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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE FI´SICA FI´SICA III (FIM230) - 2009/1 PRIMEIRA PROVA UNIFICADA DATA: 08/04/2009 • Na˜o e´ permitido o uso de calculadoras, telefones celulares, “iPods” ou similares. • No cabec¸alho do caderno de resoluc¸a˜o, devera˜o constar, legivelmente, nome do aluno, seu nu´mero de DRE, sua turma, seu hora´rio de aulas e o nome de seu professor. • Nenhum esclarecimento individual ser prestado no perodo de realizao da prova; caso persista alguma dvida de enunciado, o aluno deve discorrer sobre a mesma no seu prprio caderno de resoluo. • Seja claro, preciso e asseado. PROBLEMA 1 (Anel semicircular) [ 2,5 ponto(s)] Um anel semicircular, de raio a, encontra-se situado no plano XY , com suas extremidades nos aˆngulos polares θ = 0 e θ = π, conforme mostra a figura ao lado. O tre- cho do anel contido no primeiro quadrante (π/2 > θ > 0) possui carga total +q e o contido no segundo quadrante (π > θ > π/2) carga total −q, onde q > 0. As cargas em cada trecho esta˜o distribu´ıdas de modo uniforme. (a) Determine as densidades lineares de carga, respecti- vamente λ+ e λ−, em cada trecho. [0,4 ponto] Fazendo uso dos vetores unita´rios indicados na fi- gura: (b) Obtenha uma expressa˜o para o vetor campo ele´trico ~E+ produzido na origem (ponto P), pela carga existente no primeiro quadrante. [0,8 ponto] (c) Obtenha uma expressa˜o para o vetor campo ele´trico ~E− produzido na origem (ponto P), pela carga existente no segundo quadrante. [0,8 ponto] (d) Determine enta˜o a expressa˜o para o vetor forc¸a ele´trica resultante exercida sobre uma part´ıcula de prova com carga q0 colocada na origem (ponto P). [0,5 ponto] Resoluc¸a˜o (a) λ+ = q/( πa 2 ) = 2q πa λ− = − 2q πa (1) 1 Figura 1: Na figura 1: −→ dE = − 1 4πǫ0 λds a2 cos θ iˆ− 1 4πǫ0 λds a2 sin θ jˆ = λ 4πǫ0a (− cos θdθ iˆ− sin θdθ jˆ) (2) Essa expressa˜o vale para qualquer θ e na˜o apenas para o primeiro quadrante. 2 Figura 2: (b) −→ dE+ = q 2π2ǫ0a2 (− cos θdθ iˆ− sin θdθ jˆ) (3) −→ E+ = q 2π2ǫ0a2 (−iˆ ∫ pi/2 0 cos θdθ − jˆ ∫ pi/2 0 sin θdθ ) = q 2π2ǫ0a2 (−iˆ− jˆ) (4) (c) −→ dE− = −q 2π2ǫ0a2 (− cos θdθ iˆ− sin θdθ jˆ) (5) −→ E− = q 2π2ǫ0a2 (ˆi ∫ pi pi/2 cos θdθ + jˆ ∫ pi pi/2 sin θdθ ) = q 2π2ǫ0a2 (−iˆ+ jˆ) (6) (d) −→ E = −→ E+ + −→ E− = − q π2ǫ0a2 iˆ (7) −→ F = q0 −→ E = − qq0 π2ǫ0a2 iˆ (8) PROBLEMA 2 (Casca e bola esfe´ricas) [ 2,5 ponto(s)] Uma casca esfe´rica condutora neutra de raio interno b e raio externo c tem em seu interior, conceˆntrica a ela, uma bola esfe´rica isolante de raio a e constante diele´trica igual a 1, conforme mostra a figura ao lado. Essa bola esta´ carregada com uma densidade volumar dada pela func¸a˜o ρ(r) = αr (onde α e´ uma constante positiva e r e´ a distaˆncia do ponto ao centro da esfera). O sistema esta´ em equil´ıbrio eletrosta´tico. 3 (a) Determine a