transmitidas por artropodes. Todavia, tal euforia teve bem 
curta duracao. Corn efeito, em pouco tempo ja ocorriam as primeiras 
verifica@es da resistencia que as populac6es desses animais ofere- 
ciam a acao inseticida. Iniciando-se corn a mosca domestica, &se fe- 
nomeno estendeu-se rapidamente a outras especies cujo numero, na 
atualidade, aumenta dia a dia. Inaugurou-se assim, novo capitulo 
da especialidade, o do estudo da “Resistencia dos Artropodes aos 
Inseticidas”, que adquire cada vez maior vulto e import&cia. Corn 
ele, verificaram tabem OS investigadores, a necessidade da volta as 
observacoes basicas e aos estudos biologicos gerais e ecologicos em 
particular. Visa-se corn isso, conhecer cada vez melhor esses animais 
e encontrar as soluc6es mais praticas para OS problemas por eles 
ocasionados. 
Era nosso objetivo initial reunir em urn so volume toda a mate- 
ria pertinente a este ramo das Ciencias Medicas. Todavia, a medida 
que o trabalho progredia, fomos mudando de id&a. Quando chega- 
Adelvan
Realce
Tentar encontrar essas referências, exceto Ross, 1897 e Manson, 1894.
INTRODUCAO 9 
mos ao fim dos Capitulos s6bre anofelinos e malkia jh estivamos 
convencidos da premencia na divulgac5o do que tinhamos escrito. E 
isso, por vkios motives. Tratando-se de assunto de grande atuali- 
dade e objet0 de intensas investiga@es em t6das as partes do Mundo, 
OS conceitos esplanados sofreriam fatalmente acr&cimos e modifica- 
@es priticamente dikios. Assirn sendo, corn a demora na publica@o, 
correriamos inevitivelmente o risco de ter de rever ou mesmo refazer 
o que jh tinhamos feito. Preferimos deixar essa tarefa, se possivel, 
para futura nova edi$Zo. Alem disso, a matkria elaborada compor- 
tava, por si s6 urn volume initial. 
0 que focalizamos diz respeito, exclusivamente, a assuntos e pro- 
blemas da RegGo Neotropical ou seja, Bs Americas, Central e do 
Sul. Isso r-Go significa que deixamos completarnente de lado certos 
aspectos peculiares a outras Areas. Abordamos alguns d?les quando 
tratamos de artr6podes ou molkstias que podem interessar, direta ou 
indiretamente, iquela regi5o. 
Foi nossa preocupacZo constante fornecer apanhados OS mais 
atualizados possiveis. Demos snfase ks aquisiC6es recentes e julga- 
mos que a consulta bibliogrifica seria mais c6moda quando sepa- 
rada por assuntos. Por &se motivo, colocamos as vZirias refercncias 
ao final de cada capitulo. Apesar, pork, d&se nosso cuidado, em 
certos cases as investiga@es Go atualniente muito intensas e portanto, 
dificis de acompanhar. Em vista disso, muito provivelmente i hora 
mesma em que estiverern sendo lidas estas linhas, novos dados terzo 
sido publicados. Mas, de qualquer maneira, o leitor poderi obter 
informa@es atualizadas ate esta data. 
Seguindo orienta@o eminentemente pritica, n?io nos limitamos i 
morfologia e taxon6mia dos artrbpodes de inter&se medico. Pro- 
curando dar maios destaque A biologia, nela ressaltamos OS conheci- 
mentos cuja aplica@o se reveste de valor em Satide Ptiblica. Assim 
sendo, tentamos imprimir sentido din%nico e eminentemente epidemio- 
16gico aos assuntos que foram objet0 de esplana@o. Em vista disso, 
o leitor encontrari no@es suficientemente detalhadas, Go s6 s6bre OS 
artr6podes em si, mas tambtkn s6bre as entidades m6rbidas que 
transmitem ou das quais Go responsiveis. Esta orientaczo seri cons- 
tantemente mantida nos volumes subseqiientes. 
10 ENTOMOLOGIA MIZDICA 
Nossa experiencia no ensino desta especialidade tern-nos mos- 
trado, de maneira constante, a importancia das ilustracbes, mormente 
quando se trata de estudos morfologicos e taxonomicos. Por We 
motivo, o texto vai acompanhado de abundante material ilustrativo, na 
sua quase totalidade original e de nossa autoria direta. Esta cir- 
cunstancia peculiar contribuira certamente para eliminar eventuais 
divergencias entre as descricoes e as figuras que as representam. 
OS nossos agradecimentos a pessoa do Prof. Jose de Oliveira 
Coutinho, Catedratico da Cadeira de Parasitologia Aplicada e Higiene 
Rural, desta Faculdade, pelas valiosas sugest6es a n6s oferecidas. 
Pelo mesmo motivo, eles sao extensiveis ao Prof. John Lane e ao 
Dr. Dino G. B. Pattoli, prezados companheiros de Departamento. 
Deixamos tambern consignado o nosso reconhecimento a Srta. Maria 
Levy Kuntz, pela feitura da parte datilografica e a Sra. Maria Cotrim 
Sarzana, pela revisao do trabalho tipografico. 
Sao Paula, dezembro de 1961. 
OSWALD~ PAULO FORATTINI 
I’NDICE 
CAP~ULO I - GENERALIDADES. Sistemhtica, nomenclatura, ecolo- 
gia, distribuiqgo e zoogeografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 
CAPiTULO II - ARTHROPODA. Morfologia, reproduqgo, relaqCies corn 
outros seres vivos, classifica@o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 
CAPiTULO III - INSECTA. Morfologia externa, morfologia interna, 
fisiologia, reproduqso, classificacgo . . . . . . . . , . . . . . . . . 51 
CAPhULO IV - DIPTERA. Morfologia, biologia, classificapgo . . . . . . 87 
CAPiTULO V - CULICIDAE. Morfologia e classifica@o . . . . . . . . . . . 
CAPhULO VI - CULZCIDAE. Biologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
CAPi-lXLO VII - ANOPHELZNI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
CAPhuLo VIII - MALARIA. Epidemiologia e profilaxia, erradica@o . 
123 
AP~NDICE - PRINClPAIS TKNICAS USADAS NAS INVESTI- 
GACsES COM ANOFELINOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
185 
303 
505 
593 
fNDlCE ANALITICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 643 
CAP~TULO I 
GENERALIDADES 
DefinipTo e ob jetivos 
Sistemdtica: 
Caracteres 
Espkie 
Subespkie 
Outras categorias 
Nomenclatura : 
Regras Internacionais 
Ecologia : 
Solo e vegeta@o 
Clima 
Microclima 
Predatismo 
Associaq5es 
Competi@o 
Alimenta@o 
Participaqgo na composiC50 populacional 
AdaptaCGes 
Hospedeiros e vetores 
DistribnicGo e Zoogeografia : 
Distribuiqgo 
Regi6es Zoogeogrificas 
RegGo Neotropical 
Refer6ncias 
DEFINICAO E OBJETIVOS 
Denomina-se ENTOMOLOGIA, o ramo da Zoologia que se ocupa 
corn o estudo dos metazoarios do Filo ARTHROPODA. Embora eti- 
mologicamente a palavra signifique “estudo dos insetos” (do grego 
entomon = inseto), ela 6 usada para designar o estudo de todos OS 
artropodes. N&se sentido, nao logrou aceitacao o term0 ARTRO- 
PODOLOGIA, usado que foi por alguns autores (Patton e Evans, 
1929). 
0 estudo dos artropodes compreende todos OS aspectos, bem 
coma a aplicacao final dos conhecimentos adquiridos. Dessa forma, 
a Entomologia apresenta-se subdividida em varias partes que, quando 
desenvolvidas, podem se transformar em outras tantas especialidades. 
Na verdade p&m, nada mais sao do que fases pelas- quais deve 
passar o estudo desses animais. Elas sao interdependentes. Assim 
sendo, vejamos o que ocorre no estudo de determinado artropode. e 
facil compreender que a primeira etapa deva pertencer a MORFO- 
LOGIA. De posse dos conhecimentos morfologicos, pode-se passar 
a classificacao e identificacao, objet0 da SISTEMATICA ou TAXO- 
NOMIA. Uma vez identificado, o animal sera estudado sob o ponto 
de vistade sua BIOLOGIA. Em etapa posterior, OS resultados obti- 
dos servirao as investigacdes da ECOLOGIA. E, finalmente, OS co- 
nhecimentos assim adquiridos serao aplicados nos diversos setores de 
inter&se para o homem. Em resumo, a investigacao entomologica 
reveste-se de varies aspectos e todos eles devem ser cuidados, desde 
que o objetivo 6 tomar OS diferentes artropodes suficientemente co- 
nhecidos. 
A Morfologia estuda e descreve as varias estruturas do corpo. 
0 conhecimento destas 6 fundamental para compreender a posi@o 
das diversas especies na escala zoologica bem coma a fisiologia e a 
Sistematica ou Taxonomia agrupa OS animais em categorias e o 
comportamento do animal na natureza. Baseada em tais dados, a 
identifica. A Biologia compete levar a efeito as observac6es desti- 
nadas a desvendar OS aspectos da vida, da evolucao e da fisiologia. 
A Ecologia ocupa-se das rela@es corn OS outros seres e corn o am- 
biente em geral. 
Atualmente, dois ramos da Biologia adquirem, dia a dia, maior 
importancia nas investiga@es entomologicas. Trata-se da FISIOLO- 
GIA e da GENfiTICA. Deve-se isso principalmente ao aparecimento 
16 ENTOMOLOGIA MJ~DICA 
do fenomen da resistencia dos artropodes aos inseticidas, para cuja 
compreensao, torna-se necesskio o conhecimento, cada vez maior, dos 
mecanismos fisiologicos e geneticos desses animais. 
OS dados adquiridos corn OS estudos supra mencionados serao 
utilizados, se far o case, no controle das especies nocivas ou no 
aproveitamento das titeis. Evidentemente, o estudo entomologico pode 
ser realizado sem objetivo de aplicacao pratica imediata, embora sem- 
pre exista a probabilidade desta vir a se fazer mais tarde, indepen- 
dentemente das inten@es iniciais. ~2, pois, a ENTOMOLOGIA PURA 
a que estuda OS artrdpodes sem se preocupar corn a influencia, maior 
ou menor, que OS mesmos possam ter s6bre a vida humana. Dada 
porem a crescente importancia que esses animais apresentam nas suas 
rela@es corn 0s outros seres vivos, surgiu a necessidade imperiosa 
de estudos visando a aplicacao imediata dos conhecimentos obtidos. 
Dai a origem da ENTOMOLOGIA APLICADA, corn suas diversas 
especialidades : economica, agricola, medica e veterinaria. 
Podemos, pois, definir a ENTOMOLOGIA MeDICA coma sendo 
o ramo da Entomologia Aplicada destinado ao estudo daqueles artro- 
podes que, gracas as suas relac6es corn o homem, adquiriram inte- 
r&se em medicina humana. 0 objetivo final reside, consequente- 
mente, no contrale eficaz dos mesmos. 
SISTEMATICA 
0 numero de especies animais 6 grande. Por &se motivo, se o 
estudo zoologico pretende conseguir visa0 global do Reino e, poste- 
riormente, especializar-se em alguma parte do mesmo, deve neces- 
sariamente agrupar esses seres em categorias. Isto significa que e 
imprescindivel a classificacao ou ordenacao dos animais em grupos 
afins, e este e o objetivo da SISTEMATICA ou TAXONOMIA. 
Como se ve, a finalidade imediata da classificacao 6 de ordem pi-5 
tica, isto P, a identificacao precisa do animal para que possam se1 
levadas a efeito ulteriores investigacbes. Isso, porem, sem prejuizo 
de outros interesses, coma seja a disposicao em grupos tais que se 
evidenciem as relac6es de afinidade entre OS mesmos. 
CARACTERES - No desempenho de sua funcao, o taxonomista 
lanca mao de determinadas particularidades, proprias do animal, que 
recebem o nome geral de caracteres. ktes podem ser de diversos 
tipos corn0 morfologicos internos ou externos, microscopicos ou ma- 
croscopicos, fisiologicos 01-1 ecologicos. Sempre porem e desejavel 
que tais elementos sejam associaveis, caracterizando em conjunto a 
especie estudada. 
GENERALIDADES 17 
A escolha dos caracteres a serem usados pode ser artificial ou 
arbitraria. Assim, por exemplo, o investigador baseando-se em par- 
ticularidades de determinado orgao ou parte do corpo, separa OS 
animais de ac6rdo corn as variac6es d&se caracter. Modernamente, 
a tendencia 6 no sentido da adocao de um sistema natural ou seja, 
urn meio que baseado na teoria da evolucao, indique as relacoes de 
parentesco entre OS diversos componentes do Reino Animal. Neste 
tipo de Taxonomia 6 fundamental a escolha de elementos indicativos 
de origem semelhante, isto 6, que evidenciem a homologin. NSo se 
devem confundir, todavia, corn OS que mostram semelhanca funcional 
ou analogia, pois esta nem sempre tern o mesmo significado de rela- 
gi0. Essa pesquisa, pois, implica na realizacao de estudos acurados 
e prolongados nos campos da embriologia, ecologia, fisiologia e ou- 
tros. Por isso mesmo, tais estudos estao longe ainda de serem sa- 
tisfatorios para a maioria dos animais, motivo pelo qua], as homologias 
ainda se fundamentam principalmente em semelhancas de ordem mor- 
fologica. Contudo, nao se deve perder de vista a finalidade util da 
classificacao, e o born taxonomista saber-a recorrer ao seu senso cien- 
tifico escolhendo OS caracteres bons e praticos que levam a identifi- 
cacao precisa do animal. 
ESPZXJZE - A unidade basica da classificacao 6 a espe’cie. As 
definic6es desta categoria nao Go uniformes e as varias apresenta- 
das nao satisfazem a totalidade dos cases existentes. Apesar disso, 
podemos, para fins didhticos, dizer que a especie 6 urn grupo de indi- 
viduos corn OS caracteres essenciais seguintes : 
sao semelhantes entre si; 
possuem urn ancestral comum ; 
3) t&l certa area de distribuicao; 
4) diferem igualmente dos componentes de grupos proximos; 
5) apresentam barreira de infertilidade corn Gsses individuos, 
isto 6, do cruzamento fora da especie r-60 resulta produto 
fertil. 
SUBESPKCIE - Pode ocorrer que, dentro de uma especie, exis- 
tam individuos formando popula@es. &tes diferem dos outros, por 
certos caracteres tomados mais no sentido de medias do que no 
absoluto. Tais especimens constituem as chamadas ragas geogrdficas 
ou su6espkcies. Elas ocupam “habitats” e areas de distribui@o de- 
finidas e diferentes em cujos limites, podem ser encontrados exempla- 
res portadores de caracteres intermediaries entre OS que permitiram 
a separacao. 
18 ENTOMOLOGIA MtiDICA 
OUTRAS CATEGORIAS - Partindo da unidade, ou seja, a 
especie, OS animais sao agrupados em categorias cada vez maiores. 
Sao as seguintes: o GiSNERO ou reniao de especies; a FAMiLIA 
ou reuniao de generos; a ORDEM ou reuniao de familias; a CLASSE 
ou reuniao de ordens; o FILO ou reuni%o de classes e por fim, no 
nosso case, o REIN0 ANIMAL que refine OS varies filos. 
Tais categorias sao constantes e obrigatorias, isto 6, todo animal 
deve pertencer a cada uma delas. Existem outras, de posicao inter- 
mediaria entre as anteriores e cuja existencia e facultativa, ou seja, 
esta na dependkrcia da complexidade do grupo, do grau de conhe- 
cimentos atingidos ou da necessidade de evidenciar OS varies niveis 
de parentesco entre OS componentes. Assim, temos, na mesma ordem 
anterior, a SUBESPKIE, o SUBGENERO, a TRIBO, a SUB- 
FAMiLIA, a SUPERFAMiLIA, a SUBORDEM, a SUBCLASSE, o 
SUBFILO e o SUBREINO. 0 que foi dito pode ser resumido da 
seguinte maneira : 
Categorias constantes Categorias facrdfativas 
REIN0 ANIMAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . SUBREINO 
FILO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . SUBFILO 
CLASSE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . SUBCLASSE 
ORDEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . SUBORDEM 
SUPERFAMiLIA 
FAMfLIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . SUBFAMiLIA 
TRIBO 
GENERO ..,...................... SUBGENERO 
ESPI~CIE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . SUBESPI~CIE 
NQMENCLATURA 
0 animal, uma vez identificado, necessita receber denominacao 
que seja tinica, exclusiva e reconhecida em qualquer parte do Mundo. 
c evidente que OS nomes comuns, alem de imprecisos, nao atendem a 
3ses requisitos. Podemos tomar, coma exemplo, o casedos flebo- 
tomos, dos quais se conhece numerosas especies. Eles 60 global- 
mente designados pelos leigos corn OS mais variados names coma 
sejam : “biriguis”, “mosquitos-palha”, “bereres”, “cangalhinhas” e 
“tatuquiras”, para citar somente OS usados no Brasil. IZ claro que 
tais denominacdes nao satisfazem as condi@es referidas. Dai se 
conclui da necessidade de se adotar urn process0 de denorninacao 
universalmente aceito. We 6 o chamado Sistema de Nomenclatura 
Bionominal criado por Lineu (Linnaeus) na decima edi@o do seu 
“Systema Naturae” de 1758. 
0 referido metodo de Lineu consiste na ado@0 do Latim coma 
lingua oficial e na designacao de cada especie por duas palavras 
d&se idioma. 0 primeiro desses vocabulos 6 o gene’rico, isto 6, des- 
tina-se a designar o genera a que pertence o animal. 0 Segundo 6 
0 especifico, ou seja, pertence propriamente a especie em questao. 
Para designar a subespecie, o nome desta 6 colocado logo apes 
o especifico e a denominacao passa a ser assim, trinominal. 
As demais categorias sao designadas apenas por uma expressao 
e portanto sua nomenclatura 6 uninominal. 
No case particular de subgcnero, quando se deseja cita-lo, o 
nome 6 colocado abreviado ou nao, em seguida ao generico e entre 
parkrtesis. 
I GENERALIDADES 19 
Urn exemplo ilustrara o que foi dito: 
Nome Nome Nome Nome 
GenPrico Subgenkrico Especifico Subespecifico 
ESPGCIE . . . . . . . Culex (Culex) pipiens - 
SUBESPGCIE , . . Crrlex (Cdex) pipiens fafigans 
REGRAS INTERNACIONAIS - Para sanar as confusdes que 
pudessem surgir e estabelecer normas a serem seguidas universalmen- 
te, foram criadas e aprovadas, nos Congressos Internacionais de 
Zoologia, as chamadas REGRAS INTERNACIONAIS DE NOMEN- 
CLATURA ZOOLOGICA. Existe outrossim, em carater permanente, 
a Comissao de Nomenclatura, cuja funcao 6 de, atraves decis6es su- 
plementares, resolver OS cases omissos que a ela forem sendo apre- 
sentados. Nao ha espaco, num livro desta natureza, para transcrever 
tadas as leis que constituem o conjunto citado. Mencionaremos ape- 
nas as que julgamos de uso mais corrente, e que devem ser do conhe- 
cimento de todo taxonomista: 
1 - OS nomes cientificos devem ser latinos ou latinizados. 
2 - 0 nome generico, no nominativo singular, e escrito corn a 
primeira letra em tip0 maiiksculo, enquanto que 0 especifico 
em minuscule. Exemplo : Musca dome’stica. 
3 - 0 nome da Familia forma-se acrescentando ao radical do 
gkero tipico, o sufixo idae, o da Subfamilia acrescentan- 
do-se inae e o da Tribo, acrescentando-se ini. Exemplo: 
Genera Culex, Familia Culicidae, Subfamilia Culicinae, Tribo 
Culicini. 