carga ele´trica total contida na esfera isolante. [0,5 pontos] (b) A partir da simetria do sistema, esboce as linhas de campo ele´trico e uma superf´ıcie gaussiana gene´rica que sera´ usada para a determinac¸a˜o do vetor campo ele´trico. [0,4 pontos] (c) Determine o vetor campo ele´trico ~E nas quatro regio˜es definidas pelo sistema (r < a, a < r < b, b < r < c e c < r). [1,6 pontos] Resoluc¸a˜o (a) A carga ele´trica total Q contida na esfera sera´ dada por Q = ∫ ρdV = ∫ a 0 αr4πr2dr = 4πα ∫ a 0 r3dr ; logo: Q = παa4 . (b) Devido a` simetria esfe´rica do problema, o campo ele´trico so´ podera´ ter componente na direc¸a˜o radial e so´ podera´ depender de r, isto e´, o campo ele´trico sera´ tal que ~E = E(r)rˆ. As superf´ıcies gaussianas sera˜o esfe´ricas e conceˆntricas a`s superf´ıcies do problema de maneira que o mo´dulo do campo ele´trico sera´ constante em cada uma delas. (c) No caso da regia˜o b ≤ r < c, como a casca esfe´rica e´ condutora e estamos em equil´ıbrio eletrosta´tico, o campo ele´trico ~E sera´ nulo. Para as outras regio˜es usaremos a Lei de Gauss Φ = ∮ S ~E · d~S = q/ε0 . Neste caso ~E = Er(r)rˆ e d~S = dSrˆ, de modo que ~E · d~S = Er(r)dS. Como Er(r) e´ constante na superf´ıcie gaussiana, teremos ∮ S ~E · d~S = Er(r) ∮ S dS = 4πr2Er(r) . Precisamos, agora, determinar a carga ele´trica interna a cada superf´ıcie gaussiana que descreve a regia˜o de interesse. Para r < a: q = ∫ ρdV = ∫ r 0 αr′4πr′2dr′ = παr4 , logo ~E(r) = αr2 4ε0 rˆ = Qr2 4πε0a4 rˆ . 4 Para a ≤ r < b e r ≥ c: q = Q , logo ~E(r) = Q 4πε0r2 rˆ . PROBLEMA 3 (Quadrupolo ele´trico) [ 2,5 ponto(s)] A figura ao lado mostra duas part´ıculas de cargas ele´tricas individuais +q separadas entre si por uma distaˆncia de 2a. No ponto me´dio entre essas duas part´ıculas e´ colocada uma terceira cuja carga ele´trica e´ −2q. (a) Obtenha a expressa˜o exata do potencial ele´trico V (x) no ponto P do eixo X , para x > a. Qual e´ a expressa˜o aproximada para V (x) quando tivermos x ≫ a? [1,0 ponto] (b) A partir da expressa˜o exata para o potencial ele´trico, obtenha a expressa˜o do vetor campo ele´trico ~E no ponto P . Qual e´ a expressa˜o aproximada para ~E(x) quando tivermos x≫ a? [1,0 ponto] (c) Qual e´ a energia potencial eletrosta´tica acumulada em tal sistema? [0,5 ponto] Resoluc¸a˜o (a) Lembrando que o potencial ele´trico de uma part´ıcula de carga q e´ dado por V (r) = q/(4πǫor), sendo r a distaˆncia em relac¸a˜o a` part´ıcula, enta˜o no caso de uma distribuic¸a˜o discreta de treˆs cargas puntiformes em que as cargas ele´tricas e as posic¸o˜es das part´ıculas em relac¸a˜o ao ponto P sa˜o (+q, x+a) , (−2q, x) , e (+q, x−a) , o potencial ele´trico devido a elas neste ponto sera´ fornecido por V (x) = 1 4πǫo 3∑ n=1 qn xn = q 4πǫo ( 1 x+ a − 2 x + 1 x− a ) = 1 4πǫo [ 2a2q x(x2 − a2) ] . No caso em que o ponto P se encontre muito afastado das cargas