29 ENTOMOLOGIA MEDICA 
4- Quando e descrita nova especie, devem ser indicados OS 
tipos. &tes sao OS exemplares sobre OS quais se baseou 
a descricao. Quando existe somente urn especimen, este 
e o holdtipo. No case de mais de urn ou seja, uma serie 
de individuos, um deles sera escolhido coma holotipo e 
OS restantes serao 0s parbtipos. Dktes, urn que seja do 
sexo oposto ao do holotipo sera designado coma aldtipo. Se 
o autor nao escolheu OS tipos entre a serie que lhe serviu 
a descricao, todos OS exemplares receberao o nome cotipos 
e constituirao assim, a se’rie cotipica. 
5 - 0 nome do autor ou autores podera ser acrescentado, intei- 
ro ou abreviado, logo em seguida ao nome cientifico, sem 
pontuacao de qualquer especie. Se f8r desejavel, separado 
por uma virgula, pode-se acrescentar o ano em que foi fei- 
ta a descricao. Exemplo: Phlebotomus intermedias Lutz e 
Neiva, 19 12. 
No case de haver mudanca de categoria sistematica, 
pode-se acrescentar o nome do autor da mesma maneira, 
porem, entre parentesis. Exemplo : Anopheles oswaldoi 
(Peryassu, 1922). 
6 - 0 nome cientifico e sempre t’inico e a designacao valida e 
a mais antiga. Esta P a chamada lei da prioridade. Em 
sua obediencia, OS names posteriores dados a mesma cate- 
goria ou especie sao considerados sit-2Gnimos. Em case de 
categorias ou especies diferentes, passam a ser hom8nimos 
e, neste case, o mais recente devera ser modificado. 
7 - Todo nome generic0 ou especifico somente sera conside- 
rado valid0 se, quando de sua criacao, far acompanhado 
de diagnose diferencial, isto e, sumula de caracteres dife- 
renciais corn OS grupos proximos. 
ECOLOCIA 
Na Natureza, nenhum ser, animal ou vegetal, vive isoladamente. 
Todos mantern relacdes, quer entre si, quer corn o ambiente. Assim 
formam-se conjuntos de seres que recebem o nome de comunidades. 
0 estudo dessas rela@es entre seres vivos e das comunidades que 
estabelecem constitui o objet0 da ECOLOGIA. Aos locais onde as 
varias especies vivem e se reproduzem, se da o nome generic0 de 
habitat. 
GENERALIDADES 21 
A composi@o quantitativa e qualitativa de qualquer comunidade 
animal sofre as influhcias diretas ou indiretas de numerosos fatares. 
htes podem ser considerados sob OS seguintes t6picos: 
1 - Fat6res inerentes ao AMBIENTE: 
A) Solo e vegetacgo. 
B) Clima. 
C) Microclima. 
2 - FatGres inerentes i COMUNIDADE: 
A) Predatismo. 
B) Associa@es : 
a) Colonialismo. 
b) Inquilinismo. 
c) Comensalismo. 
d) Simbiose. 
e) Parasitismo. 
C) Competi~20. 
3 - Fatares inerentes i ESPKIE: 
A) Alimentac5o. 
B) Participacao na composi$Zo populacional. 
C) AdaptaqGes. 
SOLO E VEGETACAO - A natureza e composi@o quimica do 
solo regulam a vegeta@o. Esta, por sua vez, influi nas espkcies 
animais que dela dependem para sua subsisthcia, abrigo e criadou- 
ros. A vegeta@o 6 a fonte dos elementos essenciais de que OS ani- 
mais necessitam. As plantas utilizam o carbono, o oxighio, o nitro- 
ghio e 0s vh-ios minerais e, corn o aproveitamento da energia solar, 
conseguem sintetizar 0s compostos orghicos que ~20 necesshios aos 
animais. Compreende-se, pois, que o solo, a vegeta@o e a fauna, 
constituam elos de uma mesma cadeia. 
22 ENTOMOLOGIA MI~DICA 
CLIMA - OS fatores clmaticos principais, coma a temperatura 
e a umidade, influem poderosamente s6bre a composic;ao das comu- 
nidades animais. Nas regi6es tropicais, cles sZ0 pouco variaveis. 0 
contrario acontece em outras, onde as estac6es do ano sao bem mar- 
cadas. Assim sendo, o estudo das popula@es deve levar em consi- 
deracao a variac6o estacional subordinada a variabilidade desses 
fat6res climaticos. No nosso meio, por exemplo, as observac6es rea- 
lizadas corn diferentes especies de insetos demonstraram, de maneira 
evidente, a maior producao nos meses quentes e umidos, em contra- 
posicao a menor que ocorre nos meses frios e secos. Compreende-se 
pois que tais observa@es sao dotadas de grande importancia quando 
se trata, no case que nos interessa, de especies vetoras de molestias. 
0 estudo de sua variacao populacional permite determinar as epocas 
e as condi@es de maior transmissao. 
MICROCLIMA - As condi@es de temperatura e umidade das 
keas restritas constituem o que se denomina de Microclima. Seu es- 
tudo tern importancia ao se pretender observar a influencia exercida 
sobre OS animais em seus abrigos. De modo geral, nesses locais, a 
temperatura e a unidade mostram valores e variac6es diferentes das 
do clima geral da regiao e o seu estudo pode levar a conhecimentos 
interessantes sobre o modo de vida dessas especies. 
PREDATZSMO - E o process0 pelo qua1 uma especie animal 
se alimenta de outra, destruindo-a. Quando ele ocorre dentro da 
mesma especie, recebe o nome particular de canibalismo. Se a ali- 
mentacao se processa sobre individuos mortos, o process0 denomina-se 
necrofagismo ou necrofagia. 
AssOC/ACfiEs - As relac6es entre especies animais podem 
variar atraves enorme graduacao. Esta pode ser figurada, de modo 
empirico, desde o encontro fortliito ate a intima situacao de interde- 
pendencia. Existem, portanto, varies tipos de rela@es que denomi- 
names genericamente de associapjes. 
Podemos 
mais,a saber 
considerar duas categorias distintas de associac6es ani- 
I- A constituida por individuos da mesma especie. 
2 - A formada por individuos de especies diferentes. 
No primeiro case, temos o que se chama colonialismo. 0 con- 
junto desses individuos associados formam as col6nias. S~O, pois, 
verdadeiras sociedades de animais de uma unica especie, que vivem 
juntos e se diferenciam em grupos distintos para o desempenho de 
GENERALIDADES 23 
determinadas fun@es. Podemos citar coma exemplos, as col8nias de 
himen6pteros e is6pteros. Nelas OS espkimens pertencem ZI mesma 
espkcie mas, no entanto, formam grupos distintos, ecokgica e morfo- 
lhgicamente. Assim it que existem operirios, soldados, rainha e ma- 
chos, constituindo classes de uma sociedades perfeitamente organizada 
e eficiente. 
Pela pr6pria naturez a do assunto tratado neste manual, interessa 
mais a anilise detalhada da segunda modalidade de associa@o. 
Evidentemente, o fator que influencia a aproxima@o de espkies 
diferentes reside em exigencias semelhantes de alimenta@o e ambiente. 
Considerando duas ou mais espkcies que se associam, verificaremos, 
de ac6rdo corn essas necessidades, vk-ios tipos de rela$es, tais coma: 
inquilinismo comensalismo, simbiose e parasifismo. 
Denomina-se inquilinismo, “shelter association” (Hoare 1949) 
ou “phoresis” (Baer 1951), o tipo de sociedade na qua1 urn animal 
vive s6bre a superficie ou dentro de cavidades naturais de outro. 
Esse h6spede contudo, em tal situa@o, nada aproveita alkm da pro- 
te+o decorrente de sua localiza@o. 0 hospedeiro fornece apenas 
alojamento. A alimentaqso do inquilino pro&m do meio externo. 
0 grau de intimidade torna-se maior quando o h6spede procura 
em seu hospedeiro, nZo scimente prote@o contra inimigos naturais mas 
tambern alimenta@io necessiria i sua subsistencia. Estaremos diante 
de urn case de comensalismo, quando o h6spede utiliza parte dos ali- 
mentos do hospedeiro, sem contudo causar-lhe qualquer deficiencia, 
perturba@ fisiolhgica ou leszo. Por outro lado, dessa’ uniso pode 
resultar miltua vantagem para ambos OS componentes e, entzo, teremos 
um case de simbiose ou mutrralismo. 
Quando o h6spede retira o aliment0 do organism0 do hospedeiro 
causando-lhe perturba@es no funcionamento e les6es nos tecidos, da- 
remos a $le o nome de parasito e, a essa associa@o, o de parasitismo. 
As defini@es que demos acima Go SZO rigidas. Variam, priti- 
camente, conforme o autor considerado. Alguns, coma Baer (1951), 
consideram o comensalismo coma tipo de associa@o de mfituo bene- 
ficio entre 0s parceiros OS quais, porkm, conservariam suas respectivas 
independencias fisiolbgicas. Todavia, devido a razdes puramente 
ecolbgicas, Gles nZo poderiam sobreviver quando separados. Se admi- 
tirmos &se ponto de vista, a diferenca corn a simbiose residiria na 
interdepend?ncia fisiolbgica entre h6spede e hospedeiro que existe 
nesta tiltima. Seja coma f6r, parece que OS autores (Hoare 1949, 
Baer 1951, Caullery 1952) concordam em admitir que, no case do 
parasitismo, existe urn aspect0 constante. Este reside no fato de que 
o h6spede perdeu a capacidade de sintetizar certas substkcias que 
Ihe Go ‘indispensiveis. Portanto, para que possa subsistir, tais ele- 
24 ENTOMOLOGIA MtiDICA 
mentos devem lhes ser fornecidos pelo hospedeiro. Assim sendo, @ste 
tipo de associa@o tern coma caracteristico essential e unilateral, o 
fato de ser necessdria shmente ao hdspede. 
Como vimos, da-se o nome geral de parasito ou parasifa ao ani- 
mal que, no parasitismo, desempenha o papel de hospede. Recebe o 
nome de ectoparasito ou ectoparasita aquele que se instala na super- 
ficie externa do hospedeiro. Chama-se endoparasito ou endoparasita 
o que procura localizar-se no interior do corpo do hospedeiro, esco- 
lhendo as cavidades naturais, gerais ou a intimidade dos tecidos. 
Resumindo o que acima foi dito, podemos organizar o seguin- 
te quadro : 
ASSOCIAC0ES ANIMAIS : 
l- Da mesma especie: 
COLONIALISMO. 
2 - De especie diferentes: 
A) INQUILINISMO. 
B) COMENSALISMO. 
C) SIMBIOSE. 
D) PARASITISM0 : 
4 
4 
Ectoparasitismo. 
Endoparasitismo. 
COMPETI(XO - Desde que OS membros de uma mesma espe- 
tie t&n as mesmas exigkrcias alimentares, eles se tornam naturalmen- 
te competidores entre si. 0 mesmo conceit0 se aplica a individuos de 
especies diferentes mas corn o mesmo tipo de alimentacao. 
Outro aspecto, ligeiramente diferente, 6 o dos chamados initnigos 
naturais que sao representados principalmente pelos predadores a que 
ja nos referimos at&. A competi@o e OS inimigos naturais s50 
meios de que a natureza lanca mao para regular o equilibrio das 
especies. 
ALIA4ENTACA”O - Cada especie animal apresenta exig&rcias 
alimentares definidas, tanto quantitativas coma qualitativas. Tais ne- 
cessidades podem ser mais ou menos restritas. Dai pode resultar o 
confinamento maior ou menor da especie em relacao as fontes de ali- 
GEKERALIDADES 25 
mento. E ainda o fator alimentar que influi na escolha dos locais de 
cria#o. 
Neste assunto particular, a hematofagia rnerece maior aten@o 
de nossa parte. Ela vem a ser o hibito que tern certos animais, de 
se alimentarem de sangue. Tal tipo de alimenta@o pode estar con- 
dicionado a variados fatcres, ser mais ou menos ocasional e se rea- 
lizar s6bre diversos hospedeiros. Em primeiro lugar, devemos dis- 
tinguir as espkies que encessitam do repast0 sanguine0 para o seu 
desenvolvimento complete. Ao lado destas, hi outras para as quais 
a hematofagia torna-se necessiria apenas para o desempenho de de- 
terminadas fun@es fisiol6gicas. No primeiro case, Go hemat6fagas 
tadas as fases do ciclo evolutivo do animal ou enGo sbmente as 
adultas, de ambos OS sexos. No Segundo case, apenas OS individuos 
adultos do sexo feminino apresentam &se hibito alimentar. Isto se 
deve ti freqiiente rela@o que existe entre o repast0 sanguineo, o 
amadurecimento dos ovos e conseqtiente oviposi@o. 
A hematofagia depende ainda das oportunidades que se apre- 
sentam para ser exercida. Hi especies habitualmente Go hematci- 
fagas mas que podem vir a ~6-10, desde que as condi@es para isso 
sejam favorAveis. I? 0 que ocorre, por exemplo, corn vkias espkies 
de hemipteros fitbfagos que foram observados acidentalmente sugando 
sangue do homem e animais. 
Da maior importancia, para n6s, vem a ser o estudo das prefe- 
rkcias alimentares dssses animais sugadores de sangue. 0 grau de 
escolha dkses hematbfagos pode ser mais ou menos restrito, isto 6, 
podem apresentar pouca tendencia i varia@o em seus hospedeiros. 
Compreende-se perfeitamente a importincia de que se reveste, em 
epidemiologia, a investiga@o das espkcies que se adaptaram a sugar 
preferentemente o sangue hurnano. Assim, pois, a antroyofilia e a 
zoofilia ou seja, a prefercncia pelo homem ou pelos animais, C ele- 
mento de relevo para se aquilatar do valor epidemiol6gico de deter- 
minada espkcie. 
PARTICIPAC2iO NA COMPOSICA”0 POPULACIONAL - Va- 
ria muito a percentagem corn que OS representantes das diferentes 
espkies entram na composi@o da comunidade animal. Em linhas 
gerais e sob criteria quantitative, temos as dominantes, as secunddrias 
e as raras ou esporddicas. 
Para a execucSo de estudos que visem a composi@o populacio- 
nal, torna-se necess&-io o miximo cuidado. E isso, porque Go nume- 
rosos OS fatares que influem nessa composi@o, sendo grande parte 
deles, para Go dizer a maioria, ainda ma1 conhecidos. Assim, por 
exemplo, a tecnica adoptada na coleta de exemplares pode selecionar 
apenas determinadas espkies, dai resultando idkias err6neas s6bre 
26 ENTOMOLOGIA M@DICA 
outras. A composicao pode tambem variar, corn o passar do tempo, 
considerando-se o mesmo local, coma ja se observou para varias espe- 
ties de Insetos. 
A composicao especifica e aspect0 de grande importancia epide-miologica. A densidade de uma especie pode ser fator relevante a 
ser levado em conta para a avaliacao do poder transmissor de deter- 
minada molestia. 
ADAPTACGES - Juntamente corn o habitat e o modo de vida, 
OS animais podem apresentar modifica@es, mais ou menos acentua- 
das, de ordem morfolbgica, fisiologica ou ecologica. Tais altera@es 
conduzem - especiaZixa@es ou adapta@es a esses diferentes am- 
bientes. Mudando estes, OS animais tambem tendem a fazer o mesmo 
corn a finalidade de se adaptarem as novas condi@es de vida. Isso 
foi o que aconteceu e esta acontecendo, por exemplo, corn o uso em 
larga escala dos rnodernos inseticidas. &tes, sob o ponto de vista 
ecologico, nada mais representam do que mudanca do ambiente. 
Como resultado, OS artropodes procuram adaptar-se, dai resultando o 
fenomeno da resistencia a essas substancias quimicas. 
No capitulo das adapta@es convira que consideremos, corn maio- 
res detalhes, as referentes a vida parasitaria. 0 parasito e urn ser 
que, em niaior ou menor grau, se especializou para determinada forma 
de vida e ambiente. I? lbgico, pois, que apresente modificacbes es- 
truturais em seu organismo. Elas se traduzem principalmente pela 
atrofia de certos 6rgaos e hipertrofia de outros. De modo geral, a 
simplificac5o estrutural atinge OS orgaos da locomocao e certos sen- 
sorios. A hipertrofia se faz sentir essencialmente nos 6rgaos de re- 
producao. 
HOSPEDEZROS E VETORES - Alem dos individuos que de- 
sempenham o papel de parasitos ou de hospedeiros, ha outros que, 
em virtude de seu habit0 hematofago ou gracas a qualquer outro 
mecanismo, podem provocar a entrada em seus organismos, dos para- 
sitos que estavam no hospedeiro. Uma vez no interior desses se- 
gundos hospedeiros, podem se reproduzir ou passar por fases de seu 
ciclo biologico. Posteriormente, tal hospedeiro pode transferir OS pa- 
rasitos que estao no seu corpo, para outro semelhante ao primeiro. 
Dessa forma, o ciclo parasitario pode compreender mais de urn hos- 
pedeiro. idles podem ser de dois tipos, a saber: 
1 - Hospedeiro definitivo ou seja, aquele no qua1 0 parasito 
desenvolve as fases sexuadas de seu ciclo evolutivo. 
2 - Hospedeiro intermedicirio, isto e, aquele no qua1 
volvem as fases assexuadas d&se mesmo ciclo. 
se desen- 
GENERALIDADES 27 
Apes tais considera@es surge, sob o ponto de vista epidemio- 
logico, o conceit0 de v&or. Rste seria o hospedeiro que abriga o 
parasito e o transmite a outro hospedeiro. e justamente no estudo 
dkstes vetores que reside grande parte da importancia dos artropodes 
em medicina humana e veterinaria. Pode-se distinguir varies tipos, 
a saber: 
1 - Vetor mec&zico 6 aquele que apenas transporta mecanica- 
mente 0 parasito. Pode faze-lo, seja na superficie do cor- 
po, seja no interior do tubo digestivo; neste case, elimi- 
nando-o posteriormente atraves de fezes e vomitos. Neste 
vetor, o parasito nao desenvolve nenhuma fase de seu ciclo 
evolutivo. 
2 - Vetor bioldgico vern a ser aquele no qua1 se desenvolve 
certa etapa do ciclo evolutivo do parasito. Pode ser hos- 
pedeiro intermediario ou definitivo. Como exemplo do pri- 
meiro case, podemos citar o Culex pipiens fatigans para a 
Wuchereria bancrofti e, do Segundo, OS Anopheles para OS 
Plasmodios da Malaria. 
DISTRIBUICAO E ZOOGEOCRAFIA 
OS animais nao se distribuem de maneira uniforme na super- 
ficie da Terra. Cada especie apresenta certa circa de distribui@o. 
Esta pode ser encarada sob diversos pontos de vista. Assim, quando se 
refere a certa regiao, denomina-se distribui@o geogrdfica. Porem, se 
diz respeito a determinado tipo de ambiente, recebe o -nome de distri- 
buicao ecologica. Conhece-se coma niche ecoldgico a situacao IocaI 
que possui todos OS elementos essenciais para a existencia de deter- 
minada especie. Designa-se, portanto, coma ZOOGEOGRAFIA, o 
ramo da Zoologia que se ocupa corn a distribuicao dos animais e OS 
fatores que nele interferem. 
D/STRIBUICA”O - As areas ocupadas pelos animais variam 
muito corn as especies. Algumas 60 cosmopolitas, isto 6, distri- 
buem-se amplamente pela superficie do Globo, coma a Musca dome’s- 
tica. Outras sao restritas ou Zocais, ocorrendo somente em determi- 
nadas areas. OS componentes de cada especie tendem a se expandir, 
premidos por varies fatores coma competi@io, inimigos naturais, es- 
cassez de alimentos, condic6es adversas do ambiente, etc. Todavia, 
essa disseminacao tern limites. Rstes sao representados por condicoes 
naturais que recebem o nome geral de barreiras xoogeogrtificas. Elas 
podem ser de varies tipos, a saber: 
28 ENTOMOLOGIA MtiDICA 
1 - Fisicas, tais coma as cadeias de montanhas, as colecees 
liquidas e outros acidentes geograficos. 
2 - Clima’ticas, representadas 
temperatura e umidade. 
pelas condi@es desfavoraveis de 
3 - Bioldgicas, coma a ausencia de alimentos adequados e pre- 
senca de inimigos naturais. 