devemos considerar que x ≫ a e assim podemos aproximar x(x2 − a2) ≈ x3 na expressa˜o obtida acima para V (x) e com isso teremos que V (x) ≈ Q 4πǫox3 sendo Q ≡ 2a2q o momento de quadrupolo ele´trico da distribuic¸a˜o de cargas. (b) O vetor campo ele´trico ~E pode ser obtido a partir do potencial ele´trico atrave´s de ~E(r) = −~∇V (r) o que, no caso do ponto P , se reduzira´ a ~E(x) = − [ dV (x) dx ] xˆ = q 4πǫo ( 1 (x + a)2 − 2 x2 + 1 (x− a)2 ) xˆ = Q 4πǫo [ 3x2 − a2 x2(x2 − a2)2 ] xˆ . No caso em que x≫ a podemos aproximar (3x2 − a2)/[x2(x2 − a2)2] ≈ 3x2/x6 = 3/x4 e assim mostrar que ~E(x) ≈ ( 3Q 4πǫox4 ) xˆ . (c) Temos um sistema de treˆs part´ıculas; para constru´ı-lo (a partir de uma separac¸a˜o infinita entre as part´ıculas), devemos realizar um trabalho total dado por U = 3∑ i=1 3∑ j>i qiqj 4πǫorij = q2 4πǫo ( 1 2a − 2 a − 2 a ) = − 7 2 ( q2 4πǫoa ) . 5 PROBLEMA 4 (Capacitores) [ 2,5 ponto(s)] Na figura ao lado, temos um arranjo cons- titu´ıdo por uma bateria de forc¸a eletromotriz V0, uma chave S e treˆs capacitores, 1, 2 e 3, de mesma capacitaˆncia C, inicialmente descar- regados. A chave S e´, primeiramente, girada para a posic¸a˜o a e permite-se que o capacitor 1 seja completamente carregado. A seguir, a chave e´ girada para a posic¸a˜o b. (a) Quais sa˜o as cargas finais q1, q2 e q3 nos capacitores correspondentes, expressas em func¸a˜o de V0 e C? [1,5 ponto] (b) Determine a energia total acumulada nos capacitores com a chave na posic¸a˜o a e aquela acumulada nos capacitores com a chave na posic¸a˜o b, expressas em func¸a˜o de V0 e C. [1,0 ponto] V0 S a b c d 1 3 2 Resoluc¸a˜o (a) A carga final adquirida pelo capacitor 1, depois da chave ser girada para a posic¸a˜o a, e´ dada por: Q1 = C1V0 = CV0. Na segunda etapa, apo´s a chave S ser girada para a posic¸a˜o b, observamos, primeiro que, por simetria, a carga (em mo´dulo) em cada uma das placas dos capacitores 2 e 3 e´ a mesma; logo: q2 = q3 . Ale´m disso, por conservac¸a˜o da carga, q1 + q2 = Q1 = CV0 . (9) Uma outra equac¸a˜o provira´ do ca´lculo da ddp entre os pontos a e d de duas maneiras: via o ramo que inclui so´ o capacitor 1, fornecendo: Vad = q1 C ouvia o ramo que inclui os capacitores 2 e 3, fornecendo: Vbcd = V2 + V3 = 2V2 = 2V3 = 2 q2 C . Obviamente, tais expresso˜es tem de dar o mesmo valor; logo: q1 = 2q2 . (10) Resolvendo o sistema de equac¸o˜es (9) e (10) para q1 e q2, obtemos, finalmente: q1 = 2 3 CV0 e q2 = q3 = 1 3 CV0 . (b) Usaremos que a energia armazenada num capacitor com carga q, ddp V e capacitaˆncia C pode ser expressa em qualquer uma das treˆs formas equivalentes U = 1 2 qV = 1 2 q2 C = 1 2 CV 2 . 6 Logo, para a chave na posic¸a˜o a, temos simplesmente: Ua = 1 2 CV 20 . Ja´ para a chave na posic¸a˜o b, temos: Ub = U1 + 2U2 (11) = 1 2 q21 C + q22 C , (12) ou seja, Ub = 1 3 CV 20 . 7
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