Por outro lado, existem fatares que contribuem para maior dis- 
tribuicao. Alguns sao inerentes a propria especie, e o case dos ani- 
rnais migradores. Outros decorrem de fenamenos geograficos coma 
as correntes aquaticas e areas que levam numerosas especies a dis- 
tancias, as vczes, consideraveis. No case dos parasitos, a locomo- 
@o dos respectivos hospedeiros pode ser causa de aumento de sua 
area de distribuicao. Ha, ainda, a considerar o papel representado 
pelos fatores artificiais, que pode ser muito importante. J? o case do 
homem que corn OS meios de locomocao, cada vez mais rapidos e de 
maior alcance, pode transportar varias especies animais. Sem citar 
OS cases ja por demais conhecidos dos ratos e outros animais domes- 
ticos, desejamos exemplificar mencionando a veiculacao de artropodes 
nocivos. 0 Aedes aegypti nas Americas e o Anopheles gambiae na 
regiao Nordeste do Brasil, sao fatos muito ilustrativos e que vieram 
criar o conceit0 de policiamento sanitaria dos meios de transporte. 
Entre nos, temos observado comurnente a veiculacao de triatomineos 
em mudancas da populacao rural para regiGes onde antes tais inse- 
tos nao eram conhecidos. 
Sob o ponto de vista da distribuicao ecologica, podemos dividir 
as especies animais em aqudticas e terrestres. As primeiras se sub- 
dividem em de aagua dote e de agua salgada ou marinhas. No case 
dos artropodes, existe a possibilidade freqiiente de se encontrar a 
mesma especie corn varias distribuicoes ecologicas, de acardo corn as 
fases da vida. c o case dos culicideos, por exemplo, que sso aqua- 
ticos durante as fases imaturas e terrestres quando adultos. 
REGI0ES ZOOGEOGRAFICAS - Zoogeograficamente falando, 
a superficie da Terra foi dividida em determinadas areas. E isso 
desde OS trabalhos de Sclater ( lSSS>, Wallace ( 1876) e Lydekker 
(1896), que para tanto se basearam nas especies autoctones caracte- 
risticas. Dessa maneira, foram criadas as chamadas REGI0ES 
ZOOGEOGRAFICAS, que sao as seguintes (fig. 1) : 
1 - Paleartica, compreendendo a Europa, a Asia ate o Sul da 
Cordilheira do Himalaia, e o Norte da Africa. 
GENERALIDADES 
30 ENTOMOLOGIA MtiDICA 
2 - Efiopica, compreendendo o restante da Africa, a Ilha de 
Madagascar e o Sul da Peninsula Arabica. 
3 - Orienfal, cornpreende o Sul da Asia, a india, a Malasia e 
as Ilhas de Ceilao, Java, Borneu, Celebes e Filipinas. 
4 - Australiana, cornpreendendo a Australia, a Nova Zel%dia, 
a Nova Guine e as Ilhas do Ocean0 Pacifico. 
5 - Neartica, compreendendo a America do Norte ate Norte 
do Mexico. 
6 - Neofropical, compreendendo as Americas Central e do Sul, 
alem da regiao Sul do Mexico. 
De preferencia, trataremos neste manual, das especies cuja dis- 
tribuicao se faz na tiltima dessas Regi6es. Por isso, julgamos inte- 
ressante tecer mais algumas considera@es sabre a mesma. 
REGZA”O NEOTROPZCAL - Compreende, coma foi dito, as 
Americas do Sul e Central, alem da parte tropicalda America do 
Norte. Evidentemente, nao existe limite rigid0 corn a Regiao Near- 
tica. Nas zonas baixas do Mexico, coma assinala Wallace (1876), 
as formas tropicais chegam ate 280 de latitude Norte. Ao passo que 
no altiplano do mesmo Pais, as formas temperadas descem ate ccrca 
de 200 da mesma latitude. Desse mode, o percurso da linha divi- 
soria e aproximadamente o seguinte: inicia-se na Costa Ocidental do 
Mexico acompanhando-a em dire@0 Sul, desde o Estado de Sinaloa 
ate o istmo de Tehuantepec. Ai, atravessa as regi6es sulinas dos 
Estados de Oaxaca e Vera Cruz em direcao ao Golfo do Mexico. Em 
seguida, sofre uma inflexao e toma a dire@0 Norte, acompanhando 
as terras baixas da Costa Oriental do Mexico ate perto de Browns- 
ville, no Texas, Estados Unidos da America no Norte. Atravessando 
o citado Golfo do Mexico atinge o Estreito da Florida, passa pelo 
mesmo, dirigindo-se para o Norte, a Oeste do Arquipelago das Ilhas 
Bahamas. Toda a parte situada ao Sul dessa linha imaginaria cons- 
titui a chamada Regiao Neotropical. 
Esta Regiao tern sido dividida em sub-regi6es. As comumentes 
aceitas sao : a Chilena, a Magalsnica, a Pampeana, a Brasiliana, a 
Mexico-Andina e a Antilhana. Lane (1943, 1953), ao estudar a 
distribuicao dos culicideos, divide-a em duas, correspondentes a Am& 
rica Central e a America do Sul. Nesta tiltima, o referido autor 
considera varies centros de endemism0 e dispersao, o Caribe, o 
Incasico, o Planalto Central, o Tupi, o Chileno e o Pataghnico. Alem 
disso, assinala urn centro negativo, de regiao arida, correspondente 
ao Nordeste do Brasil. 
GENERALIDADES 31 
REFERENCIAS 
BAER, J. G. - Ecology of animal parasites. Univ. of Illinois Press, Urbana, 
1951. 
CAULLERY, M. - Parasitism and symbiosis. Sidgwick di Jackson, London, 
1952. 
HOARE, C. A. - Handbook of medical protozoology. Bailhere, Tindall & 
Cox, London, 1949. 
LANE, J. - The geographic distribution of Sabethini (dipt. Culicidae). Rev. 
de Etom. 14:409-29. 
LANE, J. - Neotropical Culicidae. Univ. S. Paulo Pubs., %io Paula, 1953. 
LYDEKKER, R. - A geographical history of mammals. Cambridge Univ. 
Press, Cambridge, 1896. 
PATTON, W. S. and EVANS, A. M. - Insects, Ticks and Venomous animals 
of Medical and Veterinary Importance. 
Britain, 1929. 
H. R. Grubb Ltd., Croydon, Great 
SCLATER, P. R. - On the 
the Class Aves. J. P 
geographical distribution of the members of 
rot. Linn. Sot. 2: 130-46, 1858. 
WALLACE, A. R. - The geographical distribution of animals. Harper & Br. 
Pubs., N. York, 1876. 
CAP~TULO II 
FILO ARTHROPODA 
Definig-tio e generalidades 
Morfologia: 
Cuticula 
Anexos cuticulares 
Organizac20 geral 
ConstituiqZo do anel 
Constitui+o do apOndice 
ConstituipZo do corpo 
Sistema muscular 
Aparelho circulatbrio 
Aparelho digestive 
Sistema excretor 
Sistema nervoso 
cirg5os dos sentidos 
Aparelho reprodutor 
ReproducGo : 
Metamor foses 
Rcln~~cs corn orrtros scrcs lvivos: 
Artrhpedes coma agentes etiolbgicos de molktias 
Artrbpodes coma vetores de agentes etiol6gicos 
de molbtias 
Comportamento dos agentes etiol6gicos no orga- 
nismo do vetor 
CfassificapTo 
Ref ehcias 
DEFINECAO E CENERALIDADES 
0 Filo ARTHROPODA e o maior do Reino Animal. Assim 
sendo, reune consideravel numero de representantes, bastante diferen- 
tes entre si. No que pese porem tal diversidade, esses animais apre- 
sentam certos caracteres comuns que permitem agrupa-10s nesta mes- 
ma categoria zoologica. Baseados em Imms (1957), podemos enu- 
mera-los da seguinte maneira : 
l- 
2- 
3- 
4- 
5- 
6- 
Corpo segmentado e revestido de exoesqueleto de quitina. 
Presenca, em certo numero desses segmentos, de pares de 
apendices articulados que se destinam a func6es variadas 
e, portanto, se apresentam corn morfologia diferente. 
Coracao dorsal e corn pericardio. 
Cavidade geral formada por uma hemocele, isto 6, urn sis- 
tema lacunar atraves o qua1 a hemolinfa banha OS v&-ios 
orgaos. 
Sistema nervoso central formado por urn ganglio supra- 
esofagico que esta conectado corn uma serie linear e ven- 
tral de outros ganglios. 
Predominancia quase absoluta de musculatura estriada e 
ausencia de epitelio ciliado. 
Pode-se, pois, definir OS artropodes coma sendo animais meta- 
zoarios, de simetria bilateral e que apresentam a combinacao dos 
caracteres acima mencionados. 
MORFOLOCIA 
CUTiCULA - 0 aspect0 primordial e que logo chama a aten- 
$20 do examindor, e a presenca de urn revestimento de espessura e 
consistencia variavel. Pode-se compara-lo a uma armadura medieval 
cobrindo t8da a superficie do corpo do artropode. Esse revestimento 
recebe o nome de cuticula. Sua fur@0 e a de urn verdadeiro exo- 
esqueleto apresentando na superficie interna as areas de implantacao 
da musculatura. A cuticula nao e celular mas formada principal- 
mente por uma substancia quaternaria, acetato de polissacaride, deno- 
minada quitina. Alem desta, reconhece-se outro componente, secun- 
36 ENTOMOLOGIA MEDICA 
dario, constituido por uma proteina que recebe o norne de artropo- 
dina. Existem ainda outras fra@es nao conhecidas suficientemente. 
SupGe-se que kses dois componentes da cuticula estejam quimica- 
mente combinados formando urn compost0 glicoproteico. 
Rste revestimento e produto da secrecao de uma camada basal 
de celulas, denominada hipoderme. Ele se prolonga tambem dentro 
do organism0 do animal, revestindo as partes anterior e posterior 
do tubo digestivo, certas porc6es dos orgaos genitais e as traquitias 
do aparelho respiratorio. Pode tambem sofrer invaginacoes, dando 
lugar a estruturas internas destinadas i fixa@o muscular. A rigidez 
d&se exoesqueleto varia de lugar para lugar e pode ser aumentada 
pela deposicao de outras substancias, coma sais calcarios. Por outro 
lado, tal consistkrcia rigida sofre interrup@es ao nivel das articula- 
@es dos varies segmentos. Nesses pontos o revestimento apresen- 
ta-se membranoso e mole, permitindo OS variados movimentos dessas 
partes do corpo que recebem o nome geral de escleritos. 
A cuticula nao tern somente a funcao de exoesqueleto mas tam- 
hem, em vista de sua impermeabilidade, protege o corpo do animal 
contra a dessecacao do meio ambiente. 
ANEXOS CUT/CULARES - A superficie cuticular apresenta 
variado ntimero de apendices, processes e ornamentacoes, muitos dos 
quais rnerecem aten@o especial, uma vez que sao de grande impor- 
tancia nos estudos de 
sistematica (fig. 2 j. 
Denomina-se se- 
tas ou macrotriqlrias 
as estruturas origina- 
rias de uma celula 
hipodermica chamada 
tricdgeno. Estao im- 
plantadas em depres- 
s6es conhecidas pelo 
nome de alve’olos e 
se conectam corn a 
cuticula atraves uma 
mem brana cuticular. 
Tais ap&rdices tern 
aspectos e fun@es 
diferentes, estas ain- 
r al 
da nao suficientemen- Fig. 2 - Esquema dos ap@ndices cuticulares. 
te conhecidas. Assim ac - Actileo; al - Alveolo; ec - Escama; ep - 
sendo, q u a n do se 
Espor50; hp - Hipoderme; ma - Membrana arti- 
cular; mc - Microtriquia; no - N6dulo; tr - 
apresentam rigidas e Tric6geno; st - Seta. 
FILO ARTHROPODA 
., 37 
bem desenvolvidas, recebem o nome de cerdas. Sendo finas e de 
tamanho variAve1, denominam-se genkricamente, pelos. Quando muito 
modificadas, de aspect0 achatado, folGceo, Go conhecidas pelo nome 
de escamas. Consideram-se ainda, as setas glandulares e as sensoriais 
ou seja, aquelas relacionadas corn tais fun@es. 
Existem ainda processes chamados espinhos e esporo’es, que di- 
ferem das setas por serem de origem pluricelular e Go apresentarem 
articula@o. Deve-se considerar, porPm, que a primeira dessas deno- 
mina@es tern sido usada para designar forma@es diferentes. Assim 
por exemplo, Go conhecidas corn %se nome as cerdas espiniformes 
encontradas na genitilia masculinade certas espkies. 
Ao lado dkses anexos de origem celular, observam-se tambkm 
ornamenta@es cuticulares acelulares, que recebem o nome de micro- 
triquias, acrileos, tub&culos, nddulos e cornos, de tamanho, aspect0 
e desenvolvimento OS mais variados. 
ORGANIZACiiO GERAL - A caracteristica fundamental dos 
artr6podes reside no fato do corpo d&ses animais se apresentar cons- 
tituido por s&ie longitudinal de elementos hom6logos conhecidos pelo 
nome de segmentos, somitos ou metameros e que se evidenciam exte- 
riormente em an&is. E isso tanto no que concerne i morfologia exter- 
na coma i disposi+o dos brgzos internos. A &te tipo de organiza- 
$20, em tudo semelhante .5 dos anelideos, denomina-se nzetameria ou 
metameriza~iro. 
A tais segmentos, por sua vez, correspondem apcndices. Testes 
se apresentam em ntimero miximo de dois pares para cada somito 
e Go formados por peGas articuladas entre si, que recebem o nome 
gekrico de articulos. 
Pelo que foi dito, compreende-se que o estudo morfol6gico geral 
dktes animais deveri levar em considerac5o a constitui$Zo tipica de 
urn segment0 e de urn apendice, al&n das varia@es que tais elemen- 
tos podem apresentar, de ac6rdo corn a fun@0 nas virias partes do 
corpo e corn OS diversos grupos de artrcipodes. 
CONSTITUIC2iO DO ANEL - Considerando-se o exoesqueleto 
de urn segment0 ou seja, um anel tipico, v&se que primitivamente Gle 
6 de consist&cia membranosa. Posteriormente, em sua evolu@o, 
di-se o endurecimento de Areas definidas. Tais reg%es, que ii tive- 
mos ocasiso de mencionar, Go OS escleritos. No anel, eles se dispdem 
da seguinte maneira (fig. 3) : 
a) dois tergitos tendendo a se fundir, formando urn arco dorsal 
chamado tergo ou noto; 
38 ENTOMOLOGIA MtiDICA 
b) dois esfernitos que tarnbem tendem a se unir na linha media 
formando urn arco ventral, o esterno; 
c) dois pleuritos em cada uma das faces laterais ou pleuras. 
0 superior denominado epimero e o inferior episterno. 
D 
t0 to 
/p& 
en ecI 
Fig. 3 -Diagrama do anel e ephdice tipicos 
de artr6pode. D - Face dorsal; V - Face 
ventral; tg - Tergo; pl - Pleura; et - 
Esterno; to - Tergito; eo - Esternito; 
ep - Epimero; es - Episterno. Teoria da 
bifurca&& dos ap@ndices: pt - Protopodito; 
ed - Endopodito; ex - Exopodito. Teoria 
axial dos aphdices: co - Coxito; tp - 
Telopodito. 
CONSTITUlCAlO DO APIZNDZCE - No apendice dos artro- 
podes reconhece-se duas partes essenciais, cada uma formada por 
varies articutos (fig. 3). A primeira P proximal e destinada a esta- 
belecer a juncao entre o corpo e o apendice propriamente dito, inse- 
rindo-se na pleura. Recebe o nome de protopodito, simpodito ou 
coxito. A segunda 6 distal, funcional e tern sua constitui@o primi- 
tiva interpretada por duas teorias. Uma delas considera esta parte 
bifurcada, ou seja, formada por dois ramos, urn externo ou exopodito 
e outro interno ou endopodito. A outra teoria admite apenas uma 
estrutura axial plurisegmentada chamada telopodito. Este correspon- 
deria ao endopodito da teoria anterior e, assim sendo, o exopodito 
FILO ARTHROPODA 39 
seria apenas um prolongamento mais ou menos desenvolvido. Tais 
interpreta@es dividem as preferkcias dos entomologistas. Admite-se 
clue a segunda explique melhor a estrutura apresentada pelos espC- 
cimens terrestres, enquanto que a primeira aplicar-se-ia corn mais 
propriedade is formas aquAticas. 
0 apsndice primitivo provivelmente estaria presente em todos OS 
an&s do artr6pode ancestral. D2le derivariam, tekicamente, OS vkios 
tipos encontrados na atualidade. E isso, graqas a variadas modifi- 
ca@es e de ac6rdo corn as diferentes fun@es que tern de desempe- 
nhar. Assim, as pernas e as asas encarregam-se da locomo@o, po- 
dendo tambilm servir a outras fun@es. AquUes due rodeiam o ori- 
ficio bucal destinam-se i nutri@o e se modificam de ac6rdo corn o 
hibito alimentar do animal. Hi OS que @m fun@0 sensorial coma 
as antenas e 0s palpos. Outros Go destinados i reprodu@o, coma 
certos apGndices abdominais que fazem parte da genithlia externa. 
0 que foi dito s6bre a constitui+o tipica do anel e seu apendice, 
poderA ser resumido da seguinte maneira: 
I - ANEL - escleritos: 
A) dois tergitos - tergo ou noto (dorsal) 
B) dois esternitos - esterno (ventral) 
C) quatro pleuritos, dois de cada lado - pleura (lateral) : 
a) epimero (superior) 
b) episterno (inferior) 
II - APENDICE - articulos: 
A) por@o proximal : protopodito, simpodito ou coxito 
B) po@o distal: 
B,) Teoria da bifurca@io (formas aquiticas) : 
a> exopodito (ramo externo) 
b) endopodito (ramo interno) 
Teoria axial (formas terrestres) : 
trutura axial plurisegmentada) . 
B,) telopodito (es- 
CONST/TU/@iO DO CORPO - G do consenso gel-al que OS 
artr6podes descendem dos anelideos ou, pelo menos, de urn ancestral 
40 ENTOMOLOGIA MEDICA 
comum mais prbximo destes do que daqusles. OS dois apresentam a 
metamerixa@o do corpo, isto 6, a organizacao segmentada. Ela 6 
simples 110s anelideos ao passo que mostra importantes modificac6es 
nos artrbpodes. Corn efeito, nos primeiros sao semelhantes entre 
si, ou seja, a metameria P do tipo Izom6mero. Nos segundos, ao con- 
trario, OS somitos se mostram sempre mais ou menos diferentes entre 
si, dai a denomina@o de metameria do tipo IzeterGmero. Tal diferen- 
ciacao dos metameros adquire grande importancia nos artrbpodes. 12 
em conseqtiencia dela que ocorre o agrupamento de segmentos modi- 
ficados, terminando pela formacao das diferentes partes do corpo. 
l 
l / 
Tlpo 
2 nccstrai 
c- 
__ 1 _ _ CI-IILOPOOA DIPLOI?OOA 
CRUSTACEA 
ALAR1 
c- 
i- 
a- 
;:: 
INSECTA 
Fig. 4 - Representa@ diagram8tica das 
regiBes do corpo dos principais grupos de 
artr6podes. C - Cabeca; ct. - C6falothrax; 
a - Abd6men; t - T&ax. 
A divisao supramencionada apresenta aspectos profundamente 
diferentes entre OS numerosos artrbpodes (fig. 4). E essa diferenca 
e de tal monta que se torna muito dificil, ou mesmo impossivel, esta- 
belecer as possiveis homologias entre as varias regi6es corporais dos 
FILO RRTNROPODA 41 
grandes grupos d&k Filo (Vandel, 1949). Nos insetos verifica-se 
nitidamente, a separaGZo em trk partes distintas denominadas cabega, 
tcirax e abd6men. Nos crustkeos superiores e em muitos aracnideos 
ocorre a fus5o da cabeca e do t&ax, dai resultando a diviszo do 
corpo em cefalotdrax e abd6men. Nos acarianos observa-se a au&- 
cia de separa@o, ou seja, a uni5o completa das partes dai resultando 
urn todo indivisivel. E finalmente, nos dipl6podos, quil6podos e pen- 
tastomideos, existe o aspect0 plurisegmentado em elementos seme- 
lhantes, de maneira a 1120 ser possivel a diferencia@o entre t6rax e 
abd6men. 
SISTEMA MUSCULAR - Logo abaixo do revestimento cuti- 
cular, encontram-se as camadas do sistema muscular. 12 formado por 
musculos estriados, individualizados, dispostos em feixes longitudi- 
nais e transversais em cada segmento. 
APARELHO CIRCULAT6RIO - A cavidade do corpo dos ar- 
tr6podes nZo Et uma verdadeira cavidade geral ou celomitica, mas 
sim urn espa$o sanguine0 que recebe o nome geral de hemocele. 0 
aparelho circulatbrio 6 muito pobre em 6rgZios especializados, no en- 
tanto, em grupos superiores, hi um vase-dorsal, muscular e de situa- 
$50 mediana, que desempenha as fun@es cardiacas. Ventralmente a 
%se CjrgZo encontra-se geralmente um septo transparente denominado 
yericlirdio. Devido a &se sistema cavitkio pelo qua1 circula o iiqui- 
do sanguineo, diz-se que CJ aparelho circulatkio dos Artr6podes 6 
lacunar. 0 sangue ou hemolinfa 6 geralmente incolor e contern ele- 
mentos figurados. 
APARELHO RESP/RATciRIO - Tambkn 6 pobre em cirg2ios 
diferenciados. Nas formas inferiores, essa fun@0 6 realizada atravks 
da superf icie corporal. Nas outras, existem certas estruturas espe- 
cializadas. Nos espkcimensaqujticos hi apendices tubulares ramifi- 
cados denominados brhqrrias. Nos individuos terrestres h5 diverti- 
culos internos, revestidos de quitina e tambern ramificados, chamados 
traque’ias. Estas se abrem na superficie do corpo por meio de ori- 
ficio que recebe o nome de espirdculo. 
APARELHO DZGESTIVO - Conquanto de aspect0 muito va- 
rihvel, 6 bem diferenciado e complete, isto P, corn abertura bucal 
anterior e anal posterior. 12 constante e sii excepcionalmente pode se 
apresentar atrofiado ou ausente. 
i?ste aparel ho 6 constituido por um 
distinguem tr& Pa tes essenciais, a saber 
tabo digestivo, no qua1 se 
42 ENTOMOLOGIA MRDICA 
l- intestino anterior ou estomodeu 
2- intestino rne’dio ou mesentero 
3 - intestino posterior ou protodeu 
A primeira e a terceira Go de origem ectodermica. Por isso, 
apresentam revestimento cuticular quitinoso que se continua, sem in- 
terrupcao, atraves dos orificios bucal e anal corn o da superficie do 
corpo. 0 intestino media e de origem endodermica e, portanto, nao 
possui revestimento quitinoso, mas sim essencialmente glandular. 
Observa-se, ainda, 6rgaos glandulares anexos tais coma as glandulas 
salivares e certos apendices de desenvolvimento variavel. 
SISTEMA EXCRETOR - E simples, podendo ser representadc 
apenas por celulas da parede intestinal ou alguns orgaos diferencia- 
dos. Tais sao OS ap&dices tubulares que se abrem no intestino, en- 
contrados nos Insetos, e certas glandulas que se abrem diretamente 
no exterior, coma em Crustaceos e Acarianos. 
SZSTEMA NERVOSO - I? constituido essencialmente pela 
nzassa ganglionar supraesofagiana ou ce’rebro. Atraves prolongamen- 
tos, forma urn anel que abraca o tubo intestinal e une-se ao element0 
anterior da cadeia ganglionar ventral. Esta ultima 6 formada por urn 
conjunto linear de ganglios pares que percorre em sentido longitu- 
dinal o corpo do artropode. De tais ganglios partem OS nerves para 
as diferentes regi6es do organismo. 
ORGAOS DOS SENTIDOS - Em relacao ao sistema nervo- 
so, Gsses animais apresentam 6rgFtos dos sentidos diferenciados. A 
visao, que pode faltar em algumas formas, se faz a custa de olhos 
que podem ser sitnples OLI ocelos, e compostos. OS primeiros sao ele- 
mentos pequenos e refringentes. OS segundos sempre se apresentam 
formando urn par e sao constituidos pela reuniao, de numero variavel, 
de elementos simples denominados omatideos. As outras fun@es sen- 
soriais s%o desempenhadas por 6rgaos de complexidade variavel e 
celulas dispostas em varias regides do corpo. Em geral, tais celulas 
se associam a pelos e cerdas e, dessa forma, quando estes anexos se 
movem, 0 element0 nervoso transmite OS estimulos. 
APARELHO REPRODUTOR - Tern como or-g&s essenciais 
OS testiculos e ova’rios. A eles segue urn sistema de tubos condu- 
tores que se reunem na sua terminacao, abrindo-se num so orificio 
genital. Ao redor deste, pode existir estruturas e apendices que em 
conjunto, formam a chamada genitdlia externa. 
FILO ARTHROPODA 43 
Na figura 5 esta representada , diagramaticarnente, a disposicao 
geral dos principais orgaos internos de urn artropode. 
Fig. 5 - Representa& diagramatica da disposi&o 
dos principais 6rg&os internos de urn artr6pode. 
m- Camada muscular; n - Cadeia ganglionar ven- 
tral; p - Perickdio; s - GBndulas sexuais; t - 
Tubo digestivo; v - Vaso dorsal. 
REPR0DUCdO 
OS artropodes, em geral, 60 gonocoricos, isto 6, apresentam OS 
sexos separados. 0 hermafroditismo pode ser encontrado corn fre- 
qiiencia em certos grupos, coma nos crustaceos. Enquanto que so 
excepcionalmente se apresenta em outros, corn0 nos inestos. l2stes 
aliam comumente a isso, a presenca de dimorfismo sexual que chega 
a ser consideravel em alguns cases. 
A partenogenese 6 freqtiente. 0 f enomeno do desenvolvimen to 
do ovulo sem previa fecundacao 6 encontrado coma regra em certos 
grupos de insetos e crustaceos. 
A grande maioria dos Artropodes 6 ovipara. A viviparidade, 
embora nao comum, @ encontrada em numerosos grupos, coma nos 
onicoforos e certos insetos e aracnideos. 
No desenvolvimento destes animais, costuma-se distinguir duas 
fases: a embriona’ria e a postembriondria. A primeira compreende o 
desenvolvimento intraovular, enquanto que a segunda it a que ocorre 
desde a eclosao ate a forma@0 do adulto. Ao organism0 recem-eclo- 
dido dh-se o nome generico de larva, embora tal denominacao possa 
44 ENTOMOLOGIA MfiDICA 
n20 estar de ac6rdo corn o tipo de desenvolvimento posterior. l3tes 
organismos t&n aspectos OS mais variados e podem receber denomi- 
na@es especiais, de ac6rdo corn o grupo a que pertencem. Como 
exemplos, podemos citar a larva hexdpode dos Acarianos e o nauplius 
dos crust2ceos. 
METAMORFOSES - A larva, para atingir a fase adulta, via 
de regra, sofreri transforma@es de intensidade varitivel, is quais 
se di o nome de mefamorfoses. 
Desde que o exoesqueleto dktes animais it rigido, o crescimento 
deveri se fazer corn correspondente abandon0 do mesmo. E real- 
mente, o desenvolvimento postembriokrio se faz i custa de sucessi- 
vas rnudanqas do revestimento externo. Estas recebem o norne de 
mudas ou ecdises. 0 period0 entre duas mudas sucessivas denomi- 
na-se esftidio. Ao revestimento antigo, que 6 abandonado, di-se o 
nome de exhvia. As metamorfoses que apresentam maior especializa- 
@o s%o encontradas entre OS insetos e nelas ocorrem transforma@jes 
substkciais, tanto morfol6gicas como fisiol6gicas. 
A larva, por ocasiio da eclosZo, pode apresentar ntimero de 
segmentos diferente do da fase adulta. Neste case, o ntirnero defi- 
nitivo 6 adquirido no decorrer do desenvolvimento postembrionkio 
que aqui recebe o nome particular de anamorfose. 12 o que acontece 
nos crustkeos. Num Segundo tipo, desde a eclosZo at6 a etapa final, 
o ntimero de secmentos il sempre o mesmo e a &ste desenvolvimento 
se di o nome due epimorfose. 
RELAlCaES COM 
OS artrbpodes formam o 
mere de espitcies conhecidas. 
constituida por &stes animais. 
sentada pelos insetos que por 
‘12 o predominante nos insetos. 
OUTROS SERES VIVOS 
grupo animal possuidor do maior nti- 
C&ca de 80% da fauna mundial 6 
D&se total, a grande maioria 6 repre- 
si s6s perfazem mais de 70% das es- 
pkies animais conhecidas. Vivendo e adaptando-se em grande nti- 
mere de ambientes ecol6gicos, eles mantern rela@es estreitas corn OS 
dernais seres vivos, entre OS quais esth o pr6prio homem. A impor- 
t2ncia medica dos artrbpodes resulta das rela@es que eles possam 
ter corn molitstias que afetam a satide e o bem estar do homem e 
animais. Disso resultam aQ5es que se fazem sentir de uma das duas 
seguintes maneiras : 
1 - Condi@es patolbgicas determinadas diretarnente pelos ar- 
trbpodes, ou seja, &tes animais agem coma agentes etiol& 
gicos de molkstias. 
FILO ARTHROPODA 45 
2 - Condi@es patologicas cujos agentes etiologicos sao veicula- 
dos pelos artropodes, ou seja, Gstes animais agem coma 
vetores. 
ARTRciPODES COMO AGENTES ETIOL0GICOS DE MO- 
L,%STIAS - Dentro deste grupo estZo incluidas t8das as afecc6es 
devidas diretamente a presenca desses animais. Podemos distinguir 
duas modalidades : 
1 - As que constituem verdadeiras parasitoses. Como exemplo, 
podemos citar a sarna e as miiases, onde OS artropodes se 
comportam coma verdadeiros parasitos. 
2 - Aquelas devidas ao contact0 passageiro ou a simples vizi- 
nhanca desses seres. Aqui incluem-se OS acidentes corn 
artropodes peconhentos. Alem disso, as dermatoses de di- 
versos tipos, oriundas de picadas ou contatos, OS fename- 
nos akgicos, certas psicoses especiais rotuladas corn o 
nome geral de entomofobias e por fim, as les6es acidentais 
dos sensorios devidas a introduc5o desses animais princi- 
palmente nos 6rgaos da visa0 e audicao. 
ARTRciPODES COMO VETORES DE AGENTES ETIOLB- 
GICOS DE MOLBTIAS - Possivelmente e nestacondicao que 
reside a maior dose de inter&se por parte da entomologia medica. 
As molestias que apresentam urn vetor natural recebem o nome 
de metnxenicas. Nelas, o papel desempenhado por esses animais 6 
o de urn elo importante na cadeia epidemiologica dessas afecc6es. 
Esquematicamente, podemos representar essa estrutura da seguinte 
maneira : 
RESERVATORIO ---f VETOR ----, INDIViDUO SUSCETiVEL 
AMBIENTE 
0 elo que cabe aos artropodes 6 precisamente o representado 
pelo vetor. Assim sendo, 6 facil compreender que a Saude Publica 
deva dirigir sua aten@o para o desempenho d&se papel, hem coma 
ao ambiente que influi diretamente sobre o mesmo. 
Ha diferentes maneiras pelas quais podem veicular OS varies agen- 
tes etiologicos. Podem ser distinguidas duas modalidades gerais de 
transmissao, a mechica e a bioldgica. 
No primeiro case, 0 animal apenas transporta 0s vkios agentes 
etiologicos sem que porem estes se multipliquem ou desenvolvam no 
46 ENTOMOLOGIA MRDICA 
interior de seu organismo. Dessa forma, a transmissao podera se 
fazer por contaminagtio da superficie externa, ou atraves OS vomitos 
e fezes que contenham as formas infectantes. 
Na segunda modalidade, 0 agente etiologico se multiplica ou 
desenvolve no interior do vetor. &te constitui, portanto, urn hospe- 
deiro normal no ciclo evolutivo do parasito (em senso lato). Aqui a 
transmissao se fara por inocuZaga”o ou por contamina@o. Na inocula- 
$50 podem ocorrer tres formas: 
1 - 0 parasito se multiplica e passa por varias fases. Corn0 
exemplo, citamos OS plasmodios da malaria. 
2 - 0 parasito passa por varias fases do seu ciclo biologic0 
sem contudo, se multiplicar. I? o case, por exemplo, da 
Wuchereria bancrofti. 
3 - 0 parasito se multiplica mas nao sofre transformacdes sen- 
siveis. I? 0 que ocorre corn a Pasteurella pestis. 
Na transmissao biologica por contaminacao, o agente, apes evo- 
luir em seu vetor, alcanca o novo hospedeiro atraves contato corn o 
mesmo. &te contato varia de acordo corn o modo de eliminacao das 
formas infectantes. Pode se fazer por via fecal, coma 6 o case do 
Trypanosoma cruxi nas fezes dos triatomineos. Pode ser conseqtiente 
ao esmagamento do vetor s6bre o corpo do hospedeiro. Tal seria o 
case de piolhos portadores de Borrelia recurrentis que sofressem &se 
process0 sobre a pele humana. E, finalmente, pode ainda ocorrer o 
process0 do parasito atingir o hospedeiro mediante a ingest50 do 
vetor, no interior do qua1 se desenvolveu. Como exemplo, podemos 
citar o Dipylidium caninum que evolui nas pulgas e que pode ser 
transmitido pela ingest50 destas. 
Este 6, por conseguinte, o aspect0 geral da transmissao de mo- 
lestias pelos artropodes e em cujas modalidades podemos incluir todos 
OS tipos de veiculacao que serao estudados. Elas podem ser resumi- 
das da seguinte maneira: 
TRANSMISSAO, PELOS ARTROPODES, DE AGENTES 
ETIOL0GICOS DE MOL~STIAS 
1 - MECANICA: 
contaminacao : 
4 atraves da superficie do corpo 
b) pelas fezes 
C> pelos vomitos 
FILO ARTHROPODA 47 
2- BIOLOGICA: 
A) inoculacao : 
4 0 parasito evolui e se multiplica 
b) o parasito somente evolui 
c) 0 parasito somente se multiplica 
B) contaminacao : 
a) pelas fezes 
b) por esmagamento e maceracao 
c) por ingest50 
COMPORTAMENTO DOS AGENTES ETIOLOGICOS NO 
ORGANISM0 DO VETOR - Como se depreende do que acima 
foi dito, existem numerosas e uteis aplicacbes que resultam dos co- 
nhecimentos e informac6es obtidos atraves o estudo das rela@es entre 
microorganismos e artropodes. Em medicina humana e veterinaria, 
a importancia e muito grande. Somente pela compreensao d&se tipo 
de associac6es 6 que se pode adquirir ideia Clara do papel de tais 
animais na transmissao dos agentes etiologicos das diferentes molestias. 
Nos artropodes, o canal alimentar 6 a porta de entrada de nu- 
merosos microorganismos. Alguns passam pelo tubo digestivo sem 
se multiplicarem ou sofrerem qualquer transformacao. Outros ai en- 
contram o local apropriado para levar a cabo as fases de seu ciclo 
biologico. Neste tiltimo case, estao varies agentes que podemos agru- 
par da seguinte maneira: 
1 - Especies que evoluem somente no tubo digestivo do vetor. 
A transmissao e feita pela picada, pela contaminacao fecal 
. 
ou pelo esmagamento do transmissor. Corn0 exemplos ci- 
tamos a Pasteurella pestis, o Trypanosoma cruzi, as Leish- 
mania e a Rickettsia prowaxeki. 
2 - Especies que efetuam no tubo digestivo somente uma parte 
de sua evolucao, completando-a em outros orgaos. A trans- 
miss50 e feita pela picada e pelo esmagamento ou ingest50 
do vetor. Como exemplos podemos citar OS plasmodios da 
malaria, a Wuchereria bancrofti, a Borrelia recurrentis e 
o Dipylidium caninum. 
48 ENTOMOLOGIA MI~DICA 
3 - Especies que evoluem e se multiplicam, nao somente no 
tubo digestivo, mas tambem em outros orgaos. A trans- 
miss20 e feita pela picada ou esmagamento. Aqui pode 
ocorrer a transmissao de geracao para geracao do artro- 
pode. Isto deve-se a infeccao dos orgaos reprodutores. 
Em resumo, OS agentes etiologicos, penetrando pelo tubo digestivo 
do artropode, podem ou nao invadir outros setores do corpo d&se 
animal. De tal relacao resultara a/au as maneiras de transmiss5o 
ao novo hospedeiro. 
CLASSIFICACAO 
0 Filo ARTHROPODA compreende varias Classes, uma das 
quais fossil. Damos a seguir a enumeracao e a caracterizacao suma- 
ria das mesmas. 
TRILOBITA - 12 a Classe extinta e representada por formas 
marinhas do Paleozoico. 0 corpo apresenta-se corn feicao dividida 
em tr&s partes ou lobos longitudinais. Possuem urn par de antenas 
preorais alem de apendices bifurcados em numero variavel e diversa- 
mente modificados. 
As tr6.s Classes seguintes t&n posicao sistematica ainda discutida. 
Sao incluidas entre OS artropodes pelo fato de apresentarem alguns 
dos elementos que caracterizam &se grupo. 
ONYCHOPHORA - 12 considerada coma ocupando posicao in- 
termediaria entre OS anelideos e OS artropodes. 0 aspect0 geral do 
corpo e alongado e anelado, possuindo numerosos apkkdices locomo- 
tores. 0 tegumento it provivelmente quitinoso se bem que de con- 
sistencia mole e corn numerosas papilas. A inclusao destes animais 
neste Filo deve-se ao fato de possuirem respiracao traqueal, garras 
apendiculares, mandibulas e hemocele. 
TARDIGRADA - SZio pequenos animais cujo Porte nao ultra- 
passa alguns milimetros. 0 corpo e vagamente segmentado. Pos- 
suem quatro pares de pernas e sao desprovidos de antenas e apen- 
dices orais. Certos caracteres OS aproximam deste Filo, tais coma o 
revestimento cuticular, a segmentacao do corpo, a ausencia de epi- 
telio ciliar e a ocorrencia de mudas OLI ecdises. 
FILO ARTHROPODA 49‘ 
PENTASTOMIDA - Sao tambern conhecidos coma LINGUA- 
TULIDA e possuem o corpo alongado, vermiforme, dividido em an&s. 
Quando adultos, nZio aprasentam apendices articulados, excecZio feita 
de dois pares de ganchos situados na regiao oral. Todavia, na fase 
larval, pode-se observar dois pares de apendices curtos, 2 maneira de 
pernas. Outros elementos, alem destes, permitem inclui-los entre OS 
artropodes, tais coma o revestimento cuticular quitinoso, a metameri- 
za@o do corpo e a ausencia de epitelio ciliar. 
As outras Classes do Filo ARTHROPODA apresentam todos OS 
caracteres fundamentais deste grupo. Nas quatro irnediatamente se- 
guintes, o corpo e nitidamente plurisegmentado. Cada segment0 pos- 
sui geralmente apendices. Nao ha distincao entre as regides torkica 
e abdominal e apresentam um so par de antenas. 
DIPLOPODA - Possuem dois pares de pernas para cada seg- 
mento do corpo que sao em grande numero. 
PAUROPODA - Aqui ocorre freqiientemente a soldadura dos 
tergos. Existe um par de apendices por segment0 cujo numero total 
n5o ultrapassa o doze. As antenas apresentam duas ramificacdes. 
SYMPHYLA - As antenas

Continue navegando